PRÉ-HOSPITALAR DO
CURITIBA - 2006
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
APRESENTAÇÃO
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CRÉDITOS
Autor Nomeado:
Porcides; Almir Júnior
Colaboradores:
Aguiar; Eduardo José Slomp Almeida; Geferson Correa de
Alves; Nilson Figueiredo Júnior Araujo; Rogério Lima de
Araújo; Wagner Lúcio de Barbosa; Adriano
Barros; Edmilson Baumel; Luiz Fernando Silva
Becker; Claudicir Bezerra; Marcos Rogério
Borba; Dorico Gabriel Bortolini; Osni José
Costa; Laor Daverson ; Kleber
Donati; Vladimir Ferreira; Alexandre Dupas
Gross; Gerson Kapp; Norton Alexandre
Konflanz; Douglas Martins Machado; Fernando Ferreira
Manassés; Edson Menegatti; Dimas Clodomiro
Mocelin; Gabriel Junior Moreira; Paulo Cezar
Mota; Cristiano Carrijo G. Mota; Sandro Marcos
Oliveira; Charles Elias de Rodrigues; Altemistocley Diogo
Sales; Arlisson Sanches Santos; Hamilton dos
Schreiber; Rogério Cortês Schwambach; Ricardo
Silva; Paulo Roberto da Silva; Romero Nunes da
Sokolowski; Rivelto Soster; Heitor
Spak; José Adriano P. Teixeira; Hudson Leôncio
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Sumário
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 1
A ÉTICA E HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
1. Ética
Toda pessoa é dotada de uma consciência moral que a faz distinguir entre o certo e
o errado, entre o bem e o mal, capacitando-a a avaliar suas ações no contexto a que é so-
licitado, ou seja, é capaz de nortear suas atitudes pela ética, a qual pode-se dizer é um
conjunto de valores, que se tornam deveres em determinadas culturas ou grupos, sendo
expressos em ações.
A ética é, normalmente, uma norma de cunho moral que obriga a conduta de uma
determinada pessoa, sob pena de sanção específica, mas pode também regulamentar o
comportamento de um grupo particular de pessoas, como, por exemplo, bombeiros, polici-
ais, médicos, enfermeiros, etc. A partir deste momento, estamos nos referindo à ética pro-
fissional, mais conhecida como deontologia, que caracteriza-se como conjunto de normas
ou princípios que têm por fim orientar as relações profissionais entre pares, destes com os
cidadãos, com sua guarnição de serviço, com as instituições a que servem, entre outros.
Como a sua margem de aplicação é limitada ao círculo profissional, faz com que estas
normas sejam mais específicas e objetivas, gerando o advento dos Códigos de Ética ela-
borados por associações de classe, como, por exemplo, o Código de Ética Médica Brasi-
leiro.
O socorrista deve saber equilibrar os dois pratos da balança que formam seu cará-
ter profissional: o lado técnico e o lado emocional. Caso haja uma prevalência de qual-
quer um dos lados, o atendimento pode ser comprometido tanto pelo lado humano, quan-
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Ética e Humanização
to pelo lado científico. O bombeiro militar que tenha completo domínio do atendimento
pré-hospitalar, mas que não tenha o discernimento necessário para atuar com atenção es-
pecial nos casos que assim requeiram, não possui o caráter ético-profissional para ser so-
corrista. O mesmo se aplica àquele que possua um equilíbrio emocional e não saiba as
técnicas pré-hospitalares.
Parece estranho falar de humanização num campo em que deveria ser implícito o
“amor ao próximo”, como é o caso da medicina. Todavia, com o advento da vida moderna,
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Humanizar o atendimento não é apenas chamar a vítima pelo nome, nem ter um
sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender seus medos, angústias e
incertezas, dando-lhe apoio e atenção permanente.
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Ética e Humanização
1
Diretor Científico da SOBRAMFA- Sociedade Brasileira de Medicina de Família. Coordenador do
Programa Eletivo em Medicina de Família do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde- EPM,
UNIFESP. Membro Internacional da Society of Teachers of Family Medicine (STFM).
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 3
DIREÇÃO DEFENSIVA
1. Introdução
2. Direção e Segurança
Direção defensiva é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das ações incorretas
(erradas) dos outros e das condições adversas (contrárias), que encontramos nas vias de
trânsito.
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Direção Defensiva
3.1. Conhecimento
É o ato de estar sempre consciente das noções exigidas para a habilitação, os con-
teúdos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e as informações sobre os riscos e a me-
lhor forma de evitá-los. Embora a experiência seja uma fonte importantíssima de conheci-
mento, demonstra-se que, o programa de treinamento aumenta em muito a capacidade
defensiva do motorista.
3.2. Atenção
Enquanto dirige, o motorista tem que estar alerta o tempo todo, zelando pela sua
própria segurança, dos passageiros e da vítima que está transportando, bem como pelos
demais presentes no trânsito. Estar alerta significa estar com a atenção concentrada todo
o tempo no ato de dirigir, sem distrações, vendo tudo o que se passa adiante, atrás (espe-
lhos retrovisores) e nas laterais do veículo. O pensamento deve ocupar-se exclusivamen-
te do ato de dirigir e não de outros assuntos. Atento, o motorista pode reconhecer situa-
ções de perigo potencial, reagir em tempo e agir de modo a prevenir acidentes.
3.3. Previsão
3.4. Decisão
3.5. Habilidade
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
4.1. Chuva
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Direção Defensiva
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● À noite, use faróis baixos ao cruzar veículos e desvie o olhar do foco dos fa-
róis que cruzam com você;
● Em condições de penumbra deixe as luzes do veículo acessas, facilitando
ser visto.
4.6. Condições Adversas da Via
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Direção Defensiva
● Evite dirigir quando estiver com sono, os ficar muito tempo sem dormir, dor-
mir pouco ou dormir mal;
● Evite dirigir logo após realizar refeições muito pesadas, que induzem ao
sono;
● Certificar-se que não há nenhum objeto que possa ser deslocado quando
em movimento;
● Dirigir com roupas confortáveis, e adequadas a temperatura ambiente, para
não sentir muito frio e nem muito calor;
● Sempre faça check-up completo para constatar problemas, como histórico
de problemas cardio-vasculares, pressão arterial fora dos padrões normais,
com suspeita de epilepsia, ou qualquer outro que possa colocar em risco as
seguras condições de direção. Ao constatar, solicite imediatamente afasta-
mento das funções de motorista, desde que comprovadamente orientado por
médico responsável;
● Esteja sempre em dia com os exames oftalmológicos, para uso de óculos ou
lentes corretivas;
● Enquanto dirige converse apenas o indispensável com a equipe de serviço;
● Quando a ambulância em movimento, o rádio deverá ser acionado por outro
integrante da equipe;
6. Inspeção Veicular
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Direção Defensiva
bruscamente, o seu automóvel deve ter uma distância mínima do veículo que segue à
frente para garantir a sua segurança e a dos outros. Mesmo que as condições do motoris-
ta, do automóvel, dos freios, dos pneus e do asfalto sejam as melhores possíveis, existe
um determinado tempo para que o motorista possa reagir a uma situação de risco. Esse
tempo é denominado TEMPO DE REAÇÃO que varia de pessoa para pessoa (+ ou – de
0,75 a 1,5 segundo) e é decorrente de um estímulo e uma reação efetiva do condutor
(resposta). Já a DISTÂNCIA DE REAÇÃO é o espaço percorrido pelo veículo no instante
em que o motorista percebeu uma situação de risco potencial a sua frente, até o momento
em que ele acionou o sistema de freios do seu veículo. Do momento em que o motorista
acionou o pedal de freios até o ponto em que o veículo parou – nesse segmento, que va-
ria segundo o estado dos freios, dos pneus, das condições da via pública (seca, rugosa,
lisa, molhada, aclive, declive) – essa distância percorrida pelo veículo é chamada de DIS-
TÂNCIA DE FRENAGEM. Para sabermos qual é o espaço necessário para parar o veícu-
lo, deve-se somar a distância de reação à distância de frenagem. Quando estamos logo
atrás de outro veículo é indispensável que exista uma distância de segurança que nos
permita imobilizar o automóvel sem colidir com o veículo da frente, em caso de uma frea-
da ou manobra brusca. Essa distância varia de acordo com a velocidade desenvolvida e a
permitida para o local. A tabela 3.1 nos proporcionará uma idéia dos tempos de reação,
distância de reação e de velocidade, necessários para um veículo parar em diferentes ve-
locidades:
Tabela 3.1
Tabela comparativa entre velocidade e distância de parada para automóveis
Velocidade Distância de Distância de Distância de
Km/h reação 3/4s.(m) frenagem (m) parada (m)
40 8,33 7 15,33
50 10,41 13 23,41
60 12,50 18 30,5
70 14,58 25 39,58
80 16,67 33 49,67
90 18,75 41 59,71
100 20,83 51 71,83
110 22,91 62 84,91
120 25,00 74 99
130 27,08 87 114,08
140 29,16 100 129,16
150 31,24 115 146,24
160 33,32 131 164,32
170 35,41 149 184,41
180 37,48 167 204,48
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Existem vários tipos de colisão que podem acontecer com o seu veículo, e os com-
portamentos perigosos dos condutores nas vias também são bem variados, mas o fator
mais comum nos acidentes é não ter conseguido desviar ou parar a tempo o seu veículo,
evitando a colisão.
8. Como Parar
9. Distância Segura
Para você saber se está a uma distância segura dos outros veículos, vai depender
das condições climáticas (sol ou chuva), da velocidade, das condições da via, dos pneus
e do freio do carro, da visibilidade e da sua capacidade de reagir rapidamente.
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Direção Defensiva
Porém, para manter uma distância segura entre os veículos nas rodovias, sem a
utilização de cálculos, fórmulas ou tabelas, vamos lhe ensinar a usar "o ponto de refe-
rência fixo":
● Observe a estrada à sua frente e escolha um ponto fixo de referência (à
margem) como uma árvore, placa, poste, casa, etc.
● Quando o veículo que está à sua frente passar por este ponto, comece a
contar pausadamente: mil e um, mil e dois. (mais ou menos dois segundos).
● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência antes de contar (mil e um e
mil e dois), deve aumentar a distância, diminuindo a velocidade, para ficar
em segurança.
● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência após você ter falado as
seis palavras, significa que a sua distância, é segura.
● Este procedimento ajuda você a manter-se longe o suficiente dos outros veí-
culos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas
bruscas necessárias, sem o perigo de uma colisão.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A sinalização tem limitações no seu alcance, não garante que todos irão percebe-
la, nem tampouco garante que aqueles que perceberam vão colaborar e lhe dar passa-
gem. Ou seja, embora usando toda a sinalização disponível, ainda assim o condutor da
ambulância deve tomar todos os cuidados prescritos pela prática da direção defensiva.
A luz vermelha é mais eficaz como sinalização dirigida para os veículos que transi-
tam em sentido oposto. A sirene é mais efetiva para alertar os motoristas dos veículos à
frente da ambulância, devendo ser ligada com antecedência, para ser ouvida de longe
(acionar a sirene logo atrás do veículo da frente pode assustar o motorista, fazendo-o fre-
ar bruscamente, com risco de colisão). O comportamento desejado (e nem sempre produ-
zido) é de que o condutor do veículo à frente libere a passagem, retirando seu veículo o
mais o para a direita possível e parando até que o veículo de emergência ultrapasse.
Quando mais de um veículo de emergência está em deslocamento, a distância mínima
entre eles deve ser de 150 metros. Veículos de emergência não devem se ultrapassar.
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Direção Defensiva
Nas emergências em que o diagnóstico pré-hospitalar da vítima não seja muito gra-
ve (nível 1 e 2), portanto, em que a urgência seja relativa, o deslocamento suave impede
que as lesões apresentadas pela vítima sofram agravos secundários, decorrentes de sola-
vancos, deslizamentos e deslocamentos, sendo de todo desejável. Isto é particularmente
verdadeiro se a vítima apresenta fraturas, especialmente aquelas com lesão associada de
vasos sangüíneos e nervos.
Nos pacientes com problemas cardiológicos, o tranporte deve ser o menos turbu-
lento possível. São pacientes que experimentam uma aguda sensação de morte iminente,
que pode ser acentuada pela remoção tumultuada. Em princípio está contra indicado o
uso da sinalização da ambulância, especialmente a sirene. Se o paciente encontra-se em
parada cardio-respiratória, é claro que há urgência em se chegar ao hospital. Entretanto,
a equipe não pode manter uma RCP adequada se a ambulância estiver se deslocando
em alta velocidade, o que impede manobras efetivas.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Isolar a área;
● Informar o COBOM sobre as áreas de estacionamento, e qualquer informa-
ção que auxilie as outras viaturas que poderão ser deslocadas ao sinistro.
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Cinemática do Trauma
CAPÍTULO 4
CINEMÁTICA DO TRAUMA
1. Introdução
Trauma é uma lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica resul-
tante da ação de um agente externo que resulta na exposição a uma energia (mecânica,
térmica, elétrica), esta energia pode ter origens bio-físico-químicas.
Cada vítima de trauma aparenta ter suas próprias apresentações de lesões, mas
na verdade muitos pacientes possuem métodos similares de traumatismos. O conheci-
mento destes mecanismos de lesões permitirão ao médico e socorrista um rápido diag-
nóstico ou pelo menos a suspeita das lesões através de métodos usuais.
“Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encon-
tra-las”
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
pessoas no seu interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção, pa-
rarias etc.)
Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou
lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física:
Para que um objeto em movimento perca velocidade é necessário que sua energia
de movimento seja transmitida a outro objeto. Esta transferência de energia ocorre quan-
do, por exemplo um objeto em movimento colide contra o corpo humano ou quando o cor-
po humano em movimento é lançado contra um objeto parado, os tecidos do corpo huma-
no são deslocados violentamente para longe do local do impacto pela transmissão de
energia, criando uma cavidade, este fenômeno chama-se cavitação. A avaliação da ex-
tensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração cutânea do que
quando há uma lesão aberta. Por exemplo, um soco desferido no abdome pode deformar
Fig 4.1 – Fenômeno da cavitação gerando cavidade temporária e definitiva nos ferimentos por projétil de
arma de fogo
profundamente a parede abdominal sem deixar marcas visíveis externamente, mas com
lesão de órgãos abdominais internos. Por isso é obrigatório pesquisar a história do evento
traumático. Uma cavidade com deformação visível após um impacto é definida como per-
manente. Já uma cavidade (ou deformidade) não visualizada quando o socorrista ou mé-
dico examina a vítima é definida como temporária, na qual o tecido retorna para a sua po-
sição normal. A diferença entre as duas está relacionada a elasticidade dos tecidos.
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Cinemática do Trauma
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
lado, um objeto grande, a energia vai se espalhar por uma grande área da superfície cor-
poral e a pele pode não ser rompida (trauma contuso). Da mesma forma podemos con-
cluir que o trauma contuso cria uma cavidade temporária, já no trauma penetrante a cavi-
dade pode ser temporária ou definitiva. Por exemplo: um projétil de arma de fogo, rompe
e penetra na pele cavidade definitiva — e no seu trajeto pelo corpo pode provocar deslo-
camento de tecidos no sentido frontal e lateral — cavidade temporária.
De acordo com o exposto, podemos deduzir que o efeito do conjunto de forças que
resulta em lesões corporais está diretamente relacionado ao conhecimento da anatomia
do corpo humano e das diversas formas de energia.
4. Mecanismos de Lesão
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Cinemática do Trauma
Fig 4.5 – Ações em crânio e pescoço Fig 4.6 – Colisão frontal em tórax
parede torácica e abdominal, como no pedículo vascular de órgãos (aorta ascendente,
rins, baço, intestino delgado e grosso). Outra situação em conseqüência da
desaceleração é a laceração do fígado, geralmente pela compressão do abdômen
contra o volante. Com o aumento de pressão no abdômen, pode haver ruptura do
diafragma.
