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ADAPT

Curriculum Europeu em Actividade Física Adaptada

Capítulo 1 : Conceitos..............................................................................................2
Capítulo 2 : Problemas de saúde............................................................................17
Capítulo 3 : Assessment Avaliação........................................................................80
Capítulo 4 : Intervenção.......................................................................................100
Capítulo 5 : Desportos & Organizações...............................................................115
Capítulo 6 : Classificação.....................................................................................131
Capítulo 7 : Treino e ensino .................................................................................139
Capítulo 8 : Tecnologia & acessibilidade.............................................................163
Capítulo 9 : Envolvimento social..........................................................................172
Capítulo 10: Ciências.............................................................................................185

Co-ordinator:
Prof. Herman Van Coppenolle
Tervuursevest 101
3001 Heverlee
België
herman.vancoppenolle@faber.kuleuven.be
Capítulo 1
1_1_01 Actividade Física Adaptada (AFA)

O termo AFA foi introduzido em 1973, quando profissionais belgas e canadianos


fundaram a Federação Internacional de Actividade Física Adaptada (IFAPA –
International Federation of Adapted Physical Activity). A primeira reunião internacional
da IFAPA aconteceu no Quebec, em 1977 e a segunda em Bruxelas em 1979.

A primeira tentativa para uma definição internacional de AFA ocorreu durante o 9º


Simpósio Internacional de Berlim, em 1989. Foi o maior simpósio na história da IFAPA,
no qual Doll-Tepper e outros profissionais definiram a AFA numa perspectiva
multinacional:

“AFA refere-se ao movimento e às actividades físicas e desportivas, nas quais é


dada uma ênfase especial aos interesses e às capacidades das pessoas com
condições de deficiência, limitações, problemas de saúde e idosos.”

A mensagem do Presidente da IFAPA sugeria que o objectivo dos profissionais da AFA


deveria ser o de estimular todas as pessoas a participarem regularmente de actividades
físicas, ao longo das suas vidas.
“Nós valorizamos e promovemos a actividade física como forma de recreação,
desporto, terapia, condição física ou expressão.”

O Regulamento da IFAPA [adoptado pelo Conselho de Directores em Maio de 1997, na


cidade de Quebec (Canadá)] defende que:
Os programas e actividades da IFAPA estão particularmente vocacionados para
pessoas com condições de deficiência, incapacidades ou desvantagens que possam
limitar as possibilidades de o indivíduo se envolver em actividades físicas de seu
interesse.

Desta forma, a AFA pode então ser entendida como a provisão de:
• Prácticas adaptadas
• Ambientes sociais e físicos
• Equipamentos
• Regras
e outros factores que permitam ao indivíduo portador de condições limitadas o
desenvolvimento de um estilo de vida activo, através da participação em actividades
físicas.

www.ifapa.net
1_1_02 AFA como um sector no âmbito da Educação Física

A Educação Física Adaptada é destinada a pessoas que, por qualquer razão, não estão
aptas a participar com segurança ou sucesso na educação física regular.

Basta alterar a palavra “adaptada” para “modificada” e ter-se-á a ideia do que seja a
Educação Física Adaptada. O bom ensino é aquele que adapta (modifica) o currículo,
a tarefa e/ou o envolvimento, de tal forma que TODOS os alunos possam participar
plenamente da educação física.

Os alunos recebem instruções numa variedade de contextos i.e., ambientes educativos.


• A colocação do estudante em qualquer enquadramento educativo implica uma
cuidadosa avaliação, devendo ser considerado o local onde ele pode melhor
desenvolver o seu potencial em educação física

A AFA, enquanto profissão, engloba uma vasta gama de profissionais, incluindo:


professores treinadores
terapeutas administradores
pesquisadores …

Para todas estas pessoas, a AFA é a arte e a competência de gerir factores pessoais e
ambientais, promovendo a participação, na actividade física, de pessoas com condições
limitadas de saúde.

A AFA integra – ainda que não se limite – as seguintes práticas:

• Planeamento
• Avaliação
• Prescrição/Colocação
• Ensino/Aconselhamento/Treino
• Coordenação de recursos
• Organização comunitária
• Promoção e auto-conhecimento

1_1_03 A AFA como uma disciplina escolar

A AFA constitui um estudo multidisciplinar dos antecedentes, das circunstâncias, dos


processos e dos resultados da actividade física adaptada ao serviço das pessoas com
condições limitadas.

Princípios-chave da teoria da ADAPTAÇÃO:


• é um processo fundamental, interactivo e recíproco de intercâmbio entre o
indivíduo e o ambiente
• é um processo auto-organizado ou propositadamente articulado e planeado
• implica a modificação, o ajustamento ou a acomodação das relações dentro de
um ecossistema (pessoa, envolvimento, tarefa)
• relaciona-se com a oferta de oportunidades para a actividade física (terapia,
recreação, exercícios, desportos) e com a organização de serviços (integrados ou
segregados)

Os constructos teóricos mais largamente aceites no âmbito da AFA, incluem:


• filosofia humanística
• princípio da normalização
• teorias da auto-actualização e da auto-determinação
• teoria sócio-cognitiva
• análise ecológica de tarefas
• capacitação (empowerment).

Disciplinas relevantes para a AFA:


• Biomecânica
• Psicologia do desporto
• Fisiologia do exercício
• Sociologia
• Comportamento motor

A aplicação dos paradigmas e das metodologias destas disciplinas, dentro dos contextos
da AFA, é muito útil para o delineamento e a promoção de serviços e práticas
destinados a indivíduos com funções limitadas.

A teoria da Adaptação está fortemente relacionada com alguns dos conceitos-chave


apresentados nesta secção, incluindo a Capacitação, a Organização de Serviços e a
Análise Ecológica de Tarefas.

1_2_01 Problemas de saúde

Aproximadamente 10% da população mundial tem problemas de saúde ou deficiências.


Variadas taxionomias sobre os problemas de saúde utilizam a terminologia promovida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui três níveis: deficiência,
incapacidade e desvantagem.

Deficiência

• É qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou da função psicológica,


fisiológica ou anatómica.
• Inclui a existência ou a ocorrência de uma anomalia, um defeito, a perda em um
membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, incluindo o sistema
relacionado com as funções mentais.
• As percas e anomalias podem ser temporárias ou permanentes.
Incapacidade

• É qualquer restrição ou falta da capacidade (resultado de uma deficiência)


para executar uma actividade, dentro do âmbito considerado “normal” para um ser
humano.
• Refere-se a actividades múltiplas ou integradas, relativas à pessoa como um
todo, quando implicada numa determinada tarefa, habilidade ou forma de
comportamento.
• Envolve um excesso ou uma redução de tipos de comportamentos ou de
actividades habitualmente esperadas para aquela determinada pessoa.
• Pode ser: temporária ou permanente
reversível ou irreversível
progressiva ou regressiva

A determinação de um quadro concreto de objectivos desempenha um papel-chave neste


nível de experiências.
As incapacidades podem surgir como uma consequência directa da deficiência ou,
então, como uma resposta psicológica do indivíduo a deficiências físicas, sensoriais ou de
outro tipo. Representam a operacionalização de uma deficiência, reflectindo as
perturbações ao nível da pessoa.

Desvantagem

• É o impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma deficiência


ou de uma incapacidade, que limita ou inibe a execução plena de uma
actividade considerada “normal” para este indivíduo (considerando a idade, o
sexo e os factores sócio-culturais).
• a mesma desvantagem pode surgir em diferentes situações e, por isso mesmo,
como consequência de diferentes incapacidades.
• É um fenómeno social, que representa as consequências sociais e ambientais
das deficiências e incapacidades.
• É caracterizada por uma discrepância entre a performance ou o status do
indivíduo e as expectativas do grupo específico do qual ele é membro.

A desvantagem pode ser percebida subjectivamente:


• pelo próprio indivíduo
• pelas outras pessoas que são significativas para o indivíduo
• pela comunidade como um todo

A desvantagem representa a face social de uma deficiência ou de uma incapacidade e


acarreta consequências para o indivíduo em diferentes áreas.
1_2_02 Problemas de saúde

As definições actuais têm-se referido, cada vez mais, à habilidade enquanto conceito
oposto à deficiência e à importância do contexto social de funcionamento do indivíduo
como oposição ao modelo médico. Frequentemente, é preferível uma abordagem do tipo
não-categorial, dado que a focalização nas categorias de diferenças individuais parece
facilitar mais a exclusão do que a inclusão nas actividades físicas.
Apesar disto, adoptou-se, para os problemas de saúde, uma perspectiva funcional, cujas
categorias principais para a sua classificação são as seguintes:

1. Problemas sensorio-motores de saúde


Relativos às funções dos sistemas neurológicos e músculo-esqueléticos (por
exemplo, as lesões da espinal-medula, acidentes, amputações), que limitam o
desenvolvimento, a coordenação e/ou a realização de um movimento. Os indivíduos
com esses tipos de perturbação utilizam, frequentemente, dispositivos de apoio ou
precisam de ajuda pessoal para executarem suas actividades diárias e recreativas.
2. Problemas internos de saúde
Relativos às funções dos órgãos internos – endócrinos, respiratórios,
cardiovasculares, renais e outros – que limitam a capacidade fisiológica.
3. Problemas psico-sociais de saúde
Relativos às funções de interacção emocional e social (p. ex. autismo, esquizofrenia),
limitando assim o contacto social da pessoa com o seu ambiente.
4. Domínios intelectuais de saúde
Relativos às funções cognitivas superiores, especialmente relacionadas com a
deficiência mental e com os distúrbios de aprendizagem, que podem afectar a
capacidade que a pessoa tem de viver autonomamente.

A informação detalhada sobre essas categorias pode ser encontrada em “Problemas de


Saúde", no Menu Principal.

1_3_01 Funcionalidade

CIF – OMS 2001


A Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (CIF) ® 1.5,
recentemente revisada, sugere uma nova taxionomia, internacionalmente aceita,
fornecendo critérios para a classificação, a avaliação e a intervenção.

A CIF apresenta uma linguagem comum para descrever e compreender as deficiências e


as doenças. Uma abordagem acerca de toda a amplitude da CIF pode ser encontrada no
seguinte site.
http://www3.who.int/icf/training/icf.ppt

A CIF possui um conceito multidimensional que se aproxima muito mais de um modelo


social do que de um modelo médico de saúde.
O modelo social refere-se à igualdade de oportunidades, em termos de:
• modificação do ambiente
• acção social
• consciência atitudinal

Com base na CIF, são múltiplas as funções e as estruturas do corpo relacionadas com a
actividade física.

As limitações nas estruturas e funções do corpo são matéria fundamental para a


estruturação dos serviços adaptados e das actividades, principalmente no que diz
respeito à avaliação, colocação e intervenção.

1_3_02 Estrutura contextual da CIF

Actividades e Participação

O modelo da CIF sugere os seguintes tipos de actividade e critérios de participação, que


se podem encontrar diminuídos quando ocorre um problema de saúde:

• Aprendizagem e aplicação dos conhecimentos


• Tarefas e exigências gerais do dia-a-dia
• Comunicação
• Movimento
• Cuidados consigo
• Vida doméstica
• Relações interpessoais
• Principais áreas da vida
• Vida comunitária, social e cívica

Dentre estes critérios, o movimento, a comunicação, a aprendizagem e as relações


interpessoais são de particular interesse para a AFA. O desempenho e a aceitação em
cada um desses domínios podem ser melhoradas através da AFA.

Factores contextuais ambientais

Os factores ambientais sugeridos pela CIF podem constituir facilitadores ou barreiras à


participação, dependendo do grau em que os seguintes factores sejam proporcionados:
• produtos e tecnologia facilitadores da acessibilidade
• ambientes naturais e modificados pela acção humana
• apoio e relacionamento com os pais e com outras pessoas significativas
• atitudes do treinador, do professor, dos colegas e de outras pessoas significativas
• serviços, sistemas e políticas, incluindo os meios de transporte
Factores contextuais da pessoa

As condições da pessoa, que não estão relacionados a problemas específicos de saúde,


incluindo o género, o tipo somático e os atributos psicológicos (como o senso de
coerência e a perspectiva de alcance de objectivos), podem influenciar no grau da
participação e no resultado da actividade ocorrida num contexto específico.

Uma análise contextualizada dos factores pessoais e ambientais, juntamente com as


medidas apropriadas a serem tomadas, pode reduzir a frequência de resultados não
desejados.

2_1 Adaptação

Teoria da Adaptação

"A arte e a ciência de manipular variáveis serve para alcançar resultados desejados"
(Sherrill, 1997, 60).

Qualquer actividade física pode ser modificada ou adaptada.


A actividade física deve ser executada de acordo com as características específicas de
cada deficiência, podendo incluir alterações em termos de:

Equipamento: p. ex. o uso de diferentes materiais e bolas de diversos tamanhos.

Ambiente: p. ex. baixando a altura de uma rede ou reduzindo o tamanho do recinto de


jogo.

Tarefa: tornar as actividades mais fáceis, alterando o objectivo, p. ex. jogar voleibol
sentado ou em cadeira de rodas.

Regras: p. ex. permitindo que a bola de ténis salte duas vezes antes que seja batida
(aumento do tempo disponível para bater na bola)

Instrução: Ajustamento às capacidades cognitivas, p. ex. sendo breve e simples, dando


uma instrução de cada vez, movendo-se em linha recta e não em círculos.

http://web.macam98.ac.il/%7Eshayke/thenapa/euro_resources.htm#tf

Estas adaptações podem ser organizadas por actividade e por problema de saúde, como
no exemplo apresentado a seguir:

Actividade: corrida de 2000m


2_2_01 Organização dos Serviços

A organização dos serviços é um método que assegura um ambiente mais acessível


(menos restritivo) para o indivíduo que usufrui da AFA. As estratégias adoptadas devem
garantir a existência de um Ambiente Menos Restritivo Possível (AMRP) para a prática
da AFA. A adaptação ou a modificação do currículo de educação física e/ou da instrução
deve ser direccionada às capacidades individuais de cada criança. As adaptações devem
ser feitas de modo a assegurar que cada estudante tenha êxito num ambiente seguro.

Sistema de Organização dos Serviços


Para assegurar um AMRP ao longo de um processo de desenvolvimento, a colocação
pode modificar-se no decorrer de algum tempo. Podemos encontrar variadas alternativas
de colocações:

• Escola especial
• Classe especial em escola regular
• Recurso a um professor assistente trabalhando com um pequeno grupo numa sala de
aula regular
• Trabalho em pares em sala de aula regular
• Contexto de salas de aula regulares, sem apoio

Quadro sobre Organização de Serviços para a Inclusão

2_2_02 Planeamento Individualizado em AFA (PIAFA)

O PIAFA é um plano delineado pelos especialistas da AFA, que inclui objectivos claros e
mensuráveis.
As metas e os objectivos são extraídos do conteúdo educacional da actividade física e são
monitorizados ou avaliados de acordo com uma política regional. Isto assegura que as
metas e os objectivos sejam atingidos num quadro temporal determinado.
Os Planos Educacionais Individualizados (PEI) foram adoptados por alguns países
europeus (p. ex. Reino Unido e Portugal), mesmo nos casos em que não são exigidos pela
legislação. Ter um PEI é uma boa prática para organizar uma sessão de AFA.

O PIAFA leva em consideração questões como:


Avaliação do estado actual de funcionamento
Sugestões de metas concretas
Identificação das adaptações necessárias para cumprir tais metas

Planeamento

O planeamento requer a avaliação e a definição de metas em vários domínios.


2_3_01 Inclusão

Princípios da Inclusão

O princípio fundamental da inclusão é a valorização da diversidade da comunidade


humana.
Alguns autores vêem a inclusão como um imperativo moral (Bricker, 1995; Rogers,
1993; Stainback & Stainback, 1996) insistindo numa inclusão não-categorial e ilimitada
de crianças com todos os tipos de capacidades.
A inclusão é muito mais do que simplesmente colocar juntas crianças com e sem
condição de deficiência (o que é chamado de “integração”).

Inclusão também significa a redistribuição dos serviços, modificando atitudes e


desenvolvendo o sentido de responsabilidade.
P. ex.: em lugar de unicamente preparar uma criança com uma deficiência para participar
de uma classe regular, prepara-se também a classe para acolher esta criança.

Porquê a Inclusão?

Através da educação inclusiva, os pais adquirem uma visão mais equilibrada acerca das
capacidades de seus filhos.

Os colegas sem deficiências são expostos a vários desafios ao se confrontarem com os


colegas com condição de deficiência
e isto aumenta o seu repertório de apoio e empatia para com aqueles com diferentes
capacidades.

As crianças com condição de deficiência estarão a viver e a trabalhar com grupos


diversificados de pessoas. Depois de terminarem a escolarização, estas experiências serão
determinantes para a sua aceitação social.

Os professores devem aprender a ensinar grupos diversificados de estudantes, o que exige


dar oportunidades e traçar metas alternativas para alunos com as mais variadas
capacidades.

2_3_02 A pertinência da Inclusão

A inclusão é a perspectiva mais recente da visão humanística na educação de indivíduos


com condição de deficiência. Ela promove a autodeterminação e a participação de
indivíduos com deficiências, de maneira similar a qualquer outra minoria, dentro da
comunidade.

O Nirje (1969) desafiou o modelo dicotómico dos sistemas especializados de educação de


crianças com deficiências mentais e físicas. Ele desenvolveu, a este propósito, o princípio
da “normalização”.
Wolfensberger et al. (1972) influenciou modificações consideráveis nos sistemas de
apoios educativos, teorizando práticas de integração e, finalmente, de inclusão.

Inclusão na Europa

O Conselho da Europa introduziu os princípios da inclusão na sua Carta Européia:


Desporto para todos – Pessoas com deficiência em 1987, e recomendou medidas de
inclusão aos seus Estados Membros.

A maior parte dos países europeus providenciaram educação para crianças com
deficiências, integrando-as no sistema escolar regular. É claro que, embora alguns
sistemas tivessem sido bem-sucedidos, isto conduziu a um quase total estrangulamento
das práticas em educação física e dos desportos para muitas crianças com condição de
deficiência (Carta Europeia, 1987:20).

A Declaração de Madrid, intitulada “Não discriminação mais acção positiva igual a


inclusão” foi escrita em 2002, conduzindo à realização do ‘Ano Europeu da Pessoa com
Deficiência’, em 2003. O documento defende que as pessoas com condições de
deficiência têm os mesmos direitos que qualquer outra e estabelece passos a dar em
direcção a uma sociedade mais inclusiva. www.madriddeclaration.org

A título de exemplo, na Finlândia, é oferecida a supervisão aos professores de Educação


Física, de modo a apoiar a inclusão de crianças com condição de deficiência em aulas
regulares de educação física (Heikinaro-Johansson, Sherrill, French & Huuhka, 1995).

Também na Noruega, a confederação das organizações desportivas entrou em acção em


1998, encorajando as federações desportivas a assumirem a responsabilidade pelas
actividades das pessoas com condição de deficiência. Até o momento, quatro
organizações já assumiram a completa responsabilidade pelo desporto destas pessoas e 11
outras federações integraram atletas com alguma deficiência como parte das suas
actividades.

A Inclusão no Espaço Extra-Europeu

Nos EUA, a administração e a prática da inclusão de indivíduos com condição de


deficiência na Educação Física e Desportos foi organizada e posta em prática, em
diferentes níveis, desde 1975 (p. ex., Block, 1999; Sherrill, 1998)

A Austrália pratica a inclusão e integrou totalmente os seus atletas de elite nas


actividades do Instituto Australiano de Desportos (Downs, 1995). Foram também
lançados vários programas, a nível local, a fim de despertar a atenção das pessoas e
conseguir os recursos necessários para a inclusão.

No Canadá, desenvolveu-se, consensualmente, um Plano de Acção, em 1988. Este


documento foi acompanhado por várias publicações, incluindo a série de manuais
‘Moving into Inclusion’, o ‘Action Pack for Promoting Inclusion’ e um outro conjunto de
documentos, lançado recentemente por avaliadores de aptidão, que contêm os
conhecimentos básicos sobre a inclusão de participantes com condição de deficiência.

2_4 Ecossistema

O Sistema de Acção

Baseado na tradição da Gestalt, Kiphard (1983) e Newell (1986) têm vindo a sugerir que
a acção se encontra contextualmente relacionada e baseada nas relações recíprocas do
indivíduo, das condições do ambiente e da tarefa.
O ambiente apresenta barreiras que obrigam o indivíduo a desenvolver modelos sobre
como poderiam realizar a tarefa. No entanto, os indivíduos não só se adaptam, mas
também, alteram o ambiente cada vez que lhe respondem. Por isso, os padrões
necessários a estas respostas nem sempre são estáveis, mas encontram-se em mudança,
com base no desenvolvimento da acção e nas interacções entre o indivíduo e o
ambiente.

Exemplo 1: Lançamento
Tarefa de uma bola ao cesto,
desde uma posição
sentada (praticante em
cadeira de rodas)

Ambiente Indivíduo Tarefa:


• Lançamento ao cesto de
fora do garrafão

Ambiente:
• A altura do cesto
• O peso da bola
• O tamanho da bola
• Forma de propulsão (baseado nas dimensões e tipos de rodas, prensão, etc)

Indivíduo:
• A força muscular dos braços e do tronco
• O controlo do tronco
• A forma de propulsão da cadeira
• A atenção perceptiva
• Coordenação óculo-manual.

Para mais exemplos, ACESSE a seguinte página do THENAPA.


http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/quiz/examples_english.htm
2_5 Equidade

Igualdade: é o acesso equivalente às diferentes oportunidades, isto é, dispor da mesma


base de início para uma acção.

Equidade: é disponibilizar, para todos, a mais ampla variedade possível de opções para a
realização de uma acção.

P. ex.:
Igualdade = Todas as crianças da comunidade são bem-vindas a participar de um
programa de futebol.
Equidade = um professor de apoio ou um colega (tutor) é designado para apoiar uma
criança com uma incapacidade.

Igualdade = Espera-se que todas as crianças participem de um jogo de basquetebol.


Equidade = a uma criança que está a usar uma cadeira de rodas, é dada a opção de lançar
a bola num cesto mais baixo, com os oponentes a uma distância mínima de 2 metros.

Ao longo dos últimos 20 anos, o termo igualdade foi evoluindo para o termo equidade.
A equidade implica, assim, manter o ambiente livre de barreiras para que as pessoas
pratiquem e demonstrem as suas habilidades, sem obstáculos físicos e sociais.

Carta Europeia do Desporto para Todos

Na Europa, o movimento a favor de uma actividade física acessível a todos os indivíduos


foi, pela primeira vez, expresso, em Estrasburgo, em 1966, e reconfirmado, como plano
de acção, em Maio de 1986.
A Carta Europeia do Desporto para Todos responsabilizou os governos e as autoridades
públicas locais pela adopção de medidas destinadas às pessoas com condição de
deficiência, assim como os governos nacionais de educação, desporto e recreação pelo
aperfeiçoamento de regras e regulamentos que permitissem o acesso e a participação
destes mesmos indivíduos.

As medidas sugeridas incluíram:


Instalações desportivas acessíveis
Assistência para o transporte
Auxílio técnico para permitir a participação na actividade física

3_1 Educação

A educação, com relação às deficiências e ao movimento da inclusão, é importante tanto


na perspectiva do ensino das actividades físicas e desportivas como da sua aprendizagem.
Por isso, iremos abordar tanto a educação física nas escolas como a formação na
educação superior.
Educação Física (EF)

O objectivo principal da EF na escola é o de promover a base para um estilo de vida


activo, através da introdução de:

• Padrões básicos de actividades motoras


• Jogos colectivos
• Jogos de regras
• Desportos aquáticos
• Condição física

A Actividade Física Adaptada (AFA) é a própria Educação Física, que tem sido
adaptada ou modificada a fim de ser tão apropriada para uma pessoa com uma
condição específica de deficiência, quanto o é para uma pessoa sem esta condição.
Para que isto aconteça, são necessários especialistas mais qualificados em AFA
ou professores de Educação Física com formação ao nível da deficiência.

A legislação europeia, com relação aos estudantes com necessidades especiais,


varia entre os diferentes países. Em alguns deles, a educação física não é ensinada
por profissionais da EF na escola primária, mas só na escola secundária (p. ex.
Inglaterra e Bulgária)

Para os distintos países, acesse:


http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/comparative/index.htm

Universidade e Ensino Superior

A formação de profissionais em EF e AFA varia entre os países, sendo necessário o


estabelecimento de um campo comum para a graduação nestas áreas.

Um dos objectivos do THENAPA tem sido o de analisar e aperfeiçoar os programas


académicos em AFA, através da Europa. Criou um perfil ideal para um especialista em
AFA, com base no conceito do Sistema Europeu de Transferência de Créditos. Este perfil
de créditos representa os conteúdos mínimos sobre AFA, indispensáveis para os
programas europeus de educação física e fisioterapia, bem como para os programas
especializados em AFA, na Europa.

Este CD-ROM apresenta o currículo básico em AFA, com temas essenciais para os
diferentes graus de estudo, acima mencionados.

Uma vez que os profissionais tenham conhecimentos académicos afins, a legislação para
a inclusão será facilitada e poderá ter padrões equivalentes para todos os países da
Europa.

Os interessados em programas especializados de estudo em AFA podem visitar as


seguintes páginas:
http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/index.htm
http://www.iseflombardia.it/deuapa
http://www.iusm.it/didattica/master/link/22_07_02-programma.pdf

3_2 Desporto de Elite

Os desportos competitivos para indivíduos com condição de deficiência são coordenados


por várias organizações internacionais, que se desenvolveram durante o último século.

Os indivíduos com problemas sensório-motores de saúde participam de actividades sob o


comando do Comité Paralímpico Internacional (CPI). Os atletas desfrutam da
participação, numa variedade de actividades desenvolvidas durante o movimento
paralímpico, desde o trabalho pioneiro de Sir Ludwig Guttmann.

Os indivíduos com deficiência auditiva estão organizados separadamente. Estes,


amparados pelo Comité Internacional de Desportos para Surdos e de acordo com a sua
própria decisão, competem nas Deaflympics.

Os indivíduos com deficiência mental participam em várias actividades desportivas,


locais e internacionais, apoiados pela organização das Olimpíadas Especiais.

Para obter mais detalhes sobre este tema, ver ‘Desportos & Organizações’, no Menu
Principal.

3_3 Recreação

O objectivo principal das actividades recreativas é o de facilitar um estilo de vida activo


e a livre escolha de como organizar o seu próprio lazer. Por isso, a promoção de
oportunidades de recreação para indivíduos com condição de deficiência está
directamente relacionada com a acessibilidade e com o conhecimento do ambiente
social.

A recreação tem-se tornado mais integrada e inclusiva devido ao desenvolvimento da


consciência das pessoas e à legislação. Existe, entretanto, uma grande heterogeneidade de
políticas nacionais a este respeito. Cada país tem as suas próprias medidas no campo
dos desportos e das actividades, quando se trata de promover o direito à igualdade de
oportunidades.

3_4 Reabilitação

A reabilitação é um conjunto de acções profissionais, com o objectivo de reduzir ou


prevenir o agravamento, ou de promover a restauração ou a melhoria das funções de
qualquer problema de saúde.

É, assim, baseada na avaliação do estado actual, com a análise dos objectivos da


intervenção e com uma avaliação contínua sobre a forma de se atingir os resultados
esperados. A reabilitação emprega vários tipos de tratamentos conhecidos como terapia,
que apresentam um carácter mais de prestação de cuidados do que curativo.

A terapia está vinculada às organizações profissionais de paramédicos, p. ex., a


fisioterapia, a terapia ocupacional e a terapia da fala. Para além destas, a AFA está
também relacionada com áreas como a terapia psicomotora, a dança e terapia do
movimento, a recreação terapêutica, a hidroterapia (terapia aquática) e a
reabilitação cardíaca.

Os processos terapêuticos são aplicados em cada caso específico, isto é, os planos de


intervenção para um objectivo em particular variam de acordo com a gama de situações
relativas às deficientes condições de saúde.
• p. ex., o treino para a melhoria do equilíbrio de indivíduos com ataxia deve seguir
um plano de acção diferente do que deve ser desenvolvido para indivíduos com
espasticidade.

Frequentemente, a terapia é a actividade principal dentro de um processo de reabilitação


(restauração funcional), como na recuperação de Acidentes Vasculares Cerebrais
(AVC). A AFA tem inúmeras funções relacionadas aos processos de terapia e de
reabilitação:

• uma parte significativa dos tratamentos directamente relacionados com as limitações


funcionais primárias, p. ex., na reabilitação cardíaca, onde o treino controlado das
funções cardiovasculares é crucial para atingir os objectivos terapêuticos e de
reabilitação.
• uma ligação com o tratamento das limitações funcionais secundárias, p. ex., na
restauração da força e da resistência muscular de indivíduos com limitações
funcionais, os quais muitas vezes tendem a evitar a actividade física.
• na manutenção e acompanhamento do tratamento, a fim de prevenir a manifestação
dos efeitos físicos e psicossociais potencialmente negativos, relacionados ao estilo
de vida sedentário, muitas vezes adquirido pelos indivíduos com limitações
funcionais ou problemas de saúde, p.ex., a actividade física em grupo, para
mulheres, após a operação de cancro de mama (mastectomia).

Para mais informações, ver também '


Intervenção'
, no Menu Principal.
Capítulo 2
1_1 Visuais

Definições

A pessoa com deficiência visual é aquela que apresenta uma deficiência na visão que,
mesmo após correcção, afecta a sua vida diária.
As deficiências visuais abrangem as pessoas que:
• nunca tiveram nenhuma função visual
• tiveram uma visão normal, durante alguns anos, antes de ficarem gradual ou
repentinamente, parcial ou totalmente cegas
• têm outras dificuldades para além da perca visual
• têm deficiências selectivas de partes do campo visual
• têm uma diminuição geral na acuidade do campo visual (OMS)

Sub-categorias

A cegueira e a baixa visão são definidas segundo a 10ª. Revisão da


Classificação Internacional de Doenças (CID-10)
• CEGUEIRA: acuidade visual <3/60 ou correspondente perda de campo visual no
melhor olho, com a melhor correcção possível (categorias 3, 4, 5).
• BAIXA VISÃO: acuidade visual <6/18, mas igual ou melhor do que 3/60 no melhor
olho, com a melhor correcção possível (categorias 1, 2).

Causas

Os distúrbios da visão têm 3 origens:


• Doença: 42 % (glaucoma; cataratas senil; diabetes; acidente vascular; sífilis)
• Congénita: 31 % (rubéola, toxoplasmose; tratamentos pré-natais, síndromes
variadas)
• Acidente: 27 % (lesões; acidentes de guerra, etc.)

Incidência

A incidência mundial estimada da cegueira é 0.7 %, segundo a OMS.

Sintomas

• visão dupla
• modificação na cor da íris
• visão manchada, imagens fantasma
• perda repentina da visão num olho
• flashes de luz ou manchas pretas
• imagens desfocadas
Precauções

• bebés e crianças pequenas devem ser examinadas quanto aos problemas mais
comuns dos olhos
• adultos e pessoas mais velhas devem ser regularmente examinadas
• uso de óculos protectores durante o desempenho de actividades que possam
causar lesões nos olhos

Intervenção

A segurança e a capacidade para se vestir, comer e funcionar independentemente são de


primordial importância para a pessoa cega. Muitos serviços, bem como métodos de
aprendizagem e equipamentos estão disponíveis para promover o treino em casa, dando
apoio a estas pessoas para que vivam autonomamente.

References

1. Davis K, Kennedy JW, Kemp HG, et al. Complications of coronary arteriography


from the Collaborative Study of Coronary Artery Surgery (CASS). Circulation
1979; 59: 1105-1111.
2. De Bono D. Complications of diagnostic cardiac catheterisation: results from 34
041 patients in the United Kingdom confidential enquiry into cardiac
catheterization complications. Br Heart J 1993; 70: 297-300.
3. Fischer Williams M, Gottschalk PG, Browell JN. Transient cortical blindness. An
unusual complication of coronary angiography. Neurology 1970; 20: 353-355.
4. Rama BN, Pagano TV, Del Core M, et al. Cortical blindness after cardiac
catheterisation: effect of re-challenge with dye. Cathet Cardiovasc Diagn 1993;
28: 149-151.
5. Vranckx P, Ysewijn T, Wilms G, et al. Acute posterior cerebral circulation
syndrome accompanied by serious cardiac rhythm disturbances: a rare but
reversible complication following bypass graft angiography. Cathet Cardiovasc
Interv 1999; 48: 397-401.

1_2 Auditivos

Definições

A deficiência auditiva depende do grau da perda, indo da surdez até os aspectos mais
ligeiros da deficiência auditiva. Assim, as pessoas com deficiência auditiva podem ser
classificadas em dois grupos:
• Surdos: a pessoa é incapaz de compreender a fala por meio da audição, com ou
sem próteses auditivas.
• Deficientes auditivos: pessoas portadores de uma condição que torna difícil,
mas não impede a compreensão da fala por meio da audição, com ou sem a ajuda
de aparelhos.
Sub-categorias

• Surdez condutiva: dificuldades na audição por causa da diminuição do som ao


percorrer os canais do ouvido externo e do ouvido médio.
• Deficiência neuro-sensorial da audição: é um problema associado ao ouvido
interno, onde os receptores sensoriais convertem as ondas sonoras em impulsos
nervosos, que são enviados ao cérebro para descodificação e é o resultado de
lesões ou degeneração de terminações nervosas.
• Deficiência auditiva mista: é quando as deficiências tanto condutivas quanto
neuro-sensoriais ocorrem simultaneamente.

Causas

• 50% por razões genéticas


• 20% por razões específicas (exposição a ruídos altos durante um período longo
de tempo; rubéola da mãe; prematuridade; meningite; tumores cerebrais; tensão
alta; diabetes; medicamentos; drogas, etc.)
• 30% por razões desconhecidas

Incidência

Segundo a OMS, cerca de 250 milhões de pessoas no mundo têm deficiência auditiva.

Sintomas

• dificuldade de compreender palavras, especialmente em ambientes ruidosos


ou com muita da gente.
• fala ou emite sons com uma intensidade muito baixa
• necessita aumentar o volume do rádio ou da televisão
• pede aos outros para falar mais alto, lenta e claramente
• drenagem de fluidos pelos ouvidos
• dificuldades de equilíbrio

Intervenção

• Deficiência condutiva
* cirurgia e/ou medicação
* uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares para melhorar a audição
• Deficiência neuro-sensorial da audição
* não corrigível com cirurgia ou medicação
References

1. Erenberg, A., Lemons, J, Sia, C., et all: Newborn and infant hearing loss:
detection and intervention. American Academy of Pediatrics, 1999; 103 (2): 527-
30
2. Freeman, R.D., Carbin, C.F., Boese, R.J: Can’t your child hear? In: A guide for
those who care about deaf children. Baltimore, MD: University press; 1981
3. Mayo Foundation for Medical Education and Research(MFMER), 1998-2002
4. Morton, N.E. Genetic epidemiology of hearing impairment. Ann NY Acad Sci
1991; 630: 16-31
5. Twefik,T.L., Teebi, A.S., Der Kaloustian, V.M. Syndroms and conditions
associated with genetic deafness(eds). Congenital Anomalies of the Ear, Nose and
Throat, Oxford University Press; 1997

1_3 Neurológicos

• Doença de Alzheimer
• Paralisia cerebral
• Doença de Parkinson
• Esclerose múltipla
• Epilepsia
• Lesões na espinal-medula
• Spina Bífida
• Hidrocefalia
• Derrame

1_3_01 Doença de Alzheimer

Definição

A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, caracterizada por um


declínio progressivo da memória, do pensamento, da compreensão, do cálculo, da
linguagem, da capacidade de aprendizagem e da racionalidade. Os sintomas da doença de
Alzheimer devem ser diferenciados do declínio proveniente do envelhecimento normal
das funções cognitivas, que é mais gradual e conduz a incapacidades muito menores.

Subcategorias

A progressão da doença varia de pessoa para pessoa.


A Doença de Alzheimer geralmente progride de ligeira a moderada e, depois, para grave.
• Ligeira: a pessoa pode viver sozinha e funcionar regularmente bem.
• Moderada: a pessoa apresenta maior dificuldade de viver normalmente sem um
apoio externo.
• Grave: nesta fase, geralmente a pessoa não é capaz de tomar conta de si própria.
Incidência:

Cerca de 5% dos homens e 6% das mulheres com mais de 60 anos de idade.

Sintomas:

Certos sinais da doença incluem:


• Aumento e persistência do esquecimento
• Dificuldades com o pensamento abstracto
• Dificuldades em encontrar a palavra certa
• Desorientação
• Perda da razão
• Dificuldade em desempenhar tarefas familiares
• Alterações na personalidade

Factores de risco

• Idade: idade > 65 (raramente < 40)


• Hereditariedade
• Alguns factores sócio-ambientais

Intervenção

Até o momento não há cura para a Doença de Alzheimer. Entretanto, os cuidados


tomados:
• Mantém o funcionamento do indivíduo
• Reduzem a incapacidade causada pela perda das funções mentais;
reorganizam as rotinas de modo a maximizar o uso das funções conservadas
• Minimizam sintomas como a depressão, a agitação e a desconfiança
• Proporcionam apoio às famílias
• Intervenções psico-sociais:
* educação
* apoio
* aconselhamento e cuidados esporádicos , tanto para os pacientes
como para os familiares
• Medicação
• Exercício

References

Alzheimer's Disease Education and Referral Centre, (2001). Progress Report on


Alzheimer's Disease: Taking the Next Steps. Alzheimer' s Disease Education and
Referral Centre (NIH Publication No. 00-4859), Silver Spring, MD.
1_3_02 Paralisia cerebral

Definição

A paralisia cerebral (PC) é um termo muito amplo usado para descrever a disfunção
motora resultante de uma lesão cerebral nos primeiros tempos de vida.

Subcategorias

• Espastica: é o tipo mais comum; os grupos musculares apresentam um padrão


dominante de contracção
- a diplegia afecta os braços e as pernas, ainda que de forma desigual.
- a hemiplegia afecta os membros de um só lado do corpo
- a tetraplegia afecta os quatro membros
- a monoplegia afecta apenas um membro
- a triplegia afecta três membros
• Atetósica (ou disquinética): afecta de 10% a 20% dos pacientes com PC.
Caracteriza-se por movimentos lentos e descontrolados das mãos, dos pés, dos
braços ou das pernas. Às vezes afecta os músculos da face e da língua, causando
esgares e falta de controlo da saliva. Outras vezes, afecta os músculos que
controlam a fala, originando disartria.
• Atáxica: afecta de 5% a 10% dos pacientes com PC. Compromete o equilíbrio, a
percepção de profundidade, a coordenação, a firmeza da marcha, originando um
padrão de “marcha alargada”. Muitos têm dificuldades com movimentos rápidos
ou precisos. Às vezes existe um tremor em movimentos intencionais.
• Mista: 10 % dos pacientes apresentam dois ou mais tipos de PC.

Causas

A paralisia cerebral não é nem contagiosa nem hereditária.


Algumas causas da paralisia cerebral incluem:
• Infecções durante a gravidez (rubéola, citomegalovirus e toxoplasmose, infecções
ginecológicas/urinárias)
• Provisão insuficiente de oxigénio durante o trabalho de parto e o nascimento
• Prematuridade
• Complicações durante o trabalho de parto e o nascimento
• Outros problemas de nascimento
• Paralisia cerebral adquirida: 10% devido a lesões cerebrais durante os dois
primeiros anos de vida, tais como infecções cerebrais (meningite e encefalite) ou
traumatismos cranianos

Incidência

Frequência: 3.5 casos de PC/1000 nascimentos


Sintomas

Os sintomas da PC diferenciam-se de pessoa para pessoa e podem alterar-se ao longo do


tempo.
• convulsões
• dificuldade chupar ou comer
• salivação excessiva
• respiração irregular
• desenvolvimento atrasado das habilidades motoras, como apanhar, sentar, rolar,
rastejar, andar …
• retardo motor/mental
• anormalidades visuais, auditivas e da linguagem
• espasticidade
• contracturas progressivas das articulações
• repertório limitado de movimentos

Intervenção

Neste momento, a PC não pode ser curada, porém, graças às pesquisas médicas, muitos
pacientes podem desfrutar de uma vida quase normal se as suas dificuldades forem
apropriadamente administradas.

References

1. Grether, J.K., Nelson, K.B. Maternal infection and cerebral palsy in infants of
normal birth weight. Journal of the American Medical Association, volume 278,
number 3, July 16, 1997, pages 207-211.
2. Pellegrino, Louis. Cerebral palsy, in Batshaw, M.L. (ed.), Children With
Disabilities, Fourth Edition, Baltimore, MD, Paul H. Brooks Publishing
Company, 1997, 499-528.

1_3_03 Doença de Parkinson

Definição

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo frequente, que resulta da


degeneração de células nervosas (neurónios) na área cerebral que controla os movimentos
(substância negra). Esta degeneração acarreta a falta de produção de um elemento
químico sinalizador cerebral (neurotransmissor), chamado dopamina, causando
disfunções motoras.

Causas

Há muitas teorias sobre as causas, como:


• doença hereditária de Parkinson
• um ou vários factores ambientais
Incidência

• mais frequente entre os 70 e os 80 anos de idade


• mais comum em homens do que em mulheres

Sintomas

Primeiros sintomas: tremor num dos membros, especialmente quando o corpo está em
repouso.
O tremor frequentemente começa num dos lados do corpo, principalmente numa das
mãos.

Outros sintomas comuns incluem:


• movimentos lentos (bradiquinesia)
• inabilidade para a locomoção (aquinesia)
• rigidez nos membros
• arrasta o passo ao andar
• postura estática
• expressão facial reduzida
• fala com voz fraca
• depressão e demência

Intervenção

Ainda não há cura para a Doença de Parkinson. Os pacientes são tratados com
medicação.

References

1996 National Human Genome Research Institute (NHGRI) and the National
Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) at the National Institutes
of Health (June 1997 NHGRI)

1_3_04 Esclerose múltipla

Definição

A Esclerose Múltipla (EM) é um distúrbio degenerativo do sistema nervoso central. É


uma doença crónica e potencialmente debilitante que afecta o cérebro e a espinal-medula
(o sistema nervoso central).
Subcategorias

• Benigna. Em 10-15% das pessoas com EM, os sintomas variam de ligeiros a


moderados, não pioram e não conduzem à incapacidade permanente.
• Degenerativa-intermitente. Uma ou duas crises de EM ocorrem a cada 1, 2 ou 3
anos, seguidos a períodos de interrupção. As crises aparecem repentinamente e
duram algumas semanas ou meses e, então, desaparecem gradualmente. Os
sintomas podem ser cumulativos em cada repetição. 75% das pessoas começam
com este tipo de EM e mais da metade terá esta forma da doença, pelo menos uma
vez.
• Progressiva Primária. (EMPP) Em 15% das pessoas com EM, a degeneração
ocorre sem períodos de interrupção, após o aparecimento dos primeiros sintomas.
• Progressiva secundária. Normalmente, depois de alguns anos de Esclerose Múltipla
Degenerativa-intermitente, pelo menos metade das pessoas entra num estágio de
deterioração contínua. Podem ocorrer recaídas súbitas que se sobrepõem a um
estágio degenerativo contínuo.
• Degeneração progressiva. Em 10% das pessoas com EM, a EMPP é acrescida de
ocorrências repentinas de novos sintomas ou do agravamento dos sintomas já
existentes.

Causas

Existe a probabilidade de que a doença seja auto-imune, o que significa que o sistema
imunitário responde como se uma parte do corpo fosse um elemento estranho.
Na EM, o corpo envia anticorpos e glóbulos brancos contra as proteínas existentes na
bainha de mielina que circunda os neurónios e a espinal-medula. Isto causa inflamação e
lesão na bainha e, por fim, nos nervos. O resultado pode ser a deterioração (esclerose) de
múltiplas áreas. Os danos reduzem ou bloqueiam a coordenação muscular, a percepção
visual e outros sinais nervosos.

Incidência

¾ no sexo feminino, ¼ no sexo masculino

Sintomas

Os sintomas da EM variam dependendo da localização das fibras nervosas afectadas. Os


sinais e os sintomas podem incluir:
• torpor, fraqueza ou paralisia de um ou de vários membros
• sensações esporádicas de dor, de adormecimento ou de choques eléctricos
• tremor, falta de coordenação ou marcha insegura
• visão deficitária, muitas vezes com dores durante o movimento dos olhos
• movimentos desordenados dos olhos, causando visão dupla ou um campo instável
de visão
• fadiga
• vertigem
• declínio cognitivo
• problemas de intestino e bexiga e disfunção sexual

À medida em que a doença piora, podem desenvolver-se espasmos musculares, fala


desarticulada, perda de visão, problemas de bexiga e de intestino, disfunção sexual e
paralisia. Podem também ocorrer alterações mentais, como perturbações da memória ou
confusão.

Factores de risco

Os seguintes factores podem aumentar o risco do desenvolvimento da EM:


• Hereditariedade
• Factores ambientais: muitos vírus e bactérias podem estar associados com a EM e
podem accionar a doença, em pessoas susceptíveis a ela.

References

Medline medical encyclopaedia


Pathology and implications for exercise for persons with chronic disease and
disability. Neurological Disorders. European Master Degree Adapted Physical
Activity, course from A. Niewboer, 2002-2003

1_3_05 Epilepsia

Definição

A epilepsia é um distúrbio cerebral no qual alguns conjuntos de células nervosas, ou


neurónios, algumas vezes dão sinais anómalos. O padrão normal da actividade neuronal é
danificado, causando sensações, emoções e comportamentos estranhos ou, às vezes,
convulsões, espasmos musculares e perda da consciência.
Quando uma pessoa tem duas ou mais crises, considera-se que ela tem epilepsia.

Causas

Qualquer lesão no córtex cerebral pode causar a epilepsia, incluindo infecções,


traumatismos cranianos, derrames e tumores.

