Por quê a oração tem que ser sempre enfadonha, maçante, pouco divertida, insípida,
neutra...?
A Escritura, pelo contrário, diz: “Esta Palavra permaneça em tua boca, em teu coração”,
“Provai e
vede...”, “Abre a boca, eu a transbordarei”, “Comei e bebei de
graça”.
Se sinto “sabor”:
* acolhê-lo e permanecer nesta Palavra, enquanto se recolhe frutos...
* sem procurar interpretá-la imediatamente (“se esta Palavra me diz algo, significa
que devo fazer isto”
* continuar buscando o Senhor por Ele mesmo e não pelo “sabor”;
* o “sabor” não é um fim em si mesmo; é uma indicação. O que “sinto e gosto”
não é Deus, mas uma
indicação, um sinal de que Sua Palavra trabalha, me toca. Ao interiorizar tal
passagem, ao assimilá-la, a
Palavra me alimenta, “se encarna” e me ensina.
Algumas manifestações de “sabor interior”
O “sabor interior” pode assumir diversas formas, segundo as
pessoas ou os momentos
da vida; fortes ou discretas, saltam sempre à vista:
* um “sabor inicial”: ao preparar a oração ou escutando o Evangelho durante a
Missa, produz-se um
despertar ou uma resistência; “eu gostaria de rezar esta passagem...”
* sentimento de maravilha, admiração, compreensão interior;
* sentimento de identificação, de cumplicidade com tal passagem, personagem,
palavra... que revelam um
aspecto em mim ou traço de Deus, um chamado, um desejo que carrego
dentro;
* sentimento de presença de Deus ou de presença simples a Deus, que se
manifesta como paz, descanso,
com uma fé tranquila ou com a experiência de Verdade, de Palavra Viva;
* Palavra que me envolve, me move, me fala mais que qualquer explicação;
* eco dinamizante de uma Palavra que reacende o desejo de viver, de servir, de
imitar...
* há também formas mais dolorosas, por exemplo, quando medito sobre
realidades difíceis ou
sofrimentos da vida de Cristo ou da minha:
- sentimento de compaixão, de contrição verdadeiras para com Deus ou
os demais;
- sofrimento, lágrimas à vista de uma ferida ou de um episódio de
minha história, mas sem
amargura, com uma certa paz;
- secura, sêde, dor por uma impermeabilidade: neste caso conviria
permanecer numa fidelidade
tranquila; na incapacidade de “saborear” por mim mesmo, fala Deus.