SUMÁRIO
ABERTURA .................................................................................................................................. 3
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 3
1
Nivelamento para as Oficinas Presenciais ABERTURA
ABERTURA
APRESENTAÇÃO
Antes de mais nada, que tal conhecer as instruções de navegação do curso?
Conheça um pouco sobre os apresentadores que estarão junto com você ao longo deste curso!
Estaremos juntos por um breve período, mas sei que será maravilhoso!
Neste curso, chamado Nivelamento para as Oficinas Presenciais, vamos conhecer quais são
os principais conceitos de Gestão Cultural.
Ele é o primeiro, de uma sequência de 4 cursos. Contudo, é importante que você saiba como ele
será fundamental para o objetivo que buscamos neste programa de capacitação!
Antes de iniciarmos o primeiro curso, vamos dar uma explicação muito importante!
Podemos começar?
Muitas vezes, nós temos muitas ideias e muitos projetos, mas que ficam girando em nossa cabeça
e não sabemos como colocá-los no papel, certo?
Ela é uma artista muito talentosa e está sempre com ideias extraordinárias, mas não sabe como
colocá-las em prática!
3
ABERTURA Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Guto, me ajude! Você, que já fez tantos projetos de sucesso, pode me dizer como eu coloco
minhas ideias em prática? Preciso conseguir apoio, mas não sei como começar!
Djanira, colocar as ideias no papel é o primeiro passo. Mas tão importante quanto isso é
saber como apresentá-las uma apresentação adequada vai auxiliá-la na hora de
conseguir o apoio necessário para seus projetos, seja do governo, seja da iniciativa privada.
Antes disso, você precisa entender como funciona a Gestão Cultural no Brasil e quem ela
pode beneficiar. Afinal de contas, seus projetos têm a ver com isso!
Isso não é muito difícil! Eu tenho tantas ideias e tão pouco tempo!
Esses conceitos são muito importantes e fundamentais para que, no futuro, você possa
desenvolver qualquer tipo de projeto na área da Cultura em nosso país.
Ah! Então eu vou aprender muitas coisas? E todas essas informações me farão ter uma
visão mais ampla de como poderei lidar com diferentes situações e tipos de projetos
culturais?
Exatamente!
Que bacana!
Quer dizer que o objetivo deste programa, na verdade, é como diz aquele velho ditado...
Isso mesmo!
Não se esqueça, gostaríamos muito que, ao final deste programa, você esteja capacitada
para realizar uma oficina presencial com aplicações práticas onde, com as informações
valiosas aprendidas aqui, você possa ampliar ainda mais sua capacidade para planejar
o seu projeto e ter condições de viabilizá-lo.
Agora!
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
MÓDULO 1 – CONCEITOS
Claro, Djanira!
Para ele...
Cultura é tudo o que com o passar do tempo se incorpora à vida dos indivíduos,
impregnando o seu cotidiano.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*Gilberto Freyre...
Sociólogo, antropólogo e escritor brasileiro. Bacharel em Artes pela Universidade
de Baylor, Mestre em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Colúmbia,
ambas nos Estados Unidos.
*Darcy Ribeiro...
Antropólogo, educador, escritor e político brasileiro. Foi o relator da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB –, aprovada no governo Fernando Henrique
em 1996. Autor de extensa obra antropológica, dedicou-se principalmente ao
estudo dos índios.
Sistema adaptativo...
Conjunto das formas de ação sobre a natureza para a produção das condições materiais
de existência das sociedades.
Sistema associativo...
Conjunto de modos de organização das relações interpessoais para os efeitos da
reprodução biológica, da produção e da distribuição de bens e da regulação do convívio
pessoal.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
Sistema ideológico...
Conjunto de ideias e sentimentos gerados no esforço por compreender a experiência
coletiva e por justificar ou questionar a ordem social.
Todos os conteúdos do sistema ideológico se integram em um ethos – concepção que cada povo
tem de si próprio, considerados os demais povos.
A percepção – nas últimas décadas – das deficiências dos modelos de desenvolvimento baseados
em preocupações e critérios puramente econômicos possibilitou a revalorização de outros aspectos
da vida social.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Mais ainda...
A cultura passou a ser considerada como um fim em si e não apenas como elemento acelerador –
ou, muitas vezes, retardador – do desenvolvimento econômico.
A cultura abrange os meios de expressão desse sistema e os produtos que dele decorrem.
Sendo assim, a cultura é a base essencial para a aplicação de qualquer critério de governança e
governabilidade.
A política cultural se ocupa da ação cultural com um sentido contínuo – por toda a vida
e em todos os espaços sociais.
O papel da política cultural estimula a ação coletiva, por meio de uma ação organizada,
autogestora, reunindo as iniciativas mais diversas de todos os grupos – no plano político,
no social, no recreativo...
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
Publicou entre outras obras, o livro: Culturas híbridas, livro pelo qual ganhou o
prêmio de Melhor Livro sobre América Latina no Ibero-American Book Award.
...a política cultural procura melhorar as condições sociais para descobrir a criatividade
coletiva.
A política cultural busca que os próprios sujeitos produzam a arte e a cultura necessárias para
resolver seus problemas* e afirmar ou renovar sua identidade.
A ação cultural divide-se em duas grandes vertentes, as quais serão analisadas a seguir...
Nessa vertente, ou seja, na produção do bem cultural, o Estado não deve, nem pode
intervir*.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Patrimonial...
Nessa vertente, os bens devem estar guardados, zelados, organizados, protegidos ou
devolvidos à comunidade, com acesso a toda a comunidade, para que ela possa conhecê-
los, reiterar, voltar a concedê-los, mantê-los presentes – símile da memória do ser
vivo*.
Djanira, para terminarmos essa unidade, você sabia que a cultura passou a ser um
ingrediente essencial do conceito de desenvolvimento sustentável?
Ao longo da década de 1990, uma concepção mais ágil da atividade governamental foi
progressivamente fortalecida.
A ação, que era baseada no planejamento, deslocou-se para a ideia de política pública.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
Como resultado, o conceito de política pública tem hoje perfis mais nítidos.
*tecnologia...
A democratização do sistema político viu-se facilitada pela tecnologia – a
descentralização e a participação ficaram mais fáceis do ponto de vista
operacional e as mudanças sociais as tornaram possíveis e desejáveis.
Qualquer política pública obedece, portanto, a prioridades* que são mais rigorosas, em função da
escassez de recursos.
*prioridades...
Existe um sistema de urgências e relevâncias, tanto entre as áreas de política –
econômicas e sociais –, quanto no âmbito de cada política específica.
Elaboração...
§ identificação e delimitação de um problema atual ou potencial da comunidade;
§ determinação das possíveis alternativas para a solução do problema;
§ avaliação dos custos e efeitos de cada solução;
§ estabelecimento de prioridades.
Formulação...
§ seleção e especificação de alternativa3 considerada mais conveniente;
§ declaração que explicita a decisão adotada;
§ definição dos objetivos, do marco jurídico, administrativo e financeiro da decisão
adotada.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Implementação...
Planejamento e organização do aparelho administrativo e dos recursos humanos,
financeiros, materiais e tecnológicos necessários à execução de uma política.
Execução...
§ ações destinadas a atingir os objetivos estabelecidos pela política;
§ estudo dos obstáculos que normalmente se opõem à transformação de enunciados
em resultados.
Acompanhamento...
Processo sistemático de supervisão da execução de uma atividade – e de seus diversos
componentes – que tem como objetivo fornecer a informação necessária para introduzir
eventuais correções a fim de assegurar a consecução dos objetivos estabelecidos.
Avaliação...
Mensuração e análise, a posteriori, dos efeitos das políticas públicas na sociedade –
realizações obtidas e consequências previstas e não previstas.
1
etapas...
A divisão por etapas antes descrita é uma esquematização teórica do que, de
forma habitualmente improvisada e desordenada, ocorre na prática.
2
processo da política pública...
Para uma análise mais detalhada destes conceitos, ver Saravia e Ferrarezi (2007).
