Departamento de Matemática
Apontamentos de Matemática I
Cursos: Economia, Marketing e Gestão
♦♦
1
Capı́tulo 1
f : A→ B
x 7→ y = f (x)
1
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 2
1. |x| = | − x|
2. |x|2 = x2
√
n
√
3. xn = |x|, com n par. ( Em particular, x2 = |x|)
5. |x.y| = |x|.|y|
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 3
¯ ¯
¯ x ¯ |x|
6. ¯¯ ¯¯ = , se y 6= 0
y |y|
7. |x| = a ⇔ x = −a ∨ x = a
8. |x| ≤ a ⇔ x ≤ a ∧ x ≥ −a ⇔ −a ≤ x ≤ a
9. |x| ≥ a ⇔ x ≥ a ∨ x ≤ −a
Exemplo 1.1.7.
Definição 1.1.9. Um zero de uma função é todo o objecto que tem imagem nula.
Nota 1.1.10. Graficamente, os zeros podem ser vistos onde a representação gráfica
da função intersecta o eixo das abcissas (eixo dos xx).
|x| = 0 ⇔ x = 0, ∀x ∈ IR.
y = g(x) ⇔ x = f (y).
f
4. A divisão de f com g é a função representada por em que:
g
(a) a
µ expressão
¶ analı́tica é a quociente das expressões analı́ticas de f e g:
f f (x)
(x) =
g g(x)
(b) D f = Df ∩ Dg ∩ {x ∈ IR : g(x) 6= 0}
g
sendo
Df ◦g = {x ∈ IR : x ∈ Dg ∧ g(x) ∈ Df } .
Exercı́cios 1.1.18.
1. Considere as funções
f : IR \ {0} → IR g : IR \ {−1} → IR
2 e 1 .
x 7→ x 7→
x x+1
Prove que f ◦ g 6= g ◦ f .
2. Considere as funções
f : IR → IR g : IR → IR
e .
x 7→ |x| x 7→ 2x + 3
µ µ ¶¶
2
(a) Calcule g f − .
3
2
f ◦ g lê-se “f após g”ou “g seguida de f ”.
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 7
(c) Caracterize g ◦ f.
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 8
Definição 1.2.1. Uma função polinomial é uma função cuja expressão analı́tica
é dada por:
an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 ,
ax2 + bx + c = 0.
ax2 + bx + c ≥ 0 e ax2 + bx + c ≤ 0.
x 7→ ax2 + bx + c, a 6= 0.
Exercı́cio 1.2.3.
(b) x2 − 1 ≤ 0
(c) 9x = x2
Definição 1.2.4. Uma função exponencial de base a é uma função cuja ex-
pressão analı́tica é uma expressão onde a variável (independente) surge no expoente:
f : IR → IR
x 7→ ax , com a > 0 e a 6= 1
Representação gráfica:
y y
6 6
1 1
- -
0 x 0 x
função é uma função exponencial com base e > 1 e por isso é estritamente crescente.
Do mesmo modo, mas para expressar o decréscimo nestas situações, é frequente
¡ ¢
recorrer à função g(x) = e−x = ( 1e )x . Mais uma vez, note-se que 1e < 1 e por isso
g(x) = e−x é estritamente decrescente.
Propriedades Exemplos
ax × ay = ax+y 23 × 25 = 23+5 = 28
ax 39
= ax−y = 39−5 = 34
ay 35
(ab)x = ax × bx 34 × 24 = (3 × 2)4 = 64
x
√ √ √
a y = y ax
2 3 3
83 = 82 = 64 = 4
1x = 1 1200 = 1
a0 = 1 546510 = 1
µ ¶x
−x 1 1 1 1
a = x = 2−3 = =
a a 23 8
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 12
Exercı́cios 1.2.8.
f : x 7→ 1 − 72−x.
i. f (x) = 2
log2 8 = 3
Em geral,
y = ax ⇔ x = loga y, a > 0 e a 6= 1
Definição 1.2.10. Uma função logarı́tmica de base a é uma função que a cada
x faz corresponder o seu logaritmo na base a.
f : IR+ → IR
x 7→ loga x, com a > 0 e a 6= 1
Representação gráfica:
y y
6 6
1 - 1 -
0 x 0 x
Nota 1.2.11.
x = log10 y = log y.
x = loge y = ln y.
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 15
Propriedades Exemplos
loga xy = loga x + loga y log10 (100 × 1000) = log10 100 + log10 1000 = 2 + 3 = 5
x 10000
loga = loga x − loga y log10 = log10 10000 − log10 100 = 4 − 2 = 2
y 100
loga a = 1 ln e = 1
loga 1 = 0 ln 1 = 0
aloga x = x eln 7 = 7
loga ax = x ln e34 = 34
logb x ln(x)
loga x = log2 x =
logb a ln(2)
Exercı́cios 1.2.14.
1. Simplifique as expressões:
(a) A = ln e + ln e2 + ln e3
µ ¶
1
(b) B = ln e − ln
e
√
(c) C = ln(e 2) + ln 3 + ln(27e) − ln(9e3 )
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 16
(a) log x = 0
(b) log 1 x2 = 4
2
3. Considere a função:
x 7→ g(x) = 1 + ln(2 − 3x)
e determine:
3
Definição 1.3.2. Seja a um ponto de acumulação do domı́nio D da função
f : D ⊂ IR −→ IR. Diz-se que b ∈ IR é limite de f no ponto a (ou quando x
tende para a), e escreve-se lim f (x) = b se,
x→a
conclui-se que existem duas formas de aproximação para o ponto 0, por valores à
direita de 0 ( x → 0+ ) ou por valores à esquerda de 0 ( x → 0− ). Consequentemente,
tem-se
lim g(x) = 1 e lim g(x) = −1.
x→0+ x→0−
1
|x| se x > 0
Observação 1.3.3. Repare-se que g(x) = =
x
−1 se x < 0.
