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Higiene Industrial
2
Higiene Industrial
HIGIENE INDUSTRIAL
ANDRÉ LUIS DA SILVA KAZMIERSKI
ANTONIO GRAVENA
Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
3
CURITIBA
2002
Higiene Industrial
Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP.
Apresentação
Nome:
Cidade:
Estado:
Unidade:
5
Higiene Industrial
Sumário
1 DIRETRIZES DE HIGIENE INDUSTRIAL ........................................................................ 7
1.1 Histórico ........................................................................................................................ 7
1.1.1 Introdução ........................................................................................................... 7
1.1.2 Conceituação ...................................................................................................... 8
1.1.3 Objetivo .............................................................................................................. 8
1.2 Diretrizes ....................................................................................................................... 8
1.2.1 Da Justificação .................................................................................................... 8
1.2.2 Da Funcionalidade .............................................................................................. 8
1.2.3 Da Informação .................................................................................................... 8
1.2.4 Da Participação ................................................................................................... 8
1.2.5 Da Interação ........................................................................................................ 8
1.3 Conceitos ....................................................................................................................... 8
1.4 Preserve sua Audição .................................................................................................. 17
1.4.1 Uma Excursão no Aparelho Auditivo .............................................................. 18
1.4.2 Ouvido – O Palco da Audição .......................................................................... 18
1.4.3 Uma Atuação Inesquecível ............................................................................... 19
1.4.4 Audiometria – Avaliando a Atuação das Células Ciliadas ............................... 19
1.5 Ruído – A Ameaça Silenciosa... .................................................................................. 19
1.5.1 Ruído – Ameaça antes mesmo do Nascimento ................................................ 20
1.5.2 Protegendo-se do Ruído ................................................................................... 21
1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira e o Ruído ............................................................ 22
1.7 Tipos de Radiação ....................................................................................................... 22
1.7.1 Infravermelho ................................................................................................... 23
1.7.2 Ultravioleta ....................................................................................................... 23
1.7.3 Radiação de fundo ............................................................................................ 23
1.7.4 Raios catódicos ................................................................................................. 24
1.7.5 Raio X ............................................................................................................... 24
1.7.6 Radiação de nêutrons ........................................................................................ 24
1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno ................. 28
1.8.1 Objetivos........................................................................................................... 28
1.8.2 Propriedades toxicológicas ............................................................................... 28
6
1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica ...................................................................... 29
1.9 NR 17 – Ergonomia ..................................................................................................... 33
Higiene Industrial
Diretrizes de Higiene
Industrial 1
doenças profissionais, fez surgir as primeiras
1.1 Histórico
A relação entre o ambiente de trabalho e leis trabalhistas, que tratavam, inicialmente, da
seu efeito sobre a saúde do trabalhador é co- limitação das jomadas de trabalho e indeniza-
nhecida há muito tempo. Entretanto, na anti- ções a serem pagas em caso de acidente.
guidade, pouco foi feito para proteger os tra- As leis indenizatórias aplicavam-se ape-
balhadores, pois, normalmente, eram utiliza- nas a acidentes de trabalho, porém podiam in-
dos escravos nos trabalhos mais perigosos. A cluir doenças profissionais no caso destas se-
primeira doença profissional registrada foi a rem classificadas como acidentes.
intoxicação por chumbo, no século IV a.C, ob- No começo do século XX, foi realizada
servada por Hipócrates em mineiros e meta- pela Dra. Alice Hamilton, a primeira pesquisa
lúrgicos. que estudou, inicialmente, o ambiente de tra-
No século I, d.C., Pliny, um romano de balho, com posterior exames médicos nos tra-
renome, registrou em uma enciclopédia de ciên- balhadores, concluindo evidente correlação
cia natural, os riscos existentes na manipula- entre as doenças observadas e a exposição a
ção de enxofre e zinco. Também descreveu produtos tóxicos. Em seu trabalho, sugeriu
uma máscara de proteção, feita de bexiga, usa- medidas eficazes de controle a fim de elimi-
da pelos trabalhadores nos serviços de maior nar as condições insalubres.
exposição à poeira. Com a realização de estudos como o men-
Em 1473, Ellonberg publicou seu primei- cionado anteriormente, as doenças profissio-
ro livro que tratava das doenças ocupacionais nais começaram a ser reconhecidas como tais
e lesões dos trabalhadores nas minas de ouro. e passaram a ser cobertas pelo seguro de aci-
Abordou os sintomas da intoxicação pelo dente de trabalho. Nos Estados Unidos foram
chumbo e mercúrio e sugeriu medidas de con- criados departamentos estaduais e federais res-
trole. ponsáveis por inspecionar as condições dos
O primeiro livro considerado como um tra- ambientes de trabalho. Na primeira metade
tado sobre doenças ocupacionais, "De morbis desse século, a importância da manutenção da
artificum diatriba" (As doenças dos trabalha- saúde dos trabalhadores industriais foi sendo
dores), foi escrito por RAMAZZINI e publi- cada vez mais reconhecida, o que impulsio-
cado em 1700. Neste livro, o autor descreve nou o desenvolvimento de uma ciência desig-
os riscos associados à maioria das profissões nada Higiene Industrial.
