na Educação:
Dom, 13 de Junho de 2010 02:10 Educação
Diga-se de passagem, inclusive, que este já é o segundo corte na pasta desde o início do
ano: logo após a aprovação do Orçamento da União pelo Congresso Nacional o governo
já havia anunciado redução em relação ao estabelecido –o tradicional
contingenciamento. No total, o orçamento do Ministério da Educação será R$2,34
bilhões menor que o valor aprovado pelo Congresso. O ministro demagógico Fernando
Haddad, um dos mais escolados demagogos deste gerenciamento oportunista, logo
correu a dizer que isso em nada compromete seus “projetos”...De fato, se a intenção é
radicalizar ainda mais a proliferação do ensino privado e o processo de sucateamento
das instituições públicas de ensino, pode-se dizer que não há nada de novo no front.
Não é desnecessário dizer que enquanto o MEC foi atingido com um segundo corte de
verbas outros Ministérios, digamos assim, “estratégicos” (do ponto de vista dos
monopólios que governam o país, claro), viram ocorrer o inverso: um incremento em
seus recursos. Foi esse o caso dos Ministérios do Turismo, da Agricultura e dos
Esportes. É evidente que um mínimo de raciocínio lógico nos permite compreender o
porquê: o Ministério do Turismo e o dos Esportes estão em profunda relação um com o
outro, visto que a Copa do Mundo e as Olimpíadas são as meninas dos olhos dos
empreiteiros, especuladores e governantes de plantão, oportunidade singular que
representam tanto de lucros fabulosos quanto de que se cometam as mais bárbaras
atrocidades contra a população pobre das grandes cidades. E o Ministério da Agricultura
que, todos sabem, é a casa-grande dos escravocratas de nosso tempo, aonde se
conjugam os interesses da claque latifundiária de velho e de novo tipo que, aliás, segue
representando o principal setor da pauta de exportação do capitalismo burocrático
brasileiro.
O que é ainda mais criminoso é que,
quase ao mesmo tempo em que anuncia com uma mão o corte de mais de R$ 2 bilhões
na educação em menos de seis meses, o sr.Luis Inácio assinou com a outra a doação, na
prática, de R$1 bilhão para os tubarões do ensino privado. O que ocorre é que no
ano passado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (cuja função
inicial seria financiar a indústria nacional e que se transformou no maior capitalizador
dos principais monopólios imperialistas instalados no País) liberou uma linha de
financiamento, no valor de R$1 bilhão, para as universidades privadas. Tal linha de
financiamento, oferecida com juros bem abaixo daqueles estipulados pelo Banco
Central (que são os mais altos do mundo), terá duração de cinco anos e, segundo
matéria divulgada pela Folha de São Paulo em agosto de 2009, teria como objetivo
“ajudar as instituições para diminuir os efeitos da crise econômica”. Tal linha de
financiamento, pode-se dizer, é verdadeira doação, visto que o dinheiro poderá ser
usado pelos tubarões do ensino privado da maneira como quiserem, inclusive para
pagamento de dívidas anteriores.
Sim, pode. É a traição da UNE e da quadrilha que a dirige, que é verdadeira tropa de
choque das medidas adotadas pelo imperialismo contra o ensino público brasileiro, em
todos os seus níveis. Ora, não estão eles abocanhando um belo quinhão das migalhas
que caem das mesas daqueles a quem servem? E, diga-se de passagem, do próprio
orçamento de que dispõe efetivamente o MEC grande parte não chega a ser utilizado no
ensino público, perdendo-se na imensa máquina de licitações e corrupção que
caracteriza o velho Estado brasileiro, ou sendo aplicada abertamente no ensino privado,
como no caso do PROUNI.
REBELAR-SE É JUSTO!