Exercı́cio 1.3.5.
1. Calcule:
(a) lim ex ;
x→+∞
(b) lim ex ;
x→−∞
(c) lim ln x;
x→+∞
(d) lim+ ln x;
x→0
Formas indeterminadas
0 ∞
0.∞ ∞−∞ 1∞ ∞0 00
0 ∞
Limites notáveis
sen x
1. lim =1
x→0 x
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 21
tg x
2. lim =1
x→0 x
ex − 1
3. lim =1
x→0 x
ln(1 + x)
4. lim =1
x→0 x
ln x
5. lim =0
x→+∞ x
ex
6. lim = +∞
x→+∞ x
µ ¶x
k
7. lim 1 + = ek
x→∞ x
Exercı́cios 1.3.7.
−3x + 1
se x > −1
f (x) = x2 + 2
2x2 − 3k se x ≤ −1; k ∈ IR.
|x|
3. Calcule lim .
x→−∞ x + 1
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 22
4. Mostre que
e3x − 1 3
(a) lim =
x→0 5x 5
e2x − e4x
(b) lim = −2
x→0 x
ln(x + 1)
(c) lim =0
x→+∞ x2
sen (x − 1) 1
(d) lim =
x→1 x2 − 1 2
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 23
2 −x
Exemplo 1.3.16. A função h, definida por h(x) = ex é contı́nua em IR, pois
resulta da composição de funções contı́nuas em IR:
Se f (x) = x2 − x (contı́nua em IR, pois é uma função polinomial) e g(t) = et
(contı́nua em IR, pois é uma função exponencial), então:
2 −x
h(x) = (g ◦ f )(x) = g(x2 − x) = ex .
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 25
Exercı́cios 1.3.17.
µ ¶
1
(x − 1) ln se x > 1
x−1
f (x) = 2x2 − 3k se 0 ≤ x ≤ 1
x
1 − e
se x < 0.
x−1
Estude a continuidade da função f nos pontos de abcissas x = 1 e x = 0.
1.4 Derivação
Considere-se a curva que é o gráfico de uma função contı́nua f . Sejam P (a, f (a)) e
Q (a + h, f (a + h)) dois pontos do gráfico de f , onde h é o deslocamento no eixo das
abcissas, ocorrido do ponto P ao ponto Q. A recta que passa por P e Q é secante
f (a + h) − f (a)
,
h
diz-se que k é o limite da razão incremental com h a tender para zero, isto é,
f (a + h) − f (a)
k = lim .
h→0 h
Se o limite da razão incremental existir e for finito, e a função f for contı́nua no
ponto a, então a recta tangente à curva y = f (x) no ponto (a, f (a)), será dada por:
y = 2x − 1.
ou, fazendo x = a + h,
f (x) − f (a)
lim .
x→a x−a
df
Denota-se a derivada de f no ponto a por f 0 (a) ou (a). Se f tem derivada
dx
finita em x = a diz-se que f é diferenciável em a.
Interpretação geométrica
Há, por vezes, pontos do domı́nio de uma função onde o estudo da diferenciabil-
idade exige que se determinem os limites laterais da razão incremental. Chamam-se
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 29
Exemplos 1.4.5.
0 − g(x) − g(2) x2 − 4
g (2 ) = lim− = lim− = lim− (x + 2) = 4;
x→2 x−2 x→2 x − 2 x→2
Notas 1.4.8.
1. Uma função pode ser contı́nua num dado ponto e não ter derivada nesse ponto.
Por exemplo f (x) = |x| e o ponto 0.
Regras de Derivação
1 1
g 0 (b) = = .
f 0 (a) f 0 (g(b))
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 32
Regra Exemplo
(k)0 = 0, ∀k ∈ IR (2)0 = 0
0
(f k )0 = kf k−1 f 0 , ∀k ∈ IR (x3 ) = 3x2
¡√ ¢0 f0 ³√ ´0 3x2
n
f = p , ∀n ∈ N x 3 = √
n n f n−1 2 x3
0
(kf )0 = kf 0 , ∀k ∈ IR (5x3 ) = 5 × 3x2 = 15x2
³ ´0
x4 4
f 0 0 f
(a ) = f a ln a 2 = 4x3 2x ln 2
0
(f g )0 = gf g−1 f 0 + g 0 f g ln f (x3x ) = 3x.x3x−1 .1 + 3x3x ln x = 3x.x3x−1 + 3.x3x ln x
³ 2
´0 2
(ef )0 = f 0 ef ex = 2xex
f0 ex 1
(loga f )0 = (log3 ex )0 = =
f ln a ex ln 3 ln 3
f0 5 1
(ln f )0 = (ln 5x)0 = =
f 5x x
f0 0 2e2x
(tg f )0 = (tg e2x ) =
cos2 f cos2 e2x
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 33
Regra Exemplo
0 0
(f + g)0 = f 0 + g 0 (2x + x5 ) = (2x)0 + (x5 ) = 2 + 5x4
Exercı́cios 1.4.12.
1.5 Diferencial
Se a função for diferenciável no ponto a, então podemos, na vizinhança daquele
ponto, aproximar a função pela recta tangente à função no ponto. Se fizermos isso, o
erro de aproximação no ponto x, f (x)−y é muito pequeno em relação ao afastamento
do ponto x ao ponto a, desde que o ponto x esteja perto do ponto a.
e
df = f 0 (a)∆x.
df (x) = dx = 1.∆x.
df (a) = f 0 (a)dx .