de sua época e enfatiza a necessidade do mé-
dico conhecer a profissão de seu paciente para 1.1.1 Introdução
melhor poder diagnosticar sua doença. Ape-
A Higiene Industrial será exercida nas
sar da descrição das doenças profissionais tí-
companhias, em consonância com a política
picas de seu tempo, as medidas de controle
de Segurança Industrial e com as diretrizes da
sugeridas por Ramazzini eram terapêuticas e
curativas, em detrimento das medidas preven- Diretoria Executiva para as atividades de Se-
tivas, ou seja, de controle no ambiente de tra- gurança Industrial, Proteção Ambiental e Saú-
balho ou de redução da exposição. de Ocupacional, sob a coordenação da Supe-
A Revolução Industrial trouxe novos ris- rintendência de Engenharia de Segurança e do 7
cos aos trabalhadores, intensificou aqueles já Meio Ambiente (Susema).
existentes e aumentou significativamente o Em nível departamental, esta coordenação
número de trabalhadores na indústria. O con- compete ao Asema (Assistente de Engenharia
seqüente aumento no número de acidentes e de Segurança e do Meio Ambiente).
Higiene Industrial
A cada órgão da companhia cabe assumir para a participação e desenvolvimento dos tra-
a responsabilidade de executar programas es- balhadores, na aplicação e aprimoramento dos
pecíficos que atendam às suas características princípios e ações da atividade.
e necessidades particulares, sob a liderança
ativa e continuada do seu gerente de maior ní- 1.2.5 Da Interação
vel hierárquico. A Higiene Industrial exige ação multidis-
ciplinar, complementa-se e interage com as de
1.1.2 Conceituação Segurança Industrial, Saúde Ocupacional e
A Higiene Industrial é o conjunto de ações Meio Ambiente, e, para tanto, é necessária a
voltadas para o reconhecimento, a avaliação e cooperação e o envolvimento dos responsá-
o controle dos fatores ambientais e tensões veis por estas atividades, para que seus objeti-
originados do, ou, no local de trabalho que vos sejam alcançados.
possam causar doença, comprometimento da SUSEMA – Dez/90
saúde e do bem-estar ou significativo descon-
forto e ineficiência entre os trabalhadores ou 1.3 Conceitos
membros de uma comunidade de trabalhado- Ácido: são substâncias, constituídas de
res. Entende-se por trabalhadores os empre- hidrogênio e um ou mais elementos, que, em
gados, contratados, bolsistas e estagiários. presença de alguns solventes como a água, rea-
ge, com a produção de íons hidrogênio (H+).
1.1.3 Objetivo Agentes Oxidantes: são agentes quími-
Assegurar aos trabalhadores padrões ade- cos que desprendem oxigênio e favorecem a
quados de saúde e bem-estar no ambiente de combustão em refinarias.
trabalho. Barreiras Químicas: são dispositivos ou
sistemas que protegem o trabalhador do con-
1.2 Diretrizes tato com substâncias químicas irritantes, no-
1.2.1 Da Justificação civas, tóxicas, corrosivas, líquidos inflamáveis,
Na seleção de projetos de instalações, de substâncias produtoras de fogo, agentes oxi-
processos ou equipamentos que utilizem ou dantes e substâncias explosivas.
produzam agentes agressivos, atendidos os Bases: são substâncias capazes de liberar
parâmetros de economicidade, deve-se optar íons hidroxila (OH–), quando em reação com
por aquele que gere o menor nível de exposi- meios aquosos.
ção dos trabalhadores, obedecendo, no míni- Equipamentos de Proteção Individual –
mo, às condições e aos limites estabelecidos EPI: são equipamentos, de uso estritamente
na Legislação Brasileira. pessoal, tais como, botas, luvas, protetores
faciais, etc., utilizados para prevenir e/ou mi-
nimizar acidentes. Seu uso é regulamentado
1.2.2 Da Funcionalidade pela Portaria 3214-NR-6 do Ministério do Tra-
As instalações, processos e procedimen- balho de 08/06/78, que prevê a distribuição
tos existentes devem ser objeto de ações espe- gratuita desses equipamentos, competindo ao
cíficas com o objetivo de reconhecimento e trabalhador usá-los e conservá-los.
avaliação de agentes agressivos existentes e Equipamentos de Proteção Coletiva –
estabelecimento de medidas de controle. EPC: são equipamentos de uso coletivo, ex-
tintores de incêndio, lava-olhos, etc., utiliza-
1.2.3 Da Informação dos para prevenir e/ou minimizar acidentes.
Todo trabalhador deve ser informado quan- Líquidos Inflamáveis: são agentes quí-
to aos riscos aos quais está exposto no desem- micos que, em temperatura igual ou inferior a
penho de suas atribuições, receber instruções 93oC, desprendem vapores inflamáveis.
quanto aos meios de prevenção e controle, e Ponto de Auto-Ignição: é a temperatura
em relação aos danos que podem ser produzi- mínima em que ocorre uma combustão, inde-
dos à sua saúde. pendente de uma fonte de calor.
8 Ponto de Combustão: é a menor tempe-
1.2.4 Da Participação ratura em que vapores de um líquido, após in-
Os programas de Higiene Industrial devem flamarem-se pela passagem de uma chama pi-
ser transparentes quanto aos métodos, resulta- loto, continuam a arder por 5 segundos, no
dos e medidas corretivas. Devem criar condições mínimo.