Sintomas
• "Inconsciência" ou períodos de memória confusa
• Episódios de ausência ou períodos injustificados de indiferença
• Movimentos involuntários de braços e pernas
• Percepção de sons estranhos e sensações episódicas de medo sem explicação
• Crises
As crises podem variar desde os breves lapsos de atenção ou pequenos
espasmos musculares até convulsões severas e prolongadas. Também podem
variar na frequência: de menos de uma crise por ano até várias por dia.
Classificação das crises:
* Crise parcial ou focal
- Crise parcial (focal) simples: sem prejudicar a consciência
- Crise parcial complexa: com prejuízo da consciência
* Crise generalizada
- convulsiva: crises tónicas, clónicas ou ambas
- não-convulsiva: crise de ausência
* Estado epilético :
- 30 minutos de crise contínua sem pausa ou recuperação entre
cada episódio
- 5 minutos de convulsão contínua
- 3 convulsões discretas dentro de uma hora

References

1. Devinsky, O. A guide to understanding and living with epilepsy. Philadelphia:


F.A. Davis Co, 1994
2. Freeman, J.M., Vining, E.P.G., & Pillas, D.J. (2002). Seizures and epilepsy in
childhood: A guide for parents (3rd ed.). Baltimore, MD: Johns Hopkins
University Press
3. WHO; fact sheet: 165

1_3_06 Lesão da espinal-medula

Definição

Uma lesão na espinal-medula ocorre quando um traumatismo resulta na lesão das células
da espinal-medula ou afecta as ligações nervosas que conduzem os sinais nervosos de e
para a espinal-medula.

Subcategorias

• Contusão: esmagamento da espinal-medula


• Compressão: pressão sobre a espinal-medula
• Lacerações: separação ou dilaceramento de algumas fibras nervosas
• Síndrome Medular Central: lesão nas células nervosas e nas estruturas localizadas
no centro da espinal-medula, na coluna cervical.

Incidência
1.2-3/100 000 por ano

Causas
Traumáticas: 75%
• fractura ou deslocamento da coluna
• acidentes de transito, na prática desportiva, quedas, tentativas de suicídio,
violência
Não-traumáticas: 25%
• mielites, doenças vasculares, esclerose múltipla, hérnias de disco e tumores

Sintomas
• paralisias frequentes
• perda da sensibilidade
• perda da função abaixo do ponto lesionado, incluindo actividades autónomas como a
respiração e o controlo do intestino e da bexiga
• espasmos musculares
• disfunções sexuais
• infecções urinárias
• infecções pulmonares

Intervenção

O tratamento imediato das lesões na espinal-medula inclui técnicas para alívio imediato
da compressão da medula (nas primeiras 8 horas após a lesão), aplicação de
medicamentos com corticoesteróides para minimizar o dano das células e imobilização
das vértebras para prevenir lesões adicionais.

References

1. Adams, M. (2003). Towards therapy for spinal cord injuries. Spinal cord. Aug,
41(8): 425-6
2. American Association of Neurological Surgery (1999). Patient disorder: Spinal
cord.
3. Hughes, J.T. (1978). Pathology of the Spinal Cord. Philadelphia, Saundres.

1_3_07 Spina Bífida

Definição

A Spina Bífida (SB) é um defeito do tubo neural – que envolve o desenvolvimento


incompleto sistema nervoso, em particular da espinal-medula e/ou de suas camadas
protectoras. É causada pela falta de fechamento adequado do tubo neural do feto, durante
o primeiro mês da gravidez.
Subcategorias:

1. Spina Bífida Oculta: abertura em uma ou em várias vértebras da coluna, sem dano
evidente à espinal-medula.
2. Meningocelo: as meninges ou a camada protectora da espinal-medula foram
empurradas para fora, pela abertura das vértebras, numa “bolsa” chamada
"meningocelo". Entretanto, a espinal-medula permanece intacta. Esta forma pode
ser tratada com muito pouco ou nenhum dano às estruturas nervosas.
3. Mielomeningocelo: é a forma mais grave de SB, na qual uma porção da própria
espinal-medula se encontra fora da coluna vertebral. Em alguns casos, a “bolsa”
está coberta pela pele; em outros, o tecido e os nervos estão expostos.

Causas
• 10% por conexão familiar
• Febre alta durante a gravidez
• Mulheres com epilepsia que tomaram “ácido valproico” para controlar os ataques
• Baixa quantidade de ácido fólico antes e durante o primeiro mês de gravidez

Sintomas

• fraqueza ou paralisia muscular abaixo da área onde ocorreu o fechamento incompleto


• perda de sensibilidade abaixo da abertura
• perda de controle do intestino e da bexiga
• acumulação de fluido no cérebro, conhecido como hidrocefalia

Intervenção

Normalmente não é necessário nenhum tratamento para a Spina Bífida Oculta. Para a
Meningocelo e a Mielomeningocelo, é necessária uma correcção cirúrgica logo após o
nascimento.

References

1. McLone, D. (1998). An introduction to spina bifida. Washington, DC: Spina


Bifida Association of America.
2. Sandler, A. (1997). Living with spina bifida: A guide for families and
professionals. Chapel Hill, NC: University of North Carolina Press.

1_3_08 Hidrocefalia

Definição

A Hidrocefalia é um acumulo excessivo de líquido céfalo-raquidiano no cérebro. Isto


resulta numa dilatação anormal dos espaços cerebrais, chamados ventrículos, causando
uma pressão prejudicial sobre os tecidos do cérebro.
Subcategorias
• Hidrocefalia congénita ou adquirida
Congénita: presente no nascimento, causada tanto por influências ambientais
durante o desenvolvimento fetal quanto por predisposição genética.
Adquirida: desenvolve-se no momento do nascimento ou, posteriormente,
por lesão ou doença.

• Hidrocefalia comunicativa ou não-comunicativa


Comunicativa: é a obstrução do líquido céfalo-raquidiano, que vaza para
fora do sistema ventricular
Não-comunicativa ou "obstrutiva": é a obstrução do líquido céfalo-
raquidiano, que vaza para dentro do sistema ventricular
• A Hidrocefalia ex-vacuo e de pressão normal, afecta principalmente os adultos.
Ex-vacuo: causada por derrame ou lesão traumática, quando existe uma lesão
no cérebro
Pressão normal: caracterizada por vários dos sintomas associados aos
problemas do envelhecimento, como a perda da memória, a demência, a
dificuldade de caminhar, a incontinência urinária e a redução generalizada da
actividade.

Causas:

A Hidrocefalia pode ocorrer por


• herança genética ou distúrbios do desenvolvimento
• complicações do nascimento prematuro, como a hemorragia intra-ventricular
• doenças como a meningite, os tumores e a Spina Bífida
• Traumatismos cranianos

Sintomas

Os sintomas variam com idade, com a progressão da doença e com as diferenças


individuais na tolerância ao líquido céfalo-raquidiano.
Na infância:
• aumento rápido da circunferência craniana ou tamanho excepcionalmente grande da
cabeça
• vómitos, sonolência, irritabilidade, pálpebras caídas e convulsões.
Em crianças mais velhas e adultos:
• dor de cabeça seguida vómitos
• papiledema (inflamação do disco óptico, que faz parte do nervo óptico), visão
obscurecida, diplopia (visão dupla)
• problemas de equilíbrio, má coordenação, perturbações da marcha
• incontinência urinária, lentidão ou falta de desenvolvimento, sonolência, alterações
da personalidade ou da cognição, incluindo perda de memória

Intervenção
O tratamento muitas vezes inclui a colocação cirúrgica de um sistema de drenagem. Este
sistema desvia o líquido céfalo-raquidiano de um ponto do sistema nervoso central para
outra área do corpo, onde ele possa ser absorvido pelo sistema circulatório.

References

1. Mayo Foundation for Medical Education and Research (MFMER). What is


Hydrocephalus? (2003)
2. National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS): Hydrocephalus
Fact Sheet: http://www.ninds.nih.gov

1_3_09 Derrame

Definição

Um derrame ou um "acidente vascular cerebral" (AVC) ocorre quando os vasos, que


transportam o sangue com oxigénio e outras substâncias nutritivas a uma parte específica
do cérebro, rompem-se ou ficam subitamente bloqueados. Quando o sangue não
consegue alcançar as partes afectadas do cérebro, a provisão de oxigénio é cortada e as
células cerebrais começam a morrer.

Subcategorias

Os derrames são classificados em dois tipos gerais: isquémicos e hemorrágicos.

Derrames isquémicos (80 % de todos os derrames). Ocorrem quando há uma falta


repentina de fluxo sanguíneo nalguma parte do cérebro, normalmente devido a um
coágulo de sangue que bloqueia uma artéria ou um vaso sanguíneo.
• Trombose cerebral (50%): o coágulo de sangue formado vai-se depositando na
parede da artéria cerebral, até que se torne grande o suficiente para bloquear o
fluxo sanguíneo.
• Embolia cerebral (30%): os coágulos de sangue podem causar a isquemia e o
enfarte. O coágulo formado numa outra parte do corpo viaja através dos vasos
sanguíneos e fica alojado numa artéria cerebral; este coágulo móvel, chamado
embolus, muitas vezes forma-se também no coração.

Derrame Hemorrágico (20 % de todos os derrames). Ocorre quando há o rompimento


de um vaso sanguíneo localizado dentro ou ao redor do cérebro, derramando sangue
naquela área. Quando isto ocorre, as células alimentadas pela artéria não conseguem
obter a sua provisão normal de substâncias nutritivas e deixam de funcionar
adequadamente. A hemorragia cerebral ocorre com maior probabilidade em pessoas que
sofrem de uma combinação de arteriosclerose e tensão arterial alta.
• Hemorragia Subaracnoidal: é a hemorragia que ocorre nas meninges entre o
cérebro e o crânio.
• Hemorragia Intracerebral: é a hemorragia causada pelo rompimento de uma artéria
defeituosa localizada dentro do cérebro, inundando de sangue o tecido
circundante.

Os derrames hemorrágicos são frequentemente causados pelo rompimento de um


aneurisma (uma “protuberância" anormal de um vaso sanguíneo cerebral) ou por uma
malformação venosa (disfunção num conjunto de vasos sanguíneos). No caso de um
aneurisma, o ponto fraco da parede do vaso pode se manter funcional durante anos, até
que a tensão sanguínea alta cause o seu rompimento. O aneurisma pode não acusar
nenhum sintoma até o seu rompimento, no entanto, a malformação venosa pode ter
muitos sintomas associados, incluindo convulsões, problemas neurológicos progressivos
e fortes dores de cabeça, que não são curáveis por via medicamentosa.

Factores de Risco

• Idade - Dois terços dos derrames ocorrem em pessoas acima dos 65 anos de idade.
• Género - Por razões que ainda não são claras, o derrame é 25 por cento mais comum
em homens do que em mulheres
• Etnia - A incidência do derrame varia entre as etnias, por razões provavelmente
relacionadas a factores genéticos
• Família ou História Individual – O histórico de doenças vasculares cerebrais numa
família parece ser um factor que contribui para o derrame

Sintomas

• Repentino torpor ou paralisia da face, de um braço ou de uma perna, especialmente


num dos lados do corpo
• Confusão repentina, dificuldade na articulação ou na compreensão da fala
• Dificuldade repentina de enxergar com um ou ambos os olhos
• Dificuldade repentina de caminhar, vertigem, perda de equilíbrio e de coordenação
• Dor de cabeça muito forte e repentina, sem causa conhecida

Intervenção e incapacidades causadas pelos derrames

Algumas incapacidades que podem resultar de um derrame incluem paralisia, défice


cognitivo, problemas de fala, dificuldades emocionais, dor e problemas nas actividades
da vida diária.
Há três etapas de tratamento para os derrames: a prevenção; a terapia imediatamente após
o derrame e a reabilitação pós-derrame. A terapia medicamentosa é o tratamento mais
comum.
References

1. Hayes, S.H., Carrol, S.R. Early intervention care in the acute stroke patient. Arch.
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2. Mohr, J.P, Caplan, L.R, Melski, J.W, et al. The Harvard Cooperative Stroke
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1_4 Distrofia Muscular

Definição

A distrofia muscular refere-se a um grupo de doenças genéticas caracterizadas pelo


enfraquecimento e degeneração progressiva dos músculos esqueléticos ou voluntários,
que controlam o movimento. Em algumas formas de distrofia muscular, o músculo
cardíaco e alguns outros músculos involuntários também são afectados.

Subcategorias

Intervenção

Fisioterapia preventiva:
• Contractura = é uma condição na qual, devido ao encurtamento dos músculos, as
articulações assumem posições anormais e dolorosas.
• Ortotese = é a utilização de aparelhos ortopédicos como suporte para o movimento

Em alguns casos, pode ser necessária cirurgia ortopédica correctiva para a melhoria da
qualidade da vida. Os problemas cardíacos que ocorrem com a doença Emery-Dreifuss e
com a Distrofia Miotónica podem necessitar um pacemaker. A miotonia (dificuldade
em relaxar um músculo após uma forte contractura) pode ser tratada com medicamentos.

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1_5 Esqueléticos

O esqueleto humano tem 206 ossos. Aproximadamente 70% dos ossos de um adulto são
compostos de minerais; os 30% restantes são matéria orgânica, principalmente a proteína
colagenio. Os ossos fornecem suporte ao corpo e ajudam a manter a sua forma. Protegem
os órgãos contra as lesões e permitem o movimento.
As articulações existem onde dois ossos se encontram, tornando o esqueleto flexível. Sem
elas, o movimento seria impossível.
Mesmo sendo tão fortes, os ossos podem se partir e uma lesão ou doença podem danificar
as articulações. A manifestação de doenças humanas no sistema esquelético é comum. O
esqueleto pode ser o alvo primário ou secundário da doença e a doenças pode ser
congénita ou adquirida.

• Doenças reumáticas
• Osteoporose

1_5_01 Doenças reumáticas

Definição

As doenças reumáticas são caracterizadas pela inflamação e perda da função de uma ou


de várias conexões ou estruturas de apoio do corpo. As articulações, os tendões, os
ligamentos, os ossos e os músculos são particularmente afectados. Algumas doenças
reumáticas podem também envolver órgãos internos. Há mais de 100 tipos de doenças
reumáticas.

Subcategorias - Exemplos de Doenças Reumáticas

• Osteoartrite: é um tipo comum que afecta, inicialmente, a cartilagem. A cartilagem


começa a decompor-se e pode se desgastar inteiramente, causando dores e rigidez
nas articulações
• Artrite reumatóide: esta doença inflamatória da sinovia (o revestimento da
articulação) resulta em dor, rigidez, aumento de tamanho e perda da função da
articulação. A maior parte das doenças que afectam as articulações das mãos e dos
pés tende a ser simétrica.
• Artrite reumatóide juvenil: é a forma mais comum desta doença na infância,
causando dor, rigidez, inflamação e perda da função das articulações. Pode estar
associada com irritações cutâneas ou febres e pode afectar várias partes do corpo.
• Lupus Sistémico Eritematoso: ou, simplesmente lúpus, é uma doença auto-imune,
em que o sistema imunológico ataca as suas próprias células e tecidos saudáveis,
resultando em inflamação e lesão nas articulações, pele, rins, coração, pulmões e
cérebro.
• Spondiloartropatia: é um grupo de doenças reumáticas que afecta a coluna
vertebral.
A espondilite enquilosante, não só afecta a coluna vertebral como também pode
afectar os quadris, os ombros, os joelhos, os tendões e os ligamentos em volta dos
ossos. As articulações ficam inflamadas, resultando em dor e rigidez. A artrite
reactiva ou a Síndrome de Reiter é outro tipo de spondiloartropatia.
Desenvolve-se depois de uma infecção que envolva o tracto urinário inferior, o
intestino ou outro órgão e, normalmente, associa-se com problemas nos olhos,
irritações cutâneas e chagas da boca.
• Artrite infecciosa: causada por agentes infecciosos, como bactérias ou vírus.
• Polimiosite: causa inflamação e fraqueza nos músculos e afecta todo o corpo.
Resulta em deficiência.
• Bursite: inflamação da bursa (pequenas “bolsas” cheias de um fluido que ajuda a
reduzir a atrito entre os ossos e outras estruturas móveis das articulações). Pode
ser causada pela artrite da articulação ou pela lesão ou infecção da bursa. A
Bursite causa dor e hipotonia e pode limitar o movimento próximo das
articulações.
• Tendinite: inflamação nos tendões causada por uso excessivo, lesão ou problema
reumático, resultando em dor e hipotonia, restringindo o movimento próximo das
articulações.

Causas

Há vários factores de risco para o desenvolvimento de uma doença reumática, como:


histórico familiar (factores genéticos), fraqueza hereditária da cartilagem, tensão
excessiva exercida sobre uma articulação por causa de repetidas lesões.
O género é um outro factor em algumas doenças reumáticas. O Lúpus e a artrite
reumatóide são mais comuns entre as mulheres. Isto indica que os homónimos ou outras
diferenças entre homens e mulheres podem desempenhar um papel importante no
desenvolvimento desses problemas.

Sintomas

• Inchaço de uma ou de várias articulações


• Rigidez em volta das articulações durante, pelo menos, 1 hora, no início da manhã
• Dor constante ou recorrente numa articulação
• Dificuldade de utilizar ou movimentar normalmente uma articulação
• Calor e vermelhão numa articulação

Intervenção

Os tratamentos de doenças reumáticas incluem descanso e relaxação, dieta apropriada e


medicação. É necessário que sejam fornecidas indicações sobre o exercício adequado e o
uso correcto das articulações, a fim de conservar energia. Em casos mais graves, a
cirurgia pode ser necessária.

References

1. Oxford Textbook of Rheumatology, 2nd ed. Oxford Medical, 1999; 58: 67(Jan)
2. Questions and answers about Arthritis and Rheumatic Diseases. NIAMS, 2002:
3. http://www.niams.nih.gov

1_5_02 Osteoporose

Definição

A Osteoporose faz com que os ossos fiquem débeis e frágeis, às vezes a tal ponto que,
mesmo esforços mínimos, como debruçar-se ou tossir, podem causar uma fractura.
Causas

• deficiências hormonais, distúrbios endócrinos, uso excessivo de corticosteróides


• imobilização e doenças ósseas
• histórico familiar e idade

Incidência

Afecta principalmente as mulheres mais velhas, embora os homens mais velhos também
a possam adquirir.

Sintomas

Nos estágios iniciais, normalmente não há nenhuma dor ou sintoma.


Uma vez que os ossos sejam enfraquecidos pela osteoporose, surgem:
• dores nas costas
• perda de altura dentro de algum tempo, acompanhada de uma postura inclinada
• fracturas das vértebras, pulsos, quadris ou outros ossos

Intervenção e Precauções

Os tratamentos para a osteoporose visam diminuir ou parar a evolução da perda óssea,


prevenindo as fracturas ao minimizar o risco de quedas e ao controlar a dor associada à
doença.
• terapia de reposição hormonal
• exercícios regulares (caminhar, correr, dançar)
• uma dieta que inclui uma quantia adequada de cálcio, Vitamina D e proteína
• Não fumar nem beber álcool

References

1. International Osteoporosis Foundation (2003). Osteoporosis: What you need to


know.
http://www.osteofound.org
2. Mayo Foundation for Medical Education and Research (MFMER), 2003.
Osteoporosis.

1_6 Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento

Definição

O Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento (DCD) resulta de atrasos no


desenvolvimento de habilidades motoras, que não estão relacionados com algum
problema médico ou neurológico. Este diagnóstico é, às vezes, referido como Sindroma
da Criança Desajeitada. Basicamente, o Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento é
a falta da coordenação motora, necessária para uma criança desempenhar tarefas que são
consideradas apropriadas para a sua idade.

Causas

Pode ser conjugada a outros distúrbios de aprendizagem (distúrbios da comunicação e da


expressão escrita)

Prevalência

Cerca de 6% das crianças em idade escolar tem algum grau deste distúrbio.

Sintomas

• atrasos no sentar, rastejar e andar


• défices na caligrafia
• problemas em coordenação motora global
• problemas em coordenação motora fina
• desarmonia de movimentos
• marcha oscilante

Intervenção

A educação física e o treino perceptivo-motor continuam a ser a melhor abordagem para


este tipo de distúrbio de coordenação.

References

1. Cantell MH, Smyth MM, Ahonen TP. 1994. Clumsiness in adolescence:


Educational, motor, and social outcomes of motor delay detected at 5 years.
Adapted Physical Activity Quarterly 11(2): 115–129
2. Henderson, L., Rose, P., Henderson, L.P. (1992). Reaction time and movement
time in children with developmental coordination disorder. Journal of Child
Psychology and Psychiatry, 33, 895-905
3. Polatajko, H.J., Fox, M., Missiuna, C. (1995). An international consensus on
children with developmental coordination disorder. Canadian Journal of
Occupational Therapy, 62, 3-6
1_7 Outros

• Síndromes neurológicas
• Tiques

1_7_01 Síndromes neurológicas

Síndrome do neurónio motor periférico

A lesão pode estar localizada no corno anterior da medula, nos núcleos do tronco
cerebral, na raiz de nervo ou no nervo periférico.

• Paresia ou paralisia
• Hipotonia ou atonia
• Hiporreflexia ou arreflexia (reflexos tendinais)
• Hipotrofia ou atrofia
• Fasciculação dos músculos afectados

Síndrome piramidal

A lesão encontra-se localizada não só nas células do corno anterior mas pode estar
também no cérebro, no tronco cerebral (e não só nos seus núcleos) ou na espinal-medula.

• Paresia ou paralisia
• Hipertonia
• Hiper-reflexia e clonus
• Desaparecimento dos reflexos abdominais
• Aparecimento de reflexos patológicos. O mais importante é o sinal de Babinski

Síndrome cerebelosa

Síndrome do vermis
• Perturbação do equilíbrio estático
• Perturbação de equilíbrio ao caminhar

Síndrome do hemisfério cerebeloso


• Hipermetria (dedo no nariz, calcanhar no joelho, …)
• Tremor intencional
• Adiadococinesia
• Hipotonia

Síndrome vestibular

• Vertigem
• Vómitos
• Nistagmus: a fase lenta é direccionada para o lado onde ocorreu a lesão
• Perturbações do equilíbrio:
- Teste de Romberg: o paciente cai em direcção ao lado da lesão
- Teste de Marcha: o paciente desvia-se na direcção da lesão

Síndrome paleoestrial

A lesão está situada no globus pallidus e na substância negra. A Doença de Parkinson


está associada a esta síndrome.
• Rigidez
• Bradiquinesia ou aquinesia
• Tremor quando em repouso

Síndrome neoestrial

A lesão está situada no putamen e no núcleo caudato. A Corea de Sydenham ou corea de


Huntington encontra-se associada com esta síndrome.
• Movimentos de tipo coreicos ou coreo-atetosicos
• Hipotonia

References

Neurological Disorders. European Master Degree Adapted Physical Activity,


course from A. Niewboer, 2002-2003

1_7_02 Tiques

Definição

Um tique é um movimento, um gesto ou uma vocalização repentina, rápida, repetitiva e


não ritmada. Um tique isolado é usualmente breve (por volta de um segundo). Um
conjunto de muitos tiques tende a ocorrer num curto período, com um breve intervalo
entre um conjunto e outro.

Subcategorias:

• Distúrbio de tique transitório: muitas vezes começa durante os primeiros anos


escolares e não persiste por mais de um ano. Os tiques mais comuns incluem o
piscar de olho, o franzir de nariz, os esgares e o estrabismo.
• Distúrbio crónico do tique motor: pode ser observado em crianças e em adultos. Os
tiques motores crónicos normalmente surgem durante os períodos de grande tensão
ou fadiga. Dura muitos anos e têm um carácter invariável.
• Síndrome de Tourette (ST): é caracterizada por múltiplos tiques vocais e pela
presença de um movimento involuntário, repetitivo e despropositado de grupos
musculares múltiplos. A vocalização inclui estalos, latidos, fungadelas, tosses e
palavras. A incidência ocorre antes dos 18 anos de idade.
Causas

A causa básica é desconhecida. A pesquisa actual sugere que haja uma anormalidade nos
genes, afectando o metabolismo dos neurotransmissores cerebrais (a dopamina, a
serotonina e a norepinefrina). Factores psicológicos, como tensão ou ansiedade, também
aparecem como agentes potenciais de risco.

Incidência

As crianças têm maior probabilidade desenvolver tiques. Os homens são mais afectados:
a proporção aproximada de homens para mulheres é de 9:1.

Sintomas

• tiques faciais - piscar de olho, franzir o nariz, esgares


• movimentos de cabeça, estiramento do pescoço, batimento de pé, oscilações do
corpo
• emissão involuntária de sons como fungar, limpar a garganta e grunhir

Intervenção

A maioria das pessoas com tiques não necessita de medicação. Entretanto, a medicação é
útil quando os sintomas interferem no funcionamento da pessoa. A psicoterapia e as
técnicas de relaxação ajudam o indivíduo a lidar melhor com o distúrbio. Em muitos
casos, o problema melhora com a idade.

References

1. Janovic, J. Rohaidy, H. (1987). Motor, behavioural and pharmacologic findings in


Tourette’s syndrome. Canadian Journal of Neurological Science, 14, 541-546
2. Lang, A. (1991). Patient perception of tics and other movement disorders.
Neurology, 41, 223-228
2_1 Cardiovascular

• Doença cardíaca isquémica


• Doença cardíaca valvular adquirida
• Doenças cardíacas congénitas
• Hipertensão cardíaca
• Arritmia

2_1_01 Doença cardíaca isquémica

Definição

A doença cardíaca isquémica, também conhecida como Doença da Artéria Coronária, é


um problema que afecta a provisão de sangue enviada ao coração. Há uma redução no
fluxo de sangue coronário, ligado a um estreitamento ou bloqueio dos vasos sanguíneos
devido a placas de colesterol existentes em suas paredes.

Causas

Um ou vários factores podem actuar no desenvolvimento da doença cardíaca isquémica:


predisposição genética ou familiar; género (os homens têm maior probabilidade serem
afectados); hipertensão; fumo; hipercolesterolemia (altos níveis de colesterol); estilo de
vida sedentário; diabetes e tensão (stress).

Sintomas

• dor no peito, que pode irradiar pelo braço esquerdo, para a axila ou para as costas
• impressão de sentir o coração bater (palpitações)
• pulso irregular ou rápido
• respiração rápida, ocorrendo depois se estar deitado por algum tempo
• tosse
• fadiga e fraqueza
• inchaço geral

As manifestações das doenças cardíacas isquémicas são:


• Angina peitoral: uma isquémia passageira conduz à sensação de pressão, aperto ou
peso no peito durante 1 a 3 minutos, normalmente provocados por exercício.
• Enfarto do miocárdio: ocorre quando uma placa, que está a obstruir o fluxo de
sangue ao músculo cardíaco, corta a provisão de sangue por alguns minutos. Este
corte conduz à necrose do miocárdio.
• Morte repentina: a primeira manifestação da doença cardíaca isquémica pode ser a
própria morte.
Intervenção

• tratamento com medicação: beta-bloqueantes e nitratos


• tratamento cirúrgico: colocação de bypass na artéria coronária
• Angioplastia coronária percutanea transluminal
• Tratamento dos factores de risco

References

1. Falk, E., Shah, P.K., Fuster, V. Coronary plaque disruption. Circulation 1995, 92:
657-71
2. Web Health Centre. Ischemic Heart Disease: http://www.webhealthcentre.com

2_1_02 Doença cardíaca valvular adquirida

Definição

As válvulas cardíacas (aórtica, mitral, pulmonar e tricúspida) podem falhar no


regulamento do fluxo sanguíneo, tanto por causa de um fechamento incompleto quanto
de uma abertura limitada. Ambos os problemas podem interferir seriamente na
capacidade do coração de bombear o sangue através das cavidades do coração.

Subcategorias:

Os problemas de válvula cardíaca apresentam duas categorias:


• Estenose: a abertura da válvula é demasiado estreita e isto interfere na passagem do
fluxo sanguíneo
• Refluxo: a válvula não fecha apropriadamente. Ela vaza, às vezes causando um
retorno significativo de sangue.

Causas

A doença cardíaca valvular pode ser congénita. Pode ser causada por uma lesão do
músculo cardíaco, resultante de uma doença reumática em indivíduos jovens ou de uma
degeneração da válvula em idosos.

Sintomas

• fraqueza e falta de ar durante um esforço


• batida acelerada do coração
• desconforto no peito
• inchaço nas pernas
• às vezes assintomática
Intervenção

Tratamento por medicação com beta-bloqueantes e digoxina


Cirurgia: restauração da válvula (valvuloplastia) ou substituição (por uma mecânica ou
por uma feita, em parte, da válvula do porco)

References

1. Morphological aspects of valvular heart disease: Part 1. Curr Probl Cardiol. 1984,
Oct, 9(7): 1-66
2. The Merck Manual of Medical Information-Home Edition. Section 3. Heart and
Blood Vessels Disorders, chapter 19. Merck and Co, INC, 2000

2_1_03 Doenças cardíacas congénitas

Definição

As doenças cardíacas congénitas são malformações no coração, devido a uma deficiência


no desenvolvimento normal do coração do embrião, que ocorre durante as dez primeiras
semanas da gravidez. Pode afectar diferentes partes ou funções do coração. A
malformação pode ser tão subtil que o bebé parece saudável por muitos anos depois do
nascimento ou tão severo que a sua vida corre perigo imediato.

Subcategorias:

Muitos distúrbios cardíacos podem estar presentes no nascimento, tanto herdados quanto
adquiridos no útero.
• Lesões obstrutivas: estenose da válvula pulmonar; estenose aórtica;
estrangulamento da aorta
• Comunicações entre a circulação esquerda e direita = malformação átrio-septal;
malformação ventricular septal; persistente ductus arteriosus
• Bloqueio completo do átrio ventricular = provocado por dissociação entre a
estimulação eléctrica do átrio e os ventrículos
• Distúrbios mais complexos: tetralogia de Fallot, estenose subaórtica e atrosia
pulmonar

Causas

• deficiência cromossomática no início da gravidez


• exposição do embrião a agentes teratogenicos (rubéola; consumo de álcool; infecção
por vírus; radiação; contacto com determinados produtos químicos)
• hereditariedade
• na maior parte dos casos, por razões desconhecidas
Incidência

Aproximadamente 1 por cento dos nascimentos

Sintomas

• ganho de peso não intencional


• inchaço dos pés e dos tornozelos
• veias do pescoço salientes
• respiração curta
- depois de actividade
- depois de estar deitado durante algum tempo
• dificuldade de sono
• fadiga e fraqueza
• pulso irregular ou rápido

Intervenção

Os objectivos do tratamento incluem a redução da carga de trabalho do coração, do


controle do excesso de sal e da retenção de líquidos e a melhoria da função cardíaca.
• diagnóstico de esforço
• medicação
• procedimentos médicos (colocação de cateter ou cirurgia)
Em casos avançados ou quando a falha cardíaca ocorre repentinamente (crise cardíaca
aguda), é recomendado o repouso ou a redução da actividade física para minimizar a
carga de trabalho do coração.

References

Cardiac disorders - Pathology and Implications of Exercise for Persons with


Chronic Diseases and Disabilities. European Master Degree Adapted Physical
Activity, course from Prof. Dr. R.Fagard, 2002-2003

2_1_04 Hipertensão

Definição

A doença hipertensa cardíaca é uma complicação tardia da hipertensão que afecta o


coração.
A hipertensão é definida como SBP ≥ 160 and/or BBP ≥ 95 mm Hg. (OMS)

Subcategorias:

Hipertensão primária
Hipertensão secundária
Causas

Hipertensão primária: nenhuma causa detectável (interacção entre factores genéticos e


ambientais)
Hipertensão secundária: causas detectáveis: doença renal, estenose da artéria renal,
obesidade, diabetes millitus

Incidência

A hipertensão ou a tensão alta está presente em aproximadamente 10-15 % da população


Ocidental

Sintomas

A ocorrência de uma crise cardíaca é um resultado possível da hipertensão. Os sintomas


desta crise incluem:
• Respiração ofegante, especialmente com a actividade
• Despertar durante a noite com falta de ar
• Sentir necessidade de dormir com a cabeça elevada para evitar a falta de ar
• Pulso rápido ou irregular
• Tosse, que pode produzir um muco espumoso ou com sangue
• Inchaço dos pés e tornozelos
• Aumento da frequência de urinar durante a noite

Intervenção

Tratamento médico: diuréticos, beta-bloqueantes, bloqueadores do canal de cálcio,


angiotensina e vasodilatadores directos.
A tensão sanguínea deve ser verificada regularmente para controlar o problema.
Modificações no estilo de vida:
• Perda de peso e dieta específica
• Exercício
• Modificações dietéticas (aumento da ingestão de frutas, verduras e produtos com
pouca gordura)
• Redução do consumo excessivo de álcool e fumo

References

Cardiac disorders - Pathology and Implications of Exercise for Persons with


Chronic Diseases and Disabilities. European Master Degree Adapted Physical
Activity, course from Prof. Dr. R. Fagard, 2002-2003
2_1_05 Arritmia

Definição

Arritmia é qualquer alteração no ritmo normal do batimento cardíaco.

Subcategorias

Há três tipos de perturbações no ritmo cardíaco:


• Taquicardia = o coração bate demasiado rápido; a média do batimento cardíaco é de
100 batidas por minuto
• Bradicardia = o coração bate demasiado lento; a média do batimento é de menos de
60 batidas por minuto
• Batimento irregular: salta um batimento ou dá um batimento extra ou prematuro.

Causas

• Doença cardíaca, em particular a doença da artéria coronária, o funcionamento


anormal da válvula cardíaca e paragem cardíaca.
• Uso excessivo de álcool, fumo, cafeína, tensão ou exercícios.
• Por vezes, não há nenhuma razão conhecida

Sintomas

• Impressão de sentir o coração bater


• Cansaço
• Vertigem
• Dor no peito
• Encurtamento da respiração
• Modificações na frequência, no ritmo ou no padrão da pulsação
• Palidez
A pessoa pode não ter sintomas. O primeiro sintoma pode ser uma paragem cardíaca
repentina, que necessita de RCR.

Intervenção

Tratamento de urgência
• "choque" elétrico (desfibrilação ou cardioversão),
• implantação temporária de um pacemaker para interromper rapidamente a arritmia
(controlo da sobrecarga)
• administração intravenosa de medicamentos

Tratamento a longo prazo:


• medicação diária (medicação antiarritmica, medicação para acelerar ou diminuir a
velocidade dos batimentos cardíacos...)
• ablação com cateter de radiofrequência
References

American Heart Association. Fighting heart diseases and stroke: What are arrhythmias?
http://www.americanheart.org

2_2 Respiratória

• Doença obstrutiva pulmonar crónica


• Asma

2_2_01 Doença obstrutiva pulmonar crónica

Definição

A doença obstrutiva pulmonar crónica é um termo genérico usado para descrever a


obstrução da corrente de ar que está associada principalmente com a bronquite crónica e
o enfisema.
• A Bronquite Crônica é uma doença inflamatória que começa nas vias aéreas mais
pequenas e gradualmente avança para as vias aéreas maiores dos pulmões. Ela
aumenta o muco nas vias aéreas e aumenta as infecções bacterianas nos
brônquios, que, por sua vez, impede a passagem do ar.
• O Enfisema causa danos irreversíveis no pulmão, enfraquecendo-o e rompendo os
alvéolos. Como resultado, a elasticidade do tecido pulmonar é perdida, causando o
colapso das vias aéreas e a obstrução do fluxo de ar.

Causas

• Fumo durante longo prazo de tempo (80-90 %)


• Hereditariedade
• Fumo indirecto
• Exposição à poluição do ar no trabalho e no ambiente
• Histórico de infecções respiratórias na infância

Incidência

Segundo o Relatório Mundial de Saúde 2000, as cinco doenças respiratórias mais


frequentes são responsáveis por 17.4 % de todas as mortes e 13.3 % pela redução da
expectativa de vida.

Sintomas

• tosse crónica
• tensão no peito
• encurtamento da respiração
• esforço aumentado para respirar
• produção aumentada de muco
• limpeza frequente da garganta

Intervenção

É importante identificar e tratar a doença obstrutiva pulmonar crónica o mais rápido


possível. Infelizmente, o seu diagnóstico é frequentemente feito quando os pacientes já
estão no final dos seus 50 ou 60 anos de idade. Por isso, o objectivo de qualquer médico
que trata de pessoas com esta doença deve ser o de aliviar os sintomas dos seus pacientes,
para ajudá-los a lidar melhor com os efeitos da doença e viver o mais completa e
activamente possível.
Se os pacientes forem acompanhados de perto por especialistas, para desenvolver um
programa completo de cuidados respiratórios, eles podem:
• Melhorar a função pulmonar
• Reduzir as hospitalizações
• Prevenir episódios agudos
• Minimizar a deficiência
• Retardar a morte prematura

References

1. American Lung Association: Breathless in America-Background on COPD, Feb.,


2001
2. Petty, T.L. A new national strategy for COPD. J. Resp. Dis. 1997; 18(4): 365-369

2_2_02 Asma

Definição

A asma é uma doença pulmonar crónica obstrutiva do pulmão, caracterizada pela


hiperactividade e pela obstrução normalmente reversível das vias aéreas. As vias aéreas
pulmonares ficam bloqueadas, fazendo com que os pulmões captem menos ar do que o
normal.

Causas

A asma resulta de uma inflamação dos brônquios, causando uma restrição da corrente de
ar e uma hiper-responsividade do pulmão. Quando a asma conduz a problemas
respiratórios, isto é chamado de ataque de asma ou episódio da asma. O ataque de asma
pode ser causado por algo que irrita os pulmões: desencadeadores de asma. Esses
desencadeadores estão divididos em duas categorias principais: alérgicos e irritantes.

Incidência

Nos últimos 20 a 30 anos, a incidência da asma aumentou em aproximadamente 50 %,


em cada dez anos. Factores ambientais e de estilo de vida, como as infecções infantis e a
exposição ao ar poluído, podem ser parcialmente responsável pelo aumento observável da
incidência da doença alérgica.
Países da Europa Ocidental: a incidência das aero-alergias em crianças de 7 a 12 anos
aumentou 30 %.

Sintomas

Os sintomas de um ataque de asma podem ser:


• dificuldade em respirar
• sensação de aperto no peito
• tosse
• chiado
• dispneia

Intervenção

Depende principalmente de medicação, identificação e afastamento de estímulos que


desencadeiam os ataques. É essencial que a pessoa saiba o que fazer diante de um
episódio de asma.

References

Steerenberg, P.A., Loveren, H.; Vandebriel, R.J., Vos, J.G., Opperhuizen, A. The
prevalence of asthma and allergy increases: a world-wide problem. Amsterdam
JGC van 30 p in English, 2000

2_3 Metabólico

• Diabetes
• Obesidade
• Doença renal

2_3_01 Diabetes

Definição
A diabetes, ou mais especificamente diabetes mellitus, é um distúrbio do metabolismo de
hidratos de carbono, caracterizado por:
• altos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia)
• presença de açúcar na urina (glicosuria)
Ela se desenvolve quando há uma produção inadequada de insulina pelo pâncreas ou uma
utilização inadequada da insulina pelas células. A insulina é uma hormona que é
necessária para converter o açúcar, o amido e os alimentos em energia necessária para a
vida diária.
Subcategorias

Há dois principais tipos de diabetes:


• Tipo I ou diabetes juvenil: o corpo não produz nenhuma insulina. Este problema
ocorre mais frequentemente em crianças e jovens – os insulino-dependentes.
• Tipo II ou diabetes da fase adulta: o corpo não pode produzir insulina suficiente
ou utilizá-la correctamente – são os não-insulino-dependentes.

Causas

A hereditariedade parece desempenhar o papel principal tanto no Tipo I quanto no Tipo II


de diabetes.

Diabetes Tipo I
Com a Diabetes Tipo I, as células beta do pâncreas são destruídas. A destruição
pode ser causada:
• pelo sistema imunitário do corpo,
• pelo aumento da susceptibilidade da célula beta a vírus, ou
• pela degeneração da célula beta

Diabetes Tipo II
A causa é um mistério, embora tanto os factores genéticos como ambientais
(obesidade e falta de exercício) pareçam ter a sua importância.
A Diabetes Tipo II é normalmente diagnosticada depois dos 30 anos de idade e 75
% dos indivíduos com este tipo é obeso ou tem um histórico de obesidade. O
surgimento da doença é mais gradual e as causas são mais difíceis de serem
detectadas. É, muitas vezes, caracterizada por alguma das três principais
anormalidades metabólicas:
• Atraso ou deficiência da secreção de insulina
• Resistência à insulina nos tecidos responsivos à insulina, incluindo os músculos
• Excessiva produção de glicose pelo fígado

Incidência

A incidência da diabetes aumenta com a idade. Afecta mais de 25 % da população com


mais de 85 anos de idade.
A distribuição aproximada das pessoas com diabetes é:
• Diabetes Tipo I: 10 % a 15 %
• Diabetes Tipo II: 85 % a 90 %

Sintomas

Sintomas da diabetes Tipo I:


• Perda de peso, apesar de um aumento do apetite
• Aumento da sede
• Aumento da micção
• Fadiga
• Visão embaciada

Sintomas da diabetes Tipo II:


• Aumento da sede e do apetite
• Aumento da micção
• Adormecimento ou torpor nas mãos ou pés
• Fadiga
• Dificuldades na cicatrização
• Impotência em homens

Intervenção

Os passos mais importantes para o cuidado com a diabetes são: acompanhamento e


controle diário dos níveis de açúcar no sangue, dieta própria, medicação e exercício.
A actividade física e o exercício devem ser diferentes para as pessoas com o Tipo I e para
as pessoas com o Tipo II. As pessoas com o Tipo I devem consultar um médico para
saber o que é necessário para prevenir os baixos níveis de açúcar no sangue
(hipoglicemia) durante e depois do exercício. Indivíduos com o Tipo I, sem
complicações, não necessitam restringir a actividade física, desde que os níveis de açúcar
no sangue sejam apropriadamente controlados.

References

Diabetes and exercise. European Master Degree Adapted Physical Activity,


course from Prof. M. Goris, 2002-2003

2_3_02 Obesidade

Definição

A obesidade é definida como uma quantidade excessivamente alta de gordura ou de


tecido adiposo em relação à massa magra do corpo. Os homens, com mais de 25 % de
gordura corporal e as mulheres, com mais de 35 %, devem ser considerados obesos. A
distribuição da gordura corporal pode ser avaliada através das medidas das pregas de
pele, da proporção da circunferência cintura-quadril, ou das técnicas como o ultra-som, a
tomografia computadorizada ou a imagem por ressonância magnética.

Subcategorias

O Índice de Massa Corporal (IMC) exprime a relação (ou a proporção) peso-altura. É


uma fórmula matemática na qual o peso do corpo de uma pessoa, em quilogramas, é
dividido pelo quadrado da sua altura, em metros.

Considera-se excesso de peso quando o indivíduo tem um IMC compreendido entre 25.0
e 29.9.
Considera-se obesidade quando o indivíduo tem um IMC de 30.0 ou mais.

Causas

• um desequilíbrio envolvendo uma ingestão excessiva de calorias e/ou uma


actividade física inadequada
• desequilíbrio hormonal
• principalmente por doenças orgânica e genéticas que afectam o metabolismo das
gorduras
• idade (o risco é maior com o avanço de idade)
• género (as mulheres têm maior risco)
• certas medicações
• trauma psicológico e fisiológico

Incidência

No ano 2000, a estimativa era de aproximadamente 300 milhões de adultos obesos no


mundo inteiro. 8 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade tinham, igualmente,
excesso de peso.

Complicações

• Hipertensão
• Doenças cardíacas
• Diabetes
• Cancro
• Artrite degenerativa
• Problemas respiratórios como a asma e a apnéia de sono
• A obesidade durante a gravidez está associada ao risco de morte tanto da mãe
quanto do bebé.

Intervenção

A obesidade é uma doença séria que pode levar a muitas complicações médicas. A
obesidade e o excesso de peso estão associados com uma elevada média de mortalidade.
Esta relação é exponencial e ocorre um grande aumento de risco quando o índice de
massa corporal excede o valor de 30.
O tratamento pode incluir uma combinação de dieta, exercício, modificações
comportamentais e algumas medicações. Em casos extremos a cirurgia pode ser
recomendada.
References

1. National Institutes of Health. Clinical guidelines on the identification, evaluation,


and treatment of overweight and obesity in adults. Bethesda, Maryland:
Department of Health and Human Services, National Institutes of Health,
National Heart, Lung, and Blood Institute, 1998
2. Van Peteghem, A., Varray, A., Gosselink, R., Troosters, T. Comparison of two
individualised training programmes for obese children. European Bulletin of
Adapted Physical Activity Volume I, Issue 1 October 2002.
http://www.bulletin-apa.com

2_3_03 Doença renal

Definição

O estado final das doenças renais é a perda da função do rim, ao ponto de uma severa
redução da limpeza de produtos que deveriam ser necessariamente expelidos do sangue.
Isto normalmente ocorre devido a uma falha renal crónica, que progride até a função do
rim chegar a menos de 10% da linha de base.

Causas

O estado final das doenças renais é atingido quando os rins não são mais capazes de
funcionar a um nível que é necessário para a vida diária. A falha da função renal aparece
como consequência de algumas doenças, entre as quais a principal é a diabetes. Outros
factores que contribuem para esta doença são:
• hipertensão
• glomerulonefrite (inflamação do rim)
• rins policísticos
• cancro renal
• pedras no rim
• certas drogas

Incidência

• A ocorrência desta doença vem crescendo consideravelmente em todo o mundo,


com grandes diferenças nas suas manifestações.
• As taxas de ocorrência e incidência diferenciam-se, ao nível mundial, devido a
várias razões

Sintomas

• perda não intencional de peso


• náusea, vómitos
• mal-estar geral
• fadiga
• coceira generalizada
• produção muito reduzida de urina
• aparecimento fácil de hematomas ou hemorragias
• falta de energia, sonolência, letargia
• contracção ou crispação muscular
• pele com aparência amarela ou castanha
• sensibilidade reduzida nas mãos, pés ou outras áreas

Intervenção

O estado final das doenças renais resulta em anormalidades metabólicas severas, como:
• acidose metabólica
• hipertensão
• hipertofia ventricular esquerda
• anemia
• neuropatia periférica
• enfraquecimento muscular
• disfunção autónoma

A falha da função renal, em algumas fases agudas e em todas as fases crónicas, necessita
de tratamento médico para preservar a vida. Há três opções de tratamento: hemodiálise,
diálise peritonial e transplante de rim.

References

1. Maisoneueve, P., Agonda, L., Gellert, R. at al. Distribution of Primary Renal


Disease. Am.J.Kidney Disease (2000) Vol.35 No.1:157-165
2. Kopple, J.D. Rationale for an International Federation of Kidney Foundations.
Am.J.Kidney Disease (2000) Vol.36 No.5: 1059-1070

2_4 Outros

• Cancro
• Fibrose cística

2_4_01 Cancro

Definições

O cancro é mais comummente definido como um crescimento anormal e incontrolado de


células que antes constituíam tecidos normais.

