Anda di halaman 1dari 21

Luciana Paim Pieniz, contadora, CRCRS 61327/0-6

Gustavo Andrei Pedersen, Bacharel em Ciências Contábeis


LeandroLuiz Schneider, Bacharel em Ciências Contábeis

Análise econômico-financeira a partir da proposição de uma melhoria no sistema de tratamento de dejetos


suínos na unidade produtora de leitões da Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda - COTRIBÁ

Temário: Ética, Responsabilidade Social e Governança Corporativa

Endereço para contato: Rua Andrade Neves, 308, Centro, CEP 98025-810, Departamento de Economia,
Fone: 55-3321-1612, e-mail: pieniz@unicruz.edu.br

1
RESUMO

Este artigo foi elaborado a partir de uma proposta desenvolvida em um trabalho de conclusão do Curso de
Ciências Contábeis na área de Contabilidade, mais especificamente em Contabilidade Ambiental, com
ênfase ao sistema de tratamento de dejetos da Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ. O trabalho
teve como objetivo, a partir da proposta de uma nova alternativa para minimização da emissão dos
dejetos evidenciar as conseqüências econômico-financeiras para a empresa, realizada através de dados
coletados junto a COTRIBÁ. O referido trabalho classifica-se como estudo de caso e os instrumentos de
coleta de dados utilizados foram as entrevistas (estruturadas e semi-estruturadas) e os documentos e
relatórios da contabilidade. A partir de dados coletados e da síntese dos documentos, evidenciaram-se os
resultados econômico-financeiros antes e depois da adoção da proposta, oferecendo à cooperativa um
instrumento de análise comparativa de resultados com ou sem uma atuação específica relacionada ao
tratamento de dejetos.

Palavras-chave: Suínos, Unidade Produtora de Leitões, Sistema de Tratamento de Dejetos, Contabilidade


Ambiental.

1. Introdução e Problematização

A Gestão Ambiental no Brasil consolidou-se a partir de 1981 quando foram estabelecidos os


princípios, objetivos e instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, implantada pela Lei nº 6.938,
que constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído pelos órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental. Já em 1998 foi criada a lei nº 9.605, que define os crimes ambientais e dispões sobre
as sanções penais e administrativas para os poluidores, derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente.
Segundo Paiva (2003, p.10):

Com a evolução das organizações e das ciências a elas associadas, surgem novas
técnicas e processos de produção e controle empresariais. Nesse contexto, os
aspectos ambientais no gerenciamento dos negócios tornam-se importantes em
todas as etapas das operações das empresas. O ciclo de vida dos produtos passa a
ser acompanhado com maior atenção, na intenção de redução dos níveis de
emissão de resíduos, necessitando, para tal, de relatórios que possibilitem um
monitoramento destas atividades.

A Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda, COTRIBÁ, está atuando no mercado local e
regional desde 1968 como parte integrante do setor agropecuário regional, alocando esforços para
armazenagem e comercialização de grãos, pecuária leiteira, suínos e insumos agrícolas, pecuários e
também disponibilizando à comunidade uma ampla área de consumo que compreende dois modernos
supermercados e uma loja de confecções.
A COTRIBÁ no setor de suinocultura vem se destacando no cenário regional, no qual possui
atualmente duas unidades produtoras de leitões, UPL’s, uma localizada na localidade da Várzea, no
Município de Ibirubá/RS, e a outra localizada na Esquina Hetzel, no município de XV de Novembro. Com
o objetivo de expandir seus negócios, a COTRIBÁ está construindo uma nova UPL no município de XV
de Novembro com capacidade de produção de aproximadamente 80.000 leitões/ano.
Em virtude da grande produção no setor da suinocultura, e sob perspectivas do aumento de sua
produção, vem ocorrendo grande emissão de dejetos resultantes do processo produtivo. Como esta
atividade está intimamente ligada à questão ambiental, surge a preocupação de propor uma nova

2
alternativa para minimização da emissão dos dejetos e das conseqüências econômico-financeiras para a
empresa.
Para tanto se definiu o seguinte problema da pesquisa:

Quais seriam os impactos econômico-financeiros resultantes da implantação da melhoria dos


sistemas de tratamento de dejetos na Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ?

2. Objetivo Geral

Partindo de conceitos básicos de que a produção de suínos tem dado cada vez mais ênfase para
as questões ambientais, provocando modificações em seu modelo produtivo, o objetivo geral deste
trabalho é apresentar alternativas para minimização dos impactos ambientais inerentes à atividade e as
conseqüências econômico-financeiras da não implantação das melhorias.

3. Justificativa

Foram vários os fatores que contribuíram para o interesse da realização desta proposta, dentre
eles, o fato de que a suinocultura é um setor que contribui significativamente para a economia da região
sul do Brasil, que segundo Takitane (2003), a mesma possui 33% do rebanho nacional de suínos.
A Região Sul é caracterizada pela exploração de pequenas propriedades, com escassez e
restrição de áreas para a agricultura mecanizada e para a disposição de dejetos. Apesar de os produtores
estarem sensibilizados com a degradação do meio ambiente, causada pela emissão de dejetos, muitos não
possuem capacidade financeira para realizar uma adequada estrutura de coleta, armazenamento,
tratamento, transporte e distribuição e aliado com a carência de informações, acaba induzindo muitos
produtores a drenar os efluentes para a natureza sem o tratamento adequado.
Sendo os sistemas de produção de suínos altamente poluidores, suas principais conseqüências
são a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, emissão de maus odores, presença de insetos, isso
decorre devido ao grande volume de dejetos produzidos por esta atividade e seu inadequado tratamento.
Desta maneira a questão dos dejetos está diretamente ligada com as atividades que afetam a qualidade do
meio ambiente.
Estes modelos de gestão ambiental necessitam de informações adequadas para cumprir seu
papel, pois de modo geral a gestão contemporânea é movida a resultados. No caso da gestão ambiental, as
decisões decorrem da identificação de uma degradação ambiental e são relativas às atividades de
prevenção, recuperação e reciclagem, por esse motivo o modelo de informação deve prover a empresa
condições de comparar o resultado da entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao meio
ambiente.
A COTRIBÁ, hoje, não possui especificados em seu plano de ação, metas e projetos de
investimento relacionados à questão ambiental, mas tem como objetivo definido por seus dirigentes, ir se
adequando na medida do possível às exigências impostas pela legislação ambiental, as quais se fazem
cumprir pela FEPAM. Mesmo a COTRIBÁ não tendo documentado planos de ação em relação à questão
ambiental, ela possui grande preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida de seus
colaboradores, e da população em geral. Com as crescentes regulamentações ambientais, bem como para
manter-se viável economicamente frente ao mercado cada vez mais competitivo, e tendo como seu cliente
um consumidor cada vez mais exigente e uma sociedade cada vez mais organizada e consciente de seus
direitos, a Cotribá busca estratégias que possam melhorar a qualidade ambiental.
Portanto, entende-se que a proposta será oportuna, pois proporcionará a Cotribá um modelo de
informação, capaz de permitir à empresa, meios de avaliar seus resultados com ou sem alguma ação
específica relacionada à proteção e conservação do meio ambiente.

3
4. Plano ou delineamento da pesquisa

O referido estudo se define como pesquisa exploratória e descritiva. Conforme Gil (1995), as
pesquisas exploratórias têm como principal objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
idéias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. São desenvolvidos com o objetivo de proporcionar uma visão geral e aproximada de
determinado fato. Este estudo utilizou-se de procedimentos relacionados à pesquisa do tipo: estudo de
caso e pesquisa bibliográfica.
Segundo Beuren (2003, p.84):

A pesquisa do tipo estudo de caso, caracteriza-se principalmente pelo estudo


concentrado de um único caso. Esse estudo é preferido pelos pesquisadores que
desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso
específico.
Quanto à abordagem do problema, caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa, que segundo
Richardson in Beuren (2003, p.91), explica:

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a


complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos em grupos sociais.
Ressalta também que pode contribuir no processo de mudança de determinado
grupo e possibilitar um maior nível de profundidade, o entendimento das
particularidades do comportamento dos indivíduos.

