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O “Cluster” Petrolífero/Petroquímico em Portugal:

- Uma oportunidade para os Engenheiros Químicos


Portugueses
Clemente Pedro Nunes
Conselho de Administração da CUF, Portugal

1. Uma palavra pessoal

Ao dirigir-me hoje a esta Sessão Plenária da Chempor 2005 é meu dever pessoal e
indeclinável invocar a memória e o exemplo do Professor Joaquim Barbosa Romero,
vulto eminente da Engenharia Química e Amigo de eleição,
e que foi o Fundador em 1975, juntamente com o Doutor Reg Bott, da organização
periódica em Portugal das Conferências Internacionais sobre Engenharia Química,
desde o início designadas por Chempor.

As novas gerações de engenheiros químicos, tão bem representadas na nossa


Conferência deste ano, devem ter no Professor Barbosa Romero um referencial e um
exemplo:

- um referencial, pois a sua carreira académica no Instituto Superior Técnico, na


Universidade de Birmingham, na então Universidade de Lourenço Marques, e
posteriormente na Universidade do Minho, bem como a sua actividade profissional na
CUF, foram sempre dedicadas à promoção da qualidade da engenharia química e à sua
ligação profícua às aplicações concretas na industria de processos químicos,

- um exemplo, porque pela forma como sempre se colocou ao serviço duma missão,
secundarizando as vãs glórias de carreirismos desenfreados, sempre contribuiu para a
promoção técnica e humana de todos aqueles que, como eu, tiveram o grato privilégio
de com ele privar pessoalmente ao longo de muitos anos.

2. O “Cluster” Petrolífero/Petroquímico em Portugal: Pressupostos de


Enquadramento Estratégico

Para os engenheiros químicos o conceito industrial de “Cluster” é uma extensão natural


do conceito de “sequência de processos químicos” em que a optimização global da
malha produtiva, e as oportunidades e desafios ligados à recuperação e valorização de
subprodutos, e mesmo de efluentes, são condições essenciais para a competitividade das
empresas industriais.

Num país como Portugal, onde os recursos naturais de alto valor são muito escassos, a
competitividade económica depende muito dos “Clusters” económicos e industriais que
houver a clarividência estratégica e a competência técnica para construir, promover, e
optimizar.
_______________________________________________________
Clemente Pedro Nunes. Telefone: (+351) 21 3949029 Email: pedronunes@cuf-sgps.pt

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A Refinação de Petróleos e as Indústrias Petroquímicas, bem como outros sectores da
Química Orgânica Pesada e das Especialidades Químicas, constituem no seu conjunto
uma malha industrial cuja competitividade se baseia, em grande medida, na articulação
entre as várias unidades produtivas, na logística dos abastecimentos, na articulação com
os factores energéticos tanto em termos de electricidade como de combustíveis, e na
articulação com os mercados a jusante.

Assim, a Refinação de Petróleo/ Indústrias Petroquímicas constitui pois em Portugal um


“Cluster industrial” muito importante que para prosperar e competir numa economia
aberta e globalizada carece duma visão estratégica integrada, e exige hoje não só um
conhecimento profundo das realidades e potencialidades existentes em Portugal, mas
também das suas articulações externas, muito em especial, e como adiante veremos em
maior pormenor, com as realidades existentes em Espanha.

2. Breve descrição da malha produtiva Refinação de Petróleos/Industrias


Petroquímicas hoje existente em Portugal

2.1. As bases do “cluster” Petrolífero/ Petroquímico Português

As duas refinarias de petróleo instaladas em Portugal, em Sines e em Matosinhos,


ambas propriedade da Petrogal, estão ligadas a montante, respectivamente aos Portos de
Sines e de Leixões que as abastecem de petróleo bruto, estando a refinaria de Sines
directamente ligada a jusante à petroquímica de olefinas (“steam – cracker”)
actualmente propriedade da Repsol e situada no mesmo complexo industrial, e a
refinaria de Matosinhos ligada a jusante à petroquímica de aromáticos, que pertence
também à Petrogal.