4.1.3. Joelho:
Quando o ocupante do
veículo continua o
movimento para a
frente e para baixo
depois que o carro
para, o impacto do
joelho contra o painel
do veículo resulta em
sua fratura ou luxação,
com lesão de vasos Fig 4.8 – Ações em abdome e membros inferiores
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Cinemática do Trauma
A coluna cervical está sujeita a flexão lateral e rotação pelo impacto lateral, e a
combinação desses dois movimentos é responsável por lesões graves de coluna
cervical.
A maior parte das vítimas com as lesões descritas anteriormente não estava
utilizando o cinto de segurança. Vinte e sete por cento (27%) das mortes que ocorrem
nos acidentes de trânsito se devem ao fato de as vítimas serem ejetadas do veículo.
Estas têm seis vezes mais chances de morrer. Entre as vítimas que não vão a óbito,
grande parte sofre trauma de coluna e fica com seqüelas graves.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Ainda assim, seguramente, as lesões são menos graves do que as de quem não usa
qualquer cinto de segurança.
Assento de elevação
De 18 a 36 Kg ou
até 10 anos de idade No banco traseiro com cinto de 3
se altura inferior a pontos
1,45 m
4.6. "Airbag"
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Cinemática do Trauma
Fig 4.15 – Ação do Airbag Fig 4.16 – Cinto de três pontos e Airbag
O air bag deve associar-se ao uso do cinto de segurança.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
4.9. Quedas
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Cinemática do Trauma
Como referência, considera-se grave a queda de altura três vezes maior que
a altura da vítima.
5. Traumas Penetrantes
A gravidade dos ferimentos por arma branca depende das regiões anatômicas
atingidas, da extensão da lâmina e do ângulo de penetração, lembrando que o
ferimento no abdômen superior pode atingir o tórax, e ferimentos abaixo do quarto
espaço intercostal, podem penetrar o abdômen.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Fig 4.21 – Rifles altamente letais que disparam projéteis em alta velocidade.
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Cinemática do Trauma
Ferida de entrada;
Geralmente óbvia, pode não ser
identificada se a vítima não for
completamente despida e
examinada.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
CAPÍTULO 5
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
1. Introdução
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Sinais Vitais
CAPÍTULO 6
SINAIS VITAIS
Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico
inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles:
● Pulso;
● Respiração;
● Pressão arterial;
● Temperatura.
1. Pulso
Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada
vez que o ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se
encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Cada onda de
pulso sentida é um reflexo do débito cardíaco, pois a freqüência de pulso equivale à
freqüência cardíaca. Débito cardíaco é o volume de sangue bombeado por cada um dos
lados do coração em um minuto.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ou fraco e fino). O pulso fraco e fino, também chamado filiforme, geralmente está associa-
do à diminuição do volume sangüíneo (hipo-
volemia).
1.1. Taquicardia
1.2. Bradicardia
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Sinais Vitais
1) Relaxe a vítima. Para palpar o pulso radial, mantenha o braço da vítima des-
cansando confortavelmente, preferencialmente cruzando a parte inferior do tórax.
Para o pulso carotídeo, palpe a cartilagem tireóide no pescoço (pomo de Adão) e
deslize os dedos lateralmente até sentir o pulso.
2) Use dois ou três dedos para encontrar e sentir o pulso. Use somente a ponta
dos dedos e nunca o polegar (usando o polegar o examinador poderá sentir seu
próprio pulso digital).
Em vítima com doença cardíaca, o ideal é medir o pulso durante um minuto. Sentir
o pulso de uma criança muito pequena é difícil: o pescoço de comprimento curto e, algu-
mas vezes, rico em gordura, torna difícil localizar o pulso carotídeo, sendo recomendável
que seja pesquisado o pulso braquial. Com o crescimento torna-se possível a palpação
dos vasos periféricos. Ao atender uma criança pesquise os diversos locais de pulso até
encontrar aquele mais acessível.
2. Respiração
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Adultos – 12 a 20 movimentos
respiratórios por minuto (mrpm);
● Crianças – 20 a 30 mrpm;
● Bebês – 30 a 60 mrpm.
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Sinais Vitais
2) Aproxime sua face do rosto da vítima, olhando para o seu tórax. Com o tato
da pele do seu rosto e com a sua audição você vai perceber o movimento da cor-
rente de ar mobilizada pela respiração e com a visão você irá observar os movi-
mentos de subida e descida do tórax e/ou do abdome.
Em crianças muito pequenas o movimento torácico é menos evidente que nos adul-
tos e, usualmente, ocorre próximo ao abdome. A mão colocada levemente sobre a parte
inferior do tórax e superior do abdome pode facilitar a contagem da atividade respiratória.
Por causa do pequeno volume e da reduzida força do fluxo de ar, em crianças também é
quase impossível ouvir a respiração normal ou sentir a movimentação do ar através da
boca e do nariz.
3. Pressão Arterial
A pressão arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias.
Depende da força desenvolvida pela sístole
ventricular, do volume sangüíneo e da resis-
tência oferecida pelas paredes das artérias.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
O local mais comum de verificação da Fig. 6.8 - Método auscultatório para medir a
pressão arterial é no braço, usando como pressão arterial.
ponto de ausculta a artéria braquial. Os equipamentos usados são o esfigmomanômetro e
o estetoscópio.
Uma pressão sangüínea normal não deve ser considerada como uma clara indica-
ção de estabilidade. Os pacientes saudáveis e jovens são particularmente propensos a
compensar o déficit de volume.
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Sinais Vitais
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
10) Desinsufle o manguito de modo que a pressão caia de 2 a 3 mmHg por se-
gundo.
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Sinais Vitais
● Estetoscópio danificado.
4. Temperatura
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
tura mais ampla, pois raramente o ser humano sobrevive com temperatura corporal fora
desta faixa.
O termômetro deve estar seco (se necessário enxugue com algodão ou gaze) e
marcando temperatura inferior a 35ºC (se necessário sacudi-lo cuidadosamente até que a
coluna de mercúrio desça).
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Atendimento Inicial
CAPÍTULO 7
ATENDIMENTO INICIAL
1) Controle de cena;
2) Abordagem primária;
3) Abordagem secundária;
1. Controle de Cena
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
envolvidos, danos nos veículos, número de vítimas, posição dos veículos e das vítimas,
etc.
2. Abordagem Primária
● Risco de desabamento.
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Atendimento Inicial
1) Aproximar-se da vítima pelo lado para o qual a face da mesma está volta,
garantindo-lhe o controle cervical.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Lembre-se de somente passar para próximo passo após ter completado o passo
imediatamente anterior. Durante toda a abordagem da vítima o controle cervical deve ser
mantido. Suspeitar de lesão de coluna cervical em toda vítima de trauma.
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Atendimento Inicial
2.2.3.1. Pulso
Em vítima consciente, verificar inicialmente o pulso radial; se este não for percebi-
do, tentar palpar o pulso carotídeo ou o femoral; em vítima inconsciente, examinar o pulso
carotídeo do lado em que você se encontre.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
O registro evolutivo do estado neurológico tem grande valor. A vítima que não apre-
sente alterações neurológicas num dado momento, mas passe a apresentá-las progressi-
vamente, seguramente está em situação mais grave que outra cujo exame inicial tenha
mostrado algumas alterações que permane-
çam estáveis no tempo.
● V – Vítima adormecida. Os olhos Fig. 7.9 - Avaliação das pupilas quanto à reação
à luz.
se abrem mediante estímulo verbal.
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Atendimento Inicial
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Atendimento Inicial
Fig. 7.16 - Avaliação do enchimento capilar dos Fig. 7.17 - Teste de mobilidade passiva.
membros inferiores.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
6) Membros inferiores: inspecionar e palpar da raiz das coxas até os pés. Ob-
servar ferimento, alinhamento, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação. Cortar a
roupa onde suspeitar de ferimento ou fratura. Retirar calçados e meias. Examinar a
mobilidade articular ativa e passiva. Executar movimentos suaves e firmes de fle-
xão, extensão e rotação de todas as articulações. Palpar pulsos em tornozelos e
pés. Testar sensibilidade, motricidade e enchimento capilar.
- 101 -
Atendimento Inicial
três itens avaliados é atribuído um número, conforme a resposta da vítima, que somados
irão nos mostrar o nível de consciência da vítima no momento da avaliação.
Palavras Des- Diz palavras isoladas e desconexas, não conseguindo formar frases
03 pontos
conexas completas.
Sons Ininteligí- Não consegue sequer articular palavras, emitindo apenas murmúrios ou
02 pontos
veis grunhidos.
Obs.: Impossível avaliar resposta verbal de vítima que não possa falar (trauma de
face ou intubação oro traqueal). Nesse caso, registrar a impossibilidade no formulário pró-
prio (RAS).
Movimento
Consegue localizar a região onde está sendo estimulado dolorosamente
Apropriado à 05 pontos
e tenta remover a mão do examinador para impedi-lo.
Dor
Ausência de
01 ponto Não apresenta qualquer resposta motora.
Resposta
Obs.: Considerar sempre a melhor resposta motora observada, embora ela possa
ser isolada (em apenas uma extremidade).
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Fig. 7.20 - Flexão anormal – atitude de decortica- Fig. 7.21 - Extensão anormal – atitude de descere-
ção. bração.
● TCE grave: 03 a 08;
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Atendimento Inicial
Sempre que na avaliação da Escala de Trauma, for obtido resultado menor que 9
(nove), torna-se necessário o acionamento de apoio médico no local da ocorrência.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 8
VIAS AÉREAS
As vias aéreas têm como função principal conduzir o ar entre o meio ambiente e os
pulmões (alvéolos pulmonares), proporcionando a entrada de ar filtrado, aquecido e rico
em oxigênio, assim como a saída de ar rico
em dióxido de carbono do aparelho respirató-
rio, participando assim do processo da respi-
ração. Dividem-se em vias aéreas superiores
e vias aéreas inferiores:
● Laringe.
● Traquéia;
● Brônquios/bronquíolos;
● Pulmões/alvéolos pulmonares.
- 105 -
Vias Aéreas
Entende-se por obstrução de vias aéreas toda situação que impeça total ou parcial-
mente o trânsito do ar ambiente até os alvéolos pulmonares. A restauração e manutenção
da permeabilidade das vias aéreas nas vítimas de trauma são essenciais e devem ser fei-
tas de maneira rápida e prioritária.
2.1. Inconsciência
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Trauma direto sobre as vias aéreas, causando sangramento em seu interior, com-
pressão externa por edema e/ou hematomas e fraturas da árvore laringotraqueobrônqui-
ca, e/ou broncoaspiração de dentes fraturados.
3.1. Causas
Os lactentes (até 1 ano de idade) são as principais vítimas de morte por aspiração
de corpo estranho na faixa etária pediátrica.
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Vias Aéreas
3.2. Reconhecimento
A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve) ou total (grave). Na parcial, a
vítima pode ser capaz de manter boa troca gasosa, caso em que poderá tossir fortemen-
te, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto permanecer uma troca gasosa satisfa-
tória, encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e nos esforços respiratórios, sem
interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho.
Em adultos, a obstrução por corpo estranho deve ser suspeitada em toda vítima
que subitamente pare de respirar, tornando-se
cianótica e inconsciente, sem razão aparente.
Deve-se tomar cuidado na diferenciação de
OVACE e parada cardiorespiratíria (ver capí-
tulo específico – Ressuscitação Cardiopulmo-
nar).
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obs-
trução de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá a perda de consciência e, rapi-
damente, a morte.
4.1.2. Aspiração
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Vias Aéreas
A unidade de sucção fixa instalada deve ter potência suficiente para um fluxo de 30
litros por minuto na extremidade final do tubo de entrada e um vácuo acima de 300 mm de
mercúrio quando o tubo é fechado. Controlar a pressão de sucção em crianças e vítimas
intubadas. Para a sucção traqueal, utilizar um tubo em "V" ou ''T', com abertura lateral
para controlar a aspiração intermitente.
Quando aspirando a boca ou a faringe, mover o cateter de sucção de tal modo que
atinja todas as áreas acessíveis, evitando que se fixe na mucosa e perca sua eficácia.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Vítima em pé ou sentada:
● Vítima deitada:
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Vias Aéreas
● Vítima em pé ou sentada:
2) Segurar o punho da sua outra Fig. 8.9 - Após a vítima ter ficado inconsciente
mão e aplicar compressão contra o es- durante a manobra de Heimlich, rapidamente o
socorrista a deposita sobre o solo para, caso não
terno, acima do apêndice xifóide, por tenha ocorrido a desobstrução das vias aéreas,
quatro vezes; dar início ás compressões torácicas.
● Vítima deitada:
A remoção manual de material que provoque obstrução sem ser visualizado não é
recomendada.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Técnica:
Essa técnica tem como vantagem o fato de não mobilizar a coluna cervical, visto
que promove a desobstrução das vias aéreas por projetar a mandíbula anteriormente,
deslocando também a língua.
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Vias Aéreas
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
5.2.1. Básicos
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Vias Aéreas
5.2.2. Avançado
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Dessa forma consegue-se manter uma melhor ventilação da vítima utilizando balão
auto-inflável (ambu) ou respirador para manter ventilação artificial enriquecida com oxigê-
nio.
● Guia;
5.2.3. Alternativos
É um dispositivo composto de uma máscara facial que cobre boca e nariz, adapta-
da a um tubo com balonete na extremidade oposta. O tubo é passado por via oral e se lo-
calizará no esôfago, o qual será obliterado pela insuflação do balonete. A vitima será ven-
tilada através da máscara que deve estar bem adaptada à sua face.
5.2.3.2. Combitube
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Vias Aéreas
dação à volta da entrada da laringe. Sua inserção é muito rápida e dispensa a laringosco-
pia.
5.3.1. Cricotireoidostomia
Esse procedimento está indicado quando não é factível a intubação traqueal, como,
por exemplo, nos casos de edema de glote, fratura de laringe, ferimentos faciais graves
ou grande hemorragia orofaríngea.
5.3.2. Traqueostomia
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 9
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
1. Histórico
Em 1993 foi formada uma Aliança Internacional dos Comitês em Ressuscitação (IL-
COR) pelas Sociedade de Cardiologia Americana (AHA), pelo Conselho Europeu em Res-
suscitação (ERC), e pelo Comitê Australiano em Ressuscitação com o intuito de realizar
estudos a partir de evidências cientificas.
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Ressuscitação Cardiopulmonar
massagem cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopul-
monar (morte clínica).
Esta tabela mostra a evolução da morte clínica até a morte biológica e os vários ce-
nários possíveis após a RCP, segundo o tempo decorrido entre a parada circulatória e a
restauração do fluxo sangüíneo espontâneo.
Tabela 9.1
Evolução da RCP pelo tempo decorrido
TEMPO 5 MIN 10 MIN 15 MIN 20 MIN
Consciente Sonolento Inconsciente Inconsciente
Respiração Reanimação Respiração Apnéia
Conseqüências espontânea espontânea espontânea Morte encefálica
Neurológico Déficit Estado
normal neurológico Vegetativo
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3. Parada Respiratória
● Doenças do pulmão;
● Trauma;
● Afogamento;
● Inalação de fumaça;
● Epiglotite e laringite;
● Choque elétrico;
4. Parada Cardíaca
Nenhum tipo de RCP consegue reverter este quadro, mas garante a oxigenação
dos tecidos até a chegada de um desfibrilador. Um RCP aplicado com alta qualidade pode
dobrar ou triplicar as taxas de sobrevivência de PCS.
● Uso de Drogas.
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Ressuscitação Cardiopulmonar
São três os sinais que demonstram que uma vítima está em parada cardiopulmo-
nar:
● Ausência de Pulso.
6. Delineação da idade
Crianças não devem ser vistas como pequenos adultos, nem tão pouco podemos
afirmar que uma criança de 8 anos é igual fisiologicamente a um bebe de menos de 1
ano. Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima é necessário definir
tal situação:
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Quem presencia uma parada cardiopulmonar pode prover 3 dos 4 elos se houver
um desfibrilador disponível. Como esta ainda não é a realidade no Brasil, o ensino da cor-
rente da sobrevivência é restrito aqueles que possam ter acesso a um desfibrilador, nor-
malmente profissionais da área de saúde.
