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Uma senhora - Machado de Assis - Análise de Contos


10/12/08 02:10 Dentro de: Análises de contos

Uma senhora narra a história de D. Camila, que é uma bela dama comparada
a uma deusa. A protagonista é casada e tem uma filha chamada Ernestina, esta apesar de já
crescida tem a infância prolongada devido a vaidade de sua mãe que tinha verdadeiro pavor
de envelhecer.Como não se pode deter o tempo, o que sucede é o curso natural da vida,
onde Ernestina começa a arrumar pretendentes e a mãe muito "zelosa" põe defeito, em
muitos, com a desculpa de querer um casamento como o dela. Certo dia D. Camila
descobre o primeiro fio de cabelo branco e muito frustrada o arranca; assim outros fios
brancos surgem sendo que o terceiro coincide com mais um pretendente da filha.
Depois de muito relutar acaba aceitando o genro, embora a contra gosto. Ernestina então
casa-se, e com isso vem o primeiro neto pouco tempo depois; mãe antes preocupada com a
filha, agora ocupa-se do bebê. Já na condição de avó começa a fazer passeios,
acompanhada de uma preta, onde leva o pequeno e demonstra excessivos cuidados
deixando transparecer que seria a mãe e não a avó do mesmo.

O conto Uma senhora de Machado de Assis foi publicado no livro Histórias sem Data em
1884, ele é narrado em 3ª pessoa, com um narrador onisciente, e tem o tempo cronológico
representado através da existência humana considerada no curso dos anos. Já em relação ao
espaço este aparece de forma sutil, e embora o contista não lhe de muita importância pôde
se perceber que a personagem vive em contexto social onde participava de festas e também
as dava. O ambiente doméstico, embora tradicional é regado por paixão, inveja e temores.

O titulo é um problema lingüístico na narrativa, pois traz uma possível indagação de qual
"senhora" o narrador estaria falando, já que, este substantivo sugere uma mulher de idade
mais avançada e madura; e embora a mãe tivesse mais idade, a filha, todavia, é quem tinha
trejeitos para tal. Machado, com muita delicadeza, deixa a dúvida no ar.

A análise dos nomes também é de suam importância, já que, de algum modo representa as
personagens, vejamos em Camila temos : " ...associa a uma jovem e linda [...] indica uma
pessoa que é competente porque executa suas tarefas com amor..." Poderíamos aqui
questionar o nome da personagem, pois sabíamos que ela era linda e amava sua família,
mas ao vermos o nome da filha Ernestina, que seria a antagonista, temos : " aquele que
combate". Através dessa comparação pode-se perceber que os nomes poderiam estar
trocados, pois a "combatente" seria D. Camila, que além de lutar contra o tempo, também
existe o embate com a juventude da filha, e mesmo a jovem com toda frescor e beleza dos
anos, ainda assim, a beleza da mãe a superava.
A narrativa que apresenta D. Camila aos 29 anos e a filha Ernestina aos 15, trata das
questões do tempo em vários parágrafos, como no terceiro onde encontramos: "... trepando
no alazão do tempo, foi alogar-se na casa dos trintas..." . Sempre parecendo mais nova dos
30 aos 40 anos, D Camila vê-se desesperada aos 42, diante do cabelo branco que torna-se
um vilão na narrativa, já que afirma as mudanças físicas decorrida com o tempo; por isso, a
beleza e juventude da filha faz surgir, nessa mãe, o sentimento de inveja, agora de forma
assumida.

Machado com toda sua sutileza e ironia critica alguns aspectos referentes ao universo
feminino que vive da opinião de outrem; além do amor materno em via contrária dos
interesses pessoais da mulher. O desejo não admitido, de não envelhecer, que por meios
astuciosos, levam a personagem a efetuar comportamentos no sentido de sua satisfação
caracteriza o tempo psicológico. A vaidade torna-se uma paixão escondida ou ainda
inconsciente. Diz Freud:
... a vaidade se esconde de tal sorte, que a si mesma se oculta, e ignora; ainda as ações mais
pias nascem muitas vezes de uma vaidade mystica, que quem a tem, não conhece nem
distingue. ( Massimi, 1984, p-107)
Isto parece ser exatamente assim que acontece a D. Camila.

