passou por uma transformação brutal ao longo do tempo, e "lendas" — como a 3DFX Voodoo 3 —
merecem ser relembradas. Hoje em dia, a GPU (Graphics Processor Unit, ou unidade de
processamento gráfico) está mais ativa do que nunca.
O Começo
Antigamente, a inovação. Hoje, o aprimoramento
Antes de tudo, uma pequena base. Para quem ainda não sabe, a placa de vídeo é o periférico
responsável por gerar e enviar imagens para os monitores. Enquanto a GPU, a memória e outros
componentes são encarregados de lidar com os dados a serem processados, os painéis de saída
(como a VGA — Video Graphics Array, conhecida por sua tradicional cor azul — e a DVI —
Digital Visual Interface, a saída digital) são os responsáveis pela transmissão das imagens da placa à
tela.
Algumas placas-mãe (em inglês, motherboards) contam com adaptadores de vídeo embutidos, mas
o mais comum é comprar uma placa separada e encaixá-la no slot apropriado, seja ISA (obsoleto),
PCI, AGP ou PCI Express. Neste especial, constam bons exemplos de placas de vídeo que se
destacaram em suas respectivas épocas.
A Pioneira
Com o lançamento do primeiro IBM PC, foi criada também a primeira placa de vídeo. A espetacular
IBM MDA — Monochrome Display Adapter, ou adaptador de vídeo monocromático — trabalhava
apenas em modo texto, conseguindo exibir 25 linhas e 80 colunas de caracteres na tela... Em alta
resolução, é claro.
Que Crysis que nada. Este monstro da informática consegue mostrar imagens (na realidade, textos)
em apenas uma cor e conta com a quantidade impressionante de 4 KB de memória de vídeo. Digite
furiosamente e verifique se os caracteres aparecem com atraso no monitor. Somente assim para
testar o potencial da MDA.
O princípio da aceleração 2D
S3 é um nome que faz muitos gamers antigos tremerem nas bases. Pois, quando a fabricante de
chips despontou com a S3 Trio, tudo mudou. Considerada por muitos como a primeira placa de
vídeo propriamente dita, a S3 Trio fez estrago na década de 90.
A inovação, aqui, é a reunião de três componentes básicos utilizados por fabricantes de placas de
vídeo: a GPU, o RAMDAC (que converte os sinais digitais dos chips para sinais analógicos do
monitor) e o gerador de frequência. Três diferentes versões da S3 Trio marcaram presença nessa
época juntamente com os chips Mach8, Mach32 e Mach64 da ATI.
Que venha o 3D
O destino inevitável das placas de vídeo
É exatamente este um dos nomes que simboliza a chegada dos visuais em três dimensões ao PC: S3
ViRGE. 1995 foi o ano, S3 foi a fabricante. Os fãs de realidade virtual ficaram abismados com o
lançamento da série ViRGE, tanto que o mercado de placas foi dominado pela companhia por um
bom tempo.
Contando com 4 MB de memória onboard e com uma frequência de memória de até 66 MHz, a
ViRGE despontou com uma série de funcionalidades interessantes: filtro de texturas Bilinear e
Trilinear, Alpha Blending, mapeamento MIP, mapeamento de texturas de vídeo, Z-Buffering... Se
isso é grego para você, basta saber que as inovações são muitas e causaram um forte impacto na
indústria.
O curioso é que, mesmo com todas essas propriedades avançadas, as placas ViRGE causavam
constrangimento em muitos usuários. Reações do tipo "virge santo, o PC está muito lento!" eram
comuns, pois a CPU, algumas vezes, conseguia fazer muito melhor do que as placas da S3. Um
único atrativo continuava recebendo a atenção dos consumidores: o preço.
Uma das peculiaridades da NV1 é a porta compatível com o video game SEGA Saturn, mas isso
não evitou o fracasso da placa. A concorrência superou a NVIDIA nessa fase da evolução 3D, pois,
mesmo com um desempenho relativamente bom, a NV1 e os seus estranhos polígonos
quadrangulares custavam caro. Uma possível NV2 (no caso, compatível com o Dreamcast) ficou
apenas nos planos da companhia.
A fúria da ATI
Este especial é mesmo ideal para trocadilhos. Um dos marcos da evolução das placas de vídeo foi
que, muito antes da associação "íntima" entre os nomes Radeon e ATI, a fabricante canadense
lançou a linha Rage (em português, fúria). Novamente, 1995 foi o ano.
