estaria de acordo com o esforço tecido de granulação. O motivo ao movimento ortodôntico ex-
da natureza de manter a firmeza do insucesso, segundo o autor, trusivo. Com raciocínio lógico
do dente, que de outro modo talvez seja a contaminação bac- e conhecimento em periodontia,
tenderia a apresentar crescente teriana que geralmente ocorre Jeffrey Ingber5 enxergou na téc-
mobilidade à medida que um devido à proximidade da fratura nica a possibilidade de correção
menor diâmetro da raiz viria a com o sulco gengival, podendo de defeitos infra-ósseos isolados
ocupar um espaço mais largo no esta ser imediata ou posterior ao de uma ou duas paredes, onde
alvéolo. Desta forma o ligamen- período de imobilização da co- procedimentos de reinserção
to periodontal teria a tendência roa. Devido a essas dificuldades, conjuntiva eram imprevisíveis
de recuperar sua espessura nor- e limitação estética da técnica e também, dependendo de sua
mal, e às vezes até apresentar- tradicional, exposição cirúrgi- localização, estavam contra-
se mais delgado que antes do ca do remanescente radicular indicadas as cirurgias resectivas
movimento. A utilização deste com conseqüente restauração, devido à possibilidade de compro-
conhecimento no tocante à aparentando coroa clínica de metimento do periodonto saudá-
Odontologia restauradora, apa- comprimento excessivo incom- vel dos dentes vizinhos, podendo
receu pela primeira vez no tra- patível com os dentes homólo- ocasionar exposição de furca
balho de Heithersey e Moule4, gos (Fig.1), foi proposta nova nos casos que apresentassem
em 1973, onde o autor propõe terapêutica que consiste em tra- contigüidade com molares por
uma nova forma de tratamento tamento endodôntico seguido de exemplo. Com a extrusão dentá-
das fraturas radiculares de 1 a tracionamento do remanescente ria é possível eliminar o defeito,
4mm abaixo da crista óssea. radicular, com subseqüente ci- trazendo a inserção mais apical
Discorrendo sobre as possibi- rurgia periodontal para corrigir (base do defeito) ao nível corre-
lidades de reparo nas fraturas o desnível ósseo e gengival to, nivelando as cristas ósseas,
radiculares mais profundas, tais causado pela movimentação. sem comprometer os dentes
como: 1) cicatrização com teci- Desta forma lançou-se o proto- vizinhos. O efeito colateral da
do calcificado, 2) interposição colo de tratamento para esses técnica consiste na diminuição
com tecido conjuntivo fibroso casos, seguido posteriormente da proporção coroa-raiz, neces-
ou, 3) interposição de osso e por diversos autores3,4,5,6,7,8,9 sidade de cirurgia após período
tecido conjuntivo fibroso, é sendo assim incorporado na de contenção para regularizar a
relatada a resposta cicatricial rotina do consultório dentário. topografia óssea e gengival, e às
insatisfatória nas fraturas mais Em 1974 um novo trabalho vezes tratamento endodôntico
coronais, com interposição de veio acrescentar mais utilidade e confecção de coroa protética.
quando utilizado aparelho fixo, e preparo de locais para implantes cristas ósseas com intenção de
posteriormente o deslocamento é e de fraturas ou perfurações an- restabelecer a inserção conjunti-
mais rápido. Clinicamente, por- tigas onde já ocorreu contami- va, e conseqüente formação de
tanto, é interessante, após ativa- nação do periodonto e o mesmo bolsas periodontais.
ção inicial de 2 a 3mm, aguardar apresenta reabsorção. A quantidade de extrusão é
de 15 a 20 dias em média para ditada de acordo com a porção
ativar novamente. As ativações INDICAÇÕES radicular remanescente mais
subseqüentes podem seguir as Tracionamento radicular com apical em relação à crista óssea.
mesmas normas ou utilizar um finalidade protética Portanto mede-se esta distância
intervalo menor, dependendo da É o tratamento de eleição e acrescenta-se + 3mm, que é a
mobilidade que o dente apresen- quando se objetiva restaurar quantidade ideal para restaurar
ta. Estariam indicados nesta ca- proteticamente dentes com fra- o dente mantendo-se a distância
tegoria casos que não necessitam turas, cáries, perfurações e rea- biológica (Diagr. 2).