Para a obtenção de dados à pesquisa, foram utilizados meios de observação sistemática,


entrevistas semi-estruturadas, documentos da empresa e as referências bibliográficas.
Segundo Triviños in Beuren (2003), a entrevista semi-estruturada é a que elabora
questionamentos apoiados em hipóteses que interessam à pesquisa, as quais são adicionados novos
interrogativos que aparecem através de novas hipóteses, decorrentes durante a entrevista.
As pesquisas bibliográficas são as que se utilizam obras já publicadas sobre o tema estudado.
São utilizados também documentos de fontes secundárias, como as teses, dissertações, monografias,
livros, revistas, boletins de jornais.
No plano de análise de dados, foi utilizada a Análise de Conteúdo, que se baseia em teorias
relevantes, que servem de explicação para as descobertas do pesquisador.

5. Referencial Teórico

5.1 Abordagens da Contabilidade

5.1.1 A abordagem Ética

De acordo com Iudícibus (1997), a contabilidade deveria se apresentar como justa e não
enviesada para todos os interessados, porém se torna difícil definir o que seria “justo”, “verdadeiro” ou
“não enviesado”. A abordagem ética pode ser muito subjetiva, pois pelo comodismo, pode se continuar
aceitando os atuais Princípios da Contabilidade, sem pesquisar as mudanças que poderiam ser adotadas.
A abordagem ética não distingue bem as necessidades diferenciadas dos vários usuários, pois ela
pretende apresentar um conjunto único de informações, que objetivamente deveria ser “justo” para todos,
todavia, no estágio atual no qual a sociedade se encontra, em virtude do desenvolvimento econômico e
contábil, seria praticamente inviável.

4
5.1.2 A Abordagem Sociológica

Segundo Iudícibus (1997), a contabilidade, nesta abordagem, é julgada por seus efeitos no
campo sociológico, na qual os procedimentos contábeis e os relatórios emitidos pela contabilidade
deveriam atender as finalidades sociais. Estes relatórios devem propiciar ao público, informações sobre a
amplitude e utilização de seus poderes nas eventuais contribuições para as entidades de caridade,
organizações políticas, sociedades educacionais e na sociedade em geral.
Uma grande variante nesta abordagem é a chamada Contabilidade Social, que segundo o mesmo
autor, consiste em ampliar a evidenciação contábil para incluir informações sobre níveis de emprego da
entidade, tipos de treinamento, demonstração de valor adicionado. Outra ramificação importante é
Contabilidade Ecológica, sendo que estas abordagens estão sendo muito pesquisadas na atualidade, em
virtude dos interesses das entidades em divulgar suas ações sociais.

5.2 Contabilidade Social

De acordo com Kroetz (2000, p.54):

A Contabilidade Social visa criar um sistema capaz de inventariar, classificar,


registrar, demonstrar, avaliar e explicar os dados sobre a atividade social e
ambiental da entidade, de modo que, no final de cada exercício, ou a qualquer
momento, se possa preparar informes, como o Balanço Social e a Demonstração
do Valor Adicionado.

Segundo Sá in Kroetz (2000), a Contabilidade Social estuda a participação da empresa no campo


social, busca o intercâmbio entre o ser humano, a sociedade e a entidade, pois, na atual estrutura social,
esse tripé mantém uma constante interligação.
Gray in Kroetz (2000) define a Contabilidade Social como um processo de divulgação a grupos
particulares e à sociedade em geral, dos impactos sociais e ambientais resultantes da atividade econômica
das organizações, que vão além da informação econômica e financeira.
Elliot & Elliot in Kroetz (2000), identificam alguns características importantes na Contabilidade
Social:
• ser aplicável ao nível das organizações e proporcionar informação que se avaliem os
custos e benefícios de sua atividade;
• ser de fácil entendimento, acesso e interpretação, dado que há vários agentes
interessados;
• abordar todas as áreas de interesse, como o público em geral, e os empregados que
necessitam de informações diferentes das que interessam aos investidores;
• pode ser auditada de forma independente, para dar credibilidade a informação.
A Contabilidade Social ainda aparece pouco aplicável na atualidade, pois muitas organizações
não se encorajam de prestar as contas das ações benéficas e maléficas originadas pelas entidades no meio
em que atuam, e além do mais, deixam de informar sobre suas medidas de prevenção e controle que
poderão ter conseqüência sobre a sociedade e o meio ambiente.

5.3 Responsabilidade Social da Empresa

Segundo Silva e Freire (2001), no Brasil os primeiros eventos de mudança empresarial


ocorreram nos meados da década de 60, tendo como marco a Carta de Princípios do Dirigente Cristão de
Empresas publicada em 1965. A partir deste marco, teve inicio a utilização da expressão responsabilidade
social, que está diretamente associada às empresas, assim como se originou a própria relevância do tema
relacionado à ação social das empresas no país.
A partir do momento que estas ações sociais começaram a aumentar e tornaram-se significativas,
surgiu a necessidade em torná-las públicas, ou seja, dar uma maior visibilidade e publicidade às ações
sociais e ambientais realizadas pelas empresas. Para tanto começaram a surgir relatórios regulares, alguns

5
eram apresentados anualmente, chamados então de Relatórios de Atividades Sociais. Posteriormente,
alguns evoluíram em forma e conteúdo e começaram a receber outra denominação que vem se tornando
cada vez mais usual nos últimos anos, a de Balanço Social.

5.4 Responsabilidade Social das Cooperativas

Segundo Raupp (2001), as sociedades cooperativas, de acordo com o artigo 3° da Lei n°


5764/71, “... são pessoas que, reciprocamente, se obrigam a contribuir com bens e serviços para o
exercício de uma atividade econômica”. Esta definição caracteriza a natureza econômica e financeira de
uma cooperativa, que não é gerar lucro, mas sim gerar benefícios para seus associados.
Para Raupp (2001), a responsabilidade social das cooperativas consiste na sua participação
direta nas ações comunitárias na região que está presente, em diminuir possíveis danos ambientais
decorrentes de suas atividades, prevenindo o impacto de seus processos, produtos e serviços. Contudo,
preservar o meio ambiente não é suficiente para atribuir a uma empresa a condição de socialmente
responsável.
Conforme Raupp (2001, p.138), atualmente, há o consenso entre os empresários de que os
principais vetores da responsabilidade social de uma empresa são:

- apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;


- preservação do meio ambiente;
- investimento no bem estar dos empregados, e de seus dependentes, em um
ambiente de trabalho agradável;
- comunicações transparentes;
- retorno para os acionistas;
- sinergia com os parceiros; e:
- satisfação dos clientes.