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Ressuscitação Cardiopulmonar
9. RCP em Adultos
A grande maioria das mortes em adulto é causada pela PCS e por mais bem feita
que seja, a RCP não consegue reverter este quadro. Caso o socorrista esteja sozinho no
local da ocorrência o acionamento ao SME, para a aplicação do desfibrilador, é prioritário
para então na seqüência iniciar o RCP.
Estando a vítima em decúbito dorsal efetue a abertura das vias aéreas, o que mui-
tas vezes pode garantir o retorno da respiração se a vítima estava somente em parada
respiratória. Se ao verificar as VVAA você encontrar qualquer objeto (chicletes, próteses)
ou líqüido (vomito, sangue), retire com uma pinça, ou os dedos, ou aspirador, ou ainda
através do rolamento 90º. Não retire dentaduras bem fixas da vitima, pois ela ajudam a
manter os contornos da boca, auxiliando em uma boa vedação para a ventilação.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Deslize suas mãos para cada lado da cabeça e apóie as pontas dos dedos
nos ângulos da mandíbula (Fig 9.3).
● Insera a cânula com a curva voltada para baixo e gire-a na posição correta
após verificar que a ponta já está na base da língua.
- 125 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
É possível que a cânula fique obstruída por 03 (três) situações: parte da língua
pode obstruir a ponta da cânula, a cânula pode se alojar na vallecula, e as VVAA podem
ficar obstruídas com a oclusão da epiglote pela cânula.
VVAA avançadas são equipamentos que garantem uma maior ventilação ao pul-
mão, pois elas conseguem direcionar o ar diretamente para a traquéia. A colocação des-
tes equipamentos são procedimentos exclusivos do profissional médico.
Intubação Endotraqueal
Combitubo
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Máscara Laríngea
Cricotireoidostomia e traqueostomia
Pressão Cricóide
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Ressuscitação Cardiopulmonar
9.2. Ventilação
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A ventilação bolsa-válvula-máscara
é o procedimento padrão para SME na aplicação
da ventilação no RCP. A maioria destes equipa-
mentos é constituída por uma máscara que garan-
te a vedação da boca e nariz, uma válvula que im-
pede a reinalação e uma bolsa com um volume
aproximado de 1.600 ml. Assim que possível co-
necte também o reservatório com O² para garantir
a entrega de 100% de oxigênio a vítima, sem este
equipamento a entrega de O² fica em apenas
Fig 9.14 – Ventil. bolsa-válvula-máscara 70%.
- 129 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
Para a ventilação com VVAA avançadas conecte o ambu e assim que possível for-
neça a bolsa e reservatório com O² para a vítima. Na ventilação com VVAA avançadas
estas devem ser aplicadas de 8 (oito) a 10 (dez) ventilações por minuto sem pausa nas
compressões torácicas.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Verificado que a vítima não possui pulso, o socorrista deve iniciar as compressões
torácicas:
● Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rí-
gida;
● Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãos no centro do peito na altura
da linha mamilar (Fig 9.16);
● Coloque a outra mão sobre a primeira e entrelace os dedos com esta, não apli-
que nenhuma pressão sobre as costelas, o término do esterno, ou o abdômen;
- 131 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore
mais do que dez segundos nesta avaliação.
O RCP em crianças é quase o mesmo para adultos com algumas diferenças devido
as diferenças anatômicas e fisiológicas.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Caso você tenha conhecimento de que a criança sofra de alguma doença cardíaca,
o acionamento do SME é prioritário à aplicação de RCP.
10.3. Ventilação
● Se estiver sozinho, comprima 30 (trinta) vezes o peito para cada 02 (duas) ven-
tilações;
- 133 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
● Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima, não demore
mais do que dez segundos nesta avaliação.
11.2. Ventilação
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Procedimento igual ao da criança com a diferença de que logo após o parto se faz
necessário aspirar as VVAA por completo para retirar qualquer possibilidade de obstrução
pelo líqüido amniótico.
12.2. Ventilação
Mesma ventilação recomendada para crianças deve ser aplicada aos neonatos
com a diferença de que neste caso somente deve ser aplicada 1 (uma) ventilação antes
de iniciar as compressões.
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Ressuscitação Cardiopulmonar
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ratórios e ausência de pulso. Verificado que a vítima está em parada o socorrista deve se-
guir os seguintes passos:
Após o choque reinicie o RCP imediatamente com compressões torácicas, sem re-
avaliar o pulso e sem retirar as pás. Após o primeiro choque com o DEA, mais de 90%
dos corações em FV respondem, retornando a um ritmo normal. Porém, muitas vezes o
coração não consegue estabelecer este ritmo por mais de um minuto e precisa da aplica-
ção de compressões torácicas para restabelecer o ritmo.
- 137 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
Nos casos em que o choque não é indicado reinicie com compressões e realize 2
(dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP. Após isto reative o DEA para analisar nova-
mente o ritmo cardíaco. Não é necessário retirar as pás durante o RCP.
(a) (b)
(c)
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Rigidez cadavérica;
● Decapitação;
● Decomposição
● Esmagamento do tórax;
Leigos não conseguem identificar pulso e podem atrasar a aplicação da RCP por
este motivo, por isso somente estes dois sinais devem ser verificados:
- 139 -
Ressuscitação Cardiopulmonar
A delineação da idade também difere, pois leigos normalmente não sabem identifi-
car caracteres sexuais secundários:
18.4. Ventilação
● Como os socorristas leigos não verificam o pulso, eles não devem aplicar a
ventilação artificial sem compressões torácicas;
● Caso o leigo fique relutante em efetuar ventilações, este deve pelo menos
efetuar compressões torácicas.
Leigos tem dificuldade de guardar várias taxas, por isso uma única taxa de
compressão-ventilação de 30:2 para todas as faixas etárias deve ser ensinada aos leigos.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Hemorragia e Choque
CAPÍTULO 10
HEMORRAGIA E CHOQUE
1. Introdução
1.1. Coração
1.2.1. Artérias
São os vasos que se afastam do coração levando o sangue arterial para distribuí-lo
a todos os órgãos do corpo. Desde a sua origem, no coração, as artérias ramificam-se de
modo sucessivo ficando progressivamente mais finas, isto é, diminuem de tamanho à me-
dida que se afastam do coração.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
humano são: tronco pulmonar (pequena circulação) e a artéria aorta (grande circulação)
responsável pela irrigação de todo o corpo.
1.2.2. Veias
1.2.3. Capilares
1.3. Sangue
O sangue é constituído por uma parte líquida (plasma) e por elementos figurados
(glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas).
- 143 -
Hemorragia e Choque
2. Hemorragia
2.1. Classificação
2.2.1. Arterial
Ocorre quando há perda de sangue de uma artéria. O sangue tem coloração viva,
vermelho claro, derramado em jato, conforme o batimento cardíaco, geralmente rápido e
de difícil controle.
2.2.2. Venosa
Ocorre quando há perda de sangue por uma veia. Sangramento de coloração ver-
melho escuro, em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Pode ser considerada grave se a
veia comprometida for de grosso calibre.
2.2.3. Capilar
Ocorre quando há sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos vasos da fe-
rida. Possui coloração avermelhada, menos viva que a arterial, e facilmente controlada.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Náusea e vômito;
● Choque
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Hemorragia e Choque
Utilizar a pressão sobre pulso de artéria quando os dois métodos anteriores falha-
rem ou não tiver acesso ao local do sangramento (esmagamento, extremidades presas
em ferragens).
É a pressão aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra
uma superfície óssea. É necessária habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos
exatos de pressão das artérias.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
2.5.5. Torniquete
Apertado demais pode lesar tecidos, músculos, nervos e vasos. Deve ser colocado
entre a ferida e o coração, observado explicitamente o horário de aplicação. O membro
abaixo do torniquete deve tornar-se pálido, e o pulso arterial, abaixo do torniquete, desa-
- 147 -
Hemorragia e Choque
parecer. Caso não esteja apertado o suficiente pode interromper o fluxo venoso sem inter-
romper o fluxo arterial, dando como resultado maior sangramento pela ferida.
Para suspeitar que a vítima esteja com hemorragia interna, é fundamental conhe-
cer o mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de hemorragias
internas (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões).
3. Choque
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Para que esse sistema funcione de forma eficiente e adequada, é necessário que o
coração se mantenha bombeando o sangue, que o volume de sangue circulante seja sufi-
ciente para encher os vasos e que o calibre dos vasos se ajuste às condições normais.
Uma falha em qualquer desses fatores irá provocar falha na perfusão tecidual, le-
vando a vítima a desenvolver o estado de choque.
Com a diminuição de perfusão tecidual, os órgãos terão sua função prejudicada ba-
sicamente pela falta de oxigênio, nutrientes e acúmulo de resíduos. A falha na circulação
cerebral leva à diminuição do nível de consciência da vítima, os rins diminuem o débito
urinário e o coração aumenta a freqüência de batimentos, num esforço para manter o flu-
xo de sangue para órgãos vitais; com o agravamento do choque, o músculo cardíaco
comprometido desenvolve bradicardia e parada cardíaca.
Tipo mais comum de choque que o socorrista vai encontrar no atendimento pré-
hospitalar. Sua característica básica é a diminuição acentuada do volume de sangue.
Pode ser causado pelos seguintes fatores:
- 149 -
Hemorragia e Choque
● Ansiedade e inquietação;
● Náusea e vômito;
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Administrar oxigênio em alta concentração (12 litros por minuto sob máscara
facial perfeitamente ajustada);
Em resumo, a vítima de trauma em choque hipovolêmico deve ter a via aérea per-
meável, oxigenação restaurada, ser rápida e eficientemente imobilizada e transportada
imediatamente ao hospital para receber tratamento definitivo.
- 151 -
Hemorragia e Choque
Causado por falha no sistema nervoso em controlar o diâmetro dos vasos, em con-
seqüência de lesão na medula espinhal, interrompendo a comunicação entre o cérebro e
os vasos sangüíneos. O resultado é a perda da resistência periférica e a dilatação da rede
vascular. Se o leito vascular estiver dilatado, não existirá sangue suficiente para preen-
cher a circulação, havendo perfusão inadequada de órgãos.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Ao socorrista cabe:
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 12
FRATURAS E LUXAÇÕES
1. Fraturas
1.1. Classificação
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Fraturas e Luxações
manuseio destas fraturas deve ser cuidadoso e técnico, para evitar lesão nos tecidos vizi-
nhos
Fechada: o foco de fratura está protegido por partes moles e com pele íntegra.
1.1.3.1. simples:
1.1.3.2 complicada
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
1.2.1. Dor
Devido ao trauma localizado, sempre haverá dor no local da fratura, que varia mui-
to de um paciente para outro, sendo aliviada por manobras de tração, alinhamento e imo-
bilização.
Devido ao trauma, ocorre uma lesão dos tecidos vizinhos à fratura, produzindo san-
gramento local, detectado como um aumento de volume, produzindo, com o passar do
tempo, edema localizado. Em algumas fraturas, de fêmur e pélvis, por exemplo, o sangra-
mento pode causar choque hipovolêmico.
1.2.3. Deformidade
Sensação audível e palpável causada pelo atrito entre os fragmentos ósseos. Não
deve ser reproduzida intencionalmente, porque provoca dor e aumenta a lesão entre os
tecidos vizinhos à fratura.
1.3. Atendimento
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Fraturas e Luxações
1.3.5. As talas
2. Luxações
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
articular e mantidas por uma cápsula articular reforçada por ligamentos. Os traumas indi-
retos, normalmente produzidos por quedas com apoio nas extremidades, fazem com que
essas superfícies articulares saiam de sua posição, produzindo perda da congruência arti-
cular da função da articulação correspondente. As luxações ocorrem mais comumente em
articulações móveis (ombro, quadril, dedos da mão).
2.1.1. Dor
2.1.2. Deformidade
Sinal evidente à simples inspeção da vítima; deve ser comparada com o lado opos-
to.
2.1.4. Palidez
2.1.5. Edema
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Fraturas e Luxações
Causada por queda sobre ombro, sendo freqüentes principalmente em jovens des-
portistas. O acrômio se desloca para baixo e a clavícula para cima, principalmente pela
ação dos músculos do trapézio e esternocledomastóideo.
Fig 12.8 – Início da imobilização de cotovelo Fig 12.9 – Final da imobilização de cotovelo
Ocorre por trauma indireto causado por queda com apoio sobre a mão. A vítima
tem dor intensa, com deformidade visível no nível da articulação do cotovelo e impotência
funcional. Sempre examinar o vásculo nervoso para detectar qualquer lesão dessas estru-
turas.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Deve ser cuidadosamente rolada sobre uma tábua longa. Se necessário erguê-Ia
apenas o necessário para deslizar a tábua sob ela. Use almofadas e cobertores para acol-
choar e apoiar o membro lesado na posição de deformidade. Fixe a vítima à tábua com
cintos e bandagens. Não esqueça de examinar o vásculo nervoso do segmento lesado.
Esteja atento a sinais de choque neurogênico e, às vezes, a choque hipovolêmico.
3.2. Passo 1
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Fraturas e Luxações
3.3. Passo 2
3.4. Passo 3
3.5. Passo 4
3.6. Passo 5
3.7. Passo 6
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.8. Passo 7
Quando a vítima foi imobilizada com equipamento de tração portátil de fêmur e ne-
cessita ser colocada em tábua dorsal, o procedimento de rolamento deve ser feito pelo
lado sem lesão.
4.1. Passo 1
4.2. Passo 2
4.3. Passo 3
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Fraturas e Luxações
4.4. Passo 4
Fixar o suporte elevado da tração com faixa ou bandagem, para que no transporte,
não haja movimentação.
4.5. Passo 5
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 13
TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)
TCE é o principal motivo de morte na população jovem, cujas causas mais freqüen-
tes compreendem acidentes automobilísticos e agressões interpessoais. Estima-se que
ocorra um TCE a cada 15 segundos e que um paciente morra devido ao TCE a cada doze
minutos.
O uso de álcool ou drogas que deprimam o sistema nervoso ou ainda fatores tó-
xicos podem influenciar na avaliação inicial do paciente.
1.2. Avaliação dos Sinais Vitais – o TCE pode alterar os dados vitais, sendo
muitas vezes difícil saber se essas alterações se devem ao TCE ou a outros fatores.
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Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
1.4. Avaliação da Reação Pupilar - Avaliada por sua simetria e resposta igual à
luz. A diferença de mais de 1 mm no diâmetro das pupilas já é considerada anormal;
uma resposta lenta ao estímulo luminoso pode indicar lesão intracraniana.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
As fraturas são comuns, mas nem sempre associadas à lesão cerebral, apesar
de muitas lesões cerebrais graves ocorrerem sem fratura craniana. A identificação da
fratura de crânio é muito importante, pela possibilidade da presença ou do desenvolvi-
mento de hemorragia intracraniana, de-
vendo esse paciente ficar sob observação.
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Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
Fig 13.5 – Contusão cerebral causada por golpe e contragolpe (colisão traseira)
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
Perda sangüínea – o sangramento por lesão de couro cabeludo pode ser ex-
tenso e, especialmente em crianças, levar ao choque hipovolêmico; em adultos, sem-
pre procurar outra causa para o choque.
3. Avaliação de Emergência
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Alteração de consciência
Cefaléia progressiva
Intoxicação alcoólica ou por outras drogas
Menor de 2 anos
Crise convulsiva
Vômitos
Moderado risco
Amnésia
Politraumatizado
Trauma de face
Sinais de fratura de base de crânio
Possível afundamento ou lesão penetrante em crânio
Suspeita de abuso em criança
4. Tratamento de Emergência
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Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
no curativo, pois em caso de fratura de crânio, a compressão poderia lesar o cérebro com
fragmentos ósseos, agravando o quadro.