E isso se torna ainda mais verdadeiro quando somos obrigados a assistir toda uma
verdadeira campanha movida pelos terroristas monopólios dos meios de comunicação
e os oportunistas ora instalados no gerenciamento do velho Estado no sentido de
estipular um piso salarial nacional das polícias civil e militares em três mil reais
enquanto que, não obstante, em cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, o salário
inicial de um professor de ensino fundamental (por 40 horas de trabalho semanal) é
estipulado em R$874,22 reais. É realmente infame, mas é isso a que assistimos!
Por isso mantemos nosso princípio, o qual temos praticado nos últimos anos, de manter
as páginas de nosso sítio e de nossos jornais abertas a todos os setores democráticos e
combativos que têm se levantado na luta em defesa da educação pública e gratuita e
contra a sanha furiosa que a ela tem erguido os setores mais descarados da reação
(como a apoiadora do regime militar e porca revista Veja, que em recente matéria
colocou a culpa da “crise” da educação brasileira exatamente sobre...os professores!).
E, no caso dessa Carta do MOCLATE, não é desnecessário frisar, nosso grau de
acordo político é ainda maior pois, assim como nós temos sustentado, encaram a luta
em defesa da educação de forma inseparável da luta contra esse velho Estado
reacionário brasileiro e pela construção de uma nova sociedade.
Carta do MOCLATE aos estudantes das universidades públicas,
principalmente aos estudantes dos cursos de Licenciaturas e
Pedagogia:
O MOCLATE continua levando a discussão classista, sem separar teoria e prática, para
dentro das escolas públicas brasileiras e organizando escolas populares junto com os
movimentos de massas em luta. O MOCLATE conclama os estudantes brasileiros em
geral, e em especial os estudantes dos Cursos de Licenciatura, Formação de Professores
e Pedagogos a se mobilizarem e a se organizarem em defesa da educação pública
brasileira e da melhoria nas suas condições de trabalho, contra o seu acentuado grau de
ruína e sucateamento decorrentes das “reformas educacionais” do Banco Mundial
executadas pelo gerenciamento de Luiz Inácio (FMI-PT). O sucateamento e a
precarização das instituições públicas de ensino, desde as universidades com os cursos
de graduação e de pós-graduação que oferecem, até a educação básica dos ensinos
fundamental, médio, profissionalizante, da educação infantil e das creches, é parte da
essência do que são as políticas deste velho estado e o seu sistema de poder, das classes
parasitárias do povo e o seu sistema de governo sob o gerenciamento do oportunismo.
As “reformas educacionais” ditadas pelo Banco Mundial, tais como “PCNs” e
“Diretrizes Curriculares“ (gerência FHC), “PROUNI” e “REUNI” (gerência Luiz
Inácio), só servem para impor uma educação domesticadora, servindo aos interesses do
capital monopolista, da dominação do nosso país sob a forma de semicolônia e da
exploração de nosso povo.
Todo esse quadro torna a escola um ambiente por vezes doentio. Trata-se de uma
enfermidade social gerada pelas próprias políticas educacionais. Um grande número de
professores tem sido afastado do trabalho para tratamento de doenças adquiridas em
face dessas condições nas escolas. O que se observa em termos das condições de
trabalho nas escolas do Paraná é parte do que ocorre no resto do país.
A Escola Popular
O sistema latifundiário brasileiro assassina, grila e manda matar há séculos. Para isso
conta com o apoio dos “governantes” e do “judiciário”. Enquanto isso a “reforma
agrária” anunciada pelos gerentes de turno do estado burocrático-latifundiário não sai
do papel. Cresce a organização e a temperatura de luta de classes no campo que
demanda por uma revolução agrária. O movimento camponês classista e combativo
segue avançando tomando terras e distribuindo-as a quem nelas trabalha. De acordo
com o Editorial do Jornal A Nova Democracia, no gerenciamento de Luiz Inácio “se
promove a mais intensa perseguição aos camponeses em luta pela terra”. Se no
gerenciamento de FHC foram assassinados 204 camponeses (contados a partir de 1997),
sendo 77 na região Amazônica, no gerenciamento de Luiz Inácio já foram 222
camponeses assassinados até agosto de 2009, sendo 121 só na região amazônica
(www.anovademocracia.com.br). Esses assassinatos de camponeses retratam a luta de
classes no campo; são também a comprovação de que há uma região onde essa luta
assume principalidade: a Região Amazônica. Eles também são a prova inconteste da
ação criminosa dos latifundiários e do seu estado. O MOCLATE entende que não é
possível mudar nosso país sem revolucionar sua estrutura agrária, por isso apóia a
revolução agrária e conclama os estudantes a organizarem comitês de apoio aos
camponeses na sua luta e organização pela destruição de todos os latifúndios e
distribuição de terras a quem nela trabalha, denunciando os crimes do latifúndio e do
seu velho estado.