∆f ≈ df,
isto é
f (a + dx) ≈ f (a) + f 0 (a)dx .
f 0 (x) f (x)
então, se existir lim 0
, também existe lim e estes limites são iguais.
x→a g (x) x→a g(x)
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→c g(x) x→c g (x)
Exemplo 1.5.4.
sen x
Seja h a função definida por h(x) = . Ao calcular lim f (x) encontra-se a
x x→0
0
indeterminação . Sendo f (x) = sen x e g(x) = x, estamos nas condições da regra
0
de Cauchy. Como
f 0 (x)
lim 0 = lim cos x = 1,
x→0 g (x) x→0
Notas 1.5.5.
g
f g = eln f = eg ln f .
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 38
Exercı́cio 1.5.6.
Calcule:
1
1
1. lim− e x
x→0 x
ln x
2. lim
x→+∞ 2x + 1
4. lim+ xx
x→0
Capı́tulo 1. Generalidades sobre funções reais de uma variável real 39
Exemplo 1.5.8. As funções f (x) = cos x, g(x) = sen x e h(x) = ex são de classe
C ∞ em IR.
Pontos de extremo
|x| ≥ 0, ∀x ∈ IR.
Teorema 1.5.13. Se duas funções, f e g, têm derivadas iguais num mesmo inter-
valo ]a, b[, então f − g = k (k constante)
Exercı́cio 1.5.19.
(c) Verifique que, para a produção x0 (a que minimiza o custo médio), o custo
C(x0 )
médio é igual ao custo marginal, ou seja, = C 0 (x0 ).
x0
5 C(x)
Note que CM = .
x
Capı́tulo 2
2.1 Primitivação
Definição 2.1.1. Sejam f e F duas funções definidas num intervalo I. Diz-se que
F é uma primitiva de f se F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ I.
Exemplos 2.1.2.
2. Como (sen x)0 = cos x tem-se que sen x é uma primitiva de cos x.
44
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 45
Teorema 2.1.10. Seja f uma função primitivável num intervalo I. Então, para
cada a ∈ I e cada b ∈ IR, existe uma, e uma só, primitiva F de f tal que F (a) = b.
Exercı́cio 2.1.11.
1
Sabendo que para x > 0, f 0 (x) = e f (e) = 2, determine f .
x
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 46
Regra Exemplo
f α+1 x4
P (f α f 0 ) = + c, α 6= −1 P (x3 ) = +c
α+1 4
µ ¶ µ ¶
f0 2x
P = ln |f | + c P = ln |x2 + 1| + c
f x2 + 1
¡ ¢ ³ ´
0 f f x2 2
P fe =e +c P 2xe = ex + c
µ ¶ µ ¶
0 1 1 1 1 1
P f tg f = +c P tg (ln x) = +c
cos f cos f x cos(ln x) cos(ln x)
µ ¶ µ ¶
0 1 1 1 1 1
P f cotg f =− +c P cotg (ln x) = − +c
sen f sen f x sen (ln x) sen (ln x)
Exercı́cios 2.1.12.
1. Calcule:
(a) P (x2 + x + 1)
1
(d) P √ 3
5x
x+2
(e) P 2
x + 4x
1
(f ) P
x ln x
ex+2
(g) P
1 + ex
(h) P e5x
1
ex
(i) P 2
x
(j) P cos(4x)
2x
(k) P
1 + 2x2
√
2. Sabendo que f 0 (x) = x x e f (1) = 2, determine f .
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 48
P (f 0 g) = f g − P (f g 0 )
A escolha das funções f 0 e g pode ser feita segundo as seguintes regras práticas:
Exemplo 2.1.14. µ 2 ¶
x2 x 1
P (x ln x) = ln x − P Cálculos auxiliares:
2 2 x
x2 1 1
= ln x − P x g(x) = ln x ⇒ g 0 (x) =
2 2 x
x2 x2 x2
= ln x − +c f 0 (x) = x ⇒ f (x) = P x =
2 4 2
função a primitivar
p(x).sen x sen x
p(x). cos x cos x
p(x).ex ex
p(x). ln x p(x)
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 49
Exemplo 2.1.15.
P (xsen x) = −x cos x − P (− cos x)
= −x cos x + P cos x
= −x cos x + sen x + c
Cálculos auxiliares:
g(x) = x ⇒ g 0 (x) = 1
f 0 (x) = sen x ⇒ f (x) = P sen x = − cos x
Exemplo 2.1.16.
P ln2 x = P ln2 x.1
1
= x ln2 x − P (2x ln x)
x
2
= x ln x − 2P ln x
= x ln2 x − 2(x ln x − x) + c (exo )
Cálculos auxiliares:
1
g(x) = ln2 x ⇒ g 0 (x) = 2 ln x
x
f 0 (x) = 1 ⇒ f (x) = P 1 = x
1
P (f 0 g) = f g.
2
ex sen x + ex cos x
P (ex cos x) = + c.
2
Cálculos auxiliares I:
g(x) = ex ⇒ g 0 (x) = ex
f 0 (x) = cos x ⇒ f (x) = P cos x = sen x
Exercı́cio 2.1.19.
(a) f (x) = x5 ln x
f 0 (x) = 4x ln x e f (−1) = 1.
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 51
dF d dF dx
= f (x) = f (g(t)) ⇒ F (g(t)) = = f (g(t)).g 0 (t)
dx dt dx dt
ln x
Exemplo 2.1.21. Calcule P , com x = et
x
ln x ln et
P = P t et (I)
x e
= Pt
t2
= + c (II)
2
ln2 x
= + c (III)
2
Cálculos auxiliares:
x = et ⇒ t = ln x
dx
= et ⇒ dx = et dt
dt
Exercı́cio 2.1.22.