de ganho vertical de tecido gen- bsorções externas subgengivais. No caso 1 é possível obser-
gival ou ósseo, onde o objetivo De acordo com Maynard Jr. e var esta relação. O paciente, de
principal limita-se a expor tecido Wilson2, são necessários de 3 a 46 anos, apresentava fratura
dentário sadio coronal à crista ós- 4mm de estrutura dentária sadia da cúspide palatina do segundo
sea. Como exemplo pode-se citar coronal à crista óssea para que
a fratura coronária subgengival se obtenha estética e integridade
recente, que apresenta periodonto do periodonto no final da res-
íntegro ou mesmo perfuração ra- tauração. Deste montante, 2mm
dicular próxima à região cervical. estaria reservado para o restabe-
Tracionamento lento: no lecimento da distância biológica
tracionamento lento a variação (2,04mm em média) e o restante
decorre da quantidade e inter- (0,7 a 1,0mm) para o preparo do
valo entre as ativações, sendo remanescente radicular. Conclui-
recomendado extrusão de 1mm se, portanto, que se não forem
a cada 13-15 dias ou mais. O in- respeitados esses limites, as mar-
tervalo maior é favorável, porém, gens da coroa serão posicionadas
se for menor pode haver perda dentro dos limites fisiológicos do
de inserção e os objetivos não periodonto, situação que o orga-
DIAGRAMA 2 - O diagrama demonstra
serem alcançados. Estariam indi- nismo entenderá como agressão como deve ser calculada a quantidade
cados nesta modalidade todos os e responderá de maneira habi- de extrusão radicular nos casos de com-
prometimento da raiz com periodonto
casos onde se tem como objetivo tual, ativando mecanismos de saudável. Deve-se medir a distância da
promover aumento vertical de defesa, ou seja, inflamação (Fig. porção mais apical da fratura à crista
óssea e acrescentar 3 mm. No exemplo,
tecido ósseo e/ou gengival, ou 2, 3). Esta resposta de defesa se a fratura encontra-se 3mm apical em re-
seja, na redução ou eliminação caracteriza primeiramente com lação a crista óssea adjacente, portanto a
raiz deve ser tracionada 6 mm, para que
de defeitos ósseos verticais, mo- inflamação das margens gengi- possa ser realizada a restauração preser-
dificação de topografia gengival, vais, seguida de reabsorção das vando-se as distâncias biológicas.
FIGURAS 7 e 8 - Radiografias inicial e final. A quantidade de extrusão pode ser conferida observando-se a diferença entre os ápices
radiculares do segundo pré-molar e primeiro molar.
FIGURAS 9 e 10 - Fotografias demonstrando a situação do dente e gengiva 9) após período de contenção e 10) após cirurgia e preparo
do remanescente radicular.
pré-molar superior direito ao dos de aço inoxidável de cali- acompanhamento. Nas radio-
nível da crista óssea (Fig. 4). bres .014” e .016”. É possível grafias é possível, tomando-
Foi planejado, portanto extru- observar a perda de inserção se como referência o ápice
são de 3mm. Como não havia gengival que ocorreu durante radicular, observar a quanti-
comprometimento ósseo ou o movimento analisando-se a dade de extrusão que ocorreu
gengival, foi realizada tração quantidade de remanescente (Fig. 7, 8). Após finalizado o
rápida com aparelho fixo, uti- coronário vestibular antes e tracionamento, permaneceu
lizando-se como ancoragem após o movimento (Fig. 5, 6). em contenção por 90 dias e
o primeiro molar por distal e O aumento desta indica a per- posteriormente foi realizada
primeiro pré-molar e canino da de inserção, ou seja, o den- cirurgia para exposição do
por mesial. Iniciou-se o tra- te saiu do alvéolo e do perio- remanescente radicular sadio,
cionamento com fio twist flex donto de sustentação, apesar preparo do dente e restauração
.015” seguido de fios redon- de ter ocorrido um pequeno definitiva (Fig. 9, 10, 11, 12),
procedimentos estes realizados forma procedimentos cirúrgicos orientadas, que é benéfico para
num período de 3 meses aproxi- após o período de contenção, a cicatrização nas cirurgias
madamente. diminuindo tempo de tratamen- periodontais mas não para a
to e causando menos incômodo técnica em questão, onde a de-
Tracionamento radicular aos pacientes. A técnica de mora na reinserção das fibras é
com finalidade protética fibrotomia consiste em excisão fundamental.
