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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

CIÊNCIA POLÍTICA

Unidade III – Princípio Representativo do Estado Moderno


1. Liberalismo e o domínio representativo nas sociedades modernas.
2. Diferentes formas de representação política
- Mandatos, partidos políticos, sindicatos, grupos de pressão, opinião pública, etc.
3. Crise de representação e democracia contemporânea.
- Emergência do mandato imperativo e os instrumentos do Recall, do plebiscito, da
iniciativa popular, do Referendum, do orçamento participativo.

1. Liberalismo e o domínio representativo nas sociedades modernas.

Já foi abordado que o Liberalismo, que pode ser definido como “como um conjunto
de princípios e teorias políticas, que apresenta como ponto principal a defesa da
liberdade política e econômica”. Neste sentido, os liberais são contrários ao forte
controle do Estado na economia e na vida das pessoas.
O pensamento liberal teve sua origem no século XVII, através dos trabalhos sobre
política publicados pelo filósofo inglês John Locke e no século XVIII, o liberalismo
econômico ganhou força com as idéias defendidas pelo filósofo e economista escocês
Adam Smith.
Eis os princípios básicos do liberalismo:
- Defesa da propriedade privada;
- Liberdade econômica (livre mercado);
- Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado);
- Igualdade perante a lei (estado de direito);

O Estado liberal é o ponto de partido para o estudo do sistema representativo e será


objeto de análise nesta unidade. Para os dicionaristas, mediante a representação se faz
com que “algo que não esteja presente se ache de novo presente”, ou seja, fazer
presente por intermédio de uma pessoa visível outra pessoa que não se faz
concretamente visível aos demais (Glum).

A indagação que surge nesse particular é a seguinte: na representação (mandato), que


alguém fica visível no lugar de outro, há duplicidade ou identidade em relação à
presença e ação do representante, com a interveniência de sua vontade? Os capítulos
seguintes analisarão as duas realidades: duplicidade ou identidade.

No Estado liberal, a duplicidade foi o entendimento dominante, ou seja, o


representante (deputado, senador) é considerado uma nova pessoa em relação ao povo
que vota nele; o representante é pessoa “portadora de uma vontade distinta daquela do
representado, e do mesmo passo, fértil de iniciativa e reflexão e poder criador” (Paulo
Bonavides, 218). Assim, o deputado representa a nação, cujo querer o representante
simboliza e interpreta. Duplicidade significa mandato livre.
Os autores liberais foram pródigos em frases que atestavam a necessidade de manter a
absoluta liberdade do representante (deputado, senador), vê-se em Montesquieu que o
povo é sábio em escolher, mas não sabe governar. A consolidação do regime
representativo se dá com a Revolução Francesa (1789), quando se verifica a absoluta
independência política do representante, “capacitado a querer em nome da nação e
sem mais vínculos ou compromissos com o colégio eleitoral” (Paulo Bonavides, 220).

A reforçar esse entendimento, eis passagem de Sieyès: “É para a utilidade comum que
os cidadãos nomeiam representante, bem mais aptos que ele próprios a conhecerem o
interesse geral e a interpretar sua própria vontade”. E mais veemente Condocert:
“Mandatário do povo, farei o que cuidar mais consentâneo com seus interesses.
Mandou-me ele expor minhas idéias, não as suas: a absoluta independência das
minhas opiniões é o primeiro de meus deveres para com o povo”. (Bonavides, 222)

Diversos diplomas legais positivaram essa independência: i) Constituição Francesa de


1791; ii) Constituição belga; iii) Estatuto Fundamental Italiano de 1848; iv)
Constituição de Weimar de 1919. O século XX, no entanto, foi início do declínio da
“duplicidade”, onde várias constituições eram apenas formalmente a favor da
autonomia plena do representante ou contra o mandato imperatativo. A partir da
própria Constituição de Weimar, foram introduzidos mecanismos de democracia
semidireta que se mostraram até contraditórios com outras disposições do mesmo
texto.

No Brasil, o sistema representativo previsto na Constituição de 1967/69 foi de


encontro ao sistema constitucional anterior, todas pautadas na “duplicidade”, “ao abrir
largo espaço à adoção eventual do Estado partidário e seus anexos plebiscitários”
(Bonavides, 226), assim, mecanismos como a fidelidade partidária com perda do
mandato do representante trânsfuga e estreitamento das imunidades parlamentares
foram exemplos da tendência moderna de abordar a “duplicidade”, menos em relação
à vontade dos eleitores do que à vontade partidária.