3
especificação da alternativa...
Existem casos em que a política não é explícita – são as políticas de não inovar ou
de omissão.
Eu te explico, Djanira!
Política cultural é um conjunto de iniciativas que visam a promover a produção, a distribuição e o uso
da cultura; à preservação e à divulgação do patrimônio histórico; ao ordenamento do aparelho
burocrático por elas responsável.
Fonte: COELHO,Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: FAPESP, Iluminuras, 1997.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
A política cultural abarca desde a preservação dos monumentos históricos até o fomento da
cinematografia, passando pelas diversas atividades de artes plásticas, teatro, música...
Todas essas atividades são perpassadas pela necessidade de assegurar o direito à própria
cultura, o direito à produção cultural e o direito ao acesso à cultura.
A áspera e antiga discussão sobre cultura erudita, cultura popular e cultura de massas.
A política cultura poderá asfixiar ou proteger, ser eficaz, ser prejudicial ou inócua...
*vários campos...
Nada melhor do que o conceito de campo, formulado por Bourdieu, aplicado à
área da gestão cultural.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Lembramos que campo, em Bourdieu, é uma noção que não descarta nem
oculta o conflito; pelo contrário, um campo é definido por uma hegemonia,
mas que se instala por uma luta de poder.
Vejamos...
A política cultural poderá asfixiar ou proteger, ser eficaz, prejudicial ou inócua: tudo dependerá da
sua adequação à comunidade, a seus códigos e afazeres.
Ou, mais especificamente, da sua sintonia com a estrutura cultural – perspectivas, crenças e valores –,
com o processo cultural – comportamento, modos de criação, formas de relacionamento – e à
consciência de como os dois elementos – estrutura e processo – se influem e modificam
mutuamente*.
Essa sintonia, essa busca da harmonia, é o grande desafio da política cultural contemporânea.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
“Uma política cultural não se limita a ações pontuais, mas que se ocupa da ação cultural
com um sentido contínuo – através de toda a vida e em todos os espaços sociais.”
Garcia Canclini
Falar em política cultural significa falar em um conjunto de ações do Estado destinadas a atingir
determinados objetivos...
Política cultural implica sancionar normas, estabelecer estruturas, alocar recursos humanos, destinar –
e gastar – dinheiro.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Políticas que transcendam o fato cultural, o evento, o produto, e que realizem seu pleno
potencial, tornando-se instrumento da dívida social que o Brasil tem com a maioria de seu
povo.
*Gilberto Gil...
Cantor e compositor brasileiro.
Algumas questões prévias devem ser consideradas no processo de elaboração da política cultural...
Estabelecer os canais que serão utilizados pelos diferentes grupos sociais para manifestar
suas demandas e preferências*.
*demandas e preferências...
Já que só tem uma cultura legítima, a política cultural não deve se dedicar a
difundir só aquela que é hegemônica, mas sim a promover o desenvolvimento
de todas as que sejam representativas dos grupos que compõem uma sociedade.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
Se a participação dos cidadãos é requisito indispensável à democracia, isso é mais certo e forte no
campo da cultura1.
1
mais certo e forte no campo da cultura...
Segundo García Canclini, a política cultural é um processo interativo. Isso implica
dar igual atenção à lógica dos movimentos sociais e ao funcionamento do
aparelho político-administrativo.
2
diálogo entre a comunidade e o Estado...
Marilena Chauí relata que sua experiência como Secretária de Cultura da
Prefeitura de São Paulo mudou sua visão sobre a relação Estado e sociedade
civil na administração da cultura...
Tinha a ilusão de que bastaria estimular a sociedade para ela ter projetos
e programas, cabendo ao Estado apenas subvencioná-los. Não é verdade.
É preciso, além de estímulo e auxílio, produzir alguns projetos que, no seu
desenvolvimento, suscitam a continuidade do trabalho cultural. Mas
contar só com a iniciativa dos produtores culturais e da sociedade civil
não dá.
*definido amplamente...
Os enunciados podem ser amplos, como o da Constituição da Itália, que
estabelece em seu artigo 9º...
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
E, mais adiante...
Mais ainda...
Os direitos humanos que fundamentam a vida democrática neste início de século são...
§ o direito à diferença;
§ o direito às identidades coletivas;
§ o direito à diversidade religiosa;
§ o direito à diversidade cultural.
A política cultural deve atender ainda a finalidades genéricas, como a redução da pobreza, a
inclusão social e o desenvolvimento econômico.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
*finalidades transcendentes...
Em que medida deve o Estado intervir é outra questão a ser definida na difícil
relação entre os poderes públicos e os produtores culturais.
Nosso tempo tem registrado desde o dirigismo mais grosseiro até as posturas
mais respeitosas – assistir sem interferir –, como queria André Malraux. A França
ilustrou a polêmica com algumas imagens brilhantes, que sintetizam de forma
perfeita os termos da discussão.
Em resumo, podemos afirmar que, em relação às políticas culturais, são prioridades do Estado...
§ a restauração e a preservação do patrimônio cultural;
§ o fornecimento da infraestrutura indispensável à manifestação cultural;
§ o fomento à formação artística e de recursos humanos para a cultura;
§ a difusão dos bens culturais;
§ a criação e a manutenção de um clima de liberdade democrática.
Então, o apoio financeiro do Estado é imprescindível, apesar dos perigos que envolve*...
A política cultural poderá, portanto, asfixiar ou proteger, ser eficaz, ser prejudicial ou inócua – tudo
dependerá de sua adequação à comunidade, a seus códigos e afazeres.
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MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Essa sintonia, essa busca da harmonia, é o grande desafio da política cultural contemporânea.
Para tal, hoje é possível contar com parcerias inovadoras e com a ação autossustentável dos
agentes culturais.
Estabelecer as atividades que serão atendidas pelos órgãos e entidades específicos – Ministérios
e Secretarias da Cultura.
1
modalidades de relação do Estado com a cultura...
As modalidades de relação do Estado com a cultura são mencionadas por
Marilena Chauí...
§ liberal – o Estado identifica cultura e belas-artes, estas últimas
consideradas a partir da diferença clássica entre artes liberais e
servis. Na qualidade de artes liberais, as belas-artes são vistas como
privilégio de uma elite escolarizada e consumidora de produtos
culturais;
§ autoritário – o Estado se apresenta como produtor oficial de cultura
e censor da produção cultural da sociedade civil;
§ populista – o Estado manipula uma abstração genericamente
denominada cultura popular, entendida como produção cultural do
povo e identificada com o pequeno artesanato e folclore, isto é,
com a versão popular das belas-artes e da indústria cultural;
§ neoliberal – o Estado identifica cultura e evento de massa, consagra
todas as manifestações de narcisismo desenvolvidas pela massa
média, e tende a privatizar as instituições públicas de cultura
deixando-as sob a responsabilidade de empresários culturais.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
2
atividades que serão consideradas como culturais...
E isso se faz arbitrariamente, em cada país, em função de área de competência
das autoridades culturais, gasto público cultural, estatísticas relacionadas com a
cultura.
Conceitos da Gestão
Gestão cultural significa implementar políticas culturais ou lidar com instituições culturais.
Falar em gestão cultural significa trabalhar com um bem intangível – cultura – em suas mais
diversas manifestações.
21
MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Público-alvo...
O primeiro dilema é sugerido pelas particularidades das pessoas que, na prática, atuam
como gestores culturais*. Em geral, os que neles ocupam cargos são administradores
tradicionais pouco sensíveis às manifestações culturais que estão administrando, embora
bons conhecedores dos labirintos da máquina governamental, ou, no outro extremo,
pessoas sensíveis ao fenômeno cultural, mas que não conhecem adequadamente os
métodos e técnicas administrativas que lhes permitiriam um melhor desempenho.
A melhor opção talvez seja orientar a programação para aqueles já sensibilizados pelo
fator cultural, a fim de dotá-los do instrumental administrativo que facilitaria a realização
mais eficaz dos seus planos e programas. Sem prejuízo, claro, de tentar sensibilizar aos
administradores burocráticos sobre a importância do fenômeno cultural e a necessidade
de respeitar a criação, a diversidade e os direitos culturais.
