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RESUMO
Este artigo foi elaborado a partir de uma proposta desenvolvida em um trabalho de conclusão do Curso de
Ciências Contábeis na área de Contabilidade, mais especificamente em Contabilidade Ambiental, com
ênfase ao sistema de tratamento de dejetos da Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ. O trabalho
teve como objetivo, a partir da proposta de uma nova alternativa para minimização da emissão dos
dejetos evidenciar as conseqüências econômico-financeiras para a empresa, realizada através de dados
coletados junto a COTRIBÁ. O referido trabalho classifica-se como estudo de caso e os instrumentos de
coleta de dados utilizados foram as entrevistas (estruturadas e semi-estruturadas) e os documentos e
relatórios da contabilidade. A partir de dados coletados e da síntese dos documentos, evidenciaram-se os
resultados econômico-financeiros antes e depois da adoção da proposta, oferecendo à cooperativa um
instrumento de análise comparativa de resultados com ou sem uma atuação específica relacionada ao
tratamento de dejetos.
1. Introdução e Problematização
Com a evolução das organizações e das ciências a elas associadas, surgem novas
técnicas e processos de produção e controle empresariais. Nesse contexto, os
aspectos ambientais no gerenciamento dos negócios tornam-se importantes em
todas as etapas das operações das empresas. O ciclo de vida dos produtos passa a
ser acompanhado com maior atenção, na intenção de redução dos níveis de
emissão de resíduos, necessitando, para tal, de relatórios que possibilitem um
monitoramento destas atividades.
A Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda, COTRIBÁ, está atuando no mercado local e
regional desde 1968 como parte integrante do setor agropecuário regional, alocando esforços para
armazenagem e comercialização de grãos, pecuária leiteira, suínos e insumos agrícolas, pecuários e
também disponibilizando à comunidade uma ampla área de consumo que compreende dois modernos
supermercados e uma loja de confecções.
A COTRIBÁ no setor de suinocultura vem se destacando no cenário regional, no qual possui
atualmente duas unidades produtoras de leitões, UPL’s, uma localizada na localidade da Várzea, no
Município de Ibirubá/RS, e a outra localizada na Esquina Hetzel, no município de XV de Novembro. Com
o objetivo de expandir seus negócios, a COTRIBÁ está construindo uma nova UPL no município de XV
de Novembro com capacidade de produção de aproximadamente 80.000 leitões/ano.
Em virtude da grande produção no setor da suinocultura, e sob perspectivas do aumento de sua
produção, vem ocorrendo grande emissão de dejetos resultantes do processo produtivo. Como esta
atividade está intimamente ligada à questão ambiental, surge a preocupação de propor uma nova
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alternativa para minimização da emissão dos dejetos e das conseqüências econômico-financeiras para a
empresa.
Para tanto se definiu o seguinte problema da pesquisa:
2. Objetivo Geral
Partindo de conceitos básicos de que a produção de suínos tem dado cada vez mais ênfase para
as questões ambientais, provocando modificações em seu modelo produtivo, o objetivo geral deste
trabalho é apresentar alternativas para minimização dos impactos ambientais inerentes à atividade e as
conseqüências econômico-financeiras da não implantação das melhorias.
3. Justificativa
Foram vários os fatores que contribuíram para o interesse da realização desta proposta, dentre
eles, o fato de que a suinocultura é um setor que contribui significativamente para a economia da região
sul do Brasil, que segundo Takitane (2003), a mesma possui 33% do rebanho nacional de suínos.
A Região Sul é caracterizada pela exploração de pequenas propriedades, com escassez e
restrição de áreas para a agricultura mecanizada e para a disposição de dejetos. Apesar de os produtores
estarem sensibilizados com a degradação do meio ambiente, causada pela emissão de dejetos, muitos não
possuem capacidade financeira para realizar uma adequada estrutura de coleta, armazenamento,
tratamento, transporte e distribuição e aliado com a carência de informações, acaba induzindo muitos
produtores a drenar os efluentes para a natureza sem o tratamento adequado.