utilizando-se a técnica de das fibras supra alveolares, sob No caso 2, um paciente de
fibrotomia anestesia local, com inserção de 75 anos apresentou-se com
Como mencionado acima, lâmina de bisturi, usualmente cárie subgengival no incisivo
quando se realiza o traciona- número 11, paralela ao lon- lateral superior esquerdo (Fig.
mento do dente no sentido go eixo da raiz até o nível da 13), sendo que este apresen-
oclusal, os tecidos periodontais, crista alveolar, rodeando toda a tava previamente coroa total
osso e gengiva inserida, tendem superfície radicular supra cres- metalo cerâmica. Como a porção
a acompanhar o movimen- tal26,27,28. De acordo com Ponto- mais coronal do remanescente
to, aumentando desta forma riero25, para se obter resultados radicular encontrava-se ao nível
a faixa de gengiva inserida e satisfatórios, os procedimentos da crista óssea, foi planejado
também o nível da crista óssea devem ser realizados a cada 7 tracionamento de 3mm. Com
do dente em questão. No de- dias em média, pois à medida o intuito de resolver a questão
correr do tratamento, portanto, que o dente vai sendo tracio- referente à distância biológica
é necessário após o período de nado, as fibras sub crestais se e limitar os procedimentos ci-
contenção, realizar cirurgia pe- posicionam ao nível da crista e rúrgicos, optou-se por se reali-
riodontal para expor o remanes- por isso devem ser seccionadas. zar a fibrotomia concomitante
cente radicular sadio e nivelar Kozlowsky, Tal e Liebermann26, ao movimento a cada 7 dias.
a topografia óssea e gengival. determinam prazos diferentes, Como ancoragem foram utili-
Mas será que este protocolo realizando fibrotomia a cada 2 zados somente os dois dentes
de tratamento nunca pode ser semanas junto com raspagem adjacentes (Fig. 14), pois estes
alterado? Sim, se o objetivo for e alisamento radicular, pois eram pônticos de próteses com
somente expor remanescente Levine e Stahl29 demonstraram mais de 2 elementos, situação
radicular sadio coronal à crista que as fibras gengivais que são esta bastante favorável para dar
óssea, de acordo com Pontorie- seccionadas, mas permanecem estabilidade à movimentação,
ro, Celenza, Ricci, Carnevalle25 e aderidas à superfície radicular e os fios empregados foram
Kozlowsky, Tal e Liebermann26, durante cirurgia periodontal, po- os Twist Flex .015” e .0185”.
a realização de fibrotomia (re- dem unir-se com as novas fibras Foram realizadas somente 2
secção das fibras supra alveo- formadas nas bordas do tecido ativações, com intervalo de 7
lares) durante tracionamento mole cicatricial dentro de três dias e 5 dias, concluindo o tra-
pode evitar acompanhamento semanas. Este fenômeno leva balho no período de 12 dias. As
dos tecidos de suporte durante o à formação de um complexo de fibrotomias foram realizadas no
movimento, excluindo-se desta fibras gengivais funcionalmente início (Fig. 15) e na segunda
FIGURA 15 - Primeira fibrotomia, imediatamente após instala- FIGURA 16 - Segunda fibrotomia, 7 dias após.
ção do aparelho.
FIGURAS 17 e 18 - Curvatura da ponta do bisturi para permitir penetração na superfície vestibular sem remoção do braquete.
FIGURAS 22 e 23 - Vista oclusal, com visualização da exposição radicular também por palatino.