*gestores culturais...
Os gestores culturais atuam em diferentes órgãos, tais como: arquivos,
bibliotecas, museus, teatros, rádios e canais de TV, fundações culturais, galerias
de arte, instituições de preservação do patrimônio histórico, áreas de difusão
cultural das universidades.
Eles devem estar aptos a buscar formas não tradicionais de financiamento para manter as instituições
culturais e desenvolver sua programação.
Sendo assim, essa capacitação deveria contar com uma boa base de política pública e, mais
especificamente, de política cultural.
Contudo, por outro, esses métodos e técnicas devem ser aplicados a um contexto
cultural.
22
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
Mais ainda...
Os gestores culturais têm de reconhecer que os instrumentos gerenciais são sempre oriundos de
alguma cultura e que sempre influenciam a realidade cultural à qual se aplicam.
Sendo assim, os gestores culturais devem saber que, por meio dos instrumentos gerenciais, eles
podem contrabandear valores de outras culturas.
Uma saída talvez seja analisar paralelamente o fenômeno cultural e o fenômeno organizacional,
e detectar as formas de interação entre eles.
Isso permitiria ainda determinar o substrato cultural de métodos e técnicas aparentemente neutras.
Finalmente, não existe uma administração cultural unívoca, pois as instituições culturais adotam
formas variadas de atuação e se dedicam a objetivos múltiplos...
Logo, o gestor cultural passa, ao longo de sua carreira, por atividades ou projetos muito diversos.
Logo, ele deveria dispor de instrumentos que fossem aplicáveis a toda e qualquer atividade
cultural.
23
MÓDULO 1 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*Jacques Rigaud...
Diplomata francês.
AUTOAVALIAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, a autoavaliação deste módulo.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO Inesita, Mediações e Poder.Texto apresentado ao GT Estudos de Recepção, no Alaic 2000,
Santiago (Chile), abr.2000, p.58, cit. Por José Márcio Barros. Observatório da Cultura: Entre o óbvio
e o urgente. Revista Observatório Itaú Cultural No. 2, 2007, p.62
CHAUÍ, Marilena, Cultura é direito do cidadão. Jornal do Brasil, Idéias 14/11/92 (Rio de Janeiro).
CHAUI, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos Avançados Nº 23, abr.95 (São Paulo).
COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: FAPESP Iluminuras, 1997.
GARCIA CANCLINI, Néstor (ed.) Políticas culturales en América Latina. México, Grijalbo, 1987.
GIRARD, Augustin. Cultural development: experience and policies. Paris, UNESCO, 1972.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 14ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969.
24
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 1
SARAVIA, Enrique. A política cultural na área da música. Salvador, Universidade Federal da Bahia,
1990.
SARAVIA, Enrique. Política e Estrutura Institucional do Setor Cultural da Argentina, Bolívia, Chile,
Paraguai e Uruguai. In: MOISÉS, José Álvaro (Org.) Cultura e Democracia. Rio de Janeiro, Fundo
Nacional de Cultura / MinC, 2001.
SARAVIA, Enrique. Perspectivas sobre a Identidade da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ IFCS,
1982.
SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabeth. Políticas Públicas. Coletânea. 2 volumes. Brasília: ENAP,
2007.
ENCERRAMENTO
Você concluiu o primeiro módulo do curso.
Vamos lá!
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
E mais...
Por exemplo...
Logo, como a cultura pode determinar aspectos econômicos, ela passa a ser pauta da
economia*, das políticas públicas e das estratégias empresariais.
27
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*pauta da economia...
Outro ponto importante é o peso do setor cultural na economia geral, conforme ilustra
a seguir, com o levantamento dos municípios nacionais.
Municípios, total e com estrutura na área de cultura por caracterização do órgão gestor,
segundo classes de tamanho da população dos municípios e Grandes Regiões — 2006
Municípios
Classes de tamanho Com estrutura de cultura, por caracterização do órgão gestor (%)
da população dos
municípios Secretaria Setor Setor
e Grandes Regiões Total Secretaria
municipal em subordinado subordinado à Fundação
Total Municipal
conjunto com a outra chefia do pública
exclusiva
outras políticas secretaria executivo
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações
Básicas Municipais 2006*.
*Em maio de 2010, está prevista a atualização desses dados, quando será divulgado o novo perfil dos Municípios
Brasileiros pelo IBGE.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Os efeitos econômicos gerados pela atividade cultural podem ser classificados em...
Diretos...
Os efeitos econômicos gerados pela atividade cultural ou projeto na região – locação
de teatro e equipamentos, compra de produtos e serviços.
Indiretos...
Gerados pelo público participante – hospedagem, alimentação, transporte e compras.
Induzidos...
Gerados pelos artistas, pelas equipes de produção, pelos assessores de imprensa e
pelos demais envolvidos no projeto.
Tributários...
Gerados pelos impostos e pelas taxas pagos pela instituição ou pelo projeto cultural
aos governos municipal, estadual ou federal.
Logo, a cultura realoca os recursos existentes em uma localidade, ao mesmo tempo que atrai
novos recursos para ela.
29
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*Carnaval...
Esse grande evento, ainda que tenha tido sua dinâmica modificada neste último
século, pode ilustrar um caso em que indicadores mostram sua contribuição
para a movimentação da economia.
Nos últimos anos, o papel do Estado na cultura tem-se ampliado, sob as perspectivas do
Estado regulador e do Estado produtor.
Sob essa ótica, na economia da cultura, ganham destaque duas formas específicas de atuação do
Estado: o Estado produtor* e o Estado regulador.
*Estado produtor...
Intervenções de apoio à expansão do mercado exibidor, de estímulo à formação
de público para o Cinema Brasileiro e de fomento à produção de filmes de
curta, média e longa-metragem, dentre outras, que têm distinguido o Estado
como uma instituição que sintoniza sua luta pelo Cinema Brasileiro,
desenvolvendo constantemente ações culturais, a fim de obter resultados mais
amplos e de longo prazo.
Estado produtor
O Estado executa a produção de bens e prestação de serviços culturais; dessa forma, ocupa um
espaço que poderia ser preenchido pela iniciativa privada.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Por exemplo...
A Riofilme tem se destacado como a empresa que mais lançou filmes brasileiros no
mercado nacional, com ações que iam além das de distribuição de filmes.
Estado regulador
O Estado...
§ desenha caminhos – planeja, regula, conduz e financia – a serem seguidos pela
iniciativa privada;
§ responde às influências de mercado e a ações globais que tenham impactos no
país;
§ estabelece organismos e instituições que monitoram, avaliam e ajustam o impacto
de suas regulamentações.
Por exemplo...
Por meio da execução da política nacional de fomento ao cinema, a Agência Nacional
do Cinema – ANCINE* – fomenta a produção, a distribuição e a exibição de obras
cinematográficas e videofonográficas em seus diversos segmentos de mercado.
*ANCINE...
A Agência Nacional do Cinema – ANCINE – é o órgão oficial de fomento,
regulação e fiscalização das indústrias cinematográfica e videofonográfica,
dotada de autonomia administrativa e financeira. Criada em 6 de setembro de
2001, através da Medida Provisória 2228, a ANCINE é uma agência
independente na forma de autarquia especial, vinculada ao Ministério da Cultura
no dia 13 de outubro de 2003.
Falhas de mercado...
O mercado é incapaz de atender às necessidades do mercado cultural.
Desigualdade de distribuição
Os interesses de mercado não estão necessariamente atrelados àqueles relacionados
à democracia e acessibilidade.
Custo de oportunidade...
Nem sempre o mercado vê, na área cultural, os melhores resultados de retorno para
seu investimento. Em outros casos, pode ser considerado o mais promissor.
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MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Bens de mérito...
Benefícios de interesse coletivo* que não são vistos pelo mercado, mas que são
relevantes aos olhos do Estado.
Fundos institucionalizados...