Sendo os sistemas de produção de suínos altamente poluidores, suas principais conseqüências
são a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, emissão de maus odores, presença de insetos, isso
decorre devido ao grande volume de dejetos produzidos por esta atividade e seu inadequado tratamento.
Desta maneira a questão dos dejetos está diretamente ligada com as atividades que afetam a qualidade do
meio ambiente.
Estes modelos de gestão ambiental necessitam de informações adequadas para cumprir seu
papel, pois de modo geral a gestão contemporânea é movida a resultados. No caso da gestão ambiental, as
decisões decorrem da identificação de uma degradação ambiental e são relativas às atividades de
prevenção, recuperação e reciclagem, por esse motivo o modelo de informação deve prover a empresa
condições de comparar o resultado da entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao meio
ambiente.
A COTRIBÁ, hoje, não possui especificados em seu plano de ação, metas e projetos de
investimento relacionados à questão ambiental, mas tem como objetivo definido por seus dirigentes, ir se
adequando na medida do possível às exigências impostas pela legislação ambiental, as quais se fazem
cumprir pela FEPAM. Mesmo a COTRIBÁ não tendo documentado planos de ação em relação à questão
ambiental, ela possui grande preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida de seus
colaboradores, e da população em geral. Com as crescentes regulamentações ambientais, bem como para
manter-se viável economicamente frente ao mercado cada vez mais competitivo, e tendo como seu cliente
um consumidor cada vez mais exigente e uma sociedade cada vez mais organizada e consciente de seus
direitos, a Cotribá busca estratégias que possam melhorar a qualidade ambiental.
Portanto, entende-se que a proposta será oportuna, pois proporcionará a Cotribá um modelo de
informação, capaz de permitir à empresa, meios de avaliar seus resultados com ou sem alguma ação
específica relacionada à proteção e conservação do meio ambiente.
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4. Plano ou delineamento da pesquisa
O referido estudo se define como pesquisa exploratória e descritiva. Conforme Gil (1995), as
pesquisas exploratórias têm como principal objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
idéias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. São desenvolvidos com o objetivo de proporcionar uma visão geral e aproximada de
determinado fato. Este estudo utilizou-se de procedimentos relacionados à pesquisa do tipo: estudo de
caso e pesquisa bibliográfica.
Segundo Beuren (2003, p.84):
5. Referencial Teórico
De acordo com Iudícibus (1997), a contabilidade deveria se apresentar como justa e não
enviesada para todos os interessados, porém se torna difícil definir o que seria “justo”, “verdadeiro” ou
“não enviesado”. A abordagem ética pode ser muito subjetiva, pois pelo comodismo, pode se continuar
aceitando os atuais Princípios da Contabilidade, sem pesquisar as mudanças que poderiam ser adotadas.
A abordagem ética não distingue bem as necessidades diferenciadas dos vários usuários, pois ela
pretende apresentar um conjunto único de informações, que objetivamente deveria ser “justo” para todos,
todavia, no estágio atual no qual a sociedade se encontra, em virtude do desenvolvimento econômico e
contábil, seria praticamente inviável.
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5.1.2 A Abordagem Sociológica
Segundo Iudícibus (1997), a contabilidade, nesta abordagem, é julgada por seus efeitos no
campo sociológico, na qual os procedimentos contábeis e os relatórios emitidos pela contabilidade
deveriam atender as finalidades sociais. Estes relatórios devem propiciar ao público, informações sobre a
amplitude e utilização de seus poderes nas eventuais contribuições para as entidades de caridade,
organizações políticas, sociedades educacionais e na sociedade em geral.
Uma grande variante nesta abordagem é a chamada Contabilidade Social, que segundo o mesmo
autor, consiste em ampliar a evidenciação contábil para incluir informações sobre níveis de emprego da
entidade, tipos de treinamento, demonstração de valor adicionado. Outra ramificação importante é
Contabilidade Ecológica, sendo que estas abordagens estão sendo muito pesquisadas na atualidade, em
virtude dos interesses das entidades em divulgar suas ações sociais.