Esta articulação logístico-estratégica entre grandes terminais oceânicos para descarga de


petróleo (o de Sines, por exemplo, é o maior da Península Ibérica, e um dos maiores da
Europa), a refinação de petróleos, originando conjuntamente produtos combustíveis e
matérias-primas petroquímicas, e a jusante as unidades petroquímicas de base, é uma
condição fundamental para a existência dum “cluster” petrolífero/petroquímico em
Portugal. Registe-se que neste “cluster”, foram investidos em Portugal milhares de
milhões de euros nos últimos 40 anos.

Um dos aspectos económicos mais relevantes a considerar para se definir uma estratégia
industrial nesta área é que a respectiva competitividade depende em grande parte das
sinergias entre as várias unidades instaladas, visto que o aproveitamento tecnológico e
economicamente optimizado de muitos co-produtos, sub-produtos, e mesmo de alguns
“resíduos”, das diferentes unidades industriais é que permite o reforço de todo o
conjunto.

Um dos exemplos clássicos neste âmbito é que as naftas parafínicas de muito baixo
índice de octana, e como tal com muito pouco valor para o mercado das gasolinas, são
uma excelente matéria-prima para a petroquímica de olefinas/ “steam-cracker”.

Assim as refinarias de Sines e de Matosinhos podem aumentar significativamente a


respectiva competitividade por poderem colocar no “steam-cracker” da Repsol em
Sines, através de acordos de longo prazo, grandes quantidades de nafta parafínica, com
uma valorização adequada.

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A outra vertente importante em termos estratégicos é que os investimentos nas várias
unidades deste “cluster” têm que ser devidamente articulados.

Assim um aumento de capacidade de consumo de um dos compostos aromáticos, por


exemplo o benzeno, permite um reforço da capacidade de optimização da fábrica de
aromáticos, nomeadamente em termos da produção/reconversão dos outros principais
co-produtos como são o para-xileno, e o tolueno.

2.2. As restantes unidades petroquímicas e de química orgânica pesada existentes


em Portugal

A “base de sustentação” do “cluster” refinação de petróleos/petroquímica já referido em


2.1 inclui ainda outras importantes unidades industriais:

a) Desde logo, a própria Repsol tem em Sines duas importantes unidades de fabrico
de polímeros, as fábricas de Polietilenos de Baixa Densidade (PEBD) e de
Polietilenos de Alta Densidade (PEAD), com respectivamente cerca de 150 x
103 tons/ano e 120 x 103 tons/ano de capacidade de produção e que são
directamente utilizados na indústria de transformação de plásticos quer em
Portugal, quer em Espanha, bem como noutros mercados de exportação.

Note-se que as unidades de PEBD e de PEAD são as grandes consumidoras


directas de etileno, havendo ainda quantidades excedentárias de etileno em Sines
que são exportadas quer por via marítima, através do terminal petroquímico
oceânico, quer por via terrestre directamente para Huelva, no sudoeste de
Espanha, onde é transformado em dicloro-etano (EDC) pela empresa
Ercros/Aragonesas.

b) Por outro lado o benzeno produzido na fábrica de aromáticos da Petrogal em


Matosinhos é transformado em mononitrobenzeno, e depois em anilina, no
complexo químico da Químigal / Grupo CUF, numa unidade de cerca de 110 x
103 tons/ano de capacidade, situada em Estarreja.

Por seu lado, a maior parte da anilina produzida em Estarreja é directamente


utilizada na unidade de Metil – di – Isocinatos (MDI) propriedade da DOW e
também situada no complexo químico de Estarreja e que tem uma capacidade de
mais de 95 x 103 tons/ano.

Note-se que o MDI é o mais importante componente da fileira de Poliuretanos


que é um dos plásticos que tem registado um maior e mais diversificado
crescimento de consumo, com importantes aplicações sobretudo na indústria
automóvel, de construção civil, de equipamentos electrodomésticos, mas
também nas industrias têxteis e do calçado.

c) Por sua vez, a produção de MDI em Estarreja congrega à sua volta, para além da
produção de anilina, um núcleo de indústrias de apreciável dimensão, e
perfeitamente interligadas, que no seu conjunto dão um significativo contributo
ao Valor Acrescentado Bruto de todo o “cluster” de refinação de petróleos /
industria petroquímica, objecto desta comunicação.