5.5 Contabilidade Ambiental

A contabilidade exerce diversas funções em uma empresa.. Uma, a Contabilidade Financeira, é


uma ferramenta de registro e divulgação das informações financeiras para os usuários externos. Outra, a
Contabilidade Gerencial, fornece informações que ajudam os gestores a planejar e controlar as atividades
da organização e a avaliar o desempenho do negócio, tanto econômico como ambiental. A Contabilidade
do Meio Ambiente tem crescido de importância para as empresas em geral porque a disponibilidade e ou
escassez de recursos naturais e a poluição do meio ambiente tornaram-se objeto do debate econômico,
político e social em todo o mundo.
O desenvolvimento da Contabilidade Ambiental é o resultado da necessidade de oferecer
informações adequadas às características de uma gestão ambiental. É importante frisar que a
Contabilidade Ambiental não se refere a uma nova contabilidade, mas a um conjunto de informações que
relatem adequadamente em termos econômicos as ações de uma entidade que modifiquem seu patrimônio.
Conforme Paiva (2003, p.17), a Contabilidade Ambiental pode ser entendida como a atividade de
identificação de dados e registro de eventos ambientais, processamento e geração de informações que
subsidiem o usuário servindo como parâmetro em suas tomadas de decisões”.
Para Gray in Ferreira (2003, p. 65), a Contabilidade Ambiental deveria cobrir:

a) contabilidade para passivos e riscos contigentes;


b) contabilidade para reavaliações de ativos e projeções de capital;
c) análise de custos em áreas chaves, como energia, lixo e proteção
ambiental;
d) métodos de investimento para incluir fatores ambientais;
e) desenvolvimento de uma nova contabilidade e sistema de informações;
f) avaliação dos custos e benefícios dos programas de melhorias ambientais;

6
g) desenvolvimento de técnicas contábeis que expressem ativos e passivos e
custos em termos ecológicos ( não financeiros ).

Continuamente estão sendo feitos progressos no sentido de se proteger o meio ambiente e


reduzir, prevenir ou diminuir os efeitos da poluição. Como conseqüência, e até também por pressões
sociais e negociais crescentes em nível global, há uma tendência das empresas em abrir para a comunidade
uma grande quantidade de dados sobre sua política ambiental, seus programas de gerenciamento
ambiental e o impacto de seu desempenho ambiental em seu desempenho econômico e financeiro.

5.5.1 Por que evidenciar

Para Ribeiro in Paiva (2003, p.48), “a evidenciação dos desembolsos relacionados ao meio
ambiente é de relevante importância para atender as necessidades atuais, ou seja, a informação como
instrumento de combate a crescente evolução dos níveis de poluição e seus efeitos nocivos”.
As empresas devem deixar transparecer seu grau de preocupação e de amadurecimento elevado,
demonstrando a existência de uma consciência ambiental desenvolvida para seu processo de inserção no
ambiente mundial onde se torna indispensável o atendimento aos requisitos ambientais, sendo e
evidenciação a forma de torná-los públicos.
Quando a empresa valoriza o meio ambiente e toma medidas preventivas, sua imagem perante a
população tende a melhorar e a tomar uma conotação diferenciada.

5.5.2 Quando evidenciar

Segundo Paiva (2003), devemos evidenciar a partir do momento em que haja a percepção do
fato gerador, as atitudes da empresa devem se materializar no sentido de interação com meio ambiente, ou
seja, ações devem ser postas em prática proporcionando a defesa, conservação e recuperação do mesmo.
De acordo com Paiva (2003, p.49) entende-se como ações pró-ativas:

A comercialização de produtos ou embalagens recicláveis, aprimoramento de


sistemas produtivos, diminuição na emissão de resíduos ou execução de projetos
que visem melhorar a qualidade do ar, água e solo da região ou da cidade onde a
empresa esteja instalada.

Mesmo não se considerando uma ação pró-ativa, a antecipação da empresa no reconhecimento e


recuperação de áreas degradadas antes da notificação legal, pode assumir caráter de resgate perante a
natureza, permitindo ao mesmo tempo evitar multas significativas. Portanto cada setor empresarial deve, a
partir da ocorrência do fato gerador, evidenciar seus gastos relativos ao meio ambiente, independente do
seu setor de atuação.
Toda empresa deve informar seus acionistas e também toda a sociedade sobre sua relação com o
meio ambiente, suas ações e seus gastos. Atualmente, devido à grande importância atribuída aos recursos
naturais esgotáveis e não renováveis, faz-se importante à geração de informações no ganho e manutenção
de vantagens competitivas.

5.5.3 Como Evidenciar

Para Ferreira in Paiva (2003) a inclusão dos aspectos econômicos da questão ambiental nos
sistemas de contabilidade das entidades poderia, portanto, proporcionar uma maior capacidade de análise,
dado que o balanço patrimonial é um relatório que mostra desempenhos acumulados e permite projeção de
desempenhos futuros.
De acordo com Paiva (2003) ocorre a busca da melhor transmissão de informações ambientais,
sendo que a contabilidade não somente deve dar atenção na evidenciação dos gastos efetuados ou gatos
futuros, mas também na busca da forma mais prática possível de demonstrar essas informações.

7
No entanto, a empresa, devido à preocupação de se tornar ecologicamente correta, acaba
divulgando em vários veículos de comunicação e de diversas formas as informações de natureza
ambiental, não permitindo o estabelecimento de parâmetros para completo entendimento, comparação e
julgamento. Atualmente, as formas mais tradicionais de evidenciação de fatos ou transações ambientais
são compostas pelos relatórios da administração, notas explicativas e as formas alternativas.

5.5.4 Formas de Evidenciação Ambiental

Segundo Choi e Müeller in Paiva (2003), as práticas de evidenciação relacionadas ao meio


ambiente apesar de apresentarem possibilidades ilimitadas são pouco utilizadas, pois as exigências legais
não são abrangentes, não havendo, portanto, regulamentação contábil relacionada ao meio ambiente a ser
seguida.
Para Paiva (2003) as formas tradicionais de evidenciação de fatos relacionados ao meio
ambiente são de forma complementar ao Balanço Patrimonial e à Demonstração do Resultado do
Exercício, sendo que as principais formas de evidenciação seriam:
- Relatório da Administração
- Notas Explicativas
- Demonstrações Alternativas
- Ecobalanço
- Balanço Social
Notas Explicativas: Iudícibus et al in Paiva (2003, p.58) entendem notas explicativas como:

informações complementares as demonstrações financeiras, representando parte


integrante das mesmas”, esclarecendo que “podem estar expressas na forma
descritiva como na forma de quadros analíticos, ou mesmo englobando outras
demonstrações contábeis que forem necessárias ao melhor e mais completo
esclarecimento das demonstrações financeiras.

Segundo Paiva (2003) as notas explicativas podem ser usadas para descrever práticas contábeis
utilizadas pela companhia, para explicações adicionais sobre determinadas operações. Elas visam fornecer
informações necessárias para esclarecer situações patrimoniais, para explicar fatos que futuramente
poderão afetar o patrimônio da empresa.

6. Levantamento de como as questões ambientais são tratadas no âmbito da gestão da


Cooperativa

Os dados a seguir evidenciados foram coletados na unidade administrativa de empresa e no setor


de Contabilidade, na qual foram realizadas entrevistas informais.
Hoje, a COTRIBÁ não possui um sistema de informações direcionado para atender o
gerenciamento e controle das atividades econômicas que se relacionam com o meio ambiente, ou seja, não
possui um processo que gere informações capazes de subsidiar o usuário, servindo como parâmetro em
suas tomadas de decisões no que tange o meio ambiente.
A COTRIBÁ, no que tange passivos ambientais e riscos contingentes, não possui uma
contabilidade específica nesta área, mas ela é evidenciada na Contabilidade geral da empresa. Torna-se
importante a evidenciação dos passivos ambientais, pois além de evidenciar as indenizações de terceiros,
multas devido à recuperação de áreas danificadas, cabe ressaltar que o passivo ambiental não tem apenas
uma conotação negativa. Eles podem também ser originários de atitudes ambientalmente responsáveis,
como a remuneração de pessoas que são responsáveis pela manutenção do sistema de gerenciamento
ambiental, compra de maquinas, equipamentos, instalações necessárias para a aplicação de ações de
controle, preservação e recuperação do meio ambiente.
Em se tratando mais especificamente da Unidade Produtora de Leitões de Ibirubá (UPL 1),
alguns de seus custos são elencados em sua Contabilidade Geral, mas não é realizada uma Contabilidade