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eram apresentados anualmente, chamados então de Relatórios de Atividades Sociais. Posteriormente,
alguns evoluíram em forma e conteúdo e começaram a receber outra denominação que vem se tornando
cada vez mais usual nos últimos anos, a de Balanço Social.
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g) desenvolvimento de técnicas contábeis que expressem ativos e passivos e
custos em termos ecológicos ( não financeiros ).
Para Ribeiro in Paiva (2003, p.48), “a evidenciação dos desembolsos relacionados ao meio
ambiente é de relevante importância para atender as necessidades atuais, ou seja, a informação como
instrumento de combate a crescente evolução dos níveis de poluição e seus efeitos nocivos”.
As empresas devem deixar transparecer seu grau de preocupação e de amadurecimento elevado,
demonstrando a existência de uma consciência ambiental desenvolvida para seu processo de inserção no
ambiente mundial onde se torna indispensável o atendimento aos requisitos ambientais, sendo e
evidenciação a forma de torná-los públicos.
Quando a empresa valoriza o meio ambiente e toma medidas preventivas, sua imagem perante a
população tende a melhorar e a tomar uma conotação diferenciada.
Segundo Paiva (2003), devemos evidenciar a partir do momento em que haja a percepção do
fato gerador, as atitudes da empresa devem se materializar no sentido de interação com meio ambiente, ou
seja, ações devem ser postas em prática proporcionando a defesa, conservação e recuperação do mesmo.
De acordo com Paiva (2003, p.49) entende-se como ações pró-ativas:
Para Ferreira in Paiva (2003) a inclusão dos aspectos econômicos da questão ambiental nos
sistemas de contabilidade das entidades poderia, portanto, proporcionar uma maior capacidade de análise,
dado que o balanço patrimonial é um relatório que mostra desempenhos acumulados e permite projeção de
desempenhos futuros.
De acordo com Paiva (2003) ocorre a busca da melhor transmissão de informações ambientais,
sendo que a contabilidade não somente deve dar atenção na evidenciação dos gastos efetuados ou gatos
futuros, mas também na busca da forma mais prática possível de demonstrar essas informações.
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No entanto, a empresa, devido à preocupação de se tornar ecologicamente correta, acaba
divulgando em vários veículos de comunicação e de diversas formas as informações de natureza
ambiental, não permitindo o estabelecimento de parâmetros para completo entendimento, comparação e
julgamento. Atualmente, as formas mais tradicionais de evidenciação de fatos ou transações ambientais
são compostas pelos relatórios da administração, notas explicativas e as formas alternativas.
Segundo Paiva (2003) as notas explicativas podem ser usadas para descrever práticas contábeis
utilizadas pela companhia, para explicações adicionais sobre determinadas operações. Elas visam fornecer
informações necessárias para esclarecer situações patrimoniais, para explicar fatos que futuramente
poderão afetar o patrimônio da empresa.
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especifica nesta área. A UPL por ser uma grande emissora de dejetos, em virtude de seu processo
produtivo, possui vários custos de controle ambiental, que compreendem os gastos incorridos na aquisição
de insumos, mão-de-obra, amortização de equipamentos, construção de instalações para o processo de
preservação, proteção e recuperação do meio ambiente.
Em virtude da grande emissão de dejetos emitidos pela UPL, é fundamental para a COTRIBÁ
que todos os custos de natureza ambiental sejam tratados de forma mais específica, merecendo
participação no planejamento estratégico da organização, tendo em vista a importância que adquiriu o
controle ambiental e o expressivo volume de recursos nele investidos. O controle de custos refletirá o
nível de falhas existentes e o volume de gastos necessários para eliminar e ou reduzir estas falhas, seja na
forma de investimento de natureza permanente, ou de insumos consumidos no processo operacional.
Portanto, torna-se importante a evidenciação e a mensuração destes custos, pois eles são peças
fundamentais para análise e decisões gerenciais voltadas para o desenvolvimento sustentável da empresa e
para o comprometimento social com o meio ambiente e com as gerações futuras.