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Assim, a Quimigal / Grupo CUF produz também em Estarreja cloro e soda, de
que a unidade de MDI da DOW é também o maior cliente, a Air Liquide produz
hidrogénio e monóxido de carbono (CO), totalmente integrados na fileira de
poliuretanos, e a Bresfor produz em Aveiro formaldeido, também em grande
parte directamente utilizado no fabrico de MDI.

Note-se que a unidade da Air liquide é consumidora directa de nafta química de


tipo parafínico, produzida na refinaria de petróleos em Matosinhos, constituindo
assim mais um importante elemento de sinergias recíprocas entre a refinação de
petróleos e a indústria petroquímica.

d) Uma das mais importantes sinergias entre a refinação de petróleos e a indústria


petroquímica portuguesa é também constituída pela unidade de amoníaco/ureia
instalada no Lavradio.

Esta unidade utiliza e regenera, transformando-os noutros produtos bastante


valiosos, os resíduos de “cracking” da refinaria de Sines da Petrogal, que têm,
um elevado teor de enxofre, e uma muito elevada viscosidade.

Esta transformação efectuada no Lavradio, através do transporte directo por


caminho-de-ferro a partir de Sines, permite o escoamento economicamente útil
de resíduos, que de outra forma exigiriam elevados investimentos para serem
eliminados.

Por outro lado o amoníaco e a ureia são importantes produtos não só na cadeia
produtiva destinada à agricultura (adubos nítrico-amoníacais, através da sua
transformação prévia em ácido nítrico), como também para a fileira do
MDI/poliuretanos, uma vez que é exactamente a partir deste amoníaco que se
produz em Estarreja o MNB que é depois transformado em anilina.

Igualmente a ureia é também utilizada no fabrico das colas de ureia-formaldeido


em várias instalações industriais, que por sua vez são utilizadas nas indústrias de
prensados de madeira/contraplacados.

e) Um dos subprodutos mais pesados do “steam-cracker” da Repsol de Sines,


designado por fuelóleo de pirólise, é valorizado e transformado em “negro de
fumo” numa unidade adjacente propriedade da Carbogal/Grupo Degussa.

O “negro de fumo” é utilizado sobretudo na indústria da borracha/pneus, e na


indústria de plásticos como corante de cor preta.

f) Situa-se em Portalegre a única importante unidade petroquímica situada bem no


interior do território português e que em termos de malha industrial se encontra a
jusante da petroquímica de aromáticos da Petrogal, situada em Matosinhos.

Aqui a Selenis (ex-Finicisa) transforma derivados de xilenos em Polietileno


Tereftalato (PET) utilizado no fabrico de garrafas e outros vasilhames de alta
qualidade, e também em fibras de poliéster, destinadas à indústria têxtil.

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g) Duas outras importantes unidades de derivados petroquímicos estão também
instaladas em Portugal:

- Na Fisipe/ Grupo CUF no Lavradio, produzem-se cerca de 70 x 103 tons/ano de


fibras acrílicas a partir do acrilonitrilo. Embora o acrolinitrilo seja um derivado
do propileno, que é uma das olefinas produzidas no “steam-cracker” da Repsol
em Sines, aquele não é actualmente produzido em Portugal, e tem que ser
importado, nomeadamente a partir do complexo da Repsol em Tarragona,
Espanha.

- Na Cires, em Estarreja produz-se cerca de 210.000 tons/ano de PVC, a partir de


VCM importado.
Dado que o VCM (Cloreto de Vinilo Monómero) é produzido a partir do etileno
(produzido pela Repsol em Sines) e de acido clorídrico, recuperado como
subproduto da unidade de MDI da DOW em Estarreja, esta integração etileno /
ácido clorídrico / VCM / PVC, constitui uma das mais notáveis oportunidades de
reforço de todo o “cluster” em análise, que será analisado em maior
profundidade no ponto seguinte.

3. A evolução nos últimos 12 meses: as novas realidades e desafios à escala


ibérica

Os responsáveis industriais têm como obrigação pensar estrategicamente o futuro a


médio e longo prazo.

Para isso têm que recolher todos os dados disponíveis, no nosso caso sobre as indústrias
de petróleos, e de petroquímica, em termos de realidades físicas, e dos recursos e
competências humanas que elas envolvem.