● Inspeção
– Lacerações
● Palpação
– Fraturas
– Afundamento craniano
– Perda de substância
– Perda de líquor
– Resposta ocular
– Resposta verbal
– Resposta motora
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
– Freqüência
– Parâmetros usados
Lesões ósseas vertebrais podem estar presentes sem que haja lesões de medula
espinhal; por isso, mobilizar a vítima quando há qualquer suspeita de lesão medular, man-
tendo-a assim até ser radiologicamente afastada qualquer suspeita de fraturas ou luxa-
ções.
- 185 -
Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
1. Avaliação Vertebral
2. Avaliação Medular
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3. Avaliação do TRM
Solicitar que a vítima movimente suas extremidades-e testar sua força muscular
sempre comparando um lado com o outro. Evitar movimento de membros fraturados.
● Ausência de reflexos
● Respiração diafragmática
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Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM)
4. Tratamento
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Trauma de Tórax
CAPÍTULO 15
TRAUMA DE TÓRAX
1. Introdução
O traumatismo torácico nos dias atuais assume grande importância devido, em par-
te, à sua incidência e, por outro lado, pelo aumento da gravidade e da mortalidade das le-
sões. Isto se deve pelo aumento do número, poder energético e variedade dos mecanis-
mos lesivos, como por exemplo, a maior velocidade dos automóveis, a violência urbana, e
dentro desta, o maior poder lesivo dos armamentos, além de outros fatores. As lesões de
tórax são divididas naquelas que implicam em risco imediato à vida e que, portanto, de-
vem ser pesquisadas no exame primário e naquelas que implicam em risco potencial à
vida e que, portanto, são observadas durante o exame secundário.
2. Classificação
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3. Mecanismos de lesão
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Trauma de Tórax
Vias aéreas – Aqui se deve certificar a permeabilidade das vias aéreas (a sensação
tátil e ruidosa pelo nariz e boca do paciente nos orienta sobre ela e também sobre distúr-
bios na troca gasosa). Também pode ser notado sinais de insuficiência respiratória, como
tiragem de fúrcula, batimento da asa do nariz, etc. A orofaringe sempre deve ser examina-
da à procura de obstrução por corpos estranhos, particularmente em pacientes com alte-
rações da consciência.
4.1. Fraturas
As etiologias mais comuns das fraturas são o trauma direto e a compressão do tó-
rax. Geralmente as lesões por trauma direto formam espículas que se direcionam para o
interior do tórax, logo com maior potencialidade de lesar a cavidade pleural. Nas lesões
por compressão, as espículas se direcionam para fora, diminuindo a potencialidade de
acometimento da cavidade pleural, porém, com maior chance de levar a um tórax instável
e lesões de órgãos internos.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
É a mais comum das lesões ósseas da parede torácica, podendo ocorrer isolada-
mente ou associada a pneumotórax ou hemotórax. Lembramos que as fraturas dos últi-
mos arcos costais podem se associar à lesão de fígado ou baço e a lesão dos primeiros
arcos se associam a traumas graves com possíveis lesões vasculares. Uma particularida-
de do trauma pediátrico é que as crianças apresentam muito menos fraturas costais pela
maior elasticidade dos ossos, fazendo com que lesões internas por compressão possam
ocorrer sem o aparecimento de fraturas.
4.1.1.1. Diagnóstico
4.1.1.2. Conduta
Na fratura simples, não complicada, indicamos a sedação eficaz da dor com analgé-
sicos. Se insuficiente, faz-se anestesia local no foco de fratura ou nos espaços intercos-
tais adjacentes na porção mais posterior do tórax.
Medidas como enfaixamento torácico devem ser evitadas, por serem pouco eficien-
tes e por restringirem a mobilização torácica, dificultando a fisioterapia e predispondo a in-
fecções pulmonares.
Define-se como fraturas múltiplas à fratura de dois ou mais arcos costais em mais de
um local diferente, determinando perda da rigidez de parte ou de todo o envoltório ósseo
torácico, fazendo com que essa parte do tórax possa se movimentar de uma maneira dife-
rente do restante (movimento paradoxal do tórax).
Durante muitos anos julgou-se que o movimento paradoxal fosse a causa da insufici-
ência respiratória desses doentes. Atualmente já foi provado que o grande problema não
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Trauma de Tórax
4.1.2.1. Diagnóstico
● À inspeção, presença de
movimento paradoxal do tórax, isto é,
depressão da região fraturada à
inspiração e abaulamento à expiração.
4.1.2.2. Conduta
São lesões raras, mas de alta mortalidade, devido à ocorrência de lesões associa-
das (contusão cardíaca, ruptura traqueobrônquica, ferimentos musculares) que devem ser
pesquisadas concomitantemente.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
5.1.1. Diagnóstico
● Hipertimpanismo à percussão.
● Aberto x Fechado;
● Simples x Hipertensivo.
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Trauma de Tórax
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ções como lesão de diafragma, fígado ou outros órgãos. Em casos onde há borbulhamen-
to persistente do selo d'água é indicado uma aspiração contínua com -20 a -30 cm de
água de pressão.
5.2.1. Diagnóstico
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Trauma de Tórax
Além disso, a infusão de cristalóide para repor o volume sanguíneo perdido, deve
ser feita simultaneamente à descompressão da cavidade torácica e assim que possível
administra-se o sangue autotransfundido ou outro tipo-específico. Alguns autores alertam
que, na presença de sangramento persistente, caracterizado por esses por drenagem ini-
cial de 1.000 a 1.500 ml, seguido de sangramento contínuo de 200 a 300 ml/h, durante 4
horas consecutivas e em casos de HTX coagulado (ambas complicações do HTX), deve-
se fazer toracotomia de urgência (lembrando sempre que esta deve ser feita por um cirur-
gião ou por um outro médico devidamente treinado e qualificado).
6. Traumatismo Cardíaco
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
6.1.1. Diagnóstico
● Fácies pletórica.
Este tipo de lesão ocorre em traumatismos fechados, pelos quais se procede à com-
pressão do coração entre o esterno e a coluna. Em grandes afundamentos frontais do tó-
rax deve-se sempre suspeitar de contusão cardíaca. As queixas de desconforto referidas
pelo paciente geralmente são interpretadas como sendo devidas à contusão da parede to-
rácica e a fraturas do esterno e/ou de costelas.
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Trauma de Tórax
8.1. Diagnóstico
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
9. Laceração traqueobrônquica
9.1.1. Diagnóstico
9.1.2. Conduta
9.2.1. Diagnóstico
● Desconforto respiratório.
● Grande perda de ar pelo dreno após a drenagem pleural sob selo d’água
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Trauma de Tórax
9.2.2. Conduta
As principais etiologias que levam a esse tipo de lesão são a desaceleração horizon-
tal (força tipo momento), O diagnóstico é dado, principalmente, pela história clínica, pelo
tipo de trauma, pelo borbulhamento contínuo do selo d'água, por um enfisema subcutâneo
evidente e por episódios de hemoptise no início do quadro clínico.
O esôfago torácico pode ser traumatizado por dois mecanismos: em primeiro lugar
de uma maneira interna, na maioria das vezes iatrogênica pela passagem de sondas en-
terais ou instrumentos para dilatação ou cauterização de varizes e, em segundo lugar,
menos freqüente, mas não menos importante, nos ferimentos externos torácicos, princi-
palmente por arma de fogo e transfixante latero-laterais no tórax.
- 228 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
10.1. Diagnóstico
10.2. Conduta
● Na fase aguda deve ser abordado o esôfago por toracotomia e a lesão ser
suturada, mantendo-se o doente em jejum oral por, no mínimo sete dias
(mantendo-se a alimentação por sonda enteral).
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Trauma de Abdome
CAPÍTULO 16
TRAUMA DE ABDOME
1. Introdução
2. Classificação
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
- 231 -
Trauma de Abdome
● Perfurantes: Quando
há envolvimento visceral (de
víscera oca ou maciça). É
quando o objeto que penetrar
na cavidade abdominal atingir
alguma víscera , lesando ór-
gãos e estruturas. Lembrar
sempre que o projétil de arma
de fogo ou a arma branca po-
dem lesar estruturas do tórax
associadas ao abdômen. O
ponto de penetração refere-
se não somente à parede an- Fig 16.3 – Trauma abdominal aberto com exposição de
terior do abdômen como tam- visceral
bém à parede lateral e à região dorsal ou lombar. Objetos introduzidos na vagi-
na ou no reto (situações conhecidas como empalamento) podem penetrar a ca-
vidade abdominal, pela lesão dessas estruturas, com grave repercussão. As le-
sões abdominais compreendem ruptura ou laceração dos órgãos ocos, fazendo
extravasar conteúdo das vísceras (fezes, alimentos, bile, suco gástrico e pan-
creático e urina), o que provoca a infecção conhecida por peritonite, assim
como de estruturas sólidas (fígado, baço, pâncreas e rins), causando hemorra-
gias internas, muitas vezes despercebidas logo após o trauma.
Nem todo trauma do abdômen, seja ele aberto ou fechado, leva a lesões internas.
Mas se estas ocorrem, põem em risco a vida do paciente, pela perda de sangue em quan-
tidade e velocidade variáveis ou por infecção em conseqüência do extravasamento de
conteúdo das vísceras ocas. Tanto a presença de sangue como de outras secreções (fe-
zes, suco gástrico, bile ou urina) provocam sintomas abdominais mais ou menos intensos.
O grande problema é que esses sintomas podem ser leves, outras vezes progressivos;
em outras situações, como em vítimas inconscientes devido a traumatismo do crânio ou a
intoxicação por álcool ou drogas, ou em vítimas com lesão da coluna e da medula espi-
nhal, cuja sensibilidade esteja alterada, esses sintomas estariam diminuídos, alterados ou
ausentes. Isso faz com que o trauma do abdômen leve freqüentemente a lesões que pas-
sem despercebidas numa avaliação inicial, agravando as condições da vítima ou até con-
tribuindo para a sua morte, em razão de hemorragias ocultas, não-controladas, com perda
contínua de sangue, ou por infecção.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
mecanismo, conhecido como ruptura em dois tempos, aparece mais freqüentemente nos
traumatismos do baço. Exemplificando: uma vítima que esteja bem na primeira avaliação
no local do acidente desenvolve, durante o transporte ou na chegada ao hospital, hemor-
ragia abdominal interna súbita, sem sinais ou sintomas prévios.
A dor abdominal, sintoma mais evidente e freqüente nas vítimas deste trauma, é
causada tanto pelo trauma direto na parede abdominal, como pela irritação na membrana
que recobre a cavidade abdominal e suas estruturas (peritônio), em virtude da presença
de sangue ou conteúdo das vísceras ocas que extravasam ao se romperem. A dor da irri-
tação peritonial é difusa, não corresponde o local do trauma ou à estrutura intra-abdomi-
nal lesada. Exemplificando: uma lesão de baço, causada por colisão de veículo, provoca
sangramento intra-abdominal; a vítima manifesta não somente dor o local do trauma,
como também em todo o
abdômen, devido à irritação
que esse sangue extravasado
provoca no peritônio.
O choque hipovolêmico
desencadeado pela perda de
sangue geralmente acompa-
Fig 16.5 – Trauma de abdome causando rigidez e aumento de volume nha o trauma abdominal em
vários graus de intensidade,
dependendo da quantidade de sangue perdida e da rapidez da perda. Muitas vezes, os si-
nais e sintomas do choque, como palidez, sudorese fria, pulso rápido e fino ou ausente,
cianose de extremidades, hipotensão arterial, são os únicos sinais do trauma abdominal,
visto muitas vítimas estarem inconscientes, com sangramento invisível. Devemos sempre
ter alta suspeita quanto à presença de lesão abdominal em vítimas com choque hipovolê-
mico, mesmo que não apresentem dor ou rigidez do abdômen. Para que o médico estabe-
leça um diagnóstico de lesão abdominal, o socorrista deve informá-lo sobre o mecanismo
da lesão do abdômen, tal como invasão do habitáculo do veículo em colisão lateral, defor-
mação do volante, cinto de segurança abdominal mal-posicionado, pressionando o abdô-
men sem estar apoiado na pelve, desaceleração súbita por colisões em alta velocidade ou
contra anteparos fixos, como postes, muros ou queda de alturas. Essas informações de-
vem ser anotadas na ficha de atendimento pré-hospitalar e repassadas ao pessoal res-
ponsável pelo atendimento hospitalar.
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Trauma de Abdome
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Trauma de Abdome
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 17
TRAUMA DE FACE
1. Introdução
Estudos revelaram que os dois principais mecanismos de trauma facial são violên-
cia interpessoal e queda.Três décadas atrás, apontaram acidentes por veículos automoto-
res como a principal causa de fratura facial (65%). Estudos subseqüentes apoiaram esta
informação, mas a tendência dos estudos mais atuais é mostrar um aumento na incidên-
cia de violência interpessoal e sugerem que esta seja a principal etiologia nos traumas de
face. Leis rigorosas de controle de velocidade, uso obrigatório de capacete, cinto de segu-
rança e uso de air bag, quando disponível, são fatores que contribuem para o decréscimo
do número de fraturas faciais decorrentes acidentes por veículos automotores.
- 237 -
Trauma de Face
Esta é a faixa etária menos acometida pelo trauma geral e de face, mas sua recu-
peração é mais demorada e eventuais complicações são mais freqüentes. Queda é o prin-
cipal mecanismo de trauma nesta faixa etária e geralmente resulta de múltiplas causas
patológicas (por exemplo, osteoporose). Os idosos acima de 70 anos são mais propensos
a se envolver em atropelamento.
1.4. Conclusão
A incidência de trauma facial pode ser reduzida nos adultos jovens por educação
escolar, com ênfase no uso moderado de álcool e orientação para lidar com situações
hostis, evitando-se a violência interpessoal. A otimização do design interno dos domicílios
e uma assistência constante de familiares ou responsável são válidos principalmente para
os idosos, cujo principal mecanismo de trauma é a queda. Uma maior utilização de cinto
de segurança e uso de air bags por motoristas e capacetes que cubram toda a face de
motociclistas e ciclistas são condutas de grande importância que devem ser sempre se-
guidas para se evitar conseqüências graves dos acidentes de trânsito.
Além de serem dramáticos pela sua aparência, não podemos nos esquecer de que
os traumas que atingem a face também podem apresentar situações com risco de vida
para as vítimas, além de freqüentemente apresentarem outras lesões importantes associ-
adas.
Saber o mecanismo de injúria é muito importante para a equipe que vai atender a
vítima. A anamnese deve focar dados que facilitem o diagnóstico e a ação das equipes de
emergência, como queixas visuais, parestesia ou anestesia facial e a capacidade para
morder.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
2. Cuidados de Emergência
Pacientes com fraturas mandibulares apresentam um alto risco de evoluir com obs-
trução das vias aéreas,pois sem o suporte ósseo a língua tende a se deslocar ocluindo a
passagem do ar. Tendo sido liberadas as vias aéreas, a próxima prioridade passa a ser o
controle da hemorragia.
3. Traumatismo Ocular
Estudos mostram que mais de 50% dos traumas oculares acontecem com pessoas
abaixo de 25 anos, e que, nas crianças, são mais freqüentes entre os meninos e, na mai-
oria das vezes, provocados por eles próprios.
- 239 -
Trauma de Face
Durante o exame, não fazer qualquer pressão sobre o globo ocular, lembrando-se
de que até a mais suave pressão pode causar perda de líquidos vitais ao olho traumatiza-
do.
3.1. Diagnóstico
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.2.2.2. Olho roxo - traumas sobre o rebordo orbitário causam ruptura de vasos,
com equimoses no tecido subcutâneo, de coloração avermelhada, sem limites nítidos.
Colocar tampão metálico sobre o olho lesado e cobrir o olho são, visando a imobili-
zar o atingido.
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Trauma de Face
4. Traumatismo do Ouvido
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
cia da onda. O estribo é conectado ao ouvido interno. Assim, as vibrações do estribo são
transmitidas ao fluido do ouvido médio e criam uma onda de compressão dentro do fluido.
O tipo de injúria visto com trauma na cabeça pode ser classificado em duas catego-
rias maiores: trauma fechado do crânio e trauma penetrante do crânio.