Hoje, as estratégias das organizações em relação ao meio ambiente estão voltadas para reduzir
ao mínimo possível a emissão de resíduos poluentes, elevar ao máximo a produtividade com grau de
qualidade ambiental crescente e manter um sistema de controle, de preservação, de proteção e
gerenciamento ambiental eficaz ao menor custo possível. Portanto a gestão dos custos ambientais é muito
importante para a análise dos métodos ou projetos de investimento para programas ambientais, pois a
partir da identificação e alocação dos custos ambientais, irá permitir que as decisões de investimentos
estejam baseadas em custos e benefícios adequadamente medidos.
A COTRIBÁ tem realizado vários investimentos na área ambiental, além de possuir um sistema
de tratamento de dejetos na Unidade Produtora de Leitões (UPL 1), também foi construído um depósito
para recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos, instalação de captadores de partículas em suas
unidades de recebimentos de produtos agrícolas, sistemas de aeração. Apesar de realizar vários
investimentos ligados ao meio ambiente, a COTRIBÁ, hoje, não possui um modelo de informação capaz
de prover à empresa condições de avaliar os custos e benefícios dos programas de melhoria ambiental.
A relação da empresa com o meio ambiente tem crescido de importância, devido à
disponibilidade e ou escassez de recursos naturais e a poluição do meio ambiente que se tornaram objeto
de debate econômico, político e social. Portanto, surge a importância da COTRIBÁ desenvolver um
sistema de informações gerenciais, capaz de prover a seus gestores meios de monitorar, proteger e
recuperar o meio ambiente, e além do mais, dar condições para a empresa de comparar o resultado da
entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao meio ambiente.
A Unidade Produtora de Leitões (UPL 1), devido ao seu processo produtivo, emite grande
quantidade de dejetos, na qual possui um sistema parcial de manejo, de tratamento e disposição de dejetos,
mas que é capaz de atender as exigências da FEPAM, conforme a Lei Estadual que versa sobre gestão dos
Recursos Naturais e da Qualidade Ambiental (art. 120 a 246). Por outro lado, não ocorrendo um
tratamento adequado dos dejetos, resultaria em impactos ambientais negativos, que através dos coliformes
fecais e pelo excesso de amônia contida na urina dos animais, provocariam principalmente a contaminação
das águas, dos lençóis freáticos, emissão de mau odor, presença de insetos.
A COTRIBÁ, hoje, não possui descrito em seu plano de ação, metas e projetos de investimentos
relacionados à questão ambiental, mas tem como objetivo ir se adequando na medida do possível a todas
às exigências impostas pela Lei Estadual que versa sobre a gestão dos Recursos Naturais e da Qualidade
Ambiental (art.120 a 246). Em virtude disso, a UPL 1, por possuir um sistema de tratamento parcial de
dejetos, tem como meta construir mais uma lagoa de tratamento de dejetos (Lagoa de Aguapé), que
possibilitará a reutilização da água contida nos dejetos, podendo ser devolvida para as nascentes, ou sendo
reutilizada na UPL para limpeza das instalações.
O Sistema de Produção de Leitões projetado pela COTRIBÁ, na UPL 1, conta com 1.700
matrizes capazes de produzir 3.500 leitões por mês e 42.000 leitões por ano, em uma estrutura localizada
no município de Ibirubá, na localidade da Várzea. O complexo da UPL compreende uma área de 9,4
hectares, sendo 24.373,01 m² de área construída, composta por 10 pavilhões, sendo um de Recria, três de
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Gestação, três de Maternidade e três de Creche, possui ainda um escritório com vestiário, refeitório e duas
casas para moradia.
A unidade produtora de leitões da COTRIBÁ conta com 24 colaboradores e caracteriza-se por
uma produção com alta tecnologia devido à produção por inseminação artificial, nutrição, manejo e
higiene dos animais, sendo que é inacessível à visitação do público.
FÊMEA
RECRIA
GESTAÇÃO MATERNIDADE
(FÊMEA)
FÊMEA
LEITÕES
CRECHE
GRANJA
PRODUTORES
(TERMINAÇÃO)
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Os dejetos são coletados através de calhas internas, que através de um volume de lâmina de água
suficiente para a dissolução do material sólido, são conduzidos a um canal coletor interno no centro dos
pavilhões e drenados para um condutor externo que levará os dejetos até o decantador.