A primeira linha da série Rage não foi muito promissora, mas a Rage II... 8 MB de memória
SDRAM, 64-bit e 60 MHz de clock. Tudo isso com suporte a execução de DVD. Com isso, o
desempenho foi melhorado consideravelmente, destacando a ATI na briga pelo mercado.
A empresa Rendition foi outra que apareceu no meio da década de 90 para entrar no mercado de
placas de vídeo. O VQuake, uma versão especial do jogo da id Software criada por John Carmack
(id Software) e pela própria Rendition, foi concebido especialmente para o chipset Verite 1000,
lançado em 1996.
Programar para esta placa não foi nada fácil. E contemplar visuais 2D através de um desempenho
deplorável também não contribuiu nada para o sucesso da Verite 1000. Por fim, nem mesmo os
tiroteios de Quake conseguiram vencer a concorrência.
E quem não se lembra da série Voodoo?
Sim, isso é um tanto ruim, mas para os gamers hardcore, o custo valia a pena. E muito. Diversos
títulos mostraram o potencial da primeira Voodoo e fizeram com que os concorrentes apenas
assistissem o sucesso da placa, embasbacados. A série não durou muito, mas causou estrago. Bem,
eu mesmo (Ricardo Fadel) pude testar uma Voodoo 3 3000 alguns anos atrás, e foi uma experiência
chocante.
Matrix? Não, Matrox
Pelo jeito os canadenses levam jeito para a fabricação de placas de vídeo. A Matrox começou em
1978, mas só ganhou destaque na década de 90. Como de praxe, o primeiro modelo (G100) não
brilhou muito, mas abriu alas para a G200, uma placa muito interessante.
Aceleração 3D através de 85 MHz de clock, 64-bit, suporte à execução de DVD e MPEG 1/2 e um
bom limite de memória onboard: 16 MB. Muitos aclamaram a qualidade da imagem reproduzida
através da G200. Contras? Levemente mais devagar que as concorrentes, baixo desempenho
OpenGL e um fraco suporte a drivers estáveis.
Graphics Media Accelerator. Três palavras que formam um verdadeiro pesadelo para vários
usuários. Bem, a má fama da Intel no mercado de placas de vídeo (pois no ramo de processadores
centrais a companhia sempre foi forte) tem uma raiz profunda.
Em 1998, foi lançada a i740. A placa apareceu discretamente no mercado 3D e, para a tristeza de
muitos, não fez sucesso. Com uma taxa de vendas muito baixa e um desempenho, a primeira placa
de vídeo da Intel apenas principiou os resultados ruins que acompanhamos com as atuais GMA.
A "força G"
A NV10 abriu alas para placas que muitos usuários usam até hoje. Diversas lan houses adotaram a
GeForce 2 e a GeForce 4 — especialmente a aclamada MX 440, muitas8x para os slots AGP 8X —
em seus computadores para que os jogadores se divertissem sem problemas com Counter-Strike e
outros títulos de renome.
E a ATI
Tchau Rage, oi Radeon. Na realidade, foi a R100 quem iniciou a série que se estende até a
atualidade. Variando de 32 MB a 64 MB de memória DDR, é difícil achar alguém que esteja
arrependido de comprar uma R100.
Foi uma jogada muito boa da ATI. E bem a tempo, diga-se de passagem. Uma das poucas placas
que deixaram a desejar (talvez pelo preço extremamente acessível) foi a Radeon 7000 VE, que
apresenta uma redução considerável de desempenho em comparação com as demais.
É curioso saber que a R100 só virou Radeon 7200 quando a Radeon 8500 apareceu no mercado. Foi
somente então que a ATI resolveu mudar o nome das antigas placas, aplicando o termo Radeon. De
qualquer maneira, o que importa é que a briga entre ATI e NVIDIA começou a pegar fogo em
2000... E ninguém sabe quando ela vai acabar.
Constante evolução
Exagero ou realidade?
O fim desta história é o seguinte: não tem fim. Como diversas áreas da tecnologia, as placas de
vídeo tendem a evoluir sem parar, pois os engenheiros e tecnólogos buscam cada vez mais potência,
desempenho e qualidade gráfica na exibição de animações visuais.
Espero que você tenha gostado do breve agrupamento histórico de placas que constam neste
especial. É claro que alguns nomes ficaram de fora (como a Trident, famosa por tentar entrar no
mercado com placas relativamente simples), mas o essencial é conhecer um pouco da saga desse
componente fundamental dos computadores.