Sub-categorias

Há pelo menos 200 tipos diferentes de cancros. Eles podem desenvolver-se em quase
qualquer órgão, fluido ou tecido. Alguns cancros afectam as células sanguíneas e os
nódulos linfáticos; alguns afectam a pele; os outros afectam os ossos, o músculo ou o
tecido nervoso.

Causas

Em geral, o cancro parece ser causado pela regulação anormal do crescimento das
células. Basicamente, o crescimento das células no corpo é estritamente controlado - as
novas células são feitas conforme o necessário para substituir as mais velhas ou para
desempenhar as funções necessárias. As células morrem quando ficam danificadas e/ou
não são mais necessárias. O cancro pode ocorrer quando o equilíbrio entre o nascimento e
a morte das células é desordenado.
Os problemas na regulação do crescimento das células podem ser causados por
anormalidades do sistema imunitário, por algumas alterações genéticas hereditárias e por
certos vírus. Outras causas potenciais de cancro incluem:
• Radiação
• Luz Solar
• Fumo
• Dieta

Incidência

O cancro é uma das principais causas de morte no mundo. Ultimamente, o


aperfeiçoamento na detecção, no diagnóstico e no tratamento de muitos tipos de cancro
aumentaram a taxa de sobrevivência.

Sintomas

Os sintomas do cancro dependem do tipo e da localização do tumor. Alguns cancros


podem não ter absolutamente nenhum sintoma. Contudo, os sintomas seguintes são
bastante comuns:
• Calafrios
• Suores nocturnos
• Perda de peso
• Perda de apetite
• Fadiga
• Mal-estar
• Hemorragia ou perda anormal de sangue

Intervenções

O tratamento varia, baseado no tipo de cancro e no seu estado de evolução. O estado de


um cancro depende do quanto ele cresceu e do quanto o tumor se espalhou a partir da sua
localização original.
Se o cancro está confinado num local e não se espalhou, o objectivo do tratamento pode
ser a cirurgia e a cura. Este é o caso, muitas vezes, dos cancros de pele.
Se o tumor se tiver disseminado apenas aos nós linfáticos, às vezes estes também podem
ser eliminados.
Se nem todo o tumor puder ser removido com a cirurgia, as opções de tratamento incluem
a radioterapia, a quimioterapia ou ambas. Alguns cancros necessitam de uma combinação
de cirurgia, rádio e quimioterapia.

References

1. National Cancer Institute. Cancer Facts: Questions and Answers, 2003.


http://www.nci.nih.gov
2. Salmon, E..S., Sartorelli, A.C. (1998) Cancer Chemotherapy. IN Basic & Clinical
Pharmacology, Appleton & Lange: 881-915.

2_4_02 Fibrose cística

Definição

A Fibrose Cística (FC) é um distúrbio que põe em risco a vida e que afecta
principalmente o sistema respiratório (vias aéreas e pulmões) e o sistema digestivo
(estômago, intestinos e outros órgãos envolvidos no processo digestivo). O problema
afecta as glândulas que produzem os mucos, as lágrimas, o suor, a saliva e os sucos
digestivos. Normalmente, estas secreções são finas e oleosas, mas com a FC elas se
tornam grossas, pegajosas e conduzem à obstrução dos tubos, dos ductos e das passagens,
principalmente dos nos pulmões e do pâncreas.

Causas

A FC é uma doença genética hereditária. Um gene defeituoso, conhecido como gene


recessivo, altera a proteína que regula a condução normal de sal (cloreto de sódio) para
dentro ou fora das células. Para manifestarem esta doença, as crianças precisam herdar
este gene, tanto da mãe quanto do pai.

Incidência

Se duas pessoas que transportam o gene defeituoso conceberem uma criança, há 25% de
probabilidade de a criança ter FC, 25% de não ter FC e 50% de ser transportadora do
gene.

Sintomas

• gosto salgado da pele


• problemas de higiene fecal
• tosse ou chiado crónicos
• pólipos nasais
• saliva grossa
• crescimento atrasado
• frequentes infecções respiratórias, como pneumonia e bronquite

Intervenção

Não há cura para a FC. Há muitos tratamentos que eliminam os sintomas e as


complicações. O objectivo principal deve ser o tratamento das infecções, manter os
pulmões sem secreções, melhorar a ventilação e manter uma dieta adequada de calorias e
nutrientes. Para atingir estes objectivos, o tratamento pode incluir fisioterapia, ginástica
respiratória, exercício e medicamentação. O tempo médio de vida dos pacientes com FC
é cerca de 30 anos.

References

Mayo Foundation for Medical Education and Research: Cystic fibrosis.


http://www.mayoclinic.com

3_1 Autismo

Definição

O autismo é um distúrbio crónico e severo de desenvolvimento, que ocorre antes dos 3


anos de idade. Manifesta-se pela falta de responsividade da pessoa no contacto com as
outras, pela deficiência severa na comunicação e por um comportamento bizarro e
estereotipado. Afecta o desenvolvimento normal do cérebro, no que diz respeito às
habilidades sociais e de comunicação.

Causas

A pesquisa mostra que o autismo se encontra ligado a:


• anomalias na estrutura ou função cerebral
• desequilíbrio metabólico e nutritivo
• exposição a produtos químicos durante a gravidez
• não-tratamento da fenilcetonúria, da rubéola e da síndrome de mal-absorção
intestinal
• factores genéticos
• qualquer agressão ao embrião pode contribuir para o autismo

Incidência

Na população em geral, o autismo afecta até 0.2% das crianças, mas o risco de se ter um
segundo filho autista aumenta em mais de 50 vezes para 10-20 %. Um gémeo idêntico
também tem maior probabilidade de ser autista do que um gémeo não idêntico ou outro
irmão.
O autismo afecta 3 a 4 vezes mais os rapazes do que as raparigas.
Sintomas

Alguma combinação das seguintes áreas pode ser afectada em graus variáveis:
• Comunicação: Incapacidade de começar ou manter uma conversação; a linguagem
ou não se desenvolve ou se desenvolve lentamente; repetição de palavras;
repetição de pronomes; comportamento rítmico sem sentido; comunicação através
de gestos em vez de palavras; curta duração da atenção.
• Interacção social: Falta de empatia; dificuldade em fazer amigos; retracção;
preferência por despender o tempo sozinho e não com os outros, pouco
responsivo a estímulos sociais, tais como o contacto visual ou o sorriso.
• Deficiência sensorial: Tem pouca ou excessiva sensibilidade visual, auditiva, táctil,
olfactiva ou gustativa; leva os objectos à boca; esfrega-se nas superfícies;
responde vagamente à dor; assusta-se pouco diante de ruídos altos.
• Jogo: reduzida capacidade para jogos de faz-de-conta e de imaginação; reduzida
capacidade de imitar as acções alheias; preferência por jogos solitários ou
ritualistas.
• Comportamento: movimentos corporais repetitivos; crises de ira; poucos
interesses; preservação (interesse obsessivo num único item, ideia, actividade ou
pessoa); aparente falta de senso-comum; pode ser agressivo consigo próprio ou
com os outros; pode ser hiperactivo ou muito passivo.

Intervenção

Uma intervenção precoce apropriada e intensiva tem óptimos resultados em crianças com
autismo. A maior parte dos programas são construídos a partir dos interesses da criança,
num planeamento muito estruturado de actividades construtivas. Há muitas terapias
eficazes, como o treino de integração auditiva, a análise comportamental aplicada, a
medicação, musicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, integração sensorial e terapia
da fala.

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994

3_2 Distúrbio do Défice de Atenção com Hiperactividade (DDAH)

Definição

O DDAH é uma condição de neurobiológica caracterizada pelo desenvolvimento


inadequado do nível de atenção, concentração, actividade, distractibilidade e
impulsividade. É um dos distúrbios mentais mais comuns entre as crianças. A DDAH
frequentemente continua até a adolescência e a idade adulta e pode acarretar frustrações e
sofrimento emocional ao longo da vida.
Subcategorias

Com base nestes nesses sintomas, foram encontrados três tipos de DDAH:
• Tipo desatento: a pessoa parece não conseguir focalizar ou manter-se focalizada
numa tarefa ou actividade.
• Tipo hiperativo-impulsivo: a pessoa é muito activa e frequentemente age sem
pensar.
• Tipo combinado: a pessoa é desatenta, impulsiva e demasiado activa.

Causas

As causas da DDAH são ainda desconhecidas. Contudo, os pesquisadores acreditam que


algumas pessoas com DDAH não possuem certos neurotransmissores no cérebro. Estes
elementos químicos ajudam o cérebro a controlar o comportamento.

Incidência

A DDAH afecta 3 a 5% de todas as crianças – pelo menos 5 dentre cada 100 em idade
escolar. Ocorre 2 a 3 vezes mais em rapazes do que em raparigas.

Sintomas

Os sintomas normalmente aparecem aos 3 anos de idade.


Défice de atenção:
• não presta atenção em detalhes, por falta de cuidados mínimos, pode se enganar
no trabalho, na escola ou em outras actividades
• não conclui tarefas
• dificuldade de organizar as tarefas
• é facilmente distraído
• é incapaz de seguir mais de uma instrução de cada vez
Hiperactividade:
• é agitado, irrequieto mesmo quando sentado, move-se constantemente
• deixa o assento, na sala de aula, quando é esperado ficar
• problemático em participar de actividades “silenciosas” como a leitura
• fala excessivamente
Impulsividade:
• responde antes de que as perguntas tenham sido concluídas
• tem dificuldade em esperar por um retorno
• interrompe os outros
• comportamento disrruptivo
Outros:
• problemas de sono
• incapacidade de adiar a satisfação de um desejo
• exclusão social ou solidão
• descuido evidente com a própria segurança
• comportamento normalmente não modificado por reforço ou punição
• outros distúrbios específicos de aprendizagem

Intervenção

O exercício pode ser usado de muitas formas terapêuticas. A actividade física estimula a
precisão e o desenvolvimento motor e direcciona a energia. Programas mais específicos
para melhorar o planeamento do comportamento e reduzir a impulsividade combinam
estratégias de modificação cognitiva do comportamento com exercícios motores e
medicação.

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994

3_3 Demência

Definição

A demência é um grupo de sintomas que envolvem a deficiência progressiva de todos os


aspectos da função cerebral. É um problema médico, social e económico. O problema
torna-se significativamente crescente à medida que aumenta a população de idosos. A
maior parte das causas não são evitáveis.

Causas

• distúrbios que afectam as estruturas vasculares ou neurológicas do cérebro


• tensão proveniente do hidrocéfalo
• tumores cerebrais
• causas metabólicas

Incidência

Há um alto risco de demência em idosos, em pessoas com histórico de demência na


família e naquelas com risco de derrames cerebrais. Ocorre mais em mulheres do que em
homens, porque estas, em geral, têm uma vida mais longa.

Sintomas

• perda progressiva de memória


• incapacidade de se concentrar
• decréscimo na capacidade de resolver problemas e de emitir juízos de valor
• confusão
• alucinação, delírio
• sensação ou percepção alteradas
• reconhecimento deficiente (agnosia)
• deficiência no sistema motor
- deficiência na função motora voluntária (apraxia)
- modificações da marcha
- movimentos impróprios
• défice de memória a curto e a longo prazo
• capacidade de comunicação ausente ou deficiente (afasia)
• modificações na personalidade

Intervenção

Mesmo se o diagnóstico médico acusa uma forma irreversível de demência, muito pode
ser feito para tratar o indivíduo e ajudar a família. Os medicamentos são usados para
ajudar a controlar sintomas comportamentais da demência como a insónia, a agitação, a
inquietude e a depressão. Os tratamentos não-medicamentosos visam assegurar que a
pessoa com demência tenha uma dieta saudável, se exercite, participe de actividades
sociais, tenha um cuidado médico regular e viva em ambientes seguros.

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994

3_4 Depressão

Definição

Um distúrbio depressivo é uma doença que engloba o corpo, o humor e a cognição.


Afecta o modo como uma pessoa come e dorme, a maneira como ela se sente a si própria
e a forma como pensa a respeito das coisas. A depressão não é o mesmo que o mau-
humor passageiro nem é um sinal de fraqueza pessoal ou um problema que possa ser
desejado ou indesejado. Sem tratamento, os sintomas da depressão podem durar semanas,
meses e até anos. Quando a depressão é extrema e persistente, ela pode interferir
significativamente na capacidade de a pessoa de funcionar.

Subcategorias

• Doença bipolar ou Doença maníaca-depressiva: é uma doença tratável, marcada


por extremas modificações de humor: severos altos (mania) e baixos (depressão).
Às vezes as alterações de humor são rápidas e dramáticas, mas frequentemente são
graduais. Quando em estado depressivo, o indivíduo pode ter um ou todos os
sintomas da depressão. Quando em estado maníaco, pode tornar-se
demasiadamente activo, falante e agressivo, com comportamento irresponsável e
um sentido exagerado de auto-importância.
• Depressão grave: manifesta-se através da combinação dos sintomas da doença
depressiva, que interferem na capacidade de trabalhar, estudar, dormir, comer e de
desfrutar de actividades agradáveis. Tal forma de depressão pode ocorrer uma única
vez, embora seja mais comum ocorrer várias vezes durante a vida.
• Distemia: é um tipo menos severo de depressão, que apresenta sintomas crónicos e a
longo prazo, que não debilitam, mas retiram da pessoa a capacidade de funcionar
ou sentir-se bem. Muitas pessoas com distemia também sofrem de Depressão
Grave, em algum momento da sua vida.

Causas

• factores genéticos e biológicos


• factores psicológicos (auto-estima baixa, perdas significativas, problemas de
relacionamento)
• factores ambientais (mudanças no padrão ou no estilo de vida)

Incidência

A depressão é duas vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens.
Aproximadamente 5.8 % dos homens e 9.5 % das mulheres passam por um episódio
depressivo em algum momento da vida.

Sintomas

• tristeza prolongada ou acessos de choro inexplicados


• insónia ou excesso de sono
• perda ou excesso de apetite
• irritabilidade, raiva, preocupação, agitação, ansiedade
• pessimismo ou indiferença
• perda de energia, letargia persistente
• incapacidade de concentrar-se, indecisão
• incapacidade de sentir prazer em antigos interesses, afastamento da vida social
• pensamentos frequentes de morte ou suicídio

Intervenção

O tratamento da maior parte das pessoas com depressão consiste na administração de


medicamentos anti-depressivos, na psicoterapia ou na combinação de ambos. Outro
método eficaz é a criação de uma rede de apoio para indivíduos, famílias e grupos
vulneráveis.

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994
3_5 Distúrbios alimentares

Os distúrbios alimentares são caracterizados por uma preocupação com o peso que resulta
em perturbações severas no comportamento de comer. A manifestação mais comum
destes distúrbios inclui a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, segundo a CID-10.

• Anorexia nervosa
• Bulimia nervosa

3_5_01 Anorexia nervosa

Definição

A anorexia nervosa é, essencialmente, a auto-inanição ou recusa em manter um peso


corporal minimamente aceitável. Para controlar o seu peso, as pessoas com distúrbios
alimentares podem habituar-se a induzir o vómito e abusar no uso de laxantes, diuréticos
e exercícios. Estes procedimentos podem torná-los magros ou até desnutridos.
Em casos graves, a anorexia pode ser uma ameaça à vida.

Subcategorias

• Anorexia nervosa. O peso corporal é mantido em, pelo menos, 15% abaixo do nível
esperado; a perda de peso é auto-induzida, há uma distorção da imagem corporal e
um prevalente distúrbio endócrino.
• Anorexia nervosa atípica. Uma ou várias características principais da anorexia
nervosa estão ausentes.

Causas

A causa exacta da anorexia nervosa é desconhecida, mas acredita-se que as atitudes


sociais em relação à aparência do corpo e os factores familiares desempenham um
papel importante no seu desenvolvimento. Embora as causas fundamentais da anorexia
nervosa permaneçam indefinidas, há uma evidência crescente de que a interacção de
factores sócio-culturais e biológicos contribuam para o seu desenvolvimento, assim como
alguns mecanismos psicológicos menos específicos e uma vulnerabilidade da
personalidade.

Incidência

O problema normalmente ocorre na adolescência ou no início da idade adulta. É mais


comum em mulheres, afectando 1-2% da população feminina e só 0.1-0.2 % da
masculina. Aproximadamente 0.5% a 3.7% das mulheres apresentam anorexia nervosa
durante a vida.
Sintomas

Os principais sinais e sintomas incluem:


• Perda de peso, por vezes, grave
• Medo intenso de ganhar peso
• Perturbação da imagem corporal
• Em mulheres, alterações menstruais ou ausência de menstruação
• Restrições auto-impostas de alimentação
• Atrofia dos músculos esqueléticos
• Baixa tensão arterial
• Vómito auto-induzido
• Pele manchada ou amarelada
Os sinais e sintomas secundários podem incluir:
• Fadiga
• Depressão
• Ansiedade
• Insónia
• Afastamento de outras pessoas

Intervenção

O objectivo principal do tratamento é restaurar o peso corporal normal e os hábitos


alimentares e, logo após, tentar resolver os problemas psicológicos. A hospitalização
pode ser indicada quando o peso corporal fica abaixo de 30% do peso esperado.
O apoio oferecido por profissionais ligados aos cuidados à saúde, a terapia
comportamental estruturada, a psicoterapia e a administração de anti-depressivos são
alguns dos métodos usados para o tratamento. A subnutrição severa, que ameaça a vida,
pode necessitar de alimentação intravenosa.

References

American Psychiatric Association Work Group on Eating Disorders. Practice


guideline for the treatment of patients with eating disorders (revision). American
Journal of Psychiatry, 2000; 157(1 Suppl): 1-39.

3_5_02 Bulimia nervosa

Definição

A bulimia nervosa implica episódios repetidos de sobrealimentação (comer excessiva


quantidade de alimentos em curtos períodos de tempo), seguidos de modos forçados de
eliminar do corpo os alimentos ingeridos. Uma pessoa com bulimia pode consumir uma
grande quantidade de alimentos calóricos e, então, induzir o vómito ou tomar laxantes
para tentar expelir a comida, antes que as calorias sejam absorvidas. Uma pessoa pode
apresentar este problema e ter um peso normal.
Subcategorias

• Bulimia nervosa: persistente preocupação em e desejo de comer, com frequentes


tentativas de combater o excesso de peso e um medo mórbido de ser gordo.
• Bulimia nervosa atípica: uma ou várias das características principais estão
ausentes.

Causas

A causa exacta da bulimia é desconhecida, mas os factores contribuintes podem ser:


• problemas de família
• comportamento inadaptado
• problemas de identidade
• ênfase cultural exagerada sobre o aspecto físico

Incidência

O distúrbio ocorre mais frequentemente nas adolescentes ou nas jovens adultas. Estima-
se que a incidência seja 3 % da população em geral; mas 20% das mulheres em idade
escolar sofrem deste distúrbio. Aproximadamente 1.1% a 4.2% das mulheres têm bulimia
nervosa no decorrer da vida.

Sintomas

Os principais sinais e sintomas incluem:


• Recorrentes episódios de sobrealimentação
• Perda do controle sobre o comportamento alimentar
• Auto-indução do vómito; uso de laxantes ou outros medicamentos; jejum ou
exercício excessivo
• Auto-avaliação incorrecta da forma e do peso corporal

Os sinais e sintomas secundários incluem:


• Cíclica perda e ganho de peso
• Desidratação
• Fadiga
• Depressão
• Dentes danificados pelo ácido contido no vómito
• Faces inchadas devido aos vómitos frequentes

Intervenção

O tratamento visa quebrar os ciclos de comer e vomitar, uma vez que a pessoa é
normalmente consciente de que o seu comportamento é anormal. O tratamento pode
incluir técnicas de modificação de comportamento e aconselhamento individual, em
grupo ou em família.
References

1. American Psychiatric Association Work Group on Eating Disorders. Practice


guideline for the treatment of patients with eating disorders (revision). American
Journal of Psychiatry, 2000; 157(1 Suppl): 1-39.
2. Bruce, B., Agras, W.S. Binge eating in females: a population-based investigation.
International Journal of Eating Disorders, 1992; 12: 365-73.
3. International statistical classification of diseases and related health problems
(ICD-10), 10th rev. Geneva, World Health Organisation, 1992.

3_6 Esquizofrenia

Definição

A esquizofrenia é um sério distúrbio cerebral que se desenvolve lentamente durante


meses ou até anos. Torna-se difícil para a pessoa dizer a diferença entre as experiências
verdadeiras e as irreais, pensar logicamente, dar respostas emocionais normais aos outros
e comportar-se normalmente em situações sociais.

Sub-categorias

Foram identificados cinco tipos de esquizofrenia


• Tipo catatónico:
- perturbações motoras
- transe
- inflexibilidade
- excitação
- pode ser incapaz de cuidar das necessidades pessoais
- sensibilidade diminuída a estímulos dolorosos
• Tipo desorganizado
- incoerência (não compreensível)
- comportamento regressivo
- monotonia
- delírios
- alucinações
- risos impróprios
• Tipo paranóico:
- manias de perseguição ou de grandeza
- ansiedade
- raiva
- violência
- afrontamento
• Tipo não-diferenciado:
Pode apresentar sintomas de mais de um subtipo de esquizofrenia
• Tipo residual:
Os sintomas proeminentes da doença desapareceram mas algumas características,
como alucinações e monotonia, podem permanecer.

Causas

Não há uma causa única conhecida da esquizofrenia. Muitas doenças resultam da


interacção de factores genéticos, comportamentais e ambientais, e este pode também ser o
caso da esquizofrenia.

Incidência

Pensa-se que a esquizofrenia afecta aproximadamente 1% da população mundial.


A taxa de homens e mulheres são equivalentes mas, nas mulheres, a ocorrência tende a
ser posterior e ter um melhor desenvolvimento e um melhor resultado depois do
tratamento.

Sintomas

• delírios: falsas crenças ou pensamentos sem base na realidade


• alucinações: ouve, vê ou sente coisas que não existem
• pensamento desordenado: os pensamentos "saltam" entre tópicos completamente
sem relação; a pessoa pode dizer disparates
• comportamento catatónico: comportamento motor grotesco, marcado por uma
redução na reacção ao ambiente, ou uma hiperactividade não relacionada com o
estímulo
• monotonia: um aspecto ou um humor que não demonstra nenhuma emoção

Intervenções

O tratamento da esquizofrenia tem três componentes principais:


• Medicação para aliviar sintomas e prevenir reincidência
• Educação e intervenções psico-sociais para ajudar os pacientes e as famílias a
lidarem com a doença
• Reabilitação para a reintegração dos pacientes na comunidade

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994
3_7 Outros

• Classificação por Eixos do DSM-IV


• Distúrbios de ansiedade
• Distúrbios somatofórmicos

3_7_01 Classificação por Eixos do DSM-IV

O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, 4ª. edição (DSM-IV:


Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition), apresenta um
sistema de 5 eixos para o diagnóstico da saúde mental.

Eixo I: Distúrbios clínicos:


• Distúrbios normalmente diagnosticados na infância ou na adolescência (Autismo,
DDAH, etc.)
• Delírio, demência e outros distúrbios cognitivos (doença de Alzheimer, etc.)
• Distúrbios mentais devido a problemas médicos em geral
• Distúrbios relacionados com substâncias (como álcool ou drogas)
• Esquizofrenia e outros distúrbios psicóticos
• Distúrbios de humor (Depressão, Bipolar)
• Distúrbios de ansiedade
• Distúrbios somatofórmicos (Distúrbio de Conversão, Hipocondríase, etc.)
• Distúrbios Dissociativos (Distúrbios de Identidade Dissociativa, etc.)
• Distúrbio sexual e de identidade de género
• Distúrbios alimentares (Anorexia, Bulimia, etc.)
• Distúrbios de Sono (Insónia, Terrores Nocturnos, etc.)
• Distúrbios do Controlo do Impulso (Distúrbio Explosivo Intermitente,
Cleptomania, etc.)
• Distúrbios de ajustamento

Eixo II: Distúrbios de Personalidade e Atraso Mental


Exemplos:
• Distúrbio de personalidade Paranóica
• Distúrbio de personalidade limite (borderline)
• Distúrbio de personalidade anti-social
• Distúrbio de personalidade dependente
• Atraso mental

Eixo III: Problemas Médicos em Geral


Enumerados aqui estão os problemas médicos (físicos) em geral, que podem estar
relacionados com a compreensão do distúrbio mental da pessoa, ou, então, com a forma
como este distúrbio mental é gerido.

Eixo IV: Problemas Psico-sociais e Ambientais


• Problemas com o grupo primário de apoio (divórcio, abuso, mortes,
nascimentos, etc.)
• Problemas relacionados com o ambiente social (reforma, viver
solitário/amizades, etc.)
• Problemas educativos (analfabetismo, problemas académicos, conflito com
professores, etc.)
• Problemas ocupacionais (desemprego, condições de trabalho difíceis,
descontentamento no emprego, etc.)
• Problemas no lar (falta de lugar onde morar, vizinhança perigosa, problemas
com vizinhos, etc.)
• Problemas económicos (pobreza, rendimentos insuficientes, etc.)
• Problemas com o acesso aos serviços de saúde (serviços de saúde inadequados,
acesso às instituições de saúde, seguros de saúde, etc.)
• Problemas relacionados com a interacção com o sistema legal/criminal
(detenção, encarceramento ou vítima de crime, etc.)
• Outros problemas psico-sociais e ambientais (desastres, problemas com os
profissionais de saúde, etc.)

Eixo V: Avaliação Global de Funcionamento


Trata-se de uma escala, de 1 a 100, que reflecte o julgamento dos profissionais de saúde a
respeito do nível evidente de funcionamento. Um delineamento destes níveis é o
seguinte:

100 Nenhum sintoma


90 Sintomas mínimos, bom funcionamento
80 Sintomas passageiros que são reacções esperadas às tensões psico-sociais
70 Sintomas ligeiros OU alguma dificuldade no funcionamento ocupacional
ou escolar
60 Sintomas moderados OU dificuldade moderada no funcionamento social,
ocupacional ou escolar
50 Sintomas sérios OU qualquer deficiência séria do funcionamento social,
ocupacional ou escolar
40 Alguma deficiência na comunicação objectivamente constatada OU
deficiência significativa em várias áreas como trabalho ou escola,
relacionamentos familiares, julgamento, pensamento ou humor
30 Comportamento notoriamente influenciado por delírios ou alucinações OU
grave deficiência de comunicação ou julgamento OU incapacidade de
funcionar em quase todas as áreas
20 Algum perigo de ferir a si próprio ou aos outros OU, ocasionalmente,
falhas em manter uma higiene pessoal mínima OU deficiências graves de
comunicação
10 Perigo persistente em ferir seriamente a si próprio ou aos outros OU
persistente incapacidade de manter uma higiene pessoal mínima OU actos
suicidas sérios com clara expectativa da morte

Os 5 eixos consistem num diagnóstico completo quando todos eles são levados em
consideração.
3_7_02 Distúrbios de ansiedade

Definição

A palavra "ansiedade" está normalmente ligada a medo, preocupação e nervosismo. Para


algumas pessoas, a ansiedade é um factor constante em suas vidas. Quando uma pessoa
tem um distúrbio de ansiedade, isto interfere na sua capacidade de funcionar
normalmente em seu quotidiano.

Subcategorias

• Distúrbio de ansiedade generalizada, refere-se a um constante e intenso medo e


tensão sobre uma variedade de coisas ou situações do dia-a-dia.
• Síndrome do Pânico: é caracterizada por ataques de pânico ou episódios do medo
intenso, que não ocorrem por nenhuma razão evidente.
• Distúrbio de ansiedade social: é o medo intenso de situações sociais.
• Distúrbio compulsivo-obsessivo: é caracterizado pelas obsessões - pensamentos
ou impulsos que ocorrem repetidamente e que a pessoa sente que não os pode
controlar - e compulsões - comportamentos ou rituais que a pessoa sente que tem de
desempenhar para controlar seus pensamentos perturbadores e afastar os
pensamentos que accionam a ansiedade.
• Distúrbio da tensão pós-traumática: refere-se à ansiedade relativa a uma
experiência passada traumática e aterrorizante.
• Fobias específicas: são intensos medos não realísticos, relativos a situações ou
coisas específicas (que não são de facto perigosas) como alturas, cães ou andar de
avião.

Causas

Não há nenhuma causa para os distúrbios de ansiedade. Vários factores podem ser
destacados:
• genética
• bioquímica cerebral
• uma resposta constante do tipo "tudo ou nada”
• tensão emocional ou física
• efeitos colaterais de medicação

Incidência

Afecta tanto as mulheres como os homens. Os distúrbios de ansiedade podem aparecer


durante toda a vida. Entretanto, aparecem mais frequentemente entre a infância e a meia-
idade.
Sintomas

• Contracção ou tremor
• Tensão muscular
• Sudação e boca seca
• Dores de cabeça
• Batimento cardíaco rápido ou irregular

Intervenção

• medicação
• terapia comportamental cognitiva ou outros tipos de terapia verbal
• relaxação ou biofeedback para controlar os músculos tensos
• combinação de tratamentos

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994

3_7_03 Distúrbios Somatoformes

Definição

“Somatoforme” é um termo relativamente novo, usado para descrever um grupo de


distúrbios caracterizados por queixas físicas que não podem ser totalmente explicados
como sendo problemas neurológicos ou médicos em geral. Nos indivíduos com distúrbios
somatoformes, os resultados dos exames médicos são normais ou não explicam os
sintomas apresentados pela pessoa. Estes indivíduos não estão a “mentir” ou a inventar
doenças: eles acreditam estar verdadeiramente doentes.

Subcategorias

• Distúrbio de somatização: distúrbio crónico e recorrente com múltiplas queixas,


frequentemente apresentadas de forma dramática ou exagerada.
• Distúrbio de conversão: é o tipo mais comum, diagnosticado em crianças. Implica
sintomas inexplicados (visão tubular, torpor, ataques) ou défices (problemas para
andar, falar e ouvir) que afectam o comportamento motor voluntário e a função
sensorial.
• Hipocondríase: é uma preocupação com o medo de ter uma doença séria, baseada
na interpretação errónea da pessoa sobre os sintomas ou as funções do seu corpo.
• Distúrbio da dor: é caracterizado pela dor como o foco predominante da atenção
clínica. Julga-se que os factores psicológicos desempenhem um papel importante na
crise, na gravidade e na manutenção da dor.
Causas

Não é conhecido exactamente como surgem os sintomas do distúrbio somatoforme.


Estudos biológicos sugerem que há uma falha na percepção ou na avaliação das
informações sensoriais no cérebro. Dados genéticos sugerem que o distúrbio tende a
ocorrer nas famílias e que pode ser accionado por tensões, traumas e conflitos.

Incidência

Acredita-se que os Distúrbios Somatoformes ocorrem mais frequentemente em


populações menos sofisticadas ou educadas. Em termos de diferenças de género, há uma
proporção de 5:1 entre mulheres e homens.

Sintomas

• Dores de cabeça frequentes


• Ansiedade e medo
• Fadiga
• Perda de apetite
• Dor nas costas, cólica abdominal, dor nas articulações, dor pélvica
• Deformidades ou defeitos físicos imaginados

Intervenção

O objectivo do tratamento do distúrbio somatoforme é tornar a pessoa capaz de viver uma


vida normal, tanto quanto possível, ainda que continue a apresentar alguns sintomas.
Deveria ser proporcionado o tratamento psicoterapêutico, bem como o tratamento com
medicação.

References

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).


American Psychiatric Association (APA), 1994

4_1 Deficiência mental

Definição

A deficiência mental é descrita como uma função intelectual abaixo da média geral,
associada a défices do comportamento adaptativo, que ocorrem antes dos 18 anos de
idade. Pessoas com deficiência mental têm baixos resultados em testes de funcionamento
intelectual (testes de QI), mas os efeitos do funcionamento diário dependem da gravidade
do atraso e da associação com outras deficiências.
Causas

A deficiência mental pode ser globalmente dividida em várias categorias de causas:


• 75 % inexplicadas
• traumas (pré-natal e pós-natal)
• infecciosas (congénito e pós-natal)
• anormalidades cromossómicas
• anormalidades genéticas e distúrbios metabólicos herdados
• metabólicas

Incidência

A deficiência mental afecta, aproximadamente, de 1 a 3% da população.

Sintomas

• fracasso ao atingir índices de desenvolvimento intelectual


• persistência num comportamento infantil
• falta de curiosidade
• dificuldade em lembrar-se de coisas
• capacidade de aprendizagem reduzida
• incapacidade de responder às exigências educativas da escola
• problemas na compreensão das regras sociais

Intervenção

O objectivo principal do tratamento é desenvolver ao máximo o potencial do indivíduo. A


educação especial e o treino devem começar o mais cedo possível para ajudar a pessoa a
aprender, a se desenvolver e a crescer num padrão, pelo menos, parcialmente autónomo
de vida.
É importante que um especialista faça também uma avaliação dos distúrbios afectivos
coexistentes e que os trate adequadamente.

References

1. Batshaw, M.L. Children with disabilities (4th edition). Baltimore MD: Paul H.
Brookes Publishing Co.; 1997.
2. Mental Retardation. The Journal of American Medical Association (JAMA),
vol.288, No.12, Sep, 2002
3. Murphy, C.C, Boyle, C., Schendel, D., Decouflé, P., Yeargin-Allsopp, M.
Epidemiology of mental retardation in children. Mental Retardation and
Developmental Disabilities Research Reviews 1998; 4:6-13.
4. Smith, R. (Editor). Children with mental retardation: a parents'guide. Rockville,
MD: Woodbine House; 1993.
4_2 Síndrome de Down

Definição

A Síndrome de Down é um distúrbio genético. Inclui uma combinação de deficiências


genéticas e resulta em diferentes níveis de deficiência física e mental. A síndrome tem
graus diferentes de gravidade e causa problemas de desenvolvimento, que variam de
ligeiros a severos.

Causas

As células humanas normalmente contêm 23 pares de cromossomas, num total de 46. Em


cada par, um cromossoma vem do pai e o outro da mãe. A Síndrome de Down é causada
por uma das três formas anormais de divisão celular, que envolvem o 21º par de
cromossomas. Estas anormalidades são:

• Trissomia 21: defeito na divisão cromossómica, havendo um cromossoma a mais


no par 21.
• Translocação: durante a divisão cromossómica, uma parte do cromossoma 21
separa-se e liga-se a outro cromossoma.
• Mosaicismo: após a fertilização ocorre a falha na divisão celular. Algumas células
apresentam os 46 cromossomas normais, enquanto outras têm 47, criando um
mosaico de células normais e anormais.

Incidência

A Síndrome de Down ocorre em aproximadamente 1 em cada 800 a 1000 bebés.

Sintomas

• tonus muscular reduzido no nascimento


• crânio assimétrico ou com formato ímpar
• olhos puxados para cima
• boca pequena com língua protuberante
• mãos largas e curtas
• flexibilidade articular excessiva

Intervenção

Não há nenhum tratamento específico para a Síndrome de Down. A educação especial e o


treino são disponibilizados pela maior parte das comunidades para as crianças com
deficiência mental. Problemas cardíacos específicos podem necessitar de correcção
cirúrgica. O potencial para problemas visuais, auditivos e a elevada susceptibilidade às
infecções, requerem despistagens e tratamentos frequentes.
References

1. March of Dimes Birth Defects Foundation. Down syndrome.


http://www.marchofdimes.com
2. Roizen, H.J., Patterson, D. Down’s syndrome. Lancet. 2003, Apr; 361(9365):
1281-9

4_3 Distúrbios de aprendizagem

Definição

Os distúrbios de aprendizagem afectam a capacidade de compreender ou utilizar a


linguagem falada ou escrita, fazer cálculos matemáticos, coordenar movimentos ou
dirigir a atenção. Embora os distúrbios de aprendizagem ocorram em crianças muito
pequenas, eles raramente são detectados até que a criança atinja a idade escolar.

Subcategorias

Segundo os critérios do DSM, os distúrbios de aprendizagem podem ser divididos em três


grandes categorias:

1. Distúrbios do desenvolvimento da fala e da linguagem:


• Distúrbio do desenvolvimento da articulação: problemas com o controlo da
velocidade da fala e da produção de sons.
• Distúrbios do desenvolvimento da linguagem expressiva: problemas em usar a
linguagem falada para comunicar
• Distúrbios do desenvolvimento da linguagem receptiva: problemas de
compreensão da fala
2. Distúrbios das Habilidades Académica
• Distúrbio do desenvolvimento da leitura: também conhecido como dislexia
• Distúrbio do desenvolvimento da escrita
• Distúrbio do desenvolvimento do cálculo
3. "Outros" distúrbios de aprendizagem: incluem atrasos na aquisição da
linguagem, da produção académica e das habilidades motoras que podem afectar a
capacidade de aprender, mas que, todavia, não são considerados distúrbios
específicos de aprendizagem. Também estão incluídos aqui os distúrbios de
coordenação que podem levar a uma fraca habilidade de escrita, assim como
alguns distúrbios da fala e da memória.

Causas

Défices culturais e educacionais, problemas emocionais, deficiência mental e lesões no


cérebro podem constituir causas das dificuldades de aprendizagem.
Incidência

Entre 2 e 8 % das crianças em início da escolaridade básica têm algum grau de distúrbio
de aprendizagem.

Sintomas

Quando uma criança tem um distúrbio de aprendizagem, ela pode:


• aprender a linguagem tardiamente ou ter um vocabulário limitado
• ter dificuldade em aprender o alfabeto
• ter uma caligrafia confusa ou segurar o lápis desajeitadamente
• ter dificuldade em seguir instruções
• confundir os símbolos matemáticos e ler mal os números
• não ser capaz de recontar uma história em sua ordem original

Intervenção

Os serviços de educação especial podem incluir a ajuda de um especialista, o ensino


individualizado ou a frequência numa classe especial. Cada indivíduo tem necessidades
diferentes e um Plano Educativo Individualizado deve ser criado para cada criança. O
reforço positivo é muito importante, uma vez que a maioria dos alunos com distúrbios de
aprendizagem têm uma baixa auto-estima. O aconselhamento psicológico pode ser útil.

References

1. Cordoni, B. Living with a Learning Disability. Carbondale, IL: Southern Illinois


University Press, 1987
2. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV).
American Psychiatric Association (APA), 1994
3. Lerner, J.W. (2000). Learning disabilities: Theories, diagnosis, and teaching
strategies (8th ed.). Boston, MA: Houghton Mifflin.

4_4 Outros

• Síndrome de Prader-Willi
• Síndrome Rett

4_4_01 Síndrome de Prader-Willi

Definição

A síndrome de Prader-Willi (PWS: Prader-Willi Syndrome) é um distúrbio genético que


geralmente ocasiona um baixo tonus muscular, a baixa estatura, o desenvolvimento
sexual incompleto, deficiências cognitivas, problemas comportamentais e um sentimento
crónico de fome que pode levar a uma alimentação excessiva e a uma obesidade que põe
em risco a vida.

Causas

A maior parte dos casos da PWS são atribuídos a um erro genético espontâneo que ocorre
no ou perto do momento da concepção, por razões desconhecidas. Numa percentagem
muito pequena dos casos (2 por cento ou menos), verifica-se uma mutação genética que
não afecta os pais, mas é transmitida à criança e, nessas famílias, mais de uma criança
pode ser afectada. A PWS, enquanto um distúrbio, pode também ser adquirida depois do
nascimento, quando uma parte do cérebro, chamada hipotálamo, é lesada por uma
cirurgia ou acidente.

Incidência

É estimado que uma em 12.000 a 15.000 pessoas tenha a PWS. Embora seja considerada
“rara”, a síndrome de Prader-Willi é um dos distúrbios mais frequentemente encontrados
nas clínicas ligadas à genética e é a causa genética mais comum da obesidade que já foi
identificada. A PWS é encontrada em pessoas de ambos os sexos e em todas as etnias.

Sintomas

• Hipotonia
• Hipogonadismo
• Hiperfagia
• Problemas cognitivos
• Comportamento difícil

Intervenção

Com ajuda, as pessoas com a PWS podem realizar muitas das coisas que os seus pares
"normais" fazem - terminar a escolarização, conseguir um emprego e mudar-se da casa de
seus pais ou familiares. Entretanto, também precisam de muito apoio, consultas
psiquiátricas e supervisão nutricional para evitar a obesidade.

References

Haig, D., Wharton, R. Prader-Willi syndrome and the evolution of human


childhood. Am J Human Biol. 2003 May-Jun; 15(3): 320-9.

4_4_02 Síndrome de Rett

Definição

A síndrome de Rett é um distúrbio neurológico do desenvolvimento infantil que afecta


quase exclusivamente as mulheres. É caracterizada por um desenvolvimento inicialmente
normal, seguido da perda dos movimentos intencionais das mãos, diminuição do
crescimento do cérebro e da cabeça, anormalidades na marcha, convulsões e deficiência
mental.

Subcategorias

Estágio I - estagnação precoce: geralmente começa entre os 6 e os 18 meses da idade. A


criança começa a exibir menos contacto visual, interesse reduzido nos brinquedos, atraso
no desenvolvimento de habilidades motoras básicas como sentar ou gatinhar, decréscimo
do crescimento da cabeça. Este estágio geralmente dura poucos meses mas pode persistir
durante mais de um ano.
Estágio II - rapidamente destrutivo: normalmente começa entre 1 e 4 anos de idade e
pode durar semanas ou meses. Há o aparecimento de movimentos estereotipados das
mãos, às vezes enganchadas atrás das costas ou mantidas dos lados, com um arbitrário
tocar, segurar e largar. Os movimentos persistem enquanto a criança está acordada mas
desaparecem durante o sono. Podem surgir sintomas semelhantes ao autismo, como a
falta de interacção social e de comunicação.
Estágio III - pseudo-estacionário: normalmente começa entre os 2 e os 10 anos de idade
e pode durar anos. A apraxia, os problemas motores e as convulsões são frequentes, mas
uma melhoria no comportamento pode ser evidente: diminuição da irritabilidade, do
choro e das características autistas. Muitas meninas permanecem neste estágio durante a
maior parte das suas vidas.
Estágio IV - deterioração motora tardia: pode durar anos ou décadas e é caracterizado
por uma mobilidade reduzida, enfraquecimento dos músculos, rigidez, espasticidade,
distonia e escolioses. As meninas que foram anteriormente capazes de andar podem
deixar de o fazer. Em geral, neste estágio não há perca na cognição, na comunicação ou
nas habilidades com as mãos.

Causas:

80 %
A síndrome de Rett é causada por um defeito no gene MECP2, encontrado no
cromossoma X.

20-30 %
Pode ser causada por mutações em outras partes do gene ou por genes que ainda não
foram identificados.

Incidência

• ocorre em vários grupos étnicos no mundo inteiro


• ocorre de 1:10,000 a 1:23,000 das mulheres nascidas vivas.
Sintomas

• O desenvolvimento parece normal até os 6-18 meses de idade


• É seguido da perda da fala adquirida e das habilidades das mãos, pela redução do
crescimento da cabeça e pelo surgimento de movimentos estereotipados das mãos,
perda ou dificuldade de locomoção.
• Estes movimentos estereotipados das mãos podem incluir os gestos de lavar as
mãos, bater palmas, por a mão na boca, etc.
• Incapacidade de desempenhar as funções motoras (apraxia)
• Problemas adicionais podem incluir convulsões, irregularidades respiratórias
(hiperventilação e apnéia), ranger de dentes e encurvamento lateral da coluna
(escoliose)

Intervenção

Não há nenhuma cura para a síndrome Rett. A combinação de medicações, terapia


ocupacional, fisioterapia e serviços especiais de apoio permite que as meninas e mulheres
com síndrome Rett vivam relativamente bem até a meia-idade ou além.

References

1. Irsa, International Rett Syndrome Association, (Mar 8, 1998).


http://www2.paltech.com/irsa/whatis.htm
2. Johnston, M.V., Homann, C.F., Blue, M.E. (1995). Neurobiology in Rett
syndrome. Neuropediatrics, 26, 199-122

Select from list Select from list


(Combo box/drop down menu) (Combo box/drop down
Swimming back stroke menu)
o Catching a ball
Wheelchair user
o Throwing a ball
o Shooting a ball o Ambulatory with
assistive device
Capítulo 3
1_1 Testes

Uma bateria de testes deve considerar as mesmas variáveis básicas que seriam incluídas
numa avaliação regular da condição física de uma pessoa saudável. Pode ser necessário
adaptar certos procedimentos de medição para corresponder à natureza da
deficiência do indivíduo.

Factores a considerar:
• Transporte e a acessibilidade ao local onde se vai realizar o teste
• Problemas de comunicação entre o participante e o observador, que podem levar a
pontuações inferiores às que representariam o verdadeiro potencial do participante.
• A interpretação das pontuações pode ser dificultada pela falta de normas
específicas, validadas para participantes com condição de deficiência.
• A falta de experiência com exigências físicas pode levar o participante a temer um
esforço máximo.
• Habituação do participante às condições do teste e à pessoa que o aplica.

Testes preliminares

Exame de Despistagem Neurológica (NSE: Neurological Screening Examination)

Um exame físico inicial de uma pessoa não suspeita de ter uma deficiência do sistema
nervoso, precisa apenas de um breve exame neurológico.

Os componentes de um NSE seguem três considerações:


• Detectam problemas neurológicos comuns, que não são normalmente detectados.
• Utilizam aqueles aspectos do exame que se revelam mais sensíveis: por exemplo,
testes que, se tiverem resultados normais, predizem que qualquer teste subsequente
não revelará qualquer problema.
• Incluem aspectos objectivos e facilmente reproduzíveis, que revelam o
desempenho em funções importantes.

Integração sensorial e testes práxicos (SIPT: Sensory integration and praxis tests)

Testes de despistagem úteis para pessoas com deficiências, especificamente distúrbios de


integração sensorial, DDAH, lesões cerebrais, PC e autismo.
O SIPT mede o processo de integração sensorial subjacente ao comportamento e à
aprendizagem. Mede o desempenho visual, táctil, quinestésico, perceptivo e motor.