Otoliquorréia pode ocorrer em uma fratura longitudinal mas é menos comum que
na fratura transversa.
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Trauma de Face
Estas fraturas mais freqüentemente ocorrem por um trauma severo da porção occi-
pital da calota; entretanto, elas podem também ocorrer de um trauma frontal direto. A fra-
tura transversa requer um trauma muito mais intenso do crânio.
Otoliquorréia é comum nesta fratura e muito freqüente é detectada por fluído claro
drenando da trompa de Eustáquio para a nasofaringe.
Trauma penetrante do ouvido médio e osso temporal pode ser relativamente me-
nor, tal como uma laceração do conduto auditivo devido ao uso de cotonetes, ou severo,
incluindo FAF do ouvido e osso temporal. Se o tiro não causa morte instantânea, pode ha-
ver comprometimento neurovascular significativo do osso temporal e base do crânio.
As lesões do ouvido interno causadas por explosões ou rajadas são em geral muito
dolorosas e sangram bastante. Não fazer qualquer tentativa de limpar o conduto auditivo,
retirar coágulos ou ocluir o conduto. Colocar o curativo bem-frouxo, apenas para absorver
os fluidos, mas não para controlá-los.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
5. Traumatismo do Nariz
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Trauma de Face
Caso haja líquor, suspeitar de fratura da base do crânio e colocar a vítima em decú-
bito lateral para permitir a drenagem. Não fazer qualquer tentativa de parar o sangramen-
to.
6. Traumatismo na Boca
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
- 247 -
Emergências Pediátricas
CAPÍTULO 18
EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS
1. Introdução
Ter em mente que "criança não é um adulto pequeno", não devendo ser tratada
como tal.
Dessa forma, o socorrista pode estabelecer vínculo com a criança, que se torna co-
laborativa, diminuindo a tensão e favorecendo o atendimento.
Pais ou conhecidos da criança devem permanecer junto, exceto quando, por des-
conforto emocional, atrapalhem a condução do atendimento.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
○ Taquicardia
○ Palidez, cianose
○ Hipotermia
○ Hipoatividade
○ Gemidos
○ Dificuldade respiratória.
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Emergências Pediátricas
3. Traumas específicos
Nas crianças abaixo de 4 anos de idade, a escala de Glasgow dos adultos de-
verá ser substituída.
Tabela 18.2
Escala de Glasgow Modificada
Resposta Verbal Escala
Responde com palavras apropriadas; apresenta sorriso facial; fixa e
segue objetos 5 pontos
Chora, mas controla-se 4 pontos
Apresenta-se irritada; chora sem consolo 3 pontos
Apresenta-se agitada ou inquieta 2 pontos
Não apresenta resposta 1 ponto
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Sendo a parede torácica bastante flexível, as fraturas de costelas são raras, mas
quando presentes indicam trauma violento.
3.4. Choque
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Emergências Pediátricas
Lembre-se:
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 19
1. Emergência Obstétrica
2. Definições
Saco fino e transparente que mantém o feto suspenso no líquido amniótico. Este
saco é limitado por uma membrana macia, escorregadia e brilhante. O espaço preenchido
pelo líquido amniótico (bolsa amniótica) é freqüentemente chamado de bolsa d'água. Nela
é que a criança fica, movendo-se e flutuando.
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Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
3.2. Placenta
4. Parto Normal
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
As contrações uterinas são reconhecidas pela dor tipo cólica referida pela gestante
e pelo endurecimento do útero, perceptível à palpação do abdômen.
5. Cuidados de Emergência
Insista para que a paciente não faça força e, em vez disso, encoraje-a para que
respire ofegantemente durante as contrações (respiração de "cachorrinho cansado"). Du-
rante o primeiro período do trabalho, as contrações uterinas são involuntárias e destinam-
se a dilatar o colo uterino e não a expulsar o feto. Fazer força, além de ser inútil, leva à
exaustão e pode rasgar (dilacerar) partes do canal do parto. Se você reconhecer que a
mãe está no primeiro período do trabalho de parto, prepare-a para transporte ao hospital.
● Há repentino aumento nas descargas vaginais. Algumas vezes os líquidos são cla-
ros, com leve sangramento. Isso indica que a cabeça da criança está passando
através do canal do parto, já completamente dilatado.
● A abertura vaginal começa a abaular-se e o orifício anal a dilatar-se (fig. 2.a). Es-
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Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
ses são sinais tardios e anunciam que o aparecimento da criança poderá ser ob-
servado a qualquer nova contração. Episódios de vômito a essa altura são freqüen-
tes. Caso haja vômito, cuide para não ocorrer aspiração e obstrução da via aérea.
● Deixe o bebê sobre o abdômen da mãe, em decúbito lateral, com a cabeça rebai-
xada, para drenar fluidos contidos na via aérea.
● Limpeza das vias aéreas: limpe a boca por fora, com compressas de gaze; enrole a
gaze no dedo indicador para limpar por dentro a boca do recém-nascido (RN),
sempre delicadamente, tentando retirar corpos estranhos e muco. Para aspirar lí-
quidos, utilizar uma seringa (sem agulha). Certifique-se de retirar previamente todo
o ar da seringa a ser introduzida na boca ou no nariz do RN. Observe que o RN
respira primeiramente pelo nariz, daí ser sua desobstrução tão importante quanto a
da boca. As manobras de desobstrução da via aérea devem ser feitas sempre, in-
dependentemente de o RN conseguir respirar de imediato ou não.
● Estimule a criança, friccionando-a com a mão. Não bata na criança. Pode fazer có-
cegas nas plantas dos pés, com o dedo indicador. Manter a criança em decúbito la-
teral esquerdo para as manobras de estimulação.
● Quando a criança começar a respirar, volte sua atenção para a mãe e o cordão
umbilical. Caso as vias aéreas tenham sido desobstruídas e o RN não tenha come-
çado a respirar, inicie manobras de ressuscitação.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
deixe que o faça. Caso contrário, institua RCP. Continuar até que a criança comece
a respirar ou que um médico ateste o óbito. Transporte a criança a um hospital o
quanto antes. 10. Depois que a criança estiver respirando, concentre sua atenção
no cordão umbilical.
● Amarre (clampeie) o cordão com cadarço (fio) estéril ou pinça hemostática, a apro-
ximadamente 15 a 20 cm do abdômen do RN. Os cordões para a ligadura devem
ser feitos de algodão. A aproximadamente 2,5 cm do primeiro cordão, amarre o se-
gundo. Use nós de marinheiro (antideslizantes) e ponha no final três nós de segu-
rança.
● Corte o cordão umbilical entre os dois clamps, usando material estéril (tesoura ou
bisturi). Envolva a criança em lençol limpo e cobertores e passe-a ao cuidado de
um colega. A criança deve ser mantida em decúbito lateral, com a cabeça leve-
mente mais baixa que o resto do corpo.
6. Dequitação Placentária
O terceiro período estende-se desde a hora em que a criança nasce até a elimina-
ção da placenta, que normalmente acontece em até 30 minutos. Junto com ela vem uma
a duas xícaras de sangue. Não se alarme, porque é normal. Não puxe a placenta: aguar-
de sua expulsão natural. Retirada, guardar a placenta numa cuba ou envolta em papel ou
compressa, e levá-Ia ao hospital, juntamente com a mãe e a criança, para ser examinada
quanto à possibilidade de algum pedaço ter ficado na cavidade uterina. Uma compressa
estéril pode ser colocada na abertura vaginal após a saída da placenta.
Depois da dequitação placentária, palpe o útero pela parede abdominal. Se ele es-
tiver muito frouxo e relaxado e houver sangramento vaginal, massageie suavemente o
abdômen da parturiente, comprimindo-lhe o útero. Isso ocasionará sua contração e retar-
dará a saída de sangue. Continue a massagear o útero até senti-Io firme como uma bola
de futebol.
● A mãe também deve ser examinada por médico, que se encarregará de verificar
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Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
● Mãe e filho devem ser observados Fig 19.1 – Clampagem do cordão umbilical
por um período de tempo.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Se um pé, ou mão, ou o cordão estiver para fora, cubra com material estéril (gaze,
compressa ou toalha). No caso do cordão fora, seja ágil: a criança pode estar em perigo,
causado pela compressão do cordão entre a cabeça e o canal de parto. Enquanto o cor-
dão estiver comprimido, a criança não receberá quantidades adequadas de sangue e oxi-
gênio.
Esta é outra condição incomum de que o socorrista deve ter conhecimento: a crian-
ça pode ficar presa na bolsa d'água quando começa o trabalho de parto. Romper a bolsa
d'agua e retirá-Ia da frente da boca e do nariz. Cuidado ao romper a bolsa para não ma-
chucar o bebê. Puxe a superfície da bolsa antes de furá-Ia.
O parto de gêmeos (dois ou mais bebês) não deve ser considerado, em princípio,
uma complicação; em partos normais, será como fazer o de uma só criança a cada vez.
Os partos sucessivos podem ocorrer com alguns ou muitos minutos de diferença. Depois
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Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
que a primeira criança nasceu, amarre o cordão como faria no parto simples. Faça o mes-
mo na(s) outra(s) criança(s).
Mantenha suas vias aéreas sem muco ou líquidos. Use gaze esterilizada para lim-
par nariz e boca. Se usar seringa ou bulbo, certifique-se de esvaziar todo o ar antes de in-
troduzi-Ios na boca ou nariz e aspire vagarosamente.
13.1.3. Hemorragias
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
13.1.4. Oxigenação
13.1.5. Contaminação
A criança prematura é muito suscetível a infecções. Não tussa, espirre, fale ou res-
pire diretamente sobre sua face e mantenha afastadas as demais pessoas. Incubadoras
especiais para transporte de crianças prematuras estão disponíveis em algumas áreas. O
serviço de emergência médica deve saber se esse equipamento está disponível, onde
obtê-Io e como usá-Io.
14. Abortamento
O abortamento é a expulsão das membranas e do feto antes que ele tenha condi-
ções de sobrevivência por si só. Geralmente isso ocorre antes de 28 semanas de gesta-
ção. A gestação normal (ou a termo) dura 38 a 40 semanas.
● · Transpiração (sudorese)
● · Palidez
● · Fraqueza
● · Cólicas abdominais
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Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
● Molhe seus lábios se ela tiver sede, não permitindo que tome água, pois poderá
necessitar
● De anestesia no hospital;
16.1. Introdução
Os socorristas devem lembrar que estão diante de duas vítimas, devendo dispen-
sar o melhor tratamento à mãe.
Até a 12ª semana de gestação (3º mês), o útero encontra-se confinado na bacia,
estrutura óssea que protege o feto nesse período.
A partir da 13ª semana, o útero começa a ficar palpável no abdômen e, por volta de
20 (vinte) semanas (5Q mês), está ao nível da cicatriz umbilical.
À medida que a gestação vai chegando ao final, o útero vai ocupando praticamente
todo o abdômen, chegando ao nível dos arcos costais aí pela 36ª semana (9º mês).
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
OBS.: A maioria das alterações é causada pela compressão do útero sobre a veia
cava inferior, deixando parte do sangue da gestante "represada" na porção inferior do
abdômen e membros inferiores.
17.1. Posição
Como no final da gestação o peso que o útero exerce sobre a veia cava inferior
promove redução de 30 a 40% do débito cardíaco, a grávida deverá ser transportada em
decúbito lateral esquerdo sempre que possível, a menos que tenha alguma contra-indica-
- 263 -
Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante
ção, como, por exemplo, suspeita de fratura de coluna ou bacia. Transportá-Ia, então, em
decúbito dorsal, mas empurrar manualmente o útero para o lado esquerdo.
Avaliar sempre a sensibilidade uterina (dor), a altura e o tônus (se está contraído
ou não).
OBS.: Normalmente o útero não dói à palpação e está sem contração (relaxado).
Verificar a presença de movimentos fetais, que indicam feto vivo. A ausência pode signifi-
car comprometimento da saúde do feto.
Nas roturas uterinas, temos verificado útero com deformidade ou até palpação de
silhueta fetal (feto solto na cavidade abdominal). Hemorragia e choque são freqüentes
nesses casos, sempre indicando grande trauma à gestante.
Realizá-Ia nos casos de mãe moribunda ou em óbito. O feto deve ser viável (após
a 26" semana), estando o útero entre a metade da distância da cicatriz umbilical e o rebor-
do costa I.
Com a mãe mantida em RCP, realizar a incisão mediana, retirar o feto o mais rápi-
do possível, reanimá-Io e transportá-Io a hospital que tenha UTI neonatal.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
O fator mais importante de sobrevida fetal é o tempo entre o óbito materno e a ce-
sariana.
● De 0 a 5 minutos – excelente.
● De 5 a 10 minutos – razoável.
● De 10 a 15 minutos – ruim.
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
CAPÍTULO 21
QUEIMADURAS E EMERGÊNCIAS PRODUZIDAS POR FRIO AMBIENTAL
A pele não é simplesmente um tecido; vem a ser o maior órgão do corpo humano,
possuindo várias funções. Compõe-se de duas camadas: epiderme e derme. Abaixo da
pele situa-se o tecido subcutâneo. A pele reveste toda a superfície externa do organismo.
Os orifícios corporais (boca, narinas, ânus, uretra e vagina) são revestidos por membra-
nas mucosas, semelhantes à pele, que produzem uma secreção aquosa chamada muco.
As membranas mucosas também revestem internamente as vias aéreas e o tubo digesti-
vo.
1.1. Epiderme
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
1.2. Derme
Camada situada logo abaixo da derme, uma combinação de tecido fibroso, elástico
e gorduroso. Sua espessura varia de acordo com a região do corpo e de indivíduo para in-
divíduo.
2. Queimaduras
As queimaduras são lesões freqüentes e a quarta causa de morte por trauma. Mes-
mo quando não levam a óbito, as queimaduras severas produzem grande sofrimento físi-
co e requerem tratamento que dura meses, até anos. Seqüelas físicas e psicológicas são
comuns. Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas a queimaduras, mas as crian-
ças são vítimas freqüentes, muitas vezes por descuido dos pais ou responsáveis. O aten-
dimento definitivo aos grandes queimados deve ser feito preferencialmente em centros
especializados.
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
● Por radiação: causadas por raios ultravioleta (UV), por raios-X ou por radia-
ções ionizantes. As lesões por raios UV são as bem-conhecidas queimaduras sola-
res, geralmente superficiais e de pouca gravidade. As queimaduras por radiações
ionizantes, como os raios gama, são lesões raras. Nesta situação, é importante sa-
ber que a segurança da equipe pode estar em risco se houver exposição a subs-
tâncias radioativas presentes no ambiente ou na vítima. Atender às ocorrências
que envolvam substâncias radioativas sempre sob orientação adequada e com a
devida proteção; não hesitar em pedir informações e apoio à Central.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Fig. 21.5 - Queimadura de segundo grau. Fig. 21.6 - Queimadura de segundo grau.
Fig. 21.7 - Segundo e terceiro graus. Fig. 21.8 - Queimadura de terceiro grau.
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Utiliza-se para esse cálculo a "re-
gra dos nove". O resultado obtido é aproximado, mas suficiente para uso prático. No adul-
to, cada membro superior corresponde a 9% da superfície corporal; as partes ventral e
dorsal do tronco correspondem a 18% cada; cada membro inferior a 18%, a cabeça a 9%
e a área genital a 1 %. As crianças pequenas apresentam, proporcionalmente, cabeça
maior que a dos adultos, assim correspondendo a 18% da superfície corporal; cada mem-
bro inferior a 13,5%. Para avaliar a extensão de queimaduras menores, utilizar como me-
dida a mão da vítima, que corresponde a aproximadamente 1 % da área da superfície cor-
poral.