Como todos sabemos o paradigma económico em que vivemos há cerca de duas


dezenas de anos é a globalização.

Mas curiosamente nos últimos anos, e em especial no último ano, registou-se na


Península Ibérica um fenómeno de “localização”, ou se se quiser um fenómeno de
“espanholização”, em que grandes empresas multinacionais, com centros de decisão
exteriores à Península Ibérica, foram substituídos por grandes empresas espanholas.

Vejamos três casos que directamente dizem respeito aos engenheiros de processos
químicos interessados neste “cluster”:

a. A anterior rede de distribuição de combustíveis que desde a década de 40 do


século XX a Shell detinha em Portugal foi vendida, em Junho de 2004, por esta
multinacional anglo-holandesa à empresa espanhola Repsol;

b. Também a rede espanhola da Shell foi vendida a uma distribuidora espanhola


com sede nas Ilhas Canárias;

c. Mas mais significativo em termos estratégicos foi a compra, em Dezembro de


2004, também pela Repsol do complexo petroquímico de olefinas de Sines, que
privatizado no final dos anos 80 do século passado, era até essa altura

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propriedade da Borealis, empresa multinacional de capitais noruegueses,
austríacos, e do Abu Dhabi.

Ou seja, em apenas 12 meses duas empresas multinacionais extra-peninsulares


que operavam de forma significativa no “Cluster” Petrolífero/ Petroquímico
em Portugal, a Shell e a Borealis, retiraram-se e deram lugar à Repsol.

A Repsol que assim passou a deter três “steam-crackers” na Península Ibérica


(Sines, Tarragona e Puertollano) transformou-se na maior empresa petrolífera e
petroquímica em toda a Península Ibérica. Neste sentido é de todo o interesse
apresentar de seguida o quadro produtivo, elaborado pela própria Repsol,
relativamente às suas capacidades petroquímicas instaladas em toda a Península
Ibérica:

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QUÍMICA DERIVADA DE REPSOL YPF
PENÍNSULA IBÉRICA
TARRAGONA
Capacidades en kt/año
POLIETILENO BD 345

PUERTOLLANO POLIETILENO AD 157


POLIPROPILENO 340
POLIETILENO BD 60 ESTIRENO 340
COMPUESTOS PP 20
POLIETILENO EVA 80
Ó.DE PROPILENO 150
POLIETILENO AD 90
POLIOLES 130
POLIPROPILENO 120 GLICOLES 54
TARRAGONA
ESTIRENO 160 ACRILONITRILO 120
Ó.DE PROPILENO 70 MMA 46 RepsolYPF
POLIOLES 70 SULFATO AMÓNICO 110
GLICOLES 22 POLIETILENO BD 550
POLIETILENO EVA 80
PUERTOLLANO
POLIETILENO AD 377
POLIPROPILENO 440
COMPUESTO PP 20
ESTIRENO 500
SINES Ó.DE PROPILENO 220
POLIOLES 200
POLIETILENO BD 145
GLICOLES 76
POLIETILENO AD 130 ACRILONITRILO 120
MMA 46
SULFATO AMÓNICO 110

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Sendo que a CEPSA é também uma grande empresa petrolífera e petroquímica em
Espanha, com maioria de capital espanhol mas com fortes ligações ao grupo
multinacional francês TotalFinaElf, temos que o reequacionamento estratégico e as
oportunidades que se abrem à Petrogal e ao Grupo CUF, que são as maiores
empresas de capitais maioritariamente portugueses integradas no “cluster”
Petrolífero / Petroquímico, é uma prioridade que se deve situar no centro das
atenções dos engenheiros químicos portugueses.

4. A consolidação e expansão do “cluster” Petrolífero /Petroquímico em


Portugal no contexto da Península Ibérica

A consolidação e expansão do “Cluster” Petrolífero e Petroquímico em Portugal ter-se-á


que basear numa estreita ligação aos mercados a jusante e num reforço das ligações às
respectivas infra-estruturas logísticas de apoio, bem como ao reforço das competências
próprias de Inovação Tecnológica competitiva, e isto tanto em termos de aplicação dos
produtos finais, como em termos da optimização dos processos produtivos, incluindo as
vertentes da melhoria ambiental e mesmo do desenvolvimento de novos produtos.

