Idade dentária
Idade esquelética
micas, circunstâncias nutricionais, condições climá- maturação óssea das vértebras e correlacionaram
ticas e diferenças entre os gêneros contribuem para as mudanças dessa região com o crescimento das
que haja uma variação entre a idade cronológica e diferentes partes da mandíbula. Encontraram
a idade biológica1,3. Devemos, então, lançar mão de uma correlação entre os picos de crescimento das
métodos biologicamente confiáveis para estabelecer estruturas mandibulares e os estágios de maturação
uma previsão do crescimento remanescente12. óssea vertebral, de tal modo que estes poderiam ser
Para a determinação da idade esquelética são utilizados com confiança para a avaliação do período
utilizadas as radiografias de mão e punho e a análise das mudanças mandibulares na adolescência.
dos indicadores de maturação das vértebras cervicais Hassel e Farman10 usaram radiografias cefalo-
realizada na própria telerradiografia. Atualmente métricas em norma lateral de 220 indivíduos, com
existe uma tendência de eliminar a necessidade de idade entre 8 e 18 anos, para avaliar a maturação
uma radiografia adicional, minimizando a exposição da segunda, terceira e quarta vértebras cervicais,
dos pacientes à radiação ionizante. Este fato incen- e compararam com o desenvolvimento esqueletal
tivou diversos autores a pesquisarem a validade e avaliado nas radiografias de mão e punho, através do
eficácia da observação das vértebras cervicais para se método desenvolvido por Fishman. Para determinar
determinar a maturidade óssea do paciente. a maturação das vértebras cervicais durante o surto
Greulich e Pyle 9 no Atlas Radiográfico do de crescimento puberal definiram seis estágios na
Desenvolvimento Esquelético mostraram o desen- formação dessas vértebras:
volvimento geral e de mão e punho de meninos e
meninas, desde o nascimento até o final do cresci- Estágio de Maturação das Vértebras
mento. O grau de maturação esquelética do paciente Cervicais 1(EMVC 1) - Iniciação:
é definido pelo aparecimento de ossos específicos - Bordas inferiores da C2, C3 e C4 planas ou
no carpo e metacarpo e pela união epifisária das achatadas;
falanges. - Bordas superiores de C3 e C4, afuniladas de
Um Sistema para Avaliação do Desenvolvimento posterior para anterior;
Esquelético foi desenvolvido por Fishman4, onde - Expectativa de grande crescimento puberal, em
seis locais anatômicos são observados em radiogra- torno de 80% a 100%.
fias de mão e punho, proporcionando informações
do estágio de maturação esquelética. Para o estudo Estágio de Maturação das Vértebras
foram analisadas telerradiografias cranianas laterais Cervicais 2 (EMVC 2) - Aceleração:
e ântero-posteriores, radiografia de mão e punho e - Início do desenvolvimento da concavidade nas
medidas estaturais de 206 meninas e 196 meninos. bordas inferiores da C2 e da C3;
Lamparski11 observou as mudanças no tamanho - Borda inferior da C4, plana ou achatada;
e forma das vértebras cervicais e as comparou com as - C3 e C4 com formatos tendendo a retangu-
modificações ósseas das estruturas da mão e punho lares;
avaliadas pelo método de Greulich e Pyle. O autor - Expectativa de crescimento puberal significante
descreveu seis estágios de maturação, baseados nas (65% a 85%).
alterações morfológicas das vértebras cervicais, mais
precisamente da segunda à sexta vértebra. Con- Estágio de Maturação das Vértebras Cervi-
cluiu com sua pesquisa que as mudanças relativas à cais 3 (EMVC 3) - Transição
maturação, que ocorrem entre a segunda e a sexta Presença de concavidades distintas nas bordas
vértebra cervical, poderiam ser utilizadas para a inferiores da C2 e C3;
avaliação da idade esquelética de um indivíduo e - Início do desenvolvimento de uma concavidade
que a avaliação da idade esquelética por este método na borda inferior da C4;
é estatisticamente válida e confiável, apresentando - C3 e C4 apresentam-se retangulares em seu
o mesmo valor clínico que a avaliação da região de formato;
mão e punho. - Expectativa moderada de crescimento puberal
O’Reilly e Yanniello13 avaliaram os estágios de (25% a 65%).
c3 c3
c3
c3
c3 c3
c2
c3
c4
Figura 9 - EMVC I.
Figura 13 - EMVC V.
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development of the hand and wrist. 2nd ed. Stanford: Stan- nesta coluna? Envie para: Dental Press International
ford University Press,1959. Av. Euclides da Cunha, 1718, Zona 05 - Maringá - PR
10. HASSEL, B.; FARMAN, A. G. Skeletal maturation evaluation CEP 87015-180 - Fone: (44) 262-2425
using cervical vertebrae. Am J Orthod Dentofacial Orthop,
e-mail: revclinica@dentalpress.com.br
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