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Ponto de Fulgor: é a menor temperatura maior extensão que os fumos. As partículas
em que um líquido libera suficiente quantida- que constituem uma neblina apresentam diâ-
de de vapor para formar uma mistura com o ar metro inferior a 0,5 micras.
passível de inflamação, pela passagem de uma Vapores: são formas gasosas das substân-
chama piloto. A chama dura no máximo 1 se- cias que estão normalmente no estado sólido ou
gundo. líquido, em possível equilíbrio com sua fase lí-
Substâncias Corrosivas: são agentes quí- quida, e que podem voltar para seu estado natu-
micos que causam destruição de tecidos vivos ral por aumento ou diminuição da temperatura.
e/ou materiais inertes. Aerossol: partícula sólida ou líquida dis-
Substâncias Explosivas: são agentes quí- persa por um longo período de tempo no ar.
micos que pela ação de choque, percussão, fric- Toxicidade: é a capacidade latente, ine-
ção, produzem centelhas ou calor suficiente rente, que uma substância química possui. É a
para iniciar um processo destrutivo através de medida do potencial tóxico de uma substân-
violenta liberação de energia. cia. Não existem substâncias químicas atóxicas
Substâncias Irritantes: são agentes quí- (sem toxicidade). Não existem substâncias
micos que podem produzir ação irritante so- químicas seguras, que não tenham efeitos le-
bre a pele, olhos e trato respiratório. sivos ao organismo. Por outro lado, também é
Substâncias Nocivas: são agentes quími- verdade que não existe substância química que
cos que, por inalação, absorção ou ingestão, não possa ser utilizada com segurança, pela
produzem efeitos de menor gravidade. limitação da dose e da exposição ao organis-
Substâncias Tóxicas: são agentes quími- mo humano.
cos que, ao serem introduzidos no organismo Os maiores fatores que influenciam na
por inalação, absorção ou ingestão, podem toxicidade de uma substância são: freqüência
causar efeitos graves e/ou mortais. da exposição, duração da exposição e via de
Substâncias Produtoras de Fogo: são administração. Existe uma relação direta en-
agentes químicos sólidos, não explosivos, fa- tre a freqüência e a duração da exposição na
cilmente combustíveis, que causam ou contri- toxicidade dos agentes tóxicos. Uma substân-
buem para a produção de incêndios. cia administrada por via oral, numa dosagem
Substância Química: é todo o agente que de 100 mg, pode resultar em sintomas leves,
contém uma atividade potencial intrínseca, ao passo que 10 mg da mesma substância por
capaz de interferir em um sistema biológico via intravenosa podem levar a sintomas graves.
levando a um dano, lesão ou injúria, quando Para se avaliar a toxicidade de uma subs-
absorvido pelas diversas vias de penetração. tância química, é necessário conhecer: que tipo
Poeiras: são partículas sólidas, com diâ- de efeito ela produz, a dose para produzir o
metro maior que 0,5 micras, que podem apre- efeito, informações sobre as características ou
sentar-se em suspensão no ar, geradas de ma- propriedades da substância, informações so-
teriais orgânicos ou inorgânicos, como rochas, bre a exposição e o indivíduo.
minérios, metais, carvão, madeira, produzidos
por desintegração, trituração, pulverização e A toxicidade de uma substância pode ser
impacto. Não se difundem no ar, sedimentam- classificada de acordo com os seguintes critérios:
se sob a influência da gravidade. 1. Segundo o tempo de resposta
Fumos: são partículas sólidas (de diâme- a) aguda: é aquela em que os efeitos tó-
tro menor que 0,5 micras) geradas pela con- xicos em animais são produzidos por
densação de compostos metálicos, geralmen- uma única ou por múltiplas exposições
te após volatilização de metais fundidos. a uma substância, por qualquer via, por
Exemplo: óxidos metálicos (ZnO, CuO, FeO). um curto período, inferior a um dia.
Fumaças: partículas de carvão e fuligem. Geralmente, as manifestações ocorrem
Névoa: gotículas (de diâmetro maior que rapidamente.
0,5 micras) resultantes da dispersão de líqui- b) subcrônica: é aquela em que os efei-
dos, por ação mecânica. tos tóxicos em animais, produzidos por
Neblina: são partículas líquidas em sus- 9
exposições diárias repetidas a uma
pensão no ar, formadas pela passagem rápida substância, por qualquer via, aparecem
do ar nos líquidos ou pela condensação de em um período de aproximadamente
umidade atmosférica formando moléculas de 10% do tempo de vida de exposição do
gases ou vapores. As neblinas difundem-se em animal ou em alguns meses.
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c) crônica: é aquela em que os efeitos Dose letal (Dl 50) e concentração letal (CL 50)
tóxicos ocorrem depois de repetidas ex- A informação da toxicidade de uma subs-
posições, por um período longo de tem- tância é obtida pelos dados de letalidade.
po, geralmente durante toda a vida do A Dose Letal (DL 50) é a dose de uma
animal ou aproximadamente 80% do substância química que provoca a morte de
tempo de vida. 50% de um grupo de animais da mesma espé-
cie, quando administrada pela mesma via.