Usando a substituição indicada, calcule:
x+1
1. P √ ; x = t2
x
1
2. P ; ex = t
ex + e−x
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 53
N (x)
x 7→ ,
D(x)
Exemplo:
x
x 7→ f (x) =
x2 − 5x + 6
N (x) R(x)
= Q(x) + ,
D(x) D(x)
µ ¶
N (x) 1 A1 A2 An
= + + ··· +
D(x) a x − α1 x − α2 x − αn
onde A1 , A2 , . . . , An representam constantes que se podem calcular
pelo método dos coeficientes indeterminado ou com a regra prática
(Regra do Tapa).
ii. se o denominador D(x) tiver uma raiz real α com multiplicidade k,
então as fracções simples correspondentes a esta raiz na decomposição
N (x)
de são:
D(x)
N (x) A1 A2 An
= + 2
+ ··· +
D(x) x − α (x − α) (x − α)k
N (x) A 1 + B1 x A2 + B2 x A k + Bk x
= + 2 + ··· + .
D(x) 2
(x − a ) + b 2
[(x − a2 ) + b2 ] [(x − a2 ) + b2 ]k
Exercı́cio 2.1.23.
Calcule:
4x2 + x + 1
1. P
x3 − x
2x3 + 5x2 + 6x + 2
2. P
x(x + 1)3
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 55
x5
3. P
16 − x4
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 56
Z b
f (x) dx = [F (x)]ba = F (b) − F (a)
a
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 57
Exemplos 2.2.3.
Z 1 · 4 ¸1
3 x 1 1
1. x dx = = −0=
0 4 0 4 4
2.
Z 2 Z
2x 1 2 2x
e dx = 2e dx
1 2 1
1 2x 2
= [e ]1
2
1 4
= (e − e2 )
2
Propriedades
Z b Z b Z 1 Z 1
1 1 1
(kf )(x) dx = k f (x) dx, k ∈ IR 2
dx = dx =
a a 0 2 + 2x 2 0 1 + x2
Z b Z a Z 1 Z −3
1 1
f (x) dx = − f (x) dx dx = − dx =
a b −3 x2 1 x2
Z b Z 4
k dx = k(b − a), k ∈ IR 1 dx = 4 − 2 = 1
a 2
Z a Z 0
f (x) dx = 0 cos x dx = 0
a 0
Z b Z b Z e Z e
1 1
f (x) dx = f (z) dz dx = dz =
a a
√
e x √
e z
Z b Z c Z b Z 3 Z 2 Z 3
4 4
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx x dx = x dx + x4 dx =
a a c 1 1 2
c ∈ [a, b]
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 58
Exemplo
Z e 2.2.5. · ¸e Z e
x2 1
x ln x dx = ln x x dx − 2
√3 e 2 √
3
√
3e
¸
2 e
e ·
e2 √
3 2
e √ 1 x
= − 2 ln e − 2
3
2 2 √ 3e
e 2 √
3 2 √
− 6e − 14 (e2 − e2 )
3
=
22
e √
3 2 e2 √
3 2
= − 6e − + 3 4e
2 √ 3
4
3e2 + 7 e2
=
12
Z 1
e2x
Exemplo 2.2.7. Calcule dx.
0 (ex − 1) + (e2x + 1)
x = 1 ⇒ t = e1 = e
x = 0 ⇒ t = e0 = 1.
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 59
1
Como φ0 (t) = , então
t
Z 1 Z e
e2x t2
dx = dt
0 (ex − 1) + (e2x + 1) 1 t−1+t −1
2
Z e 2
t
= dt
t + t2
Z1 e
t
= dt
1 1+t
= [ln |1 + t|]e1
= ln(1 + e).
Exercı́cio 2.2.8.
1. Calcule:
Z 1
(a) |x| dx
−1
Z 1
z
(b) dz
0 (z 2 + 1)3
Z 4 √
(c) x(2 + x) dx
1
Z π
2
(d) xsen x dx
− π2
Z 1
x
(e) dx
0 ex
Z π
(f ) 2 ex sen x dx
0
Z 2
1 − ln x 1
(g) dx fazendo t = ln x
1 1 + ln x x
Z 9
1 √
(h) √ dx fazendo x = t
4 1+ x
Z 3
√ √
(i) x 1 + x dx fazendo 1 + x = t
0
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 60
1o CASO
Seja f : [a, b] −→ IR uma função contı́nua e não negativa (isto é, f (x) ≥ 0, ∀x ∈
[a, b]). A área da figura planaZlimitada pelas rectas x = a, x = b, pelo eixo dos xx e
b
pelo gráfico de f é dada por f (x) dx.
a
Z b
Figura 2.1: Área = f (x) dx
a
Exemplo 2.2.9.
π
A área da figura plana limitada pelas rectas x = 0, x = , pelo eixo dos xx e por
4
y = cos x é dada por:
Z π √
4 π 2
cos x dx = sen − sen 0 = .
0 4 2
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 61
2o CASO Seja f : [a, b] −→ IR uma função contı́nua e f (x) ≤ 0, ∀x ∈ [a, b]). A área
da figura plana limitada
Z b pelas rectas x = a, x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico
de f é dada por − f (x) dx.
a
Z b
Figura 2.2: Área = − f (x) dx
a
Exemplo 2.2.10.
π
A área da figura plana limitada pelas rectas x = , x = π, pelo eixo dos xx e por
2
y = cos x é dada por:
Z ³
π
π´
− cos x dx = − sen π − sen = 1.
π
2
2
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 62
Z b
Figura 2.3: Área= (f (x) − g(x)) dx
a
Exercı́cio 2.2.12.