Existem normas para cada item do teste, aferidas para crianças entre 4 e 9 anos de
idade.
É composto de 17 pequenos testes que levam 2 horas para serem concluídos, mas alguns
dos testes individuais podem ser aplicados separadamente ou em combinação.
Para obter informações sobre os últimos avanços, os testes de despistagem, assim como
indicações para a aquisição de manuais, visite:

http://www.tpc-international.com/resources/section.cfm?area=occup

1_2 Testes de Desenvolvimento Motor

• Teste de Desenvolvimento Motor Global 2 (TGMD 2: Test of


Gross Motor Development 2)
• Avaliação da Função Motora Global (GMFM: The Gross Motor
Function Measure)
• Movimento: Bateria de Avaliação para Crianças (Movement ABC:
Movement Assessment Battery for Children)
• Teste de Proficiencia Motora de Bruininks-Oseretsky
• Escalas de Desenvolvimento Motor de Peabody – 2 (PDMS-2: The
Peabody Developmental Motor Scales - 2)
• Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley – 2ª Edição (BSID-
II: Bayley Scales of Infant Development – 2nd Edition)

1_2_01 Teste de Desenvolvimento Motor Global 2 (TGMD 2: Test of Gross Motor


Development 2)

Autor: Dale A. Ulrich, 2000

O TGMD2, revisão principal do TGMD, é uma avaliação normativa das habilidades


motoras globais comuns.
É um dos mais populares testes para se medir as habilidades motoras fundamentais.

Faixa etária: de 3 a 11 anos

Objectivo
• Mede o controlo locomotor e de manipulação de objectos.
• Identifica crianças que estão significativamente atrás dos seus pares no
desenvolvimento da habilidade motora global
• Os resultados desta avaliação podem ser usados para desenvolver programas
educativos, monitorar o progresso, avaliar o tratamento e orientar outras pesquisas
sobre o desenvolvimento motor global.

Descrição

Dois subtestes estão incluídos, cada um com seis habilidades:


• Locomotor: correr, galopar, pular, salto horizontal e deslizar
• Controlo do Objecto: bater uma bola parada, drible parado, pontapear, agarrar,
lançamento de ombro e lançamento de precisão.
Tempo necessário: de 15 a 20 minutos
Os resultados podem ser interpretados tanto de uma forma normativa quanto criterial.

http://www.tpc-international.com/occu/TGMD2.htm
http://web.macam98.ac.il/%7Eshayke/thenapa/TGMDEng.files/frame.htm

1_2_02 Avaliação da Função Motora Global (GMFM: The Gross Motor Function
Measure)

Autores: Dianne J. Russell, Peter L. Rosenbaum, Lisa M. Avery, Mary Lane

A Avaliação da Função Motora Global (GMFM) é a primeira medida de avaliação da


função motora projectada para quantificar a modificação nas habilidades motoras globais
de crianças com paralisia cerebral.

Grupo-alvo: crianças com paralisia cerebral (CP)

Objectivo
Medir as modificações da função motora global (ao longo do tempo)

Descrição

Instrumento de observação de 88 itens


• GMFM-66 (nova versão completamente revista) transforma o GMFM padrão em
medidas de intervalo;
• Fornece um ‘mapa de itens’ da dificuldade relativa entre itens
• Inclui um programa de software fácil de usar, para ajudar na pontuação e na
interpretação dos seus dados.
• É estandardizado e validado

http://canchild.interlynx.net/patches/GMFMScoresheet.pdf

Estimativa da Capacidade Motora Global

• Fornece uma medida de nível de intervalo da função motora global


• Baseado nas pontuações das crianças dos itens da GMFM.

Este teste é válido apenas para pessoas com PC.

1_2_03 Movimento: Bateria de Avaliação para Crianças (Movement ABC:


Movement Assessment Battery for Children)

Autor: Sheila E Henderson e David um Sugden, 1992

Considerando crianças com PC, o Movement ABC é um método mais avançado de


pontuação, comparado com o GMFM
Faixa etária: de 4 a 12 anos de idade

Objectivo
Despiste de problemas de movimento
Identificar as crianças que necessitam de serviços especiais
Permitir: a) investigação clínica,
b) planeamento da intervenção, e
c) avaliação do programa.

Descrição

O Movement ABC tem 32 itens organizados em 4 níveis etários, tendo, cada nível, 8
categorias de desempenho
As oito categorias de desempenho são:
• destreza manual (3)
• habilidades com bola (2)
• equilíbrio (3)

A pontuação atingida é convertida numa escala de “dificuldades” de 0 a 5, com a


pontuação máxima a indicar o pior desempenho.
A pontuação total da dificuldade pode ser convertida em percentis.

Além do seu valor como um teste normativo, o Movement ABC oferece uma apreciação
qualitativa de muitos factores que contribuem para as dificuldades no domínio motor.

Tempo necessário: de 20 a 40 minutos

1_2_04 Teste de Proficiencia Motora de Bruininks-Oseretsky

Autor: Robert Bruininks, 1978

Robert H. O Bruininks começou o desenvolvimento do Teste de Bruininks-Oseretsky em


1972. Bruininks baseou o seu teste, em parte, na adaptação norte-americana do Testes de
Proficiência Motora de Oseretsky.

Faixa etária: de 4 a 15 anos de idade

Objectivo
O Teste de Bruininks-Oseretsky foi desenvolvido para fornecer aos educadores, médicos
e pesquisadores, informações úteis para os auxiliar:
• na avaliação individual das habilidades motoras dos estudantes.
• no desenvolvimento e na avaliação de programas de treino motor.
• na avaliação de disfunções motoras severas e de atrasos do desenvolvimento das
crianças.
Descrição
O Teste de Bruininks-Oseretsky é:
• um teste aplicado individualmente.
• um teste normativo, orientado para o produto, que apresenta duas formas: uma
longa e uma curta.

A forma longa conta com 46 itens organizados em 8 subtestes:

Velocidade e agilidade da corrida


Coordenação dos membros superiores
Equilíbrio
Velocidade da resposta
Coordenação bilateral
Controlo visuo-motor
Força
Velocidade dos membros superiores e
Destreza

O teste apresenta pontuações padronizadas e atribui idades equivalentes para cada


subteste. É possível, ainda, atribuir um nível motor global e motor fino, bem como outras
pontuações padronizadas e percentis.
A forma curta compreende 14 itens (pelo menos 1 de cada subteste da forma longa) e
fornece uma pontuação padronizada e segundo diferentes percentis.

Tempo necessário: de 45 a 60 minutos; forma curta - de 15 a 20 minutos

1_2_05 Escalas de Desenvolvimento Motor de Peabody – 2 (PDMS-2: The Peabody


Developmental Motor Scales - 2)

Autor: M. Rhonda Fólio e Rebecca R. Fawell

O PDMS-2 é um programa de desenvolvimento motor infantil que oferece tanto uma


avaliação detalhada quanto um treino ou uma intervenção ao nível das habilidades
motoras globais e finas.

Faixa etária: do nascimento até os 83 meses de idade

Objectivo
• Projectado para permitir a quantificação do desenvolvimento motor, tanto de
habilidades motoras globais como finas
• Identificar crianças cujas habilidades estão atrasadas ou são anormais
• Determinar a necessidade / elegibilidade para programas de intervenção
• Auxiliar a planear programas de intervenção
• Avaliar modificações ocorridas num período de tempo
Descrição

O PDMS apresenta duas escalas: Motora Global (MG) e Motora Fina (MF).

A Escala MG tem 12 itens divididos em cinco áreas de habilidades (reflexos, equilíbrio,


não-locomotor, recepção e propulsão) para cada um dos 17 níveis de idade de um total de
170 itens.

A Escala MF tem de 6 a 8 itens divididos em quatro áreas de habilidade (preensão, uso


da mão, coordenação óculo-manual, destreza manual) para cada um dos 16 níveis de
idade, num total de 112 itens.

Os dados brutos podem ser convertidos em:


Percentis
Desenvolvimento padronizado
Quociente motor
Níveis basal e máximo de idade

Os subtestes incluídos são:


• Reflexos (do nascimento aos 11 meses apenas)
• Imobilidade
• Locomoção
• Manipulação de Objectos (12 meses ou mais)
• Preensão
• Integração visuo-motora

Tempo necessário: de 20 a 30 minutos para cada escala, num total de 45 a 60 minutos.

1_2_06 Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley – 2ª Edição (BSID-II: Bayley


Scales of Infant Development – 2nd Edition)

Autor: Nancy Bayley, 2001

Faixa etária: de 1 a 42 meses de idade

Objectivo
• avaliar as capacidades cognitivas, perceptivas e motoras precoces
• identificar crianças com atrasos motores
• delinear programas de intervenção
• monitorar a efectividade dos programas de intervenção

Descrição

Esta actualização das clássicas Escalas de Bayley, criteriais e normativas, oferece uma
compreensão alargada da avaliação do desenvolvimento infantil precoce. O BSID-II
conserva a mesma gama de conteúdos que caracterizavam as escalas originais, incluindo:
A Escala Mental (178 itens) - que avalia a acuidade sensorial e perceptiva, a
discriminação, a aquisição da constância do objecto, a memória, a aprendizagem e
a resolução de problemas, a vocalização, a comunicação verbal precoce e o
pensamento abstracto, a adaptação, o mapeamento mental, a linguagem complexa
e a formação de conceitos matemáticos.

A Escala Motora (111 itens) - que avalia o grau do controlo corporal, a


coordenação dos grandes grupos musculares, as habilidades de manipulação fina,
o movimento dinâmico, a imitação postural e a estereognosia. Esta escala, que se
direcciona para o controlo corporal e as habilidades motoras finas e globais, gera
um Índice de Desenvolvimento Psicomotor padronizado e uma idade de
desenvolvimento estimada.

O Escala de Avaliação Comportamental (30 itens) - que mede a atenção e a


prontidão, a orientação e a motivação, a regulação emocional e a qualidade
motora.

Tempo necessário:
De 25 a 35 minutos para crianças com menos de 15 meses
Até 60 minutos para crianças com 15 meses ou mais.

http://www.tpc-international.com/occu/BSID2.htm

1_3 Testes aquáticos

Medida de Independência Aquática (AIM: Aquatic Independence Measure)

Autores: Shayke Hutzler, Chacham, Bergman e Reches, 1998

O AIM é adaptado da Lista de Verificação de Orientação na Água (Killian, Joyce-


Petrovich, Menna e Arena, 1984)

Objectivo
Avaliar a orientação na água e as habilidades preliminares de natação

Descrição

Uma escala de 23 itens.


A pontuação segue uma escala de 5 pontos: de (0) habilidade não aplicável, a (5)
participante com habilidade totalmente independente.

Os itens são organizados por ordem de dificuldade, variando desde a orientação


elementar na água até o desempenho de um nado seguro e independente. Dependendo da
deficiência, esta ordem pode variar. As primeiras 16 habilidades representam
habilidades de prontidão para água e as últimas sete representam as habilidades para
a natação.

É importante que todas as avaliações sejam aplicadas pela mesma pessoa e sob
semelhantes condições (temperatura da água, momento do dia e actividades de pré-
teste).

Natação com Medição Independente (SWIM: Swimming With Independent


Measurement)

Autores: K. Peacock e J. Mason

Objectivo
Este teste foi desenvolvido como um meio de avaliar crianças com incapacidades, que
estão seguindo o sistema Halliwick.

Descrição
Composto de 11 itens
Variedade de pontuação de 1 a 7 (pontuação máxima = 77)

Desvantagem: ainda não validado

2_1_01 Introdução

As pontuações de condição física oferecem informações gerais sobre:


• capacidade funcional
• saúde

Testagem
• permite a observação de uma pontuação melhorada
• ajuda a motivar para um estilo de vida mais activo
• oferece informações úteis para a recomendação de uma colocação ocupacional
apropriada

Os testes condição física de uma pessoa com condição de deficiência são importantes
para optimizar programas de alto nível de treino e para acompanhar a reabilitação
após uma lesão desportiva. Estes resultados proporcionam uma informação mais precisa
sobre as habilidades funcionais e a saúde, demonstram as melhorias no desempenho e
podem motivar uma pessoa, inicialmente inactiva, a assumir um estilo de vida mais
activo.

A maior parte destes testes foram originalmente desenvolvidos para pessoas com funções
médias ou normais. Por isso, podem gerar grandes desafios e serem ineficientes para
avaliar pessoas com condições de deficiência.
2_1_02 Introdução (cont).

Os testes condição física possuem uma abordagem multidimensional, envolvendo


medições:
• das capacidades cardiovasculares
• da força muscular
• da composição corporal
• da flexibilidade

A flexibilidade é:
• a capacidade de mover as articulações dentro de uma extensão de mobilidade
prescrita

A composição corporal é:
• a massa corporal em relação à altura, isto é, o Índice de Massa Corporal (IMC=
massa/altura2)
• percentagem de gordura corporal

O melhor procedimento para se determinar a composição corporal é a pesagem


hidrostática (debaixo da água), onde se encontra uma densidade permanente do tecido
magro para se poder calcular a composição corporal.
Contudo, as populações especiais muitas vezes sofrem de desmineralização óssea,
devido à doença ou à paralisia, o que afecta o seu poder de flutuação e a medição
hidrostática.

Os testes das pregas cutâneas são um outro procedimento para medir a gordura corporal,
que pode ser bastante preciso quando usado por um observador bem treinado. Nas
pessoas com condições de deficiência, a interpretação de seus resultados pode ser
problemática, uma vez que as equações padronizadas nem sempre são adequadas para
populações especiais.

Todavia, o peso hidrostático ponderado e as medições das pregas cutâneas têm uma
sensibilidade suficiente para controlar as modificações na composição corporal.
A estimativa da massa corporal magra fornece um útil índice de desenvolvimento
muscular que requer pouca cooperação do indivíduo.

A força muscular é:
• a capacidade para desempenhar uma acção não-contínua contra uma alta
resistência
P. ex. Força explosiva ou máxima

A força máxima e a resistência muscular são geralmente testadas por técnicas


padronizadas de laboratório, que medem a força da perna e/ou da preensão manual:
• tensiometria isométrica
• dinamometria
• dinamometria isoquinética
Podem ocorrer algumas dificuldades com esses testes, em relação à comunicação com
pessoas cegas ou surdas, ou com relação à espasticidade ou aos distúrbios musculares das
pessoas com PC.

Foram desenvolvidas normas para a força da parte superior do corpo dos usuários de
cadeira de rodas. Em relação às pessoas mais velhas, é importante estar consciente de que
os testes de capacidade de explosão podem acarretar a fractura de ossos fracos ou
desmineralizados.

As acelerações rápidas são necessárias para as actividades em cadeira de rodas, tais


como as corridas de curta distância ou o basquetebol, permitindo aos competidores actuar
durante períodos mais longos de tempo. Para um usuário de cadeira de rodas, é também
importante ter uma boa força muscular para desempenhar actividades da vida diária,
como as transferências, e superar barreiras arquitectónicas como as rampas, as travagens
e os terrenos acidentados.

2_2 Testes máximos

Teste de Consumo Máximo de Oxigênio (VO2max)


Teste de velocidade de 20 metros de corrida (Teste de Múltiplos Estágios da
Condição Física)
Teste de Condição Física de Doze Minutos de Distância sobre Rodas
Submáximos
Teste de 2 quilómetros de caminhada
Teste PWC 170 (teste em bicicleta ergométrica)

2_2_01 Teste do Consumo Máximo de Oxigénio (VO2max)

Grupo-alvo: atletas treinados com 18 anos de idade ou mais. Mais apropriado para
atletas de rendimento.

Procedimento:
• Deve ser desempenhado num ergómetro apropriado (esteira, bicicleta, banco de
natação)
• A carga de esforço deve ser progressiva, variando de intensidade de moderada a
máxima.
• O consumo de Oxigénio é determinado pela medida de O2 e CO2 contida no ar
expirado durante um minuto de ventilação
- O nível máximo é determinado no ou perto do momento em que o teste for
completado.
- Os resultados são apresentados em l/min ou ml/kg/min.
O VO2max é atingido quando mais de um dos seguintes itens ocorrem:
1. Atinge-se uma plataforma ou ponto máximo de absorção do oxigénio
2. A frequência cardíaca máxima é atingida – 220 (dependendo da idade) para
exercícios com os membros inferiores, 210 (dependendo da idade) para exercícios
com os membros superiores.
3. Proporção da troca respiratória de 1.15 ou mais
4. Exaustão voluntária

Vantagens: Envolve medidas presentes do consumo corporal de O2 e a frequência


cardíaca máxima.
Desvantagens: o teste consume tempo e é caro.

2_2_02 Teste de velocidade de 20 metros de corrida (Teste de Múltiplos Estágios da


Condição Física)

Também conhecido como Beep test ou Leger test

Grupo-alvo: equipas desportivas e grupos de alunos.


• Para pessoas em cadeira de rodas, a distância é de 25 metros

Procedimento
• Medir o nível e o número de percursos alcançados antes de eles se tornarem
incapazes de continuar a acompanhar o ritmo emitido pelos beeps do gravador de
som. Há pontuações publicadas de VO2max equivalentes a cada nível.
• Corrida contínua entre duas linhas, com 20m de distância, dentro do tempo dos
beeps gravados.
• O tempo entre os beeps gravados diminui a cada minuto.

Vantagens: executado com grandes grupos, custos mínimos, mede até o máximo
esforço/exaustão
Desvantagens: a falta de prática e o nível de motivação pode influenciar os resultados

2_2_03 Teste de Condição Física de Doze Minutos de Distância sobre Rodas

Também conhecido como teste de corrida em tempo ou distância fixos.

Grupo-alvo: pessoas com paraplegia (em cadeira de rodas). Não é um bom preditctor
para pessoas com tetraplegia.

Procedimento
• para avaliar aproximadamente a função cardio-respiratória
• executado em pistas de corrida de 200 ou 400 metros
• num período de 12 minutos, o máximo de voltas possíveis deve ser concluído e
registado.
• a pessoa deve ser estimulada ao máximo esforço, dentro do tempo estipulado.
Vantagens: pode ser feito com um grupo, é fácil e simples
Desvantagens: o teste torna-se difícil para pessoas sem experiência, no que diz respeito
às diferenças na superfície do percurso, às condições da distância do percurso e aos tipos
de cadeira de rodas.

2_2_04 Teste de 2 quilómetros de caminhada

Grupo-alvo: pessoas entre 20-65 anos de idade, com baixa condição física, incapazes de
concluir um teste de corrida.

Procedimento
• Implica o desempenho de uma marcha acelerada sobre um terreno duro.
• Fornece informação directa sobre a condição física da marcha (tempo e frequência
cardíaca) e pode ser usado para predizer o consumo máximo de oxigénio.
• Os resultados são calculados através do tempo gasto para o percurso, a frequência
cardíaca final, o índice de massa corporal e a idade.
• Há normas disponíveis para se colocar a pontuação do indivíduo dentro de uma
determinada categoria de condição física.

Vantagens: os equipamentos necessários e os custos envolvidos são mínimos; pode ser


aplicado pela própria pessoa; pode ser feito com grandes grupos e a medição é simples.
Desvantagens: demasiado fácil para pessoas com elevada condição física

2_2_05 PWC 170 Teste (teste em bicicleta ergométrica)

Grupo-alvo: todas as idades e níveis de condição física

Procedimento
• Medidas para a capacidade aeróbia sub-máxima
• Executado numa bicicleta ergométrica fixa
• Pedaladas contínuas por não mais de nove minutos
• A carga de esforço é aumentada duas vezes (aos 3 e aos 6 minutos), isto é, 3 cargas
no total
• A frequência cardíaca é medida durante os últimos 15 segundos de cada aumento
de carga (os aumentos de carga são regulados para que a frequência cardíaca
atingida no final do teste não seja superior a 170 bpm)
• É determinada uma carga de esforço correspondente a uma frequência cardíaca de
170 bpm

Vantagens: permite testar as pessoas que não podem correr ou suportar bem o peso do
corpo
Desvantagens: é necessário dividir o resultado pelo peso corporal, para considerar qual
será o peso suportado pela bicicleta.
2_2_06 Testes Aeróbicos

Resistência cardiovascular ou condição física aeróbica:

• É a capacidade de se exercitar continuamente durante extensos períodos de


tempo
• Depende da quantidade de oxigénio que pode ser transportada pelo corpo para os
músculos em actividade.
• É a eficiência destes músculos em usar o oxigénio.

O melhor teste para a condição física aeróbia é o teste de consumo máximo de oxigénio
(VO2max).
MAS, como este teste pode ser caro e demorado, muitos outros testes mais simples foram
desenvolvidos para predizer a quantidade de VO2max.
Os testes de condição física aeróbia podem ser divididos em testes máximos ou
submáximos:

Máximos:
• Exercitam o corpo até a exaustão
(nem sempre apropriados)

Submáximos:
• Exercitam o corpo até níveis mais moderados e com limite de tempo
• menos exigentes (embora, muitas vezes, sejam menos precisos)

Podem ser encontrados inúmeros testes de condição física para crianças e adolescentes.
Há um número consideravelmente menor de testes para adultos e idosos.

Avaliações em laboratório para a capacidade do desempenho aeróbio com os braços,


mais do que com as pernas, podem registrar uma frequência cardíaca máxima muito
mais baixa do que numa pessoa com boa condição física e de mesma faixa etária, a
correr numa esteira.

2_3_01 Considerações

Ergómetros

Considerações para a escolha de um determinado ergómetro:


• altura e constituição física do usuário
• espaço disponível para o teste
• razões específicas para a execução de um dado teste
• número de variáveis a serem controladas / testadas

Ergómetros de Braço
• útil para indivíduos dependentes de cadeira de rodas
• apropriado para pessoas idosas e com restrições, tais como doenças cardio-
pulmonares, que não podem suportar altas intensidades de exercícios com as
pernas
• necessita de pouco espaço, mas tem de estar em locais com uma altura apropriada
Bicicleta ergométrica
• fornece a quantidade exacta do exercício a ser feito
• facilmente controlada por computador
• necessita de pouco espaço e tem um baixo custo
• apropriadas para pessoas que não podem carregar peso ou que têm dificuldades de
andar
• a principal limitação é a fadiga dos músculos dos quadricipedes, nos utilizadores
com pouca experiência em ciclismo
Ergômetro de cadeira de rodas
• apropriados para pessoas com lesão medular, spina-bifida, ou que necessitam de
uma cadeira de rodas para as suas funções diárias
• podem ser adicionados acessórios para melhorar a velocidade e a qualidade
• os ergómetros de cadeira de rodas, montados a partir de bicicletas, proporcionam
simulações insuficientes do exercício real, dado que dificilmente se adaptam aos
aumentos de velocidade e resistência necessários ao teste.
• a determinação do resultado da força pode ser inexacta
Esteira
• é mais apropriada para crianças e idosos
• permite uma fácil observação e detecção de anormalidades
• é ruidosa e necessita de um grande espaço
• é difícil de quantificar a carga de trabalho
• pode controlar o aumento da dificuldade e da velocidade

2_3_02 Considerações para a testagem de grupos de crianças

Frequência cardíaca
• Depois da puberdade, a frequência cardíaca máxima reduz com a idade, ano a
ano, até uma taxa de 0.7 ou 0.8 batidas por minuto.
• As mulheres têm uma maior frequência cardíaca do que os homens, em qualquer
proporção de actividade física, depois da puberdade.
• As crianças obesas têm uma frequência cardíaca submáxima mais elevada que as
crianças magras, numa mesma actividade.
• Exercícios em esteiras resultam em frequências cardíacas máximas ligeiramente
mais elevadas que nas bicicletas ergométricas.

Tensão Arterial
• A tensão arterial sistólica máxima raramente excede 200mm Hg.
• Não há nenhuma evidência de perigo quando a tensão sistólica atinge os 250mm
Hg durante a actividade, numa criança ou num adolescente assintomático.
• Os homens têm um débito sistólico máximo superior ao das mulheres,
consequentemente, uma reposta da tensão sistólica também mais elevada.
Nível de Tolerância ao Lactato
• Os picos do nível de lactato, atingíveis durante o exercício, são menores nas
crianças, em comparação com os adultos.
• Muitas crianças não atingem um valor máximo real de consumo de oxigénio,
porque elas não são motivadas a se exercitar até o ponto da exaustão.

Para testes de exercícios com crianças, é recomendada a esteira ergométrica.

2_3_03 Considerações para a testagem de pessoas com paralisia cerebral (PC)

Coordenação
Pessoas com PC muitas vezes têm pouca eficiência mecânica:
• espasticidade e tonus muscular excessivo conduz a contracturas
• falta de inibição recíproca, criando movimentos irregulares ou descoordenados
• dificuldades de iniciar o movimento devido ao reflexo hiperactivo de estiramento

As técnicas de avaliação, que requerem padrões rítmicos repetitivos, podem ser difíceis
para muitas pessoas com PC.

Capacidade Cardio-respiratória
• Pesquisas indicaram que pessoas com PC apresentam uma função cardio-
respiratória reduzida, comparada com pessoas sem deficiência.

Com esta população, os testes de condição física podem ser problemáticos devido a
vários factores que limitam a adesão a protocolos padronizados.

Por isso, a avaliação necessita de modificações criativas nos protocolos, tais como:
1. Utilizar, se necessário, um ergómetro para a parte superior do corpo.
2. Usar tiras de fixação para ajudar no posicionamento dos pés na bicicletaa
ergométrica.
3. Usar ergómetros que controlam os resultados do trabalho específico e não os da
cadência.
4. Desenvolver protocolos que reduzam a necessidade de alternar movimentos
recíprocos.
5. Desenvolver conjuntos de bocais e molas nasais adaptados para testes de
laboratório.

2_3_04 Considerações para a testagem de:

Pessoas com deficiências cardíacas congénitas


• A testagem deve ser desempenhada com uma medição contínua das trocas
gasosas.
• Frequentemente, os questionários que descrevem o histórico da doença são
inexactos e não são suficientemente sensíveis para esta população.
• A Ergospirometria permite uma avaliação precisa da função cardiovascular
global.
• Os testes de exercício podem ser executados em bicicletas ergométricas ou sobre
esteira, preferencialmente, para testes de exercício com crianças.
• Equipamentos de primeiros socorros devem estar prontamente disponíveis.

Pessoas com lesões medulares


• A frequência cardíaca é particularmente baixa nas pessoas com tetraplegia, dado
que falta a estimulação normal do nervo simpático.
• A força aeróbia, quando desempenhada com os braços, em lugar das pernas,
origina uma frequência cardíaca máxima muito mais baixa.
• Pode acontecer um sobreaquecimento corporal durante o exercício, uma vez que as
pessoas com lesões na espinal-medula apresentam problemas com a regulação da
temperatura corporal, dependendo do nível da lesão. Por isso, é necessária uma
sala com temperatura apropriada e controlada.
• Tiras podem ser necessárias para ajudar a preensão, se a pessoa tiver uma lesão
num nível alto.

Pessoas com deficiência mental e problemas psico-sociais


• Precisam de demonstrações simples e visuais do exercício a ser desempenhado,
podendo até necessitar uma sessão de treino.
• Precisam de encorajamento extra para mantê-los motivados durante o teste.
• Pode ter de visitar a sala de testes, antes do dia de testes, para se sentirem
confortáveis com o ambiente.
• O seu estilo de vida mais sedentário deve ser considerado antes dos testes.
• O nível da deficiência mental pode afectar as variáveis observadas e os resultados
finais do teste.

3_1 Introdução

O desporto e a actividade física são indiscutivelmente benéficos à auto-estima, ao bem-


estar psicológico e contribuem para a prevenção de doenças. Pode melhorar a auto-
eficácia de indivíduos com vidas menos autónomas ou cujas vidas tenham sido
dramaticamente alteradas, devido a uma lesão ou doença.

A avaliação psico-social é necessária para :


• Compreender como a presença da doença ou da deficiência pode afectar o self,
bem como as suas implicações na saúde pública.
• Definir os objectivos terapêuticos e manipular as estratégias de adaptação, quando
um comportamento desviante é detectado tanto em pessoas saudáveis quanto
psicologicamente perturbadas.
• Garantir um modo sistemático de trabalhar.
Os métodos de avaliação podem-se dividir em:
• observação
• auto-avaliação

3_2_01 Testes de observação

LOFOPT

Autor: J. Simons

Grupo-alvo: pacientes psiquiátricos infantis e adultos

Objectivo
• Fornecer indicações directas para a terapia baseadas na observação de
comportamentos durante sessões de movimento.
• Observar o desvio do comportamento motor normal nas relações emocionais, na
autoconfiança e na actividade física.
• Fornecer uma abordagem sistémica à terapia, uma vez que os itens de observação
são derivados dos objectivos terapêuticos.

Descrição
Os participantes devem estar engajados numa actividade física, jogo ou tarefa de grupo
A observação realiza-se em 5 sessões, durante uma ou duas semanas.
É usada uma escala de 7 pontos; de -3 a +3 (dos comportamentos excessivamente activos
à falta de actividade ou emoção), sendo 0 a norma.

Itens observados:
1. Relações emocionais
2. Autoconfiança
3. Actividade
4. Relaxação
5. Controlo de movimento
6. Focalização da atenção sobre a situação
7. Expressividade do movimento
8. Comunicação verbal
9. Capacidade de regulação social

Vantagens: fácil de administrar, pode ser feito em qualquer situação


Desvantagens: subjectivo; isto é, não há nenhuma descrição exacta possível do que seja
o “comportamento normal”
3_2_02 Vídeo-distorção

Autor: Michel Probst

Grupo-alvo: pessoas com distúrbios alimentares

Objectivo
• Permitir que pacientes corrijam uma imagem distorcida de si próprios, exibida num
ecrã, até que ela corresponda ao seu tamanho real.
• Revelar o tamanho do corpo que eles sentem, e que eles desejam ser, e quem eles
pensam (ou sabem) que são.

Vantagens: usa um ecrã em tamanho natural


Desvantagens: necessita de equipamento tecnológico

3_2_03 Vídeo-confrontação

Autor: Michel Probst

Grupo-alvo: pessoas com distúrbios alimentares

Objectivo
• Permitir que as pessoas que sofrem de distúrbios alimentares encarem os seus
problemas
• Confrontar a realidade

Descrição

A vídeo-confrontação consiste em fazer uma filmagem comum do paciente, geralmente


vestido em fato de banho, no começo e no final do tratamento, e em intervalos fixos de
tempo.

O participante (possivelmente na companhia de outros pacientes) assiste as


gravações.
O participante, então, expressa os sentimentos evocados pelo vídeo e, depois, outros
participantes do grupo têm a oportunidade de exprimir os seus e de fazer perguntas.

Uma vez completada a reabilitação (“alta” do hospital) as primeiras e últimas gravações


são vistas e comparadas. Os possíveis sentimentos de um paciente recuperado de uma
anorexia, neste momento, são a indiferença, a surpresa, a confusão, a incerteza e o medo,
o descontentamento, a repugnância, a negação, a vergonha, e a satisfação pessoal.
3_3 Auto-avaliação

Teste de atitude corporal (BAT: Body Attitude Test)

Autores: M. Probst, W. Vandereycken, H. Van Coppenolle e J. Vanderlinden, 1995

Grupo-alvo: mulheres com distúrbios alimentares

Objectivo
• Medir a experiência corporal subjectiva e a atitude da pessoa em relação ao seu
próprio corpo.
• Revelar os sentimentos sobre a apreciação do tamanho do corpo, a familiaridade e
a insatisfação com o próprio corpo.

Descrição
O BAT consiste em 20 itens a serem pontuados numa escala de 6 pontos (0 a 5). A
pontuação total máxima é 100: quanto mais alta a pontuação, mais atípica é a experiência
corporal.

Vantagens: Tem boa validade com questionários existentes

Questionário da forma corporal

Autores: Cooper PJ., Taylor, Cooper Z. e Fairburn, 1987

Grupo-alvo: mulheres com distúrbios alimentares

Objectivo
Avaliar questões relacionadas com a forma do corpo e os sentimentos de se estar acima
do peso.

Descrição
Trata-se de um questionário de 34 itens, auto-preenchido.
Diferencia-se claramente entre pacientes com bulimia e mulheres que não sofrem de
distúrbios alimentares.
As pontuações mais elevadas representam uma atitude corporal mais negativa.

Vantagem: permite diferenciar entre sujeitos sem patologia e anoréxicos de pacientes


bulímicos.

Escala de auto-estima de Rosenberg

Autor: Dr. Morris Rosenberg

A escala de auto-estima de Rosenberg é, possivelmente, a medida de auto-estima mais


amplamente usada na pesquisa em ciências sociais
Grupo-alvo: irrestrito

Objectivo
Avaliar atitudes quanto à auto-valoração e a auto-estima global.

Descrição
• A escala original foi desenvolvida nos anos 60 e pontuada segundo a escala de
Guttman.
• Demonstra tanto uma escala de estrutura unidimensional quanto de dois factores
(autoconfiança e auto-estima).
• Alta confiabilidade

Apesar de ter sido concebida para a escala de Guttman, a escala de auto-estima de


Rosenberg é, actualmente, pontuada como uma escala de Likert. Os 10 itens são
respondidos numa escala de quatro pontos, variando de concordo totalmente até
discordo totalmente.

Questionário de Auto-descrição (SDQ III: Self Description Questionnaire)

Autor: H. Marsh, 1989

Objectivo
Medir o auto-conceito em áreas específicas e globais.

Grupo-alvo: adolescentes e jovens adultos

Descrição
É teoricamente baseado no modelo multifacetado e hierárquico do auto-conceito, da
teoria de Shavelson.

O SDQ III é um questionário de auto-preenchimento de 136 itens, com 13 escalas:


• avaliação de 4 áreas de auto-conceito académico
Verbal / Matemática / Solução de Problemas / Académico em geral
• 8 áreas de auto-conceito não-académico
Habilidade física / Aspecto físico / Relações entre colegas de mesmo sexo /
Relações entre colegas de sexo oposto / Relações parentais / Estabilidade
emocional / Honestidade e confiabilidade / Valores espirituais e religosos
• Uma auto-escala geral derivada da escala de auto-estima de Rosenberg

A pontuação total também foi conservada, por se tratar de um indicador do auto-


conceito geral ou total. Cada uma das 13 escalas é inferida com base nas respostas a 10
ou 12 itens, metade dos quais escritos em frases negativas, para romper a predisposição
de responder sempre com concordância.

Os participantes avaliam as suas respostas numa escala de 8 pontos:


1 = Definitivamente falso ↔ 8 = Definitivamente verdadeiro
Capítulo 4
1_1 Introdução

A intervenção em AFA é extensiva a profissões afins da área da saúde e focaliza-se no


aprimoramento da actividade e da participação da pessoa ao longo da vida.
A terapia é definida como uma abordagem sistemática, da qual se espera atingir
resultados positivos com pessoas doentes ou com condição de deficiência.

Em muitos países europeus, o termo Terapia Psicomotora (PMT: Psychomotor Therapy)


é usado para descrever a tentativa de melhorar o funcionamento psico-social de pessoas
com problemas psicológicos ou psiquiátricos, através do movimento e da experiência
corporal. A Terapia Psicomotora fé destinada a pessoas com problemas psicológicos e
trata-se de uma importante parte do contexto terapêutico. Ela inclui pacientes
psiquiátricos que sofrem de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, esquizofrenia,
demência, dentre outros. A terapia psicomotora é uma aplicação sistemática da
actividade física, em forma de terapia. Pode beneficiar pessoas de todas as idades:
crianças, adolescentes, adultos e idosos.

A PMT se concentra nos aspectos positivos e alcançáveis, a fim de eliminar ou, pelo
menos, diminuir os problemas das pessoas. As actividades de movimento oferecem
muitas informações que indicam uma conexão bastante próxima entre movimento,
expressão e personalidade.

Os princípios básicos da Terapia Psicomotora fundamentam-se em:


• Teorias gerais da terapia em psiquiatria
• Características específicas dos problemas psiquiátricos
• Métodos específicos de diagnóstico psicomotor

A PMT gera um impacto psicológico através da actividade corporal, ao mesmo tempo


que influencia toda a esfera emocional, o seu desenvolvimento, o seu papel na
actividade corporal e na perseguição dos objectivos da própria pessoa.

A PMT restitui a auto-confiança e traz mais equilíbrio para as relações existentes entre
os sentimentos, as atitudes e os comportamentos. Ela tem um papel estimulante para se
aprender a lidar com as situações tensas e faz uso do movimento para confrontar a
pessoa com as suas experiências emocionais não resolvidas.

Para mais informações sobre PMT e treino vocacional, visite os seguintes sites:
www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/pmt/index_pmt.htm
www.pmtinfosite.nl/globe/globe-e.htm
www.psychomot.org
1_2 Prática da Terapia Psicomotora (PMT)

• Condição física
• Método Sherborne
• Actividades Físicas Adaptadas
• PMT para anorexia
• PMT para demência
• PMT para crianças com atrasos de desenvolvimento

1_2_01 Condição física

O treino da condição física tem sido encarado como uma estratégia efectiva, de custos
baixos e com o mínimo de efeitos colaterais perniciosos. Pode ser utilizado
isoladamente ou como um auxiliar nas formas tradicionais de tratamento de pessoas
que sofrem de depressão.

Um programa psicomotor estruturado e individualizado, utilizando o treino da


condição física como uma estratégia anti-depressiva, foi implementado na reabilitação
de pacientes não-psicóticos.

Os objectivos do programa são:


• Melhorar a condição física objectiva e subjectiva
• Reduzir os sentimentos de ansiedade e tensão
• Promover experiências de sucesso
• Promover a auto-imagem
• Ensinar as pessoas a buscar soluções activamente
• Dar assistência a pessoas com habilidades verbais empobrecidas
• Prevenir a recorrência da depressão
O programa combina treino de força e resistência, três vezes por semana.

1_2_02 Método Sherborne

A teoria que serve de base para o Método Sherbone é a análise do movimento humano,
de Rudolf Laban. A intenção de Laban não era o desempenho bem-sucedido de
movimentos, mas sim desenvolver a personalidade e o potencial das pessoas, ajudando-as
a compreender e a experimentar a maior variedade possível de movimentos.

As actividades, neste método, referem-se mais às experiências do que a exercícios.


As experiências de movimento são essenciais para o desenvolvimento das crianças,
mas são particularmente importantes para crianças com necessidades especiais.

O Método Sherbone é aplicável a crianças com:


• Dificuldades moderadas de aprendizagem
• Dificuldades profundas e múltiplas de aprendizagem
• Distúrbios emocionais e comportamentais
• Deficiências físicas
Os dois objectivos mais importantes são:
• Desenvolvimento de relações
• Desenvolvimento da consciência corporal

1_2_03 Actividades Físicas Adaptadas

As Actividades Físicas Adaptadas podem melhorar a qualidade de vida:

• Ensinando-nos a cooperar
• Melhorando o nível da condição física
• Fortalecendo o corpo para uma movimentação independente
• Promovendo oportunidades de socialização
• Promovendo sentimentos de capacitação
• Gerando prazer
• Compreendendo o próprio corpo

As actividades podem ser feitas tanto em espaços abertos quanto fechados ou na água. O
treinador ou terapeuta lidera as actividades com objectivos específicos em mente para
cada participante em especial.

1_2_04 PMT para pessoas com anorexia

A Terapia Psicomotora (PMT) para pacientes com Anorexia Nervosa inclui todas as
formas de psicoterapia que se direccionam para o corpo como maneira de aprimorar a
função psíquica. Nesta abordagem, as pessoas são envolvidas, inicialmente, em
experiências não-verbais, as quais podem ser discutidas verbalmente mais tarde ou em
qualquer momento do tratamento.

A PMT faz uso frequente de exercícios de movimento, desportos, jogos, técnicas de


relaxação e explorações e expressões corporais.

Podem haver três possíveis pontos de partida para o padrão específico de conduta dos
distúrbios alimentares:
• Experiência corporal distorcida
• Hiperactividade
• Medo de perder o auto-controlo

A PMT pode influenciar directamente estes três factores, se trabalhar em quatro


objectivos específicos:
1. Reconstruir uma auto-imagem realística
2. Diminuir a hiperactividade, os impulsos e as tensões
3. Desenvolver habilidades sociais
4. Aprender a desfrutar do corpo
Há várias técnicas a serem usadas para se atingir estes objectivos:
• Exercícios de relaxação e respiração
• Massagem
• Role playing
• Actividades físicas, desportos e jogos
• Dança e movimento criativo
• Treino de consciência sensorial
• Imaginação guiada

1_2_05 PMT para pessoas com demência

A actividade física ajuda a pessoa com demência a estabelecer contacto com outras
pessoas e a comunicar-se, a fim de aflorar a sua passividade. Por isso, a PMT para
pessoas com demência é sempre feita em grupos.

Pessoas com demência “perdem” a expressão facial e emocional. O objectivo da PMT é


tê-los a participar de actividades em que experimentem o prazer e as outras emoções.

As sessões começam com exercícios familiares de aquecimento, para que todos se


conheçam e para permitir a cada um o tempo necessário para estabelecer contacto com o
grupo. Então, as actividades progridem para tarefas mais exigentes, exercícios de
controlo motor e trabalhos de memorização e direccionados para outras pessoas. Estas
actividades são destinadas a estimular a interacção grupal.

As sessões incluem também a conversa entre o grupo, para provocar o diálogo sobre os
sentimentos e as experiências vividas durante as actividades, e para que um comente
sobre o desempenho do outro. Cada participante é também encorajado a liderar uma
actividade, a fim de construir a confiança e o uso apropriado do discurso.

1_2_06 PMT para crianças com atraso de desenvolvimento

Certos programas de PMT podem ser muito benéficos para crianças com DDAH,
distúrbio coordenativo do desenvolvimento e distúrbios hiperquinéticos.

Estes programas têm um enfoque tanto no indivíduo quanto no seu envolvimento, pois
trabalham com:
• O comportamento sócio-emocional
• O comportamento motor e a percepção
• A cognição
• O contexto

As técnicas de intervenção são, simultaneamente, específicas e não-específicas.


Específicas:
• Jogos e actividades que requerem habilidades sociais e interacção grupal
• Interacção e construção de boas relações com o terapeuta e os pais
• Inibição de respostas irrelevantes para a tarefa
• Facilitação de habilidades perceptivas básicas
• Controlo motor
• Controlo do comportamento
• Reacções planeadas e controladas
• Redução de sintomas secundários
• Aconselhamento (pais e professores)

Não-específicas:
• Diversão e movimento como forma de fortalecer a espontaneidade das crianças
• Apoio
• Capacitação (“empowerment”) da família
• Execução de sequencias complexas
• Regulação do tonus
• Auto-conceito realístico
• Motivação para o êxito
• Reflexividade
• Coesão grupal
• Resposta social positiva

As tarefas são explicadas e as crianças repetem-nas de forma a terem uma melhor


orientação e preparação para as desempenhar. Desta forma, as crianças aprendem a
esperar a sua vez, a cooperar e, também, a desenvolver imagens mentais. As crianças são
ensinadas a ouvir e a auto-observarem-se.

A maioria das crianças com distúrbios do desenvolvimento, implicadas em sessões de


PMT, ao longo de um tempo, desenvolve a auto-confiança e a capacidade de fazer
amigos.

2_1_01 Reabilitação Cardíaca:

• Pode ser definida como:

“O conjunto de intervenções necessárias para assegurar a melhor condição


física, psicológica e social possível, para que os pacientes com doenças
crónicas ou sub-agudas do coração possam, pelos seus próprios esforços,
preservar ou recomeçar a vida, tão normal quanto possível, em função do
seu estatuto regular da vida comunitária”
(Randal, 1964; Task Force ESC, 1991)
• Implica um tratamento multidisciplinar durante um longo período de tempo
• A reabilitação cardíaca encontra-se subdividida em 3 fases, de acordo com a OMS,
ainda que alguns países usem um modelo de 4 fases.
2_1_02 Fases da reabilitação

Fase aguda (I):

Após o diagnóstico, desenvolve-se um período precoce e progressivo de regime


ambulatório. Neste período, inicia-se a educação sobre os factores de risco e a sua
modificação.

Este tipo de abordagem tem reduzido a incidência de complicações, porque evita um


período prolongado de imobilização após o enfarto. A duração reduzida da hospitalização
e a mobilização precoce do paciente, diminui os níveis de ansiedade e podem prevenir as
chamadas de emergência e as desnecessárias readmissões no hospital.

Fase do re-condicionamento (II):


A fase ambulatória da reabilitação começa com um teste clínico, um teste máximo ou
limitado às condições do sintoma e um exame psico-social, quatro semanas depois do
episódio coronário agudo ou da cirurgia cardíaca.

Os componentes mais importantes da fase II são o treino físico, a modificação do factor


de risco e os programas de educação, o aconselhamento psico-social e, se necessário, o
atendimento psicológico individual. A equipa de reabilitação cardíaca é normalmente
composta de um médico, um fisiologista do exercício, um terapeuta do exercício ou
fisioterapeuta, um assistente social, um psicólogo, um dietista ou nutricionista e um
enfermeiro.

Fase de manutenção (III):

Esta fase é constituída pela manutenção e pela prevenção secundária. A ênfase é dada
numa actividade física apropriada e na modificação dos factores de risco.

As actividades desportivas são regularmente organizadas em ambientes menos clínicos


(centros desportivos, piscinas). Os terapeutas e treinadores precisam ter uma boa
formação em cardiologia e em técnicas de reanimação. Os clubes de doentes podem ser
importantes, neste contexto, para a organização prática das actividades ou para motivar os
participantes a se manterem em terapia.

2_1_03 Fase III: Exemplo de uma boa prática

O HARPA (Heart Patients) é um clube desportivo para pacientes cardíados que


finalizou a sua fase II (período de reabilitação). Uma equipa muito bem treinada, com um
equipamento médico adequado e um plano de emergência, supervisiona toda a
actividade.

Natação e hidro-aeróbica são oferecidas uma vez por semana. As sessões principais de
treino envolvem corrida, ginástica, exercícios de solo, basquetebol e voleibol, duas
vezes por semana, durante 1 ou 2 horas. Para organizar todas estas actividades, o
HARPA utiliza a infra-estrutura da Faculdade de Educação Física da Universidade
Católica de Louvaina (Bélgica).

Outras actividades organizadas pelo HARPA são: caminhadas, “dias desportivos”,


sessões de informação para a actualização acerca das últimas novidades médicas sobre
problemas cardíacos e vasculares, aulas de técnicas de reanimação para pacientes
voluntários e actividades sociais.

2_2 Reabilitação Pulmonar

A reabilitação pulmonar envolve um programa multidisciplinar, personalizado, que


visa estabilizar ou reverter tanto a fisiologia quanto a psicopatologia da doença
pulmonar, através de um diagnóstico apurado, da terapia, do apoio emocional e
educacional. A intenção é devolver ao paciente a mais elevada capacidade funcional
possível da sua condição pulmonar e da sua vida em geral.

A reabilitação pulmonar inclui:


• Exercícios físicos
• Exercícios respiratórios
• Expiração forçada
• Drenagem postural
• Compressão manual peitoral
• Percussão e vibração

As pessoas com doenças pulmonares podem ser, por vezes, afectadas por reacções
psicossomáticas ao exercício físico.