2. Segundo a severidade A Concentração Letal (CL 50) é a con-
a) leve: é aquela em que os distúrbios pro- centração atmosférica de uma substância quí-
duzidos no corpo humano são rapida- mica que provoca a morte de 50% de um gru-
mente reversíveis e desaparecem com po de animais expostos, em um tempo definido.
o término da exposição ou sem inter- Dose-resposta: relação entre o grau de res-
venção médica. posta do sistema biológico e a quantidade de
b) moderada: é aquela em que os distúr- tóxico administrada; muito usada em
bios produzidos no organismo são re- toxicologia experimental.
versíveis e não são suficientes para pro- Reação alérgica: é uma reação adversa a
vocar danos físicos sérios ou prejuízos uma substância química resultante de uma sen-
à saúde. sibilização prévia do organismo a esta estru-
tura ou a uma outra similar. Para provocar uma
c) severa: é aquela em que ocorrem mu-
reação alérgica, uma substância química ou um
danças irreversíveis no organismo hu-
produto de seu metabolismo combina-se com
mano, suficientemente severas para uma proteína endógena (do próprio organis-
produzirem lesões graves ou a morte. mo) e forma um antígeno (alérgeno). Este
antígeno induz a formação de anticorpos
Segundo a graduação de toxicidade pro- (imunoglobulinas), num período de uma a duas
posta por Irving Sax e adotada pela Agência semanas. Uma exposição subseqüente à subs-
Americana de Proteção Ambiental (EPA), os tância resulta em interação antígeno-anticorpo
níveis de toxicidade leve, moderada e severa que provoca a reação alérgica, com liberação
são subdividos ainda em toxicidade: de histamina. A reação alérgica pode ser ime-
d) local aguda: efeitos sobre a pele, as diata ou retardada. Exemplos: rinite, asma,
membranas mucosas e os olhos após ex- dermatite.
posição que varia de segundos a horas. Suscetibilidade ou sensibilidade: carac-
e) sistêmica aguda: efeitos nos diversos terística específica e inerente de um indivíduo
sistemas orgânicos após absorção da em apresentar uma reatividade ou resposta na
substância pelas diversas vias. A expo- presença de um determinado agente ou
sição varia de segundos a horas. antígeno.
f) local crônica: efeitos sobre a pele e os Hipersensiblidade ou hipersuscetibili-
olhos após repetidas exposições duran- dade: aumento da reatividade individual a
te meses e anos. agentes exógenos. Alguns organismos desen-
volvem reações alérgicas e lesões ao contato
g) sistêmica crônica: efeitos nos sistemas com uma substância química, mesmo na pre-
orgânicos após repetidas exposições sença de baixas doses.
pelas diversas vias de penetração du- Idiossincrasia: é uma reação anormal a
rante um longo período de tempo. uma substância química, determinada geneti-
camente, em forma de uma extrema sensibili-
Outras classificações de toxicidade: dade a baixas doses ou uma extrema insensi-
– desconhecida: é aquela em que os da- bilidade a altas doses do agente químico.
dos toxicológicos disponíveis sobre a Efeito reversível e irreversível: a rever-
substância são insuficientes. sibilidade ou irreversibilidade de um efeito tó-
– imediata: é aquela que ocorre rapida- xico é determinada pela capacidade que um
10 mente após uma única exposição. tecido ou um órgão tem de se regenerar. Por
– retardada: é aquela que ocorre rapida- exemplo: o fígado tem uma grande capacida-
mente após um longo período de de de regeneração e muitas lesões são reversí-
latência. Por exemplo, as substâncias veis. O sistema nervoso central é constituído
cancerígenas. de células diferenciadas que não se dividem e
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não se regeneram; assim, lesões a este sistema O feto é suscetível entre o 20o e o 40o dia de
são, geralmente, irreversíveis. Efeitos cance- gestação. No quadro abaixo estão apresenta-
rígenos de substâncias químicas são também dos órgãos e a fase da gestação onde podem
exemplos de efeitos tóxicos irreversíveis. ocorrer as anomalias.
Mutagenicidade: capacidade de uma Exemplos de substâncias com potencial
substância química em induzir mudanças ou teratogênico:
mutações no material genético das células
(cromossomos) que podem ser transmitidas mercúrio, chumbo, cádmio, solventes, inse-
durante a divisão celular. Se as mutações ocor- ticidas (pesticidas), agrotóxicos, monóxido
rem no óvulo ou no espermatozóide, no mo- de carbono, álcool, fumo, talidomida.
mento da fertilização, a resultante combina-
ção do material genético pode não ser viável e Órgão Fase da gestação (dias)
a morte pode ocorrer no estágio inicial de di- Cérebro 15 – 25
visão celular na gênese do embrião. Olho 24 – 40
A mutação no material genético pode não Coração 24 – 40
afetar a fase inicial da embriogênese, mas re-
sultar em morte do feto no período posterior Membros Superiores 24 – 36
de desenvolvimento e resulta em aborto. As Membros Inferiores 24 – 36
mutações podem gerar anomalias congênitas. Fonte: Encyclopaedia of Occupational Safety and Health.
Introdução
No século XIII, já se sabia que qualquer Dando Nome aos Bois...
substância é tóxica, dependendo da dose. Atual- 1. Toda substância química pode fazer
mente sabe-se que os antibióticos tanto per- mal – depende da quantidade.
mitem a defesa contra o ataque bacteriano, A Toxicologia estuda esses efeitos noci-
como também causam alguns efeitos desagra- vos sobre os seres vivos.
dáveis; o inseticida não faz mal somente para 2. Algumas substâncias são mais nocivas
a barata e que o álcool prejudica o fígado. do que outras e seus efeitos podem ser
diferentes. Isso se chama Toxicidade.
E a substância causadora de dano cha-
ma-se substância tóxica ou tóxico.
3. A substância tóxica pode causar mal,
mas isto só acontece quando ela entra
em contato com o corpo. A probabili-
dade dela penetrar no organismo cha-
ma-se risco tóxico.