8
especifica nesta área. A UPL por ser uma grande emissora de dejetos, em virtude de seu processo
produtivo, possui vários custos de controle ambiental, que compreendem os gastos incorridos na aquisição
de insumos, mão-de-obra, amortização de equipamentos, construção de instalações para o processo de
preservação, proteção e recuperação do meio ambiente.
Em virtude da grande emissão de dejetos emitidos pela UPL, é fundamental para a COTRIBÁ
que todos os custos de natureza ambiental sejam tratados de forma mais específica, merecendo
participação no planejamento estratégico da organização, tendo em vista a importância que adquiriu o
controle ambiental e o expressivo volume de recursos nele investidos. O controle de custos refletirá o
nível de falhas existentes e o volume de gastos necessários para eliminar e ou reduzir estas falhas, seja na
forma de investimento de natureza permanente, ou de insumos consumidos no processo operacional.
Portanto, torna-se importante a evidenciação e a mensuração destes custos, pois eles são peças
fundamentais para análise e decisões gerenciais voltadas para o desenvolvimento sustentável da empresa e
para o comprometimento social com o meio ambiente e com as gerações futuras.
Hoje, as estratégias das organizações em relação ao meio ambiente estão voltadas para reduzir
ao mínimo possível a emissão de resíduos poluentes, elevar ao máximo a produtividade com grau de
qualidade ambiental crescente e manter um sistema de controle, de preservação, de proteção e
gerenciamento ambiental eficaz ao menor custo possível. Portanto a gestão dos custos ambientais é muito
importante para a análise dos métodos ou projetos de investimento para programas ambientais, pois a
partir da identificação e alocação dos custos ambientais, irá permitir que as decisões de investimentos
estejam baseadas em custos e benefícios adequadamente medidos.
A COTRIBÁ tem realizado vários investimentos na área ambiental, além de possuir um sistema
de tratamento de dejetos na Unidade Produtora de Leitões (UPL 1), também foi construído um depósito
para recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos, instalação de captadores de partículas em suas
unidades de recebimentos de produtos agrícolas, sistemas de aeração. Apesar de realizar vários
investimentos ligados ao meio ambiente, a COTRIBÁ, hoje, não possui um modelo de informação capaz
de prover à empresa condições de avaliar os custos e benefícios dos programas de melhoria ambiental.
A relação da empresa com o meio ambiente tem crescido de importância, devido à
disponibilidade e ou escassez de recursos naturais e a poluição do meio ambiente que se tornaram objeto
de debate econômico, político e social. Portanto, surge a importância da COTRIBÁ desenvolver um
sistema de informações gerenciais, capaz de prover a seus gestores meios de monitorar, proteger e
recuperar o meio ambiente, e além do mais, dar condições para a empresa de comparar o resultado da
entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao meio ambiente.
A Unidade Produtora de Leitões (UPL 1), devido ao seu processo produtivo, emite grande
quantidade de dejetos, na qual possui um sistema parcial de manejo, de tratamento e disposição de dejetos,
mas que é capaz de atender as exigências da FEPAM, conforme a Lei Estadual que versa sobre gestão dos
Recursos Naturais e da Qualidade Ambiental (art. 120 a 246). Por outro lado, não ocorrendo um
tratamento adequado dos dejetos, resultaria em impactos ambientais negativos, que através dos coliformes
fecais e pelo excesso de amônia contida na urina dos animais, provocariam principalmente a contaminação
das águas, dos lençóis freáticos, emissão de mau odor, presença de insetos.
A COTRIBÁ, hoje, não possui descrito em seu plano de ação, metas e projetos de investimentos
relacionados à questão ambiental, mas tem como objetivo ir se adequando na medida do possível a todas
às exigências impostas pela Lei Estadual que versa sobre a gestão dos Recursos Naturais e da Qualidade
Ambiental (art.120 a 246). Em virtude disso, a UPL 1, por possuir um sistema de tratamento parcial de
dejetos, tem como meta construir mais uma lagoa de tratamento de dejetos (Lagoa de Aguapé), que
possibilitará a reutilização da água contida nos dejetos, podendo ser devolvida para as nascentes, ou sendo
reutilizada na UPL para limpeza das instalações.

7. Descrição do processo operacional da UPL

O Sistema de Produção de Leitões projetado pela COTRIBÁ, na UPL 1, conta com 1.700
matrizes capazes de produzir 3.500 leitões por mês e 42.000 leitões por ano, em uma estrutura localizada
no município de Ibirubá, na localidade da Várzea. O complexo da UPL compreende uma área de 9,4
hectares, sendo 24.373,01 m² de área construída, composta por 10 pavilhões, sendo um de Recria, três de

9
Gestação, três de Maternidade e três de Creche, possui ainda um escritório com vestiário, refeitório e duas
casas para moradia.
A unidade produtora de leitões da COTRIBÁ conta com 24 colaboradores e caracteriza-se por
uma produção com alta tecnologia devido à produção por inseminação artificial, nutrição, manejo e
higiene dos animais, sendo que é inacessível à visitação do público.

FÊMEA

RECRIA
GESTAÇÃO MATERNIDADE
(FÊMEA)

FÊMEA
LEITÕES

CRECHE

GRANJA
PRODUTORES
(TERMINAÇÃO)

Figura 1 : Ciclo Fêmeas/Leitões


Fonte: COTRIBÁ (2004)

a. Sistema de Tratamento de Dejetos da Unidade Produtora de Leitões

Os alarmantes índices de contaminação dos lençóis freáticos sinalizam que a simples


armazenagem e distribuição dos dejetos dos suínos utilizados tradicionalmente pelos produtores não
atendem às exigências da legislação ambiental.
Na implementação do sistema de tratamento de dejetos, o objetivo da COTRIBÁ é de
contemplar a Unidade Produtora de Leitões com um sistema de tratamento, manejo e disposição dos
dejetos que seja eficiente e capaz de atender as exigências da FEPAM e a Lei Estadual que versa sobre
Gestão dos Recursos Naturais e da Qualidade Ambiental (art.120 a 246). Por outro lado há uma agregação
de valor a partir do momento que se disponibilize os dejetos aos associados como adubo orgânico ou
condicionador do solo, representando uma maior economia de insumos externos e redução dos custos de
produção.
O sistema de tratamento de dejetos da UPL 1 consiste na combinação de processos físicos e
biológicos, que visam a transformação dos dejetos em fertilizante para o uso nas lavouras, e também para
redução do poder poluente dos mesmos.