O sistema possui várias etapas: Caixa de Homogeneização, Unidade de Decantação, Esterqueira
(Depósito de Iodo), Lagoa Anaeróbica e Lagoas Aeróbicas.
A seguir será apresentado um fluxograma do sistema atual de tratamento de dejetos da Unidade
Produtora de Leitões:
DEJETOS
CAIXA
DECANTADOR
HOMOGEINIZAÇÃO
DEJETOS DEJETOS
SÓLIDOS LÍQUIDOS
LAGOA
ESTERQUEIRA ANAERÓBICA
LAGOA LAGOA
AERÓBICA 2 AERÓBICA 1
Para uma empresa que exerce atividades ligadas à suinocultura da qual resulta a emissão de
dejetos, os cuidados ambientais devem ser encarados como uma questão de sobrevivência, tendo em vista
que a conservação dos recursos naturais representa sua sustentabilidade e garante sua continuidade.
Para tanto, é importante que a empresa implante um sistema de gestão ambiental que atenda as
necessidades e expectativas de diversos usuários, que busque promover uma atuação empresarial de forma
responsável, principalmente em atendimento às emanações legais. Segundo Ferreira (2003), o objetivo
maior da gestão ambiental é o de propiciar benefícios à empresa que superem, anulem ou diminuem os
custos das degradações causadas principalmente por suas atividades produtivas.
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Adaptado do modelo de SOUZA (2003)
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Na atividade da Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ, a maior preocupação gira em torno
do tratamento e respectiva destinação dos Dejetos resultantes de seu processo produtivo, os quais são
emitidos em grande quantidade. Desta forma, a gestão ambiental da empresa deveria concentrar seus
esforços na adoção de medidas de controle interno, como a integração do controle ambiental nas práticas e
processos produtivos e com formas alternativas de reaproveitamento e tratamento dos dejetos.
No caso em estudo, os esforços deveriam ser voltados para a minimização ou eliminação dos
efeitos negativos resultantes dos dejetos emitidos pela Unidade produtora de Leitões, sendo evidente que
os custos de implantação e manutenção desse processo variam de acordo com o nível de redução do
impacto ambiental pretendido. Para tanto, deve haver uma integração da área de gestão ambiental e
contábil, de modo que possa subsidiar a elaboração de informações de natureza econômico-financeiro-
ambiental, almejando promover a preservação e proteção ambiental.
Assim, tendo em vista que até a realização da pesquisa a empresa não possuía um departamento
de gestão ambiental, sugere-se um organograma da gestão ambiental para a mesma, conforme figura 11:
DEPARTAMENTO DE
CONTROLE AMBIENTAL
INFORMAÇÕES
TRADICIONAI
DIVISÃO TRATAMENTO DEPARTAMENTO S
DE DEJETOS CONTABILIDADE
INFORMAÇÕES
AMBIENTAIS
COLABORADORES
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A COTRIBÁ hoje, na sua unidade produtora de leitões possui um tratamento parcial de dejetos,
na qual o produto resultante do tratamento é disponibilizado aos associados como forma de biofertilizante
em suas lavouras.
Segundo Birkhan (2003) os sistemas de tratamento de dejetos da Unidade Produtora de leitões
da COTRIBÁ, apresentou através de teste realizado pelo LACE (Laboratório de Controle de Efluentes) da
Universidade de Passo Fundo, uma eficiência significativa apenas na remoção de DBO 5, Sólidos
Sedimentáveis, e nível de pH. Nas demais variáveis (DQO, Sólidos Suspensos, Fósforo Total, Nitrogênio
Total), os níveis de contaminação possuem valor muito além dos exigidos pela FEPAM.
Para tanto, a fim de se obter um tratamento completo dos dejetos, deveria ocorrer uma
reestruturação no seu processo de tratamento, e para isso sugere-se a seguinte alternativa: a construção de
uma Lagoa de Aguapé e a construção de um Biofiltro.