Os exercícios consistem em:


• Treino intervalado
• Treino de resistência
• Pedalar com os braços
• Pedalar com as pernas
• Caminhada

Treino dos músculos respiratórios e periféricos:

Procedimentos:
Intensidade - 55% a 90% da frequência cardíaca máxima ou 40 –85% do VO2max
Duração - entre 20 e 60 minutos
Frequência – 3 a 5 vezes por semana

Treino de resistência e flexibilidade:


2 a 3 vezes por semana
2_3 Reabilitação da marcha

O padrão da marcha (caminhada bípede) é naturalmente desenvolvido nos seres


humanos. Entretanto, assim que ocorre um distúrbio no sistema neuromotor, devido a
um acidente ou doença, a marcha se torna uma actividade extremamente complexa, que
necessita ser reaprendida.

Pessoas com problemas congénitos (como a Paralisia Cerebral), ou problemas


ortopédicos e neurológicos adquiridos (como a lesão cerebral traumática, acidente
vascular cerebral, lesão da espinal-medula, cirurgias da anca, artrites reumatóides)
necessitam de um treino específico dos padrões da marcha.

O uso de esteiras, particularmente aquelas que permitem um apoio parcial do corpo, tem
recentemente despertado o interesse entre os profissionais e os cientistas. Com base na
teoria ecológica, acredita-se que a superfície móvel da esteira induz situações que
facilitam o desenvolvimento do padrão da marcha.

Tiras e roldanas de pára-quedas podem ser usadas para compensar a perda do equilíbrio
e das reacções reflexas, bem como suportar o peso do corpo. A esteira permite ao
paciente exercitar séries complexas de marcha, com muitas repetições. No começo do
tratamento, dois terapeutas auxiliam a movimentação, dando assistência à rotação os
membros (sentados ao lado) e à transferência do peso, a extensão da anca e elevação do
tronco (ficando em pé, atrás).

Uma outra forma de iniciar o treino da marcha é através do movimento de pedalar. Este
movimento estimula um padrão primitivo da marcha.

http://userpage.fu-berlin.de/~bhesse/e_index.html

3_1 Dança e movimento

A dança, enquanto terapia, passou a existir nos anos 40. A psicóloga e dançoterapeuta,
Petra Klein, fundou, em 1983, na Alemanha, o Instituto Internacional de Dançoterapia
(IIDT: International Institute for Dance Therapy), actualmente situado no Tenerife.

A dança movimento e terapia é o uso psicoterapêutico do movimento e da dança,


através do qual a pessoa se pode implicar, criativamente, num processo de promoção da
integração emocional, cognitiva, física e social. Sua base está assentada no princípio de
que o movimento reflecte um padrão do pensamento e dos sentimentos do indivíduo.

A dançoterapia ajuda a pessoa a descobrir ou a redescobrir a si própria, a atingir uma


maior auto-consciência e bem-estar. Ela aprimora a coordenação e o controlo corporal
e melhora o equilíbrio. Trata-se de uma metodologia de grupo não-verbal, praticada
tanto como terapia de grupo quanto individual.
Benefícios
• Melhora a auto-consciência, a auto-estima e a autonomia pessoal
• Melhora e exercita comportamentos adaptativos e de confrontação
• Ajuda a expressar e a lidar com pensamentos ou sentimentos muito intensos
• Maximiza os recursos da comunicação
• Avalia o impacto do self nas outras pessoas
• Inicia modificações físicas, emocionais e/ou cognitivas
• Desenvolve relações de confiança
• Ajuda a pessoa a lidar com sentimentos que interferem com a aprendizagem
• Melhora as habilidades de interacção social

A dança movimento e terapia é benéfica para pessoas com:


• Problemas de identidade (imagem corporal, auto-estima, vergonha, ansiedade)
• Problemas de relacionamento
• Histórico de abuso sexual, físico e/ou emocional
• Atrasos cognitivos e/ou problemas neurológicos
• Baixa capacidade de lidar com a agressividade
• Falta de criatividade e bom-humor
• Pouca capacidade de solucionar problemas
• Problemas de comunicação e relacionamento familiar

A dança movimento e terapia é disponibilizada na prática privada e em ambientes de


serviços sociais, educacionais e de saúde, existindo, assim, como um serviço universal.

Um bom link para os portais de dança é:


http://www.artslynx.org/heal/dance.htm

3_2_01 Introdução

A Hidroterapia ou a Terapia Aquática é geralmente referida como sendo a prática de


exercícios terapêuticos dentro da água, na qual os efeitos da imersão são combinados
com outros exercícios ou métodos sistematicamente aplicados. Estes métodos podem ser
activos ou passivos e, em geral, dedicam-se a um ou mais problemas apresentados pelo
paciente (dor, hipertonia, perda de força, problemas de equilíbrio, falta de capacidade
aeróbia, etc.).

A imersão e os exercícios aquáticos originam uma estimulação fisiológica que apresenta


efeitos terapêuticos positivos, tanto a curto quanto a longo prazo, quando usados
num sistema biológico deficiente (geralmente o sistema neuro-locomotor).

O estímulo fisiológico usado é de origem fluido-mecánica e térmica:


• Pressão hidrostática
• Flutuação
• Turbulência
• Ondas
• Temperatura

Apesar da hidroterapia ter sido documentada, a princípio, em 2400 Antes de Cristo, a


actividade da hidroterapia começou por volta de 1930, quando as vítimas de pólio
começaram a fazer exercícios na água. O desenvolvimento das técnicas modernas
começou com os Métodos Halliwick (1950) e Bad Ragaz Ring (1955).

Actualmente, a hidroterapia é considerada uma forma comum de tartar diferentes tipos


de problema, devido a um incremento na investigação sobre os seus efeitos. Na verdade,
um crescente número de ensaios clínicos tem vindo a ser publicado.

Visite:
http://www.semaine-de-rhumatologie.org
http://www.ewac.nl
http://www.arjo.com

3_2_02 Métodos

Método Bad Ragaz Ring

O conceito de Halliwick

Métodos de relaxação passiva


• Técnica de Jahara
• Watsu
• Reequilíbrio oceânico
• Aquasage
• Aquamouvance
• Waterdancing
• Relaxação aquática
• Waving

Ai-Chi

3_2_03 Método Bad Ragaz Ring

O Bad Ragaz Ring Method (BRRM) foi desenvolvido em sua forma básica, na
Alemanha, por volta de 1950. Ele começou como uma forma de fortalecer os músculos,
com padrões simples e uni-dimensionais. Os pacientes são colocados num equipamento
flutuante e fazem os exercícios em decúbito ventral. O terapeuta controla o movimento
enquanto o paciente se move na água.

Em 1957, o método foi introduzindo no Centro de Saúde e Spa de Bad Ragaz, na Suíça.
No início dos anos sessenta, foram acrescentados modelos tri-dimensionais aos
movimentos, com base nas ideias da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva.
Outras alterações acrescentadas ao método, por volta de 1975, foram descritas pela
fisioterapeuta, Beatrice Egger. Em 1990, ela escreveu um livro sobre o Novo BRRM e as
actualizações estão agora disponíveis em CD-Rom, no seguinte endereço:
www.halliwick.net/cdrom.asp

Os objectivos do BRRM são:


• Fortalecimento e reeducação muscular
• Aumento da amplitude dos movimentos
• Redução do tonus e relaxação
• Melhoria do alinhamento e da estabilidade do tronco

3_2_04 O Conceito de Halliwick

O Conceito de Halliwick é uma metodologia de ensino aplicável a todas as pessoas,


principalmente àquelas com condições de deficiência ou distúrbios de aprendizagem,
para que:
• Participem em actividades aquáticas
• Movam-se independentemente na água
• Nadem

Este método é baseado na ideia de que as actividades aquáticas são benéficas para o
bem-estar, e o Conceito de Halliwick estabeleceu os fundamentos para a aprendizagem
de habilidades aquáticas.

Os benefícios das actividades aquáticas são:


• Físicos
• Pessoas
• Recreativos
• Sociais
• Terapêuticos

O Conceito de Halliwick foi desenvolvido por James McMillan (Inglaterra), em 1950,


quando ele introduziu o seu Programa de Dez Pontos. Desde 1975, o Conceito se
expandiu para as técnicas de hidroterapia e desenvolveu exercícios terapêuticos
específicos.

O Conceito se espalhou pelo mundo e, consequentemente, em 1994, estabeleceu-se, em


Bad Ragaz (Suíça), a Associação Internacional de Halliwick.

http://www.halliwick.org/
3_2_05 Técnica de Jahara

Este é um método para o ensino da consciência corporal dentro da água.

Jahara tem sua base na compreensão de dois elementos fundamentais:


1. Os mecanismos corporais
2. As propriedades físicas da água

Um equipamento de flutuação flexível, chamado “terceiro braço”, é usado para dar


apoio ao corpo do participante. Este equipamento permite que o terapeuta movimente o
participante sem esforço e gera uma sensação de leveza.

A deslocação delicada e contínua da coluna resulta na “expansão” e no alívio do sistema


muscular esquelético. A filosofia do Jahara é resumida nos seguintes conceitos:
• Expansão
• Apoio
• Suavidade
• Invisibilidade
• Adaptabilidade

http://www.jahara.com

3_2_06 Watsu (derivado de “WATer shiatSU”: “Shiatsu na Água”)

Nos anos 80, Harold Dull (USA), um mestre de Zen-shiatsu, que fazia alongamentos e
Shiatsu numa piscina, desenvolveu o Método Watsu. Ele achava que a combinação
destes alongamentos, a aplicação da massagem Shiatsu e os movimentos suaves poderiam
gerar uma profunda relaxação. Em termos simples, o Watsu é uma massagem
flutuante.

Com a ajuda do terapeuta:


• O participante flutua confortavelmente numa grande piscina de água aquecida,
enquanto os seus músculos são massajados
• As articulações são mobilizadas e os grupos musculares são alongados
• Os canais de energia são abertos e todo o corpo é suavemente movimentado na
água.

Os fisioterapeutas, massagistas e outros profissionais que trabalham o corpo, usam este


método para tratar:
• stress
• dor lombar crónica
• disfunções locomotoras
• artrite
• perturbações do sono
• fibromialgia
• outras patologias
O Watsu pode ser combinado com o Shiatsu (em ambiente seco), meditação e outras
técnicas de bem-estar (alternativas e orientais)

Hoje em dia, o Watsu é praticado por mais de 1000 técnicos, treinados e certificados
em todo o mundo, em:
• termas e piscinas públicas
• hospitais e clínicas de terapia corporal
• Spas de beleza e bem-estar

3_2_07 Ai-Chi

Ai-Chi é uma forma de terapia de relaxação activa, derivada do Tai-Chi.

A relaxação é atingida através de uma série de movimentos lentos, combinados com


técnicas de respiração. A progressão processa-se através da maior complexidade dos
movimentos da coreografia.

É uma técnica passiva que pode ser aplicada facilmente em programas comunitários.
Outras técnicas, que também enfocam a combinação da respiração, do controlo
postural e da relaxação, são: Wat-shi-gong, Aquatic Feldenkrais
(http://www.feldenkrais.com), Aquatic Pilates e Halliwick, apresentado anteriormente.

3_3 Hipoterapia

Montar cavalos foi inicialmente delineado como terapia por Elsbet Bodtker (Noruega),
nos anos 50, e foi amplamente praticado na Alemanha, durante os anos 60.

A hipoterapia é usada principalmente para pessoas com:


• PC
• Deficiência Mental e Síndrome de Down
• Autismo
• Spina Bífida
• Distrofia muscular
• Dislexia

Os movimentos do cavalo estimulam todo o corpo do cavaleiro:


• Sistema nervoso e cérebro
• Propriocepção (sensibilidade aos movimentos das articulações)
• Sistema vestibular (sentido de equilíbrio)
• Sistema táctil (sensibilidade ao toque)
• Sistema olfactivo (sensibilidade ao cheiro)
• Visão
Graças aos movimentos dos passos do cavalo, o centro de gravidade do cavaleiro é
constantemente deslocado, requerendo um esforço constante para permanecer centrado
na sela, o que estimula o controlo e a actividade muscular.

O movimento dinâmico do cavalo (para frente e para trás, para cima e para baixo, para
um lado e para o outro) estimula o sistema nervoso do paciente. Desenvolve, também, a
consciência da pessoa sobre como o seu corpo se relaciona com o ambiente.

A estimulação do sistema nervoso possibilita a melhoria do uso da linguagem e uma


melhor planificação e execução dos movimentos de uma maneira mais espontânea.
Quando a linguagem e as habilidades motoras se tornam automáticas, o sistema nervoso
se torna mais eficiente para processar e organizar os estímulos sensoriais recebidos.

Outros benefícios incluem a melhoria de:


• Equilíbrio
• Controlo postural
• Consciência corporal
• Percepção visual
• Auto-confiança
• Amplitude de movimentos
• Desempenho da marcha

3_4 Ludoterapia

A Ludoterapia é uma forma de:


• Terapia psicanalítica sem ênfase na verbalização
• Exploração e expressão, na qual a criança assume, em lugar do terapeuta, a
liderança

A ludoterapia funciona como aconselhamento para as crianças, ou como psicoterapia para


os adultos.
É benéfica para as crianças que sofrem de problemas emocionais e expressivos.
isto é, crianças com DDAH, autistas, mutismo selectivo e outros distúrbios psico-
sociais, ou que sofreram abusos.

A Sociedade Internacional para Crianças e Ludoterapia é a principal organização neste


campo.
http://www.bapt.uk.com

Para mais informações, visite:


http://www.playtherapy.org
3_5 Terapia de salto em trampolim (Rebound Therapy)

A terapia de salto em trampolim (Rebound Therapy) foi implementada principalmente na


Inglaterra e na Alemanha, desde os anos 60. São oferecidos cursos de trampolim e
certificados enquanto terapia pela German Aktionskreis Psychomotorik.
http://www.psychomotorik.com/

As propriedades elásticas da superfície do trampolim aumentam a função do movimento


e diminuem o tonus em indivíduos com uma variedade de deficiências sensório-motoras,
problemas de saúde psico-sociais e psicológicas, tais como lesões cerebrais, Fibrose
Cística, PC, Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento, cegueira e autismo.

A terapia de salto em trampolim é uma parte útil do tratamento para a reabilitação clínica
e pós-clinica, se os princípios básicos de prevenção de acidentes forem observados. A
terapia consiste em séries sistematizadas de exercícios, aplicadas por profissionais
adequadamente treinados: professores de educação física, psico-pedagogos ou
fisioterapeutas.

Os benefícios incluem:
• Uma boa alternativa para as corridas em esteira
• Existe um estímulo biomecânico maior durante o salto em trampolim do que
durante uma corrida
• O aumento da estimulação gravítica, que aumenta a responsividade proprioceptiva
• O aumento da força e do controlo do equilíbrio
Capítulo 5
1_1 Desportos de ar livre

• Tiro com arco


• Campismo
• Golf
• Corrida de orientação
• Escalada
• Rappell
• Percursos “todo o terreno” em cadeira de rodas

1_1_01 Tiro com arco

O Tiro com arco é uma das mais antigas artes, tendo sido praticada, provavelmente,
desde a Idade da Pedra.

Pode ser praticada:

• Ao ar livre ou em interiores
• Em equipas ou individualmente
• Em pé ou sentado

Os participantes usam um arco para lançar as flechas para um alvo, composto de 10


círculos concêntricos. A pontuação para cada flecha depende do local onde ela acerta no
alvo.

Equipamentos modernos permitem às pessoas sem dedos a participarem


regularmente.

Visite www.archery.org .

1_1_02 Campismo

Com todo o equipamento necessário, o campismo é acessível a todas as pessoas, desde


as condições mais rústicas às mais confortáveis.

O campismo pode ser feito numa tenda ou numa caravana. O facto da pessoa ter
necessidades especiais não a deve impedir de experimentar estar ao ar livre e dormir na
natureza.

1_1_03 Golf

Para se jogar Golf, utiliza-se um taco para introduzir uma bola num buraco. Um percurso
tradicional de Golf tem 18 ou 19 buracos, que podem ser facilmente reduzidos à vontade
do praticante.
È um jogo que desafia a precisão da coordenação óculo-manual. O mais importante é
aprender a se concentrar no jogo enquanto, num outro nível, é possível também apreciar a
natureza.

1_1_04 Corrida de orientação

As actividades divertidas e cooperativas, como a corrida de orientação, podem ser


facilmente organizadas em ambientes inclusivos.

É uma maneira alegre e saudável de aprender mais sobre a natureza e a geografia,


enquanto se pratica alguma actividade física.

1_1_05 Escalada

A escalada requer alguma força e técnica.

Os equipamentos, em geral, são um pouco caros. No entanto, muitos clubes têm os


recursos necessários para a escalada em paredes, tanto em ambientes de interior quanto
de exterior.

1_1_06 Rappelling

O Rappell não exige tanto esforço quanto à escalada, ao participante. No entanto, exige
força do assistente que segura a corda usada para praticar este desporto.

O que os participantes precisam é de coragem para superar seus limites.

1_1_07 Percursos “todo o terreno” em cadeira de rodas

Nos Alpes, por exemplo, existem cerca de 200 rotas demarcadas, acessíveis a cadeiras de
rodas.
Esta actividade pode ser praticada tanto como laser, com amigos e familiares, quanto
competitivamente.

Quem pode praticar?


• Qualquer pessoa com movimentos nos braços para travar e manobrar.
• Preferencialmente, praticar com um ou dois assistentes, para o caso de haver
alguma parte da rota com degraus ou subidas íngremes.

Há muitos avanços recentes em cadeiras de rodas – rodas, pneus e técnicas de travagem.


Mais informações podem ser encontradas em: http://ftt.free.fr
1_2 Desportos de interior

• Aeróbica
• Ténis de mesa
• Curling
• Lançamento de dardos
• Bowling
• Boccia
• Hockey
• Pára-quedas
• Dança

1_2_01 Aeróbica

Aeróbica é uma óptima maneira de manter a condição física, que requer apenas a
música.

Os instrutores têm-se tornado cada vez mais criativos para adaptarem as rotinas
tradicionais, assumindo que elas podem também ser praticadas com as pessoas
sentadas.

A aeróbica é um excelente desporto para melhorar a coordenação e a noção temporal.

1_2_02 Ténis de mesa

O Ténis de mesa começou como um passatempo, na Inglaterra, por volta de 1880, usando
mesas de jantar e bolas de cortiça. Os primeiros pioneiros referiram-se a este jogo como
gossima, flim-flam ou ping-pong. Cerca de 1900, foi introduzida uma bola de celulose e,
mais tarde, foi colocada, nas raquetes de madeira, uma camada de borracha.
A Associação Internacional de Ténis de Mesa foi formada em 1926.

O jogo pode ser praticado em singulares ou pares e requer um equipamento relativamente


simples.
O objectivo do jogo é simples e atractivo: jogar a bola com uma raquete, por cima de uma
rede.

A mesa e o jogo podem ser modificados, adaptando-se às capacidades das pessoas com
coordenação motora comprometida.

1_2_03 Curling

O Curling é um desporto em desenvolvimeto. Há pessoas que praticam o curling das mais


variadas formas: competitivamente, em nível amador e até socialmente, com colegas e
amigos.
O curling é tradicionalmente praticado no gelo, no entanto, é sempre possível fazer
adaptações nos equipamentos ou no ambiente.
1_2_04 Lançamento de dardos

O lançamento de dardos originou-se nalgum lugar da Idade Média, quando as pessoas


passaram a atirar flechas quebradas em 3 círculos demarcados.
Eventualmente, tanto o alvo quanto os dardos se tornaram mais elaborados, até que se
iniciaram torneios nacionais e internacionais.

Há muitas versões criativas de lançamento de dardos e os equipamentos podem ser


adaptados para a participação de pessoas com deficiências severas. Um exemplo é o
lançamento de dardos usando o sopro.

1_2_05 Bowling

Bowling é um jogo social para qualquer pessoa.


Há muitas formas de adaptação, usando uma variedade de equipamentos regulares e
adaptados, incluindo rampas, tacos, calhas e sistemas de lançamento electrónicos.

1_2_06 Boccia

O Boccia pode ser jogado de um para um, em duplas ou em trios. O objectivo do jogo é
atirar as bolas o mais perto possível de uma pequena “bola-alvo”.
A partida começa com o lançamento da “bola-alvo” por um jogadores. Os oponentes,
então, tentam acertar as suas bolas o mais perto possível desta “bola-alvo”.
O Boccia pode ser praticado como recreação, como desporto competitivo ou como
educação física em programas escolares.

Requer planeamento e estratégia para se tentar jogar as bolas em posições que


marquem o maior número de pontos. Desenvolve e melhora, também, a coordenação
óculo-manual.

O Boccia é uma actividade que pode ser desfrutada por pessoas de todas as idades e
pessoas com um largo espectro de dificuldades. O jogo pode ser facilmente adaptado para
permitir, aos jogadores com limitações funcionais, a usar calhas e rampas de forma a
colocarem as suas bolas em jogo. As pessoas com grandes dificuldades motoras
podem participar e atingir mesmo um alto nível de desempenho.

1_2_07 Hockey

O Hockey é uma adaptação dos jogos de hockey no gelo e do ringette.


As equipas são compostas de seis jogadores, incluindo o guarda-redes, embora o número
e a posição dos participantes possam ser alteradas conforme a necessidade.

Podem-se usar diferentes sticks e bolas ou discos, de forma a se adaptarem a cada


indivíduo.
O jogo pode também ser executado com cadeiras de rodas eléctricas.
1_2_08 Pára-quedas

Um pára-quedas pode ser usado tanto para o aquecimento quanto para a volta à calma
de actividades, jogos de bola ou de equipas.
As ideias são infindáveis. Convidar os participantes para segurarem uma parte do pára-
quedas é uma forma atractiva de envolver a todos na actividade.

http://www.teachingideas.co.uk/pe/parachute/contents.htm

1_2_09 Dança

A dança é uma forma de expressão e interacção social. Qualquer um pode dançar, seja
em pé ou usando uma cadeira de rodas.

A dança em cadeira de rodas pode ser desfrutada em diferentes estilos, por exemplo,
dança de salão, Folk, ballet clássico ou moderno. Há também distintas formas, como a
Dança Combinada (uma pessoa em cadeira de rodas dançando com uma pessoa sem
deficiência), Dança em Dupla (duas pessoas em cadeiras de rodas a dançar juntas), Dança
de Grupo (grupos apenas de usuários de cadeira de rodas ou grupos mistos, com parceiros
sem deficiência, em coreografias estruturadas ou livres) e Dança Individual (a pessoa em
cadeira de rodas dança sozinha).

1_3 Actividades Aquáticas

• Caiaque
• Canoagem
• Esqui aquático
• Vela
• Actividades aquáticas
• Mergulho autónomo

1_3_01 Caiaque

Usando um equipamento adaptado, muitas pessoas com condição de deficiência podem


andar de caiaque numa pista de canoagem com seus companheiros sem deficiência.

As modificações dos equipamentos incluem:


• Um assento móvel para facilitar a entrada e a saída
• Um par de flutuadores laterais que funcionam como estabilizadores do caiaque
• Sensores colocados nos remos para controlar a direcção
• Remos com pegas adaptadas

1_3_02 Canoagem

A canoagem é mais regularmente praticada por 2 pessoas, mas pode ser praticada
também individualmente.
O remo é usado de um só lado (ao contrário dos remos duplos do caiaque) e pode, por
isso, ser posto do lado dominante ou mais forte do corpo.
Podem ser inseridas várias adaptações na canoa para compensar as diferentes
necessidades.

1_3_03 Esqui aquático

Ao longo dos anos, a prática do esqui aquático tem-se tornado mais fácil para as pessoas
com condição de deficiência, nomeadamente:

• Devido ao desenvolvimento de esquis, que são mais similares a pranchas ou


pranchas de joelho, incluindo assentos flutuantes e apoios modificados para os pés.

É um dos raros desportos de aventura nos quais as pessoas com condição de deficiência
podem competir, com total autonomia, com atletas sem deficiência.

• Condições adversas na superfície da água podem ser uma variável a considerar


• É inútil a utilização de guias para cegos
• O desporto é praticado sem a utilização de membros artificiais

1986 – Comissão de Esqui Aquático para pessoas com deficiência (formada na Noruega)
1987 – Primeiro torneio mundial, na Inglaterra

Visite: International Wateresqui Federation (IWSF) e


www.wateresquieame.org/disabled.htm

Categorias:
• Esquiadores sentados
• Amputados de uma perna
• Esquiadores com deficiência nos braços
• Esquiadores com deficiência visual
• Outros

Modalidades:
Slalom / Trick / Salto

1_3_04 Vela

“...não há sentimento melhor do que ser capaz de sentar num barco e olhar para a sua
cadeira de rodas vazia, na doca.” Chris Freeman, C4-5, tetraplégico.

A vela recreativa, tanto no nível avançado quanto da aprendizagem, oferece


oportunidades de:

• Melhorar a reabilitação
• Promover a auto-suficiência e a independência
• Progredir, com base nas competências e capacidades
• Intensificar as experiências de vida activa das pessoas com condição de
deficiência, de sua família, de seus amigos e dos prestadores de cuidados de saúde.

A Federação Internacional de Vela para Deficientes foi estruturada para promover


todos os aspectos da vela adaptada mundial
www.ifds.org

Programa de vela - AIMS: www.aimssailing.org


Opções para velejadores com condição de deficiência: www.footeprint.com/sailingweb

1_3_05 Actividades aquáticas

Há infindáveis opções de actividades e jogos aquáticos.

A natação permite mais independência e liberdade de movimentos corporais para as


pessoas que não são tão hábeis em terreno seco.

Muitos apoios à natação estão disponíveis para ajudar um nado independente, assim
como o uso de vários objectos pode motivar o movimento e o desempenho físico.

1_3_06 Mergulho autónomo

Até mesmo o mar profundo é acessível a qualquer pessoa.

Água significa liberdade para as pessoas que têm dificuldades de se movimentarem em


terra.

O mergulho autónomo é praticado em muitos pontos turísticos, lagos, oceanos e até em


piscinas, abrindo um mundo novo debaixo da água.

Existem certificados de mergulho para pessoas com condição de deficiência.

Visite:
www.hsascuba.com
www.ukddg.com

1_4 Actividades de Inverno

Esqui alpino

Começou como uma forma de fisioterapia recreativa para veteranos de guerra.

Depois da 2ª Grande Guerra, os milhares de jovens atletas da Áustria e da Alemanha,


amputados, não estavam dispostos a deixar o seu desporto favorito.
1948
• Ocorre o primeiro Campeonato para Deficientes, na Áustria
• É criado o primeiro curso para esquiadores deficientes

Deste momento em diante, o esqui para deficientes se desenvolveu rapidamente, ainda


que somente para amputados e deficientes visuais.
• Foi desenvolvida uma forma completamente nova de esquiar, com dois esquis
curtos fixados às muletas. Assim, nascem os bastões dos modernos esquis para
deficientes.
• A introdução do mono-esqui, ou do esqui sentado, representou uma grande
inovação, uma vez que possibilitou às pessoas com as mais severas deficiências
a esquiar com a ajuda de dois bastões curtos.

A tecnologia desempenha um importante papel no desenvolvimento do esqui para


deficientes.
Actualmente, existem conectores especiais que fixam os assentos dos esquis aos
teleféricos.

Veja as novidades em equipamentos, no site:


http://www.dualesqui.com/liens-uk.htm

2_1 CPI: Comité Paralímpico Internacional

• CPI
• Temas e preocupações actuais
• Membros do CPI
• CP-ISRA
• IBSA
• INAS
• ISMWSF
• ISOD

2_1_01 CPI

O Comitê Paralímpico Internacional (IPC: International Paralympic Committee) é o


representante mundial das organizações de desportos de elite para atletas com deficiência.

CPI
• Estabelecido em 1989
• Uma das maiores organizações desportivas do mundo: 161 nações-membro; 5
federações desportivas internacionais de deficiências específicas (ISODs)
• Ampla organização – representa todos os desportos e deficiências
• Organiza, supervisiona e coordena os Jogos Paralímpicos e outras competições
de multi-deficiências, ao nível de elite

Link: http://www.paralympic.org
2_1_02 Temas e preocupações actuais

O acordo entre o Comitê Olímpico Internacional (IOC: International Olympic


Committee) e o CPI, estabeleceu uma parceria com benefícios mútuos.

Os elementos-chave da parceria IOC/CPI são:

Marketing: • Transferência dos direitos internacionais do CPI


• Proporcionar novas oportunidades de marketing
Mídia: • Aumento da exposição mediática
• Maior interesse de patrocinadores
• Aumento do valor da marca CPI
Desenvolvimento
dos jogos: • Um Comité Organizador unificado para os jogos Olímpicos e
Paralímpicos
• “Mesmas” regras
Aspectos
económicos• Eliminar o pagamento de ingresso para os atletas e proporcionar
acomodação e transporte gratuitos
• Apoio aos Comités Paralímpicos Nacionais
• Apoio à administração do CPI

Representação dos atletas

Ter um atleta representante de cada país, para melhorar a representatividade de


todos os atletas
Desenvolver elevadas expectativas sobre eles próprios e sobre os jogos
Paralímpicos
Motivados pelo desejo de serem os melhores
Encontrar critérios de qualificação e selecção de equipas
Enfrentar as barreiras de acesso ao desempenho atlético de elite
Usufruir do nível de equidade através dos Jogos Paralímpicos

Impacto dos Jogos Paralímpicos

Benefícios económicos
Infra-estrutura: melhoria da acessibilidade das instalações, em termos
arquitetónicos e dos transportes; proporcionar uma maior consciencialização
sobre a necessidade de acessibilidade
Impacto geral: influência na atitude do público sobre a deficiência e na atitude
das pessoas com condição de deficiência sobre elas próprias
Expectativas sobre os futuros Jogos: criar mais oportunidades, aumentar as
expectativas, gerar benefícios económicos e melhor capacitação; atingir um
desempenho mais elevado e melhorar os equipamentos.
Desenvolvimento a nível fundamental
Desenvolver o desporto adaptado ao nível básico para atletas com condição de
deficiência
Auxílio às nações em desenvolvimento e estabelecimento de novos desportos
Desenvolvimento do processo de classificação

2_1_03 Membros do CPI

2_1_04 CP-ISRA: Cerebral Palsy International Sport and Recreation Association

• Constituída em 1978, no seio da Sociedade Internacional de PC (International CP


Society) é aceite nos Jogos Internacionais de Edinburgo, Escócia.
• Torna-se a organização dirigente para o desporto de pessoas com PC e problemas
neurológicos relacionados.
• Torna possível que as pessoas com PC ou problemas neurológicos relacionados,
tenham oportunidade de participar dos desportos e das actividades recreativas de
sua escolha.

A sua missão é promover e desenvolver os meios pelos quais as pessoas de todo o


mundo podem ter acesso a oportunidades da participação em desportos e
actividades recreativas.

É interessante notar que a CP-ISRA é a única federação internacional que desenvolve a


oportunidade de participação a nível recreativo.

http://www.cpisra.org/

2_1_05 IBSA: International Blind Sports Association

• É fundada em1981, em Paris, com o objectivo de assumir a liderança nos


desportos para pessoas cegas, a nível mundial.
• Motivada pela convicção de que os atletas cegos, dentro da arena desportiva, são
capazes de atingir quaisquer objectivos, quando os mesmos podem ser
determinados pelos próprios atletas.
• Procura garantir que estes desportos tenham o reconhecimento e a aceitação
generalizada.
• Dá especial ênfase ao desenvolvimento de programas para o treino de
especialistas e de monitores de diferentes disciplinas, como uma maneira de
melhorar as técnicas e a competitividade de seus atletas, tanto a nível básico
quanto da alta competição.

Link: http://www.ibsa.es/
2_1_06 INAS-FID: International Sports Federation for Persons with Intellectual
Disability

• Fundada em 1986, com o objectivo de promover, num movimento internacional, o


desporto para pessoas com deficiências intelectuais.
• 86 Nações federadas
• Defende que as pessoas com deficiência intelectual têm o direito de participar do
desporto que escolherem, no nível de habilidade que desejarem.

Sua filosofia está baseada nos princípios da normalização:


Pessoas com deficiência intelectual são membros da sociedade, dignas dos
mesmos direitos, oportunidades e obrigações do que qualquer outra. Elas não são
especiais MAS têm necessidades especiais.

Atletas com deficiência intelectual, quando participam de competições de elite, não


apenas são modelos para os outros como também ajudam a diminuir a discriminação e
a ignorância que, tão negativamente, limitam a vida das pessoas com deficiência
intelectual.

Link: http://www.inas-fid.org/

2_1_07 ISMWSF: International Stoke Mandeville Wheelchair Sports Federation

História:

1945 Fundada por Sir Ludwig Guttmann, no Stoke Mandeville Hospital


(Ingleterra), constituindo-se como pioneira na utilização do desporto numa
perspectiva reabilitativa.
1948 Jogos de Stoke Mandeville em Cadeira de Rodas, organizado para os
veteranos da 2ª Grande Guerra, com lesões medulares.
1952 Atletas da Holanda juntam-se aos jogos, que resultam nos primeiros jogos
internacionais para pessoas com condição de deficiência.
1960 No mesmo local que os Jogos Olímpicos de Roma, o acontecimento dos
jogos para pessoas com deficiência, como um evento paralelo às
Olimpíadas, marcou o começo do movimento Paralímpico.

Link: http://www.wsw.org.uk/
2_1_08

ISOD: International Sports Organisation for the Disabled

• 1964: fundada em Paris, a fim de oferecer oportunidades àqueles atletas que não se
podiam filiar à ISMGF (International Stoke Mandeville Games Federations)
• O objectivo inicial da ISOD era envolver, no futuro, todas as deficiências e actuar
como um comité coordenador.
• Responsável pela organização de programas desportivos para amputados e
portadores de outras condições de deficiências locomotoras (os chamados “Les
Autres”)
No que respeita ao desenvolvimento de desportos para deficientes, esta
organização tem como objectivos:
- preparar e disseminar princípios e normas internacionais recomendados
para aplicação em todos os programas de desportos para deficientes.
- planear, promover e coordenar eventos internacionais

2_2_01 História

Os Jogos Paralímpicos são os jogos Olímpicos dos atletas com condição de deficiência.
Acontecem no mesmo ano e no mesmo local que os Jogos Olímpicos de Verão (desde
1988) e de Inverno (desde 1992).

Os Jogos Paralímpicos são o segundo maior evento desportivo do mundo.

A história do movimento Paralímpico é relativamente nova. Começou em 1948, quando


Sir Ludwig Guttmann introduziu os primeiros Jogos de Stoke Mandeville para veteranos
da 2ª Grande Guerra, com lesões medulares. Mais tarde, outros grupos de deficientes
estabeleceram as suas organizações e prepararam vários eventos e competições.

Ao longo do tempo, foram desenvolvidas competições para atletas com multi-


deficiências:
1960 Um estilo de jogos Olímpicos para atletas com deficiência foram
organizados pela primeira vez em Roma, tornando-se, mais tarde, nos Jogos
Paralímpicos.
1976 durante as Paralimpíadas de Toronto, foram incluídos, pela primeira vez,
os deficientes visuais e “Les Autres”.
1980 Nos Paralímpicos celebrados em Arnhem, Holanda, participaram atletas
amputados e com Paralisia Cerebral.
1996 Os deficientes intelectuais fizeram a sua estreia nas Paralimpíadas de
Atlanta.
2000 Em Sydney, é assinado um acordo segundo o qual as futuras cidades a
organizar as Olimpíadas deverão, igualmente, ser sede das Paralimpíadas.
Os Paralímpicos, hoje
Actualmente, os Paralímpicos são um evento desportivo de elite para atletas de seis
diferentes grupos de deficiências:
• Amputados
• Cegos e deficientes visuais
• Paralisia Cerebral
• Paralíticos
• “Les Autres”
• Deficientes intelectuais (em debate)

Um dos objectivos dos jogos é enfatizar mais as capacidades dos atletas participantes do
que as suas deficiências.

2_2_02 Desportos de verão:

• Tiro com arco • Vela


• Atletismo • Tiro
• Boccia • Futebol (de 5 e de 7)
• Ciclismo • Natação
• Equitação • Ténis de mesa
• Fencing • Basquete em cadeira de rodas
• Goalball • Rugby em cadeira de rodas
• Judo • Ténis em cadeira de rodas
• Halterofilismo • Volleyball em cadeira de rodas

Desportos de inverno:

• Esqui Alpino • Hockey no gelo


• Esqui Nordico • Curling

2_3_01 História

Fundada nos Estados Unidos, em 1968, por Eunice Kennedy Shriver.

É uma organização internacional dedicada à capacitação (empowerment) de pessoas


com deficiência mental, através do treino e da competição desportiva, para que:
• adquiram uma boa condição física
• se tornem membros produtivos e respeitados na sociedade

Oferece treino e competição, durante todo o ano, para crianças e adultos com
deficiência mental:
• em 26 tipos de desportos de verão e de Inverno
• para mais de 1 milhão de participantes
• em mais de 150 países
O Juramento das Olimpíadas Especiais:
“Deixe-me vencer. Mas, se eu não puder vencer, permita-me ser corajoso na minha
tentativa”

Missão:
Promover oportunidades para desenvolver a condição física, demonstrar coragem,
experimentar alegria e compartilhar as suas habilidades e o seu companheirismo com as
suas famílias, com outros atletas das Olimpíadas Especiais e com a comunidade.

Como os atletas se beneficiam das Olimpíadas Especiais:


• ao melhorar a sua condição física e habilidade motora
• ao adquirirem uma maior auto-confiança e uma auto-imagem mais positiva
• ao amadurecerem mental, social e espiritualmente
• ao desfrutarem dos valores da amizade
• ao descobrirem novas habilidades, talentos e meios de se expressarem

Quem pode participar?


• Crianças com 8 anos ou mais
• Diagnosticadas, por uma instituição ou por um profissional, como tendo uma das
seguintes condições:
- deficiência mental ou atrasos cognitivos, diagnosticados através de
uma avaliação formal
- problemas significativos vocacionais ou de aprendizagem, devidos
a atrasos cognitivos que requerem ou tenham requerido serviços de
educação especial

http://www.specialolympics.org

2_3_02 Desportos

• Alpino e “todo o terreno” • Ginástica artística


• Natação • Halterofilismo
• Atletismo • Patinagem
• Badminton • Softball
• Boccia • Tenis de mesa
• Basquetebol • Andebol
• Bowling • Tenis
• Equitação • Voleibol
• Patinagem artística • Snowshoeing
• Hockey • Patinagem de velocidade
• Futebol
2_4_01 História

As competições formais internacionais oficiais entre atletas surdos começaram em 1924.

Esses jogos tiveram três nomes oficiais:


1. Jogos Internacionais dos Surdos, 1924-1965 (Jogos Silenciosos Internacionais)
2. Jogos Mundiais para Surdos, 1966-1999 (Jogos Silenciosos Mundiais)
3. Deaflympics, 2000

O Comité Olímpico Internacional sempre se recusou a permitir o uso do termo


"Olimpíadas" para as competições dos surdos.

Os Deaflympic realizam-se a cada quatro anos.


Os Jogos de Verão e os Jogos de Inverno são mantidos, por sua vez, a cada segundo
ano.

Os Deaflympic não são uma competição entre nações.


Não há nenhuma classificação nacional nos seus resultados.

Online em:
http://www.deaflympics.com
http://www.ciss.org

Quem pode participar?

A participação nos Deaflympic é restrita a atletas:


• Surdos, diagnosticados como tendo uma perda auditiva de, pelo menos, 55dB
• Cidadãos de nações-membro da CISS
• Que não usem aparelhos auditivos ou implantes cocleares, durante qualquer evento
dos Deaflympic

Os objectivos dos Deaflympics incluem:


• O bem-estar físico e mental dos desportistas surdos
• Proporcionar oportunidades para as pessoas surdas participarem de desportos de
elite
• Reunir atletas de todo o mundo numa competição desportiva quadrienal
• Promover os princípios da CISS, em todo o mundo, para criar um sentimento
fraterno na comunidade surda
2_4_02 Desportos

• Atletismo • Tiro
• Badminton • Natação
• Basquetebol • Ténis de mesa
• Bowling • Ténis
• Ciclismo • Voleibol
• Futebol • Pólo aquático
• Andebol • Luta
• Corrida de orientação

• Esqui (Alpino)
• Esqui (Cross)
• Snowboarding
• Hockey no gelo
Capítulo 6
1_1 Funcional

Os sistemas funcionais classificam os atletas, individualmente, em distintas categorias


de competição, com base nos seus níveis individuais de capacidade funcional, num
sistema comparativo
isto é, eles competirão com outros atletas com um nível similar de capacidade
funcional.
Os sistemas funcionais mais amplamente utilizados encontram-se baseados nas
capacidades funcionais dos atletas
isto é, o tipo de movimento nas partes afectadas do corpo ou a sua eficiência
muscular e coordenação.
Para cada grupo de deficiências estão estabelecidas classes funcionais, relacionadas com
a natureza da deficiência de um indivíduo.

Sistema de Classificação Desportiva Específica (Funcional)


• Esta classificação baseia-se na capacidade funcional evidenciada no desempenho
de tarefas específicas de uma determinada modalidade desportiva
• A capacidade funcional é considerada independentemente do nível de habilidade
ou de treino do competidor.
• O número de classes por desporto é determinado de acordo com as exigências
específicas de cada desporto e com a possível habilidade funcional dos atletas com
diferentes deficiências.
P. ex.: a natação usa um sistema de classificação funcional específico.

Os sistemas de classificação específicos de cada modalidade são de natureza funcional


porque estão focalizados na capacidade de desempenhar habilidades associadas a um
determinado desporto. Entretanto, o sistema de classificação pode ser funcional, sem se
referir, especificamente, a uma determinada modalidade.

O termo “Classificação Funcional” envolve:


• Um teste médico, para estabelecer se o atleta atinge o critério de ter uma
deficiência para um dado desporto
• A observação do atleta a praticar o desporto

A classificação é tipicamente conduzida por especialistas com treino médico.


Os sistemas de classificação usados no desporto para deficientes contemplam,
geralmente, uma ou mais das seguintes variáveis:
• A natureza e a gravidade da deficiência do atleta
• A capacidade funcional do atleta para desempenhar habilidades associadas com o
desporto
• O desempenho do atleta em competições anteriores
1_2 Médica

Dentro de um sistema médico, os atletas competem com outros atletas com a mesma
deficiência.
O termo médico reflecte a relevância dada às diferenças anatómicas ou fisiológicas
associadas às deficiências específicas.

Uma das principais críticas aos sistemas específicos para cada deficiência é que um único
método de classificação dificilmente funcionará igualmente bem para todos os desportos.
• As variáveis mensuráveis podem não ter impacto significativo no desempenho
desportivo
• Isto tende a resultar em demasiadas classes, que afectam a organização da
competição e a sua competitividade (há um exagero de medalhas devido ao grande
número de categorias de deficiências, dentro de um mesmo desporto)

Historicamente, médicos e especialistas em reabilitação foram os primeiros a


promover o desporto para pessoas com deficiências e a encorajar as pessoas com
deficiência a participar no desporto.

Contudo, o foco sobre o diagnóstico médico levou a uma proliferação de classes,


especialmente entre os indivíduos com deficiências físicas. Uma abordagem médica para
a classificação é incapaz de combinar as diversas incapacidades e as diferenças
funcionais em várias classes.
Ao aplicarem um sistema de classificação anatomicamente definido, as deficiências
físicas eram divididas da seguinte forma:
• Oito classes para indivíduos com lesões medulares, a competir em desportos em
cadeira de rodas.
• Nove classes para indivíduos com amputação de membros, a competir em eventos
com e sem cadeira de rodas
• Seis classes para indivíduos com deficiências ortopédicas, conhecidos como “Les
Autres”, a competir com e sem cadeira de rodas.
• Três classes para indivíduos com deficiência visual

Actualmente, apenas o grupo dos deficientes visuais usam somente o teste médico para
estabelecer a classificação desportiva dos seus competidores.

Deficientes visuais (Blind):


• Classificados por um exame visual – os atletas têm que ser portadores de cegueira
legal
• Divididos em 3 categorias:
• B1: menos de 3/200 na escala Snellen (cego)
• B2: 2/200 a 10/200 na escala Snellen
• B3: cegueira legal – 20/200 na escala Snellen
2_1 Atletismo

Classificação

Existem seis categorias principais identificadas pela classificação médica:

• Paralisia Cerebral • Cadeira de rodas


• Amputados • Deficientes visuais
• Nanismo • Distúrbios de aprendizagem

Dentro destas categorias, existem subcategorias conhecidas como classes


T (Track) = eventos de pista
F (Field) = eventos em terreno
O número que vem a seguir, indica a extensão da deficiência; quanto menor o número,
mais grave é a deficiência.

CLASSES DA PARALISIA CEREBRAL

F32 Controlo limitado dos movimentos.


T33/F33 Força total na parte superior do corpo e nas suas extremidades.
Dirige a cadeira de rodas independentemente. Afecta tanto os
braços como as pernas ou igualmente braço e perna
T34/F34 Boa força funcional, com limitação mínima ou problemas de
controlo nos membros superiores e no tronco. Afecta a parte
inferior das pernas.
T35/F35 Pode utilizar o auxílio de ortóteses. Afecta discretamente o
equilíbrio e a parte inferior das pernas ou ambas as pernas e um
braço.
T36/F36 Caminha ou corre sem o auxílio de ortóteses. Tem problemas de
equilíbrio e de coordenação motora fina.
T37/F37 Boa capacidade funcional do lado dominante do corpo. Afecta a
perna ou o braço do mesmo lado do corpo.
T38/F38 Envolvimento mínimo: poderia estar presente na parte inferior das
pernas, no braço e na perna de um mesmo lado do corpo, pode
haver problemas de equilíbrio unilateral.

CLASSES DOS AMPUTADOS


A classificação depende de onde ocorreu a amputação e do grau da amputação.

T42 Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros


superiores e inferiores, deficiência mínima.
T43 Amputação dupla abaixo dos joelhos, amputações combinadas de
membros superiores e inferiores, com função normal no braço de
lançamento.
T44 Amputação dupla abaixo dos joelhos, amputações combinadas de
membros superiores e inferiores, com função moderadamente reduzida em
um ou em ambos os membros.
T45 Amputação dupla acima ou abaixo dos cotovelos.
T46 Amputação única acima ou abaixo do cotovelo, amputação de membros
superiores, com função normal no braço de lançamento.
F42 Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros
superiores e inferiores, função normal no braço de lançamento.
F43 Amputação dupla acima dos joelhos, amputações combinadas de membros
superiores e inferiores, com função normal no braço de lançamento.
F44 Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros
superiores e inferiores, função normal no braço de lançamento.
F45 Amputação dupla acima ou abaixo dos cotovelos.
F46 Amputação única acima ou abaixo do cotovelo, com função normal do
membro superior no braço de lançamento.