FIGURA 34 - Período de contenção, com FIGURAS 35 - Detalhe da cirurgia de re- FIGURAS 36 - Vista vestibular.
os incisivos centrais imobilizados com os talho dividido com reposição apical,
incisivos laterais. Notar a modificação
significativa nos níveis das margens gen-
givais.
o problema em questão, pois seja, quanto mais profundo e se 2mm, pois este valor corres-
implica na redução gradual do estreito, maior a previsibilidade ponde ao sulco gengival normal
nível ósseo adjacente, nivelan- de se conseguir regeneração sa- (Diag. 4). Se a profundidade do
do o osso com base no ponto tisfatória ou completa31,32. Des- defeito é de 5mm, será necessá-
mais apical do defeito. Quando cartadas as possibilidades acima rio tracionar 3mm para que a
muitos dentes estão envolvidos citadas, se não for conveniente crista óssea neste determinado
esta pode representar excelente o seu uso, pode-se então lançar ponto se iguale às condições
escolha, porém quando se trata mão do tracionamento dentário normais adjacentes. Se a raiz
de defeitos isolados, deve-se no sentido oclusal visando a eli- for longa, pode-se acrescentar
levar em consideração que os minação do defeito. Como os te- mais 1mm de extrusão como
periodontos dos dentes vizinhos cidos de sustentação e proteção, margem de segurança, desde
encontram-se sadios e nivelando acompanham o dente durante o que o prognóstico final da pro-
o osso baseando-se no ponto do movimento, é cabível afirmar porção coroa-raiz seja favorável.
defeito mais apical implicaria na que se pode trazer o ponto mais No caso 4 pode-se notar exata-
redução do suporte periodontal apical do defeito ao nível da mente este procedimento. A pa-
de dentes sadios, piorando desta crista óssea dos dentes adjacen- ciente apresentava defeito ósseo
forma o quadro antes apresenta- tes, eliminando-o desta forma. vertical na mesial do incisivo
do. Esta consideração tem ainda Para que o tratamento seja pre- central superior esquerdo decor-
mais valor quando se considera, visível, alguns cuidados devem rente de perfuração, próximo ao
por exemplo, um segundo pré- ser tomados: a) sondagem clíni- terço cervical da raiz (Fig. 42).
molar inferior com defeito isolado ca deve ser realizada ao redor de Durante sondagem (Fig. 43)
na superfície distal. Tratando-o todo o dente para se constatar foi observada profundidade de
com a técnica de redução de bol- que em algum ponto antes do 7mm, portanto, de acordo com a
sa, invariavelmente haveria a ex- ápice dentário existe inserção regra estabelecida, foi planejado
posição da furca do primeiro mo- conjuntiva. A ausência desta tracionamento lento de 5mm
lar. Outro recurso que poderia ser implica o não acompanhamento para que a porção mais apical
usado seria a regeneração tecidu- do osso ou gengiva em determi- do defeito nivelasse com a crista
al guiada (RTG), que compreende nada fase, não propiciando, por- óssea dos dentes adjacentes,
procedimentos especialmente pla- tanto o resultado esperado; b) eliminando a bolsa periodontal.
nejados para restaurar partes dos vários estudos já demonstraram Outro fator levado em conside-
tecidos de sustentação do dente que na presença de placa e in- ração foi o posicionamento da
que tenham sido perdidas, desta flamação gengival crônica o pe- perfuração, que para permitir
forma, posicionando a inserção riodonto pode não acompanhar restauração adequada deveria
conjuntiva mais coronária do o movimento ou ainda ter suas estar 3mm acima da crista ós-
que antes do tratamento. Toda- condições pioradas em relação sea. O tratamento foi realizado
via, a RTG também apresenta ao quadro inicial18, 19. Portanto com aparelho tipo placa mio re-
limitações, pois resposta mais o controle periodontal prévio e laxante (Fig. 44), sendo ativado
satisfatória é conseguida de durante o movimento é essen- 1mm a cada 13 dias aproxima-
acordo com o número de pa- cial. Para cálculo da quantidade damente. Atingido o objetivo, o
redes ósseas do defeito, sendo de tracionamento necessária, dente foi mantido em contenção
3 paredes o ideal, e a profun- realiza-se sondagem no ponto por período de 4 meses (Fig.