O contraste dessa tendência – que é a tendência atual das sociedades de massa – é


considerar que o representante deve ter identidade de pensamento com a vontade do
eleitor e fazer o mandato cada vez mais imperativo em relação à vontade do
mandante. Isto é decorrência da queda do prestígio das instituições parlamentares
organizadas de forma aristocrática e a conseqüente ascensão das classes trabalhadoras
e da ampla participação popular que se verificou a partir da segunda metade do século
XX.

Com o advento do sufrágio universal – ou seja, todos votando – era inevitável a


exigência do mandato imperativo; mas antes da constitucionalização, o princípio da
identidade já se encontra ultrapassado por conta da presença cada vez mais forte dos
grupos de interesse, que nas palavras de Bonavides assim podem ser caracterizados:

“Os grupos não pertencem a uma só classe. Exprimem, se a sociedade for


democrática, um pluralismo de classes. Em conseqüência acarretam também um
pluralismo de interesses, perturbador do caráter representativo das instituições
herdadas à nossa sociedade pelo liberalismo e seus órgãos de representação, que
serviam preponderantemente a uma classe única” (Bonavides, 234).
Assim, a identidade que existe hoje em dia é a identidade em relação à vontade dos
grupos, de que esses representantes são meros agentes. Há uma decomposição da
vontade popular e uma conseqüente crise do sistema representativo que inicia com o
princípio da representação popular a vai até os grupos de pressão dos Estados
contemporâneos. Com efeito, “subsiste inalterável a verdade de que as organizações
profissionais e os sindicatos constituem a mais efetiva forma de comunidade de que o
homem moderno participa, mormente nas grandes cidades” (Bonavides, 239).

Essa transformação da vontade popular em vontade de grupos (frustrando a idéia da


vontade geral de Rousseau) passou por três fases:

a) fase da representação proporcional que permite identificar melhor a sociedade de


classes em sua exteriorização política.
b) fase da representação profissional inspirada nas organizações corporativas
medievais.
c) fase da representação de grupos de pressão que são as forças sociais, econômicas e
espirituais da nação organizadas e atuantes.

2. Diferentes formas de representação política

Mandatos:

A doutrina política aponta para a existência de duas formas de mandato: o mandato


representativo e o imperativo. No período da democracia liberal, marcado pela
doutrina da soberania nacional, o mandato foi rigorosamente representativo; na
democracia social, marcada pela doutrina da soberania popular, ele é representativo
do ponto de vista formal, mas alguns estudiosos já o batizam de imperativo na
democracia social contemporânea.

Características do mandato representativo:

• Generalidade: mandatário (representante) não representava o território, a


população, o eleitorado ou o partido político, mas sim a nação como um todo;
• Liberdade: representante exerce o mandato com inteira autonomia da vontade,
não podendo ficar sujeito a pressões externas;
• Irrevogabilidade: não há lugar para instrumentos como o recall;
• Independência: os atos do representante se acham a salvo de qualquer
ratificação por parte do mandante.

Características do mandado imperativo:

• Sujeita os atos do representante à vontade do eleitor;


• Eleito é simples depositário da confiança do eleitor;
• Combatido pelos liberais;
• Bem visto pelo governos da democracia semidireta.

Partidos Políticos:
A mais antiga definição de partido político que se tem noticia é Burke, que em 1770
definiu partido como “um corpo de pessoas unidas para promover, mediante esforço
conjunto, o interesse nacional, com base em algum princípio especial, ao redor do
qual todos se acham de acordo”.

Ou mais modernamente, com Antônio Klein:

“(...) é uma organização de pessoas que inspiradas por idéias ou movidas por
interesses, buscam tomar o poder, normalmente pelo emprego de meios legais, e nele
conservar-se para a realização dos fins propugnados” (A importância dos Partidos
Políticos no funcionamento do Estado, p. 41)

Em 1816, Benjamin Constant, teórico do Estado liberal, assim definiu partido


político: “é uma reunião de homens que professam a mesma doutrina política”.