São os fundos financeiros do Estado, administrados por um órgão colegiado próprio,
para apoiar atividades culturais que se institucionalizam e atuam com relativa autonomia.
32
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Bancos oficiais...
Os bancos oficiais financiam atividades culturais, possuem e financiam importantes
centros culturais, apoiam numerosas iniciativas e projetos de natureza cultural.
Acesse, o ambiente on-line para ler mais sobre fundos institucionalizados e bancos oficiais.
Por meio dessas isenções, o Estado incentiva ou restringe o consumo* de produtos e serviços
culturais, nacionais ou estrangeiros.
Você está certa, Djanira. Dessa forma, a sociedade pode investir mais na cultura.
Atualmente, o Brasil conta com pouco mais de 160 mecanismos de incentivo à cultura, municipais,
estaduais e federais. Esses mecanismos oferecem, aos patrocinadores e aos apoiadores da cultura,
descontos de impostos que podem ser...
§ incentivos municipais = desconto no ISS e IPTU;
§ incentivos estaduais = desconto no ICMS;
§ incentivos federais = desconto no Imposto de Renda.
33
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
2
Lei Rouanet...
A Lei Rouanet, Lei nº. 8.313, criada em 1991, destina-se a pessoas físicas e jurídicas
que desejem apoiar projetos culturais por meio do incentivo fiscal, doações ao
Fundo Nacional da Cultura – FNC – , doações diretas ao projeto ou ações de
patrocínio.
3
pessoas físicas e jurídicas...
34
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Com relação às leis municipais e estaduais, mostram-se concatenadas com sua realidade e
trabalham valendo-se de critérios para a seleção de projetos que deixam entrever os objetivos de
política pública traçados pela região.
Então, as leis de incentivo são um forte aliado para a produção cultural do país?
Sim, Djanira! Hoje existem várias discussões que giram em torno das leis de incentivo fiscal.
Além dos recursos públicos, existem outras fontes de recursos que nem sempre são utilizados
em toda sua potencialidade.
A principal fonte dos recursos para financiamento não estatal é proveniente do setor empresarial*.
*setor empresarial...
A constatação de que o apoio à cultura constitui um excelente investimento
para as empresas privadas transformou o mecenato tradicional em uma
crescente fonte de recursos para as atividades culturais.
35
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
O setor privado apoia a cultura por meio de financiamento privado sem contrapartida pública.
1
sem utilizar os mecanismos estatais de incentivo...
Isso pode acontecer por algum dos motivos a seguir...
§ desconhecimento ou falta de compreensão dos incentivos fiscais;
§ esgotamento do teto de dedução possível, sendo o projeto
complementado por recursos próprios, não passíveis de dedução
fiscal;
§ percepção de que o valor a ser deduzido é pequeno e não justifica
participar de todo um trâmite para aprovação de incentivos fiscais;
§ inexistência de um determinado incentivo fiscal;
§ receio de ter a contabilidade exposta publicamente.
2
mecenato...
A ação de proteção a poetas, músicos, escultores e outros artistas, exercida por
personagens abastados ou poderosos, estendeu-se por todas as épocas. O
respaldo podia ser financeiro, material ou logístico. A recompensa era a fama,
atual e futura, que as obras de arte dariam a seu patrocinador.
Mecenato...
Amparo, proteção ou apoio financeiro, de pessoa física ou jurídica, oferecido aos artistas,
escritores, cientistas...
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Patrocínio...
Custeamento das atividades culturais com fins puramente publicitários1 e apoio
condicionado por necessidades publicitárias2.
1
fins puramente publicitários...
A empresa procura, como o mecenato moderno, uma comunicação de imagem,
mas tenta valorizar a empresa, ou suas marcas e produtos, do ponto de vista
comercial.
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MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
2
apoio condicionado pelas necessidades publicitárias da empresa...
A empresa só financiará aquilo que for eficaz para alcançar os segmentos de
mercado que lhe interessam. Seu interesse não é a promoção da cultura, mas
a melhora de sua imagem ou a venda de seus produtos.
Por outro lado, o que assegura o êxito desse tipo de operação publicitária é o
efeito multiplicador da cobertura pelos meios de difusão e, nesse sentido, uma
competição esportiva pode ser mais rendosa para a empresa. O esporte
conquista, anualmente, uma faixa cada vez maior dos recursos disponíveis para
patrocínios.
*Edgar Morin...
Edgar Morin é um dos pensadores franceses mais importantes de sua época e
diretor de pesquisa emérito do Centro Nacional de Pesquisa Científica – CNRS.
Sua obra múltipla é comandada pelo cuidado com um conhecimento não
mutilado nem compartimentado, apto a apreender a complexidade do real,
respeitando o singular, ao mesmo tempo em que o insere em seu todo.
Nesse sentido...
§ ele efetuou pesquisas em sociologia contemporânea – L’Esprit du
Temps – O espírito do tempo, Editora Grasset, 1962-1976;
§ esforçou-se para conceber a complexidade antropo-social incluindo
aí a dimensão biológica e a dimensão imaginária – L’Homme et la
Mort – O homem e a morte, Seuil, 1951; Le Cinéma ou L’Homme
Imaginaire – O cinema ou o homem imaginário, Minuit, 1956; Le
Paradigme Perdu: la Nature Humaine – O paradigma perdido: a
natureza humana, Seuil, 1973;
§ ele enuncia um diagnóstico e uma ética para os problemas
fundamentais de nosso tempo – Pour sortir du XXe Siècle – Para sair do
século XX, Nathan, 1981; Penser l’Europe – Pensar a Europa, Gallimard,
1987; Terre-Patrie – Terra-Pátria, Seuil,1993; Une Politique de Civilisation
– Uma política de civilização, com Sami Naïr, Arléa, 1997;
§ elaborou, por fim, em vinte anos – 1977-1991 – um Método – 1. La
Nature de la Nature – A natureza da natureza; 2. La Vie de Ia Vie - A
vida da vida; 3. La Connaissance de la Connaissance – O
conhecimento do conhecimento; 4. Les Idées, leur Habitat, leur Vie,
leurs Moeurs, ferir Organisation – As idéias, seu habitat, sua vida, seus
costumes, sua organizaçãol – que permitiria uma reforma do
pensamento.
38
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
As duas formas de financiamento da cultura exigem reflexões profundas por parte do financiador.
Para ficar mais claro, vejamos, em uma tabela, a diferença entre mecenato e patrocínio.
objetivos da tipo de
empresa classificação
comunicação
Elas são, geralmente, administradas por especialistas, o que lhes assegura uma visão da produção
cultural mais profissional e menos condicionada2.
39
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Ocorre, inclusive, a criação de fundações privadas que não dependem de uma única empresa e
cujo objetivo é a arrecadação de recursos para a realização de atividades culturais.
1
eficaz instrumento de aculturação...
As mesmas considerações sobre imagem social da empresa que respaldam o
mecenato e o patrocínio propiciaram a constituição de fundações e organizações
empresariais destinadas a financiar a cultura. Na América latina, existem
numerosos exemplos.
2
motivação filosófica muito diversa...
Há, inclusive, a criação de fundações privadas que não dependem de uma
única empresa e cujo objetivo é a arrecadação de recursos para a realização de
atividades culturais. Um dos casos mais conhecidos é o da Fundação Bienal de
São Paulo.
UNIDADE 4 – PARTÍCIPES
*indústria cultural...
As indústrias fonográfica, editorial, cinematográfica, de televisão e vídeo e as
empresas que comercializam as artes plásticas e as do espetáculo – teatro,
dança, música – , fazem parte desse setor econômico.
40
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
1
motivação filosófica muito diversa...
A indústria cultural é um eficaz instrumento de contato entre culturas, mas os
riscos e vantagens que dele derivam são matéria de profundas discussões.
Para uma análise detalhada das indústrias culturais, ver: ANVERRE, Ari et al.
Industrias culturales: el futuro de la cultura en juego. México, Fondo de la
Cultura Económica; Paris, UNESCO, 1982, e BELL, Daniel et. al. Industria cultural
y sociedad de masas. Caracas, Monte Ávila, 1969.