E estas vertentes de actuação têm que se aplicar prioritariamente às indústrias


petrolíferas e petroquímicas existentes em Portugal, e também aos novos projectos que
estruturem a realidade produtiva existente em Portugal, bem como as interligações
mutuamente vantajosas com as unidades petrolíferas e petroquímicas existentes em
Espanha.

Ou seja, embora as indústrias petrolíferas e petroquímicas tenham hoje uma dimensão


global, as empresas instaladas na Península Ibérica têm toda a vantagem em reforçar as
respectivas sinergias internas a fim de depois melhor poderem competir no mercado
global.

Vejamos o enquadramento estratégico ibérico de alguns dos projectos de investimento


potencialmente mais interessante que podem permitir o reforço deste “cluster”:

a) A produção de EDC/VCM em Estarreja

Como já se referiu no ponto 2.2. alínea g), a unidade do PVC de CIRES em


Estarreja importa hoje cerca de 210.000 ton/ano de VCM.

Note-se que o VCM é obtido a partir de etileno que é hoje produzido em Sines pela
Repsol, que assim poderá diversificar as suas aplicações a jusante, para além dos
polietilenos.

É importante referir que além do etileno, a outra matéria-prima do VCM é o acido


clorídrico (HCl) que se encontra potencialmente em excesso na Península Ibérica.
Ora o HCl é obtido como subproduto da unidade do MDI da DOW em Estarreja, e o
seu aproveitamento adequado poderá permitir não só reforçar a competitividade de
produção de PVC pela CIRES, como também reforçar a fileira de poliuretanos
ligada à unidade de MDI da DOW em Estarreja, bem como de todas as unidades que
directamente a alimentam (anilina, cloro e soda pela Quimigal, CO e hidrogénio
pela Air Liquide, formaldeido pela Bresfor).

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É importante referir ainda numa perspectiva ibérica, que um adequado diagrama
processual para produção do VCM em Estarreja poderá consumir também
quantidades significativas de EDC.

Dadon que o EDC é já hoje produzido em Huelva, no sudoeste de Andaluzia pela


Ercros /Aragonesa, numa unidade que utiliza exactamente etileno exportado pelo
“steam-cracker” de Sines, um consumo acrescido de EDC por parte duma futura
unidade de VCM em Estarreja poderá contribuir também, de forma indirecta, para
aumentar ainda mais o consumo estruturado de mais etileno produzido em Sines.

b) A expansão da produção do benzeno em Matosinhos para fornecer a fileira


de MDI / Poliuretanos em Estarreja

A expansão da fileira de MDI / Poliuretanos em Estarreja, nos últimos oito anos fez
com que a unidade de anilina da Quimigal / Grupo CUF consuma todo o benzeno
produzido pela fábrica de aromáticos da Petrogal em Matosinhos, e além disso seja
necessário importar anualmente mais de
50 x 103 tons de benzeno.

Este mercado adicional garantido para o benzeno, constitui uma excelente


oportunidade de aumento/optimização da capacidade produtiva da fábrica de
aromáticos de Matosinhos aproximando-a assim duma dimensão de “classe
mundial”. Poderá igualmente permitir a produção de quantidades adicionais de
xilenos, que entre outras utilizações na Península Ibérica podem ser inseridos a
jusante na fileira da produção de fibras de poliéster e das resinas de tereftalatos de
polietileno nas fábricas da Selenis (ex- Finicisa) situadas em Portalegre.

c) O aumento da capacidade do “steam-cracker” de Sines, actualmente


propriedade da Repsol

Este aumento da capacidade, que já está actualmente em curso, permitirá não só


uma maior produção anual de etileno (para produzir mais Polietilenos de Alta e de
Baixa Densidade, para além, como já vimos, de permitir mais facilmente produzir
VCM em Portugal e assim consolidar toda a fileira de vínilicos em Portugal, e em
toda a Península Ibérica), como irá igualmente disponibilizar quantidades adicionais
dos outros principais co-produtos: propileno e gasolina de pirólise.

