O livro raro oferece aos membros do área patrimonial uma problemática complexa e
específica, visto não existirem no Brasil leis que determinem diretrizes para o
estabelecimento da raridade de um livro e a ausência destas interferem na atuação dos
profissionais interessados neste documento, mas não impedem que o mesmo receba a
atenção destes.
Em sua obra Que é livro raro?, Pinheiro compilou o que denominou Recomendações
Metodológicas para a determinação da raridade de um livro, buscando normalizar a
determinação da raridade considerando aspectos gerais e podendo ser amplamente
adotado, embora a própria autora saliente que
A autora sugere critérios norteadores que podem ser utilizados tanto como são
apresentados ou ainda serem adaptados às diferentes realidades institucionais brasileiras.
O mesmo artigo menciona os documentos como parte desses bens. Segundo Moreira,
em linguagem biblioteconômica o livro é um documento caracterizado por ausência de
periodicidade e por possuir mais de 50 páginas. O autor destaca ainda uma terceira
característica, que “(. . .) coloca o livro na posição que o notabilizou, a de suporte
informacional para a preservação e transmissão dos registros do conhecimento humano.”
(Moreira, 1993, p. 15)
Seja resgatado e oferecido por quem quer que seja, é importante corroborar que o
livro raro pode e deve ser considerado um documento representativo da memória nacional
de um país, e que como tal, deve ser passível de consideração como patrimônio histórico-
cultural, por ser parte de seu patrimônio literário e intelectual. E o livro raro destaca-se
neste contexto por ser o último arauto de uma época, registrada em suas páginas através
da impressão de posicionamentos pessoais de seu autor.
As instituições detentoras de livros raros realizam mostras esporádicas, nas quais tais
livros tornam-se visíveis, mas não legíveis. A reprodução e a disponibilização de seus
conteúdos informacionais são uma ação importante no resgate do livro raro como um
documento representativo da memória intelectual nacional, e, desconsiderando-se a
discussão sobre a sua autenticidade, tais reproduções seriam relevantes para a divulgação
do conteúdo informacional dos livros raros, os quais não são disponibilizados para consulta
em acervo aberto. Um ótimo exemplo é o projeto de digitalização e disponibilização do
acervo de obras raras da Biblioteca Nacional brasileira.
Urge que o livro raro seja merecedor de uma lei específica que determine seu
tratamento técnico e conceitual, na qual sejam estabelecidos critérios e diretrizes para seu
reconhecimento como tal, evitando as práticas contraditórias testemunhadas atualmente.
Mas, para tanto, o entendimento deve iniciar entre os profissionais que atuam na
área de raridade bibliográfica, objetivando que a interdisciplinaridade que a mesma exige
possa realmente contribuir para a preservação do livro raro como patrimônio histórico-
cultural brasileiro e mundial.
Referências Bibliográficas
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http://www.esnips.com/doc/d52f7319-0bf8-4686-a146-8345d8ba0680/v35n1a12