2
eficaz instrumento de aculturação...
A difusão universal dos símbolos e valores da cultura norte-americana, por
exemplo, são uma mostra disso, além de significar uma poderosa fonte de
receita para os Estados Unidos.
...um conceito que reproduz a ideia de que produtos e serviços culturais, além de
terem seu reconhecido valor de uso, agregam valores de troca, podendo até mesmo
ser o principal objeto de uma empresa*.
*agregam valores de troca, podendo até mesmo ser o principal objeto de uma
empresa...
Assim, pode-se argumentar a favor de benefícios provenientes da aproximação
entre empresas e produtos culturais, que estariam indo além daqueles
mercadológicos.
41
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Mais ainda, a produção mundial de produtos culturais movimenta bilhões de dólares e gera
milhões de empregos em todo o mundo...
A produção mundial de produtos culturais, ou seja, as vantagens dos produtos culturais, vão além
das financeiras ou estritamente econômicas*.
Argumenta-se que os produtos culturais não devem ter seu valor calculado por
sua transformação em moeda, mas pelo seu significado para um determinado
público.
Acesse, no ambiente on-line, um texto sobre a indústria de TV que gera bilhões de dólares no
mundo todo.
42
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
As empresas culturais são instrumentos a serviço de uma utopia individual, no caso de uma
companhia, ou coletiva, no caso de um projeto alternativo de desenvolvimento cultural ou de
uma empresa alternativa*...
*droit de suite...
Direito que se concede ao artista de participar do lucro da revenda de suas obras.
Foi previsto pelo artigo 14 bis, da Convenção de Berna para a Proteção das Obras
Literárias e Artísticas – versão de Bruxelas de 1948. Foi legislado na França – que
outorga ao artista 3% do valor total de cada venda sucessiva –, na Alemanha, na
Itália, na Bélgica, na Suécia,na Dinamarca,em Luxemburgo, na Tunísia,no Uruguai,
no Peru, no Chile, no Brasil e no estado norte-americano da Califórnia – Resale
Royalties Act de 1976, que estabelece 5% sobre cada venda sucessiva.
43
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Por isso, cabe ao Estado contribuir para a capacitação gerencial e comercial dos produtores
culturais.
A produção cultural e artística tem como destinatário o outro, aquele que, genericamente, é
denominado público.
*marketing cultural...
Deve-se distinguir o marketing de uma empresa ou instituição que utiliza
elementos culturais como veículo de divulgação; que subvenciona eventos
artísticos e culturais como suporte da própria imagem institucional e que seria o
fator de estímulo ao mecenato e ao patrocínio, do marketing praticado pelas
instituições culturais para vender seu produto ou negócio cultural ou para obter
recursos para seu financiamento. Nesse caso, a instituição cultural recorre aos
instrumentos estratégicos de marketing: produto – que deve atrair –, preço –
que deve estar de acordo com o público desejado – , distribuição – venda de
ingressos –, comunicação – anúncios, programas, catálogos.
Vamos observar a diferença entre o marketing praticado por uma empresa e o marketing cultural?
Já o marketing cultural é aquele praticado pelas instituições culturais para vender seu produto e
seu negócio cultural ou para obter recursos para seu financiamento.
44
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
Então, Guto, é correto afirmarmos que a razão de ser do marketing cultural é a formação
do público?
Isso, Djanira! Por isso, temos visitantes para os museus e prédios históricos, espectadores
para as artes cênicas e apreciadores para as artes plásticas...
Nos diversos países do continente, as inúmeras festas de padroeiros e os mais diversos festivais e
celebrações continuam sendo realizados.
As festividades populares, em geral, não fazem parte da política pública e, quando o fazem,
integram o setor de turismo.
*essa cultura...
Todavia, essa cultura poderosa e popular, com público e mercado, de empresa,
comunidade e prefeituras, sem paternalismo e com os pés no chão dos
referenciais comunitários, caminha muito bem.
45
MÓDULO 2 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*Joaquim Falcão...
Mestre em Direito pela Universidade Harvard – EUA, e doutor em Educação pela
Universidade de Genebra – Suíça –, além de ser professor de Direito
Constitucional e diretor da Escola de Direito da FGV-RJ. É membro do Conselho
Nacional de Justiça, e atua bastante na área dos direitos autorais na internet.
AUTOAVALIAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, a autoavaliação deste módulo.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO Inesita, Mediações e Poder.Texto apresentado ao GT Estudos de Recepção, no Alaic 2000,
Santiago (Chile), abr.2000, p.58, cit. Por José Márcio Barros. Observatório da Cultura: Entre o óbvio
e o urgente. Revista Observatório Itaú Cultural No. 2, 2007, p.62
CHAUÍ, Marilena, Cultura é direito do cidadão. Jornal do Brasil, Idéias 14/11/92 (Rio de Janeiro).
CHAUI, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos Avançados Nº 23, abr.95 (São Paulo).
COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: FAPESP Iluminuras, 1997.
GARCIA CANCLINI, Néstor (ed.) Políticas culturales en América Latina. México, Grijalbo, 1987.
GIRARD, Augustin. Cultural development: experience and policies. Paris, UNESCO, 1972.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 14ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969.
MAGALHÃES, Aloísio. Entrevista à Revista “Isto É”, 13/01/82, reproduzido no boletim SPHAN/Pró-
Memória 18 (encarte).
SARAVIA, Enrique. A política cultural na área da música. Salvador, Universidade Federal da Bahia,
1990.
46
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 2
SARAVIA, Enrique. Política e Estrutura Institucional do Setor Cultural da Argentina, Bolívia, Chile,
Paraguai e Uruguai. In: MOISÉS, José Álvaro (Org.) Cultura e Democracia. Rio de Janeiro, Fundo
Nacional de Cultura / MinC, 2001.
SARAVIA, Enrique. Perspectivas sobre a Identidade da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ IFCS,
1982.
SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabeth. Políticas Públicas. Coletânea. 2 volumes. Brasília: ENAP,
2007.
ENCERRAMENTO
Você concluiu o segundo módulo do curso.
Vamos lá!
47
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 3
Logo, falar de gestão cultural implica falar de dois atores fundamentais: o gestor e o produtor
cultural.
O gestor cultural lida com políticas institucionais, não se restringindo a uma determinada
política cultural, compreendendo suas diversas áreas e ferramentas...
Logo, o gestor cultural é responsável pela estrutura, pela alocação de recursos humanos, financeiros,
tecnológicos...
*gestor cultural...
Gestor cultural é o profissional que administra grupos e instituições culturais,
intermediando as relações dos artistas e dos demais profissionais da área com
o Poder Público, as empresas patrocinadoras, os espaços culturais e o público
consumidor de cultura, ou que desenvolve e administra atividades voltadas
para a cultura em empresas privadas, órgãos públicos, organizações não
governamentais e espaços culturais.
49
MÓDULO 3 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
*outros gestores...
Representantes do poder público, de espaços culturais independentes ou de
empresas patrocinadoras.
O produtor cultural está relacionado ao lado mais executivo, mais cotidiano de um projeto
cultural.
*produtor cultural...
Fonte: AVELAR, 2008.
*produtor cultural...
Fonte: Adaptado de AVELAR, 2008.
Vejamos, nas imagens a seguir, a diferença entre produtor cultural* e gestor cultural...
artistas e artistas e
mídia outros mídia outros
profissionais profissionais
da cultura da cultura
GESTOR
CULTURAL
poder PRODUTOR poder GESTOR
público público público
CULTURAL público CULTURAL
GESTOR GESTOR
empresas espaços CULTURAL CULTURAL
patrocinadoras culturais empresas espaços
patrocinadoras culturais
50
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 3
*produtor cultural...
O produtor cultural pode ser um especialista em determinados assuntos de
cultura e deverá produzir aquilo que é do seu domínio, ou seja, ser um produtor
de música, um produtor de espetáculos, um produtor da área audiovisual.