Fig. 21.9 - Porcentagem corporal conforme a “regra dos nove”, adulto e criança.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
Queimaduras que envolvam vias aéreas são graves, podendo levar à obstrução
das vias aéreas superiores. Queimaduras por vapores aquecidos podem atingir vias aére-
as inferiores, enquanto as produzidas por calor seco normalmente atingem apenas as vias
aéreas superiores, porque o ar não é bom condutor de calor. A extensão e gravidade da
queimadura das vias aéreas podem ser subestimadas na avaliação inicial, porque a obs-
trução das vias aéreas não se manifesta no momento, mas se desenvolve gradualmente à
medida que aumenta o edema dos tecidos lesados. As vítimas podem necessitar de entu-
bação endotraqueal antes que uma obstrução severa a impeça. Por isso, é importante
identificar os sinais de queimadura das vias aéreas antes que se desenvolva a obstrução.
Sinais de alerta:
● Queimaduras faciais;
● Queimadura das sobrancelhas e vibrissas nasais;
● Depósito de fuligem na orofaringe;
● Faringe avermelhada e edemaciada;
● Escarro com resíduos carbonáceos;
● História de confinamento em ambiente incendiário ou explosivo.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Além da queimadura das vias aéreas, outras lesões potencialmente graves são as
causadas por inalação de fumaça e a intoxicação por monóxido de carbono. Suspeite
sempre que isso possa ter ocorrido se há história de confinamento em ambientes incen-
diários, explosivos ou se a vítima apresenta alteração do nível de consciência.
O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro. Ele não causa lesão direta às
vias aéreas ou ao pulmão, mas possui afinidade com a hemoglobina 200 vezes maior que
a do oxigênio. Isso significa que ele se liga mais fácil e firmemente à hemoglobina que o
oxigênio. Quanto maior a quantidade de monóxido de carbono inalada, maior a quantida-
de de hemoglobina ligada ao monóxido(carboxiemoglobina) e, portanto, menor a quanti-
dade de hemoglobina ligada ao oxigênio(oxiemoglobina). A diminuição da oxiemoglobina
leva à hipóxia tecidual que, severa, causa a morte.
O grande queimado perde fluidos através das áreas queimadas, devido à formação
de edema. lsso pode levar a choque hipovolêmico (não-hemorrágico), que se desenvolve
gradualmente. O quadro de choque precoce, logo após a queimadura, normalmente se
deve a outras lesões associadas com hemorragia, levando à hipovolemia. Não esquecer o
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
3. Queimaduras Químicas
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
os tecidos. Iniciar a irrigação copiosa imediatamente, somente com água corrente ou soro
fisiológico; não usar substâncias neutralizantes. A simples utilização de compressas úmi-
das pode agravar a lesão, porque a água em pequena quantidade reage com certas subs-
tâncias e produz calor, o que aumenta a severidade da lesão. Retirar roupas e sapatos da
vítima enquanto proceder à irrigação, porque pode haver acúmulo de líquido com uma
concentração de substância cáustica suficiente para produzir queimaduras. Sempre que
possível, evitar que o líquido da irrigação escorra por áreas não-queimadas. Proteja-se
também durante o procedimento.
As substâncias cáusticas na forma de pó, como soda cáustica, por exemplo, devem
ser retiradas por escovação. Só irrigar as queimaduras produzidas por pó se as lesões já
estiverem úmidas.
4.2. Hipotermia
4.2.1. Avaliação
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Queimaduras e Emergências Produzidas por Frio Ambiental
4.2.2. Tratamento
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CAPÍTULO 22
LESÕES PRODUZIDAS POR ELETRICIDADE E RADIACÃO IONIZANTE
1. Conceitos Básicos
A eletricidade é uma forma de energia (corrente elétrica) que pode fluir entre dois
pontos, desde que entre eles exista uma diferença de potencial elétrico (voltagem ou ten-
são), ou seja, desde que um deles esteja mais carregado de energia elétrica que o outro.
A corrente elétrica flui com maior facilidade através de materiais específicos (condutores),
se houver um caminho completo para que se processe o fluxo (circuito). Se este é inter-
rompido em qualquer ponto por um material não-condutor (isolante), o fluxo da eletricida-
de não se processa. Por exemplo: o fluxo de eletricidade que alimenta um aparelho eletro-
doméstico só se processa quando o aparelho é ligado, com o que se completa o circuito.
Se entre os dois pontos considerados não existir um condutor adequado, a corrente elétri-
ca ainda assim poderá fluir, desde que a tensão ou voltagem entre os dois pontos seja
muito grande. Por exemplo: o raio é uma descarga elétrica que cruza o ar (embora este
seja um isolante), quando se estabelece grande diferença de carga elétrica entre duas nu-
vens ou entre uma nuvem e a terra.
São condutores a água, a maioria dos metais e os seres vivos. Nestes, a condutivi-
dade varia de tecido para tecido, sendo tão maior quanto maior o teor de água tecidual.
Em outras palavras, é maior no sangue, nos músculos e nos nervos que nos ossos e na
pele. Entretanto, a pele úmida torna-se boa condutora.
São isolantes o ar seco, a madeira seca, os plásticos. A terra tem sempre carga
elétrica nula em relação a qualquer fonte de energia elétrica e, por isso, ela sempre funci-
ona como um enorme receptor de corrente elétrica. Qualquer fonte de eletricidade tende a
se descarregar na terra, desde que com esta se estabeleça um circuito. Exemplo: uma
pessoa pode tocar um cabo energizado, sem sofrer qualquer descarga elétrica, se estiver
de pé sobre uma superfície isolante. Se tocar o solo com o pé, estabelecerá com seu pró-
prio corpo um circuito entre a fonte de eletricidade e a terra e sofrerá a corrente elétrica
através de seu corpo.
A "afinidade" que a eletricidade tem pela terra explica o efeito protetor do aterra-
mento de fontes de eletricidade: o fluxo de energia tende a se estabelecer pelo aterra-
mento, poupando a pessoa de uma descarga às vezes fatal.
A terra molhada funciona como um condutor. Assim, quando várias pessoas estão
trabalhando com uma fonte de energia elétrica em região molhada pela chuva, um aciden-
te envolvendo uma delas pode transferir a corrente elétrica às demais.
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Lesões Produzidas pela Eletricidade e Radiação Ionizante
Alta tensão e baixa tensão são expressões usadas para designar, respectivamente,
voltagens acima de 220 V (alta tensão) e igualou abaixo de 220 V (baixa tensão). Na pro-
dução da corrente elétrica há dispositivos que geram correntes que sempre fluem num
mesmo sentido (corrente contínua) e outros que produzem correntes que alternam seu
sentido (corrente alternada).
2.1. Condutividade
Dos tecidos corporais. Exemplo: uma pessoa molhada está sujeita a um acidente
mais grave e até fatal, mesmo num acidente com baixa voltagem, porque a resistência de
seu corpo diminui, o que permite a uma corrente mais intensa circular por ela.
Exemplo: no circuito de um a outro dedo da mesma mão, a lesão é limitada aos de-
dos envolvidos, embora possa chegar à amputação. No circuito entre a mão esquerda e
os pés, a passagem da mesma corrente pelo coração pode determinar gravíssima fibrila-
ção ventricular.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Queimaduras
● Parada cardiopulmonar
● Fraturas
2.5.1. Queimaduras
2.5.4. Fraturas
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Lesões Produzidas pela Eletricidade e Radiação Ionizante
3. Atendimento
Garantir a própria segurança e dos demais presentes na cena: não tocar na vítima
antes de se certificar de que o circuito já tenha sido interrompido. Desligar a chave geral
nos ambientes domiciliares e industriais. Chamar a companhia de energia elétrica nos aci-
dentes em via pública. Se as vítimas estiverem dentro de veículo em contato com um
cabo energizado, orientá-Ias para que lá permaneçam até a chegada dos técnicos da
companhia de energia elétrica. Se há risco real de incêndio, desabamento ou explosão,
orientá-Ias para saltar do veículo sem estabelecer contato simultâneo com a terra.
Abordagem primária: garantir via aérea com controle cervical, porque pode haver
fratura de coluna. Iniciar e manter a RCP se forem constatadas parada cardíaca ou fibrila-
ção ventricular (os sinais são os mesmos: ausência de pulso arterial). Instituir duas vias
venosas, porque a vítima pode evoluir para choque hipovolêmico decorrente da perda rá-
pida de líquidos para as áreas de necrose tecidual e pelas superfícies queimadas.
Remoção para o hospital apropriado: este, conforme o caso, deverá dispor de Uni-
dade de Queimados e Unidade de Terapia Intensiva. A fibrilação ventricular tem que ser
tratada com desfibrilação, e a RCP prolongada, porque, embora a recuperação ocorra em
30 minutos na maioria dos casos, há registros de recuperação bem mais tardia, justifican-
do a manutenção da RCP por pelo menos quatro horas. A reposição volêmica com plas-
ma deverá ser iniciada precocemente, como prevenção da insuficiência renal aguda, que
tende a se estabelecer secundariamente à lesão do próprio rim pela corrente elétrica, pela
hipotensão e pela eliminação urinária de substâncias produzidas pela destruição de mús-
culos (mioglobinúria) e sangue (hemoglobinúria). Os tecidos necrosados poderão deman-
dar debridamento cirúrgico e as infecções diagnosticadas serão alvo de antibioticoterapia.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
4.1. Roentgen
Unidade de medida da dose de radiação absorvida pelos tecidos (1 rad = 100 erg
de energia, que correlaciona a radiação absorvida em 1 g de tecido)
Unidade de medida que correlaciona a radiação absorvida com um índice que tra-
duz o efeito biológico daquela forma especial de radiação
Recebeu radiações ionizantes sem entrar em contato direto com a fonte de radia-
ção. Sofre seus efeitos, mas não emite radiações ionizantes nem contamina o ambiente
ou aqueles com quem entra em contato.
Entrou em contato direto com a fonte de radiação e carrega consigo material irradi-
ante, seja na superfície corporal (contaminação externa em cabelos, pele e unhas), seja
na intimidade do organismo (contaminação interna por ingestão ou inalação). Sofre os
efeitos da irradiação, irradia doses adicionais de radiação, que atingem o seu próprio or-
ganismo e dos que a cercam, contaminando o ambiente e os demais, comunicando-Ihes
material radioativo depositado na superfície cutânea ou eliminado por suor, saliva, fezes,
urina e secreções.
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Lesões Produzidas pela Eletricidade e Radiação Ionizante
6. Atendimento
7. Prognóstico
● Dose maior que 10 Gy: morte em 100% dos casos, mesmo sob condições
terapêuticas excelentes.
● Dose maior que 2 e menor que 4 Gy: 50% das vítimas sobrevivem mesmo
sem tratamento; a maior parte sobrevive sob tratamento adequado.
● Dose maior que 5 e menor que 10 Gy: alta mortalidade, mas muitos sobrevi-
vem com terapia suportiva e transplante de medula óssea.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 23
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS, ENVENENAMENTOS E
1. Intoxicações Exógenas
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Intoxicações Exógenas
Se o veneno for ingerido e a vítima estiver consciente e alerta, dê-lhe dois ou três
copos de água para beber, com a finalidade de diluir o veneno. Se a ingestão ocorreu há
menos de quatro horas, induza o vômito. Cuidado: em alguns casos, isso não deve ser
feito, como na ingestão de derivados de petróleo (gasolina, querosene etc.), de corrosi-
vos, como soda cáustica, e quando a vítima está sonolenta ou comatosa.
Nos casos indicados, a êmese (vômito) pode ser obtida pela estimulação cuidado-
sa da retrofaringe com o dedo ou cabo rombo de colher, após ingestão de um ou dois co-
pos de água.
Esteja certo de que a vítima que você está atendendo é a única intoxicada; no caso
de crianças, verificar se estava só ou brincava com outras, que também devem ser avalia-
das.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Vômitos;
● Cefaléia (dor de cabeça);
● Dor abdominal;
● Queimação nos olhos e mucosas;
● Dificuldade para engolir.
Existe em Curitiba o CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOlOGICAS - CIT -, que
fornece informações 24 horas/dia, pelo telefone 148.
O monóxido de carbono pode ser emitido por diversas fontes, como escapamento
de veículos (perigo em lugares fechados, como garagens), aquecedores a gás, fogões,
aquecedores e queima de praticamente qualquer substância em locais fechados.
2.1. Sintomas
2.2. Tratamento
Medidas de suporte e oxigênio a 100%, iniciados mesmo que haja apenas suspeita
de intoxicação por CO.
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Intoxicações Exógenas
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândula de veneno que se comunicam
com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpen-
tes, aranhas, escorpiões e arraias.
Animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um
aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento por contato (lagartas),
por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe-baiacu).
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Agressivas são responsáveis por 70% dos acidentes ofídicos no estado.Seu vene-
no tem ação proteolítica, coagulante e hemoragicas.
Pode haver manifestações locais (edema, eritema, dor) de instalação precoce e ca-
ráter evolutivo, com aparecimento de equimose, bolhas, sangramento no local da picada e
necrose. Nos acidentes causados por filho-
tes, as manifestações locais podem estar au-
sentes.
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Intoxicações Exógenas
São serpentes peçonhentas que não possuem fosseta loreal (isto é uma exceção)
nem um aparelho inoculador de veneno tão eficiente quanto o de jararacas e cascavéis. O
veneno é inoculado através de dentes pequenos e fixos.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
O tratamento, além das medidas gerais já citadas, inclui o soro antielapídeo via en-
dovenosa.
6. Aranhas
Na forma "cutâneo-visceral" (mais grave), além do quadro acima, entre 12h e 24h
após a picada, surgem febre, cefaléia, náuseas, vômitos, urina escura (cor de lavado de
carne), anúria e isuficiência renal aguda.
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Intoxicações Exógenas
Tratamento suportivo e sintomático; nos casos mais graves, está indicada a sorote-
rapia específica.
● Tratamento: analgésico.
● Tratamento específico: nenhum.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
7. Escorpiões
8. Insetos
Também conhecidas como lagartas de fogo e oruga, vivem durante o dia agrupa-
das nos troncos de árvores, onde causam acidentes pelo contato com seus espinhos.
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Intoxicações Exógenas
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 24
EMERGÊNCIAS PISIQUIÁTRICAS
1. Introdução
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Emergências Psiquiátricas
3. Fases da Crise
Nas três primeiras fases, o indíviduo perde o contato com a parte adulta da sua
personalidade, com tendência a apresentar um comportamento imprevisível. Com aborda-
gem conveniente, pode-se conseguir a reversão da crise. Retomando a realidade, a ver-
gonha e o constrangimento exigem das equipes de apoio e socorro capacidade para
tranqüilizar a vitima de modo a que ela se recupere de forma mais rápida e segura.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Ao aproximar-se, observar o paciente e aqueles que estiverem com ele. Alguns si-
nais (linguagem corporal, por exemplo) esclarecem certos fatos. Observar também o am-
biente e certificar-se de que a vítima e outros presentes estejam protegidos, assim como a
equipe de socorro. Exemplo: objeto ao alcance da vitima que possa ser utilizado como ar-
ma. Em nenhum momento a equipe de socorro deve colocar-se em perigo. Se necessário
solicite apoio policial, médico, etc.
Permitir a vítima que fale, ouvindo-a com cuidado. Isso é fundamental para consoli-
dar o vínculo. Mantenha contato visual enquanto o paciente fala; preste atenção e mostre-
se interessado; cuidado em não emitir opiniões precipitadas; não julgue e não critique
qualquer atitude dela; mantenha-se neutro. Comporte-se como um profissional em atendi-
mento e não em conversa informal. Dessa forma, você reassegura o paciente, fazendo-o
ver que lhe está proporcionando ajuda e que, mesmo o problema sendo difícil, poucos
são os realmente insolúveis.
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Emergências Psiquiátricas
Conforme orientações médicas, informe claramente a vítima sobre o que será feito
para ajudá-la a sair da crise; assim ela se torna mais cooperativa. Mantenha contato ver-
bal continuamente.
Caso tenha que se afastar por algum momento, solicite a algum colega que perma-
neça junto a ela. Como regra geral, não a deixe sozinha nem por um instante.
