Um antingo provérbio do oriente médio recomenda aos ocidentais
focados em sua cultura imediatista, muito cuidado com povos que cultivam tâmaras. Fruto de uma palmeira que, apesar de atingir a maturidade em poucos anos, pode passar décadas antes de frutifica, cujo plantio comercial é um empreendimento planejado para gerar resultados somente em gerações futuras. A tâmara é o exemplo do pensamento de longo prazo desesperadamente necessário num país incapaz de enxergar o futuro além da próxima eleição. O Instituto de Engenharia, numa mentalidade de cultivar tâmaras no ano Internacional do Saneamento, realizou cinco eventos em conjunto com entidades do porte de: AESABESP. ABES, Sinaenco- Apecs e Sindesan, expor à opinião pública a falácia eleitoreira de curto prazo que vem destruindo os cartões postais das maiores cidades brasileiras. Apesar de, a cada dois anos, no início de agosto, o eleitor ser bindado com estatísticas sobre a eficiência de seu sistema de saneamento básico e os progressos nas ações de despoluição de um determinado rio, lago ou praia. A realidade, no entanto, é bem diferente. Tomando a cidade de São Paulo como um dos exemplos mais gritantes e próximos, descobre-se, camuflada sob estatísticas comemorando 90% de distribuição e coleta de esgotos residenciais, a verdadeira tortura aplicada aos números para encobrir dois terços do esgoto coletado despejado “in natura” nos rios e córregos da Região Metropolitana, num crime ambiental sem precedentes. Encobrem também fatos graves como a necessidade de triplicar a capacidade atual do sistema de tratamento, apenas para atender a atual geração de esgoto. Ou a ociosidade de coletores e estações de tratamento. A verdade nua e crua é que a tão sonhada e alardeada despoluição do rio Tiête é é uma fantasia tão ridícula, que deveria ser alvo de processos por propaganda eleitoral enganosa. É preciso que a sociedade encare o problema do saneamento básico com a seriedade de quem planta uma tamareira, mudando o foco das próximas eleições para as próximas gerações. É preciso parar de fingir que despejar a sujeira no município vizinho é uma destinação aceitável para o esgoto de uma cidade contaminando fontes de água limpas e encarecendo seu tratamento para consumo. É preciso construir dezenas de novas estações de tratamento de espalhadas pela Região Metropolitana de São Paulo e outras tantas pelo país até que 100% do esgoto coletado seja tratado. É preciso deixar as divergências metodológicas e o radicalismo ideológico de lado e buscar toda ajuda necessária junto à empresas privadas, grupos internacionais, equipamentos e tecnologias de vários portes e fontes. Enfim é preciso muita coragem para desafiar os paradigmas do marketing eleitoreiro, os dogmas do estatismo xiita, as picuínhas acadêmicas e entregar aos cidadãos os serviços públicos mínimos para um país como o nosso. Pois é simplesmente inadmissível, para não dizer ridículo e criminoso continuar condenando os cidadãos a uma vida no meio da sujeira porque obras de saneamento não aparecem, nem geram votos.