Atenção! Nem sempre é clara a distinção entre gestor e produtor*. No entanto, é inegável que
ambos são profissionais com atribuições voltadas para a administração.
Apesar das diferenças, o gestor e o produtor devem ser profissionais capazes de...
§ elaborar projetos;
§ captar recursos;
§ dominar o uso das leis de incentivo à cultura;
§ estar atentos a questões legais e jurídicas – tais como o direito cultural;
§ estar atentos às características e ferramentas de marketing;
§ conhecer as limitações da burocracia;
§ conhecer os fundamentos do planejamento e do orçamento;
§ dinamizar os fazeres culturais;
§ conjugar os fazeres culturais com os diversos interesses em jogo;
§ potencializar os fazeres culturais como fatores de desenvolvimento
socioeconômico.
Existem ainda diferenças entre o gestor e produtor, se eles forem comparados ao papel de um
artista.
Por exemplo...
51
MÓDULO 3 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Artistas plásticos em início de carreira tem de providenciar tudo para fazer uma exposição –
questões burocráticas e operacionais – e ainda cuidar do conteúdo artístico de suas
obras.
Exatamente, Djanira!
Para conhecer um pouco mais sobre o gestor público de cultura, leia, no ambiente on-line, o caso
do CCBB...
Da mesma forma que é possível diferenciar os tipos de profissionais, também se pode distinguir
aquilo que será produzido.
Existem diferentes tipos de projetos culturais, que podem ou não ter uma política cultural
subjacente...
§ eventos;
§ constituição de objetos;
§ conjuntos de eventos;
§ eventos associados a objetos...
52
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 3
Projeto...
O projeto é um empreendimento planejado que consiste em um conjunto de ações
interrelacionadas para alcançar objetivos específicos, dentro dos limites de um
orçamento e tempo delimitados.
Ação...
Ação é uma realização de caráter pontual que concorre – em conjunto ou
isoladamente – para o alcance de um objetivo específico.
Programa...
Programa é o conjunto de projetos e ações articuladas, orientado para um objetivo de
impacto abrangente.
Todo programa possui um tempo definido, ou seja, uma vida útil associada ao ciclo de
sua duração e realização.
Pré-produção...
Concepção da ideia, momento em que...
§ são feitas pesquisas e consultas específicas sobre o tema a ser trabalhado,
em todos os âmbitos – artístico, burocrático, financeiro, jurídico, técnico e
administrativo;
§ estabelecem-se parcerias e se definem as equipes;
§ é feito o planejamento – incluindo-se formas de captação de recursos e
adequação ou não às leis de incentivo.
Produção...
Operacionalização do projeto, momento em que...
§ é feita a interação com os interlocutores – mídia, patrocinadores, governos
e empresas;
§ são feitos ajustes finais do projeto1;
§ é propriamente realizado o evento ou lançamento do produto2;
§ é feito o controle e acompanhamento de todo o projeto – registro dos
dados, números e resultados que vão sendo obtidos;
§ é feita a verificação do nível de abrangência do projeto.
53
MÓDULO 3 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
1
ajustes finais ao projeto...
A prática pode apresentar surpresas na hora de se concretizar um projeto,
principalmente em termos financeiros, devido às oscilações do mercado.
2
realizado o evento ou lançamento do produto...
O evento ou o produto pode ter sido fortalecido por ações de divulgação que
podem, por sua vez, parar ou não no momento em que se lança o produto ou
ocorre o evento.
Pós-produção...
Consolidação dos resultados obtidos, momento em que...
§ são prestadas as contas;
§ são agrupadas, em clipping, as veiculações de mídia;
§ são divulgados os resultados do trabalho;
§ são feitos agradecimentos.
Agora é a hora de olharmos um pouco a gestão cultural, ou seja, como fazer uma gestão satisfatória
de um projeto, de um espaço ou de uma instituição cultural.
Vamos relembrar?
O conceito de cultura com o qual estamos trabalhando é aquele segundo o qual cultura é...
Quando a cultura passa a ser vista de uma forma mais ampla, como um processo complexo – o
qual exige rigoroso planejamento e integração com outros setores e atores –, ela passa a ser um
elemento fundamental da atividade de governos e um fator decisivo de progresso social*.
54
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 3
Outros não têm a sensibilidade ajustada para lidar com as manifestações culturais que
estão administrando.
Logo...
55
MÓDULO 3 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Marketing cultural...
Trata da aproximação da instituição de seu público interlocutor, com foco no alcance
de suas expectativas.
Cultura e economia...
Trata da forma como o setor cultural impulsiona a economia de um local ou uma
sociedade, bem como da interferência das atividades culturais em aspectos de interesse
da economia.
Tecnologia e cultura...
Trata dos impactos na cultura, a partir do momento em que ela se interrelaciona com
a tecnologia.
Guto, além de se dedicar aos fenômenos organizacionais, o gestor cultural também deve
se ater ao estudo e à discussão do fenômeno cultural?
Isso mesmo!
Os gestores devem sempre ter uma clara percepção da realidade em que atuam.
56
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 3
Entre os debates de ordem macro que perpassam a gestão cultural, e consequentemente devem
fazer parte de estudos, reflexões e práticas de um gestor, destacam-se os associados...
§ à identidade;
§ à democratização e ao acesso;
§ à diversidade cultural.
Por fim, é necessário ressaltarmos a importância de tornar a atuação dos gestores culturais muito
mais efetiva.
Dessa forma, esses profissionais poderão desenvolver uma espécie de organização mental para
enfrentar os desafios apresentados pela atividade que exercem.
Além disso, os gestores culturais podem conhecer e usar a linguagem da burocracia e, sobretudo,
usufruir da vantagem de terem aprendido a operacionalizar as próprias ideias.
AUTOAVALIAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, a autoavaliação deste módulo.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO Inesita, Mediações e Poder.Texto apresentado ao GT Estudos de Recepção, no Alaic 2000,
Santiago (Chile), abr.2000, p.58, cit. Por José Márcio Barros. Observatório da Cultura: Entre o óbvio
e o urgente. Revista Observatório Itaú Cultural No. 2, 2007, p.62
CHAUÍ, Marilena, Cultura é direito do cidadão. Jornal do Brasil, Idéias 14/11/92 (Rio de Janeiro).
CHAUI, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos Avançados Nº 23, abr.95 (São Paulo).
COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: FAPESP Iluminuras, 1997.
GARCIA CANCLINI, Néstor (ed.) Políticas culturales en América Latina. México, Grijalbo, 1987.
GIRARD, Augustin. Cultural development: experience and policies. Paris, UNESCO, 1972.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 14ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969.
57
MÓDULO 3 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
MAGALHÃES, Aloísio. Entrevista à Revista “Isto É”, 13/01/82, reproduzido no boletim SPHAN/Pró-
Memória 18 (encarte).
SARAVIA, Enrique. A política cultural na área da música. Salvador, Universidade Federal da Bahia,
1990.
SARAVIA, Enrique. Política e Estrutura Institucional do Setor Cultural da Argentina, Bolívia, Chile,
Paraguai e Uruguai. In: MOISÉS, José Álvaro (Org.) Cultura e Democracia. Rio de Janeiro, Fundo
Nacional de Cultura / MinC, 2001.
SARAVIA, Enrique. Perspectivas sobre a Identidade da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ IFCS,
1982.
SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabeth. Políticas Públicas. Coletânea. 2 volumes. Brasília: ENAP,
2007.
ENCERRAMENTO
Agora que você concluiu o terceiro módulo do curso, deve realizar o pós-teste para obter o
certificado.
Acesse, no ambiente on-line, imagens que explicam como você pode acessar o pós-teste.
58
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
A propriedade intelectual* é um gênero, um ramo do Direito que, por sua vez, também se
ramifica em outros.
*propriedade intelectual...
Hoje há uma tendência de denominarmos esse conjunto de disciplinas de
direitos intelectuais.
Então, quer dizer que a lei não dava um tratamento privilegiado aos autores nem proibia
a cópia das obras existentes, Guto?
