PROCESSO TC 04356/08
NATUREZA: Denúncia
DENUNCIANTE: Pablo Dayan Targino Braga
DENUNCIADO: Poder Executivo Estadual – Procuradoria Geral do Estado
RELATOR: Conselheiro Arthur Paredes Cunha Lima
FORMALIZADOR: Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes
Assim decidem tendo em vista que, conforme DENÚNCIA apresentada a esta Corte, as funções
de representação judicial, assessoria e consultoria jurídica do Poder Executivo, na sua
administração direta e indireta, estariam sendo exercitadas por servidores ocupantes de cargos
comissionados, em prejuízo da admissão de Procuradores, aprovados no último concurso público
da categoria, realizado e homologado no ano de 2008. Tais cargos, denominados de “Assessor
Jurídico”, “Coordenador Jurídico” ou “Procurador Jurídico”, todos de provimento em comissão,
seriam em número de trezentos e vinte (320) e porque estejam sendo ocupados, segundo o nutum
da Administração, isso redundaria em prejuízo dos aprovados no concurso público para
Procurador do Estado.
A irregularidade, porém, não reside apenas nisso. É de ver que tal procedimento afronta
dispositivo constitucional, inserto na Lei Maior, promulgada em 5 de outubro de 1988, cujo art.
132 estatui: Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na
qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a
consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
Complementando essa disposição determina o seu Parágrafo único: Aos procuradores referidos
neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação
de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado dos corregedores.
Como se vê, a Constituição da República tornou exclusivas dos Procuradores dos Estados as
atividades de representação judicial, assessoria e consultoria do Poder Executivo nas
administrações direta e indireta, fazendo-lhes exigências e conferindo-lhes garantias, tais como
ingresso mediante concurso público e aquisição de estabilidade, exigências não feitas em relação
aos ocupantes dos cargos comissionados aqui mencionados, cuja admissão independe de
concurso público, são providos e exonerados ad nutum da administração, não adquirem
estabilidade, por mais tempo que permaneçam em exercício.
Presente:
Representante do Ministério Público Especial