10
Os dejetos são coletados através de calhas internas, que através de um volume de lâmina de água
suficiente para a dissolução do material sólido, são conduzidos a um canal coletor interno no centro dos
pavilhões e drenados para um condutor externo que levará os dejetos até o decantador.
O sistema possui várias etapas: Caixa de Homogeneização, Unidade de Decantação, Esterqueira
(Depósito de Iodo), Lagoa Anaeróbica e Lagoas Aeróbicas.
A seguir será apresentado um fluxograma do sistema atual de tratamento de dejetos da Unidade
Produtora de Leitões:

DEJETOS

CAIXA
DECANTADOR
HOMOGEINIZAÇÃO

DEJETOS DEJETOS
SÓLIDOS LÍQUIDOS

LAGOA
ESTERQUEIRA ANAERÓBICA

LAGOA LAGOA
AERÓBICA 2 AERÓBICA 1

Retirada dos dejetos


pelos produtores
Figura 2 : Fluxograma do Sistema de Tratamento
Fonte: COTRIBÁ (2004)

b. Proposta de um Sistema de Gestão Ambiental1

Para uma empresa que exerce atividades ligadas à suinocultura da qual resulta a emissão de
dejetos, os cuidados ambientais devem ser encarados como uma questão de sobrevivência, tendo em vista
que a conservação dos recursos naturais representa sua sustentabilidade e garante sua continuidade.
Para tanto, é importante que a empresa implante um sistema de gestão ambiental que atenda as
necessidades e expectativas de diversos usuários, que busque promover uma atuação empresarial de forma
responsável, principalmente em atendimento às emanações legais. Segundo Ferreira (2003), o objetivo
maior da gestão ambiental é o de propiciar benefícios à empresa que superem, anulem ou diminuem os
custos das degradações causadas principalmente por suas atividades produtivas.
1
Adaptado do modelo de SOUZA (2003)

11
Na atividade da Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ, a maior preocupação gira em torno
do tratamento e respectiva destinação dos Dejetos resultantes de seu processo produtivo, os quais são
emitidos em grande quantidade. Desta forma, a gestão ambiental da empresa deveria concentrar seus
esforços na adoção de medidas de controle interno, como a integração do controle ambiental nas práticas e
processos produtivos e com formas alternativas de reaproveitamento e tratamento dos dejetos.
No caso em estudo, os esforços deveriam ser voltados para a minimização ou eliminação dos
efeitos negativos resultantes dos dejetos emitidos pela Unidade produtora de Leitões, sendo evidente que
os custos de implantação e manutenção desse processo variam de acordo com o nível de redução do
impacto ambiental pretendido. Para tanto, deve haver uma integração da área de gestão ambiental e
contábil, de modo que possa subsidiar a elaboração de informações de natureza econômico-financeiro-
ambiental, almejando promover a preservação e proteção ambiental.
Assim, tendo em vista que até a realização da pesquisa a empresa não possuía um departamento
de gestão ambiental, sugere-se um organograma da gestão ambiental para a mesma, conforme figura 11:

DEPARTAMENTO DE
CONTROLE AMBIENTAL

INFORMAÇÕES

TRADICIONAI
DIVISÃO TRATAMENTO DEPARTAMENTO S
DE DEJETOS CONTABILIDADE
INFORMAÇÕES

AMBIENTAIS

COLABORADORES

Figura 3: Organograma da Gestão Ambiental


Fonte: SOUZA (2003)
O Departamento de Controle Ambiental hierarquicamente localizar-se-ia em nível semelhante
aos demais departamentos da empresa. Teria como atribuições o gerenciamento e controle de todos os
fatores relacionados ao desempenho ambiental na organização, os quais seriam levados à administração
geral, para o conhecimento e engajamento de toda a organização.
A Divisão de Tratamento de Dejetos seria responsável pelo desenvolvimento de novos estudos,
objetivando o aprimoramento econômico-ambiental da organização, realizando modificações técnicas nos
equipamentos, bem como executando trabalhos de conscientização do controle ambiental e o
acompanhamento da legislação pertinente às questões ambientais.
O Departamento de Controle Ambiental, além das informações tradicionais já fornecidas
poderia também, através de informações específicas da área ambiental, controlar e divulgar o processo de
gestão ambiental implantado pela empresa, em conformidade com os objetivos específicos existentes,
armazenando quantitativa e qualitativamente informações de âmbito social e ambiental, de forma a
demonstrar qual vem sendo a participação da empresa em tais aspectos, evidenciando os impactos que os
gastos ambientais causam no patrimônio da organização.
c) Destino dos Dejetos

12
A COTRIBÁ hoje, na sua unidade produtora de leitões possui um tratamento parcial de dejetos,
na qual o produto resultante do tratamento é disponibilizado aos associados como forma de biofertilizante
em suas lavouras.
Segundo Birkhan (2003) os sistemas de tratamento de dejetos da Unidade Produtora de leitões
da COTRIBÁ, apresentou através de teste realizado pelo LACE (Laboratório de Controle de Efluentes) da
Universidade de Passo Fundo, uma eficiência significativa apenas na remoção de DBO 5, Sólidos
Sedimentáveis, e nível de pH. Nas demais variáveis (DQO, Sólidos Suspensos, Fósforo Total, Nitrogênio
Total), os níveis de contaminação possuem valor muito além dos exigidos pela FEPAM.
Para tanto, a fim de se obter um tratamento completo dos dejetos, deveria ocorrer uma
reestruturação no seu processo de tratamento, e para isso sugere-se a seguinte alternativa: a construção de
uma Lagoa de Aguapé e a construção de um Biofiltro.

A1) Construção da Lagoa de Aguapé.

Segundo Bavaresco (1998), o Aguapé (Eichornia Crassipes), mais conhecido como "Jacinto
d’água", no Brasil recebe ainda o nome de Baronesa, Camalote, dentre outros, é uma planta aquática
originária da região tropical da América Central. Caracteriza-se como suculenta, constituída em cerca de
95% de água, inclusive em suas raízes, rizomas, estolões, pecíolos, folhas e inflorescências. Varia em
altura desde alguns centímetros até cerca de um metro, apresenta-se suspensa na água ou fixa no fundo em
águas rasas.
Conforme Moreira (2004), o objetivo da Lagoa de Aguapé é o de remover os nutrientes
remanescentes, especialmente NT e PT, através da biomassa de Aguapé.
De acordo com Bavaresco (1998) a ação despoluidora do Aguapé é realizada através de 4
mecanismos que são:
Ação filtrante: com suas raízes exuberantes como cabeleiras, esta planta retém o material
particulado em suspensão como argila e partículas orgânicas.
Absorção: através de suas raízes o Aguapé absorve de corpos d’água poluídos, metais pesados
(Ag, Pb, Hg, Cd e outros), compostos organoclorados, organofosforados e fenóis.
Oxigenação: através de sua parte aérea, o aguapé transfere oxigênio do ar para o corpo hídrico,
oxigenando a massa de água.
Ação Bioquímica: as raízes das plantas flutuando nas águas poluídas com nutrientes desenvolvem
um ecossistema complexo e dinâmico, onde além da absorção de Nitrogênio e Fósforo pela planta se
processa também uma intensa atividade bacteriana. Estas bactérias promovem a oxidação biológica dos
compostos orgânicos degradáveis abaixando a DBO e DQO, índices indicadores de poluição orgânica.
a.1.1) Custos:
Os Custos relativos à implantação de uma Lagoa de Aguapé seriam somente os custos de
escavação, por se tratar de uma Lagoa sem revestimento de lona plástica e pela abundância em na região
da planta denominada Aguapé (Eichornia Crassipes). Segundo entrevista não estruturada com o Médico
Veterinário José Paulo Corazza, os custos de implantação da Lagoa de Aguapé seriam em torno de R$
3.000,00.

b.1) Construção do Biofiltro

Segundo Moreira (2004), o filtro biológico é composto com camadas sobrepostas de brita, areia e
carvão, com câmara de ar inferior e registro para retrolavagem, abastecimento pela parte inferior e saída
pela superior. O biofiltro fará a depuração final do sistema e a adequação do efluente final para a
reutilização na granja.
Segundo Bley Jr. (1998), o Biofiltro é uma tecnologia de controle de poluição do ar, adaptada
para a suinocultura, que se utiliza da ação de microorganismos para oxidar os compostos orgânicos
voláteis, os gases inorgânicos oxidáveis e os vapores contidos no ar, já que são esses compostos que
geram os odores. As bactérias e fungos necessários estão no ar ambiente e em regiões tropicais como no
Brasil, estão disponíveis de forma intensa e diversificada, não há necessidade nenhuma de se inocular