Em 1862, Bluntschli diz que se tratava de “grupos livres na sociedade, os quais,


mediante esforços e idéias básicas de teor político, da mesma natureza ou intimamente
aparentados, se acham dentro do Estado, ligados para uma ação comum”.

Mas a idéia de partidos políticos na doutrina do Estado liberal já foi fortemente


criticada, até Rousseau se mostra contrário à idéia de sistema partidário, seguem
algumas passagens críticas aos partidos políticos:

Halifax: “o melhor partido é apenas uma espécie de conspiração contra o resto do


país”.

Bolingbroke: “a pior de todas as divisões vem a ser com certeza aquela que resulta das
divisões partidárias”

David Hume: “Do mesmo modo que os legisladores e fundadores de Estados devem
ser honrados e respeitados pelo gênero humano, os fundadores de partidos políticos e
facções devem ser odiados e detestados”.

Tocqueville: “os partidos são um mal inerente aos governos livres”.

John Adams: “nada me atemoriza tanto quanto a divisão da República em dois


grandes partidos, cada qual com o seu líder”.

John Marshall: “nada rebaixa ou polui mais o caráter humano do que um partido
político”

No século XX o conceito de partido político mudou e se tem convicção que a


democracia não é possível sem partidos políticos:

Jellineck: “em sua essência, são grupos que, unidos por convicções comuns, dirigidas
a determinados fins estatais, buscam realizar esses fins”.

Kelsen: “os partidos políticos são organizações que congregam homens da mesma
opinião para afiançar-lhes verdadeira influência na realização dos negócios públicos”

Field: “associação voluntária de pessoas com a intenção de galgar o poder político,


possivelmente por meios constitucionais”.
De acordo com Bonavides, “(...) não foi fácil ao Estado moderno acomodar-se em
termos jurídicos a essa realidade nova, essencial e poderosa que é o partido político”,
mas atualmente no Estado social, nas democracias de massa, os partidos políticos
chegam à plenitude de seu reconhecimento.

Os Sistemas de Partidos: adotam os Estados contemporâneos três sistemas principais


de partidos:

a) bipartidarismo: se dá nos Estados onde há uma dualidade de tendências, não


necessariamente apenas dois partidos, mas sim, dois partidos com capacidade (e
possibilidade) de chegar ao poder. Exemplos: Estados Unidos, com os partidos
Republicano e Democrata e Inglaterra com os partidos Conservador e Trabalhista.

b) multipartidarismo: para os adeptos do pluralismo político é a melhor forma de


colher e fazer representar o pensamento de variadas correntes de opinião,
“emprestando às minorias políticas o peso de uma influência que lhes faleceria, tanto
no sistema bipartidário como unipartidário” (Bonavides, 391).

c) unipartidarismo (partido único): é uma contradição e um protesto à lógica falar-se


de partido único, tendo em vista que partido pressupõe pelo menos duas realidades
distintas. A concepção ocidental democrática não admite o partido único, uma vez que
vazada na regra do pluralismo partidário.

As eleições gerais de 2010 criaram a seguinte composição partidária no Congresso


Nacional (divisão em percentual por partidos políticos):

PT – 17,2%
PMDB – 15,4%
PSDB – 10,3%
DEM – 8,4%
PR – 8%
PP – 8%
PSB – 6,6%
PDT – 5,5%
PTB – 4,1%
PSC – 3,3%
PC do B – 2,9%
PV – 2,9%
PPS – 2,3%
PRB – 1,6%
PMN – 0,8%
PT do B – 0,6%
PSOL – 0,6%
PRTB – 0,4%
PHS – 0,4%
PRP – 0,4%
PSL – 0,2%
PTC – 0,2

As bancadas por profissão podem ser assim definidas:


A propósito da composição do parlamento, um levantamento do Diap identificou o crescimento das
bancadas de empresários, sindicalistas e evangélicos. Vejam: “No caso dos empresários, serão 169
parlamentares, a maior bancada desde 1998, quando foram eleitos 148. Os sindicalistas serão 61
deputados, sete a mais do que a bancada atual. Os evangélicos serão 63 deputados, 20 a mais que os
atuais. Segundo o Diap, o PMDB contará com a maior bancada de empresários (32, sendo 10
estreantes). O DEM vem a seguir, com 28, dos quais 13 são novatos. Entre os sindicalistas, 22 são
estreantes. De acordo com o levantamento, a partir de 2011 dois importantes defensores do interesse
empresarial na Câmara passarão a atuar no Senado: o presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Armando Monteiro (PTB-PE), e Ciro Nogueira (PP-PI). Do lado do movimento sindical, serão
seis representantes (um a menos do que hoje). Quatro são novos: os atuais deputados Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM), Walter Pinheiro (PT-BA) e José Pimentel (PT-CE) e o ex-governador
Wellington Dias (PT-PI). Eles se somarão ao senador reeleito Paulo Paim (PT-RS) e a Inácio Arruda
(PCdoB-CE), que têm mandato até 2014”. (Jornal O POVO, edição de 20/10/10, Coluna Política do
jornalista Fábio Campos)

Grupos de Pressão:

No século XX as sociedades privadas, os grupos, as classes e partidos substituíram os


mitos dos cidadãos soberanos e da vontade geral. Podem ser conceituados da seguinte
maneira:

“Os grupos de pressão são organizações da esfera intermediária entre o indivíduo e o


Estado, nas quais um interesse se incorporou e se tornou politicamente relevante. Ou
são grupos que procuram fazer com que as decisões dos poderes públicos sejam
conformes com os interesses e as idéias de uma determinada categoria social”
(Bonavides, 460).

Ou dito de outra forma mais concisa:

“Grupos de pressão não são outra coisa senão as forças sociais, econômicas e
espirituais da nação, organizadas e atuantes” (Bonavides, 461).

Esses grupos exercem influência sobre o poder político para obtenção eventual de
uma determinada medida de governo que lhe favoreça os interesses.

Entre partidos políticos e grupos de pressão há as seguintes diferenças:

a) o partido político busca conquistar o poder e seus objetivos são permanentes,


enquanto o grupo de pressão atua transitoriamente com a finalidade de alcançar um
objetivo.

b) no partido a perspectiva é global, no grupo de pressão é parcial;

c) os partidos têm uma responsabilidade política definida e um programa exposto à


publicidade, ao contrário dos grupos de expressão que atuam sem a correspondente
responsabilidade e com propósitos nem sempre claros às vistas da opinião pública.

Há duas espécies de grupos de pressão:

a) organizações patronais e de trabalhadores, associações profissionais das chamadas


classes liberais (associações médicas, OAB, clubes de engenharia, etc)
b) organizações filantrópicas aparentemente desinteressadas.

Técnicas dos Grupos de Pressão

a) persuasão

b) corrupção

c) intimidação

Aspectos Negativos: ameaça ao Estado, ao governo, à democracia e à ordem


representativa.

Aspectos Positivos: diante da complexidade da tarefa de governar, os grupos servem


como mediadores dos anseios da população.

Opinião Pública:

Que é opinião pública? Para responder a questão e situar o problema, merece ser
transcrito nessas notas de aula trechos de artigo sobre o tema, escrito por um
especialista chamado Harwood L. Childs:

“A origem da expressão "opinião pública" está envolta em mistério. Na


literatura da Grécia e Roma antigas, bem como ao longo da Idade Média, os filósofos
tinham inteira consciência da importância da opinião das massas. A frase "voz populi,
vox Dei" data da última parte da Idade Média. Foi só no século XVIII, entretanto, que
se submeteu a expressão opinião pública a uma análise e tratamento sistemáticos.
Durante os séculos XVII e XVIII escritores como Voltaire, Hobbes, Locke e Hume
pagaram o seu tributo à força da opinião pública. Mas era esse o período da
Revolução Francesa e devemos voltar-nos mais particularmente para os escritos de
Rousseau para uma primeira e cuidados análise do assunto. Hobbes falou no mundo
como sendo governado pela opinião; Lock considerou a opinião como uma das três
categorias do direito; e Hume deu expressão à clássica afirmação de que "é somente
na opinião que o governo se fundamenta; e esta máxima estende-se aos governos mais
despóticos e militaristas, tanto quanto aos mais livres e populares". Blaise Pascal
referiu-se à opinião pública como "Rainha do Mundo", ao que Voltaire replicou: "se a
opinião é Rainha do Mundo, os filósofos governam a Rainha"”.

“Rousseau parece ter sido o primeiro a usar a expressão "l’opinion publique", e


são valiosas suas considerações sobre as relações entre a opinião e o direito. Afirmou
que "quem quer que se dedique à tarefa de legislar para um povo deve saber como
manejar as opiniões, e através delas governar as paixões dos homens."”.