Quanto às referidas provas, além do nível exigido ser bastante questionável, limitam-se
às disciplinas de português e matemática, passando longe de abranger o conjunto de
conhecimentos aos quais as crianças e jovens possuem direito a ter acesso; quanto a
tomar por referência os índices de aprovação escolar, aferidos pelo EDUCACENSO, é
algo ainda mais grave: sabemos que em não poucos municípios brasileiros rege a
famigerada aprovação automática, muitas vezes maquiada com chamados “ciclos de
aprendizagem”. Tomar tais índices genéricos de aprendizagem, per si, não só legitima
tais práticas como inclusive seduz a que as secretarias de educação os tomem como
regra, a fim de mascarar os números a favor dos interesses locais, tanto de verbas como
eleitorais. E não é só isso.
Tal critério levou ao grotesco fato, por exemplo, de que uma escola aonde os alunos têm
aulas em containeres, chamada por professores e alunos “escola de lata”, obtivesse um
dos melhores índices do Rio Grande do Sul. Trata-se da Escola Estadual Ismael Chaves
Barcellos, localizada no bairro Galópolis, em Caixas do Sul. (2)
E é, não há dúvida, através da comparação dos índices globais com a realidade local e
regional que a falsidade dos índices oficiais salta à vista. O absurdo estatístico
é evidente, ao observarmos que o todo não é absolutamente retrato do que são cada uma
das suas partes.
Como pode elevar-se o índice nacional quando a maioria dos Estados está
abaixo dele?
Essa é uma pergunta que impõe-se por si. Em todas as três fases avaliadas pelo índice
(4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do fundamental e 3º ano do ensino médio), pelo menos
16 dos 27 Estados brasileiros estão fora da média nacional de desempenho. No ensino
médio apenas 11 estados estão dentro da média nacional. (3). O que significa isso,
além da constatação da imensa desigualdade regional que assola como uma chaga nosso
país, senão a mentira dos índices comemorados pelo governo e o erro que é toma-los
como critério científico, tal como ocorre com a renda per capita para aferir a realidade
de um dado país?
Enquanto São Paulo e Santa Catarina ostentam média nacional de 4,5 Alagoas registra
média de 2,9, ou seja, menos da metade do índice 6 tido como padrão internacional de
boa qualidade. Aliás, somente 0,09% dos municípios brasileiros (cinco entre 5.498)
atingiram a nota 6 nos anos finais do ensino fundamental em escolas públicas!
Mas não é apenas a desigualdade regional o que salta à vista. É também a disparidade
entre o ensino público e privado. As provas do SAEB, um dos componentes do IDEB,
possuem escala e grau de dificuldade comum a todas as séries, o que permite a
comparação de alunos de diferentes anos. Comparação feita constatou-se que, ao
concluir o ensino médio, os alunos da rede pública de ensino possuem índice de
rendimento inferior aos que concluem o ensino fundamental na rede privada, ou seja, na
comparação genérica entre rede pública e privada aponta-se para uma defasagem
de três anos daquela em relação a esta! (4)
Não obstante esses números, que jogam luz sobre os métodos nada científicos dos
estatísticos do governo, há quem diga que o simples fato do MEC possibilitar a
publicação de índices comparativos, que sirvam como parâmetro nacional, já é um
importante passo. Mas aí nos perguntamos: para que, afinal de contas, têm servido tais
índices, deturpados em suas nove décimas partes?