No caso em que não obtiver o controle da situação pela intervenção verbal, pode
ser necessária a contenção física. Para isso, solicitar o apoio de outras pessoas da equi-
pe ou espectadores que demonstrem preparo para colaborar. Se possível, promova a
contenção conhecida por “grupo de oito “, isto é, oito pessoas imobilizam suavemente o
paciente, contendo-o dois a dois em nível de cabeça, ombro, quadril e pernas. Lembre-se
de manter contato verbal contínuo com a vítima durante a contenção, tentando acalmá-la,
informando que a medida tomada se destina a protegê-la.
Avaliar o risco de suicido de vítima numa emergência é tarefa difícil. Toda tentativa
de suicídio deve ser tratada com seriedade.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 25
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
1. Introdução
Este capítulo expõe noções básicas sobre algumas situações clínicas que mais
freqüentemente podem ser encontradas na prática dos socorristas.
2. Doenças Cardiovasculares
Não raro, o socorrista se depara com vítima de trauma que desencadeou quadro
de insuficiência coronariana (angina ou IAM) durante o atendimento, ou atende caso de
PCR de causa clínica. É fundamental saber identificar sinais e sintomas que possa, suge-
rir uma situação de emergência clínica e as medidas a serem tomadas.
O coração tem seus próprios vasos sangüíneos para suprir a intimidade do múscu-
lo cardíaco de O2 e nutrientes e remover CO2 e outros detritos. É o sistema coronariano
(artérias e veias coronárias). Denominamos o músculo cardíaco de miocárdio. Para que o
miocárdio desempenhe de forma eficiente sua função de bomba, é fundamental que o
sangue oxigenado alcance a intimidade do seu tecido.
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Emergências Clínicas
vaso mais à frente. Quando isso ocorre, os tecidos que dependem desse fluxo de sangue,
privados de oxigênio, acabam morrendo. Quando esse processo ocorre nas artérias coro-
nárias, chamamos de doença coronária, que se resume no baixo suprimento de sangue
ao miocárdio. Inclui a angina de peito e o infarto agudo do miocárdio.
Situações de estresse emocional ou esforço físico fazem com que o coração traba-
lhe mais, exigindo maior fluxo de sangue pelas artérias coronárias para suprir o músculo
cardíaco. Quando as artérias coronárias se estreitam pela aterosclerose, não são capazes
de suprir o aumento da demanda de sangue pelo músculo cardíaco. O miocárdio, privado
de oxigênio, faz o paciente sentir dor. É a angina pectoris ou dor no peito.
A causa principal do IAM é a aterosclerose das coronárias, que pode ser desenca-
deada por esforço físico, situação de estresse, fadiga, mas também no repouso. A princi-
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
pal complicação do IAM é a alteração do ritmo cardíaco. Drogas, como a cocaína, podem
provocar IAM por espasmo do vaso.
● Falta de ar;
● Administrar oxigênio;
● Monitorização cardíaca;
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Emergências Clínicas
4. Dispinéia
O termo dispinéia significa respiração difícil. Não é uma doença primária, mas sur-
ge como conseqüência de condições ambientais, trauma e doenças clínicas, como, por
exemplo, obstrução das vias aéreas por corpo estranho, doenças pulmonares (bronquite
crônica e enfisema), condições cardíacas, reações alérgicas, pneumotórax, asma brônqui-
ca, etc.
Em qualquer das situações em que algo impeça o fluxo de ar pelas vias aéreas, o
paciente aumenta a freqüência e a profundidade da respiração. A dificuldade em suprir de
oxigênio a circulação pulmonar desencadeia hipóxia. Logo, o paciente pode estar cianóti-
co, forçando os músculos de pescoço, tórax e abdome (em criança observa-se batimento
da asa do nariz). Conforme haja agravamento do quadro, o paciente desenvolve parada
respiratória ou apnéia, inconsciência e parada cardíaca.
Quando não se trata de trauma, pode ser difícil para o socorrista identificar a causa
exata do problema. Informe-se junto ao paciente, à família e observe o ambiente ao redor.
Medicamentos utilizados são bons indícios para definir a causa. Repassar de imediato as
informações ao médico.
5. Síncope ou Desmaio
Caracteriza-se por qualquer tipo de perda de consciência de curta duração que não
necessite manobras específicas para a recuperação. O termo lipotimia tem sido utilizado
para designar episódio de perda incompleta de consciência. A causa fundamental da sín-
cope é a diminuição da atividade cerebral, podendo ser classificada em :
Mais freqüente, acontece devido à queda súbita da PA, por causa emocional, dor
súbita, esforço físico, ambiente lotado, cena de sangue, calor excessivo, etc.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
6. Coma
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Emergências Clínicas
● Primárias do cérebro
○ Trauma;
○ Neoplasias;
○ Convulsões.
● Sistêmicas ou secundárias
○ Estados carenciais.
● Sinais vitais:
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
O vaso pode ser obstruído por trombo ou êmbolo, ou sua luz comprimida por tumor
ou trauma. Como resultado, a função de parte do cérebro que depende do sangue oxige-
nado será afetada. A causa mais freqüente é a aterosclerose cerebral.
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Emergências Clínicas
● Mantê-lo aquecido;
● Administrar O2;
● Transportar ao hospital.
8. Crise Convulsiva
Quando a vítima apresenta crises convulsivas repetidas ao longo de sua vida ca-
racteriza-se então uma doença denominada epilepsia, que não é contagiosa.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A convulsão pode ou não ser precedida de algum sintoma que avisa que ela está
se iniciando. Logo a seguir, a crise se inicia com um grito que precede a perda súbita de
consciência e enrijecimento (fase tônica) do corpo seguido por movimentos tipo abalos
(fase clônica) das quatro extremidades, face e cabeça. Durante a crise a vítima pode
apresentar queda e se ferir, morder a língua ou ter perda de urina. A convulsão demora
em média três a cinco minutos e é seguida por um período de inconsciência. A consciên-
cia é recuperada aos poucos e o paciente pode apresentar dor de cabeça, vômitos e con-
fusão mental.
Se as crises duram muito tempo (crises prolongadas, ou crises seguidas sem recu-
peração de consciência) com duração igual ou superior a 30 minutos, se caracterizam
uma emergência clínica podendo nesse caso haver risco de morte e a vítima deverá ser
encaminhada ao hospital pois poderá ocorrer dano ao cérebro; são as chamadas crises
subentrantes ou estado de mal epiléptico. Porém, a maioria das crises não provoca dano
algum, pois são de curta duração e autolimitadas.
● Girar-lhe a cabeça para o lado. Visando a que a saliva não dificulte sua res-
piração – desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedylar;
● Não introduzir nada pela boca, não prender sua língua com colher ou outro
objeto (não existe perigo algum de o paciente engolir a própria língua);
● Não o agarre na tentativa de mantê-lo quieto. Não se oponha aos seus movi-
mentos apenas o proteja de traumatismos.
● Ficar ao seu lado até que a respiração volte ao normal ele se levante;
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Emergências Clínicas
O socorrista deve estar atento a essas pseudocrises que têm uma origem em alte-
rações emocionais e são desencadeadas por um desejo consciente ou inconsciente de
mais atenção e cuidados. Quando se analisa com cuidado o passado recente e remoto
dessas pessoas (incluindo crianças), freqüentemente existe história de abuso, negligência
ou conflitos muito intensos nas relações interpessoais. Muitas vezes, essas falsas crises
são muito parecidas com crises verdadeiramente epilépticas e é necessário o atendimen-
to por um especialista para fazer um diagnóstico certeiro.
9. Diabetes Mellitus
9.1. Definição
Uma vês que a célula não pode utilizar a glicose para produção de energia, ela
busca outra fonte de energia – a gordura. Entretanto, esta não é tão eficiente quanto a gli-
cose, além de produzir resíduos ácidos. Essa situação de acidose orgânica, caso não cor-
rigida de imediato, leva ao coma diabético – situação grave que necessita de atendimento
de emergência.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Geralmente de evolução lenta (até dias), iniciando por polidipsia, poliúria, vômito,
dor abdominal, respiração rápida e profunda, pulso rápido e fraco, alteração da consciên-
cia iniciando por confusão, estupor até coma.
○ se é portador de diabete;
○ condições alimentares;
○ uso de álcool;
Ocorre quando o nível de glicose no sangue está muito baixo. Rapidamente o açú-
car circulante entra nas células e não existe glicose suficiente para manter o suprimento
constante das células cerebrais. Sobrevém a inconsciência em questão de minutos.
Entre as causas principais, o paciente diabético que usou a insulina em dose maior
do que a desejada ou que não se alimentou adequadamente ou aquele que praticou exer-
cício físico em excesso.
● Administrar oxigênio.
- 321 -
Emergências Clínicas
● Administre oxigênio;
- 322 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 26
ROTINAS OPERACIONAIS
1. Introdução
- 323 -
Rotinas Operacionais
● Lesões por arma branca: Lesões provocadas por objetos cortantes e/ou
perfurantes - faca, navalha, punhal ou similares.
A Rotina Operacional iniciará com a primeira fase da ocorrência que é o aviso onde
se desencadeará inúmeras situações pertinentes ao atendimento pré-hospitalar desde o
sinistro ocorrido até o desfecho com a entrega da vitima no ambiente hospitalar para os
cuidados que se fizerem necessários para a manutenção da vida do paciente em questão
e regresso ao Posto de Bombeiros de origem.
1) Aviso da Ocorrência;
2) Triagem Médica;
3) Acionamento da Viatura;
7) Atendimento;
8) Encaminhamento ao Hospital;
9) Retorno ao Quartel.
3. Procedimentos e Funções
- 324 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
contexto da Rotina Operacional e a partir deste momento que há a mobilização dos meios
para que seja atendida a ocorrência propriamente dita.
2) Determinar rapidamente:
● A natureza da ocorrência;
- 325 -
Rotinas Operacionais
6) Orientar o solicitante quanto às ações simples que possam ser tomadas en-
quanto aguarda a chegada de socorro, em relação ao isolamento do local, mobili-
zação ou não da vítima e procedimentos básicos para liberação de vias aéreas e
controle de hemorragias.
3.2.1.2. Quedas
1) Tipo de queda? (do mesmo nível, de nível diferente, altura da queda, super-
fície sobra a qual caiu)
- 326 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.2.1.4. Agressão
3.2.1.5. Queimaduras
- 327 -
Rotinas Operacionais
1) Tipo de traumatismo?
Imediatamente após os registros e a coleta dos dados efetuados pelo Medico regu-
lador do SIATE atinentes à ocorrência inicia-se o acionamento da viatura de socorro com
a ciência do Chefe de Operações BM do COBOM/CIOSP, que obedecerá sempre que
- 328 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
possível uma questão lógica de estratégia em relação ao Posto de Bombeiros que melhor
estiver posicionado em relação à ocorrência.
● Vítima inconsciente;
● Ferimento por arma branca ou de fogo atingindo cabeça, pescoço, face, tó-
rax, abdome, ou com sangramento importante;
- 329 -
Rotinas Operacionais
● Vítima com pressão sistólica abaixo de 100 mmHg., com evidências de hipo-
perfusão periférica;.
- 330 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● A natureza da ocorrência;
● O número de vítimas;
2) Número de vítimas;
Código 1:
- 331 -
Rotinas Operacionais
Código 2:
Código 3:
Código 4:
● Vítima em óbito.
3) Sinais vitais de cada uma das vítimas: pressão arterial, freqüência de pulso,
freqüência respiratória, oximetria;
- 332 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.7. Atendimento
● Acidentes automobilísticos:
● Deformidade do volante;
● Direção do impacto;
● Deformidades do veículo;
● Ejeção de ocupantes.
● Quedas:
● Altura da queda;
● Ferimentos penetrantes:
● Calibre/velocidade do projétil.
● Queimaduras:
● Ambiente aberto/confinado;
● Substâncias/materiais queimados;
● Lesões associadas.
● Condições ambientais:
2) Se possível, investigar:
● História pregressa;
● Medicamentos em uso;
● Alergias;
- 333 -
Rotinas Operacionais
● Última refeição;
● Uso de álcool/drogas.
- 334 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Caso a vítima recuse atendimento, o Coordenador Médico deverá solicitar aos So-
corristas que investiguem na vítima:
- 335 -
Rotinas Operacionais
3.7.6. Estabilização
O transporte somente terá início após a estabilização da vítima e sua fixação ade-
quada na ambulância, salvo se houver orientação contrária do Médico regulador do SIA-
TE ou do Médico de Área do SIATE presente no local.
O Médico regulador do SIATE deverá ser cientificado se houver óbito da vítima du-
rante o transporte. O destino do corpo será determinado pelo Coordenado Médico.
- 336 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Após a vitima ser entregue ao Pronto Socorro a viatura esta pronta para mais um
acionamento para atender uma ocorrência, mas tal acionamento só poderá ser efetuado
caso a Viatura AA esteja realmente pronta para atender esta ocorrência. Muitos são os
motivos para que a viatura não esteja apta a atender novas solicitações, entre elas desta-
camos os mais comuns:
● Abastecimento.
- 337 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
CAPÍTULO 27
PREPARO DE MEDICAMENTOS E BIOSSEGURANÇA
As mais utilizadas são: solução salina isotônica (ou soro fisiológico) e solução de
ringer lactato.
- 338 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
1.5. Materiais
● Esparadrapo;
1.6. Método
1) Abrir o equipo e o frasco de solução, que deverá ser sempre límpida. - Intro-
duzir o equipo no frasco, cuidando sempre para não contaminá-los;
2) Retirar o ar, deixando o líquido escorrer pelo equipo até que todas as bolhas
tenham sido eliminadas, e pinçar o equipo com um dispositivo apropriado.
2. Controle de Infecção
- 339 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
São aquelas que reúnem mais pacientes graves, mais procedimentos invasivos e,
portanto, maior número de infecções, a saber: salas de cirurgia e parto, Unidade de Tera-
pia Intensiva, isolamentos, salas de pequenas cirurgias, laboratórios (ambulâncias algu-
mas vezes).
- 340 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
São todas as áreas hospitalares onde não há risco de infecção: almoxarifado, escri-
tórios, sala de aula, secretarias.
São todos aqueles que não entram em contato direto com o paciente ou os que
apenas entram em contato com pele íntegra, considerada uma barreira para a maioria dos
organismos virulentos. Estes artigos necessitam apenas de limpeza com água e sabão,
admitindo-se a presença de microorganismos em número baixo. Entretanto, artigos não-
críticos contaminados com agentes de doenças infecto-contagiosas requerem desinfec-
ção, mesmo que seu uso determine apenas limpeza.
- 341 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
Para tornar o meio séptico em meio asséptico são necessárias a limpeza, a desin-
fecção ou a esterilização dos artigos.
Limpeza: consiste na remoção de sujidade visível nos artigos por ação mecânica e
conseqüente retirada de carga microbiana. Estudos comprovam que a matéria orgânica é
capaz de diminuir a atividade dos desinfetantes; assim, os artigos devem estar limpos e
secos antes de submetidos aos desinfetantes ou ao processo de esterilização.
- 342 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
2.4.1. Limpeza
● Fricção mecânica com água, sabão, com auxílio de escova, pano, esponja;
2.4.2. Descontaminação
● Fricção com esponja, pano, escova etc. embebidos com produto para esta
finalidade;
2.4.3. Enxágüe
Para o enxágüe após a limpeza e/ou descontaminação, a água deve ser potável e
corrente.
2.4.4. Secagem
● Secadora de ar a quente/frio;
● Estufa.
- 343 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
2.4.5. Esterilização
2.4.5.2.1. Glutaraldeído
Materiais porosos, como os de látex, podem reter o glutaraldeído, caso não haja
bom enxágüe; não misturar artigos de metais diferentes, pois pode haver corrosão no
caso de contato entre eles.
- 344 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
2.4.5.2.2. Formaldeído
A esterilização por meio químico pode ser feita por processo gasoso, que utiliza o
óxido de etileno, meio bastante caro.
2.4.6. Desinfecção
Os produtos são:
● Glutaraldeído;
● Formaldeído;
● Álcool etílico;
- 345 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
● Solução de iodo;
● Fenol sintético;
2.4.7. Estocagem
As superfícies fixas (pisos, paredes, tetos, portas, mobiliários) não representam ris-
co significativo de transmissão de infecção.