O risco depende de tudo o que contribui
para que a substância entre em contato com o
organismo:
No entanto, muitas vezes utilizam-se subs- – a temperatura (quanto mais alta, maior
tâncias químicas, como detergente, aguarrás, o risco);
querosene, sem que se perceba o risco que elas – o estado da substância (em geral, os ga-
representam. Isto acontece freqüentemente por ses representam risco maior do que os
se desconhecer que aquela substância é tóxi- líquidos);
ca. As pessoas que trabalham com agentes – a forma de embalar e transportar a subs-
químicos acostumam-se a trabalhar com es- tância.
ses produtos e não sentem mais alguns sinto-
mas, como ardência e cheiro desagradáveis. O Risco não depende da toxicidade
Mas isso não significa que elas não estejam Por exemplo, o tolueno que está dentro de
atuando no organismo: o risco de danos para a um tambor fechado representa um risco po-
saúde é crescente e os efeitos, muitas vezes, tencial de intoxicação, que só vai ocorrer se
demoram anos para se manifestar, podendo até houver vazamento. O risco para o operador
se tornar irreversíveis. durante uma operação de carregamento é ain-
da maior. E se não for utilizado o procedimen-
Intimidade do Homem e do Produto Agressivo to correto durante uma limpeza de tanque com
Este é o caso de quem trabalha em conta- trapos embebidos em tolueno, o confinamento
to com produtos químicos: pega tanta intimi- do ambiente irá contribuir para que o organis-
dade com os produtos, que acaba achando des- mo absorva o produto pelos pulmões e pele.
necessário se proteger, mesmo durante as ope- É o mesmo tolueno, a mesma toxicidade,
rações em que há risco de contato. mas são três graduações de risco tóxico dife-
12 Este contato diário com produtos quími- rentes. Portanto, o risco depende, em grande
cos, causa problemas que, ao longo do tempo, parte, da forma de lidar com as substâncias.
poderão influir no bem-estar e na saúde. Evi- Num navio, o risco químico é mais percebido
tar esse contato com substâncias tóxicas é um pelo pessoal do convés, que lida com grandes
direito que depende, em parte, de cada pessoa. quantidades de produtos químicos nas operações
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de carga e descarga. O pessoal de máquinas 6. Pode-se trabalhar com uma substância
pode estar exposto a quantidades significati- pouco tóxica e o risco de intoxicação
vas de substâncias tóxicas em suas atividades ser alto. É o caso de limpeza de locais
diárias. sem ventilação adequada com nafta ou
No local onde a substância entra em con- outros solventes.
tato, pele, olhos, nariz, pode causar irritação, 7. Ao entrar em contato com o organis-
ardência, ressecamento ou outras reações, são mo, se a substância conseguir atraves-
os chamados efeitos locais. Por exemplo, os sar a pele ou outras barreiras, ela entra
ácidos causam queimaduras, dependendo da no caminho da toxicocinética, aborda-
concentração. do a seguir.
Toxicocinética
A peregrinação das substâncias químicas
no organismo.
“T” é uma substância tóxica que não per-
tence ao organismo. Se ela estiver no ambien-
te, pode entrar em contato com o corpo atra-
vés de:
– via respiratória – quando “T” apresen-
ta-se como gás ou vapor;
– via digestiva – quando “T” é um líqui-
do ou sólido ingerido;
– pele – quando “T” está em contato com
o corpo, seja pelas mãos ou mesmo
pelas roupas molhadas.
Quando “T” consegue entrar no organis-
Mas algumas reações acontecem longe do mo e chegar até o sangue, diz-se que foi ab-
local de contato, são os efeitos sistêmicos. sorvida. É o processo de Absorção.
Exemplo: o dano que o tetracloreto de carbo-
no e o álcool etílico causam ao fígado é um
efeito sistêmico.
Dicas Importantes
1. A substância química somente irá cau-
sar algum dano se houver contato com
o organismo. Por isso, a proteção é tão
importante.
2. Substâncias hidrossolúveis (solúveis em
água) têm uma probabilidade maior de
causar efeitos locais. É o caso da soda
cáustica e dos ácidos.
3. Algumas substâncias atravessam a pele
ou outras barreiras do organismo che-
gando ao sangue. São substâncias lipos-
solúveis, ou seja, solúveis em gordu-
ras. Todos os solventes derivados do
petróleo são lipossolúveis. Após absorção, “T” é levado pelo sangue
4. A mesma substância pode causar efei- para todos os lugares do organismo. É o pro-
tos diferentes, dependendo da quanti- cesso de Transporte e Distribuição.
dade. Quando “T” encontra um local pelo qual
5. Pode-se trabalhar com uma substância tem afinidade, fica armazenada. É o caso do 13
muito tóxica e o risco ser pequeno, solvente que fica armazenado na gordura. Este
como o caso da substância no tambor, processo chama-se armazenamento.
que só vai causar intoxicação se hou- No fígado, “T” é transformado. É o pro-
ver vazamento. cesso de biotransformação.