13
bactérias de fora, para que o biofiltro funcione. É uma maneira eficiente, eficaz e de baixo custo para
remover as concentrações de gases do ar.
Conforme Bley Jr. (1998), o Biofiltro tem sido usado com sucesso há pelo menos 15 anos em
aplicações industriais; como tecnologia para redução de odores em instalações de animais estabulados está
sendo investigado na Alemanha desde 1980.
b.1.1) Custos:
A construção em alvenaria de um Biofiltro conforme dados disponibilizados em entrevista não
estruturada pelo Médico Veterinário José Paulo Corazza, exigiria o desembolso de R$ 10.000,00. Sua
implantação exigiria também a contratação de um funcionário específico para realizar a manutenção do
biofiltro e o controle do sistema de tratamento de dejetos, que se estima gerar um custo médio de R$
500,00 mensais.
A seguir apresenta-se um fluxograma do sistema de tratamento de dejetos previsto:

REUTILIZAÇAO DA
DEJETOS ÀGUA NA UPL
(LIMPEZA)

CAIXA
DECANTADOR
HOMOGEINIZAÇÃO

DEJETOS DEJETOS
SÓLIDOS LÍQUIDOS

LAGOA
ESTERQUEIRA
ANAERÓBICA

LAGOA LAGOA
AERÓBICA 2 AERÓBICA 1

LAGOA DE
AGUAPÉ BIOFILTRO

Figura 4: Fluxograma do Sistema de Tratamento Sugerido


Fonte: Os Autores

14
8. Gastos decorrentes da decisão de não implantação de um Sistema de Controle de dejetos

A empresa que optar por não adquirir meios de Proteção Ambiental e continuar proporcionando
condições de poluição ao meio ambiente, estará sujeita às sanções penais impostas pela Lei Federal de
Proteção Ambiental nº 9.605, 13/02/98 , que prevê multas que variam de R$ 50,00 (cinqüenta reais) até R$
50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), para as pessoas jurídicas que praticarem crimes contra o meio
ambiente, bem como as impostas pela Lei Estadual Complementar nº 38, de 21/11/95, que trata as
infrações ambientais da seguinte forma:

Art. 99 As infrações classificam-se em:


I - leves: assim considerados as esporádicas, que não causem riscos de danos à
saúde pública, à flora e à fauna, nem provoquem alterações sensíveis nas
condições ambientais;
II – graves: as continuadas, que causam sério risco à incolumidade da saúde
pública, à fauna e à flora; as que representarem desobediência à norma expressa
de proteção ambiental ou causem efetiva degradação ambiental ou ainda, as que
impliquem na instalação ou operação de obra ou atividade em desacordo com as
restrições ou condicionantes da respectiva licença ambiental;
III – gravíssimas: as que causem significativo dano à saúde pública ou ao meio
ambiente, as que impliquem na instalação ou operação de obra ou atividade
potencialmente degradadora ao meio ambiente, sem a competente licença
ambiental, bem como a desobediência à determinação expressa de autoridade
ambiental.
(...)
Art. 107 Em caso de reincidência a multa corresponderá ao dobro da
anteriormente imposta.
Art. 108 Em caso de continuidade da infração, a aplicação da multa poderá ser
diária e progressiva, observados os limites e valores estabelecidos no art. 106.
Art. 109 A multa diária cessará, quando corrigida a irregularidade, nunca
ultrapassando o período de 30 (trinta) dias, contados da data de sua imposição.

8.1 Análise Contábil dos Impactos Ambientais

As demonstrações contábeis – Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício,


apresentados pela empresa em 31/12/03, eram as seguintes:

Quadro 1: Ativo COTRIBÁ 2003 Quadro 2 : Passivo COTRIBÁ 2003


ATIVO EM R$ PASSIVO EM R$

CIRCULANTE 160.302.967,08 CIRCULANTE 161.754.237,64


DISPONIBILIDADE 2.283.545,04 OBRIGAÇÕES COM 81.735.604,76
COOPERADOS
CRÉDITOS COM COOPERADOS 38.162.045,20
OBRIGAÇÕES COM 80.018.632,88
CRÉDITOS COM TERCEIROS 31.354.527,42
TERCEIROS
ESTOQUES 87.755.480,58
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 26.089.878,25
DESPESAS ANTECIPADAS 747.368,84
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 51.199.536,29
REALIZÁVEL A LONGO 30.059.751,93
CAPITAL SOCIAL 12.991.217,95
PRAZO
INTEGRALIZADO
CRÉDITOS COM COOPERADOS 15.095.112,81
RESERVAS DE CAPITAL 2.186.293,01
CRÉDITOS COM TERCEIROS 14.964.639,12
PERMANENTE 48.680.933,17
INVESTIMENTOS 6.486.155,85
IMOBILIZADO 40.136.093,58
DIFERIDO 2.058.683,74
TOTAL DO ATIVO 239.043.652,18
Fonte: COTRIBÁ 2003

15
Quadro 3: DRE COTRIBÁ 2003
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 376.088.478,07


(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (14.182.081,26)
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 361.906.396,81
(-) CUSTO MERC. PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (322.022.653,53)
RESULTADO OPERACIONAL BRUTO 39.883.743,28
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (35.323.673,56)
OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 6.045.887,09
(-) ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS (9.357.446,29)
RESULTADO OPERACIONAL 1.248.510,52
(+) RESULTADO NÃO OPERACIONAL 196.421,82
RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DO IR 1.444.932,34
PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL -
PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA -
RESULTADO DO EXERCÍCIO 1.444.932,34
Fonte: COTRIBÁ 2003

8.2 Aplicação da Alternativa – Construção da Lagoa de Aguapé e do Biofiltro

Esta operação consiste na utilização de recursos próprios, utilizando valores disponíveis em


caixa para a construção da Lagoa de Aguapé (custo de R$ 3.000,00), do Biofiltro (custo de R$ 10.000,00)
e para pagamento de salários para o funcionário, considerando o período de um ano (custo de R$
6.000,00). Para tanto, são projetados tais investimentos nas demonstrações contábeis da empresa:

Quadro 4: Ativo COTRIBÁ após Aplicação da Alternativa Quadro 5: Passivo COTRIBÁ após Aplicação
ATIVO EM R$ Alternativa
PASSIVO EM R$
CIRCULANTE 160.283.967,08
DISPONIBILIDADE 2.264.545,04 CIRCULANTE 161.754.237,64
CRÉDITOS COM COOPERADOS 38.162.045,20 OBRIGAÇÕES COM 81.735.604,76
CRÉDITOS COM TERCEIROS 31.354.527,42 COOPERADOS
ESTOQUES 87.755.480,58 OBRIGAÇÕES COM 80.018.632,88
DESPESAS ANTECIPADAS 747.368,84 TERCEIROS
REALIZÁVEL A LONGO 30.059.751,93 EXIGÍVEL A LONGO 26.089.878,25
PRAZO PRAZO
CRÉDITOS COM COOPERADOS 15.095.112,81 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 51.193.536,29
CRÉDITOS COM TERCEIROS 14.964.639,12 CAPITAL SOCIAL 12.991.217,95
PERMANENTE 48.693.933,17 INTEGRALIZADO
INVESTIMENTOS 6.486.155,85 RESERVAS DE CAPITAL 2.186.293,01
IMOBILIZADO 40.136.093,58 RESERVAS DE 20.105.759,86
IMOBILIZADO - AMBIENTAL 13.000,00 REAVALIAÇÃO
DIFERIDO 2.058.683,74 RESERVAS DE 5.368.355,43
TOTAL DO ATIVO 239.037.652,18 EQUALIZAÇÃO
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003 RESERVAS DE SOBRAS 9.542.414,02
SOBRAS ACUMULADAS 999.496,02
TOTAL DO PASSIVO 239.037.652,18
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003