didade e largura do defeito, ou mais apical do defeito e subtrai- 45) onde nota-se o acom-
DIAGRAMA 9 - Alternativa de tratamento 4: extração lenta do dente pelo método da tração radicular. Com este procedimento
aproveita-se a inserção conjuntiva remanescente para realizar crescimento ósseo vertical trazendo áreas de três e quatro paredes
mais para coronal e também haverá acompanhamento da gengiva inserida durante todo o movimento, facilitando desta forma
os procedimentos cirúrgicos posteriores. Devido às características do tratamento e por ser altamente previsível, desde que haja
alguma inserção conjuntiva e ausência de inflamação, poder-se-ia chamá-lo de Regeneração Óssea e Gengival Induzida Orto-
donticamente (ROGIO).
100 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 4, p. 85-105, jul./ago. 2002
FIGURA 57 - Visualização do remanes- FIGURAS 58 e 59 - Região alveolar após extração onde nota-se por vestibular a altura
cente radicular imediatamente antes de das cristas ósseas (setas) em posição mais coronal em relação ao nível dos dentes ad-
sua extração. A seta indica a margem do jacentes, resultado do acompanhamento de todo periodonto durante o movimento e por
osso na vestibular, compatível com a deis- palatino pode-se observar o formato do alvéolo preservado nas áreas onde ainda havia
cência que o paciente apresentava naquela inserção conjuntiva, preservando também a largura do rebordo.
região.
cente para realizar crescimento (Fig. 51). O dente apresentava- lizado por período de 4 meses
ósseo vertical trazendo áreas de se com mobilidade grau 2 e foi (Fig. 55, 56). Na seqüência,
três e quatro paredes mais para planejado sua substituição por foi extraído o remanescente
coronal e também haverá acom- implante ósseo-integrado. De radicular (Fig. 57, 58, 59) e o
panhamento da gengiva inseri- acordo com o protocolo sugerido implante foi fixado (Fig. 60).
da durante todo o movimento, acima, optou-se pela realização Para que ficasse a 3mm da jun-
facilitando desta forma os pro- da extração lenta do dente como ção cemento-esmalte dos dentes
cedimentos cirúrgicos posterio- meio de se conquistar altura ós- vizinhos, algumas roscas do
res. Devido às características do sea e gengival mais adequada implante ficaram expostas na
tratamento e por ser altamente que possibilitasse a colocação vestibular, porém numa super-
previsível, desde que haja algu- do implante na altura ideal de fície muito pequena, que pôde
ma inserção conjuntiva e ausên- 1 a 3mm da junção cemento facilmente ser recoberta com
cia de inflamação, poder-se-ia esmalte dos dentes vizinhos, osso autógeno da área da crista
chamá-lo de Regeneração Óssea possibilitando função e estéti- óssea mesial, que apresentava
e Gengival Induzida Ortodonti- ca satisfatórias. O aparelho foi altura em excesso. (Fig. 61,
camente (ROGIO). No caso 5 a ativado 1mm a cada 12 dias ou 62) A segunda fase cirúrgica
paciente, de 50 anos, apresen- mais, sendo que algumas vezes ocorreu 8 meses após, com ex-
tava canino superior esquerdo o intervalo foi superior a 30 dias posição do implante e instalação
com grande recessão gengival (Fig. 52, 53, 54). Depois de do cicatrizador (Fig. 63, 64). O
na vestibular (Fig. 50), e no atingido o objetivo almejado, ní- provisório foi realizado 3 meses
exame radiográfico observa-se vel ósseo e gengival ao mesmo após (Fig. 65) e posteriormen-
a reabsorção óssea mesial e nível ou maior que nos dentes te foi confeccionada a próte-
mais acentuada na face distal adjacentes, o dente foi estabi- se definitiva. Na radiografia
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 4, p. 85-105, jul./ago. 2002 101
FIGURA 63 - Oito meses após fixação do FIGURA 64 - Cicatrizador posicionado. FIGURA 65 - Confecção do provisório so-
implante. Observar a característica da gen- bre implante no canino superior esquerdo.
giva, com nível adequado, coloração rosada
e grande faixa de gengiva inserida, o que fa-
cilita os procedimentos cirúrgicos vindouros.