Ora, é comum vermos universidades particulares quase que obrigando seus alunos a
fazerem cursinhos especiais para o ENADE, e vinculando a nota obtida no mesmo em
campanhas publicitárias.
A diferença mais gritante aqui, que se impõe a quem queira ver, está na publicidade que
acompanhou a divulgação de uma e de outra estatística.
O que estatística oficial nenhuma pode dizer ou admitir é que somos um país dominado
pelo imperialismo, portanto semicolonial, com fortes traços semifeudais na nossa
economia. Ora, como seria possível entender o caráter do ensino no nosso país senão
que em relação com a realidade que o condiciona?
Eludir essas questões, não responde-las, significa a não responder coisa alguma.
Devemos dizer que é pura demagogia falar em “revolução pela educação”, uma
demagogia sem limites. Na realidade transformar o ensino em nosso país, de modo
radical, coloca-lo à serviço do povo e do desenvolvimento nacional, é parte da demanda
democrático-nacional nunca completada em nosso país, pelo simples fato de que nunca
houve um processo revolucionário de fato no Brasil, que rompesse com o imperialismo
e as bases podres do sistema latifundiário. A mobilização contra a crise crônica do
ensino em nosso país, em todos os níveis, somente pode ser entendida como parte da
mobilização por transformações mais amplas e radicais em toda a estrutura de classes de
nossa sociedade, na derrocada desse capitalismo burocrático atrelado ao imperialismo e
seu sistema de poder.
Notas:
(1) http://revistaeducacao.uol.com.br
(2) sítio G1.globo.com, "Vestibular e Educação", 12/07/2010.
(3) http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao
(4) Folha de São Paulo, reproduzida no sítio da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares.
(5) Sítio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, ANDIFES, 21 de janeiro de 2010.
(6) Sítio do órgão "Inovação", vinculado à UNICAMP.
A Farsa do IDEB
No_ndice_de_Desenvolvimento_da_Educao_divulgado_pelaUNESCO_em_2009_Brasi
l_esta_atras_de_todos_seus_vizinhos_sul-americanos O IDEB foi criado pelo INEP
(órgão vinculado ao MEC) em 2007, como um indicador que pudesse medir a qualidade
do ensino público e privado. Segundo disponibilizado na página do INEP, “o indicador
é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e
médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb e a Prova Brasil”. O índice, que
vai de uma escala de 0 a 10, passou a ser contabilizado em 2005. O objetivo do MEC é
que, em 2022, o ensino brasileiro alcance a meta seis. No ano de 2009 o índice
registrado foi de 4,6; 4 e finais, respectivamente. Este foi, acreditem, o resultado
comemorado!
Quanto às referidas provas, além do nível exigido ser bastante questionável, limitam-se
às disciplinas de português e matemática, passando longe de abranger o conjunto de
conhecimentos aos quais as crianças e jovens possuem direito a ter acesso; quanto a
tomar por referência os índices de aprovação escolar, aferidos pelo EDUCACENSO, é
algo ainda mais grave: sabemos que em não poucos municípios brasileiros rege a
famigerada aprovação automática, muitas vezes maquiada com chamados “ciclos de
aprendizagem”. Tomar tais índices genéricos de aprendizagem, per si, não só legitima
tais práticas como inclusive seduz a que as secretarias de educação os tomem como
regra, a fim de mascarar os números a favor dos interesses locais, tanto de verbas como
eleitorais. E não é só isso.
E é, não há dúvida, através da comparação dos índices globais com a realidade local e
regional que a falsidade dos índices oficiais salta à vista. O absurdo estatístico é
evidente, ao observarmos que o todo não é absolutamente retrato do que são cada uma
das suas partes.