16
Quadro 6: DRE COTRIBÁ após Aplicação Alternativa
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 376.088.478,07


(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (14.182.081,26)
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 361.906.396,81
(-) CUSTO MERC. PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (322.022.653,53)
RESULTADO OPERACIONAL BRUTO 39.883.743,28
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (35.329.673,56)
OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 6.045.887,09
(-) ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS (9.357.446,29)
RESULTADO OPERACIONAL 1.242.510,52
(+) RESULTADO NÃO OPERACIONAL 196.421,82
RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DO IR 1.438.932,34
PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL -
PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA -
RESULTADO DO EXERCÍCIO 1.438.932,34
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003

Com a construção da Lagoa de Aguapé, do Biofiltro e com a despesa salarial, a empresa estaria
diminuindo o seu Ativo Circulante em 0,01%, (de 160.302.967,08 para 160.283.967,08), aumentando o
seu Ativo Permanente em 0,02% (de 48.680.933,17 para 48.693.933,17) e ainda provocando um aumento
nas despesas operacionais em 0,01% (de 35.323.673,56 para 35.329.673,56), conseqüentemente
diminuindo o Resultado do Exercício em 0,41% (de 1.444.932,34 para 1.438.932,34) e também
diminuindo as Reservas de Sobras em 0,04% (de 9.546.314,02 para 9.542.414,02).

8.3 Gastos Decorrentes da Decisão de não construir a Lagoa de Aguapé e o Biofiltro

Com esta decisão, a COTRIBÁ mantém a continuidade de suas atividades atendendo a Lei
Estadual que versa sobre Gestão dos Recursos Naturais e da Qualidade Ambiental (art.120 a 246), porém
continuará a gerar o dejeto potencialmente poluidor, o que conforme o Art. 41 do Decreto Nº 3.179 de 21
de setembro de 1999 relata que: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora: multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), ou
multa diária”.
Neste caso, conforme a Legislação Estadual, considerar-se-á para efeito de simulação uma multa
diária no valor de R$ 500,00, resultando em uma multa anual no valor de R$182.500,00 ( R$500,00 x 365
dias).

17
Quadro 8: Passivo COTRIBÁ após
Quadro 7: Ativo COTRIBÁ após Simulação da Multa Simulação da Multa
ATIVO EM R$ PASSIVO EM R$

CIRCULANTE 160.302.967,08 CIRCULANTE 161.936.737,64


DISPONIBILIDADE 2.283.545,04 OBRIGAÇÕES COM 81.735.604,76
CRÉDITOS COM COOPERADOS 38.162.045,20 COOPERADOS
CRÉDITOS COM TERCEIROS 31.354.527,42 OBRIGAÇÕES COM 80.018.632,88
ESTOQUES 87.755.480,58 TERCEIROS
DESPESAS ANTECIPADAS 747.368,84 PROVISÃO
REALIZÁVEL A LONGO 30.059.751,93 AMBIENTAL
PRAZO MULTAS 182.500,00
CRÉDITOS COM COOPERADOS 15.095.112,81 EXIGÍVEL A LONGO 26.089.878,25
CRÉDITOS COM TERCEIROS 14.964.639,12 PRAZO
PERMANENTE 48.680.933,17 PATRIMÔNIO 51.017.036,29
INVESTIMENTOS 6.486.155,85 LÍQUIDO
IMOBILIZADO 40.136.093,58 CAPITAL SOCIAL 12.991.217,95
DIFERIDO 2.058.683,74 INTEGRALIZADO
TOTAL DO ATIVO 239.043.652,18 RESERVAS DE 2.186.293,01
CAPITAL
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003
RESERVAS DE 20.105.759,86
REAVALIAÇÃO
RESERVAS DE 5.368.355,43
EQUALIZAÇÃO
RESERVAS DE SOBRAS 9.427.689,02
SOBRAS 937.721,02
ACUMULADAS
TOTAL DO PASSIVO 239.043.652,18
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003

Quadro 9 : DRE COTRIBÁ após Simulação da Multa


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO EM R$
DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 376.088.478,07


(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (14.182.081,26)
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 361.906.396,81
(-) CUSTO MERC. PRODUTOS E (322.022.653,53)
SERVIÇOS VENDIDOS
RESULTADO OPERACIONAL 39.883.743,28
BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (35.323.673,56)
OUTRAS RECEITAS 6.045.887,09
OPERACIONAIS
(-) ENCARGOS FINANCEIROS (9.357.446,29)
LÍQUIDOS
CUSTOS AMBIENTAIS NÃO (182.500,00)
PROVISIONADOS
MULTAS (182.500,00)
RESULTADO OPERACIONAL 1.066.010,52
(+) RESULTADO NÃO 196.421,82
OPERACIONAL
RESULTADO DO EXERCÍCIO 1.262.432,34
ANTES DO IR
PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO -
SOCIAL
PROVISÃO PARA IMPOSTO DE -
RENDA
RESULTADO DO EXERCÍCIO 1.262.432,34
Fonte: Adaptado de COTRIBÁ 2003

18
Com esta decisão, a empresa estaria aumentando seu Passivo Circulante em 0,11% (de
161.754.237,64 para 161.936.737,64) e diminuindo seu resultado em 12,62% (de 1.444.932,34 para
1.262.432,34) e sua reserva para sobras em 1,24% (de 9.546.314,02 para 9.427.689,02) e
conseqüentemente reduzindo seu patrimônio liquido em 0,36% (de 51.199.536,29 para 51.017.036,29).

8.4 Síntese dos Impactos Ambientais Analisados

Os procedimentos contábeis utilizados atualmente pela empresa não consideram as variáveis


ambientais internas e externas à mesma, o que dificulta ações de planejamento e controle para a tomada de
decisões mais precisas, pela ausência de informações suficientes para a respectiva análise de maneira mais
ampla.
Com a evidenciação dos custos e gastos ambientais é possível oferecer com maior nível de
precisão, informações relacionadas ao controle, preservação e recuperação do meio ambiente. Em relação
à construção da Lagoa de Aguapé e do Biofiltro, é relevante a identificação dos recursos consumidos para
apropriação dos custos ambientais que deverão ser alocados aos investimentos, no sentido de se conhecer
a relação de causa e efeito dos resultados ambientais em seu patrimônio, bem como evidenciá-los em suas
demonstrações contábeis.
Através de uma análise da alternativa de construção de uma Lagoa de Aguapé, do Biofiltro e da
decisão de não implantação desse sistema, verificou-se que para a COTRIBÁ seria mais viável econômica
e financeiramente a implantação desse novo sistema, pois os gastos referentes aos investimentos
ambientais envolveriam um desembolso de R$ 13.000,00 para a construção da Lagoa de Aguapé e do
Biofiltro e mais um desembolso anual de R$ 6.000,00 inerente ao salário do funcionário responsável pela
manutenção do Biofiltro, totalizando um gasto ambiental anual de R$ 19.000,00.
Com a decisão de não implantação deste sistema, a COTRIBÁ continuará a gerar o dejeto
potencialmente poluidor, o que conforme o Art 41 “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
que resultem ou possam resultar em danos a saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais
ou a destruição significativa da flora”, poderá acarretar em multa diária de R$ 500,00; totalizando uma
despesa anual de R$ 182.500,00. É importante ressaltar que a multa poderá atingir um valor de até R$
50.000.000,00, dependendo da avaliação do Órgão Competente responsável pela avaliação.
Através de uma análise de valores referentes à decisão de implantação ou não da não de um
sistema de tratamento completo de dejetos, verificou-se que para a COTRIBÁ é mais viável econômica e
financeiramente a construção da Lagoa de Aguapé e do Biofiltro, pois resultará em uma economia de R$
163.500,00 comparando-se a uma possível multa por danos ambientais. Contudo, salienta-se, que com a
implantação deste sistema o Patrimônio Líquido da empresa teria uma redução de 0,01% (de
51.199.536,29 para 51.193.536,29), já com a projeção de possíveis multas, acarretaria em uma diminuição
de seu Patrimônio Líquido em 0,36% (de 51.199.536,29 para 51.017.036,29).
Com a realização destes investimentos que visam a redução ou eliminação de seus dejetos, a
empresa deve-se preocupar em acompanhar os resultados de tais investimentos em todas as etapas do
processo, para que possa tomar medidas corretivas quando e onde forem necessárias. Também é
necessário o comprometimento de todos os funcionários envolvidos no processo produtivo e de toda
administração da empresa, a fim de se tornar uma empresa ambientalmente responsável.