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E, finalmente, os rins eliminam “T” do Gases Asfixiantes Químicos – provocam
organismo. É o processo de eliminação. asfixia independente do local ser confinado ou
não. São gases letais. Os mais comuns são: H2S
Dicas Importantes (gás sulfídrico); HCN (gás cianídrico); CO
1. As substâncias podem ser absorvidas, (monóxido de carbono).
principalmente, por via respiratória, Efeitos sobre o Sistema Nervoso – ocor-
digestiva e através da pele. rem quando a substância tem afinidade pelo
2. As substâncias, depois de absorvidas, sistema nervoso e afetam tanto o cérebro quan-
são distribuídas pelo sangue. to os nervos situados em outros lugares do
3. O fígado é o principal local de trans- corpo. O sistema nervoso é altamente sensí-
formação das substâncias. vel aos solventes industriais porque é forma-
4. Algumas substâncias ficam armazena- do, em grande parte, por gordura. Assim, to-
das em alguns locais do organismo. dos os solventes industriais, sejam éter, tolue-
5. As substâncias podem ser eliminadas no, xileno, hexano, fenol e outros, causam uma
pelo ar exalado, pela urina e todas as sensação de euforia em pequenas doses. Em
outras secreções do organismo – lágri- doses maiores causam sensação de embria-
mas, suor, saliva, etc. guez, diminuição da coordenação motora, so-
6. Durante esta permanência no organis- nolência, podendo chegar ao coma e à morte.
mo, as substâncias podem ou não pro-
vocar efeitos tóxicos, que serão estu-
dados na toxicodinâmica.
Toxicodinâmica
É o estudo das modificações que “T” pro-
voca no organismo.
Os efeitos que podem acontecer nas pri-
meiras 24 horas após o contato, são os chama-
dos efeitos imediatos. É o caso da queimadura
pelo fenol, que se manifesta na hora do conta-
to. Outros efeitos ocorrem com mais de 24
horas após o contato, são os chamados efeitos
tardios. Entre estes estão o câncer e as doen-
ças do sistema nervoso. Levam, às vezes, anos
para se manifestarem e por isso é mais difícil
descobrir qual o agente causador.
Tímpano
Pavilhão
Conduto
auditivo Trompa de
externo Eustáquio
19
CABO DE COMANDO
25
26
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LER é a terminologia do nosso país para Fatores psicológicos
designar afecções músculo-tendinosas que – Inseguranças e Medos – É alarmante o
atingem, principalmente, os membros superio- número de empregados de empresas
res até a região cérvico-braquial, em decorrên- estatais acometidos de LER, em rela-
cia de um conjunto de fatores existentes no ção aos demais trabalhadores, o que
trabalho. Tem-se constituído em um grande sugere uma forte ligação com a
problema da saúde pública em muitos dos paí- somatização dos medos de perda da es-
ses industrializados. Esta terminologia pode- tabilidade que os protegia;
rá ser modificada para DORT – Distúrbios – visão de mundo – pessoas pessimistas,
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, introspectivas e com uma visão mais
nas normas técnicas para avaliação de incapa- restrita do mundo são mais susceptíveis;
cidades da Previdência Social de 1997 (Diá- – incapacidade de assimilação das mu-
rio oficial de 11/06/97), o que tem gerado em danças.
todo país muitos fóruns de discussão. No dizer da Dra. Leny Sato(1):
“Os aspectos emocionais são responsáveis
1. Conseqüências de uma ler instalada por mais de 60% do agravamento do que é
Uma vez portadora de LER, a pessoa co- chamado LER”.
mumente sofre com:
– perda da capacidade produtiva; 3. Estágios evolutivos da ler
– perda de movimentos básicos; Grau I – Sensação de peso e desconforto
– perda da auto-estima pelo sentimento no membro afetado – dor espontânea, leve e
de inutilidade; fugaz, sinais clínicos ausentes. Tem bom prog-
– depressão profunda; nóstico.
– falta de vontade para reagir; Grau II –Dor persistente e mais intensa,
– sentimentos de culpa, de revolta, de in- aparece de forma intermitente, formigamen-
capacidade física e psicológica peran- tos e calor; ocorre a redução de produtivida-
te a vida. de. Prognóstico favorável.
Grau III – Dor persistente, mais forte e tem
2. Aspectos a considerar irradiação definida. Prognóstico reservado.
A designação genérica LER enfatiza os Grau IV – Dor forte, contínua, insupor-
movimentos repetitivos. Tal condição, embo- tável e intenso sofrimento; alterações psicoló-
ra necessária, não é suficiente pois pianistas, gicas com quadros de depressão, ansiedade e
digitadores, taquígrafos, datilógrafos, em si- angústia. Prognóstico sombrio.
tuação de uso muito intenso das mãos, às ve-
zes passam toda a vida sem manifestarem a
doença. Isto sugere que outros fatores atuam 4. Diagnóstico
em conjunto para o aparecimento de LER. Existem várias formas clínicas das LER,
A seguir estão relacionados fatores adicio- das quais as mais freqüentes são as causado-
nais que contribuem para o surgimento ou agra- ras de inflamações de tecidos, tendões, fascias
vamento das LER: e ligamentos, músculos e nervos, de extensão
aguda ou crônica, que podem ocorrer isoladas
Fatores ambientais ou associadas.
– Postura e rotina de trabalho inadequadas; O diagnóstico é essencialmente clínico,
– mobiliário inadequado – mesa, cadei- pois depende principalmente, na queixa do
ra, mouse, teclado, suportes; paciente, em seu discurso sobre a dor e na sua
– características da profissão. história clínica ocupacional, já que não se pode
“ver” as LER. E ainda através de um exame
Fatores físicos físico detalhado, exames complementares
– Condição física – estrutura muscular e quando necessários, levando-se também em
nervosa – por falta de uma atividade fí- conta a análise das condições de trabalho que
sica sistemática, os músculos atrofiam- propiciaram o surgimento da lesão.
se com o tempo e as pessoas armaze- Os casos de LER diagnosticados precoce- 27
nam tensões que predispõem à doença; mente têm bom prognóstico, desde que o tra-
– condição orgânica – grau de saúde – tamento seja iniciado de imediato.
muitas vezes, a pessoa já está debilita- (1) Dra. Leny Sato, Psicóloga pela USP. Mestre em Psicologia Social - PUC-
da, o que facilita o acesso à doença. SP, professora do Depto. de Psicologia Social do Trabalho - USP.