Determine a área da porção de plano limitada por:
a) y = x2 e y = x3 ;
b) y 2 = x e x = 2;
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 63
√
c) y = 2x e y − x = 0;
e) y = ln x, y = (x − 2)2 .
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 64
Mais, Z a
F (a) = f (t) dt = 0.
a
é diferenciável em IR:
E, ∀x ∈ IR, tem-se
F 0 (x) = ln (ex + 1) ex
Exercı́cios 2.2.16.
3. Calcule, justificando,
Rx
sen t3 dt
(a) lim 0 ;
x−→0 x4
R x2 ¡√ ¢
0
sen t dt
(b) lim 3
.
x−→0 x
Capı́tulo 2. Primitivas e Cálculo Integral em IR 66
2.3 Aplicações
1. A função custo marginal C 0 é dada por C 0 (x) = 4x − 8, onde C(x) é o custo
total da produção de x unidades.
f : D ⊂ IR2 → IR
(x, y) 7→ z = f (x, y)
67
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 68
Exemplos 3.1.1.
√
y−1
1. f (x, y) = , com
x
© ª © ª
D = (x, y) ∈ IR2 : x 6= 0 ∧ y − 1 ≥ 0 = (x, y) ∈ IR2 : x 6= 0 ∧ y ≥ 1 .
© ª © ª
D = (x, y) ∈ IR2 : 1 − x2 − y 2 > 0 = (x, y) ∈ IR2 : x2 + y 2 < 1 .
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 69
© ª
Gf = (x, y, z) ∈ IR3 : (x, y) ∈ D, z = f (x, y) .
p
Exemplo 3.1.3. Considere a função f (x, y) = x2 + y 2 cujo domı́nio é IR2 . Então,
n p o
Gf = (x, y, z) ∈ IR3 : (x, y) ∈ D, z = x2 + y 2 ,
Exercı́cio 3.1.4.
c) f (x, y) = 2x − y
d) f (x, y) = y + ln x
e) f (x, y) = ln(xy)
p
f ) f (x, y) = −(x − y)2
x
g) f (x, y) =
ex − 1
ex
h) f (x, y) = √
4 − x2
i) f (x, y) = ln(4y 2 − x)
p
16 − x2 − y 2
j) f (x, y) =
x
2. Represente geometricamente o domı́nio das funções anteriores.
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 71
© ª
x ∈ IR2 : d(a, x) = ||x − a|| < ε .
d) O conjunto D diz-se aberto se D = int(D), isto é, se todos os seus pontos são
interiores.
f ) O conjunto D diz-se limitado se existir uma bola de raio r > 0 que o contenha.
© ª
Exemplo 3.2.4. Seja D = (x, y) ∈ IR2 : 0 < x2 + y 2 ≤ 1 . Então,
© ª © ª
int(D) = (x, y) ∈ IR2 : 0 < x2 + y 2 < 1 f r(D) = (x, y) ∈ IR2 : x2 + y 2 = 1 ∪ {(0, 0)} .
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 73
Exercı́cio 3.2.5.
Considere os conjuntos
a) A = {x ∈ IR : −x2 + 4x > 0} .
© ª
b) B = (x, y) ∈ IR2 : y ≥ x2 + 1 .
c) C = {x ∈ IR : 4 ≤ x2 + y 2 < 9} .
Tal como acontecia com as funções de uma só variável, o cálculo do limite de
uma função de duas (ou mais) variáveis pode ser efectuado, em alguns casos, a partir
de regras operatórias (limite de uma constante, da soma, produto e quociente de
funções), sem ser necessário recorrer directamente à definição.
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 74
Exemplos 3.2.7.
1. lim (x2 + y 2 ) = 5.
(x,y)→(2,1)
ey 1
2. lim 2
= .
(x,y)→(3,0) x 9
Recordemos que para funções de uma só variável a existência de limite num ponto
fica garantida pela existência e igualdade dos limites laterais nesse ponto, isto é,
existe lim f (x) se e só se existirem lim− f (x) e lim+ f (x) com lim− f (x) = lim+ f (x).
x→a x→a x→a x→a x→a
Por outras palavras, os dois únicos caminhos possı́veis são tender para a por
valores superiores ou inferiores a a.
Para funções de várias variáveis isto deixa de ser verdade. Em especial com
funções de duas variáveis, “(x, y) pode aproximar-se de (a, b) de infinitas maneiras
distintas”, ou seja, existe um número infinito de caminhos que nos levam ao ponto
a = (a1 , a2 ).
Mas, quaisquer que sejam os caminhos segundo os quais (x, y) tende para (a, b), os
limites obtidos ao longo desses caminhos têm que existir e serem iguais. Este facto
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 75
fornece-nos um método para averiguar a não existência de limite, pois se existirem pelo
menos dois caminhos ao longo dos quais os limites sejam diferentes, podemos concluir
que não existe limite.
ln y
(b) lim
(x,y)→(1,e) x
x+y
(c) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2
(d) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
µ 2 ¶
x
(e) lim ln
(x,y)→(e,0) y+1
xy 2
(f ) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 4
x4 − y 4
(g) lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 76
• as funções racionais são contı́nuas em todos os pontos de IR2 que não anulam
o denominador;
Exemplos 3.2.10.
Exemplo 3.2.11. A função ex+y é contı́nua em IR2 por ser a composição da função
f (x, y) = x + y, contı́nua em IR2 , com a função g(z) = ez , contı́nua em IR.
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 77
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim
h→0 h
ou, fazendo x = a + h,
f (x) − f (a)
f 0 (a) = lim .
x→a x−a
Geometricamente, a existência de f 0 (a) equivale à existência da recta (não vertical)
tangente ao gráfico de f em (a, f (a)), sendo f 0 (a) o valor do seu declive.