Segundo Bavaresco (1998), o Aguapé (Eichornia Crassipes), mais conhecido como "Jacinto
d’água", no Brasil recebe ainda o nome de Baronesa, Camalote, dentre outros, é uma planta aquática
originária da região tropical da América Central. Caracteriza-se como suculenta, constituída em cerca de
95% de água, inclusive em suas raízes, rizomas, estolões, pecíolos, folhas e inflorescências. Varia em
altura desde alguns centímetros até cerca de um metro, apresenta-se suspensa na água ou fixa no fundo em
águas rasas.
Conforme Moreira (2004), o objetivo da Lagoa de Aguapé é o de remover os nutrientes
remanescentes, especialmente NT e PT, através da biomassa de Aguapé.
De acordo com Bavaresco (1998) a ação despoluidora do Aguapé é realizada através de 4
mecanismos que são:
Ação filtrante: com suas raízes exuberantes como cabeleiras, esta planta retém o material
particulado em suspensão como argila e partículas orgânicas.
Absorção: através de suas raízes o Aguapé absorve de corpos d’água poluídos, metais pesados
(Ag, Pb, Hg, Cd e outros), compostos organoclorados, organofosforados e fenóis.
Oxigenação: através de sua parte aérea, o aguapé transfere oxigênio do ar para o corpo hídrico,
oxigenando a massa de água.
Ação Bioquímica: as raízes das plantas flutuando nas águas poluídas com nutrientes desenvolvem
um ecossistema complexo e dinâmico, onde além da absorção de Nitrogênio e Fósforo pela planta se
processa também uma intensa atividade bacteriana. Estas bactérias promovem a oxidação biológica dos
compostos orgânicos degradáveis abaixando a DBO e DQO, índices indicadores de poluição orgânica.
a.1.1) Custos:
Os Custos relativos à implantação de uma Lagoa de Aguapé seriam somente os custos de
escavação, por se tratar de uma Lagoa sem revestimento de lona plástica e pela abundância em na região
da planta denominada Aguapé (Eichornia Crassipes). Segundo entrevista não estruturada com o Médico
Veterinário José Paulo Corazza, os custos de implantação da Lagoa de Aguapé seriam em torno de R$
3.000,00.
Segundo Moreira (2004), o filtro biológico é composto com camadas sobrepostas de brita, areia e
carvão, com câmara de ar inferior e registro para retrolavagem, abastecimento pela parte inferior e saída
pela superior. O biofiltro fará a depuração final do sistema e a adequação do efluente final para a
reutilização na granja.
Segundo Bley Jr. (1998), o Biofiltro é uma tecnologia de controle de poluição do ar, adaptada
para a suinocultura, que se utiliza da ação de microorganismos para oxidar os compostos orgânicos
voláteis, os gases inorgânicos oxidáveis e os vapores contidos no ar, já que são esses compostos que
geram os odores. As bactérias e fungos necessários estão no ar ambiente e em regiões tropicais como no
Brasil, estão disponíveis de forma intensa e diversificada, não há necessidade nenhuma de se inocular
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bactérias de fora, para que o biofiltro funcione. É uma maneira eficiente, eficaz e de baixo custo para
remover as concentrações de gases do ar.
Conforme Bley Jr. (1998), o Biofiltro tem sido usado com sucesso há pelo menos 15 anos em
aplicações industriais; como tecnologia para redução de odores em instalações de animais estabulados está
sendo investigado na Alemanha desde 1980.
b.1.1) Custos:
A construção em alvenaria de um Biofiltro conforme dados disponibilizados em entrevista não
estruturada pelo Médico Veterinário José Paulo Corazza, exigiria o desembolso de R$ 10.000,00. Sua
implantação exigiria também a contratação de um funcionário específico para realizar a manutenção do
biofiltro e o controle do sistema de tratamento de dejetos, que se estima gerar um custo médio de R$
500,00 mensais.