Outros contos de Machado indicam a presença desse desejo inconsciente; em Uns braços a
personagem D. Severina não se da conta de sua existência e o narrador é quem vai
conduzindo o leitor os vários sinais que indicam a presença do desejo, ele se dá de forma
gradativa. Já em Missa do Galo o personagem não formula em nível consciente como um
"pensamento" o desejo por Conceição. Mas faz-se necessário deixar claro que as
motivações nesses contos mudam, em Uma Senhora a motivação é a vaidade.

Algumas características, muito peculiares, da obra de Machado de Assis podem ser


verificadas no conto como a questão da perfeição, onde temos a busca, incansável, de D.
Camila por beleza, de maneira que está passa a representá-la; tem-se ainda a transformação
do homem no objeto do homem, pelo fato da mãe manipular e usar a filha visando seus
interesses; e finalmente o bem x mal onde poderá comentar as teorias de Platão, onde a
idéia do belo sempre foi inseparável da idéia do bem, o que confere um caráter positivo ao
conceito de beleza. Daí a comparação feita a D. Camila a Vênus de Milo, pois a estátua
procura traduzir esse conceito e trazer a noção de imortalidade, também à ambição de nossa
protagonista. Já o mal aqui seria o implacável tempo ligado à idéia do envelhecimento, que
para D. Camila era a perturbação.

A vaidade transcende o tempo

Grande parte das mulheres tentam retardar as mudanças físicas provocadas pela idade ou
escondê-las ao máximo. A dificuldade em assumir e aceitar sua real idade atravessa
séculos. Tanto nos séculos passados quanto no séc. XXI podemos observar se
acompanharmos décadas que apesar da emancipação feminina alguns problemas não foram
superados. O que nos leva a crer que a sede pela juventude fez parte desse universo,
portanto, sendo sua natureza.

Essa preocupação não é muito presente no universo masculino curiosamente, essa


inquietação muitas vezes excessiva, está inerente ao mundo feminino. Desde antes de
Cristo a vaidade feminina e fonte de inspiração de muitos artistas e o objeto de estudo de
filósofos. As esculturas é uma forma de se eternizar a beleza feminina, conservando o
frescor da juventude por tempo indeterminado.

As madonas do renascimento, ou a própria Vênus de Milo citada no conto que tem os


braços comparados aos da protagonista, é um exemplo de beleza feminina. A Vênus
representa a deusa do amor e da beleza física, Afrodite, é uma escultura em mármore
curiosamente teve os braços perdidos, e nunca encontrados, hoje podemos encontrá-la no
Museu do Louvre na França, sem os braços. Na mitologia temos várias representantes da
juventude e da beleza feminina

A própria deusa Hebe citada no conto também tem muito em comum com D. Camila. A
Deusa Hebe filha de Hera e Zeus representa a juventude, deusa das noivas jovens que foi
oferecida pela sua mãe a Hércules em casamento depois de este ter conseguido ultrapassar
todos os obstáculos que Hera pusera no caminho para ele crescer. Assim como a Hebe, D.
Camila cuidava de sua filha zelosamente. D Camila tenta manipular as pessoas em função
de sua idade. No ponto de impedir sua própria filha de seguir o seu caminho.
Então caímos na afirmação feita por Nietzche sobre a verdadeira natureza humana.
Vivemos numa pretensiosa mentira para parecermos pessoas civilizadas, mas na verdade
ninguém foge a sua natureza. Nenhuma pessoa poderia supor as estratégias feitas por D.
Camila para apresentar sempre mais jovem atendendo desse modo a uma verdadeira
natureza.

A prova de que a vaidade faz parte da literatura desde muito antes de Machado discuti - lá
pode ser constatada neste poema de Gregório de Matos.

Moraliza o poeta nos ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes
sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que
nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como
o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê
constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem
qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos)

Eis aqui uma passagem bíblica referente a um dos sete pecados capitais:
"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade."
(Eclesiastes 1.2)

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