“A pesquisa e o estudo da opinião pública em nossos dias atravessam a


ultrapassam as linhas que tradicionalmente separam os departamentos das ciências
sociais e podem ser encontradas praticamente em todas as suas disciplinas.
Estatísticos, psicólogos, jornalistas, publicitários e pesquisadores de mercado prestam
agora considerável atenção ao problema da determinação do estado da opinião pública
quanto a assuntos específicos. Vários tipos de amostragem e aplicação de inquéritos
estão sendo usados. Observações minuciosas e prudentes tem sido complementadas
por métodos precisos de tomada de opinião. Neste campo são dignas de nota as
atividades do Instituto Americano de Opinião Pública e da revista Fortune”.

“Estudos sobre atividades de grupos e pressão, sobre propaganda e sobre os


instrumentos de comunicação, bem como pesquisas psicológicas quanto à gênese das
opiniões individuais, vão esclarecendo cada vez mais o processo de formação da
opinião. Em virtude de tantos fatores diferentes influenciarem a opinião pública, este
campo atrai um número desusadamente grande de estudiosos”.

“O ponto que desejo salientar é apenas este: opinião pública é qualquer coleção
de opiniões individuais, independentemente do grau de concordância ou
uniformidade. O grau de uniformidade é um assunto a ser investigado, e não algo a ser
fixado arbitrariamente, como condição para a existência da opinião pública”.

Opinião Pública é a opinião da maioria? Nem sempre, como ensina o Mestre Darci
Azambuja, senão veja:

“A opinião da maioria é opinião pública quando a minoria, mesmo discordando,


a ela se submete pacificamente, sem emprego da força. Se a minoria se conforma com
a opinião da maioria, considerando-a de acordo com o sistema legal adotado, ainda
que a considere errônea, há uma opinião pública” (Azambuja, p. 297)

Como se forma a opinião pública? “Vê-se, pois, que os diversos fatores que influem
no espírito do indivíduo e da sociedade para formar aopinião são os variados modos
de comunicação do pensamento: a conversação, a impresa, livros, discursos,
conferências, o rádio, o cinema, etc” (Azambuja, 301)

Há limites para a opinião pública? “Não é possível traçar regras para determinar
rigorosamente os limites da opinião pública, para especificar quais as matérias em que
ela é competente e quais as que lhe escapam à compreesão” (Azambuja, 302). E
continua o professor Azambuja, “de modo geral, a opinião pública é mais competente
nos assuntos locais, nas pequenas cidades, nos municípios, porque conhece
diretamente os problemas, as necessidades e os homens” (302).

Devem os governantes ignorar a opinião pública? “Os grande erros políticos foram
sempre cometidos por homens que ludibriaram ou esmagaram a opinião pública. Nos
momentos mais difíceis, e sobre os mais graves problemas, a decisão da opinião
pública é geralmente acertada, generosa e justa” (Azambuja, 304).

3. Crise de representação e democracia contemporânea.


- Emergência do mandato imperativo e os instrumentos do Recall, do plebiscito,
da iniciativa popular, do Referendum, do orçamento participativo.
A democracia semi-direta é modalidade que altera as formas clássicas da democracia
indireta ou representativa com o intuito de aproximá-la da democracia direta. É de
todo impossível, como já dito antes, utilizar-se nos dias de hoje, com o nível de
complexidade das sociedades, a democracia direta como instrumento de consulta ao
povo.

Apesar da dificuldade, “percebeu-se ser possível fundar instituições que fizessem do


governo popular um meio-termo entre a democracia direta dos antigos e a democracia
representativa dos modernos”(Bonavides)

A democracia e os partidos políticos: o Estado dos dias atuais é dominantemente


partidário, ou seja, “a pressão oriunda das camadas economicamente inferiores da
sociedade produziu pois a necessidade do emprego de um instrumento que de pronto
servisse à comunicação dos anseios populares de teor reivindicatório”, este
instrumento não é outro senão o partido político. A história demonstrou que não raro
os partidos políticos se corrompem, e com isto perde muito a prática democrática e o
povo.