A seguir apresenta-se um fluxograma do sistema de tratamento de dejetos previsto:
REUTILIZAÇAO DA
DEJETOS ÀGUA NA UPL
(LIMPEZA)
CAIXA
DECANTADOR
HOMOGEINIZAÇÃO
DEJETOS DEJETOS
SÓLIDOS LÍQUIDOS
LAGOA
ESTERQUEIRA
ANAERÓBICA
LAGOA LAGOA
AERÓBICA 2 AERÓBICA 1
LAGOA DE
AGUAPÉ BIOFILTRO
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8. Gastos decorrentes da decisão de não implantação de um Sistema de Controle de dejetos
A empresa que optar por não adquirir meios de Proteção Ambiental e continuar proporcionando
condições de poluição ao meio ambiente, estará sujeita às sanções penais impostas pela Lei Federal de
Proteção Ambiental nº 9.605, 13/02/98 , que prevê multas que variam de R$ 50,00 (cinqüenta reais) até R$
50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), para as pessoas jurídicas que praticarem crimes contra o meio
ambiente, bem como as impostas pela Lei Estadual Complementar nº 38, de 21/11/95, que trata as
infrações ambientais da seguinte forma:
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Quadro 3: DRE COTRIBÁ 2003
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM R$
Quadro 4: Ativo COTRIBÁ após Aplicação da Alternativa Quadro 5: Passivo COTRIBÁ após Aplicação
ATIVO EM R$ Alternativa
PASSIVO EM R$
CIRCULANTE 160.283.967,08
DISPONIBILIDADE 2.264.545,04 CIRCULANTE 161.754.237,64
CRÉDITOS COM COOPERADOS 38.162.045,20 OBRIGAÇÕES COM 81.735.604,76
CRÉDITOS COM TERCEIROS 31.354.527,42 COOPERADOS
ESTOQUES 87.755.480,58 OBRIGAÇÕES COM 80.018.632,88
DESPESAS ANTECIPADAS 747.368,84 TERCEIROS
REALIZÁVEL A LONGO 30.059.751,93 EXIGÍVEL A LONGO 26.089.878,25
PRAZO PRAZO
CRÉDITOS COM COOPERADOS 15.095.112,81 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 51.193.536,29
CRÉDITOS COM TERCEIROS 14.964.639,12 CAPITAL SOCIAL 12.991.217,95
PERMANENTE 48.693.933,17 INTEGRALIZADO
INVESTIMENTOS 6.486.155,85 RESERVAS DE CAPITAL 2.186.293,01
IMOBILIZADO 40.136.093,58 RESERVAS DE 20.105.759,86
IMOBILIZADO - AMBIENTAL 13.000,00 REAVALIAÇÃO
DIFERIDO 2.058.683,74 RESERVAS DE 5.368.355,43
TOTAL DO ATIVO 239.037.652,18 EQUALIZAÇÃO
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003 RESERVAS DE SOBRAS 9.542.414,02
SOBRAS ACUMULADAS 999.496,02
TOTAL DO PASSIVO 239.037.652,18
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003
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Quadro 6: DRE COTRIBÁ após Aplicação Alternativa
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM R$
Com a construção da Lagoa de Aguapé, do Biofiltro e com a despesa salarial, a empresa estaria
diminuindo o seu Ativo Circulante em 0,01%, (de 160.302.967,08 para 160.283.967,08), aumentando o
seu Ativo Permanente em 0,02% (de 48.680.933,17 para 48.693.933,17) e ainda provocando um aumento
nas despesas operacionais em 0,01% (de 35.323.673,56 para 35.329.673,56), conseqüentemente
diminuindo o Resultado do Exercício em 0,41% (de 1.444.932,34 para 1.438.932,34) e também
diminuindo as Reservas de Sobras em 0,04% (de 9.546.314,02 para 9.542.414,02).
Com esta decisão, a COTRIBÁ mantém a continuidade de suas atividades atendendo a Lei
Estadual que versa sobre Gestão dos Recursos Naturais e da Qualidade Ambiental (art.120 a 246), porém
continuará a gerar o dejeto potencialmente poluidor, o que conforme o Art. 41 do Decreto Nº 3.179 de 21
de setembro de 1999 relata que: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora: multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), ou
multa diária”.