NANISMO

T40/F40

CLASSES EM CADEIRA DE RODAS


Dependem do grau de capacidade

T51 Uso das palmas da mão para empurrar a cadeira de rodas, pode ter fraqueza
nos ombros.
T52 A força para empurrar vem da extensão do cotovelo.
T53 Função normal dos membros superiores; tronco inactivo.
T54 Recurso ao movimento do tronco; usa o tronco para conduzir a cadeira; dupla
amputação acima dos joelhos.
F51 Não tem preensão com o braço não-dominante; pode ter fraqueza nos ombros.
F52 Dificuldade de preensão com o braço não-dominante.
F53 Preensão quase normal com o braço não-dominante.
F54 Sem equilíbrio quando sentado.
F55 Equilíbrio moderado ou bom, quando sentado
F56 Bom equilíbrio e movimentos para a frente e para trás, boas rotações de
tronco.
F57 Bons movimentos para a frente e para trás, normalmente para um dos lados
(movimentos lado a lado).
F58 O registro do padrão muscular de todos os membros não deve exceder os
setenta pontos.

CEGOS

T11/F11 Cego.
T12/F12 Deficiente visual.
T13/F13 Deficiente visual ligeiro.
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
O Comité de Atletismo ainda está a discutir sobre a sua elegibilidade.

2_2 Basquetebol

Um exemplo claro da classificação funcional está no basquetebol em cadeira de rodas.


Os organizadores do basquetebol em cadeira de rodas foram os líderes no
desenvolvimento de um sistema funcional e específico para este desportivo.
Este sistema permite às pessoas com várias deficiências físicas a competirem juntas
em torneios de basquetebol em cadeira de rodas.

O actual sistema de classificação dos jogadores de basquetebol em cadeira de rodas foi


introduzido pelo doutor Horst Strohkendl, em 1982. Os objectivos deste sistema eram:
• reduzir o estigma médico vinculado à classificação, usando a competência dos
jogadores para perceber a dificuldade física em jogar basquetebol em cadeira de
rodas
• ser compreensível e aplicável a qualquer pessoa envolvida com este desporto,
especialmente aos jogadores
• promover oportunidades competitivas justas para todos os participantes,
independentemente da natureza e da gravidade da sua deficiência física

A classificação funcional identifica o perfil de acção e competência dos jogadores,


quando em cadeiras de rodas, independentemente do seu talento, nível de treino ou
experiência.

A classificação actual do basquetebol em cadeira de rodas é fundamentada na observação


dos atletas (durante o jogo, no seu desempenho competitivo ou nas sessões de treino),
feita por classificadores especialmente preparados.

No basquetebol de cadeira de rodas há cinco classes principais (1, 2, 3, 4 e 4.5).


A maior parte dos atletas é facilmente colocada numa destas cinco classes. Todavia, há
casos excepcionais ou limítrofes, em que se pode atenuar as circunstâncias através de
uma classificação por 0.5 pontos. Desta forma, os atletas podem ser classificados em 1,
1.5, 2, 2.5, 3, 3.5, 4 e 4.5.

O valor pontuado na classificação dos cinco competidores em jogo é somado e nunca


pode exceder os 14 pontos em nenhum momento durante as competições internacionais.

2_3 Esqui Nórdico

O Esqui Nórdico foi introduzido nas Paralimpíadas de 1984, com o uso de um trenó.
Gradualmente, foi desenvolvida uma modalidade de “esqui sentado” que tem sido usada
em competições, desde os Jogos de 1994.
Aperfeiçoamento do sistema de pontuação
Outro desenvolvimento importante foi a introdução de um novo sistema de classificação,
que permitiu aos atletas, com níveis diferentes de capacidade, competirem
conjuntamente.
Tradicionalmente, os atletas das Paralimpíadas competiam apenas com atletas que
estivessem especificamente dentro da sua classe. Este novo sistema, desenvolvido e
inicialmente usado nos Estados Unidos, conduziu a um novo sistema de percentagem
de classes, originalmente chamado de formato Supercup.
O sistema de percentagem de classes foi usado pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos
de Inverno de Nagano, em 1998.

O Sistema de Classificação

categorias:

esqui-sentado em pé deficientes visuais

Cada uma dessas categorias é dividida em classes individuais, separando os atletas


segundo a sua capacidade funcional.

Uma classe é elegível para a competição quando há, pelo menos, quatro corredores de
quatro países. Se este critério não for seguido, as classes são combinadas num evento
multi-classes.

O Biatlo e as competições de longa distância têm um sistema de três categorias. Os


eventos de curta e média distância são organizados conforme o sistema individual de
classificação.

1. Em pé: a maioria dos competidores têm alguma deficiência nos membros, como
uma amputação abaixo do joelho, ou acima ou abaixo do cotovelo. As
características desta categoria apresentam seis classes individuais: LW2, LW3,
LW4, LW5/7, LW6/8 e LW/9.
2. Esqui sentado: Os atletas, que se impulsionam para a frente com a ajuda de dois
bastões, usam um trenó com uma cadeira especialmente projectada para ficar
conectada ao par de esquis. Os competidores são divididos em três diferentes
classes individuais: LW10, LW11 e LW12.
3. Deficientes visuais: Os atletas que competem em todos os eventos do Esqui
Nórdico são acompanhados por um guia, que fica imediatamente à frente e
direcciona o competidor, através da voz ou de um rádio, alertando-o sobre todas
as alterações de trajecto, incluindo curvas, subidas e descidas. As características
desta categoria têm três classes individuais: B1, B2 e B3.

Nos eventos de Biatlo, um sistema acústico conduz o atleta com deficiência visual até a
meta final.
Em todos os eventos, o guia também é premiado com uma medalha.
Classes

B1: De nenhuma a alguma percepção luminosa em ambos os olhos; incapaz de


reconhecer a forma de uma mão, a qualquer distância ou direcção.
B2: Da capacidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual
de 2/60 e/ou um campo visual de menos de 5 graus.
B3: De uma acuidade visual entre 2/60 e 6/60 e/ou um campo visual entre 5 e
20 graus.

LW2: Atletas com severas deficiências num dos membros inferiores, a esquiar
com 2 esquis e 2 bastões.
LW3: Atletas com deficiências em ambos os membros inferiores, a esquiar com
2 esquis e 2 bastões.
LW4: Atletas com deficiência num dos membros inferiores, a esquiar com 2
esquis e 2 bastões
LW5/7: Atletas com deficiências em ambos os membros superiores, a esquiar com
2 esquis, mas sem bastões. A deficiência deve ser tal que não seja possível
usar os bastões.
LW6/8: Atletas com deficiências num dos membros superiores, a esquiar com 2
esquis e 1 bastão. A deficiência deve ser tal que não seja possível o uso
funcional de mais de 1 bastão.
LW9: Atletas com uma combinação de deficiências nos membros superiores e
inferiores, a esquiar com o equipamento de sua escolha.
LW10: Atletas com deficiências em ambos os membros inferiores, sem equilíbrio
funcional sentado.
LW11: Atletas com deficiências nos membros inferiores e com algum equilíbrio
funcional sentado.
LW12: Atletas com deficiências nos membros inferiores e um bom equilíbrio
sentado.

O sistema de percentagem
Uma fórmula de ajustamento do tempo é usada para determinar o desempenho e a
selecção dos competidores na corrida: uma percentagem baseada na classe de deficiência
específica do indivíduo, multiplicada pelo tempo real da corrida.

2_4 Natação

A natação, feminina e masculina, faz parte das Paralimpíadas desde os primeiros Jogos,
em 1960, em Roma – Itália.

Um sistema de classificação funcional é usado para se realizar uma competição justa


e credível.
O sistema esforça-se por relacionar o grau da incapacidade física com o desempenho
potencial em natação.
A natação é o único desporto que usa um sistema funcional que combina as condições da
amputação (perda de um membro), a paralisia cerebral (coordenação e restrições de
movimento), a lesão medular (fraqueza ou paralisia a envolver qualquer combinação dos
membros) e outras deficiências de diversas classes.

Equipa de classificação:
• 1 médico
• 1 classificador técnico de natação

É realizado um processo de testes em terreno seco, um teste na água e a observação


durante a competição.
Os nadadores devem participar e cooperar totalmente em todas as partes dos testes para
poderem ser classificados.

O procedimento de classificação em terreno seco consiste num conjunto de testes, que


envolvem a avaliação da função muscular, a coordenação, a amplitude dos movimentos
e/ou o comprimento do membro, dependendo da natureza da deficiência do atleta.
Durante o teste na água, os classificadores julgam a capacidade do nadador para
executar as partidas, braçadas e as viragens.
Os pontos obtidos na bateria inicial de testes, dão aos classificadores uma base por onde
começar. O teste na água é usado para se tomar a decisão final.

Os classificadores e os conselheiros técnicos trabalham numa equipa integrada a fim de


garantir que a competição ocorra sem problemas.

http://www.ipcswimming.org/mainframe.htm

Nadadores com deficiências locomotoras


[isto é, amputados, com Paralisia Cerebral, Les Autres, lesionados medulares e com
poliomielite]
competem nos estilos livre, costas e mariposa, nas classes S1(para deficiências severas)
até S10 (para deficiências mínimas).
No estilo bruços, estes nadadores são divididos nas classes SB1 até SB9.
Os nadadores “estilos” competem nas classes SM1 até SM10

Os deficientes visuais competem nas classes S11 (cegos) até S13 (deficiência visual
ligeira).

Os atletas com deficiência intelectual nadam na classe S14. (Actualmente, os atletas


INAS-FID encontram-se suspensos das competições organizadas pelo CPI)
Capítulo 7
1_1_01 Processamento de informação

A maioria das pessoas processa as informações da seguinte maneira:

• O aprendiz recebe a informação através de seu sistema sensorial, processa os dados


no cérebro e selecciona um grupo apropriado de respostas.
• O feedback das modalidades sensoriais diminui a discrepância existente entre o
resultado desejado e o resultado real, até que a pessoa atinja um resultado
satisfatório.
• Os objectivos do professor são o de demonstrar e explicar a tarefa (no momento
em que o aprendiz recebe a informação) e o de dar feedback, incluindo indicações
verbais e sensoriais (no momento em que o aprendiz responde).
• O objectivo dos participantes é o de diminuir a discrepância existente entre a
resposta real e a resposta desejada, utilizando um processo interno de feedback,
recorrendo principalmente à percepção visual e à propriocepção.

1_1_02 Processamento de informação

As pessoas com deficiências físicas podem ter uma percepção corporal alterada ou ter
dificuldades com a propriocepção.

As pessoas com deficiência mental podem ter dificuldade em um ou mais componentes


do sistema de processamento de informação. Quando se trabalha com pessoas com
deficiências mentais, é importante compreender as suas diferentes capacidades de
processar informações e saber como adaptar-se a eles, enquanto professor ou instrutor.

Instructional accommodations include:


• Providing outlines of classes before class
• Allowing a distraction-free environment for tests
• Finding a student buddy
• Allowing extended time for tasks and tests
• Using short and simple instructions

Algumas pessoas com DDAH, Síndrome de Tourrette, alguns tipos de distúrbios de


aprendizagem, autismo, alguns distúrbios psicológicos, depressão clínica, problemas
crónicos de saúde, alguns tipos de lesões cerebrais ou convulsões, podem sentir:
• Dificuldade com a atenção, a concentração e a memória
• Dificuldade em seguir instruções
• Dificuldade de agir sob a pressão do tempo ou de responder a testes com tempo
determinado.
As adaptações de ensino incluem:
• Planear previamente as aulas
• Proporcionar um ambiente livre de distracções para os testes
• Trabalhar em pares
• Permitir um tempo maior para a execução das tarefas e dos testes
• Usar instruções simples e curtas

Os indivíduos com Síndrome de Down ou deficiência mental:


• Podem não ser capazes de processar informações abstractas ou em série
p. ex.: “Vá para o centro do campo, procure um jogador adversário e marque-o”
• A informação deve ser transmitida de maneira muito simples, concreta e passo-a-
passo (uma única informação de cada vez).

Pessoas com DDAH, disgrafia, dislexia, convulsões e alguns tipos de lesão cerebral
podem sentir dificuldade com a orientação espacial.
P. ex.:
• Reconhecer a diferença entre direita e esquerda
• Colocar uma informação na sequência correcta
• Processar a informação num espaço predeterminado de tempo

1_1_03 Processamento de informação

Pessoas com deficiências auditivas ou surdez, distúrbios de aprendizagem e algumas


lesões cerebrais podem ter dificuldade com as informações apresentadas oralmente.
Algumas podem ter dificuldade de discriminação entre certas palavras e sons.

As adaptações no ensino incluem:


• Uso de um emissor/receptor de FM
• Uso da língua gestual
• Uso do sistema Makaton ou outra língua auxiliar de sinais para facilitar a
compreensão do ensino (excepto para os surdos)
• Olhar frente-a-frente para a pessoa ao conversar
• Designar um companheiro para a pessoa com necessidades especiais

Um indivíduo com espasticidade:


• Pode não ser capaz de contar com as suas respostas internas (proprioceptivas) para
calcular o ângulo ou a velocidade do movimento de um membro.
• Uma alternativa seria recorrer a respostas visuais.
P. ex.: análise de vídeo para o treino da marcha (caminhada) após uma lesão
cerebral ou derrame.

Uma pessoa com deficiência visual:


• Pode necessitar de uma quantidade maior de respostas proprioceptivas para
compensar a reduzida capacidade e controlo visual.
1_2 Análise Ecológica de Tarefas

A Análise Ecológica de Tarefas (ETA: Ecological Task Analysis) é uma parte da


abordagem ecológica, que combina a tarefa com a acção do atleta e do ambiente.

O modelo da Análise Ecológica de Tarefas, enquanto uma alternativa à conservadora


teoria do processamento de informação, tem sido usado para estudar o processo do
controlo motor. Apresenta os seguintes princípios básicos:
• Subsistemas múltiplos
• Possibilidades
• Geração de padrões neurais
• Factores dinâmicos de motivação
• Parâmetros de controlo

1_2_01 Subsistemas múltiplos

O movimento é o resultado da interacção de vários subsistemas, incluindo os sistemas


esquelético, dos tecidos moles, dos músculos, neuronal e cognitivo, assim como os
sistemas ambientais.
Cada sistema pode influenciar os demais.

1_2_02 Possibilidades

• São propriedades funcionais que existem entre o ambiente e um determinado actor


(humano ou animal)
• São os recursos ou apoios que o envolvimento oferece a um indivíduo e que devem
ser compreendidos e utilizados por ele.
P. ex.:
• Superfícies que oferecem apoio, como a superfície das esteiras ou dos
trampolins.
• Objectos que podem ser manipulados, como bolas pequenas ou grandes.
• Cargas adicionais, como o peso, ou cargas reduzidas, como a força da
gravidade dentro de uma piscina.
• Factores climáticos, como o vento que empurra de trás, aumentando a
velocidade.

A adição de cargas na AFA poderia incluir as seguintes práticas:


* Manter-se atrás do aprendiz, que está a tentar um lançamento de distância,
e segurar-lhe o braço durante o movimento, para aumentar a resistência.
* Uma criança que está a tentar um salto em comprimento mas que,
normalmente, demonstra um padrão assimétrico, pode ser ajudada,
desempenhando o salto de uma plataforma mais alta.
* Para aumentar a amplitude da flexão e da extensão dos joelhos, num salto
em comprimento, manter-se em frente ao aprendiz e pressionar para baixo
os seus ombros, enquanto ele está a tentar levantar-se.
1_2_03 Geração de padrões neurais

Os padrões de movimentos são resultados de um processo selectivo. Os mapas neuronais


estão baseados na ocorrência de determinadas correlações e no fortalecimento das
conexões sinápticas resultantes da experiência.

O objectivo de se utilizar a Análise Ecológica de Tarefas na intervenção em AFA é


iniciar uma auto-selecção dos padrões compatíveis de movimento que, eventualmente, se
podem vir a tornar estáveis. Durante a transição, estes padrões podem ainda permanecer
instáveis.

1_2_04 Factores dinâmicos de motivação

São padrões que afloram preferencialmente, mas não obrigatoriamente, como um


comprometimento com as possibilidades do envolvimento.

Estes motivadores podem ser estáveis (recuperam-se facilmente de uma perturbação) ou


instáveis (diluem-se facilmente). Devido a condições limitativas, os motivadores tornam-
se instáveis e um padrão “anterior” ou alternativo é gerado.

1_2_05 Parâmetros de controlo

São as relações específicas entre um indivíduo e o envolvimento, que fazem com que o
padrão se modifique.

P. ex.: O uso de “barbatanas” para aumentar a resistência da água pode facilitar o


aparecimento de um padrão plantar e em dorsoflexão apropriado para a natação. A
geração do padrão desejado está relacionada com o tamanho da barbatana, em relação
com a força plantar e dosoflexora.

http://www.forcefin.com/FF_PAGES/Truth_Swim2.html
http://www.indiana.edu/~psych/faculty/thelen.html

1_3_01 Modificação do comportamento

A gestão do comportamento é uma prática baseada na psicologia comportamental, que


identifica os comportamentos inadequados, seus antecedentes e suas consequências.
Por isso, utiliza-se o reforço para aumentar a frequência dos comportamentos desejados e
diminuir a ocorrência dos comportamentos indesejados.

A situação de modificação do comportamento ocorre num ambiente controlado pelo


professor ou pelo treinador, e é comummente aplicada no ensino de pessoas com
deficiência mental severa, autismo ou distúrbios comportamentais.

A seguir, encontram-se diferentes métodos aplicáveis ao ensino ou às sessões de


tratamento de crianças e jovens adultos com comportamentos difíceis.
1_3_02 Técnicas usadas para aumentar a frequência dos comportamentos desejáveis

Princípio de Premack
Em primeiro lugar, promover uma actividade na qual seja altamente provável que o aluno
se envolva (p. ex., jogar futebol), a seguir, propor uma actividade menos provável, mas
mais desejável (p.ex., fazer exercícios de relaxação).

Sistema de economia de fichas


Fichas ou outros materiais reforçadores (p. ex. pontos, estrelas etc.) podem ser ganhos
após a manifestação de um comportamento desejável específico. Por sua vez, de posse
destes mesmos materiais reforçadores, o aluno pode “negociar” uma actividade de sua
preferência.

Contratos de consequências
Trata-se de um acordo, por escrito, feito entre o professor e os alunos, especificando as
regras da actividade, as responsabilidades e as metas comportamentais esperadas por cada
uma das partes.

Modelagem
Ao observar as consequências de um comportamento desejável manifestado pelos seus
colegas, o aluno é indirectamente reforçado e, assim, estimulado a exibir comportamentos
similares.

1_3_03 Técnicas usadas para diminuir a frequência de comportamentos indesejados

Ao se determinar a causa ou as consequências esperadas de um comportamento


indesejado, é possível compreender a razão pela qual a pessoa está a exibir aquele
determinado comportamento que, frequentemente, é propositado.
P. ex.: a indisciplina pode ser uma forma de chamar a atenção; a destruição do
trabalho dos colegas pode ser uma forma de se proteger de uma auto-
percepção negativa e de evitar uma competitividade hostil.

Estas consequências poderiam ser eliminadas. A técnica indicada é sinalizar, visual ou


verbalmente, o comportamento inadequado. Estas técnicas são amplamente utilizadas
nos desportos.
P. ex.: o sistema de faltas individuais ou por equipas do basquetebol, do andebol e
do pólo, e o sistema de cartões amarelos e vermelhos do futebol.

Time out
É a remoção de um reforçador durante um período fixo de tempo.
Normalmente, a criança é colocada num envolvimento menos reforçador que o anterior.

Custo da resposta
É uma espécie de sistema de economia de fichas, em que o aluno perde os pontos
recebidos anteriormente quando exibe um comportamento inadequado.
Reparação
É uma outra variação do sistema de economia de fichas, em que o aluno tem que “pagar”
(com os materiais reforçadores recebidos) pelos comportamentos desajustados que
dificultaram o bom desenvolvimento da tarefa.

Extinction
This means eliminating an undesirable behaviour by totally withholding the specific
reinforcers (e.g. attention) identified as maintaining this behaviour.

Restituição
Comparável à reparação, esta técnica usa o trabalho do aluno, em vez das fichas.
P. ex.: Pedir uma reparação superior aos danos provocados pelo aluno (por
exemplo: arrumar toda a sala de aula, em vez de apenas as duas fileiras
desarrumadas pelo aluno).

Extinção
É a eliminação de um comportamento indesejado através da completa remoção de
reforços específicos (p. ex. a atenção) identificados como perpetuadores do
comportamento.

Restrição física
Esta deveria ser a última estratégia, a ser utilizada apenas em casos de distúrbios severos
de comportamento, como brigas ou destruição de mobiliário. Neste caso, o educador
abraça fortemente o aluno, impedindo-o, fisicamente, de continuar com aquele
comportamento.

Pessoas com alguns tipos de distúrbios de aprendizagem, como a Síndrome de


Tourrette, convulsões e alguns tipos de lesões cerebrais, podem se comportar
inadequadamente porque não são capazes de detectar indicadores sociais subtis
emitidos pelos outros (p. ex., expressões faciais ou tons de voz).
Frequentemente, precisam falar mais alto do que o normal, fazer perguntas pouco
pertinentes ou comentários não usuais na sala de aula, ou usar impropriamente as suas
horas de trabalho.

As estratégias de ensino incluem:


• Não ignorar os comportamentos inadequados
• Dialogar sobre aquele comportamento específico, fora do horário de aula
• Criar um sinal, combinado com o aluno, para indicar quando ocorrem os
comportamentos inadequados
1_4_01 Reestruturação cognitiva

A reestruturação cognitiva é uma técnica psicológica para detectar, controlar e modificar


os pensamentos irracionais, as emoções e os comportamentos.

Esta técnica começou com a Terapia Racional-emotiva-comportamental de Albert


Ellis (1957), sendo posteriormente transformada num conjunto de protocolos de
intervenção.

Estes protocolos oferecem um ambiente estruturado, no qual o participante pode ser


treinado a comportar-se apropriadamente, sob condições que normalmente evocariam
emoções negativas (ansiedade, medo, tristeza, frustração, raiva, culpa ou fuga)

1_4_02 Procedimentos típicos da reestruturação cognitiva e suas aplicações na AFA

Avaliação da cognição

Operacionalmente, a cognição é definida como uma “conversa com si próprio” e é


identificada pelo uso de vários métodos, tais como a entrevista, a recordação, o inventário
de auto-relato e o “pensar alto”. Assim, as cognições identificadas são listadas e
quantificadas em termos de número de ocorrências ou tipos de distúrbios.
P. ex.: Diante de uma criança que falha, repetidamente, ao atirar uma bola ao
cesto, e que grita: “Eu sou mesmo estúpido! Hoje é um péssimo dia
para mim! Eu nunca mais participarei deste jogo estúpido outra vez!”, o
instrutor pode pedir para que ela faça uma lista de todas as suas
emoções e enumerar cada uma delas, por ordem de importância.

“Pare de pensar”

A técnica do “pare de pensar” diminui a frequência e a duração dos pensamentos


perturbadores, interrompendo-os ou substituindo-os por pensamentos opostos.
P. ex.: A criança pode ser solicitada a fazer 10 lançamentos, o mais rápido
possível, enquanto o treinador conta os segundos que se estão a passar.
Eventualmente, o resultado será melhor (neste caso) do que estar a
pensar antes de cada lançamento.

Conflito e reestruturação de distorções cognitivas

A pessoa é ensinada a encarar os seus pensamentos automatizados (originados por uma


cognição desajustada) como hipóteses sujeitas a validação empírica, e não como factos
estabelecidos. Assim, ela é treinada a assumir uma forma alternativa de cognição e outras
estruturas de referência para avaliar a situação em termos objectivos e operacionais.
Pede-se, então, à pessoa para tentar reestruturar os seus pensamentos, através de situações
de role-play e, finalmente, em situações da vida real.
P. ex.: Tal como no exemplo anterior do basquetebol, é possível desenvolver
explicações alternativas para a prática ineficaz, especialmente para as
condições externas (envolvimentos ou equipamentos não familiares) ou
para as internas (exaustão) e tentar modificar estas condições.

1_5 Reflexão narrativa


A experiência orientada de reflexão focaliza-se mais na própria percepção da pessoa do
que no seu convencimento.

Os professores e os pais devem ser encorajados para seguir práticas reflexivas, de modo a
processar as experiências da criança, que são derivadas de um aconselhamento
narrativo-cooperativo.

Estas práticas consistem na curiosidade partilhada expressa através de perguntas,


buscando reflectir a responsabilidade e o direito de experimentar situações de êxito e,
desta forma, mobilizar o poder da pessoa para lidar com situações de desprazer.

Questions are thus posed to the participant with the aims of:

Assim, as perguntas são feitas à pessoa com os objectivos de:

Estabelecer uma responsabilidade pessoal sobre o domínio das experiências


Usar os seguintes tipos de perguntas:
• Como explica o seu êxito?
• Como fez com que isto acontecesse?
• Como se preparou para alcançar este êxito?
• O que é que este êxito tem a ver consigo?
• Que tipo de forças foram necessárias para que tivesse alcançado este êxito?
• Se houve momentos em que desejou abandonar a prova (p. ex.: durante uma
corrida de longa distância), o que o fez continuar?
• Quando foi que lhe ocorreu que podia vencer esta prova?

Encontrar excepções no comportamento indesejado, buscando situações anteriores


de domínio das experiências
Usar os seguintes tipos de perguntas:
• O que é que fez, anteriormente, que o ajudou a evitar a falha?
• O que você pensa que pode fazer, no futuro, para mudar o resultado?
• O que você pensa que pode poderia ser mudado na sua preparação?

Aumentar a amplitude do domínio das experiências


Usar os seguintes tipos de perguntas:
• O que é que você fez, anteriormente, que poderia ter sido útil para prever o seu
êxito?
• Como você pode usar a sua competência no dia-a-dia?
• Que tipos de sinais identifica como preditores de um novo êxito?
• Quais são as suas expectativas de um futuro êxito?
Reforçar com uma audiência (p. ex. colegas e outras pessoas significativas) que
poderia esperar o êxito dos resultados
Usar os seguintes tipos de perguntas:
• Como é que pensa que os seus amigos vêem o seu êxito?
• Quem será a pessoa que ficará menos surpreendida com o seu êxito?
• A quem gostaria de contar o seu êxito?

Generalizar o êxito
Usar os seguintes tipos de perguntas:
• Que diferença no seu comportamento/aparência pensa que os seus
colegas/pais/professores irão reconhecer em si, após este êxito?
• Como poderia usar a sua experiência para ajudar um amigo a enfrentar a mesma
situação, tal como você o fez?

Técnicas adicionais
Usar os colegas como uma “equipa de reflexão” para melhorar ainda mais os
resultados positivos. Usar metáforas para fortalecer o vínculo associativo com a
experiência.
• A mala mágica: Esta é uma mala imaginária que fica consigo em cada actividade.
Que experiências tem colocado dentro desta mala?
• A linguagem do polegar: Aponte o polegar para baixo para indicar as falhas, para
cima para indicar os êxitos e para o lado para indicar indiferença. Como você pode
fazer com que o polegar suba?

1_6_01 Modificações no ensino

Considerações gerais

Os alunos com problemas de locomoção ou de controlo motor (p. ex. Artrite, Distrofia
Muscular, Esclerose Múltipla, Paralisia Cerebral, lesão cerebral, paralisias ou deficiência
visual) podem ter dificuldades para aprender e para desempenhar tarefas motoras que,
frequentemente, são triviais para os alunos sem incapacidades, como subir escadas ou
percorrer longas distâncias.

As modificações no ensino em geral, incluem:


• Informar, antecipadamente, sobre as modificações que ocorrerão na classe
• Modificar a sala de aula
• Contar com um professor de apoio ou assistente na classe
• Garantir um espaço suficiente
• Dar um tempo extra para as tarefas
• Encontrar um colega/aluno ajudante ou parceiro
1_6_02 Os ajustamentos específicos no ensino incluem

• Indicação verbal
• Modelagem
• Orientação sensorial
• Manipulação táctil
• Ajuda física
• Adaptação do ensino
• Feedback

1_6_03 Indicação verbal (estilo de comando)

Trata-se de encorajar a pessoa, verbalmente, a desempenhar uma tarefa.


Esta indicação deve ser dada de maneira personalizada
P. ex.: chamar a pessoa pelo nome

1_6_04 Modelagem

Trata-se da demonstração de como desempenhar uma tarefa, normalmente feita após


uma indicação verbal. No caso de o aluno não responder adequadamente, é possível fazer
a demonstração simultaneamente com o indicativo verbal, com o objectivo de melhorar a
compreensão da informação.

1_6_05 Orientação sensorial

Algumas vezes é possível aumentar o afluxo de informações sensoriais, usando os


proprioceptores (receptores cinestésicos) para além dos estímulos visuais e verbais. Isto
pode ser feito conduzindo, passivamente, os membros da pessoa, de modo a ela executar
o padrão de movimento desejado.
P. ex.:
• Manter-se atrás do aprendiz, que está a tentar um lançamento de precisão, e
segurar-lhe o braço durante o movimento para a frente, para aumentar a resistência.
• Se a criança estiver a tentar um salto em comprimento mas, frequentemente,
demonstrar um padrão assimétrico, ela deve tentar executar o salto de uma
plataforma mais alta.
• Para aumentar a amplitude da flexão e da extensão dos joelhos num salto em
comprimento sem balanço, manter-se em frente ao aprendiz e pressionar para
baixo os seus ombros, enquanto ele está a tentar efectuar a impulsão para o salto.

1_6_06 Informação táctil do movimento

Esta técnica é especialmente útil para indivíduos com deficiência visual. Trata-se de
permitir que o aprendiz toque (sinta) o seu parceiro ou o seu instrutor a executar o padrão
correcto de postura ou de movimento, que foi anteriormente difícil de aprender.
O professor deveria seguir as seguintes regras:
• Dizer à criança onde e quando tocar em si ou no parceiro, enquanto executa a
tarefa
• Deixar claro onde, quando e porquê a criança tocou em si ou no parceiro
• Repetir, o quanto for necessário, para assegurar que o aprendiz compreedeu

1_6_07 Ajuda física

Se o aprendiz é incapaz de desempenhar a tarefa de qualquer outra forma, pode ser útil
dar-lhe um apoio físico parcial, ajudando-o a executar o movimento. No entanto, é
importante possibilitar que o aprendiz se movimente por si próprio, sempre que possível.

É também importante:
• Dizer à criança quando se lhe vai tocar, quando se realizar a ajuda física
• Ir reduzindo a ajuda física para um simples toque

1_6_08 Adaptação do ensino

Um exemplo prático da adaptação do ensino: lançamento

Passos úteis a seguir quando se está a ensinar uma pessoa cega a lançar uma bola.

Utilizar ajudar física para que a pessoa assuma a posição inicial correcta (sem a
bola): pernas afastadas à mesma largura dos ombros, um pé à frente do outro.
Praticar a alternância de peso de um pé para o outro.
Utilizar ajudar física para que a pessoa acrescente o movimento do braço ao
exercício anterior: o braço oposto à perna dianteira faz o movimento de lançamento
para a frente.
Dois-a-dois, uma pessoa atrás da outra: a pessoa de trás posiciona a altura correcta
do cotovelo e estimula o movimento do braço da pessoa cega.
Aumentar o controlo sensorial do lançamento, através da orientação física: a
pessoa com deficiência visual segura a ponta de uma corda esticada com a sua mão
de lançamento, enquanto a outra pessoa, atrás, segura a outra ponta e, com cuidado,
oferece resistência aos movimentos de lançamento, a fim de aumentar a
propriocepção da posição do braço durante o movimento. O mesmo é possível com
uma roldana.

A mesma metodologia pode ser usada para o treino de atletas cegos, em outras situações
de lançamento.

1_6_09 Feedback

O feedback é uma informação dada ao aprendiz após o desempenho de uma tarefa, a fim
de melhorar o desempenho ou aumentar a motivação para a execução da actividade.
• Evitar o uso de expressões negativas, como “que mal” ou “não estava à espera que
fizesse isso”
• Falar das características relacionadas com o processo, em vez das relacionadas
com o resultado, uma vez que estas são prontamente percebidas pelo aprendiz.

Exemplos:

• “O lançamento será mais eficiente se rodar o tronco durante o movimento”


• “Continue o movimento do braço até o fim, em direcção à sua perna oposta, para
aumentar a distância do lançamento”
• “Se começar o salto mais cedo, a chamada será mais centrada no trampolim”

2_1 Ambiente

O ambiente é composto pelos objectos físicos e demais equipamentos que permitem que
a pessoa desempenhe uma tarefa.
• A rede, no ténis de campo e de mesa, é um obstáculo sobre o qual as bolas
deveriam ser lançadas. Entretanto, se o lançamento for uma acção muito difícil, é
possível remover a rede para possibilitar que a bola seja jogada.
• A altura da rede de voleibol ou do cesto de basquetebol pode ser modificada
• Tanto para o badminton sentado quanto em cadeira de rodas, os limites do court
podem ser diminuídos para aumentar a possibilidade de indivíduos com problemas
de mobilidade baterem a bola.
• As áreas recreativas deveriam ser duras e planas para facilitar a movimentação de
cadeiras de rodas.

As marcações em relevo nos recintos desportivos podem ser bastante úteis e importantes
para pessoas com deficiências visuais ou perceptivas. Podem, ainda, ser colocadas nos
pisos e nas paredes para ajudar a guiar as pessoas durante as tarefas.

2_2 Equipamento

As actividades físicas envolvem uma grande variedade de equipamentos, incluindo, entre


outros:

Bolas e acessórios
O tamanho e o peso de uma bola condicionam a técnica de lançamento e de pontapear,
assim como a força necessária para executar estes movimentos com sucesso.
Consideram-se, nesta categoria, o lançamento do dardo, o tiro e outros equipamentos de
campo, que também possam ter o tamanho ou o peso alterados.

Alvos
O tamanho das balizas ou dos cestos de basquetebol pode ser aumentado ou diminuído,
para que aumentar o sucesso da tarefa, respeitando-se a coordenação ou a força do
participante.
Raquetes
A área da superfície e o peso das raquetes podem variar de acordo com a capacidade ou a
força de cada indivíduo. Uma raquete pode também ser usada em lugar de um bastão ou
de um stick, a fim de aumentar a possibilidade de acertar, por exemplo, numa bola leve
de basebol ou de hóquei

Auxiliares para a locomoção


Podem ser usados para o treino ou para circuitos de corrida ou transporte, bicicletas,
triciclos, equipamentos de esqui, pranchas, patins e até andadores, desde que a superfície
seja suficientemente dura.
A bicicleta Petra-cycle é um bom exemplo.

Equipamentos de condição física


Os equipamentos de treino com pesos podem ser usados por todas as pessoas, sem
adaptações. Porém, com a construção de bancos ajustáveis e mais flexíveis e a colocação
de assentos e barras nos equipamentos, mais pessoas podem ter acesso a este tipo de
exercício.

Auxiliares para as actividades aquáticas


Os procedimentos de apoio para a propulsão na água são encontrados em larga escala.
Barbatanas, palmares, pranchas, tapetes flutuantes, tubos e tiras podem ajudar a pessoa a
flutuar e auxiliar na propulsão na água.

2_3_01 Tarefa

Uma tarefa pode ser definida como qualquer tipo de movimento executado com um
objectivo em mente.
P. ex. Bater numa bola com uma raquete
Correr 50m
Lançar uma bola

A compreensão de quão variada pode ser uma habilidade funcional nas diferentes
pessoas, é um bom exemplo para imaginarmos as diversas formas pelas quais um
indivíduo pode desempenhar uma tarefa.

Exemplo
O lançamento por cima da cabeça é um exemplo de movimento que tem um padrão típico
de manipulação e projecção da bola com relativa precisão, quando se trata de pessoas
sem deficiências. O padrão adequado e maturo desta tarefa encontra-se documentado no
Teste de Comportamento Motor Global e é normalmente usado para identificar atrasos no
desenvolvimento ou distúrbios de coordenação.
2_3_02 Outros exemplos

Os exemplos a seguir oferecem uma variedade de padrões alternativos usados para


concluir a tarefa de lançamento, usando padrões atípicos, derivados de problemas
específicos da estrutura músculo-esquelética.

• A participante que aparece na figura tem uma Atrofia Muscular Espinal (SMA:
Spinal Motor Atrophy). No seu caso, apresenta paralisias severas do tronco e dos
músculos dos membros inferiores. Devido à sua condição, ela pode usar apenas os
músculos dos braços, e não os músculos do tronco. Sua adaptação é um padrão
bilateral, no qual ela tenta, em dois diferentes estilos, um lançamento de peito e um
lançamento por cima da cabeça.
• Esta é uma participante com Paralisia Cerebral. O seu problema causa sérias
deficiências de mobilidade e de estabilidade. Por isso, ela prefere usar um andador
para lhe dar estabilidade durante o lançamento. Ela agarra-o, utilizando-o como um
ponto de fixação, podendo, assim, ter um padrão quase “normal” com o braço
colateral, usando a rotação do tronco.
• Um outro exemplo é o padrão de lançamento de um adolescente com Spina Bífida.
Ele consegue fazer lançamentos, usando a sua cadeira de rodas, com uma rotação
completa da parte superior do corpo, utilizando os músculos fortes do tronco,
enquanto se agarra à cadeira, usando-a como um ponto de fixação.
Esta pessoa teve uma fixação de vértebras (um procedimento cirúrgico na coluna,
devido a severas degenerações dos discos, no qual pequenos cilindros são
colocados entre as vértebras), perdendo, assim, a mobilidade do tronco. Adquiriu
um novo padrão de lançamento.

2_4 Regras

As regras são o que permite às pessoas participarem de um jogo ou desporto juntas,


comprometendo-se num objectivo comum. As regras não deveriam excluir as pessoas
cujo funcionamento é diferente, mas, pelo contrário, deveriam inclui-las. Enquanto
professor de uma escola ou de um centro desportivo, é importante ser criativo e inclusivo
com as regras de um jogo ou de um desporto, a fim de estimular a completa participação
de todos.

A seguir, encontram-se alguns exemplos e sugestões de como as regras desportivas


podem ser adaptadas.

O ténis é um desporto popular que permite com que pessoas em cadeira de rodas joguem,
recreativamente, com pessoas sem deficiência, ou que participem de competições com
outras pessoas com mobilidade parecida. A única adaptação a ser feita é permitir que o
usuário da cadeira acerte a bola depois de 2 toques no chão, em vez de um, como ocorre
no ténis em pé.
O ténis de mesa pode ser simplificado removendo-se a regra do “serviço cruzado” para
os iniciados ou para os jogos recreativos. A altura e as dimensões da mesa devem ser
adaptadas para os praticantes com ou sem cadeira de rodas.

O Voleibol pode ser simplificado, sendo permitido que, em cada passe, a bola seja
agarrada e depois lançada (em vez de um único toque). Pode contar com mais ou menos
participantes e o número permitido de contactos com a bola, de cada um dos lados, pode
ser aumentado.

O Basquetebol requer poucas alterações para a adaptação a jogadores em cadeira de


rodas. Por exemplo, é possível permitir que um jogador dê dois impulsos nas rodas da
cadeira, antes de entrar em drible, passar ou lançar a bola. O tempo permitido dentro da
área pode ser aumentado para dar tempo suficiente para a deslocação daqueles que
estiverem em cadeira de rodas. Além disso, a própria cadeira de rodas pode ser
considerada uma extensão do jogador, no caso de contacto ou de violação de limites.

O Futebol de 7 pode ter algumas modificações, como eliminar a regra do fora de jogo,
diminuir o campo ou as balizas ou permitir que o remate à baliza possa ser feito com um
braço. As adaptações podem ser feitas dependendo dos tipos de deficiência apresentados
pelas equipas.

Muitos jogos podem ser igualmente adaptados às capacidades de qualquer um. Os jogos
com pára-quedas, por exemplo, são bastante populares. Visite o site
http://www.teachingideas.co.uk/pe/parachute/contents.htm

2_5_01 Segurança

Considerações gerais

A segurança é uma das mais importantes preocupações, durante a AFA, de modo


diminuir o risco de lesões e outros problemas de saúde. Em geral, são recomendadas as
seguintes práticas:

• Eliminar ou, pelo menos, diminuir os obstáculos existentes nas áreas das
actividades, mantendo livres as passagens e as outras vias de acesso. Estes
obstáculos incluem aparelhos de ar condicionado salientes, halteres, malas
escolares espalhadas, acessórios de natação ao redor da piscina e quaisquer outros
objectos desnecessários.
• Certifique-se que os participantes compreenderam as suas instruções. Faça uma
segunda revisão, principalmente quando estiver numa actividade de exterior ou
numa actividade de interior intensa.
• Quando liderar actividades em cadeira de rodas, esteja seguro que os participantes
tenham domínio do uso das suas cadeiras, incluindo as impulsões para a frente e
para trás, as curvas e as viragens. Durante os desportos competitivos e de contacto,
como o basquetebol em cadeira de rodas, é previsível que aconteçam quedas; por
isso, certifique-se que os jogadores se sabem levantar após uma queda. Para além
disso, assegure-se que a superfície da área desportiva seja plana, e que os
participantes não irão passar por diferenças inesperadas de altura.
Durante os exercícios de alongamento, verifique duplamente a amplitude de
movimento, em especial, das articulações, para diminuir o perigo de lesão dos
tecidos ou de deslocamento ósseo.
• Ao conduzir actividades de condição física para pessoas em cadeira de rodas, leve
em consideração a sua maneira usual de transferência e não sobrecarregue as
articulações dos ombros, o que poderia resultar numa lesão muscular.
Ao desempenhar actividades de contacto ou de alto impacto, leve em conta a
densidade óssea dos participantes. Eles podem sofrer de osteoporose, osteogénese
imperfeita ou osteopenia, correndo um sério risco de contrair uma fractura.
Alguns participantes podem ter problemas excepcionais do sistema circulatório,
digestivo ou urinário ou outros. Pergunte sempre às pessoas quais são os seus
problemas específicos que devem ser considerados quando participam numa
actividade física e como lidar com eles.
• Tenha a certeza de ter revisto as precauções específicas, as contra-indicações ou as
considerações médicas acerca dos problemas de saúde. Veja, por exemplo, a
secção de detalhes sobre as deficiências, no site INSPIRE
http://twu.edu/~f_huettig/fact_sheets/disabili.htm

2_5_02 Considerações específicas

Esteja ciente das importantes precauções específicas de cada problema de saúde:

• Estima-se que 15% das pessoas com Síndrome de Down apresentam instabilidade
atlanto-axial. Este problema coloca em risco a espinal-medula, ao nível da
articulação atlanto-axial, se a pessoa participar de exercícios inadequados como
rolamentos, projecções de judo, etc.
• Podem surgir escaras, se a pessoa se mantiver sentada durante muito tempo ou
mover o corpo sobre superfícies irregulares. Os praticantes devem ser alertados
para o risco potencial destas situações.
http://www.spinalinjury.net/html/_pressure_sores.html
• Sob condições excessivamente quentes ou frias, a regulação da temperatura pode ser
uma preocupação séria das pessoas com lesões altas na espinal-medula. Devido à
falta de comunicação entre a glândula tiróide e o cérebro, a parte paralisada do
corpo não sua e, portanto, não se pode arrefecer. O corpo reage através de febre
quando super-aquecido.
• Alguns atletas com lesões medulares podem tentar melhorar o seu desempenho,
activando uma disreflexia autónoma. Uma descarga repentina – devido a uma
obstrução urinária ou outra medida agressiva – das funções autónomas do Sistema
Nervoso Central, pode ser usada como artifício para melhorar o desempenho. Esta
prática errónea pode pôr em risco a saúde do atleta.
3_1 Basquetebol em cadeira de rodas

• Introdução
• Condições ambientais
• Impulsão da cadeira de rodas
• Lançamento
• Manuseio da bola
• Condições físicas necessárias

3_1_01 Introdução

O basquetebol em cadeira de rodas é o jogo mais popular para pessoas com condições de
deficiência. Foi desenvolvido nos finais dos anos 40 por veteranos de guerra norte-
americanos. Hoje em dia, cerca de 25.000 homens, mulheres e crianças com deficiência
física praticam este desporto, em mais de 80 países.

O critério de selecção para as competições internacionais de basquetebol em cadeira de


rodas é possuir qualquer limitação funcional que impeça o jogador de participar em
competições regulares de basquetebol. O desporto é praticado em clubes locais, regionais
e nacionais e em competições internacionais. Muitos países contam com ligas mistas, a
nível recreativo, de jogadores com e sem condição de deficiência (todos a usar cadeira de
rodas).

O actual Sistema de Classificação dos Jogadores da Federação Internacional de


Basquetebol em Cadeira de Rodas foi adoptado em 1984 e é apresentado, neste CD, na
secção Classificação. Mais informações sobre regras e práticas de competição de
basquetebol em cadeira de rodas podem ser encontradas em
http://www.iwbf.org/technical.htm

3_1_02 Condições ambientais

Normalmente o ambiente do basquetebol em cadeira de rodas mantém-se inalterado.


Para a inclusão de jogadores principiantes ou com capacidades funcionais limitadas
(como tetraplegia ou distúrbios de coordenação), pode-se usar a técnica do twin
basketball, desenvolvida no Japão. Trata-se do uso de um cesto separado, mais baixo,
especificamente para as pessoas com poucas capacidades funcionais.

Esta prática pode também ser usada em ambientes inclusivos, para integrar indivíduos
com e sem condição de deficiência. Entretanto, o praticante deve estar seguro de duas
questões importantes:
1. De que são tomadas medidas de segurança a fim de diminuir o risco de colisões
entre um jogador em cadeira de rodas e um jogador sem deficiência.
2. De que as adaptações das regras asseguram que haja uma distância clara entre o
usuário de cadeira de rodas e os jogadores de defesa sem cadeira de rodas – caso
contrário, seria demasiado frustrante o facto de os usuários de cadeira de rodas
nunca terem a possibilidade de arremessar a bola ao cesto.
3_1_03 Impulsão da cadeira de rodas

As mãos impulsionam as rodas como uma forma de substituição da marcha. Agarrar o


aro para impulsionar a cadeira é uma tarefa motora complexa e relativamente ineficiente,
cujo objectivo é empurrar a cadeira para a frente.
Diferentes técnicas podem ser usadas.