A descontaminação pode ser feita das seguintes formas: (hipoclorito de sódio 1%,
1 ° minutos).
1) - com uso de luvas, retirar o excesso da carga contaminante com papel ab-
sorvente; desprezar o papel em saco plástico de lixo;
4) - proceder a limpeza.
- 346 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Rotina para uso: lavar a superfície com água e sabão antes de usar o álcool, quan-
do houver presença de sangue, fezes ou pus. Friccionar com álcool o local por 30 segun-
dos.
Rotina para uso: lavar as mãos com água e sabão, enxaguar em água corrente, en-
xugar e friccionar as mãos com álcool glicerinado por 30 segundos.
- 347 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
Em sua forma mais simples, essa higiene consiste em abrir a torneira e friccionar
toda a superfície das mãos, inclusive entre os dedos, por 30 segundos; remover os detri-
tos depositados sob as unhas; enxaguar em água corrente; enxugar em toalha limpa de
papel; fechar a torneira com o papel toalha. Na higiene das mãos, podemos utilizar solu-
ções detergentes. Sabão em pedra deve ser conservado seco.
Realizar a higiene das mãos antes e após o atendimento de cada vítima, antes do
manuseio de material esterilizado, antes de alimentar-se, após defecar, urinar ou assoar o
nariz.
Faz-se anti-sepsia após o ato de lavar e secar as mãos, friccionando álcool 70%
glicerinado por 30 segundos.
3. Doenças Infecciosas
Nos países industrializados, cerca de 70% das mortes decorrem de doenças dege-
nerativas e acidentes. No entanto, nos países em desenvolvimento, as doenças infeccio-
sas e parasitárias figuram como as principais causas de morte.
- 348 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
- 349 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
● Lavar as mãos;
● Aventais;
● Máscaras;
● Luvas;
● Óculos de proteção;
3.3.1. Hepatite
Causada por vírus. Embora com baixo índice de mortalidade, sua importância se
deve à fácil transmissão, morbidade e ao prolongado afastamento de escola e trabalho.
3.3.1.1. Hepatite A
3.3.1.2. Hepatite B
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.3.2. Meningite
Sinais/Sintomas:
● Os sintomas da meningite viral geralmente têm início súbito: febre alta, rigi-
dez na nuca, mialgias e artralgia. Dura cerca de 3 a 5 dias, com seqüelas neuroló-
gicas graves, duradouras e incomuns.
- 351 -
Preparo de Medicamentos e Biossegurança
A infecção pelo HIV evolui lentamente, durante anos, período que varia de uma
pessoa para outra.
● Leite materno.
● Diarréia freqüente;
- 352 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Tosse seca, com duração maior do que aquela que acompanha resfriados e
diferente da provocada pelo hábito do cigarro;
- 353 -
Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas
CAPÍTULO 28
1. Introdução
É fácil concluir que um acidente pode ser uma catástrofe ou um evento normal, de-
pendendo da capacidade de resposta dos órgãos atuantes.
- 354 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ser enorme, com quebra de toda a estrutura da comunidade, a ajuda muitas vezes é de-
morada, há um número grande de vítimas com lesões por esmagamento, presas em es-
combros que necessitam de atendimento pré-hospitalar e hospitalar de urgência.
As catástrofes provocadas pelo homem são os acidentes com trens, explosões, in-
cêndios, acidentes com materiais tóxicos ou radioativos, guerras, entre outros.
No nosso país, onde temos como principais catástrofes naturais as enchentes, nor-
malmente não se faz necessário o atendimento pré-hospitalar devido aos danos serem
basicamente materiais, os serviços de atendimento pré-hospitalares atuam, na grande
maioria das vezes, em catástrofes provocadas pelo homem e acidentes com múltiplas víti-
mas.
Diante dessas situações ocorre uma incapacidade dos serviços de lidarem com
esse problema, havendo, desta forma, necessidade de se estar preparado e treinado para
atender esses acidentes.
Para que estes três princípios básicos sejam plenamente atendidos é necessário
que haja comando, comunicação e controle, que são pontos capitais, indispensáveis
para o sucesso do atendimento.
- 355 -
Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas
3. Triagem
A triagem consiste numa avaliação rápida das condições clinicas das vítimas para
estabelecer prioridades de tratamento médico. É uma tática que determina prioridades de
ação que, quando bem utilizada, determina sucesso na diminuição da mortalidade e mor-
bidade das vítimas de acidentes coletivos.
- 356 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Vítimas que não apresentam risco de vida imediato; necessitam de algum tipo de
tratamento no local enquanto aguardam transporte ao hospital.
Vítimas em óbito ou que não tenham chance de sobreviver; não respiram, mesmo
após manobras simples de abertura da via aérea.
Na área destinada às vítimas com Cartão Vermelho vão todos os pacientes com
risco de vida imediato e que terão uma evolução favorável se os cuidados médicos forem
iniciados imediatamente. Aqui também irão os pacientes que necessitam de um transporte
rápido até o hospital para serem estabilizados no centro cirúrgico.
● Choque;
- 357 -
Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas
● Amputações.
● Lesões arteriais;
● Hemorragia Severa;
● Queimaduras em face;
● Lesões intra-abdominais;
● Insuficiência Respiratória;
● Pneumotórax Hipertensivo
Na área destinada às vítimas com Cartão Amarelo vão aquelas vítimas que neces-
sitam de algum atendimento médico no local e posterior transporte hospitalar, porém que
não possuem risco de vida imediato.
● Fraturas;
● Queimaduras menores;
Na área destinada às vítimas com Cartão Verde vão as vítimas que apresentam
pequenas lesões, geralmente estão sentadas ou andando, sem risco de vida e que po-
dem ser avaliadas ambulatorialmente. São os pacientes que causam mais problemas na
cena do acidente, geralmente estão com dor e em estado de choque e tendem a ser pou-
co cooperativos. Não entendem o fato de estarem agrupados numa certa área recebendo
cuidados mínimos. É extremamente importante um apoio psicológico para manter essas
vítimas nessas áreas, pois do contrário elas tendem a deixar o local, indo sobrecarregar o
hospital mais próximo.
● contusões;
● hematomas;
- 358 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● escoriações;
● pequenos ferimentos.
Na área destinada às vítimas com Cartão Preto vão as vítimas em óbito. Naquelas
situações em que há um desequilíbrio entre os recursos médicos e o número de vítimas,
todos os pacientes com traumatismos severos, com poucas chances de sobrevida, tam-
bém vão para essa área de prioridade.
São os pacientes:
● em óbito;
5. Técnica START
Nesta técnica, como acima descrito, cabe à primeira guarnição que chega no local
do acidente, procurar congelar a área e iniciar a triagem preliminar, enquanto solicita
apoio, visando salvar o maior número de vítimas de óbito iminente. Assim os socorristas
deverão realizara a triagem observando a RESPIRAÇÃO, PERFUSÃO e NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA.
5.1. Respiração
Vítimas com menos de 30 movimentos respiratórios por minuto não são classifica-
das nesse momento, deve-se avaliar a perfusão.
5.2. Perfusão
Se a cor retornar dentro de 2 segundos a vítima não é classificada até que se ava-
lie o nível de consciência.
- 359 -
Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas
O cartão VERDE é usado para os pacientes que estejam andando, ou que não se
enquadre em numa das situações acima.
RESPIRA
N S
ENCHIMENTO
CAPILAR
RESPIRA? VERMELHO
N >2 <2
S
ÓBITO
VERMELHO RESPONDE
VERMELHO
ORDENS SIMPLES
N S
VERMELHO AMARELO
Define uma área segura de coleta das vítimas e as quatro áreas de prioridades,
próximas ao local do acidente, designando responsáveis para cada área.
- 360 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Deve haver um Bombeiro Militar responsável pela chegada e organização das am-
bulâncias que devem ficar à distância do ponto de triagem e atendimento, de modo a re-
ceber somente vítimas por ordem do Coordenador Médico. Este Bombeiro Militar contro-
lará o fluxo de entrada e saída dos veículos sem que haja congestionamento, garantindo
que nenhuma ambulância deixe o local sem a liberação da Coordenação Operacional,
promovendo a aproximação das ambulâncias somente quando forem solicitadas para rea-
lizar o transporte, além de impedir que vítimas que estejam andando sejam atendidas no
interior das ambulâncias sem passar pela triagem.
● congelar a área;
- 361 -
Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas
Hospitais
Defesa Civil
CENTRAL DE Outros Serviços de
OPERAÇÕES Emergência
Secretarias de Saúde
COMANDANTE DA ÁREA
DO ACIDENTE
COMUNICAÇÃ
COORDENADOR COORDENADOR
MÉDICO OPERACIONAL
- Ch Área Tratamento
- Ch. Isolamento
- Médicos
- Policiais
- Socorristas
- Enfermeiros
- Voluntários
- Ch. Logística
CHEFE DA ÁREA - Bombeiros
- Socorristas
CHEFE DA ÁREA - Enfermeiros
CHEFE DA ÁREA - Voluntários
CHEFE DA ÁREA
- Ch. Transporte
- Ambulâncias
- Helicópteros
- Outros
- 362 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 29
PRODUTOS PERIGOSOS
1. Introdução
Produtos perigosos são substâncias que podem vir a causar dano à saúde huma-
na, à um bem material ou ao meio ambiente. Podem ser do tipo radioativa, química ou bi-
ológica. Apesar do nome, “produto perigoso”, eles são amplamente usados para facilitar a
vida moderna com usos tão antagônicos quanto a medicina e a construção de armas nu-
cleares.
Para o socorrista é importante ter uma noção geral dos riscos envolvendo produtos
perigosos, procedendo de maneira a garantir a sua segurança e a da vítima e não condu-
zir o resíduo para dentro da ambulância e do hospital, aumentando o número potencial de
vítimas.
2. Classificação
Classe 1 Explosivos
Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa
Subclasse 1.2 Substâncias e artefatos com risco de projeção
Subclasse 1.3 Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo
Subclasse 1.4 Substâncias e artefatos que não apresentam risco significante
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis
Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis
- 363 -
Produtos Perigosos
Classe 2 Gases
Subclasse 2.1 Gases inflamáveis
Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis
Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação
- 364 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
- 365 -
Produtos Perigosos
● Lesão radiológica.
4. Seqüência do Atendimento
4.1. Identificação
- 366 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Todos os produtos perigosos exigem uma certa proteção para se entrar em conta-
to. Não sendo possível identificar o produto use sempre o equipamento de proteção máxi-
ma. Os EPIs para proteção contra produtos perigosos é dividida da seguinte forma:
● Nível A: proteção máxima para vias aéreas, olhos e peles, ou seja nenhum
contato com a substância, e o que se chama de vestimenta encapsulada.
● Nível B: proteção máxima para vias aéreas e olhos, mas menor proteção para
a pele.
● Nível C: proteção para pele e olhos com menor exigência para proteção de
vias aéreas.
O processo de contenção e controle dos produtos perigosos deve ser realizado as-
sim que estabelecido a zona quente e a equipe estiver equipada. Isto se faz necessário
para evitar que a situação piore a partir da chegada do serviço de emergência e venha a
atingir um maior número de vítimas ou uma área maior.
- 367 -
Produtos Perigosos
4.5. Descontaminação
2º - A vítima não sai do local sem antes passar pelo processo de descontaminação.
- 368 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 30
EMERGÊNCIAS GERIÁTRICAS
1. Introdução
- 369 -
Emergências Geriátricas
Ao longo dos últimos anos tem-se ainda observado um aumento no número de ido-
sos vítimas de crimes, que ocorrem tanto em casa como nas ruas.
- 370 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
2.4.1. Visão
2.4.2. Audição
É o que sofre mais mudanças com a diminuição da função. Caixa torácica diminui,
assim como todos os músculos ligados à respiração. As costelas ficam menos móveis e
as articulações costais se calcificam. Menor ação dos cílios, dilatação dos bronquíolos e
diminuição do número de alvéolos. Reflexo da tosse e sua eficiência diminui. Essas mu-
danças resultam em:
● Menor profundidade da respiração;
● Menor ventilação;
● Menor capacidade vital;
● Menor oxigenação de todos os tecidos do corpo.
- 371 -
Emergências Geriátricas
- 372 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A coluna vertebral muda por inteiro com a idade pelos efeitos da osteoporose (per-
da óssea) e da calcificação dos ligamentos de suporte. Esta calcificação causa redução
da amplitude de movimentos e estreitamento do canal medular, o que coloca estes doen-
tes em alto risco para lesões medula-
res, mesmo nos traumas menos com-
plexos. A coluna tóraco-lombar tam-
bém degenera progressivamente e a
combinação da osteoporose e altera-
ções da postura leva ao aumento das
quedas. O socorrista deve ter alto nível
de suspeita para lesões raquimedula-
res durante a avaliação do doente, pois
mais de 50% das fraturas por compres-
são vertebral são assintomáticas.
Fig 30.4 – Curvatura da coluna
Redução dos níveis de filtração pelos rins (os rins diminuem de tamanho e perdem
a capacidade de concentrar urina, especialmente à noite) e redução da capacidade de ex-
creção. Estas alterações devem ser consideradas quando se administra drogas depura-
das pelos rins. A perda crônica da função renal, que habitualmente é encontrada no idoso,
contribui para a deterioração da saúde geral do doente e sua capacidade de resistir ao
trauma.
- 373 -
Emergências Geriátricas
3. Avaliação
4. Mecanismo do Trauma
4.1. Quedas
De acordo com Brunner; Suddarth (2000) os acidentes estão em sétimo lugar como
causa de óbito entre as pessoas idosas. As quedas ameaçam a saúde e a qualidade de
vida. As conseqüências normais e patológicas do envelhecimento contribuem para a mai-
or incidência de quedas. As alterações visuais, como perda de percepção de profundida-
de, suscetibilidade a maior intensidade da luz, perda de acuidade visual e dificuldades de
acomodação à luz, os déficits neurológicos incluindo a perda do equilíbrio, do sentido de
posição e tempo maior de reação aos problemas cardiovasculares decorrentes de hipóxia
cerebral e hipotensão postural, as alterações cognitivas e muscoloesqueléticas. Muitos
medicamentos e álcool podem causar tonteiras e falta de coordenação. Em relação às fra-
turas, os fatores de risco mais importantes são as quedas e a redução de massa óssea. A
diminuição da massa óssea deve-se a três causas: baixo pico de massa óssea na idade
adulta, resultante de fatores genéticos, ingestão insuficiente de cálcio e falta de exercíci-
os.
- 374 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
De acordo com PHTLS (2004) as agressões violentas são responsáveis por 10%
das admissões de idosos traumatizados. A necessidade de cuidado contínuo pode predis-
por uma pessoa idosa ao abuso por parte do cuidador.
4.4. Queimaduras
Em função da atrofia cerebral, uma hemorragia subdural pode existir com achados
clínicos mínimos. O trauma cranioencefálico associado ao choque hipovolêmico resulta
em taxa de mortalidade mais alta.
- 375 -
Emergências Geriátricas
5. Tratamento
Geralmente as dentaduras devem ser mantidas no local para garantir uma melhor
vedação ao redor da boca com a máscara. Contudo, próteses dentárias parciais (pontes)
ou quebradas devem ser removidas, pois durante uma emergência podem ser deslocadas
e causar obstrução total ou parcial das vias aéreas.
5.2. Respiração
5.3. Circulação
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A freqüência cardíaca não é bom indicador de trauma no idoso em função dos efei-
tos de medicamentos e da inadequada resposta do coração às catecolaminas circulantes
(epinefrina). Informações quantitativas ou sinais clínicos não devem ser usados de forma
isolada de outros achados.
- 377 -
Emergências Geriátricas
5.6. Imobilização
Ao colocar o colar cervical em uma vítima idosa com cifose grave, o socorrista deve
assegurar que o colar não comprima as vias aéreas ou as artérias carótidas. Meios me-
nos tradicionais de imobilização, como uma toalha enrolada e coxins para a cabeça, po-
dem ser cogitados, se os colares cervicais padrão forem inapropriados.
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
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