Para funções de mais do que uma variável comecemos por definir derivadas par-
ciais.
Seja z = f (x, y) definida num aberto D ⊂ IR2 e (a, b) ∈ D. Se tomarmos a
variável y constante, isto é, y = b (b constante) obtemos uma função z = f (x, b) de
apenas uma variável, x. Geometricamente isto corresponde a seccionar a superfı́cie
z = f (x, y) pelo plano y = b.
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 79
A derivada de z = f (x, y) em x = a é
df (x, b) f (a + h, b) − f (a, b)
(a) = lim ,
dx h→0 h
∂f f (a + h, b) − f (a, b)
(a, b) = lim .
∂x h→0 h
∂f
• O valor de (a, b) é o declive da recta do plano y = b, tangente à curva
∂x
z = f (x, b) em (a, b, f (a, b)).
E também,
∂f
• o valor de (a, b) é a taxa de variação de f no ponto (a, b) na direcção do
∂x
eixo dos xx.
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 80
∂f f (a, b + h) − f (a, b)
(a, b) = lim .
∂y h→0 h
∂f
• O valor de (a, b) é o declive da recta do plano x = a, tangente à curva
∂y
z = f (a, y) em (a, b, f (a, b)).
E também,
∂f
• o valor de (a, b) é a taxa de variação de f no ponto (a, b) na direcção do
∂y
eixo dos yy.
Na maior parte dos casos, as derivadas parciais calculam-se recorrendo às regras
de derivação conhecidas para funções de uma variável, referidas no capı́tulo 1, con-
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 81
siderando a outra variável como uma constante (ou no caso de funções de mais de
duas variáveis, as outras variáveis como constantes).
Exemplos 3.3.1.
√
1. Se f (x, y) = x2 + y, então
∂f ∂f 1
(x, y) = 2x e = √ .
∂x ∂y 2 y
y
2. Se f (x, y) = + exy , então
x
∂f −y ∂f 1
(x, y) = 2 e = + xexy .
∂x x ∂y x
a) f (x, y) = x2 y
b) f (x, y) = x3 + y 3 − 3xy
p
c) f (x, y) = x2 − y 2
d) f (x, y) = exy
e) f (x, y) = x3 sen y
f ) f (x, y) = cos(xy)
y
g) f (x, y) =
x
2x + 3y, (x, y) 6= (0, 0)
h) f (x, y) =
0 (x, y) = (0, 0)
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 82
Notemos que a função não pode ser definida em (0, 0) e em pontos próximos de (0, 0)
∂f ∂f
por uma única expressão. Assim, para calcular (x, y) e (x, y):
∂x ∂y
∂f ∂f
I) Para (x, y) = (0, 0) temos que usar a definição para calcular (0, 0) e (0, 0).
∂x ∂y
Ou seja,
∂f f (0 + h, 0) − f (0, 0) f (h, 0) − f (0, 0) 0
(0, 0) = lim = lim = lim 2 = 0
∂x h→0 h h→0 h h→0 h h
e
∂f f (0, 0 + h) − f (0, 0) f (0, h) − f (0, 0) −h
(0, 0) = lim = lim = lim 2 = ∞.
∂y h→0 h h→0 h h→0 h
II) Para (x, y) 6= (0, 0), podemos usar as regras de derivação. Ou seja,
∂f 6(xy) (x2 + y 2 ) − (3x2 y − y) 2x 6xy 3 + 2xy
(x, y) = =
∂x (x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
e
∂f (3x2 − 1) (x2 + y 2 ) − (3x2 y − y) 2y 3x4 − 3x2 y 2 − x2 + y 2
(x, y) = = .
∂y (x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
Em conclusão,
6xy 3 + 2xy
∂f , (x, y) 6= (0, 0)
(x, y) = (x2 + y 2 )2
∂x
0 (x, y) = (0, 0)
e
3x4 − 3x2 y 2 − x2 + y 2
∂f , (x, y) 6= (0, 0)
(x, y) = (x2 + y 2 )2 .
∂y
∞ (x, y) = (0, 0)
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 83
∂f ∂f
Observação 3.3.4. As funções e só se definem em pontos do domı́nio de
∂x ∂y
∂f ∂f
f , isto é, os domı́nios de e estão contidos no domı́nio de f . No exemplo
∂x ∂y
anterior,
D ∂f = IR2 e D ∂f = IR2 \ {(0, 0)} .
∂x ∂y
∂f ∂f
Sendo e funções de duas variáveis podemos geralmente derivá-las par-
∂x ∂y
cialmente obtendo as derivadas parciais de 2a ordem para f e assim sucessivamente.
∂f ∂f
Em particular para , se admitir derivada em ordem a x no ponto (a, b), a esta
∂x ∂x
derivada chama-se derivada parcial de segunda ordem de f em ordem a x
∂ 2f ∂f
no ponto (a, b) e representa-se por 2
(a, b). Se admitir derivada em ordem a
∂x ∂x
y no ponto (a, b), a esta derivada chama-se derivada parcial de segunda ordem
∂ 2f
de f em ordem a x e a y no ponto (a, b) e representa-se por (a, b).
∂x∂y
∂ 2f ∂ 2f
As derivadas (a, b) e (a, b) chamam-se derivadas cruzadas ou mis-
∂x∂y ∂y∂x
tas .
© ª
Df = (x, y) ∈ IR2 : y > 0 .
a) f (x, y) = y 2 ex + ln xy;
∂ 2f
i) (x, y)
∂x
∂ 2f
ii) (x, y)
∂x∂y
b) f (x, y, z) = ln(xy + 2z);
∂3f
i) (x, y, z)
∂x∂y∂z
3 ∂f
Exemplo 3.3.8. A função f (x, y) = ex+y é de classe C 1 em IR2 , pois (x, y) =
∂x
3 ∂f 3
ex+y e (x, y) = 3y 2 ex+y são funções contı́nuas em IR2 .