Técnicas comuns de deslocar a cadeira:


• Colocar a mão nos aros e nos pneus
• Colocar os dedos no aro
• Colocar o polegar e o pulso no aro. Esta técnica é geralmente preferida, porque
está associada à diminuição da força para travar.

* O movimento de empurrar inclui uma fase propulsiva (30-40%) e uma fase de


recuperação (60-70%).
* O movimento de empurrar é bilateral e é especialmente propício à assimetria (isto
é, é muito importante que ambas as mãos toquem no aro ao mesmo tempo)
* Usando um relógio como metáfora, a fase propulsiva começa das 12:00 às 13:00
horas e continua até às 15:00 horas (dependendo do alinhamento do tronco) e a
fase de recuperação continua com o movimento circular. Esta alternância de
esforço permite diminuir a tensão das articulações.
* Os 2-3 primeiros impulsos necessitam ser mais fortes, até que a aceleração atinja
o seu limite.

3_1_04 Adaptação da tarefa – lançamento ao cesto

O lançamento ao cesto, a partir de uma posição sentada, apresenta diferenças importantes


de postura e de movimento, quando comparado com um lançamento em pé. Vários
estudos que exploraram as técnicas de lançamento no basquetebol em cadeira de rodas
são discutidos, neste CD, na secção “Leia Mais”.

Os critérios-chave são os seguintes:

• Os jogadores de basquetebol em cadeira de rodas geralmente alinham as suas


cadeiras num ângulo de 30-45 graus em relação ao cesto, dependendo da sua
capacidade funcional.
O ângulo de lançamento no basquetebol em cadeira de rodas é ligeiramente mais
alto do que no basquetebol comum.
• Para poder lidar com os problemas associados com a posição sentada e com a
necessidade de aumentar a velocidade angular e dianteira, os jogadores de
basquetebol em cadeira de rodas usam várias técnicas de compensação:
* Aumentam a trajectória horizontal da bola, em vez da trajectória vertical
do basquetebol comum.
* Fazem um lançamento em movimento (em vez de parado), aproveitando a
velocidade horizontal da cadeira.
• Há vantagens para os jogadores mais altos. Quando estão debaixo do cesto,
precisam usar apenas o movimento de lançamento com a mão por baixo da bola,
sem precisarem recorrer à velocidade da cadeira.

3_1_05 Adaptação da tarefa – levantando ou apanhando a bola do chão

Algumas vezes, a bola pode rolar no chão. Devido às suas deficiências, os jogadores de
basquetebol em cadeira de rodas não são capazes de saltar para o chão para a agarrar. Por
isso, foi desenvolvida uma técnica específica, usando a roda como um auxiliar.
A técnica consiste, basicamente, em posicionar a cadeira de rodas, em movimento, rumo
à bola. Perseguindo a bola, o jogador pressiona-a com uma das mãos contra os aros da
roda e, assim, seguindo o movimento ascendente de rotação da roda, ele consegue trazer
a bola até a altura da sua cintura e agarrá-la com a outra mão.

3_1_06 Condições físicas necessárias

Para se jogar basquetebol em cadeira de rodas é necessário um modelo misto de treino


aeróbico e anaeróbico. Contudo, a tensão do sistema cárdio-respiratório, quando se usa
apenas a parte superior do corpo, pode ser muito menor nas pessoas em cadeira de rodas,
atingindo apenas uma média de cerca de 60% do limite cardiovascular (entrada de VO2
de, aproximadamente, 2.5 litros por minuto). Por isso, a fadiga muscular localizada é o
factor mais restritivo para o desempenho do atleta. Assim, o treino deve dar importância
aos exercícios cardiovasculares elaborados para aumentar a resistência muscular.

3_2 Natação

A água é acessível a todas as pessoas, permite uma maior liberdade funcional e dispensa
muitos auxiliares de marcha. Alguns exemplos de estilos e técnicas de natação para
deficiências específicas são apresentados a seguir.

• Indivíduos com lesões medulares


- Estilo de costas
- Estilo de bruços
- Estilo livre
• Indivíduos com distúrbios visuais
• Indivíduos com hemiplegia

Acesso à piscina

Nadadores em cadeira de rodas, que possuem funcionalidade nos braços e ombros, são
estimulados a entrar e sair independentemente da piscina, usando as almofadas das suas
cadeiras para prevenir as escaras.

Alguns participantes podem, todavia, necessitar de assistência para se poderem transferir,


com segurança, da e para a cadeira de rodas.
É preciso, nestes casos, usar técnicas apropriadas e/ou um elevador.

3_2_01 Indivíduos com lesões medulares – Estilo de costas

• O estilo de natação mais frequentemente recomendado às pessoas com lesões


medulares é o estilo de costas. Devido à necessidade de manter as vias aéreas
livres, recomenda-se que a introdução à natação se dê através do estilo de costas
básico: executar uma braçada bilateral simultânea e executar a recuperação com os
braços dentro da água.
• Quando for capaz de controlar a posição de costas, o nadador pode evoluir para o
padrão clássico do estilo, com braçadas alternadas
• É especialmente importante aumentar a amplitude dos movimentos dos ombros,
uma vez que os nadadores com lesões medulares frequentemente desenvolvem
uma considerável rigidez nos músculos dos ombros.
• O estilo de costas liberta a face da água e assegura uma respiração livre durante as
braçadas. A maior barreira está no afundamento das pernas, que aumenta
drasticamente a resistência ao deslizamento.
• Para garantir um posicionamento horizontal, é preciso estimular a energia da
braçada dentro da água, com o cotovelo flexionado ou com um movimento
completo e superficial. Nadadores com lesões cervicais (tetraplegia) devem
flexionar o pulso para compensar a sua incapacidade de juntar os dedos.
• Para permitir a recuperação do outro braço durante a braçada, alguns nadadores
executam só metade do movimento completo. Isto não é recomendado pelas
seguintes razões:
* Faz com que a mão se afunde e obrigue que a recuperação se inicie de uma
posição muito baixa, empurrando a água para cima. Como resultado, os
quadris são empurrados para baixo e o corpo afunda.
* Reduz a frequência da braçada, que é necessária para diminuir a oscilação
excessiva do quadril.

3_2_02 Indivíduos com lesões medulares – Estilo de bruços

• O estilo de bruços exige braços relativamente fortes. Contudo, os nadadores com


lesões nos músculos inferiores das costas podem não conseguir sustentar a cabeça
e os ombros. Quanto mais vertical for a braçada, mais as pernas podem afundar.
Por isso, geralmente é recomendado um puxão amplo e superficial.
• Os nadadores também são estimulados a reduzir a frequência das respirações (1 em
cada 2 ou 3 braçadas) para poderem reduzir o afundamento excessivo das pernas.
Pela mesma razão, não é recomendado o deslizamento no começo da braçada.
3_2_03 Indivíduos com lesões medulares – Estilo Livre

• O Estilo Livre é o que possui a braçada mais rápida, exigindo um puxão forte e
rápido. Algumas pessoas podem ter dificuldade em executar a braçada deste estilo,
devido ao mau funcionamento dos tricípedes ou dos músculos extensores e
flexores dos dedos. Nestes casos, uma braçada ampla pode compensar a posição
correcta, geralmente recomendada para o ângulo do cotovelo.
• Ao contrário dos nadadores sem deficiências, a rotação do corpo pode ter que ser
aumentada para compensar a perda de amplitude dos movimentos dos ombros.
Uma recuperação ampla pode ser usada para aumentar a rotação do corpo e, assim,
ajudar na respiração.
• A frequência das respirações deve ser diminuída, uma vez que o movimento de
levantar a cabeça e os ombros aumenta o afundamento das pernas
• Arcar a parte inferior das costas e prolongar o puxão até o final da braçada, pode
reduzir o afundamento das pernas.
• Os nadadores com lesões cervicais têm, geralmente, uma respiração mais limitada,
devido à deficiência dos músculos do tronco. Por isso, eles podem ter dificuldades
em percursos de longa distância. Nestes casos, é recomendado que seja realizado
treino intervalado, com períodos maiores de descanso. O atleta com lesão cervical
pode também ter dificuldade em atingir uma frequência cardíaca acima dos 130,
devido à deficiência do sistema nervoso autónomo.

3_2_04 Natação para indivíduos com deficiência visual

Os nadadores com deficiência visual necessitam de dispor de capacidades de orientação


na água, tal como os nadadores normo-visuais principiantes. Aprendem a nadar com base
nas mesmas etapas, habilidades e técnicas.

As principais considerações sobre a adaptação do ensino e do treino para nadadores


com deficiência visual são:

• Marcação: é importante equipar a piscina com sinais brilhantes que possam


ajudar a orientação visual dos nadadores com deficiência visual. O amarelo ou o
laranja são mais visíveis em contraste com fundos escuros.
• Guias: os nadadores cegos precisam de alguma forma de direcção, conforme as
suas preferências. Uma das práticas mais comuns é segurar o braço ou o ombro
de um guia.
• Ensino: A manipulação táctil (também chamada Patterning) é também um
método muito útil para demonstrar os padrões de movimento àqueles indivíduos
que nunca viram e que não conseguem reproduzir padrões similares de
movimentos. A aprendizagem da viragem pode ser feita tocando lentamente o
nadador enquanto ele executa o movimento.
• Controlo das viragens: Alguns nadadores são ensinados a contar as braçadas
para completar uma volta. Entretanto, geralmente é usado o toque para indicar a
aproximação da borda da piscina. Alguns materiais, como tubos plásticos atados
com cilindros de espuma, são usados para uma pessoa tocar levemente a cabeça
do nadador. Durante uma competição, a função destes “tocadores” é muito
importante e o nadador deve ter total confiança que o toque vai ser dado no
momento exacto.

3_2_05 Natação para indivíduos com hemiplegia

A hemiplegia é um problema caracterizado por uma lesão não-simétrica, no tronco e nos


membros, como resultado de uma disfunção, congénita ou adquirida, no Sistema Nervoso
Central. A hemiplegia é bastante comum em pessoas com Paralisia Cerebral.

A natação, neste caso, tem objectivos tanto funcionais (competitivos) quanto


terapêuticos. Os especialistas em AFA devem considerar qual destes objectivos é mais
adequado para cada pessoa.

• Para o objectivo terapêutico, deve ser garantido o uso simétrico dos braços e das
pernas. Por este motivo, o estilo de bruços seria o mais apropriado para aprender,
dando ênfase à amplitude do movimento do lado afectado.
• Para o objectivo funcional, o Estilo Livre, na maioria dos casos, seria o estilo mais
rápido a dominar, com os resultados de desempenho mais atractivos. Neste caso,
todavia, necessitam de ser feitas uma série de adaptações.
* Durante o treino, é, por vezes, mais eficaz executar o movimento de pernas
apenas com a perna não afectada, frequentemente usando uma barbatana.
* Se a lesão for profunda, deve-se procurar que o nadador mantenha o braço
afectado embaixo do tronco, e não tente usá-lo para a propulsão.
* O braço funcional, entretanto, deve ser usado com um puxão em forma de
S mais acentuado e longo.
• Em pessoas que tenham uma amplitude seriamente limitada de movimentos do
lado afectado, a respiração deve processar-se do lado do braço não-deficiente,
frequentemente, com uma rotação exagerada do ombro, para liberar a cabeça para
a respiração, sem ter a que inclinar. A inclinação da cabeça pode aumentar a
espasticidade e, assim, aumentar a resistência ao movimento. Por isso, deve-se
encorajar a adopção um padrão no qual a cabeça rode juntamente com os ombros.
Nos casos de uma maior amplitude de movimentos, estimula-se o uso de ambos os
lados para respirar e aumentar a simetria da rotação do corpo e, assim, diminuir a
resistência.
3_3 Ginástica

A ginástica é uma área da actividade física que pode ser facilmente adaptada às diversas
incapacidades. Devido ao uso regular e generalizado de marcações, a um apoio
sistemático no ensino e à possibilidade de ensino através de colegas, as habilidades
podem ser individual e gradualmente desenvolvidas, até se atingir a mestria. Os
exemplos, a seguir, descrevem boas práticas de adaptação da ginástica em contextos
escolares.

• Adaptação da tarefa
• Adaptação do equipamento

3_3_01 Adaptação de tarefa para alunos com deficiências motoras severas

Maria é uma aluna do 12º ano de uma escola regular. Ela tem Paralisia Cerebral, que
afecta todos os seus membros e o tronco (tetraplegia), com uma maior limitação nos
membros inferiores. Caminha lentamente com muletas e precisa de ajuda em actividades
motoras finas.
Apesar de apresentar alguns problemas de articulação, a sua inteligência é normal e
frequenta uma escola regular, na sua comunidade.

Maria gosta tanto do ambiente recreativo regular quanto especial. Ela aprendeu a nadar
com a ajuda de terapeutas aquáticos e pode, neste momento, nadar autonomamente,
necessitando, unicamente, de ajuda para entrar e sair da piscina.

Quando terminar o curso secundário, receberá, também, um diploma de ginástica. Tanto


ela como o seu professor recorreram a um especialista em Actividade Física Adaptada e
desenvolveram um programa de ginástica adaptada, tal como pode ser visto no vídeo.

3_3_02 Adaptação de equipamentos para alunos com problemas de coordenação e


hipotonia

Milena é uma aluna com Distúrbio do Desenvolvimento da Coordenação, que frequenta


as aulas de ginástica numa escola regular. Consegue executar exercícios elementares de
ginástica, com algumas adaptações tanto no ensino, no ambiente e nos equipamentos.

• Para o rolamento para a frente, ela precisa de uma adaptação no ambiente, usando
um plano inclinado; uma adaptação no ensino, usando uma ajuda física e uma série
de exercícios preliminares para a auxiliar a aprender o padrão do movimento.
• Para a roda, ela precisa de marcas no tapete para assinalar as posições correctas das
mãos.
• Para os exercícios de flexão de braços, uma adaptação da tarefa seria manter os
joelhos no solo
3_4 Esqui Nórdico

Ganhar ou perder, num desporto, depende do treino, do talento, da motivação e da


capacidade. As diferenças nas técnicas do esqui Nórdico de todo terreno são baseadas no
nível da lesão dos atletas, dos seus posicionamentos sentados e dos equipamentos usados.

As técnicas são:
• Duplo impulso: a técnica mais conhecida. Contém três fases: a colocação dos
bastões, o empurrão e uma fase curta de recuperação.
• Passo diagonal: tem as mesmas fases que o duplo impulso. É usada por atletas com
lesões a um nível elevado e com deficiências nos músculos do tronco. Esta técnica
é usada para manter o esqui em velocidade crescente, quando o duplo impulso é
demasiado difícil.
• Equilíbrio num só esqui: usado por atletas com controlo e sensibilidade do tronco,
durante as descidas. Usam as pernas e os braços para manterem o equilíbrio nas
curvas.

4_1 Critérios

Uma maneira comum de avaliar os progressos efectuados no treino ou no ensino, é


através da comparação dos resultados prévios e posteriores, relativos a uma tabela de
referência baseada em dados normativos por género, idade, peso corporal, etc.

A EUROFIT é uma referência comum para a avaliação de programas de educação e


condição física, ao nível Europeu. A avaliação criterial é um método alternativo, usado
para constatar os progressos efectuados em programas de intervenção.

A avaliação criterial consiste num sistema contínuo de resposta que monitoriza e regista o
nível de aprendizagem e os resultados dos alunos, sob condições de “vida real”, e que
tem as seguintes vantagens:
1. pode ser aplicada dentro de um programa em curso
2. é desenhada individualmente e segue os objectivos de programas concretos
3. é muito sensível a qualquer nível de capacidade
4. os participantes são responsáveis pelas suas próprias aprendizagens
5. a avaliação ajuda os participantes a estabelecerem objectivos individuais,
aumentando, assim, a motivação e o desafio

Este método de avaliação utiliza tabelas de critérios (rubricas), sugerindo orientações


qualitativas detalhadas para a tomada de decisões quanto às pontuações.
Deve-se desenvolver uma tabela de critérios para avaliar:
• a evolução ou a qualidade de uma dada habilidade
• o produto ou a quantidade de um movimento (quão longe, quão rápido, quantos)
• o nível de independência da habilidade para um movimento
Capítulo 8
1_1 Vida diária

Muitas pessoas com condição de deficiência conduzem suas vidas com muita
independência e precisam de apenas algumas adaptações adicionais e apoios para as suas
actividades da vida diária. Porém, há também pessoas para as quais podem ser
necessárias adaptações, como cadeiras de rodas, cães-guia ou próteses.

Os avanços nos equipamentos de apoio ajudaram as pessoas com condições de


deficiência a tornarem-se mais independentes e estimularam a eliminação de barreiras
sociais. A participação em actividades recreativas e de laser é essencial para romper com
o estilo de vida sedentário e manter uma boa saúde. Infelizmente, ainda existem algumas
dificuldades nas actividades diárias destas pessoas, como a falta de transportes,
elevadores e acessos apropriados a edifícios públicos.

É necessário adaptar e modificar para proporcionar um ambiente de qualidade para estas


pessoas. A adaptação pode não diz respeito apenas às instalações ou aos transportes, mas
também deve ser baseada em critérios sociais, para que os indivíduos com condições de
deficiência possam ser tratados com dignidade e respeito. Se estas pessoas estão a
procura de desafios, de interacção social e de condição física para competir ou para
relaxar, é preciso garantir elas tenham acesso não só às instalações (acesso físico), mas à
actividade (acesso social).

1_2 Desportos

• Técnicas e equipamentos desportivos


• Hand cycle
• Petra-cycle
• Vela

1_2_01Técnicas e equipamentos desportivos

Cada vez mais, as oportunidades desportivas se encontram disponíveis e acessíveis para


as pessoas com condição de deficiência. Embora as oportunidades sejam imensas, as
barreiras para a total participação ainda estão presentes. É possível encontrar modalidades
desportivas e equipamento adaptado para que qualquer pessoa com deficiência possa
participar.
Por exemplo:
• Os equipamentos especializados, como os esquis e os trenós
adaptados, permitiram que indivíduos com todos os tipos de
deficiências pudessem participar dos desportos de Inverno.
A técnica e o equipamento variam de acordo com:
• O desporto
• O tipo e a extensão da deficiência
• A habilidade e o treino da pessoa
• As preferências individuais

Os equipamentos para fins desportivos são um importante aspecto para os futuros atletas.
Sejam próteses do membro inferior, cadeiras de rodas de corrida, variadas bicicletas ou
adaptações para tiro com arco, os equipamentos devem sempre corresponder
especificamente a cada atleta em particular. Os equipamentos podem ser adaptados tanto
em casa quanto em laboratórios sofisticados.

O mais importante é que o atleta se sinta confortável e se sinta seguro quando utiliza o
equipamento.

As adaptações dos equipamentos variam das mais subtis (como a alteração na largura, no
tamanho ou no material de uma tira), até as mais complexas (como o projecto de uma
prótese de um membro inferior ou de uma cadeira de rodas de corrida).

1_2_02 Ciclismo manual

O ciclismo manual é também conhecido como bicicleta manual.

Praticar ciclismo manual é uma alternativa dentro dos desportos de ciclismo para
indivíduos com deficiências nos membros inferiores. As bicicletas manuais foram
projectadas com três rodas, em vez das bicicletas normais com duas rodas, para permitir
ao praticante pedalar e conduzir apenas com a ajuda da parte superior do corpo e para, ao
mesmo tempo, diminuir as exigências de equilíbrio.
Hoje em dia, centenas de pessoas praticam este desporto em todo o mundo. Vão desde
atletas Paralímpicos de elite até pessoas que desfrutam do ciclismo manual por motivos
meramente recreativos.

1_2_03 Petra-cycle

A Petra-cycle é uma modificação da bicicleta de três rodas, projectada e adaptada


especialmente para oferecer uma modalidade mais “rápida” para pessoas com
deficiências. A Petra-cycle desloca-se com relativa facilidade e mantém uma direcção
estável, mesmo em terrenos de areia, pedras ou relva, devido ao seu sistema único de
direcção e ao tamanho das rodas. A fácil deslocação e a estabilidade permitem até mesmo
às pessoas com graves deficiências a oportunidade de se moverem.
Onde quer que a Petra-cycle seja usada, ela tem rompido os limites entre o treino, a
aprendizagem e o jogo. Ao mesmo tempo e para a mesma pessoa, ela pode servir como
equipamento para deslocação, equipamento educativo ou terapêutico, ou como
equipamento para desporto e laser. Ainda que o padrão de movimento nem sempre
corresponda ao padrão da marcha ou da corrida normal, o corredor beneficia do uso deste
equipamento ao adquirir uma experiência de movimento original e ao adquirir uma
melhor condição física.

1_2_04 Vela

Com os avanços recentes da tecnologia e com designs inovadores, os navegadores com as


mais variadas deficiências (tetraplegia, paraplegia, cegueira, distrofia muscular, escletose
múltipla, amputação, cancro, lesões cranianas e hemorragias cerebrais, pólio, etc.) podem
agora ser capazes de tripular, activamente, barcos de qualquer tamanho.

Últimas invenções de design e engenharia para navegadores com deficiências:

• O 6-Way Power Helmseat proporciona uma posição de sentado, ergonómica e


segura, para qualquer navegador, com ou sem deficiência.
Para os navegadores com deficiências graves, como a tetraplegia, o controlador
do assento pode ser colocado no modo automático, que permite “nivelar o
assento”. Com isso, o assento ajusta-se automaticamente, mantendo a pessoa na
posição vertical, independentemente do ângulo de inclinação do barco.
Whitlock “Cobra” wheel é um sistema de navegação que permite um controlo
muito sensível e ligeiro, quando o leme é demasiado grande para a pessoa.
• O Portable Crew Seat Module proporciona uma posição de sentado, segura e
funcional, para os navegadores com pouco equilíbrio corporal, quando estão a
desempenhar tarefas típicas da navegação, dentro do cockpit.
• O Sistema personalizado de elevador permite o acesso à cabine do barco, seja qual
for a condição do mar.

Link:
http://www.martin16.com
http://www.aimssailing.org

1_3 Cadeiras de rodas

Os avanços tecnológicos ajudaram a melhorar imensamente o desempenho dentro e fora


das áreas desportivas. As pesquisas em ciclismo, que foram aplicadas ao
desenvolvimento das cadeiras de rodas, trouxeram modificações muito importantes. Há
disponíveis, actualmente, inúmeros tamanhos de rodas, assim como vários tipos de
pitons e assentos com tamanhos e inclinações ajustáveis.

Os movimentos mais eficientes para a propulsão da cadeira de rodas têm sido estudados
em termos do diâmetro do aro, da frequência dos impulsos, da altura do assento, da
técnica, da velocidade, do grau de incapacidade do indivíduo e do tipo de evento (curta
vs. longa distância). Os resultados variam de acordo com a complexidade da interacção
das variáveis antes mencionadas, com o factor humano.
Com a diminuição do peso das cadeiras e, ao mesmo tempo, com as adaptações
personalizadas da altura dos assentos, da inclinação das rodas e do tamanho dos pitons, o
desempenho dos atletas melhorou substancialmente ao longo dos anos.
Sabemos, hoje, que a velocidade da deslocação da cadeira se encontra mais relacionada
com a rapidez dos impulsos nos pitons do que na amplitude do impulso.

As cadeiras de rodas desportivas são mais leves do que antes, e são, também,
desenhadas para aproveitar um melhor desempenho das rodas e o máximo
aproveitamento do vento. O tamanho, peso e altura das cadeiras de corrida podem ser
alterados para se ajustar ao seu utilizador. As configurações do assento podem ser
moldadas para um corpo específico. Os assentos de espuma ou almofadas especiais
previnem as escaras. Os atletas competem, actualmente, em cadeiras de rodas muito
especializadas; algumas são motorizadas, outras são projectadas para corridas de estrada
e outras são alteradas para actividades específicas, como o basquetebol em cadeira de
rodas, o rugby adaptado ou o ténis.

1_4_01 Auxílios especiais

Dispositivos protésicos

Os equipamentos especializados, como as próteses para mãos e pés, passaram por um


enorme desenvolvimento, não somente em termos de design e funcionalidade, como
também em termos de peso e de estética.
A tecnologia da era espacial chegou até a área desportiva. Os artigos protésicos são mais
leves, fortes e flexíveis. São geralmente feitos de titânio (o mesmo material dos aviões)
ou de uma combinação de fibra de vidro e metal. Os atletas reivindicam, actualmente,
equipamentos que sejam adaptados e que possam ser tão eficientes como os membros das
pessoas sem deficiência. Materiais como o silicone e o urethane melhoram a
comunicação entre o corpo e a prótese. Além disso, diminuem o impacto, a fricção e
melhoram o conforto e o amortecimento. Apesar de toda a tecnologia desenvolvida, as
fendas nas próteses de perna, em fibra de vidro, continuam a ser um problema para os
corredores, ao mesmo tempo em que um mau ajustamento das próteses podem provocar
lesões.

1_4_02 Auxílios especiais

Auxílios especiais e reabilitação: terapia locomotora

Com a possibilidade de apoiar e suportar o peso do corpo, a terapia em esteiras, ou


terapia locomotora, abriu novas perspectivas para a reabilitação da marcha. Foi
desenvolvido um novo aparelho, chamado Locomat, como um auxiliar automatizado para
a marcha. Ele dá suporte para os movimentos das pernas de pacientes que não conseguem
andar com autonomia numa esteira. O Locomat é uma ortótese de marcha electrónica,
composta de uma parte para o quadril e duas partes para as pernas. Cada dispositivo
ortótico para a perna tem um comando para o quadril e outro para o joelho. Além disso,
graças à automação destes aparelhos, os terapeutas já não estão sujeitos a elevadas cargas
físicas e, simultaneamente, podem tratar de vários pacientes ao mesmo tempo.

Link:
http://www.hocoma.ch

1_4_03 Auxílios especiais

Os auxílios especiais no processo de avaliação

O sistema Zebris de análise da marcha

Win Gait desempenha diferentes níveis de análise da marcha: desde a análise de um


membro inferior até a análise bilateral de todo o corpo.

A análise da marcha pode ser feita através da caminhada numa esteira ou no chão.

Estes métodos de análise da marcha podem ser coordenados com avaliações de dados
electromiográficos e de pressão arterial.

2_1_01 Transporte

Transporte público

O transporte público deve ser adaptado à diversidade da população (ser acessível), deve
abranger as necessidades de mobilidade de todas as pessoas (ser efectivo), ser compatível
com o envolvimento (“amigo do ambiente”) e ser sustentável.

O acesso ao transporte é uma das maiores barreiras para as pessoas com condição de
deficiência. Quando se está a conceber um transporte acessível, deve-se considerar que as
medidas a serem tomadas dependem do envolvimento e do meio de transporte em
questão (autocarro, comboio, metro, etc.).

Os veículos públicos devem:


• Ser projectados a fim de permitir o acesso de todas as pessoas
• Ter um piso baixo ou uma rampa que permita a qualquer um a entrada e a saída da
viatura, independentemente da sua capacidade física
• Dispor de espaço reservado para passageiros com necessidades especiais
• Ser equipados com um sistema audiovisual integrado que forneça informações aos
passageiros
• Para os veículos com casa de banho (p. ex. comboios), estas devem ter o máximo
de espaço possível e portas de correr.
2_1_02 Transporte

Projecto ambiental

As estações de transporte público e as paragens devem ser igualmente acessíveis a todos,


contendo:
• Entradas ao nível da rua ou rampas com inclinação suave
• Elevadores acessíveis
• Sinais informativos audiovisuais, com horários, destinos e números das
plataformas
• O espaço entre a plataforma e o veículo deve ser pequeno o suficiente para garantir
a segurança de todos
• As bilheteiras devem ter os botões numa altura adequada e devem proporcionar
informação oral, escrita e em Braille.

Os estacionamentos devem ser projectados com espaço suficiente, reservado para pessoas
com condição de deficiência. Se o estacionamento estiver dentro de um prédio, o nível da
superfície deve ser reservado para estas pessoas.

As áreas de peões devem ser acessíveis, com rampas ou inclinações suaves.

Os semáforos devem estar equipados com sinais audiovisuais para a segurança das
pessoas com deficiência visual.

2_2_01 Instalações desportivas

Exigências gerais para os edifícios desportivos

Tanto as novas construções quanto os projectos de remodelação das instalações


desportivas devem garantir a acessibilidade. As entradas principais, os vestiários e os
vestíbulos devem estar todos no mesmo nível. Há regras gerais para a acessibilidade de
uma construção. Entre as adaptações necessárias, estão:

Portas de entrada: não devem ser pesadas para se abrir e, onde for necessário, devem ser
instaladas portas automáticas.

Balcão de atendimento: projectado para receber os clientes, estejam eles em pé ou em


cadeira de rodas. Para as pessoas em cadeira de rodas, a altura adequada é 750-800 mm.

Elevadores: com maior capacidade e com botões de controlo numa altura que seja
adequada tanto para as pessoas em cadeira de rodas quando para os cegos (em pé)

Escadas: devem ser em linha recta e com sinais contrastantes nos degraus
Corredores: sem obstruções que possam gerar colisões e com largura suficiente para a
passagem de cadeiras de rodas e outros dispositivos locomotores. As paredes devem ter
corrimões para dar apoio às pessoas com pouca força ou equilíbrio.

Casas de banho: devem ser sempre acessíveis, tanto na área pública quanto nos vestiários.
Devem ter bastante espaço para que a transição da cadeira para a sanita possa ser feita de
frente ou de lado. Ambos os lados da sanita devem ter barras de segurança dobráveis.

Vestiários: com muito espaço no interior. Devem existir barras de segurança a diferentes
alturas, para ajudar nas tarefas de vestir e despir e levantar do assento. Os cacifos também
devem estar posicionadas em diversas alturas.

2_2_02 Instalações desportivas

Adaptações específicas

Piscinas: equipadas com degraus simples e corrimões em ambos os lados, e uma


plataforma móvel, que usa a pressão da água para impulsionar o elevador.

Ginásios e equipamentos de ginástica: os ginásios devem estar no mesmo nível das salas
desportivas ou serem acessíveis através de rampas ou elevadores. Os equipamentos de
ginástica devem ser utilizáveis, de forma independente, por pessoas com diferentes
deficiências (p. ex. pesos com legendas em Braille para utentes com deficiências visuais
ou assentos que podem ser levantados para dar espaço a uma cadeira de rodas).

Salas de dança: devem ter mais espaço do que uma sala tradicional de dança, para
permitir a entrada de cadeiras de rodas. Os comandos de som devem poder ser controlado
de uma cadeira de rodas. Para pessoas com dificuldades auditivas, um sistema de arco
indutivo permite escutar a música mais claramente.

Estábulo de equitação: deve ter um lugar coberto onde as cadeiras de rodas possam ser
guardadas. Deve ter uma rampa ou uma prancha para que se possa montar no cavalo.
Recomenda-se que o assistente seja experiente e que o cavalo seja manso para assegurar a
segurança e o bem-estar do cavaleiro.

2_3 Legislação

A legislação é a preparação e a ratificação das leis, em nível local, estadual e nacional. A


legislação está directamente relacionada com os financiamentos, uma vez que as leis não
podem ser implementadas sem dinheiro. Os direitos humanos são um tema de interesse
internacional e seus apoiantes e defensores exercem uma influência positiva, para além
das fronteiras geográficas e culturais. Um número cada vez maior de países estão a
adoptar leis em favor das pessoas com condição de deficiência. A legislação estabelece
um quadro coerente e genérico para promover políticas justas e para assegurar a sua
efectiva implementação. Cria procedimentos formais, que põem em marcha o processo de
integração completa e total das pessoas com deficiência na sociedade. Facilita, ainda, a
execução de políticas eficientes e permite com que sejam tomadas medidas severas contra
aqueles que a infringem.

• Legislação sobre acessibilidade nos países Europeus


• Iniciativas Europeias

2_3_01 Legislação sobre acessibilidade nos países Europeus

A legislação sobre acessibilidade nos países Europeus possui grandes diferenças, quer
no âmbito, quer na estrutura (Accessibility Legislation in Europe, Status report). Em
alguns países, a acessibilidade ainda não está consistentemente definida. A acessibilidade
é, assim, tratada sob vários tipos de leis, que são produzidas em vários departamentos,
muitas vezes sem qualquer coordenação (construções, transportes, normas de fabricação,
políticas sociais). Esta situação tem duas consequências negativas:
• A acessibilidade carece de uma abordagem global, mantendo-se afastada das
agendas governamentais e administrativas. É tratada como sendo um assunto
puramente técnico e de “pouca importância”, levando em conta, frequentemente
apenas a perspectiva da pessoa em cadeira de rodas.
• A informação, a tomada de consciência e a execução é dividida entre vários
actores, sem uma visão comum, o que destrói a efectividade da sua estrutura
reguladora.

2_3_02 Iniciativas Europeias

Há muito tempo que a acessibilidade tem sido um tema de grande importância para a
agenda política da União Europeia (UE). Muitos compromissos foram firmados durante
estes anos, ajudando na promoção de um extensivo – senão completo – corpo de
declarações políticas, normas técnicas e orientações.

Iniciativas tomadas ao nível da UE:


• Comunicação da Comissão “A Integração Social da Pessoa com Deficiência -
A Framework for the Development of Community Action”; Novembro de
1981; e a Resolução do Conselho de Ministros, Dezembro de 1981
As duas iniciativas propuseram um “programa integrado” de apoio aos
projectos locais, com o objectivo de reduzir as barreiras rumo à completa
participação das pessoas com deficiência na vida activa, incluindo o acesso aos
edifícios e às instalações.
• Os programas HELIOS (HELOIS I, 1988 e HELIOS II, 1993) projectos de
apoio com o objectivo de promover formas independentes de vida, incluindo o
acesso aos edifícios públicos e a outros equipamentos.
• A Comunicação do Towards Barrier free Europe for People with Disabilities,
2000, que apelou a uma abordagem mais coordenada da acessibilidade entre as
políticas, tanto a nível de EU quanto a nível nacional.

A nível global, as Nações Unidas formaram um Comité Ad Hoc, em 2001, para analisar
as “propostas para uma convenção internacional, global, para a promoção e a protecção
dos direitos e da dignidade das pessoas com deficiência”, entre as quais a acessibilidade
ao ambiente construído deve estar incluída.

Link: http://www.sre.gob.mx/discapacidad/whatrights.htm
Capítulo 9
1_1 Definição

A versão revista da Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde -


CIF (OMS, 2001) [veja ' Conceitos' , no Menu Principal] descreve as restrições à
participação como sendo as dificuldades que um indivíduo enfrenta na forma ou na
amplitude de seu envolvimento em situações da vida diária. Estas situações devem-se às
limitações funcionais ou estruturais de corpo ou aos factores contextuais (compostos por
variáveis pessoais e ambientais: ambientes físico, social e atitudinal nos quais a pessoa
vive e conduz a sua vida).

Uma definição usual para “atitude” é “uma ideia carregada de emoções que predispõe
para um tipo de acções em situações sociais específicas” (Triandis, 1971). Esta definição
inclui os três componentes normalmente identificados nas atitudes em relação à
deficiência: os atributos cognitivo, afectivo e comportamental (Antonak & Liveneh,
1998; Tripp & Sherrill, 1991).

• Os atributos cognitivos estão relacionados com a visão estereotipada sobre as


pessoas com deficiência, representados como necessitando constantemente de
ajuda, sendo incapazes de desfrutar a vida, sendo tristes, etc. Um exemplo de uma
frase que representa o aspecto cognitivo desta atitude é: “as crianças deficientes
precisam de muita ajuda para fazer as coisas”.
• Os atributos afectivos reflectem as reacções emocionais, incluindo a preocupação,
a pena, a comoção, etc. Um exemplo que representa o aspecto afectivo é: “Eu sinto
pena das pessoas deficientes”.
• Os atributos comportamentais estão ligados à prontidão ou à resistência para
interagir com pessoas com deficiência. Frases que representam este aspecto são:
“Eu prefiro ficar longe de uma pessoa deficiente”, ou, “Eu não posso empregar um
deficiente porque ele vai ficar doente muitas vezes”.

1_2_01 Pesquisa em AFA

A atitude é um aspecto importante do desporto. As pesquisas acerca das atitudes em


AFA, até o momento, têm sido direccionadas para:
• As atitudes dos professores e dos professores em formação, em relação à
actividade física (AF) dos indivíduos com deficiência.
• As atitudes dos pares em relação à AF das pessoas com deficiência.
• As atitudes dos indivíduos com deficiência em relação à sua participação em AF
inclusiva.

O género tem sido quase unanimemente reconhecido como um factor significativo em


todas as categorias de participantes. Os profissionais, colegas e indivíduos, do sexo
feminino, com condição de deficiência, tendem a ter uma visão mais positiva sobre a
participação do que os homens.
Pessoas que tiveram alguma experiência anterior com indivíduos com deficiência e/ou
que participaram de cursos de AFA, parecem ter atitudes mais positivas em relação às
pessoas com deficiência.
A grande maioria dos estudos relacionados com as atitudes dos profissionais e dos pares,
tem usado metodologias quantitativas, excepto um que incorporou também os dados
qualitativos.

Na Europa, uma investigação recente (de 2 de Janeiro a 6 de Fevereiro de 2001), onde


foram entrevistadas mais de 16 mil pessoas (Euro barómetro 54.2), apresenta dados
animadores sobre o conhecimento e as atitudes dos Europeus em relação à inclusão de
indivíduos com deficiência. A esmagadora maioria (97%) parece ser a favor que se deve
fazer algo para garantir uma melhor integração. Cerca de 80% dos Europeus sentir-se-
iam à vontade na presença de um vizinho, de um colega ou de um chefe em cadeira de
rodas.

1_2_02 Pesquisa em AFA

Pesquisas recentemente realizadas no âmbito do projecto THENAPA demonstraram que:


• A análise da situação legal, em termos nacionais, criou algumas dificuldades no
contexto legislativo. Alguns problemas específicos foram identificados, no que diz
respeito às leis da educação especial.
• Em todos os países Europeus, foram encontradas, na legislação, bases legais que
apoiam a integração ou a inclusão.
• Em geral, a legislação, a nível nacional, é estruturada de modo a oferecer amplas
oportunidades educacionais aos estudantes com Necessidades Educativas Especiais
(NEE). Porém, a preocupação concentra-se no facto de a educação especial
oferecer mínimas oportunidades de participação em educação física ou em
actividades físicas.

Nas conclusões deste estudo, foi recomendado que a legislação, ao nível nacional,
deveria garantir que a educação física e os desportos adaptados para crianças com NEE
fossem parte indissociável do planeamento educativo nacional, do desenvolvimento
curricular e da organização da escola. (THENAPA, 2003)

1_3 Teorias

As teorias são conjuntos de factos, ideias ou conceitos interrelacionados, que são


sistematicamente organizados ao redor de um tema central. São usadas para descrever,
explicar ou predizer ocorrências ou fenómenos. O incremento do conhecimento tornou,
progressivamente, impossível lembrarmo-nos dos milhões de bits inacessíveis de
informações que têm sido produzidos. A síntese dos factos relacionados e das ideias,
podem formar teorias, o que ajuda a dar mais sentido ao mundo e a solucionar melhor os
problemas que se apresentam (Sherrill, 1993).
• A Teoria do Contacto
• A Teoria da Acção Raciocinada e a Teoria do Comportamento
Planeado
• A Teoria da Dissonância Cognitiva

1_3_01 A Teoria do contacto

A teoria do contacto é uma das abordagens teóricas mais amplamente utilizadas para o
estudo das atitudes dos profissionais e dos pares, em relação aos indivíduos com
deficiência (Allport, 1954). As condições necessárias para uma efectiva conexão inter-
grupal foram definidas por Allport da seguinte maneira:
• Os grupos devem ser formados com estatutos iguais
• Os grupos devem trabalhar em conjunto, para um fim comum
• Os grupos devem cooperar entre si
• Os grupos devem ser apoiados institucionalmente pelas autoridades e pelas
disposições legais, a partir do momento em que eles se constituam formalmente.

Actualmente, a teoria do contacto é utilizada não apenas para manter as pessoas unidas
como também para a integração, que promove atitudes positivas, através de experiências
planeadas de interacção e de um ambiente organizado com precisão (Horne, 1985; Jones,
1984). Se for cuidadosamente estruturado e implementado, o contacto entre as pessoas
pode reduzir o preconceito e os estereotipos (Sherrill, 1998).

1_3_02 A Teoria da Acção Raciocinada e a Teoria do Comportamento Planeado

A Teoria da Acção Raciocinada (TRA: Theory of Reasoned Action; Ajzen & Fishbein,
1980) ou a sua sucessora, a Teoria do Comportamento Planeado (TPB: Theory of
Planned Behaviour; Ajzen, 1985) consiste num outro quadro de referência, que
originaram instrumentos que permitem avaliar as atitudes dos profissionais da educação
física, em relação às pessoas com deficiência (PEATH II: Physical Educators’ Attitudes
toward Handicapped; Rizzo, 1984), as atitudes dos profissionais da educação física, em
relação ao ensino de pessoas com deficiência (PEATIDIII: Physical Educators’ Attitudes
toward Teaching Individuals with Disabilites; Rizzo & Vispoel, 1991) ou a crença dos
instrutores de natação em relação à inclusão (AIBTI: Aquatic Instructors’ Beliefs Toward
Inclusion; Conaster, Block & Gansender, 2002). Estes instrumentos utilizam afirmações
em relação a determinadas categorias de alunos com características específicas.

O PEATIDIII inclui afirmações em três domínios diferentes (Folsum-Meek & Rizzo,


2002):

1. Os resultados do ensino de alunos com deficiências (p. ex. a aceitação de crianças


com deficiência pelos seus pares, a possibilidade de que as crianças com
deficiência perturbem a harmonia da classe).
2. Os efeitos sobre a aprendizagem dos alunos (p. ex., aprendendo a trabalhar em
conjunto para a realização de um objectivo, desenvolvendo um auto-conceito
mais favorável nas crianças com deficiências).
3. Necessidade de mais preparação académica (isto é, não tendo formação
suficiente).

1_3_03 A Teoria da Dissonância Cognitiva

A Teoria da Dissonância Cognitiva (CDT: Cognitive Dissonance Theory; Festinger,


1957) é outra teoria possível para explicar as mudanças de atitudes. A dissonância
cognitiva é um estado mental perturbador, no qual a pessoa sente que está a ter opiniões
que não se encaixam nas suas outras opiniões formadas anteriormente.

A CDT defende que, quando há uma dissonância, algo deve mudar para a eliminar e,
assim, aliviar o estado mental perturbador.

Para eliminar a dissonância, os indivíduos:


• Reduzem a importância das crenças dissonantes
• Acrescentam mais crenças consonantes do que valorizam as crenças dissonantes
• Modificam as crenças dissonantes para lhes diminuir a dissonância

1_4 Considerações práticas

• Panorama geral
• Análise contextual do ambiente social
• Barreiras sociais
• Facilitadores sociais
• Legislação Europeia e recomendações para a inclusão

1_4_01 Panorama geral

A literatura que orienta a prática da modificação de atitudes (Petty, Priester, & Wegener,
1994; Yuker, 1987; Zimbardo & Leippe, 1991) sugere três tipos de abordagens:

• Uma abordagem cognitiva, proporcionando o conhecimento sobre as deficiências,


• Uma abordagem comportamental, fazendo um contacto directo com as pessoas
com deficiências, a fim de impulsionar a remoção de barreiras, e
• Uma abordagem afectiva-emocional, para a compreensão das experiências
significativas (simulações) como base para o desenvolvimento da empatia e da
aceitação social. A simulação (dramatização de determinados eventos) é o veículo
principal para gerar a modificação de atitudes. A simulação é um conjunto de
actividades, nas quais as tarefas devem ser negociadas sob condições simuladas de
deficiência.

A simulação, quando é analisada e reflectida profissionalmente, proporciona uma


vivência na qual as reacções comportamentais, cognitivas e emocionais são
experimentadas, incluindo todas as variáveis necessárias para a modificação de atitudes
(Florian & Kehat, 1987).
Descrições de práticas simuladas encontram-se em
http://web.macam98.ac.il/~shayke/thenapa/structure.htm

1_4_02 Análise contextual do ambiente social

Com base na taxionomia da CIF [ver ‘CONCEITOS’ no Menu Principal], parece que os
atributos pessoais e ambientais têm uma função mediadora na estruturação do resultado
da intervenção, que pode variar dependendo de cada âmbito da AFA (educação, desporto
de elite, reabilitação e recreação).

Por exemplo, se uma criança está a participar de um ambiente inclusivo em actividade


física, ela pode ou não experimentar o êxito, dependendo da comparação social que for
feita e que está fortemente relacionada com as reacções do professor e dos colegas.
Comentários, como “você não é bom”; “eu não gosto de te escolher para a minha
equipa”, reflectem claramente um envolvimento social hostil, onde a criança terá poucas
oportunidades de se sentir bem sucedida e satisfeita com o seu desempenho.
Estes tipos de factores deveriam ser considerados como barreiras à participação.
As reacções de apoio, como “vem para o nosso grupo”; “eu quero jogar contigo”; “posso
estar contigo nesta corrida? (em cadeira de rodas)”, são consideradas facilitadoras à
participação.

Barreiras Sociais

Pares

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções entre pares. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração
social:

• Rir de uma criança que erra o alvo num lançamento de bola, quedas em obstáculos, etc.
• Ridiculizar uma criança pela sua gordura
• Superproteção de uma criança não lhe permitindo realizar qualquer actividade sozinha
• Ignorar uma criança numa actividade social
• Sentir pena de uma criança
• Olhar fixamente uma criança que é diferente
• Roubar objectos que ajudam a mobilidade de uma pessoa, como uma cadeira de rodas
ou as muletas

Profissionais (Professor, Treinador, Instrutor etc.)