Higiene Industrial
O fator desconhecimento da doença, tem cau- 1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da
sado sérios desvios de tratamento e levado os
pacientes a uma verdadeira peregrinação por
Exposição Ocupacional ao Benzeno
um diagnóstico, em muitos casos, aumentan- 1.8.1 Objetivos
do os temores em relação ao futuro e piorando – Preservar a saúde das pessoas;
o quadro psicossomático dos mesmos. – Preservar o meio ambiente;
O uso de eletroneuromiografia como ins- – Prevenir acidentes e ocorrências anor-
trumento de diagnóstico mostra-se altamente mais.
doloroso. O sentimento dos portadores é de
que há sensível piora dos sintomas. 1.8.2 Propriedades toxicológicas
Desde 1993, o INSS reconhece as diver- – Classificação: Cancerígeno
sas manifestações de LER em qualquer fun- – Limite de tolerância (NR-15): Não há
ção exercida, desde que estabelecida a relação – Valor de Referência Tecnológico
entre a lesão e o trabalho. Entre as LER reco- (VRT): 1 ppm
nhecidas oficialmente estão as epicondilites, – Absorção pela pele: SIM
bursites, cistos sinoviais, tendinites etc. – Limite de Odor: 12 ppm (ACGIH
A emissão de CAT – Comunicação de Aci- 1991).
dente de Trabalho, mesmo nos casos iniciais,
deve ser efetuada por médico da empresa, SUS
e demais profissionais de saúde.
Benzeno (C6H6)
Informações gerais
5. Prevenção da ler É um líquido incolor, volátil, com odor
Medidas simples è resultados significativos aromático caraterístico. O benzeno costuma ser
Pequenas modificações no processo e or- referido como “benzol”, uma mistura de ben-
ganização do trabalho, com diversificação das zeno com outros hidrocarbonetos aromáticos
tarefas e redução do tempo de exposição mos- (tolueno e xileno). Não deve ser confundido
tram-se bastante eficazes. Deve-se adequar os com benzina, que é uma mistura heterogênea
móveis e equipamentos do ponto de vista de vários hidrocarbonetos alifáticos (pentano,
ergonômico. Cabe estudo ergonômico dos pos- hexano, heptano) e aromáticos (tolueno,
tos de trabalho nas empresas que, a exemplo xileno e pequenas quantidades de benzeno).
da PETROBRAS, possuem CIPA ou órgãos A benzina é usada como solvente comercial.
especializados em engenharia de segurança e Usos: matéria-prima e intermediário na
medicina do trabalho. produção de grande número de substâncias
Atividades em grupo para esclarecimento químicas, a exemplo do estireno, fenol, ciclo-
e adoção de uma postura proativa diante da hexano, anidrido maleico, etc., indústria de
situação também zelam por condições higiê- detergentes, indústria de explosivos, indústria
nicas no trabalho e melhoria da qualidade de farmacêutica, indústria de inseticidas, indús-
vida dos envolvidos. tria de fotogravura, indústria da borracha, in-
Deve-se, ainda, monitorar os empregados dústria de plásticos, produção de solventes e
não só em nível de suas condições ergonômi- removedores de tintas, etc.
cas, mas das condições clínicas, grau de su- O benzeno pode estar presente como con-
cesso no trabalho, auto-estima e nível de socia- taminante em diversos produtos, como tintas,
bilidade e cooperação na Organização. colas e vernizes.
Fator não menos importante, nesse mo- Na indústria do petróleo, é usado em for-
mento em que a globalização e a competição ma pura nos laboratórios, para análise, e está
intensa ditam novas formas de trabalho, de presente como contaminante em diversos de-
modo que as pessoas da organização sentam- rivados, como gasolina, hexano, querosene,
se atualizadas. Capacitá-las para as novas de- tolueno, etc.
mandas, tanto técnicas quanto interpessoais, Sinônimos: benzol, ciclo-hexatrieno, bi-
devolve-lhes a autoconfiança e a auto-estima, carbureto de hidrogênio, nafta mineral.
prepara-as para o convívio com as incertezas
28 do futuro. Grau de Insalubridade (NR 15)
Máximo.
“Devemos aumentar a estrutura, quando se
aumenta a exigência” Antônio Tadeu Benatti(2). Grau de risco à saúde (API)
(2) Dr. Antônio Tadeu Benatti - consultor, diretor da Benatti & Benatti S/C
Moderado à exposição aguda e alto à ex-
Associados. posição crônica excessiva.
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Classificação de carcinogenicidade ocu- graves, como a fibrilação ventricular, devido
pacional (ACGIH / 95-96) à sensibilização do miocárdio. A exposição a
Confirmado como carcinogênico para o altas concentrações (20.000 ppm) é rapidamen-
homem. te fatal (Quadro 1).
O benzeno na forma líquida pode ser ab-
Limites de tolerância sorvido através da pele, onde pode provocar
LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 10 efeitos irritantes como dermatite de contato,
ppm, 32 mg/m3 eritema (áreas avermelhadas) e bolhas, pelo
efeito desengordurante.