As novas capacidades produtivas destes dois co-produtos poderão por sua vez
viabilizar a competitividade de significativas interligações a jusante:

- A gasolina de pirólise é uma excelente matéria-prima, complementar dos


reformados actualmente utilizados, para a unidade de aromáticos da Petrogal, em
Matosinhos, permitindo aumentar significativamente a capacidade de produção de
benzeno, e também de tolueno e de xileno, possibilitando a obtenção de importantes
economias de escala relativamente à situação actual.

O impacto positivo desta produção adicional de benzeno prevista na expansão da


unidade de anilina, e de toda a fileira de MDI/Poliuretanos de Estarreja, é óbvio;

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- Por outro lado, o futuro aumento da produção de propileno em Sines permitirá que
esta importante olefina, actualmente exportada na sua totalidade, possa vir a
alimentar uma nova unidade de polipropileno de mais de 250 x 103 tons/ano, a que
será já duma dimensão competitiva, mesmo em termos mundiais.

Note-se que além disso o propileno é também a principal matéria – prima na


produção de acrilonitrilo, de que a própria Repsol é já produtora em Tarragona,
Espanha, e de que a Fisipe, Barreiro, é uma das principais unidades consumidoras
na Europa.

d) Aumento da interligação entre a Refinaria de Sines e a unidade de


amoníaco-ureia do lavradio

Os resíduos de “cracking” da Refinaria de Sines da Petrogal, com muito alta


viscosidade e altos teores de enxofre, são já hoje usados como matéria-prima pela
unidade de amoníaco-ureia do Grupo CUF no Lavradio.

Esta interligação é assim uma “regeneração virtuosa” dos resíduos da Refinaria de


Sines que de outro modo teriam dificuldade em ser escoados.

Todavia, esta interligação poderá ainda ser significativamente optimizada,


nomeadamente pela melhoria das condições logísticas do respectivo transporte
ferroviário para o Lavradio, que poderá permitir uma utilização no Lavradio de
resíduos ainda mais viscosos que actualmente, e que assim por sua vez permitirá a
utilização em Sines de “crudes” de menor qualidade e mais baratos e/ou a produção
de maior quantidade dos combustíveis mais valorizados pelo mercado, como são a
gasolina, o jet-fuel, o propano, o butano, e o gasóleo, sem ter que se preocupar com
o destino a dar às “borras/ resíduos fatais”.

5. O futuro do “cluster” Petrolífero/Petroquímico em Portugal

Depois do que se acaba de apresentar, é hoje incontornável que o futuro do “cluster”


Petrolífero/Petroquímico em Portugal está já estreitamente ligado ao “cluster”
Petrolífero/Petroquímico existente no conjunto da Península Ibérica.

Poder-se-á mesmo dizer que nos últimos anos, talvez em grande parte por culpa da
inércia em que Portugal se deixou cair em termos de planeamento estratégico industrial,
foram mais os espanhóis que viram a importância da componente portuguesa deste
“cluster” ibérico e que mais fortemente apostaram nele, nomeadamente quando
compraram o complexo petroquímico de Sines.

Mas isso não quer dizer que as estratégias dos engenheiros químicos e das
empresas portuguesas nesta área devam estar dependentes da estratégia
espanhola. Muito pelo contrário!

Quanto mais as competências dos recursos humanos, nesta área existentes em Portugal,
forem treinados e formados para responder aos desafios já colocados, ou previsíveis,
destas indústrias instaladas no nosso país, quanto maior forem as capacidades de
Inovação Tecnológica que as Universidades Portuguesas desenvolvam a partir da
realidade das empresas industriais instaladas em Portugal, ou melhor, ligadas ao

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“cluster” Petrolífero/Petroquímico existente na Península Ibérica, mais este “cluster”
terá condições de ser competitivo no contexto da economia globalizada, e assim fixar
em Portugal e na Península Ibérica empregos altamente qualificados para engenheiros
químicos.