∂y
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 85
© ª
Exemplo 3.3.10. Em relação ao último exemplo, Df = (x, y) ∈ IR2 : y > 0 é
∂f ∂f x ∂ 2f 1
aberto e (x, y) = ln y, (x, y) = e (x, y) = estão definidas em Df .
∂x ∂y y ∂x∂y y
∂ 2f 1 ∂ 2f
Mais, (x, y) = é contı́nua em Df . Então, pelo teorema de Schwarz,
∂x∂y y ∂y∂x
também está definida em Df e
∂ 2f ∂ 2f 1
(x, y) = (x, y) = .
∂y∂x ∂x∂y y
Notas 3.3.12.
1. se o vector →
−
u for unitário, ou seja, k−
→ 0
u k = 1, então f−
→
u
(a, b) chama-se derivada
direccional de f na direcção do vector − →
u e representa a taxa de variação
de f em (a, b) na direcção e do vector −
→
u;
2. se o vector −
→
u não for unitário, ou seja, k−
→
u k 6= 1, então a derivada direccional
não fica definida de maneira única (vai depender também do comprimento de
−
→
u ) e, portanto, f− 0
→ (a, b) não pode ser interpretada como a taxa de variação
u
de f em (a, b) na direcção de −
→
u . Para o efeito, considera-se o vector que tem
a mesma direcção e o mesmo sentido de − →u mas cujo comprimento é igual 1,
isto é, o versor de −
→
u , vers −
→
u , e é definido por
−
→
u
−
→
vers u = − .
→
kuk
∂f 0
(a, b) = f(1,0) (a, b)
∂x
∂f 0
(a, b) = f(0,1) (a, b)
∂y
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 87
= 2u2 ,
o que significa que no ponto (1, 2) existe a derivada de f segundo qualquer direcção,
e que o seu valor depende do vector − →u considerado. Por exemplo,
0 √
√
f(1, 2)
(1, 2) = 2 2;
Exercı́cios 3.3.14.
0
1. Calcule, usando a definição, f−→u
(a, b) sendo
Ã√ √ !
5 2 5
a) f (x, y) = xey ; →
−
u = , ; (a, b) = (2, 3);
5 5
2 Ã√ √ !
xy , (x, y) 6= (0, 0)
2 2
b) f (x, y) = x2 + y 4 ;−→
u = , ; (a, b) = (0, 0).
2 2
x (x, y) = (0, 0)
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 88
Calcule
∂ 2G ∂ 2G
e .
∂x2 ∂y 2
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 89
f (x) − f (a)
f 0 (a) = lim .
x→a x−a
ou seja, · ¸
f (x) − (f 0 (a)(x − a) + f (a))
lim = 0.
x−a→0 x−a
Esta igualdade significa que
se aproxima de zero ”mais rápido” do que x − a, isto é, a recta tangente é uma
aproximação linear do gráfico da função f numa vizinhança de a. É a generalização
deste comportamento para funções de duas variáveis que nos vai conduzir à definição
de diferenciabilidade. Especificamente, parece natural que uma função de duas
variáveis seja diferenciável num ponto se existir o plano tangente ao seu gráfico
nesse ponto.
∂f ∂f
f (a + h, b + k) − h (a, b) − k (a, b) − f (a, b)
∂x ∂y
lim √ = 0.
(h,k)→(0,0) 2
h +k 2
∂f ∂f
z= (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) + f (a, b)
∂x ∂y
∂F ∂F ∂F
(a, b, c)(x − a) + (a, b, c)(y − b) + (a, b, c)(z − c) = 0.
∂x ∂y ∂z
∂f ∂f
(a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) − (z − c) = 0.
∂x ∂y
Nota 3.4.6. Se f não é contı́nua num ponto (a, b), então f também não é difer-
enciável. No entanto, se f é contı́nua em (a, b) nada se pode concluir sobre a
diferenciabilidade de f em (a, b) (exemplo (exo )).
© ª
(x, y) ∈ IR2 : y > −x2 ,
porque admite derivadas parciais de 1a ordem e uma delas é contı́nua nesse conjunto
(até são as duas):
∂f 2x ∂f 1
(x, y) = 2 e (x, y) = 2 .
∂x x +y ∂y x +y
3
Exemplo 3.4.10. A função f (x, y) = ex+y é de classe C 1 em IR2 , logo é difer-
enciável em IR2 .
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 93
Exercı́cios 3.4.11.
1. Considere as funções
2xy , (x, y) 6= (0, 0)
x2 y 3
, (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 e g(x, y) = x2 + y 2
0 (x, y) = (0, 0) x (x, y) = (0, 0)
(d) Calcule Z 1
f (x, 1) dx.
0
(d) Calcule Z 4
f (0, y) dy.
1
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 94
∂f ∂f
df (a, b) = (a, b)∆x + (a, b)∆y.
∂x ∂y
df (x, y) = dx = 1.∆x.
df (x, y) = dy = 1.∆y.
∂f ∂f
df (a, b) = (a, b)dx + (a, b)dy .
∂x ∂y
isto é
∂f ∂f
f (a + dx, b + dy) ≈ f (a, b) + (a, b)dx + (a, b)dy .
∂x ∂y
Exercı́cios 3.5.2.
3.6 Gradiente
Definição 3.6.1. Sejam f : D ⊂ IR2 → IR, D um conjunto aberto e (a, b) ∈ D.