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com profissionais. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração
social:

• Ameaçar uma criança por causa da sua limitação


• Ridiculizar uma criança pela sua incompetência
• Superproteção de uma criança, não lhe permitindo realizar qualquer actividade
sozinha
• Decidir por uma pessoa o que está bem ou mal para ela
• Impor competição, onde os participantes ainda estão ocupados em dominar as
tarefas de objectivo
• Usar de cinismo com um participante

Pais

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com os pais. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração
social:

• Superproteger uma criança, não lhe permitindo realizar qualquer actividade


sozinha
• Exagerar sobre um certo objectivo e impor exigências não realísticas à criança
• Não providenciar os recursos mínimos necessários para optimizar as
consequências das limitações funcionais, por exemplo, fisioterapia, apoio
educacional adaptado, transporte, etc.
• Não fornecer um ambiente seguro que possa servir de refúgio aos desafios do
envolvimento, no dia a dia
• “Saltitar” entre terapias, limitando a criança de interacções normais com os seus
colegas e pedindo-lhe que se comporte como um adulto
• Pedir aos irmãos para se comportarem como assistentes de pais ou terapeutas

1_4_04 Facilitadores Sociais

Pares

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções entre colegas. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração
social:

• Aceitar uma criança dentro de uma rede social


• Visitar a criança no seu tempo de lazer
• Convidar uma criança para actividades sociais em tempo de lazer como festas de
aniversário, ir ao cinema
• Incluir uma criança em jogos e brincadeiras, se isto não comprometer
consideravelmente a estrutura do jogo
• Proteger a criança, quando ela for vítima de decisões injustas, como por exemplo
um conselho directivo escolar não se mostrar disposto a incluir uma criança numa
excursão de turma
Profissionais

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com profissionais. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração
social:

• Utilizar as modificações mínimas necessárias para as actividades


• Apoiar de uma forma que não acentue a incapacidade
• Reconhecer as capacidades de uma criança e não as suas limitações
• Incluir uma criança no processo de tomada de decisão relacionado com um
processo de modificação
• Criar uma atmosfera de pertença
• Criar uma atmosfera de empowerment

Pais

Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com os pais. Em


crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração
social:

• Proporcionar um desafio moderado em cada actividade


• Criar um ambiente seguro quando os desafios do envolvimento são grandes
• Fornecer todos os recursos necessários para responder aos desafios do
envolvimento, como transporte, terapias, etc.
• Encorajar relações harmoniosas entre irmãos
• Reconhecer as necessidades da criança para brincar, em vez de só "trabalhar"
durante a terapia

1_4_05 Legislação europeia e recomendações em inclusão

Em 1986, o Comité de Ministros do Conselho da Europa adoptou a “Carta Europeia do


desporto para todos: pessoas com deficiências” como uma recomendação aos governos
dos Estados Membros. Esta carta refere-se a todos os tipos de incapacidade que podem
ser abrangidas dentro do desporto. Foi recomendado aos governos dos Estados Membros:

• encorajar as autoridades educativas a tomar medidas para ensinar nas escolas


educação física adequada a crianças com deficiência e formar adequadamente
aqueles que as ensinam
• desenvolver actividades apropriadas a todos os níveis de desporto (de alto nível,
desporto organizado e recreativo, desporto para a saúde) para pessoas com
deficiência
• reconhecer que pessoas com deficiência podem aspirar ao desporto de elite e
participar nele segundo as suas capacidades sem qualquer discriminação, seja ela
física, psicológica ou financeira
• encorajar a cooperação entre várias autoridades públicas envolvidas no desporto
para pessoas com deficiência, como saúde, segurança social, educação e
departamentos de desporto

Depois da iniciativa da Directoria Geral de Educação e Cultura e reagindo ao crescente


interesse no desporto adaptado, o ECSPD - European Committee for Sports for people
with disabilities (Comité Europeu do Desporto para Pessoas com Incapacidade) foi
estabelecido em Novembro de 1993.

Em 2001, o Parlamento Europeu adoptou uma resolução e acolheu a Comunicação 2000


da Comissão, intitulada “Em direcção a uma Europa sem barreira para pessoas com
deficiência”. A Resolução afirmou que a criação de uma Europa sem barreiras requer
medidas específicas a favor das pessoas com deficiência, acompanhadas pela
implementação operacional, monitorização, bem como declarou o ano 2003 como o
Ano Europeu da Pessoa com Deficiência.

2_1 Definições

O conceito de empowerment reflecte uma base humanística e está baseado na ideologia


da “ação social” dos anos 60 e, nos pontos de vista de “auto-ajuda”, enunciados nos anos
70 (Freire, 1970; Kiefer, 1984; Rappaport 1981). “Empowerment implica a crença no
poder das pessoas de serem tanto senhoras do seu destino como de se envolverem na vida
das suas diferentes comunidades de pertença” (Rappaport, 1987).

Empowerment é um conceito central na actual perspectiva de qualidade de vida e auto-


determinação encorajando a adaptação de um indivíduo com uma deficiência à sua
sociedade e vice-versa. Empowerment é o antónimo do desanimo aprendido (Seligman,
1981) e caracteriza-se pelo aumento da actividade, da participação e da capacidade social.
Vários elementos são comuns dentro da definição de empowerment:
• Aumento de acesso a recursos (p. ex. habilidades, capacidades, suporte social),
que permitem o controlo sobre a sua própria vida (Gutierrez, 1990).
• Assumir responsabilidade por modificações que conduzem a um estilo de vida
activa e saudável, quer física quer mental (Hutzler e Sherrill, 1999; Zimmerman e
Rappaport, 1988).
• Aumentar o nível de participação e assumir papéis activos em contextos sociais
(Akseliuk, 1996).
2_2 Desenvolvimento e Prática

• Empowerment como Processo (1)


• Empowerment como Processo (2)
• Empowerment como Prática
• Empowerment como Resultao

2_2_01 Empowerment como Processo (1)

Empowerment é percebido tanto como um processo como um resultado.

O conceito de empowerment pode surgir a nível individual, pode fazer referência a um


grupo ou pode enquadrar-se num nível social.
O estudo do empowerment como um processo merece consideração na literatura
Actividade Física Adaptada.

• Para introduzir um modelo inicial de empowerment no desporto, foram usadas


entrevistas detalhadas (Shayke Hutzler 1990), num um grupo heterogéneo de
atletas de cadeira de rodas predominantemente do sexo masculino.
• O modelo sugeriu um desenvolvimento relativamente linear do poder pessoal
baseado em experiências aprendidas, relativamente ao aumento da auto-eficácia,
da auto-estima e aceitação social e na redução de comportamentos agressivos.
• Um estudo de follow-up foi realizado centrando-se no processo de empowerment
em atletas femininas de corridas de cadeira de rodas (Wuerch e Sherrill, 1998)
com base num processo simples, que incluiu:
(a) uma fase de interacção com as barreiras e experimentação de relações
recíprocas
(b) uma fase de aprendizagem, e encontrar significados para experiências
(c) aumentar percepções de auto-determinação, auto-estima e auto-eficácia

2_2_02 Empowerment como Processo (2)

Vários modelos de empowerment (Dempsy e Capataz, 1997; Zimmerman et al., 1992)


sugerem componentes-chave no seu desenvolvimento. Os seguintes elementos parecem
recolher alguma unanimidade (Hutzler, 2003):

• um elemento intrapessoal, expresso como uma percepção de aumento de auto-


eficácia e controlo
• um elemento interactivo, que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias
funcionais (capacidades) e recursos para o aumento da participação e da
colaboração social
• um elemento comportamental que se refere às acções das pessoas na comunidade,
através da sua participação em organizações e atividades
• um elemento cognitivo, associado a um pensamento crítico acerca de uma melhor
compreensão das relações sociais e políticas.
Os factores internos (Pensgaard e Soerensen, 2002) que estão fortemente relacionados
com o desenvolvimento do empowerment são:
• Auto-eficácia (Bandura, 1997)
• Orientação para a Tarefa e para o Ego (Duda, 1989; Nichols, 1989)
• Identidade da deficiência

Os factores externos, que não podem ser manipulados, ainda não foram identificados.
Parece que (a) o nível da experiência aprendida está relacionado com o esforço percebido
e (b) o grupo comparável de colegas é um critério importantes para o desenvolvimento do
empowerment.

2_2_03 Empowerment como Prática

A reflexão sobre a experiência debruça-se mais sobre as percepções internas do que sobre
as práticas. Professores e pais são encorajados a seguir práticas reflexivas, derivadas do
aconselhamento narrativo-cooperativo.

Dosagem da dificuldade de tarefa

Os dados sugerem que falhar numa tarefa importante às vezes tem uma função de
empowerment, por exemplo, “tenho que encontrar uma solução alternativa.” (Hutzler,
Fliess, Chacham et al., 2002).

A dosagem do suporte social é outro parâmetro importante.

• As práticas usadas por professores e outros adultos, afirmando que “Todos são
vencedores” ou dando classificações de “A” em Educação Física (apesar de uma
participação limitada) não contribuem para produzir empowerment.
• Pelo contrário, se a realização da tarefa é altamente valorizada por outros e/ou
recebe uma valorização desproporcional, uma pessoa que tenha uma forte
orientação para o ego e uma baixa orientação para a auto-eficácia, pode
desenvolver "o pseudo-empowerment ", caracterizado por comportamentos
desajustados como a batota, ou até colocar em risco a sua própria saúde de alguém
(White e Duda, 1993).

A modelação de papéis é uma modalidade importante, baseada na teoria da auto-


eficácia, para aumentar a motivação e o sentido da eficácia.

O Empowerment tem início através do conflito e dos déficits e não pelas facilidades e
pelo êxito. Assim, o empowerment não se realizará se só ocorrerem vitórias, uma vez que,
neste caso, o indivíduo não tem necessidade dele.
2_2_04 Empowerment como Resultado

O estudo dos resultados do empowerment tem um interesse particular em investigação


sobre intervenção. O empowerment tem sido avaliado através de um dos seus
componentes, nomeadamente, a auto-eficácia (Hedrick, 1985).

Este estudo examinou o efeito de várias condições de ensino e prática de ténis com
jovens em cadeira de rodas, que não tinham contacto prévio com este desporto. A
principal questão da investigação centrou-se no impacto de ensinar e jogar ténis em
ambientes inclusivos ou segregados. Este estudo usou:

• Medições Reais de desempenho das habilidades de tênis


• Percepção de auto-eficácia
• Medida da ansiedade atingida em condições diferentes

Os resultados sugeriram que a aprendizagem num envolvimento inclusivo era possível,


mas jogar em envolvimentos inclusivos acrescenta um considerável stress ao
empowerment pessoal, originando piores resultados, pior auto-eficácia e aumento de
ansiedade.

3_1 Fases da Participação

O desenvolvimento da carreira de atleta com deficiência pode ser descrito com a ajuda de
um modelo de transição (Wheeler, Malone, VanVlack et al. 1996). O modelo apresenta
três etapas de socialização e participação no desporto adaptado:

• iniciação
• competição
• retirada

Cada fase representa um período evolutivo na vida do atleta, que é interrelacionada com
o procedimento e as fases seguintes, por etapas de transição. Este desenvolvimento é
típico para a expansão de diferentes carreiras, contudo, no desporto adaptado, existem
várias características únicas importantes.

3_1_01 Iniciação

Nesta fase, o participante adquire socialização preliminar na estrutura do desporto, e no


nível inicial da experiência competitiva. É uma fase importante, porque nesta etapa a
identidade do atleta é estabelecida, com implicações no seu comprometimento e
desempenho na sua carreira desportiva. Se o treino e o clima de competição não se
enquadrarem nos objectivos dos participantes, em termos de orientação para a tarefa e
para o ego, cedo o esgotamento e o abandono podem ser esperados (Pensgaard e Roberts,
2002).
• Em atletas saudáveis, esta etapa muitas vezes dura 10-15 anos até que a
competição internacional seja realizada. Nos atletas com defciência, muitas vezes
passam-se menos de 2 anos nesta fase e logo participam em competições
internacionais (Wheeler, Steadward, Legg, Hutzler et al., 1999). Num exemplo,
Norma Lorincz (2001) relatou a sua experiência pessoal em que se tornou campeã
mundial após 10 meses de prática em desportos competitivos.
• Alguns atletas atraem uma cobertura dos mídia, instantaneamente. Da mesma
forma, um interesse político pode lisonjear o seu ego mas, igualmente, fazê-los
negligenciar a sua persistência no treino, que é essencial aos atletas de elite. Trata-
se de um resultado evidente desta transição rápida, desde a iniciação até a
competição. Neste processo, os treinadores e managers são encorajados a serem
consistentes na provisão de modelos centrados na provisão de desempenho, em
vez de criarem um clima de orientação para o ego.
• Outra desvantagem, muitas vezes presente na fase de iniciação, é a falta de
modelos entre os colegas. Os atletas são obrigados a identificar e socializar-se
com participantes que estão em diferentes faixas etárias. A falta de um sistema de
suporte social apropriado entre o ambiente competitivo pode ter efeitos
prejudiciais sobre participação e a própria carreira.

3_1_02 Competição

Para a competição de atletas com deficiências, são cruciais dois elementos, para além de
todas as variáveis que constroem a carreira de um atleta sem deficiência (como o suporte
da família, a reação dos pares e o apoio material).

• A classificação desempenha um papel importante na construção da carreira de um


atleta. Uma vez que há um número limitado de participantes por classe, os atletas
que começaram a competir numa determinada classe podem ser chamados a
competir em eventos internacionais, conjuntamente com participantes de classes
mais altas. Isto é especialmente relevante em eventos femininos e nas classes mais
baixas.
• Devido ao número limitado de participantes com deficiência, alguns participantes
podem evidenciar um potencial atlético para mais de uma disciplina. Se os
treinadores e os managers não forem cuidadosos nesta etapa, uma situação de
escolha desadequada de disciplinas pode ocorrer, devido a modificações de
classificação ou fusão de classes num determinado evento. Este tipo de situações
pode conduzir a uma negligência na orientação do desempenho, a favor de uma
orientação para o ego, limitando a perspectiva de carreira do atleta.

Para atletas com deficiência é importante procurar uma carreira paralela, como a escola, a
universidade ou uma profissão, a fim de ter perspectivas alternativas de objectivos de
vida, sobretudo quando a competição já não seja recompensadora.
3_1_03 Retirada

Uma retirada bem sucedida de uma carreira desportiva competitiva significa um re-
investimento do ego noutros aspectos da identidade pessoal. Isto significa que as
perspectivas alternativas de identidade do participante necessitam de ser desenvolvidas
durante a carreira competitiva, de modo a que esta transição não seja traumática. Em
alguns casos, a mudança de categoria, na classificação, é a causa duma retirada
involuntária repentina.

• Alguns participantes parecem ter desenvolvido uma identidade atlética como uma
alternativa à identidade de deficiência. Se, contudo, não se desenvolver outra
perspectiva, o sujeito pode invocar a identidade de deficiência novamente, depois
da retirada do desporto.
• Devido ao seu ajuste psicológico e as exigências fisiológicas, que são menos
exigentes em algumas modalidades desportivas para deficientes que no desporto
normal, alguns atletas com deficiência continuam a participar nas competições,
até uma idade na qual podem contrair riscos de saúde. A presença desses atletas
limita, às vezes, o desenvolvimento das carreiras de atletas mais jovens, em
particular em desportos de equipa, como o basquetebol em cadeira de rodas ou o
goalball.
• As organizações desportivas e os atletas são encorajados a desenvolver
actividades alternativas depois da sua retirada, para prosseguirem a sua actividade
física, através, por exemplo, de competições de veteranos ou actividades de
aventura.
• É recomendado deslocar o interesse de atletas séniores da competição para o
treino, para a gestão e pela defesa dos interesses das pessoas com deficiência,
construindo, desta forma, uma identidade aceitável para o atleta sénior, que se
encontra ausente do modelo do atleta júnior. Assim, a retirada do desporto
competitivo pode ser o início de uma nova identidade pessoal.
Capítulo 10
1_1_01 Ciências Humanas

Comportamento Motor

Introdução

O comportamento e o controlo motor exploram a contribuição das estruturas mentais e


os processos da acção humana. Tradicionalmente, esta área abrange a investigação da
aprendizagem e do controlo das capacidades motoras complexas. A terapia psicomotora é
baseada na unidade corpo-mente. Tanto o corpo como a mente constituem a essência da
natureza humana. O funcionamento somático influencia constantemente o funcionamento
psíquico e vice-versa.

Organizações:

International Society for Ecological Psychology:


http://www.trincoll.edu/depts/psyc/isep.html

Revistas Científicas:

Journal of Human Motor Behaviour


Human Movement Science: http://www.sciencedirect.com/science/journal/01679457
Perceptual & Motor Skills: http://www.pr-pms.com
Developmental Medicine & Child Neurology

1_1_02 Aplicações Práticas

A prática consiste no ensino, treino, reabilitação médica, ergonomia e muitas outras áreas
onde é essencial que seja compreendido o papel que o cérebro desempenha na actividade
física. Com a evolução das novas tecnologias que permitem o estudo da percepção
humana, da atenção, da memória e de outras funções cerebrais, emerge uma nova geração
de investigadores. Este facto faz surgir um enorme número de oportunidades que
contribuem para o encontro de soluções práticas para alguns dos problemas mais
complexos da acção humana.

1_1_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

• Efstratopoulou, M;, Simons, J. e Coppenolle, H. KU Leuven, Bélgica. “Sobre as


etapas de construção de uma checlist do comportamento motor para crianças”.
O objectivo do estudo é a construção de um instrumento válido e fiável a ser
usado por profissionais, professores de educação física e especialistas de
comportamento motor, para fornecer informação acerca do comportamento motor,
do comportamento cognitivo-motor, do comportamento afectivo e social de
crianças em idade escolar, pela observação durante as aulas de educação física,
em situações de jogo livre ou em sessões terapêuticas.
http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/research/earapa.htm

• Van Wijk, R., Reynders, K. KZ a Groningem, Holanda. “Sobre terapia psicomotora e


dor crónica”.
O objectivo do estudo é investigar a eficácia de um programa psicomotor em
pacientes com dor crónica severa, em termos da redução da dor e stress, condição
física e bem-estar e retorno a actividades da vida diária e integração social.
http://www.rug.nl/

• Bianco, A. Universidade de Torino, Itália. “Sobre jogos motores para a avaliação de


habilidades cognitivas em crianças com deficiência mental, integradas em classes de
escolas regulares”.
Criaram-se quatro tipos de jogos motores, organizados por idades, como método de
avaliação. Cada jogo motor continha testes de habilidades diferentes: coordenação
motora global e fina, percepção sensorial, linguagem, esquema corporal e tempo de
realização de habilidades cognitivas.
http://www.arpnet.it/irrsaeto/

1_2_01 Pedagogia

Introdução

A Ciência da Educação Física

A Pedagogia do Desporto é reconhecida como a ciência (teoria) da educação física


(prática).
Como disciplina de humanidades, a Pedagogia do Desporto tem a função de:
• melhorar e orientar a actividade física para indivíduos e grupos de todas as
idades
• preparar, implementar e avaliar o ensino e o treino da actividade física e do
desporto, de acordo com as características, locais, regionais, nacionais ou
internacionais.

Organizações:

International Committee of Sport Pedagogy: http://www.icsspe.org

Revistas Científicas:

Journal of Comparative Physical Education and Sport


European Physical Education Review: http://www.saqepub.co.uk
1_2_02 Aplicações Práticas

Actualmente, a pedagogia do desporto está relacionada não só com a educação física nas
escolas e com o desempenho dos atletas de elite, mas também com a recreação
comunitária e respectivos centros e clubes desportivos, actividades seniores, bem como
programas para pessoas com deficiência e de “desporto para todos”.

1_2_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

Um das questões pedagógicas actuais mais importantes é o estudo da inclusão de alunos


com deficiência em classes regulares de educação física. As questões de investigação
fundamentais são as seguintes:

• Os profissionais (professores, treinadores, e instrutores) melhoram as suas atitudes


a favor da inclusão?
• Os colegas dos participantes com deficiência melhoram as suas atitudes a favor da
inclusão?
• Os participantes com deficiência aderem à participação num contexto inclusivo?
• Como é que a auto-determinação/empowerment dos participantes com deficiência
é influenciada pela inclusão?
• Como é o tempo académico de aprendizagem dos participantes, com e sem
deficiência, num contexto inclusivo?
• Como são as capacidades de desempenho, de auto-eficácia, de ansiedade e outras
variáveis psicológicas do participante com deficiência em ambientes inclusivos?

Os exemplos seguintes mostram algumas abordagens que estudam este tema:

• Obrasnikova, eu., Block, M.E., Valkova, H. Tese de Mestrado, EMDAPA.


“Efeitos da inclusão na disciplina de educação física nos estudantes sem
deficiência: investigação preliminar”.
O objectivo do estudo é avaliar o impacto da inclusão de um aluno da 4º série, que
usa cadeira de rodas, ao qual não é dado o apoio de um professor ou dos colegas.
O estudo situa-se na avaliação das atitudes e aprendizagem deste aluno.
http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter/newsletter3/index.htm

• Fillat, A. Universidade de Lleida, Espanha. “Que oportunidades tenho de ser


integrado nas aulas de educação físicas em escolas regulares?”
A investigação tenta analisar a integração de crianças com necessidades especiais
(com deficiências motoras) nas aulas de educação física, em escolas regulares, e
até que ponto esta integração depende das atitudes e formação dos professores, e
das características da própria criança.
http://www.udl.es

• Hutzler, Y., Zach, S., Gafni, O. Colégio de Zinman, Israel. “A auto-eficácia


percebida e as atitudes de professores de educação física, relativamente à inclusão
de estudantes com deficiência.”
O objectivo do estudo é investigar a relação (a) do género, (b) da experiência
anterior em ensinar indivíduos com deficiência, (c) da formação anterior em AFA,
e (d) dos anos de experiência, com as atitudes em relação à inclusão de alunos
com deficiência e o sentimento de auto-eficácia para ensinar estudantes com
deficiência em classes integradas.
Contact: shayke@wingate.ac.il

1_3_01 Sociologia

Introdução

A Sociologia do Desporto existe como uma disciplina independente, desde os anos 60. A
Sociologia do Desporto centra-se na história do desenvolvimento do desporto nas
organizações que o corporizam, tais como federações e clubes. Esta disciplina situa a sua
especificidade nos seguintes âmbitos:
• Demonstrar a integração social e cultural do desporto
• Descrever os valores sociais e as normas que afectam o desporto
• Investigar as razões para o envolvimento com o desporto
• Discutir as mudanças no desporto e respectivas organizações

Organizações:

The International Sociology of Sport Association: http://www.u2.u-strasbg.fr/issa/

Revistas Científicas:

Sociology and Sport Journal: http://www.humankinetics.com


The International Review for Sociology of Sport: http://firstsearch.oclc.org

1_3_02 Aplicações Práticas

A Sociologia do Desporto procura contribuir para a compreensão do desporto e, também,


informar as políticas que devem tornar a experiência desportiva menos desperdiçadoras
de vidas e recursos. Isto pode ser realizado de vários modos:

• Oferecendo conselho especializado a agências do governo, inquirições públicas e


relatórios em áreas, tais como drogas, violência e educação para a saúde.
• Apoiando a investigação em grupos que procuram desafiar a desigualdade de
géneros, classes, idade e deficiência, relativamente ao acesso, recursos e status
• Lutar pelos direitos e responsabilidades dos atletas
1_3_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

• Williams, T. Universidade de Loughborough, Reino Unido. “Actividade física e a


construção social da deficiência em unidades de tratamento de lesionados
medulares.”
O estudo faz uma síntese das lesões medulares e de vários elementos conceptuais
das deficiências resultantes destas lesões e, por outro lado, discute qual o nível
sócio-cultural de competência necessária para viver como um indivíduo
independente fora da unidade.
http://www.lboro.ac.uk/departments/ss/index.htm

• Sorenson, M., Kahrs, N. Universidade Norueguesa de Desporto e Educação


Física. “Uma análise do processo de integração no desporto norueguês.”
O objectivo do estudo é investigar os objectivos ideais da integração, definidos
através dos seguintes critérios: aspectos organizacionais e estruturais, aspectos
sociais-objectivos e sociais-subjetivos e aspectos de competência.
http://www.nih.no

• Ninot, G., Bilard, J., Delignieres, D. e Sokolowski, M.; o Montpellier, França.


“Efeitos da participação no desporto integrado sobre a competência percebida de
adolescentes com deficiência mental.”
O objectivo do estudo é examinar os efeitos do tipo de programa e do tipo do
desporto nas habilidades desportivas, na aceitação social percebida, na aparência
física, na competência atlética e na auto-estima em geral.
http://www.univ-montp2.fr

2_1_01 Ciências do Desporto

Biomecânica

Introdução

A Biomecânica é definida como:


• o estudo dos sistemas biológicos, usando os métodos da mecânica.
• as forças internas e externas exercidas sobre o corpo e os efeitos produzidos por
essas forças.

O objectivo da biomecânica no desporto é:


• aplicar o conhecimento biomecânico à análise de habilidades desportivas como
um meio de melhorar a eficácia do desempenho humano e a segurança
• melhorar a compreensão da complexidade do desempenho de alto nível
• prever técnicas de desempenho mais eficazes
Os métodos de investigação mais comuns em biomecânica incluem:
• técnicas de análise de movimento, usando a cinemática e dados dinâmicos
• electromiografia e cinesiologia
• Posturografia

Organizações:

World Commission for Sport Biomechanics


International Society of Biomechanics: http://www.isb.ri.ccf.org

Revistas Científicas:

Gait & Posture: http://www.elsevier.nl


Journal of Biomechanics: http://www.jbiomech.com
Journal of Rehabilitation Research and Development:
http://www.vard.org/jour/jourindx.htm
Journal of Prosthetics and Orthrotics http://www.aandp.org/jpo

2_1_02 Aplicações Práticas

A biomecânica no desporto contribui para o aperfeiçoamento do desempenho em várias


actividades. O conhecimento do tipo de actividade e da magnitude da carga e vibração
nas estruturas músculo-esqueléticas e o efeito desta carga sobre os tecidos duros e moles
foi aplicado à criação de programas de reabilitação, transplantes ortopédicos e a
engenharia de próteses internas e externas. A Biomecânica também pode estar implicada
numa larga variedade de projectos relacionados a marcha do amputado, o design de
cadeiras de rodas, e o desenvolvimento das ajudas técnicas para os atletas ou membros
gerais da comunidade com deficiência.

2_1_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

Os objectivos da pesquisa biomecânica em AFA são:


• o aperfeiçoamento do treino e da prevenção de lesões, através de uma melhor
compreensão das cargas mecânicas associadas a uma tarefa motora
• optimização individualizada de habilidades adaptadas e técnicas desportivas
• avaliação de exigências mecânicas no equipamento adaptado, como cadeiras de
rodas ou bicicletas manuais.

• Vanlandewijck, Y., Daly, D., Verellen, J., Van Houte, S. KU Leuven, Bélgica.
“A Biomecânica na propulsão manual de cadeiras de rodas.”
O estudo é sobre a relação entre o modelo biomecânico ideal e o estudo de
movimento humano. Desafia biomecânicos em todo o mundo para modificar o
seu campo do estudo de “movimento do corpo saudável” para “movimento
Humano”, incluindo todas as pessoas, independentemente da extensão do seu
potencial físico e funcional.
http://www.kuleuven.ac.be
• Vanlandewijck, Y. KU Leuven, Bélgica. “Biomecânica em Actividade Física
Adaptada: a reabilitação, a aptidão relacionada com a saúde e a perspectiva de
optimização do desempenho.”
O estudo refere-se a como o contínuo da terapia desportiva reflecte o papel de
especialistas de AFA em reabilitação, recreação e desporto competitivo na
avaliação e intervenção. Refere, ainda, a forma como as análises biomecânicas
podem ser usadas como uma ferramenta de avaliação, fornecendo feedback
sobre a eficácia de diferentes estratégias de intervenção.
http://www.kuleuven.ac.be

• Janssen, T. et all. Universidade de Vrije, Holanda. “Análise biomecânica de


atletas em cadeira de rodas.”
Este projecto descreve a necessidade do consenso quanto à metodologia e às
estratégias de pesquisa em biomecânica. Analisa, em termos biomecânicos, a
propulsão de cadeiras de rodas manuais, levando à identificação dos factores que
se podem tornar de risco na prática desportiva em cadeira de rodas.
http://www.fbw.vu.nl

2_2_01 Fisiologia do Exercício

Introdução

A Fisiologia do Exercício, em parceria com a endocrinologia desportiva, imunologia e


bioquímica do exercício, cobre aquelas áreas da medicina desportiva que investigam as
alterações e os processos reguladores durante o exercício agudo e crónico.
A Fisiologia de Exercício é a identificação de mecanismos fisiológicos subjacentes à
actividade física, e a compreensão e a criação de serviços de intervenção referentes à
análise, aperfeiçoamento e manutenção de saúde e aptidão física, a reabilitação de
doenças cardíacas e pulmonares e outras doenças crónicas e/ou deficiências, bem como a
adaptação humana ao exercício agudo e crónico.

Organizações:

European College of Sport Science: http://www.ecss.de

Revistas Científicas:

Journal of Applied Physiology: http://www.humankinetics.com


Medicine and Science in Sports and Exercise
European Journal of Applied Physiology: http://jap.physiology.org

2_2_02 Aplicações Práticas

A fisiologia do exercício tem um largo espectro de aplicações práticas. Por um lado, a


capacidade do desempenho é avaliada para dar a informação de, por exemplo, modelos
de treino em atletas de elite ou níveis de aptidão física no âmbito da recreação. Por outro
lado, o impacto do exercício agudo e crónico sobre as funções fisiológicas (por exemplo,
a regulação da pressão sanguínea e as defesas imunológicas) é investigado para
compreender os mecanismos fisiológicos sobre o aperfeiçoamento nos cuidados de saúde
e na reabilitação de pacientes. O conhecimento sobre esses mecanismos reguladores é
também muito importante para a prevenção de muitas doenças e ajudará a optimizar
vários programas de reabilitação desportiva.

2_2_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

• Knechtle, B. et all. Centro Suíço de Paraplegia, Suíça. “Análise de exercício


anaeróbico para testar protocolos em atletas em cadeiras de rodas.”
O objectivo da pesquisa é determinar que velocidade e duração, num protocolo
de exercício, é melhor para testar atletas em cadeira de rodas, desempenhando
corridas de velocidade e, também, se as concentrações de lactato aumentam com
a crescente duração do teste.
http://www.paranet.ch

• Lev, A., Vanhees, L. Tese de Mestrado, EMDAPA. “Efeitos do exercício em


pacientes com doença de artéria coronária combinada e doença pulmonar
obstrutiva crónica.”
O estudo pretende investigar se um programa de reabilitação cardíaco pode
melhorar significativamente a capacidade de exercício em pacientes com doença
de artéria coronária combinada e em pacientes com doença pulmonar obstrutiva
crónica, bem como em pacientes cardíacos sem doença pulmonar obstrutiva
crónica.
http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter/newsletter4/index.htm

• Moskova, K. et all. Universidade de Charles, República Checa. “Capacidade de


exercício e deficiências locomotoras sobre sobreviventes da Doença de Hodgkin
(DH).”
O objectivo do estudo é investigar qual a relação dos testes de exercício na
bicicleta ergonómica com a capacidade de exercício dos pacientes DH. Para
além disso, é discutido o impacto da capacidade de exercício sobre as
deficiências funcionais do sistema locomotor.
http://www.cuni.cz

2_3_01 Medicina Desportiva

Introdução

A primeira definição moderna da medicina desportiva foi apresentada pelo Instituto de


Cardiologia e Medicina Desportiva, em 1958, na Alemanha (Colónia) como: “a medicina
desportiva inclui os ramos teóricos e práticos da medicina que investigam a influência do
exercício, do treino, e do desporto em pessoas sãs e doentes, bem como os efeitos da falta
do exercício, para produzir resultados úteis de prevenção, terapia e reabilitação.”
A medicina desportiva contemporânea envolve a saúde e o cuidado médico das pessoas,
que participam em desportos e actividades físicas, dos pontos de vista da medicina
preventiva, cardiologia, ortopedia, medicina física e reabilitação.

Organizações:

International federation of Sports Medicine: http://www.fims.org

Revistas Científicas:

International Journal of Sports Medicine: http://www.thieme.de/sportsmed/


Journal of Sport Rehabilitation: http://www.humankinetics.com

2_3_02 Aplicações Práticas

A aplicação de novos conhecimentos pela medicina desportiva deve beneficiar atletas de


elite, participantes de desportos recreativos e pessoas de todas as idades, interessadas no
exercício para a melhoria e manutenção da saúde e para o lazer. A conexão entre a
medicina desportiva e a AFA pode ser, muitas vezes, descrita como:
• estratégias de reabilitação em desporto adaptado
• conhecimento de como evitar e de como curar lesões em atletas com deficiência (ao
nível do desporto de elite bem como ao nível recreativo).

2_3_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

• Yi Kyung-Ok et all. Ewha Womans Universidade, Coreia. “Os efeitos do


exercício em água profunda sobre a aptidão física, dor e modelo de marcha em
mulheres idosas com osteoartrite degenerativa.”
O estudo investiga o aperfeiçoamento da postura, a forma do corpo, o padrão de
marcha, e também a redução da dor nas coxas, quadris e joelhos, devido a
exercícios em água profunda. Este tipo do treino permite o estiramento profundo e
forte e, ainda, desenvolve o equilíbrio entre os músculos flexores e extensores.
Contacto: http://www.ewha.ac.kr/ewhaeng/

• Curtis, K.A., Black, K. Universidade do Estado da Califórnia, EUA. “Dor no


ombro em jogadoras de basquetebol de cadeira de rodas.”
O objectivo da pesquisa é avaliar o nível de actividade, a história médica, a
prevalência e a intensidade da dor no ombro e nas extremidades superiores,
sentidas durante as actividades funcionais em atletas do sexo feminino, que
competem em basquetebol em cadeira de rodas.
http://www.calstate.edu
• Dickhuth, H.-Hermann. Universidade de Freiburgo, Alemanha. “Exercício e
doença cardiorespiratória.”
O estudo descreve a importância dos efeitos da actividade física na prevenção
primária e secundária, bem como da reabilitação no desempenho físico e na
mortalidade cardiovascular.
http://www.uni-freiburg.de

2_4_01 Psicologia do Desporto

Introdução

A disciplina de psicologia do desporto é uma corrente científica e profissional do


conhecimento, baseada em várias dimensões do comportamento e do exercício no
desporto. O objectivo da psicologia do deporto consiste em descrever e utilizar processos
psicológicos relacionados com:

• promoção de actividades físicas de manutenção da saúde


• crescimento pessoal no contexto onde o exercício e o desporto são praticados
• melhoria do desempenho em exercício e desporto

A observação, as técnicas introspectivas e as entrevistas directas são abordagens


metodológicas de investigação em psicologia do desporto.

Organizações:

International society of sport psychology (ISSP): http://www.issponline.org


European Federation of Sport Psychology: http://www.psychology.lu.se/fepsac/

Revistas Científicas:

Journal of Sport and Exercise psychology: http://www.humankinetics.com


International Journal of Sport Psychology: http://www.swets.nl
Journal of Applied Sport Psychology: http://www.tandf.co.uk
Psychology of sport and exercise:
http://www.elsevier.nl/inca/publications/store/6/2/0/7/9/2/

2_4_02 Aplicações Práticas

A psicologia do desporto é orientada para três campos principais de aplicação prática:


• Educação – disseminação do conhecimento a professores, treinadores,
administradores e população com necessidades especiais, para ajudá-los a
compreender e aplicar princípios psicológicos, quando enfrentam dilemas
comportamentais e éticos.
• Teoria e investigação – estabelecimento de modelos e teorias que representem
os domínios do desporto e do exercício (motivação e atribuição, dinâmica de
grupo e liderança, comunicação e emoções).
• Aplicações a profissões – para várias profissões como o treino, educação,
prática clínica, treino atlético e reabilitação.

2_4_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA

• Bredahl, A.M. Centro de desporto para a saúde de Beitostoelen, Noruega.


“Actividade física e a utilização de acompanhamento psicológico.”
O projecto investiga como a combinação do acompanhamento psicológico,
oferecido por um psicólogo clínico, com a actividade física adaptada pode
influenciar a auto-estima, a depressão, a solidão e a aceitação corporal de
pessoas com deficiência, que nunca receberam acompanhamento psicológico
anterior.
http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter

• • Holter, G., Ungerer-Roehrich, U. Universidade de Bayreuth, Alemanha.


“Factores curativos subjectivos da AFA em populações clínicas.”
O objectivo do estudo é explorar, com a ajuda de um questionário, o impacto
de actividades físicas adaptadas sobre quatro aspectos da intervenção em
pacientes clínicos: a) a experiência do corpo e do self, b) experiências
biográficas, c) a actualização das relações do grupo e d) a actualização do
movimento e bem-estar.
http://www.uni-bayreuth.de

• Flies-Douer, O., Vanlandewijck, Y, Van den Awelle, Y., Hutzler, Y. “Relação


entre deficiência física funcional e perspectivas de objectivos dos jogadores de
basquetebol em cadeira de rodas.”
Este estudo examinou as perspectivas de objectivos de jogadores de
basquetebol em cadeira de rodas, em comparação com jogadores “normais” e
em relação à classificação funcional no basquetebol em cadeira de rodas. 59
jogadores flamengos de basquetebol em cadeira de rodas preencheram um
Questionário de 13 itens de Orientação para o Ego, seguido de uma análise
intra-individual de situações e reacções em basquetebol em cadeira de rodas,
com padrões implicando uma extremamente alta ou extremamente baixa
orientação para o ego. Os resultados sugerem que esta amostra é
predominantemente orientada para a tarefa e que a orientação para os
objectivos não foi influenciada pelo nível de classificação.
Contacto: douer@netvision.net.il

http: // www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter
3_1_01 Investigação

Metodologia

A metodologia que tem sido usada em AFA cobre todos os tipos de abordagens
metodológicas, incluindo as ciências naturais e sociais. Dentro das sub-disciplinas
relacionadas com as ciências do desporto e do movimento, deve ser escolhida uma
metodologia de investigação apropriada. É importante observar que as metodologias
"alternativas" (por exemplo, estudos de caso único e metodologias qualitativas) são
usadas cada vez mais, de forma a dar uma resposta à grande heterogeneidade dos
indivíduos com deficiência que participam em trabalhos de investigação.

• Procedimentos Estatísticos
• Características da metodologia de investigação
• Margem de medição
• Sensibilidade
• Factores restritivos

3_1_02 Procedimentos Estatísticos

A metodologia de investigação na actividade física adaptada utiliza conceitos gerais da


investigação em estatística, de forma a analisar os dados com a ajuda de técnicas
estatísticas, ler e interpretar os resultados. Estes procedimentos implicam, na maior parte
dos casos:
estatística descritiva básica
métodos de correlação e predição
estatística inferencial – t-testes e análise de variância
técnicas estatísticas não-paramétricas
análise multivariada

3_1_03 Características da Metodologia de Investigação

•Validade: o grau pelo qual um teste ou instrumento mede o que pretende medir.
- Validade interna – a razão pela qual os resultados de um estudo podem ser
atribuídos aos tratamentos usados no estudo
- Validade externa – a generalização dos resultados de um estudo: os resultados
mantêm-se válidos para outras populações, contextos e instrumentos de medição
para além daqueles usados no estudo específico?
- Validade de critério – o grau no qual os resultados numéricos de um teste
estão relacionados com um padrão ou critério previamente reconhecido
• Confiança: é a coerência e a consistência de uma medida
- A confiança inter-observador (objectividade) – dois observadores obtém os
mesmos resultados, quando eles, independentemente um do outro, avaliam o
mesmo comportamento ou sujeitos
- A confiança Teste Reteste (estabilidade) – o observador obtém os mesmos
resultados de teste, testando os mesmos sujeitos pela segunda vez
- A consistência interna (homogeneidade) – os diferentes itens da medida do
teste avaliam o mesmo “facto”
• Significação: até que ponto os resultados são influenciados pelo programa de
intervenção ou por outros factores implicados.

3_1_04 Margem da Medida

Há situações nas quais uma parte dos dados parece estar perto das margens superiores ou
inferiores da extensão da medição. Isto é chamado efeito de Chão e Tecto. Em tais casos,
as diferenças entre grupos podem tornar-se não-significativas, porque alguns resultados
estão perto do limite da medição.

Exemplo

Crianças de 10 anos, com e sem Distúrbio do Desenvolvimento Coordenativo [ver


“Problemas de Saúde”] foram avaliadas por meio do “Test of Gross Motor
Development” [ver “Avaliação”] antes e depois de uma intervenção, e não mostraram
nenhuma melhoria visível. Os seus resultados aa execução da corrida e do salto variavam
de uma pontuação de 0 (nenhum critério de habilidade encontrado) a 4 (todos os critérios
de habilidade encontrados) em ambas as situações de avaliação.

3_1_05 Sensibilidade

Algumas medidas, em particular em testes motores, são pontuadas por meio de escalas de
intervalos ou ordinais que, muitas vezes, não são suficientemente sensíveis para mostrar a
modificação dentro de algum tempo ou entre grupos. As escalas devem ser planeadas
como parte do design do estudo e adoptar um modelo que permita indicar diferenças, se
elas existirem. Quando se usa um teste de equilíbrio, por exemplo, o equilíbrio pode
melhorar ou não mudar, conforme se usa uma escala adequada. Se, contudo, um teste, tal
como o Body Co-ordination Test (BCT) [Ver “Avaliação”] é usado, dado que este inclui
tabelas normativas, certamente as diferenças poderão ser constatadas.

Escalas de medição:
• Escalas Nominais: só nome, não pode ser comparado usando estatística.
Exemplos: membro confirmado; nunca eleito; não está interessado
• Escalas Ordinais: ordenação e classificação. Implica comparações.
Exemplos: Feliz – Mais Feliz - o Mais Feliz
Sempre – às Vezes – Nunca
• Escalas intervalares: fornecem não só a ordem entre escalas, mas também a
magnitude da distância entre elas. Os conjuntos de intervalos são significativos
em função por exemplo, da classificação. Exemplo:
Sempre 1 2 3 4 5 6 7 Nunca.
• Escalas de Proporção: todas das propriedades de medidas nominais, ordinais e
intervalos, mais um valor nulo verdadeiro que representa uma ausência
completa da característica.
3_1_06 Factores Limitativos

Aparecem problemas específicos quando se medem variáveis em AFA, que são


normalmente explicados como uma indicação de certo nível da aptidão ou actividade mas
que são, na verdade, devidos à limitações funcionais.
Por exemplo: pessoas em cadeira de rodas normalmente apresentam valores limite de
VO2max de 1.5-2.5 litros por minuto, o que pode ser entendido como baixa aptidão física.
No entanto, devido à pouca massa muscular do participante, este valor pode, contudo, ser
o resultado de outro factor que limita o desempenho máximo.

3_2 Considerações

• Considerações Preliminares
• Como realizar uma investigação em AFA
• Condições especificas metodológicas para publicar artigos de
investigação em AFA

3_2_01 Considerações Preliminares

Um bom design de investigação em AFA deve considerar que o praticante poderia querer
usar os resultados dos estudos para tomar decisões clínicas. Por isso, é importante tomar
decisões apropriadas, antes que os resultados dos estudos sejam publicados como um
relatório ou como um artigo científico. Actualmente, os editores de revistas cientificas
controlam muito cuidadosamente o design e os erros de medição, quando recebem artigos
para publicação. Uma das melhores fontes para procurar orientações e resultados de
evidência em tratamentos físicos é o PEDro, Physiotherapy Evidence Database, que
fornece um motor de busca por diferentes critérios, incluindo (a) terapia, (b) disciplina,
(c) método de análise (d) problema, e (e) parte do corpo. O PEDro também enumera
critérios de qualidade para conduzir a investigação, incluindo 10 itens enumerados na
escala de PEDro.

http://www.pedro.fhs.usyd.edu.au/FAQs/Scale/scaleitems.htm

3_2_02 Como realizar uma investigação em AFA

Com seleccionar o melhor instrumento


• Há três elementos básicos a considerar:
- Porque que medimos
- O que medimos
- Quem medimos
• Conceitos básicos de medida a considerar:
- Conceitos relacionados com propriedades Psicométricas
- Conceitos relacionados com a utilidade
Porque que medimos?

• Para fazer comparação


• Para informar o ensino
• Para monitorizar o progresso do individuo
• Para avaliação de um programa
• Para encontrar o nível
• etc

O que medimos?

• Movimento, habilidades motoras, aptidão física


• Capacidades, atitudes, motivação
• Conteúdos, conhecimento
- Pedagogia do Desporto
- Desenvolvimento motor
- Fisiologia do exercício
- Psicologia do desporto
- Biomecânica

Recursos de informação

Muitas páginas da Web tratam da investigação em geral e de metodologia


estatística, que podem ser aplicadas às ciências humanas ou do desporto

1. http://www.sportsci.org/resource/stats/index.html
2. http://www.2.fmg.uva.nl/sociosite/topics/research.html
3. http://trochim.human.cornell.edu/kb/index.htm
4. http://www.sosig.ac.ik

3_2_03 Exigências metodológicas específicas para a publicação de investigação em


AFA

Duas importantes análises da literatura, publicadas na revista “Adapted Physical Activity


Quarterly” (Porretta, Konzub & Lisboa, 2000; Sherrill & O’Connor, 1999) apresentaram
critérios relacionados com a metodologia e a apresentação da informação em AFA. As
respectivas sugestões podem ser sumariadas da seguinte forma:

• Criar a teoria a partir de questões de pesquisa


• Criar hipóteses ou perguntas de pesquisa, com relevância prática
• Descrever, detalhadamente, o processo de amostragem, incluindo os critérios
de exclusão e inclusão de participantes. Existe uma influência potencial da
selecção e da dimensão da amostra nos resultados que irão ser encontrados.
• Descrevendo detalhadamente a amostra de participantes, considerando as
seguintes variáveis: o género, a etnia, a idade, a actividade diária, a condição
de deficiência e respectiva severidade, a posição funcional e outros níveis de
desempenho.
- É recomendado não combinar condições de deficiência diferentes numa
mesma amostra.
- Os participantes de géneros diferentes não devem ser agrupados, dado que
não favorecem uma boa discussão teórica.
- Os participantes de diferentes níveis de desenvolvimento ou condição
funcional não devem ser agrupados, para não dificultar o tratamento
estatístico e a discussão dos resultados.
• Descrição de métodos de recolha de dados, tais como pesquisa enviada pelo
correio, telefone, ou entrevista face a face.
• Descrição de instrumento, incluindo o número de itens e as escalas de
cotação. Se for usada a metodologia qualitativa, o método e os critérios para
encontrar as categorias de análise devem ser explicados detalhadamente.
• reportar a validade e a confiança dos instrumentos usados, incluindo os
valores específicos da mostra.
• calcular a taxa de não-resposta, e discutir a sua influência potencial sobre a
validade de resultados.
• Apresentação do valor médio individual - item por item - por sub-escala ou
por resultados totais, dependendo do objectivo e do método estatístico.
• Analisar os efeitos nos resultados da dimensão da amostra.

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