LT-MP ou TLV-TWA (OSHA) = 1 ppm O contato com os olhos provoca sensação
IDLH (NIOSH) = 3.000 mg/m3 de queimação, com lesão das células epiteliais.
A ingestão do benzeno provoca sensação
MAC (Rússia) = 5 mg/m3 de queimação na mucosa oral, faringe e no
VRT-MPT - NR 15 (Brasil) = 1 ppm (indús- esôfago, dor retroesternal e tosse. A ingestão
trias em geral) da substância na dosagem de 15 a 20 mL pode
provocar a morte no adulto.
PROPOSTA DE MUDANÇA:
LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 0, 3 Exposição crônica
ppm, 0, 96 mg/m3 A exposição crônica ao benzeno pode pro-
duzir toxicidade na medula óssea que pode tra-
1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica duzir-se em anemia aplástica e leucemia agu-
Exposição aguda da. Aberrações nos cromossomos têm sido
O benzeno é altamente volátil, e por ser observadas em animais e homens expostos ao
muito lipossolúvel, é rapidamente absorvido benzeno, tanto em células da medula óssea
pela via respiratória ao ser inalado, distribuí- como em linfócitos periféricos da corrente
do e armazenado em tecidos ricos em gordu- sangüínea.
ras como o sistema nervoso central e medula
óssea. Quadro 1. Efeitos do organismo a diferentes con-
Cerca de 50% do total de benzeno inalado centrações do benzeno
são absorvidos. Do total absorvido, 10 a 50%
Concentração de
são eliminados pela urina, após biotransfor- Vapores de Benzeno
Tempo de
exposição Resposta
mação em maior proporção no fígado, em (ppm)
metabólitos solúveis em água como fenol 25 8 horas Nenhuma
(30%), hidroquinona (1%) e catecol (3%), que Leve sonolência e dor
são conjugados com a glicina e o ácido glu- 50 - 100 6 horas
de cabeça leve
curônico. 500 1 hora Sintomas de toxicidade aguda
A eliminação do benzeno inalterado no Perigoso para a vida,
ar exalado tem três fases: 7.000 30 min
efeitos depressores
1ª Fase: muito rápida, que ocorre 2 a 3 20.000 5 min Fatal
horas após a exposição; provém da fração de Fonte: American Petroleum Institute.
benzeno dissolvida no sangue.
2ª Fase: intermediária, no período de 3 a Estas doenças sangüíneas, encontradas na
7 horas; o benzeno provém dos demais teci- exposição crônica ao benzeno, têm sido atri-
dos, exceto o gorduroso. buídas aos seus metabólitos. Através das rea-
3ª Fase: lenta, no período de 30 horas; o ções de oxidação, principal via metabólica da
benzeno provém do tecido gorduroso. biotrnasformação do benzeno, forma-se o ben-
O efeito agudo na via respiratória mani- zeno epóxido, uma substância altamente
festa-se através de irritação de brônquios e la- reativa, cuja atuação sobre ácidos nucléicos de
ringe, surgindo tosse, rouquidão e edema pul- células da própria medula óssea explicaria a
monar. O benzeno atua, porém, predominan- toxicidade do benzeno.
temente, sobre o sistema nervoso central como O quadro de anemia plasmática, em seu 29
depressor, levando ao aparecimento de fadi- estágio inicial, pode apresentar alterações
ga, dor de cabeça, tontura, convulsão, coma hematológicas paradoxais: policitemia ou ane-
e morte em conseqüência de parada respirató- mia, leucocitose ou leucopenia, trombocitose
ria. O benzeno predispõe a arritmias cardíacas ou trombocitopenia. Com a continuidade da
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evolução, há redução dos eritrócitos (glóbulos O carvão ativado em solução tem demons-
vermelhos), dos leucócitos e das plaquetas, trado ser útil pela diminuição da absorção do
de modo que é possível a ocorrência de pan- benzeno.
citopenia (diminuição global das células san- Tratar convulsões com diazepam e feni-
güíneas). A trombocitopenia leva a manifes- toína.
tações hemorrágicas (púrpura, hemorragia
nasal e gengival, equimoses, etc.). A leucopenia No contato com a pele
favorece quadros infecciosos. A redução dos Lavar com sabão e água em abundância.
eritrócitos pode levar a quadros graves de
anemia. No contato com os olhos
As leucemias por benzeno são, na sua Lavar em água corrente durante 15 minu-
maioria, leucemias mieloblásticas agudas. tos. Se irritação, dor, edema, lacrimejamento
Ocorrem, mais freqüentemente, em indivídu- ou fotofobia persistirem após 15 minutos,
os que apresentavam anemia aplástica. Por encaminhar ao oftalmologista.
vezes, a leucemia instala-se muito tempo após
cessar a exposição ao benzeno. O benzeno é Controle biológico
classificado como cancerígeno pela IARC, – Dosagem do benzeno exalado.
NIOSH e ACGIH.
– Dosagem urinária do ácido fenil mer-
A exposição prolongada ao benzeno tam- captúrico.
bém pode produzir fadiga, náuseas, perda do
apetite, vertigem, dor de cabeça, irritabilida- – Dosagem urinária do ácido trans-trans-
de, nervosismo. O contato prolongado com a mucônico.
pele causa secura, fissura e dermatite.
O benzeno tem efeitos hepatotóxicos (tó- – Dosagem do benzeno na urina.
xicos ao fígado), na exposição prolongada. – Hemograma.
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