Chama-se gradiente de f em (a, b) e representa-se por grad f (a, b) ou ∇f (a, b) a
um vector de IR2 cujas componentes são as derivadas parciais de f em (a, b), isto é
µ ¶
∂f ∂f
grad f (a, b) = (a, b), (a, b) .
∂x ∂y
0
1. Existe f−
→
u (a,b)
qualquer que seja o vector −
→
u unitário.
0
f−
→
u
(a, b) = grad f (a, b).−
→
u .
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 97
Exercı́cios 3.6.4.
0
1. Calcule, caso exista, f−→u
(a, b) sendo
Ã√ √ !
5 2 5
a) f (x, y) = xey ; →
−
u = , ; (a, b) = (2, 3);
5 5
2 Ã√ √ !
xy , (x, y) 6= (0, 0)
2 2
b) f (x, y) = x2 + y 4 ;−→
u = , ; (a, b) = (0, 0).
2 2
x (x, y) = (0, 0)
1. g ◦ f é diferenciável em a;
2. (g ◦ f )0 = g 0 (f (a)) .f 0 (a).
Teorema 3.7.2. Seja f (f1 , f2 ) uma função com derivadas parciais contı́nuas e
CDf1 × CDf2 ⊂ Df . Se f1 (t), f2 (t) são funções diferenciáveis, então a função
F (t) = (f1 (t), f2 (t)) é diferenciável e
∂f ∂f
F 0 (t) = (f1 (t), f2 (t)) f10 (t) + (f1 (t), f2 (t)) f20 (t).
∂f1 ∂f2
Teorema 3.7.3. Seja f (f1 , f2 ) uma função com derivadas parciais contı́nuas e
CDf1 × CDf2 ⊂ Df . Se f1 = f1 (t1 , t2 ), f2 = f2 (t1 , t2 ) admitem derivadas parci-
ais contı́nuas, então também existem as derivadas parciais da função F (t1 , t2 ) =
(f1 (t1 , t2 ), f2 (t1 , t2 )) e
∂F ∂f ∂f1 ∂f ∂f2
= + ;
∂t1 ∂f1 ∂t1 ∂f2 ∂t1
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 99
∂F ∂f ∂f1 ∂f ∂f2
= + .
∂t2 ∂f1 ∂t2 ∂f2 ∂t2
Exercı́cios 3.7.4.
o que significa que, dado um x ∈ [−2, 2], y não fica determinado de forma única.
No entanto, a condição dada representa uma circunferência e se escolhermos um
ponto particular da mesma, podemos identificar a semi-circunferência a que o ponto
pertence e usar a expressão adequada para y. Desse modo, podı́amos dizer que
x2 + y 2 = 4 define implicitamente y como função de x, numa vizinhança desse
ponto.
1. F(a,b)=0;
∂F ∂F
2. (x, y) e (x, y) são contı́nuas em Br ((a, b));
∂x ∂y
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 101
∂F
3. (a, b) 6= 0
∂y
então a equação F (x, y) = 0 define implicitamente y como função de x num
aberto A contido em Br ((a, b)).
com (x, y) ∈ A.
1. F(a,b,c)=0;
∂F ∂F ∂F
2. (x, y, z), (x, y, z) e (x, y, z) são contı́nuas em Br ((a, b, c));
∂x ∂y ∂z
∂F
3. (a, b, c) 6= 0
∂z
então a equação F (x, y, z) = 0 define implicitamente z como função de x e y
num aberto A contido em Br ((a, b, c)).
e
∂F
(x, y, z)
∂z ∂y
(x, y) = −
dy ∂F
(x, y, z)
∂z
com (x, y, z) ∈ A.
O resultado anterior diz-nos que se f tem um extremo (local) num ponto (a, b)
interior ao domı́nio e as derivadas parciais de 1a ordem existem, então
∂f
(a, b) = 0
∂x
.
∂f
(a, b) = 0
∂y
Que a condição anterior não é suficiente para a existência de extremos mostra-o, por
exemplo, a função f : IR2 → IR definida por f (x, y) = y 4 − x4 , a qual tem derivadas
parciais nulas em (0, 0) sem que aı́ tenha qualquer extremo (exo ).
tem-se:
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 104
∂2f
1. se ∆ > 0 e (a, b) > 0(3 ) então f (a, b) é um mı́nimo local;
∂x2
∂2f
2. se ∆ > 0 e (a, b) < 0 então f (a, b) é um máximo local;
∂x2
3. se ∆ < 0 então f (a, b) não é extremo local; diz-se que (a, b) é um ponto de
sela
Nota 3.9.6. Quando ∆ = 0 pode optar-se por fazer um estudo geométrico da função
numa bola de centro em (a, b), o que na maioria dos casos permite obter uma clas-
sificação dos pontos crı́ticos.
Exercı́cios 3.9.7.
(a) f (x, y) = x2 + y 2
(b) f (x, y) = 1 − x2
Uma função para além de poder ter um extremo num ponto interior ao domı́nio,
pode ter num ponto fronteiro ao domı́nio. Para esta análise poderá ser útil o seguinte
teorema:
Exercı́cios 3.9.9.
f (x, y) = 1 − x2 − y 2
no conjunto
© ª
A = (x, y) ∈ IR2 : x2 + y 2 ≤ 1 .
Capı́tulo 3. Funções de várias variáveis reais 106
Exercı́cios 3.9.11.
3.10 Aplicações
1. Numa certa indústria, se C é o custo total da produção de s unidades, então
1
C = s2 + 2s + 1000.
4
√
2. Determine uma equação da recta tangente à curva 3 xy = 14x + y no ponto
(2, −32).
3. Uma caixa rectangular sem tampa deve ter uma área de 216 cm2 . Que di-
mensões deve ter a caixa para que o volume seja máximo?