9. CONCLUSÃO

As questões ambientais só se tornaram objeto de preocupação de alguns de seus principais


agentes, quando os níveis de poluição sobre a água, solo e ar atingiram patamares mais alarmantes.
Devido ao crescimento das populações e das necessidades de consumo, as indústrias cresceram
consideravelmente em número, áreas de atuação e variedades de produtos, e como a preocupação com o
meio ambiente não se fez presente durante vários anos, isto resultou em problemas ambientais de grandes
dimensões.

19
Segundo Martins e Ribeiro (1995) os prejuízos causados ao planeta foram todos em nome de seu
desenvolvimento econômico, em nome da pobreza reinante entre os povos. Contudo o meio ambiente não
suporta mais as agressões que lhe são feitas. Logo se chega ao confronto entre a continuidade do
desenvolvimento econômico e a do sistema ecológico. Atingiu-se o estágio em que a necessária
convivência do desenvolvimento econômico com meio ambiente está ameaçada, embora eles não sejam
mutuamente exclusivos, sendo que a questão ambiental se impõe, pois se constitui na base essencial do
sistema de vida do planeta. Assim sendo, só resta aos mentores do processo de desenvolvimento
econômico encontrar alternativas para adaptar este às limitações do atual estado da natureza.
Sendo os sistemas de produção de suínos altamente poluidores, suas principais conseqüências
são a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, emissão de maus odores, presença de insetos, isto
decorre devido ao grande volume de dejetos produzidos por esta atividade e seu inadequado tratamento.
A COTRIBÁ, ciente de sua responsabilidade social e ambiental necessita de adequações no seu
sistema de tratamento de dejetos para estar de acordo com a Legislação Ambiental, para obter melhorias
de desempenho ambiental, proporcionando um melhor relacionamento com seus associados, com seus
colaboradores, com órgãos de controle e com a sociedade em geral.
Com a proposta de implantação de um sistema de tratamento de dejetos, que envolveria a
construção de uma Lagoa de Aguapé e de um Biofiltro, observou-se a falta de instrumentos gerenciais
voltados às preocupações ambientais da Unidade Produtora de Leitões. A partir de então, seguindo os
objetivos do trabalho, procurou-se buscar alternativas para se obter um melhor desempenho no sistema de
gerenciamento ambiental no que tange o sistema de tratamento de dejetos da UPL.
Considerando-se a probabilidade de futuras multas em virtude da geração de dejetos
potencialmente poluidores, constatou-se que a proposta de construção de uma Lagoa de Aguapé e do
Biofiltro é econômica e financeiramente viável, pois seu custo de implantação é significativamente
inferior ao valor de possíveis multas, sem causar significativas reduções no Patrimônio Líquido da
COTRIBÁ.
Nesse sentido, a implantação de um sistema completo de tratamento de dejetos se faz necessária
na Unidade Produtora de Leitões da COTRIBÁ, uma vez que a Cooperativa terá condições de obter
informações no que diz respeito ao nível de eficiência e eficácia sobre investimentos e ao custo de
implantação e manutenção do processo de tratamento, proporcionando à empresa condições de comparar o
resultado da entidade com ou sem uma atuação específica relacionada ao tratamento de dejetos.
Portanto, cabe a todas as áreas de atuação da COTRIBÁ atuar na preservação e proteção do meio
ambiente. A área contábil, por sua vez, deve empenhar-se para que os seus instrumentos de informação
melhor reflitam o real valor do patrimônio das empresas, seus desempenhos e, ao mesmo tempo,
satisfaçam às necessidades de seus usuários, inclusive sob o aspecto ambiental, dado que a alternativa que
se tem apresentado neste trabalho, para controle e preservação do Meio Ambiente é mensurável e,
portanto, passível de contabilização e informação à sociedade.

Referências bibligráficas

BARAÚNA, Alessandra. A Percepção da Variável Ambiental de Algumas Agroindústrias de Santa


Catarina. Florianópolis. p. 117 Dissertação. (Pós-Graduação em Engenharia de Produção) Universidade
Federal de Santa Catarina, 1999.
BEUREN, Ilse Maria. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. São Paulo: Editora
Atlas, 2003.
BIRKHAN, Osmar. Avaliação da eficiência do Sistema de Tratamento de dejetos em Unidade
Produtora de Leitões. Passo Fundo, 53 p. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho) Universidade de Passo Fundo, 2003.
BLEY Jr., Cícero. Controle de Gases e Odores com Biofiltro. Disponível na Internet
http://www.ecoltec.com.br/biotec (capturado no dia 05/11/2004).
CARVALHO, Rossane Cardoso. Método para identificação de Custos Ambientais na Cadeia
Produtiva de Papel e Celulose. Florianópolis. 127 p. Dissertação (Pós-Graduação Engenharia da
Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.
20
Direito Ambiental. Editora Plenum, 2001. CD-ROM.
FERREIRA, Aracéli Cristina De Sousa. Contabilidade Ambiental. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas, 3.ed., 1995.
IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Editora Atlas, 5ª Ed., 1997.
KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social. São Paulo: Editora Atlas, 2000.
MARTINS, Eliseu; RIBEIRO, Maísa de Souza. A Informação como instrumento de contribuição da
Contabilidade para a compatibilização do desenvolvimento econômico e preservação do meio
ambiente. Disponível na Internet http://www.eac.fea.usp.br/artigos (capturado no dia 15/09/2004)
PAIVA, Paulo Roberto. Contabilidade Ambiental. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
RAUPP, Elena Hahn. Desenvolvimento Sustentável: A Contabilidade num Contexto de
Responsabilidade Social de Cidadania e de Meio Ambiente. In: VIII Convenção de Contabilidade do
RS, 22 a 24 de Agosto de 2001, Gramado. Local de Publicação e editora.
RIBEIRO, Maísa de Souza; MARTINS, Eliseu. Apuração dos Custos Ambientais por meio do Custeio
por Atividade. Disponível na Internet http://www.eac.fea.usp.br/artigos (capturado no dia 15/09/2004).
SOUZA, Valdiva Rossato. Aplicação da Contabilidade Ambiental na Indústria Madereira.
Dissertação de mestrado, FEA/USP: São Paulo, 2003.
TAKITANE, I. C. Artigo: Produção de suínos no Brasil: Impactos Ambientais e Sustentabilidade.
Faculdade de Ciências Agronômicas: Universidade Estadual Paulista, 2003.

21

Anda mungkin juga menyukai