FIGURAS 69, 70 e 71 - Instalação do aparelho e ativações 70) após 16 dias, e 71) 23 dias. Observar o acompanhamento das margens
gengivais, referência para o tratamento que está sendo realizado.
102 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 4, p. 85-105, jul./ago. 2002
Tracionamento lento com plinar entende-se o trabalho to do osso e gengiva durante o
finalidade de nivelar a topo- de diversas especialidades na tracionamento e foi concluído
grafia gengival resolução de casos clínicos, que quanto mais rápido o movi-
Devido às características pe- embora estas especialidades mento e maior a força utilizada,
culiares do movimento de tração possam não estar coordenadas menor é o acompanhamento do
vertical, com acompanhamento entre si, não havendo comuni- periodonto. Com base nestas
do periodonto de proteção, algu- cação efetiva entre os profis- referências pode-se, portanto
mas vezes pode-se lançar mão sionais de cada área. Já o tra- estabelecer protocolo de trata-
deste recurso para correção dos tamento interdisciplinar sugere mento de acordo com a neces-
desníveis das margens gengi- a inter-relação das especiali- sidade de cada caso. Quando o
vais. No caso 6, a paciente pro- dades, há comunicação entre dente envolvido no tratamento
curou tratamento para refazer as os profissionais e o plano de apresentar periodonto íntegro,
próteses dos segmentos anterior tratamento é traçado de acordo ou seja, níveis gengivais e da
e posterior esquerdo. A queixa com uma seqüência de eventos crista óssea adequados em
principal referia-se à aparência que seja benéfico para cada es- relação aos dentes adjacentes
maior que o incisivo central e la- pecialidade, uma melhorando (casos 1, 3) e há necessidade de
teral esquerdo apresentavam em o prognóstico da outra e con- se expor remanescente radicular
relação aos homólogos (Fig. 68), seqüentemente propiciando ao sadio acima da crista óssea para
defeito este que se agravou com paciente o tratamento mais sa- realizar restauração com preser-
o tempo devido à recessão gen- tisfatório sob todos os pontos vação das distâncias biológicas,
gival. Como os dentes vizinhos de vista, sempre objetivando a procede-se com o tracionamen-
apresentavam as distâncias bio- excelência em todas áreas. to rápido, pois quanto menos
lógicas inalteradas, 1 a 2mm na Na busca do sorriso perfeito, acompanhamento do periodonto
sondagem, optou-se por tracio- inúmeras vezes tem-se que re- houver, melhor. Se o dente apre-
nar os incisivos do lado esquerdo correr ao tratamento interdisci- sentar níveis gengivais e ósseos
lentamente para trazer a mar- plinar, obtendo de cada especiali- inadequados, abaixo do normal,
gem gengival mais para coronal. dade os melhores recursos técni- o objetivo do tratamento está
O tratamento prolongou-se por cos para resolver determinados no nivelamento do periodonto,
2 meses e foi tracionado 3mm problemas. A ortodontia, devido podendo citar como exemplos
no incisivo central e 2mm no à dinâmica do movimento den- a redução de defeitos verticais,
incisivo lateral com intervalos tário e suas conseqüências, preparo do local do implante e
de 20 dias em média, sendo acompanhamento do tecido nivelamento da topografia gen-
que o tratamento foi guiado pela ósseo e gengival em situações gival (casos 4, 5, 6 respectiva-
posição da margem gengival, ou de saúde periodontal, oferece mente). Assim sendo o mais in-
seja, quando foi estabelecida to- inúmeras possibilidades de tra- dicado é o tracionamento lento,
pografia semelhante ao lado ho- tamento10,32 que contribuem so- 1mm a cada 13 dias em média,
mólogo, o movimento foi inter- bremaneira para o planejamento pois se intenciona ganhar tecido
rompido e os dentes ficaram em desses casos. Oppenheim13 em ósseo e gengival proporcional a
contenção por 4 meses (Fig. 69, 1940 foi o primeiro a reportar cada milímetro tracionado.