Gostaria ainda de sublinhar mais três vertentes:

a. O “cluster” Petrolífero/Petroquímico tem já hoje uma dimensão muito


relevante em Portugal, ponderada a relatividade da dimensão da respectiva
economia, incluindo Pólos Industriais de apreciável dimensão em Sines, em
Estarreja, em Matosinhos, e no Lavradio, e também em Portalegre, e a ela
estão ligadas infra-estruturas logísticas de grande importância no contexto
ibérico, e mesmo europeu, como são os Portos de Sines, de Matosinhos e de
Aveiro.
Seria todavia desejável o reforço de algumas destas infra-estruturas
logísticas de interligação, nomeadamente em termos de redes de “pipelines”
entre centros produtivos e/ou logísticos.

b. Por outro lado este “cluster” conduz à produção em Portugal de bens


directamente transaccionáveis, susceptíveis de darem um contributo muito
positivo para o desejável equilíbrio da Balança de Transacções Correntes do
nosso país, reforçando igualmente outros “clusters” fundamentais da nossa
economia situados a jusante, como são por exemplo os da indústria automóvel, o
dos materiais para a construção civil, e o agro-alimentar.

c. A competitividade futura deste “cluster” assenta na articulação dinâmica e


criativa entre as oportunidades de investimento detectadas pelos vários agentes
empresariais.

As competências tecnológicas específicas têm que ser desenvolvidas por cada


empresa, que tem igualmente que analisar o enquadramento comercial e a
viabilidade económica de cada investimento.

Mas os planos de investimento têm de ser articulados numa perspectiva de


médio e longo prazo, em que as sinergias e oportunidades têm que ser
conhecidas com a devida antecedência a fim de poderem ser programadas
pelas várias empresas.
E neste contexto é muito relevante referir que actualmente as duas maiores empresas
petrolíferas/petroquímicas que operam na Península ibérica são espanholas - a Repsol e
a Cepsa, respectivamente – sendo que ambas têm excelentes articulações entre as
vertentes de refinação e da petroquímica.

Em Portugal, as duas maiores empresas deste “cluster”, de capital


maioritariamente português são a Petrogal e o Grupo CUF.

Sendo que a Petrogal, que é a outra grande empresa petrolífera ibérica tem uma
vertente petroquímica reduzida, e que o Grupo CUF não tem hoje qualquer
vertente petrolífera, parece fazer todo o sentido reforçar os vínculos estratégicos, e
mesmo accionistas entre ambas, a fim de dar maior dimensão estratégica,

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financeira, e tecnológica ao “cluster” Petrolífero/Petroquímico português no
quadro da península Ibérica.

6. Nota Final

Mais de sessenta anos de investimentos, e de trabalho profícuo de várias gerações de


engenheiros químicos, deixaram hoje à geração a que pertenço, e às gerações que nos
hão-de suceder, um vasto leque de realidades, de desafios, e de oportunidades.

Muitas foram as dificuldades, por vezes grandes foram os sacrifícios, quiçá as


amarguras, para termos hoje a realidade que vos procurei descrever nestas simples
palavras e que apresento de seguida num diagrama muito sucinto:

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O “CLUSTER” PORTUGUÊS DA REFINAÇÃO DE PETRÓLEOS/INDÚSTRIAS PETROQUÍMICAS

Quimigal / Estarreja
Refinaria reformados Fábrica de Benzeno Sal
Matosinhos; Aromáticos; Electrólise de
MNB Anilina Nacl Renoeste
Petrogal Petrogal
Matosinhos

anilina Cloro
Bresfor
Tobueno Xilenos Hidrogénio
Amoníaco
Formaldeido
CO
Adubos Fábrica de Amoníaco Air Liquide / MDI / DOW Poliuretanos
nítrico- / Ureia; Grupo CUF; Estarreja
amoníacos Lavradio

HCl
Resíduos de cracking

Agricultura Steam-Cracker Repsol etileno PVC


(Portugal e Refinaria de Nafta (Borealis); Sines VC
Espanha) Sines; Projecto EDC/VCM M CIRES
Petrogal (Construção
Química Butilenos Civil;
Embalagens)
Propileno
MTB
Unidades de PEBD e PEBD
PEAD; Sines
Negro de Fumo PEAD
Repsol (Borealis)

Industrias da
Borracha

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Mas essa realidade existe e é uma das maiores oportunidades que se deparam à
engenharia química em Portugal, tanto em termos do projecto, da gestão de
produção, como, e sobretudo, da Inovação Tecnológica Competitiva.

O desafio está perante nós.

Seremos todos nós, que teremos que responder, e de vencer os sérios desafios que se
nos deparam, seremos também nós que um dia seremos julgados pelos resultados.

Muito obrigado a todos pela vossa atenção.

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