Como pode elevar-se o índice nacional quando a maioria dos Estados está abaixo dele?
Essa é uma pergunta que impõe-se por si. Em todas as três fases avaliadas pelo índice
(4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do fundamental e 3º ano do ensino médio), pelo menos
16 dos 27 Estados brasileiros estão fora da média nacional de desempenho. No ensino
médio apenas 11 estados estão dentro da média nacional. (3). O que significa isso, além
da constatação da imensa desigualdade regional que assola como uma chaga nosso país,
senão a mentira dos índices comemorados pelo governo e o erro que é toma-los como
critério científico, tal como ocorre com a renda per capita para aferir a realidade de um
dado país?
Enquanto São Paulo e Santa Catarina ostentam média nacional de 4,5 Alagoas registra
média de 2,9, ou seja, menos da metade do índice 6 tido como padrão internacional de
boa qualidade. Aliás, somente 0,09% dos municípios brasileiros (cinco entre 5.498)
atingiram a nota 6 nos anos finais do ensino fundamental em escolas públicas!
Mas não é apenas a desigualdade regional o que salta à vista. É também a disparidade
entre o ensino público e privado. As provas do SAEB, um dos componentes do IDEB,
possuem escala e grau de dificuldade comum a todas as séries, o que permite a
comparação de alunos de diferentes anos. Comparação feita constatou-se que, ao
concluir o ensino médio, os alunos da rede pública de ensino possuem índice de
rendimento inferior aos que concluem o ensino fundamental na rede privada, ou seja, na
comparação genérica entre rede pública e privada aponta-se para uma defasagem de três
anos daquela em relação a esta! (4)
Não obstante esses números, que jogam luz sobre os métodos nada científicos dos
estatísticos do governo, há quem diga que o simples fato do MEC possibilitar a
publicação de índices comparativos, que sirvam como parâmetro nacional, já é um
importante passo. Mas aí nos perguntamos: para que, afinal de contas, têm servido tais
índices, deturpados em suas nove décimas partes?
Índices de desenvolvimento ou ranking’s para investimento?
Na realidade, a disseminação de ranking’s em todas as esferas do ensino do País, e não
só do ensino aliás, têm como principal objetivo o rankeamento para fins de comparação
de mercado, por um lado, e a obtenção de melhor colocação junto às estatísticas
internacionais, melhor qualificando a “mão-de-obra” brasileira com o objetivo de atrair
os monopólios estrangeiros e seduzi-los com o miserável salário pago aos trabalhadores
de nosso país, por outro.
Ora, é comum vermos universidades particulares quase que obrigando seus alunos a
fazerem cursinhos especiais para o ENADE, e vinculando a nota obtida no mesmo em
campanhas publicitárias.
A diferença mais gritante aqui, que se impõe a quem queira ver, está na publicidade que
acompanhou a divulgação de uma e de outra estatística.
O ensino de um país semicolonial:
No_Rio_que_teve_baixo_ndice_no_IDEB_a_polcia_militar_aopnta_arma_para_profess
ores_durante_manifestao_por_melhores_condies_de_trabalho Na realidade as
estatísticas oficiais, seja no campo do ensino mas também no da economia, da
demografia e todos os demais, pecam porque se pautam no particular, nos números
absolutos, não podendo admitir o sentido da realidade, para onde ela aponta, quais são
os seus atores, em suma, não podem ver o processo no seu conjunto porque daí
implicam soluções de conjunto, ou seja, a refutação da miserável ordem vigente. Por
isso, por trás de cada estatística divulgada pelo velho Estado, repousa uma tentativa de
falsear a realidade, e devemos nos exercitar no intento de desnudar essas tentativas.
O que estatística oficial nenhuma pode dizer ou admitir é que somos um país dominado
pelo imperialismo, portanto semicolonial, com fortes traços semifeudais na nossa
economia. Ora, como seria possível entender o caráter do ensino no nosso país senão
que em relação com a realidade que o condiciona?