3.1. Os instrumentos da democracia semi-direta.

Como é impossível voltar à Grécia antiga onde do alto de um monte se vislumbrava


todo o território da Pólis, o constitucionalismo democrático elegeu alguns
instrumentos de participação que dão ao povo a palavra final sobre os atos de
governo. São eles: o referendum, o plebiscito, a iniciativa, o direito de revogação, o
veto.

a) o referendum:

Nesse instrumento o povo adquire o poder de sancionar as leis, ou seja, o parlamento


elabora a lei, mas esta só se faz juridicamente perfeita e obrigatória depois da
aprovação popular, depois de submetido ao sufrágio dos cidadãos que votarão pelo
sim ou pelo não, por sua aprovação ou rejeição. O constitucionalista espanhol Xifra
Heras divide o instituto em consultivo onde o referendum é anterior à propositura
legislativa e o referendum arbitral que é posterior e tem a feição tradicional que se
conhece do instituto. As vantagens e as desvantagens do referendum estão postas
claramente na p. 307/8 do livro do prof. Paulo Bonavides.

b) o plebiscito:

Ao contrário do referendum restrito à leis, é um ato extraordinário e excepcional que


tem por objeto medidas políticas, matéria constitucional, refere-se à estrutura
essencial do Estado ou do governo, à modificação ou conservação das formas
políticas. A extensão de um instrumento e outro é bem diferente: enquanto no
referendum demanda apenas a aprovação de uma reforma, o plebiscito consiste em
dar confiança a um homem, como fez Napoleão Bonaparte na França com a sucessão
de plebiscitos napoleônicos: relativo ao consulado (1799), vitaliciedade do cônsul
(1802), coroa hereditária do império (1804). Aqui no Brasil houve o plebiscito de
1993 onde a nação decidiu sobre a forma e sistema de governo. Venceu a república
presidencialista.
c) a iniciativa:

O veto e referendum asseguram ao povo que ele não será submetido a uma legislação
que não queira, mas não obrigam o parlamento a legislar, a iniciativa, ao contrário,
confere ao povo o exercício de uma verdadeira orientação governamental na medida
em que este propõe formalmente a legislação que no seu parecer melhor atenda ao
interesse público1 Como deve ser apresentado um projeto de iniciativa? Veja o passo a
passo:
• É obrigatória a apresentação das assinaturas de 1% dos eleitores brasileiros
divididos entre cinco estados, com não menos de 0,3% do eleitorado de cada
estado.

• A assinatura de cada eleitor deverá ser acompanhada de nome completo,


endereço e número completo do título eleitoral (com zona e seção).

• As listas de assinatura devem ser organizadas por município e por estado, de


acordo com formulário que deve ser retirado na Câmara dos Deputados.

• Entidades poderão patrocinar a apresentação de projetos de lei, desde que se


responsabilizem pela coleta de assinaturas.

• O projeto deve ter informações da Justiça Eleitoral quanto aos dados de


eleitores por estado, aceitando-se os números referentes ao ano anterior caso
não haja números atualizados.

• O projeto deve ser protocolado na Secretaria-Geral da Mesa, que tem a


obrigação de verificar as exigências.

• O projeto de lei de iniciativa popular ganhará então um número e passará a ter


a mesma tramitação dos demais.

• Cada projeto deve citar apenas um assunto.

• Os projetos de iniciativa popular não podem ser rejeitados por questões


técnicas. Nesse caso, a Comissão de Constituição e Justiça é obrigada a
adaptar a redação do texto.
d) o direito de revogação.

É o sistema adotado em alguns países onde é possível por fim ao mandato eletivo de
um funcionário ou parlamentar antes da expiração do prazo legal. A Suíça e os
Estados Unidos o admitem em seus respectivos ordenamentos jurídico. A forma mais
conhecida de revogação é o recall que é a forma de revogação individual daqueles
cujo comportamento merece censura do eleitor: “determinado número de cidadãos,
em geral a décima parte do corpo de eleitores, formula, em petição assinada,
acusações contra o deputado ou magistrado que decaiu da confiança popular, pedindo
sua substituição ou intimando-o a que se demita de seu mandato”.

1
Constituição Federal, art. 61, II, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles.
e) o veto.

É faculdade que permite ao povo manifestar-se contrário a uma medida ou lei já


devidamente elaborada pelos órgãos competentes e em vias de ser posta em execução.

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