59
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Logo, os direitos autorais compreendem os direitos de autor e os que lhe são conexos.
Vejamos uma linha do tempo que reflete a evolução dos direitos autorais.
1827...
Foi promulgada a lei que criou os cursos jurídicos e estabeleceu um privilégio, em
benefício dos professores, sobre os apanhados de suas lições.
1830...
Foi promulgado o Código Criminal, que trouxe poucas contribuições à matéria.
1890...
Foi promulgado o Código Penal de 1890, que trouxe poucas contribuições à matéria.
1891...
O tema ganha estatura constitucional.
1898...
Foi promulgada a Lei nº 496.
1916...
Foi promulgado o Código Civil, importante passo dado com a edição da abrangente Lei
nº 496.
1922...
O Brasil aderiu à Convenção de Berna – já então o principal tratado internacional sobre
Direito Autoral, instituído em Paris, em 1896, e revisto episodicamente ao longo do
século XX.
60
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
Até 1972...
Diversas leis foram promulgadas para o Brasil adaptar-se a seus princípios e para fazer
frente às exigências das décadas seguintes.
1973...
Foi promulgada a Lei nº 5.988, que consolidou a legislação existente, criou o ECAD –
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – e o extinto CNDA – Conselho Nacional
de Direitos Autorais.
1994...
Foi assinado, internacionalmente, o Acordo TRIPS – ADPIC em português, Acordo sobre
Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio.
1996...
Foi criado o marco legislativo mais importante da propriedade industrial – Lei nº 9.279
de 1996 –, que trata de temas como marcas, patentes, desenhos industriais e outros
assuntos, como a concorrência desleal.
1998...
Foram promulgadas...
§ a nova Lei de Direito Autoral, a Lei nº 9.610, resultado da aderência do Brasil
ao Acordo TRIPS;
§ a Lei nº 9.609/98, que trata do direito autoral sobre os programas de
computador.
Hoje...
Foi redigido um novo projeto de lei* de direitos autorais para refletir os tempos
presentes.
61
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
A criação de uma obra intelectual original e passível de proteção tem como consequência a
atribuição, em benefício de seu autor, de direitos autorais morais e patrimoniais,
independentemente do registro da obra nos órgãos competentes – Biblioteca Nacional e seus
escritórios –, que é recomendável, mas apenas facultativo.
Os direitos morais são aqueles que se vinculam à personalidade da criação intelectual bem como
à integridade da obra.
Os direitos morais são inalienáveis, isto é, não podem ser negociados, e são
irrenunciáveis.
Há vários direitos morais previstos na lei, por exemplo, o autor pode, a qualquer tempo, reivindicar
a autoria da obra.
Dessa forma, caso uma obra tenha sido, por qualquer motivo, equivocadamente atribuída
a outro autor, ele pode reclamar a correção desse equívoco, assumindo a paternidade
sobre a criação.
Ele também tem o direito de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado
ou anunciado na utilização de sua obra.
Sempre que for feita uma utilização da obra, ela deve ser vinculada a seu autor*.
62
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
O autor tem o chamado direito ao inédito*, ou seja, ele detém o poder de decidir
quando sua criação intelectual estará madura – e se um dia ela estará – para ser
divulgada ao público.
*direito ao inédito...
O direito ao inédito é um dos mais clássicos direitos morais. Hoje se questiona
esse dogma em algumas situações excepcionais, como a necessidade de acesso
a acervos de autores já falecidos para fins de pesquisa.
*integridade da obra...
Como as demais faculdades morais, esse direito é muito importante, mas passível
de ser exercido de forma abusiva, demandando muita cautela.
Todos os direitos morais transferem-se aos herdeiros dos autores, por força legal.
O autor pode modificar a obra, antes ou depois de utilizada, bem como retirá-la de
circulação, suspender qualquer forma de utilização já autorizada*, quando a circulação
ou utilização implicarem afronta a sua reputação e imagem.
O autor tem o direito de ter acesso a exemplar único e raro da obra que esteja em
legitimamente em poder de outrem para que, por meio de processo fotográfico ou
assemelhado, ou audiovisual, preserve sua memória – sempre, claro, resguardando os
interesses do legítimo proprietário da obra.
63
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Os direitos patrimoniais podem ser livremente negociados pelo autor – titular originário – ou por
seus titulares derivados, isto é, aqueles para quem foram transferidos tais direitos.
*interpretados restritivamente...
Isso significa que, ao interpretarmos um contrato de direito autoral, só devemos
considerar aquelas transmissões de direitos que o autor efetivamente quis
fazer e mencionou expressamente.
Caso haja a intenção de se fazer uma transmissão total e definitiva, isso deve
constar de estipulação contratual escrita.
Normalmente o nome dado a essa licença é licença à autorização para uma utilização não-exclusiva
e mais individualizada*.
Esse é o caso, por exemplo, da licença de uso por meio da qual um autor permite que uma canção
de sua autoria seja incorporada, por meio de sincronização, a uma obra audiovisual.
Por exemplo, um novo modelo de licenciamento é o software livre e o das licenças Creative
Commons*.
64
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
A lei dispõe que a União, os Estados e os Municípios não têm direitos sobre as obras por elas
simplesmente subvencionadas.
Trata-se de uma presunção, o que não impede que um eventual edital disponha a reserva de
alguns direitos para que a administração pública faça determinados usos das obras.
A discussão sobre novas formas de licenciamento é impulsionada, entre outros fatores, pelo
sucessivo aumento dos prazos para que as obras intelectuais ingressem no que se convencionou
chamar domínio público.
As obras intelectuais ingressam no domínio público, em regra, 70 anos após a morte de seu
autor.
65
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Mais ainda...
Quando a obra em coatoria for indivisível – por exemplo, parceria musical –, a data
considerada é a do falecimento do último coautor.
Todo aquele que adaptar, traduzir, arranjar ou orquestrar uma obra caída no domínio
público passa a ser titular de direitos autorais sobre aquele resultado.
No entanto, ele não pode opor-se a usos da obra original que não sejam cópia de seu
próprio trabalho.
Além dos autores, existem normas referentes aos direitos autorais para...
§ artistas intérpretes ou executantes;
§ produtores fonográficos;
§ empresas de radiodifusão.
Contudo, essa equiparação não é absoluta, pois diz respeito a apenas alguns direitos.
Os direitos conexos compreendem certas prerrogativas concedidas a outros titulares que, mesmo
sem serem os autores originais, adicionam recursos criativos às obras intelectuais...
66
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
Por exemplo, os compositores e os intérpretes das canções de show musical exibido pela televisão.
Hoje é reconhecido que os institutos e conceitos jurídicos desempenham uma função social. Essa
teoria foi desenvolvida a partir da percepção da função social da propriedade.
A propriedade não pode servir apenas para atender aos interesses – mesmo que arbitrários – dos
proprietários.
Ela tem também de respeitar os interesses não proprietários – aqueles que se relacionam a outros
valores do ordenamento que não meramente o exercício da autonomia privada individual.
O direito autoral segue o mesmo caminho, não só no que diz respeito aos contratos*, mas também
no que tange às relações entre os titulares de direitos e a sociedade.
Logo, é inegável o atual crescimento da importância das limitações aos direitos do autor.
Com as limitações aos direitos do autor, a própria lei reconhece a existência de uma série de
situações em que é possível utilizar obras intelectuais independentemente de remuneração ou
autorização.
À luz dessas limitações, devem ser entendidos os direitos autorais hoje, e não apenas
à luz de faculdades que possam ser exercidas arbitrariamente, subtraindo do público o
acesso às obras.
67
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
Por exemplo...
§ direito à informação, permitindo que haja a reprodução, pela imprensa, de notícias
e artigos publicados por outros órgãos, desde que se credite a fonte;
§ direito à reprodução, em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em
reuniões públicas de qualquer natureza;
§ direito à reprodução de retratos ou de outra forma de representação da imagem,
feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado,
não havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros.
O acesso aos bens culturais para as pessoas portadoras de deficiência é também protegido pela
lei de direitos autorais...