Eludir essas questões, não responde-las, significa a não responder coisa alguma.
Devemos dizer que é pura demagogia falar em “revolução pela educação”, uma
demagogia sem limites. Na realidade transformar o ensino em nosso país, de modo
radical, coloca-lo à serviço do povo e do desenvolvimento nacional, é parte da demanda
democrático-nacional nunca completada em nosso país, pelo simples fato de que nunca
houve um processo revolucionário de fato no Brasil, que rompesse com o imperialismo
e as bases podres do sistema latifundiário. A mobilização contra a crise crônica do
ensino em nosso país, em todos os níveis, somente pode ser entendida como parte da
mobilização por transformações mais amplas e radicais em toda a estrutura de classes de
nossa sociedade, na derrocada desse capitalismo burocrático atrelado ao imperialismo e
seu sistema de poder.
Diga-se de passagem, inclusive, que este já é o segundo corte na pasta desde o início do
ano: logo após a aprovação do Orçamento da União pelo Congresso Nacional o governo
já havia anunciado redução em relação ao estabelecido –o tradicional
contingenciamento. No total, o orçamento do Ministério da Educação será R$2,34
bilhões menor que o valor aprovado pelo Congresso. O ministro demagógico Fernando
Haddad, um dos mais escolados demagogos deste gerenciamento oportunista, logo
correu a dizer que isso em nada compromete seus “projetos”...De fato, se a intenção é
radicalizar ainda mais a proliferação do ensino privado e o processo de sucateamento
das instituições públicas de ensino, pode-se dizer que não há nada de novo no front.
Não é desnecessário dizer que enquanto o MEC foi atingido com um segundo corte de
verbas outros Ministérios, digamos assim, “estratégicos” (do ponto de vista dos
monopólios que governam o país, claro), viram ocorrer o inverso: um incremento em
seus recursos. Foi esse o caso dos Ministérios do Turismo, da Agricultura e dos
Esportes. É evidente que um mínimo de raciocínio lógico nos permite compreender o
porquê: o Ministério do Turismo e o dos Esportes estão em profunda relação um com o
outro, visto que a Copa do Mundo e as Olimpíadas são as meninas dos olhos dos
empreiteiros, especuladores e governantes de plantão, oportunidade singular que
representam tanto de lucros fabulosos quanto de que se cometam as mais bárbaras
atrocidades contra a população pobre das grandes cidades. E o Ministério da Agricultura
que, todos sabem, é a casa-grande dos escravocratas de nosso tempo, aonde se
conjugam os interesses da claque latifundiária de velho e de novo tipo que, aliás, segue
representando o principal setor da pauta de exportação do capitalismo burocrático
brasileiro.
O que é ainda mais criminoso é que, quase ao mesmo tempo em que anuncia com uma
mão o corte de mais de R$ 2 bilhões na educação em menos de seis meses, o sr.Luis
Inácio assinou com a outra a doação, na prática, de R$1 bilhão para os tubarões do
ensino privado. O que ocorre é que no ano passado o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (cuja função inicial seria financiar a indústria
nacional e que se transformou no maior capitalizador dos principais monopólios
imperialistas instalados no País) liberou uma linha de financiamento, no valor de R$1
bilhão, para as universidades privadas. Tal linha de financiamento, oferecida com juros
bem abaixo daqueles estipulados pelo Banco Central (que são os mais altos do mundo),
terá duração de cinco anos e, segundo matéria divulgada pela Folha de São Paulo em
agosto de 2009, teria como objetivo “ajudar as instituições para diminuir os efeitos da
crise econômica”. Tal linha de financiamento, pode-se dizer, é verdadeira doação, visto
que o dinheiro poderá ser usado pelos tubarões do ensino privado da maneira como
quiserem, inclusive para pagamento de dívidas anteriores.