Neste caso, conforme a Legislação Estadual, considerar-se-á para efeito de simulação uma multa
diária no valor de R$ 500,00, resultando em uma multa anual no valor de R$182.500,00 ( R$500,00 x 365
dias).
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Quadro 8: Passivo COTRIBÁ após
Quadro 7: Ativo COTRIBÁ após Simulação da Multa Simulação da Multa
ATIVO EM R$ PASSIVO EM R$
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Com esta decisão, a empresa estaria aumentando seu Passivo Circulante em 0,11% (de
161.754.237,64 para 161.936.737,64) e diminuindo seu resultado em 12,62% (de 1.444.932,34 para
1.262.432,34) e sua reserva para sobras em 1,24% (de 9.546.314,02 para 9.427.689,02) e
conseqüentemente reduzindo seu patrimônio liquido em 0,36% (de 51.199.536,29 para 51.017.036,29).
9. CONCLUSÃO
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Segundo Martins e Ribeiro (1995) os prejuízos causados ao planeta foram todos em nome de seu
desenvolvimento econômico, em nome da pobreza reinante entre os povos. Contudo o meio ambiente não
suporta mais as agressões que lhe são feitas. Logo se chega ao confronto entre a continuidade do
desenvolvimento econômico e a do sistema ecológico. Atingiu-se o estágio em que a necessária
convivência do desenvolvimento econômico com meio ambiente está ameaçada, embora eles não sejam
mutuamente exclusivos, sendo que a questão ambiental se impõe, pois se constitui na base essencial do
sistema de vida do planeta. Assim sendo, só resta aos mentores do processo de desenvolvimento
econômico encontrar alternativas para adaptar este às limitações do atual estado da natureza.
Sendo os sistemas de produção de suínos altamente poluidores, suas principais conseqüências
são a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, emissão de maus odores, presença de insetos, isto
decorre devido ao grande volume de dejetos produzidos por esta atividade e seu inadequado tratamento.
A COTRIBÁ, ciente de sua responsabilidade social e ambiental necessita de adequações no seu
sistema de tratamento de dejetos para estar de acordo com a Legislação Ambiental, para obter melhorias
de desempenho ambiental, proporcionando um melhor relacionamento com seus associados, com seus
colaboradores, com órgãos de controle e com a sociedade em geral.
Com a proposta de implantação de um sistema de tratamento de dejetos, que envolveria a
construção de uma Lagoa de Aguapé e de um Biofiltro, observou-se a falta de instrumentos gerenciais
voltados às preocupações ambientais da Unidade Produtora de Leitões. A partir de então, seguindo os
objetivos do trabalho, procurou-se buscar alternativas para se obter um melhor desempenho no sistema de
gerenciamento ambiental no que tange o sistema de tratamento de dejetos da UPL.
Considerando-se a probabilidade de futuras multas em virtude da geração de dejetos
potencialmente poluidores, constatou-se que a proposta de construção de uma Lagoa de Aguapé e do
Biofiltro é econômica e financeiramente viável, pois seu custo de implantação é significativamente
inferior ao valor de possíveis multas, sem causar significativas reduções no Patrimônio Líquido da
COTRIBÁ.
Nesse sentido, a implantação de um sistema completo de tratamento de dejetos se faz necessária
na Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ, uma vez que a Cooperativa terá condições de obter
informações no que diz respeito ao nível de eficiência e eficácia sobre investimentos e ao custo de
implantação e manutenção do processo de tratamento, proporcionando à empresa condições de comparar o
resultado da entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao tratamento de dejetos.
Portanto, cabe a todas as áreas de atuação da COTRIBÁ atuar na preservação e proteção do meio
ambiente. A área contábil, por sua vez, deve empenhar-se para que os seus instrumentos de informação
melhor reflitam o real valor do patrimônio das empresas, seus desempenhos e, ao mesmo tempo,
satisfaçam às necessidades de seus usuários, inclusive sob o aspecto ambiental, dado que a alternativa que
se tem apresentado neste trabalho, para controle e preservação do Meio Ambiente é mensurável e,
portanto, passível de contabilização e informação à sociedade.
Referências bibligráficas
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