AMBIENTAL
NOVO PRAZO PARA AVERBAÇÃO
DE RESERVA LEGAL FLORESTAL
Os detentores de propriedades ou posses em imóveis
rurais terão mais três anos para formalizarem a
declaração de Reserva Legal. Essa e outras questões
foram objeto do Decreto 7.029, publicado no Diário
Oficial da União de 11/12/2009, que instituiu o
Programa Federal de Apoio à Regularização Ambiental
de Imóveis Rurais, denominado “Programa Mais
Ambiente”.
O Termo Reserva Legal Florestal (ou Reserva Legal)
encontra-se definido no Código Florestal (Lei 4.771, de
15/9/1965), em seu art. 1º §2º, III, e tem amparo
constitucional uma vez que se destina ao cumprimento
da função sócio-ambiental da propriedade.
Conforme tal dispositivo legal, cada propriedade ou
posse rural deverá reservar parte de seu espaço físico
(80%, 35% ou 20%, dependendo da área em que estiver
situada e do tipo de vegetação), para o uso sustentável
dos recursos naturais, compreendendo a conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, a conservação
da biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e
flora nativas. Significa dizer que cada proprietário rural
deverá ter uma área preservada dentro de sua
propriedade.
Alternativamente, o proprietário que não dispõe de área
em sua propriedade poderá se valer do mecanismo de
compensação de reserva legal, instituído nos termos
do art. 44, inciso III, do Código Florestal. Tal mecanismo
permite ao proprietário rural compensar a reserva legal
em outra região, com área de relevância ecológica e
extensão equivalente, pertencente ao mesmo
ecossistema e localizada na mesma microbacia
hidrográfica. Há, ainda, em alguns casos específicos,
a possibilidade de utilizar áreas de preservação
permanente (APPs) na contagem da área de reserva
legal.
Para assegurar o cumprimento dessa obrigação, exige-
se a averbação ou registro da reserva legal à margem
da inscrição da matrícula do imóvel, “sendo vedada,
durante o prazo de sua vigência, a alteração da
destinação da área, nos casos de transmissão a qualquer
título, de desmembramento ou de retificação dos limites
da propriedade” (Art. 44-A,§ 2° do Código Florestal).
Ao aderir ao Programa Mais Ambiente, o detentor de
propriedade ou posse rural que estiver utilizando reserva
legal ou área de proteção permanente, ou ainda que
não tiver a reserva legal averbada na matrícula do
imóvel, não sofrerá qualquer tipo de sanção e terá o
prazo de até três anos para regularizar a situação.
O principal instrumento do Programa Mais Ambiente é
o Termo de Adesão e Compromisso, no qual o
proprietário adere formalmente ao Programa e se obriga
a promover a regularização ambiental por meio do
compromisso de recuperar, recompor ou manter as áreas
de preservação permanente, bem como de averbar a
reserva legal do imóvel.
Vale ressaltar que não serão aplicadas autuações a partir
da data de adesão ao Programa Mais Ambiente, desde
que a infração tenha sido cometida até o dia anterior à
data de publicação deste Decreto, ou seja, 10/12/2009,
e que o proprietário cumpra as obrigações previstas no
Termo de Adesão e Compromisso. Nesse caso, a
cobrança das multas aplicadas ficará suspensa, exceto
nos casos de processos com julgamento definitivo na
esfera administrativa.
Para se ver livre definitivamente da cobrança das
multas, o proprietário do imóvel deve cumprir
integralmente os termos, prazos e condições
estabelecidos no Termo de Adesão e Compromisso.
Assim, as multas aplicadas serão consideradas como
convertidas em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente.
Embora não haja estatísticas oficiais, estima-se que mais
de 90% dos proprietários de imóveis rurais não registrem
a reserva legal. A discussão sobre o tema, contudo,
não está esgotada, e deverá voltar a ordem do dia
quando avançarem as discussões sobre a reforma do
Código Florestal em debate no Congresso Nacional.
IZABELA MEDEIROS DE OLIVEIRA