Sim, pode. É a traição da UNE e da quadrilha que a dirige, que é verdadeira tropa de
choque das medidas adotadas pelo imperialismo contra o ensino público brasileiro, em
todos os seus níveis. Ora, não estão eles abocanhando um belo quinhão das migalhas
que caem das mesas daqueles a quem servem? E, diga-se de passagem, do próprio
orçamento de que dispõe efetivamente o MEC grande parte não chega a ser utilizado no
ensino público, perdendo-se na imensa máquina de licitações e corrupção que
caracteriza o velho Estado brasileiro, ou sendo aplicada abertamente no ensino privado,
como no caso do PROUNI.
A Escola Popular
A organização das Escolas Populares é a forma mais efetiva dos trabalhadores em
educação e dos estudantes para apoiar o desenvolvimento da luta classista em nosso
país. A realidade dessa luta demanda mais e mais estudantes e professores no apoio e no
desenvolvimento desse tipo de escolas no campo, principalmente onde o movimento
classista camponês vem se organizando para tomar terra, tomando-as e distribuindo-as a
quem delas precisam para plantar, colher e viver. A escola popular assume o classismo
como linha mestra do seu desenvolvimento pedagógico, centrando na disciplina e na
coletividade dos seus membros para a formação intelectual, científica, política e
produtiva.
A Luta de Classes no Campo
O sistema latifundiário brasileiro assassina, grila e manda matar há séculos. Para isso
conta com o apoio dos “governantes” e do “judiciário”. Enquanto isso a “reforma
agrária” anunciada pelos gerentes de turno do estado burocrático-latifundiário não sai
do papel. Cresce a organização e a temperatura de luta de classes no campo que
demanda por uma revolução agrária. O movimento camponês classista e combativo
segue avançando tomando terras e distribuindo-as a quem nelas trabalha. De acordo
com o Editorial do Jornal A Nova Democracia, no gerenciamento de Luiz Inácio “se
promove a mais intensa perseguição aos camponeses em luta pela terra”. Se no
gerenciamento de FHC foram assassinados 204 camponeses (contados a partir de 1997),
sendo 77 na região Amazônica, no gerenciamento de Luiz Inácio já foram 222
camponeses assassinados até agosto de 2009, sendo 121 só na região amazônica
(www.anovademocracia.com.br). Esses assassinatos de camponeses retratam a luta de
classes no campo; são também a comprovação de que há uma região onde essa luta
assume principalidade: a Região Amazônica. Eles também são a prova inconteste da
ação criminosa dos latifundiários e do seu estado. O MOCLATE entende que não é
possível mudar nosso país sem revolucionar sua estrutura agrária, por isso apóia a
revolução agrária e conclama os estudantes a organizarem comitês de apoio aos
camponeses na sua luta e organização pela destruição de todos os latifúndios e
distribuição de terras a quem nela trabalha, denunciando os crimes do latifúndio e do
seu velho estado.
O MOCLATE conclama ainda os estudantes a erguerem a bandeira do classismo e a
organizarem em torno dela o seu verdadeiro movimento estudantil combativo, apoiando
o movimento operário e camponês na luta pelas grandes e vitoriosas batalhas em curso
para destruir parte por parte o sistema de poder das classes exploradoras e o seu velho
estado. Um estado burocrático, burguês e latifundiário a serviço do imperialismo. A
destruição desse velho poder e a edificação do novo poder, das massas e para as massas,
que tem como primeiro conteúdo a destruição do sistema latifundiário sob a bandeira da
revolução agrária e distribuição de terra a quem nela trabalha, é tarefa não só dos
operários e camponeses, mas também de todos os estudantes filhos do povo brasileiro e
de todos os intelectuais sérios. Sem a destruição de todos os latifúndios não há
desenvolvimento. Destruir o latifúndio é parte da revolução de nova democracia para a
edificação de uma nova economia, uma nova política e uma nova cultura, sob a
hegemonia do proletariado organizado a partir da aliança operário-camponesa.