70, 71). Ao final pode-se cons- as conseqüências histológicas Ainda em relação ao acom-
tatar o tamanho adequado dos da extrusão dentária no perio- panhamento do periodonto,
dentes na fase de provisórios e a donto. Foi observado que todo pode-se, nos casos onde se ob-
margem gengival nivelada (Fig. alvéolo acompanhava o dente jetiva somente expor remanes-
72), sendo que a prótese final no sentido oclusal quando força cente radicular de 3mm acima
está em andamento. Para esté- leve e contínua era aplicada. No da crista óssea, utilizar proce-
tica adequada, o incisivo central entanto, quando aplicada força dimentos de fibrotomia25,26 ao
superior direito foi reconstruído demasiada, algumas fibras se redor do dente, a cada 7 dias,
com resina composta. rompiam e nestes locais não ha- concomitante ao movimento de
via formação de tecido osteóide. tracionamento. Nesta técnica,
DISCUSSÃO Vários autores7,8,12,18,22 relataram as fibras supra crestais são ex-
O tratamento interdiscipli- a correlação que existe entre ra- cisionadas, e por ser realizada
nar, em sua essência, difere pidez, quantidade do movimento em intervalos curtos de tempo
do tratamento multidisciplinar. e intensidade de força utilizada, não permite que as fibras se
Como tratamento multidisci- com o grau de acompanhamen- reinsiram no periodonto e,
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 4, p. 85-105, jul./ago. 2002 103
portanto este não acompanha ra, após a fase ativa é recomen- contenção em todos os casos,
o dente. Vale acrescentar que dado um período de contenção após o qual os procedimentos
Koslowsky, Tal e Liebermann26 do dente durante o qual este cirúrgicos e restauradores,
recomenda, além da excisão, a deve permanecer imóvel na po- necessários para a finalização
raspagem radicular para evitar sição alcançada no final da ex- do caso, poderão ser iniciados.
reinserções indesejadas. Como trusão, para que haja reorgani- Nos casos apresentados neste
frisado no artigo, falhas podem zação das fibras do ligamento e artigo utilizou-se períodos de
acontecer se os procedimentos também neoformação óssea na contenção de 3 meses para
periodontais não forem precisos região apical. Em relação a este os casos de tração rápida e
e freqüentes. Apesar do incômo- fator, muitos autores já se pro- 4 meses para os de tração
do do paciente de se submeter à nunciaram a respeito: Lemon34 lenta, tempo este suficiente
fibrotomia, 3 vezes em média, recomenda 1 mês de contenção para acomodação dos tecidos
com anestesias locais e ligeiro para cada mm de extrusão; periodontais, formação óssea
desconforto pós-operatório, o Simon, Lythgoe e Torabinejad8 apical e aproveitamento de
procedimento permite vantagens afirmam que, independente- todo potencial de neoforma-
tais como: visualização clínica da mente da quantidade de extru- ção óssea e gengival que se
quantidade de extrusão, movi- são, 7 semanas são suficientes objetiva quando realizado tra-
mento mais rápido e não é neces- para a remodelação completa cionamento lento.
sária a etapa cirúrgica no final do do ligamento periodontal; Hei-
tratamento. thersay3 e Salama H., Salama, Agradecimentos
Um fator que deve ser pon- M., Kelly J.33 recomendam um Dr. Vinícius Janson (Digital
derado é a recidiva da extrusão período de 6 semanas e Ne- Workout) pelo trabalho com os
obtida. Para que isto não ocor- der24 recomenda 4 meses de recursos gráficos.
Abstract
Periodontal modifications by forced eruption is used to produce val topography. The purpose of this
means of teeth movement is a different modalities of treatment, article is to revise the literature, es-
predictable procedure, considering such as: to reestablish the biologic tablish treatment protocols, suggest
the unity character of tooth-peri- width in fractured, perforated, a new term to determined procedure
odontal membrane-alveolar bone, with extensive caries lesions and and to discuss this subject based on
i.e., as the tooth is moved, the root resorption teeth, to reduce the literature and clinical cases.
periodontium follows the move- infrabony vertical defects, to
ment, since there is periodontal develop the implant site in cases Key words: Forced eruption. Minor
health conditions, with no inflam- where a compromised tooth will tooth movement. Interdisciplinary
mation. Based on these evidences, be extracted and to level the gingi- treatment.
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