Djanira, existe uma limitação aos direitos autorais importante e polêmica, a permissão do
uso privado...
Então, Guto, a lei atual restringiu essa possibilidade a pequenos trechos da obra.
Isso, na prática, tem gerado muitas discussões e muitos obstáculos quase incontornáveis.
*em um só exemplar...
É o caso, por exemplo, da pessoa que reproduz um livro para fazer anotações
ou ainda daquele que transfere um álbum musical para outro meio – como as
fitas cassetes ou hoje, mais comumente, para um aparelho reprodutor de
arquivos .mp3.
Direito à educação...
Permite-se o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem
elas se dirigem, mas proibindo-se sua publicação, integral ou parcial, sem autorização
prévia e expressa de quem as ministrou.
68
Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
1
recesso familiar...
O que demonstra também uma forte influência da ideia de prestigiar o uso
privado.
2
sem intuito de lucro...
Há entendimentos bastante minoritários que tentam relativizar o absolutismo
da cobrança por execução musical em situações como festas de casamento –
mesmo que celebradas em espaços alugados – ou, ainda, que buscam estender
esta limitação a outras hipóteses, como as festas promovidas pela administração
pública sem intuito lucrativo.
Citação...
Reprodução*, em qualquer meio de comunicação e com o fim de estudo, crítica ou
polêmica, de passagem de outra obra.
*reprodução...
Essa transposição, no entanto, tem de ser feita na medida justificada para o fim
a atingir.
Dessa forma, a lei impede que sejam cometidos abusos, ao mesmo tempo em
que garante a reprodução daquilo que seja necessário. Deve-se ainda mencionar
sempre o nome do autor e a origem da obra, e respeitar seu contexto original.
69
MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
A lei exige ainda essa reprodução, em si, não seja o objetivo principal da obra
nova, que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause
um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.
Paródias e paráfrases*...
Desde que não forem de verdadeiras reproduções da obra primária nem lhe implicarem
descrédito.
*paródias e paráfrases...
Essa limitação objetiva estimular as criações intelectuais ao mesmo tempo em
que prestigia a liberdade de expressão, dado que, muitas vezes, as paródias
servem como instrumento de crítica.
A gestão coletiva de direitos autorais é caracterizada pela organização dos autores para o exercício
de seus direitos*.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
O ECAD é formado pelas próprias associações musicais, uma vez que elas devem, segundo
a lei, manter um único escritório central1 para a arrecadação e distribuição dos direitos
decorrentes da execução pública2, seja por meio de radiodifusão, da transmissão ou da
exibição de obras audiovisuais – das obras musicais e dos fonogramas.
1
único escritório central ...
Essa é uma atividade naturalmente complexa e o caráter único que a lei confere
ao ECAD deve ser entendido não como um privilégio, mas uma necessidade
identificada pelo legislador – qual seja, a de facilitar a arrecadação dos direitos,
evitando perdas e distorções, e de viabilizar o licenciamento de certos usos das
obras.
2
arrecadação e distribuição dos direitos decorrentes da execução pública...
A arrecadação é feita junto aos usuários de música, que são os promotores de
eventos e audições públicas – shows em geral, circo... –, cinemas e similares,
emissoras de radiodifusão – rádios e televisões de sinal aberto –, emissoras de
televisão por assinatura, boates, clubes, lojas comerciais, micaretas, trios elétricos,
desfiles de escola de samba, estabelecimentos industriais, hotéis, motéis,
supermercados, restaurantes, bares, shopping centers, aeronaves, navios, trens,
ônibus, salões de beleza, escritórios, consultórios e clínicas, academias de
ginástica, entre outros espaços que executarem publicamente uma música.
Os direitos arrecadados devem ser distribuídos, de acordo com uma série de critérios*.
*série de critérios...
Por exemplo, no caso da distribuição de direitos decorrentes de música ao vivo,
não há que se falar em direitos conexos, ao passo que, no caso da execução de
música mecânica, devem ser contemplados, além dos compositores, também
os intérpretes, os músicos e os produtores de fonogramas.
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MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
O novo ambiente tecnológico – marcado, sobretudo, pela difusão da internet – traz uma série de
novos desafios para o direito autoral*.
A própria forma de consumir e ter acesso aos bens culturais, ouvir música e assistir a filmes tem se
modificado intensamente, nos últimos anos.
A difusão do ambiente digital não significa apenas o surgimento de novas formas de reprodução
não autorizada pelos correspondentes titulares de direitos.
Hoje é fácil gravar um disco, editar um livro ou produzir um filme com poucos recursos
e até mesmo em casa.
Não só a produção se tornou mais acessível, mas também outros gargalos do processo cultural –
divulgação, distribuição das obras – foram, de certo modo, minimizados.
A Lei dos Direitos Autorais é aplicável ao chamado entorno digital – no sentido de que a utilização
de uma obra intelectual naquele ambiente obedece à legislação autoral.
Isso ocorre da mesma forma que, por exemplo, a venda de um produto na internet...
Essa venda tem de seguir as regras contratuais do Código Civil e do Código de Defesa do
Consumidor.
A lei atual não traduz, com a conveniência desejável, as velozes transformações que se
registram desde sua promulgação.
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Nivelamento para as Oficinas Presenciais MÓDULO 4
Como hoje, no Brasil, discutem-se novos marcos cíveis e penais para a internet, com ainda mais
razão é necessário discutir os direitos autorais.
Sem dúvida, o ramo dos direitos autorais sofre os novos impactos com força ainda mais imediata
e, paradoxalmente, ainda tem suas fundações mais arraigadas ao passado.
Guto, depois de tantas informações, há algumas questões que podem ser debatidas...
Será que estou dimensionando adequadamente todas as autorizações que preciso obter
e, ao mesmo tempo, respeitando os direitos morais e patrimoniais envolvidos?
Mais ainda, qual auxílio que as limitações aos direitos autorais e o conceito de domínio
público previstos na lei podem desempenhar na gestão de meu projeto?
Qual será o formato de licenciamento mais adequado e útil para o produto criativo
resultante de meu projeto?
AUTOAVALIAÇÃO
Acesse, no ambiente on-line, a autoavaliação deste módulo.
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO Inesita, Mediações e Poder.Texto apresentado ao GT Estudos de Recepção, no Alaic 2000,
Santiago (Chile), abr.2000, p.58, cit. Por José Márcio Barros. Observatório da Cultura: Entre o óbvio
e o urgente. Revista Observatório Itaú Cultural No. 2, 2007, p.62
CHAUÍ, Marilena, Cultura é direito do cidadão. Jornal do Brasil, Idéias 14/11/92 (Rio de Janeiro).
CHAUI, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos Avançados Nº 23, abr. 95 (São Paulo).
COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: FAPESP Iluminuras, 1997.
GARCIA CANCLINI, Néstor (ed.) Políticas culturales en América Latina. México, Grijalbo, 1987.
GIRARD, Augustin. Cultural development: experience and policies. Paris, UNESCO, 1972.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 14ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1969.
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MÓDULO 4 Nivelamento para as Oficinas Presenciais
MAGALHÃES, Aloísio. Entrevista à Revista “Isto É”, 13/01/82, reproduzido no boletim SPHAN/Pró-
Memória 18 (encarte).
SARAVIA, Enrique. A política cultural na área da música. Salvador, Universidade Federal da Bahia,
1990.
SARAVIA, Enrique. Política e Estrutura Institucional do Setor Cultural da Argentina, Bolívia, Chile,
Paraguai e Uruguai. In: MOISÉS, José Álvaro (Org.) Cultura e Democracia. Rio de Janeiro, Fundo
Nacional de Cultura/MinC, 2001.
SARAVIA, Enrique. Perspectivas sobre a Identidade da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ IFCS,
1982.
SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabeth. Políticas Públicas. Coletânea. 2 volumes. Brasília: ENAP,
2007.
ENCERRAMENTO
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certificado.
Para isso, acesse o hotsite do Programa e entre na página Cursos, no ambiente on-line.
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