A Antropologia é a ciência dedicada ao estudo do homem em sua
plenitude: sua forma biológica, psicológica e social (aí compreendendo os
processos culturais ao qual está submetido). Para a Antropologia o homem é um ser biopsicossocial e como tal é exaustivamente estudado, analisado e entendido. Para a completa compreensão e posterior explicação de suas conclusões, a Antropologia utiliza-se das demais ciências que também possuem características semelhantes a ela, tais como: a psicologia, a sociologia, história, geografia, entre outras. O diferencial que caracteriza a ciência antropológica é justamente seu caráter universal, o qual busca visualizar o homem de maneira holística, integral, enxergando-o como um ser único, que sofre influência de tudo o que o cerca. A ciência antropológica parte da premissa de que o homem é um ser cultural por excelência e como tal, recebe toda a carga de cultura já existente, mas também é capaz de produzi-la. Dessa forma pode-se afirmar que a cultura não é algo estático, paralisado no tempo e no espaço, mas exatamente ao contrário, ela deve ser entendida na sua dinamicidade evolutiva. Deter-nos-emos aqui aos aspectos culturais, aos quais o homem contemporâneo está submetido, bem como suas influências nos processos educacionais. No intuito de promover uma análise mais acurada sobre esse assunto, trataremos de nos aprofundar um tanto mais nos processos educacionais observados na instituição social onde essa questão se faz mais presente: a Escola. Observa-se que toda a carga cultural trazida por um aluno, não raro, é tratada de forma desdenhosa por parte dos educadores, de tal forma que a integração desse estudante de modo contundente no mundo do conhecimento fica um tanto prejudicada, na medida em que seu comportamento, ideias e convicções não são consideradas no meio escolar, muitas vezes. Do mesmo modo percebe-se a existência de grande contingente de educadores que costumam levar em conta apenas suas próprias convicções e sua cultura particular, sem levar muito em consideração a carga cultural que os alunos já possuem e, a partir daí buscar uma conduta mais coerente e eficaz para que o processo de ensino aprendizagem seja levado a bom termo. Assim sendo, a Escola coloca-se em uma posição privilegiada como produtora de cultura, pois é o local onde, por excelência, o conhecimento historicamente construído pela humanidade é passado adiante. Analisaremos adiante as contribuições fornecidas pelos estudos da Antropologia Cultural para o processo educacional. A formação da personalidade de uma pessoa, segundo estudos antropológicos, está intimamente ligada ao meio cultural a que pertence e ao tipo de socialização a que está submetido. Esses dois fatores determinarão o tipo de cultura que possuirá. Esse processo ocorre em todos os meios sociais que frequenta e não apenas no meio escolar por exemplo, muito embora seja este último um dos mais respeitáveis. Conforme Marconi e Presotto (2001) “O indivíduo não é visto como um simples receptor e portador de cultura, mas como um agente de mudança cultural, desempenhando papel dinâmico e inovador”. Essa assertiva deixa claro que a cultura é um fenômeno em construção e evolução constantes e que, cada individuo, independente de sua condição sociocultural exerce seu papel no processo. A linguagem é um importante instrumento de difusão e compreensão de uma cultura. Sua estrutura e uso funcionam como um verdadeiro motor, cuja função é promover e manter a cultura de um povo. No ambiente educacional, mormente dentro da Escola, as possibilidades de expansão do universo linguístico de um indivíduo são grandemente facilitadas. A dependência existente entre linguagem e cultura de uma sociedade é inegável. Sobre este aspecto defende Almeida, in Marconi e Presotto (2001): “O fundamental é que em qualquer lugar e época, ao se aprender uma língua, se adquirem necessariamente os valores de uma cultura. Nenhuma língua é separável de uma realidade cultural”. Outro importante ramo da Antropologia Cultural a se considerar é a Etnografia que se ocupa primeiramente da transmissão das tradições e costumes de uma sociedade. O profissional responsável por tratar essa faceta dedica-se exclusivamente à pesquisa, compreensão e elucidação do que apurar em campo. Sobre esse aspecto, preconizam Marconi e Presotto (2001): “ O etnógrafo é o especialista dedicado ao conhecimento exaustivo da cultura material e imaterial dos grupos. Observa e descreve, analisa e reconstitui culturas. Trata-se de um investigador de campo dedicado à coleta de material referente a todos os aspectos culturais passíveis de serem observados e descritos [...]”
Os dados obtidos pelo etnógrafo são também utilizados na ciência da
Etnologia, e que via de regra, são profissionais dedicados às duas ramificações simultaneamente: Etnografia e Etnologia, em vista da íntima ligação existente entre elas. Essas ciências tem por objeto a pesquisa das semelhanças e diferenças entre culturas diversas, bem como suas inter-relações. Cumpre destacar, a este ponto, outra abordagem merecedora de alusão: o folclore, o qual surge das manifestações espontâneas de agrupamentos humanos e que, em geral permanece circunscrito a esses. Pode abranger tanto aspectos físicos quanto espirituais, segundo Marconi e Presotto (2001). Mesmo sendo ela uma ciência autônoma, faz parte, ainda assim, da Antropologia, posto que seus primordiais interesses são o homem e a cultura. No que tange ao aspecto da Antropologia Social, destacamos que seu foco centra-se no estudo das sociedades e suas instituições e tudo o quanto rege o seu funcionamento. O profissional que se ocupa do seu estudo deve observá-las de modo global de tal maneira que seja possível entendê-la em essência, ou seja: desde sua estrutura e funcionamento até os efeitos que causa nessa sociedade. Por fim, chegamos ao ponto de aludir sobre a ciência arqueológica, em que está inserido o estudo dos fatos ocorridos em tempos remotos, aos quais há muito pouco material elucidativo sobre sua realidade. A Arqueologia está subdividida em: - Arqueologia Clássica, a qual procura reconstituir antigas civilizações letradas, tais como: Egípcia, Grega, Etrusca, entre outras. – Antropologia Arqueológica que focaliza os estudos nos mais antigos vestígios de cultura remontando a períodos conhecidos como Paleolítico, Mesolítico e Neolítica, conforme relatam Marconi e Presotto (2001). Todos esses aspectos possuem vital relevância para o desenvolvimento pleno de um estudante, principalmente quando nossa atual sociedade está a cobrar de nossos profissionais de educação, uma qualidade superior a que atualmente está sendo propiciada. Pode-se afirmar que em nosso presente estágio socioeconômico essa qualidade educacional é imprescindível para que um sujeito alcance seu pleno desenvolvimento moral e intelectual e que, já não é suficiente o ensino limitado a algumas poucas disciplinas, como língua portuguesa, literatura, matemática e ciências, mas o que se cobra e se exige é uma formação integral do cidadão para que suscite a este uma vida mais digna e bem sucedida.