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ESTRUTURAS DE BETÃO I

FOLHAS DE APOIO ÀS AULAS

MÓDULO 5
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES
ÚLTIMOS DE ELEMENTOS COM ESFORÇO AXIAL NÃO
DESPREZÁVEL

Carla Marchão
Júlio Appleton

Ano Lectivo 2009/2010


ÍNDICE

1. FLEXÃO COMPOSTA .......................................................................................................... 150

1.1. ROTURA CONVENCIONAL ................................................................................................... 150


1.2. DIAGRAMAS DE DEFORMAÇÕES NA ROTURA ........................................................................ 150
1.3. DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS RESISTENTES ................................................................... 151
1.4. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS DE PILARES .......................................................................... 152
1.4.1. Armadura longitudinal ............................................................................................. 152
1.4.2. Armadura transversal .............................................................................................. 153
1.5. EFEITO FAVORÁVEL DE UM ESFORÇO AXIAL MODERADO DE COMPRESSÃO NA RESISTÊNCIA À
FLEXÃO ................................................................................................................................... 156

2. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA DOS PILARES AOS ESTADOS LIMITE ÚLTIMOS .... 157

2.1. COMPORTAMENTO DE ELEMENTOS ESBELTOS .................................................................... 157


2.2. TIPOS DE ROTURA ............................................................................................................. 158
2.3. ESBELTEZA....................................................................................................................... 158
2.4. COMPRIMENTOS DE ENCURVADURA DE ESTRUTURAS SIMPLES............................................. 159
2.5. IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS ........................................................................................... 159
2.5.1. Excentricidade inicial ............................................................................................... 160
2.5.2. Força horizontal equivalente ................................................................................... 161
2.6. CONSIDERAÇÃO DOS EFEITOS DE 2ª ORDEM ....................................................................... 161
2.6.1. Determinação da excentricidade de 2ª ordem ........................................................ 161
2.7. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE ENCURVADURA ........................ 164

3. ESTRUTURAS EM PÓRTICO .............................................................................................. 172

3.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS ..................................................................................... 172


3.2. COMPRIMENTO DE ENCURVADURA ..................................................................................... 172
3.3. EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM EM PÓRTICOS ...................................................................... 175
3.3.1. Verificação da segurança de pórticos cujos efeitos globais de segunda ordem
possam ser desprezados .................................................................................................. 175
3.3.2. Consideração dos efeitos de 2ª ordem ................................................................... 177

4. FLEXÃO DESVIADA ............................................................................................................ 185

4.1. ROTURA CONVENCIONAL ................................................................................................... 185


4.2. DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS RESISTENTES ................................................................... 185
Estruturas de Betão I

1. Flexão Composta
(Flexão com esforço normal de tracção ou compressão)

1.1. ROTURA CONVENCIONAL

 εs ≤ 10‰

 εc(-) ≤ 3.5‰

 Quando toda a secção estiver sujeita a tensões de compressão: 2‰ ≤ εc(-) ≤ 3.5‰

Tensões uniformes Tensões não uniformes


σc εc σc 2‰ ≤ εc ≤ 3.5‰ σc εc = 3.5‰

(-) (-) ou (-)

2‰ 0 0

1.2. DIAGRAMAS DE DEFORMAÇÕES NA ROTURA

Com base nas extensões máximas para o betão e armaduras, podem ser definidas 5
zonas com diagramas associados à rotura:
Compressão Tracção

3.5‰ 2‰ 0 10‰

As2
M 2
1
N
3

As1 5
4
2‰ εyd 10‰

Zona 1 - Tracção com pequena excentricidade (εs1 = 10‰, εs2 ≤ 10‰)


(-)
Zona 2 - Tracção e compressão com grande ou média excentricidade (εs1 = 10‰, εc ≤ 3.5‰)
(-)
Zona 3 - Tracção e comp. com grande ou média excentricidade (εyd ≤ εs1 ≤ 10‰, εc = 3.5‰)
(-)
Zona 4 - Compressão com média ou pequena excentricidade (εs1 ≤ εyd, εc = 3.5‰)
máx
Zona 5 - Compressão com pequena excentricidade (2‰ ≤ εc ≤ 3.5‰)
Conclusão:

 Zonas 1, 2 e 3: εs > εyd ⇒ rotura dúctil

 Zonas 4 e 5: εs < εyd ⇒ rotura frágil

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 150


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

1.3. DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS RESISTENTES

(i) Consideração de um determinado diagrama de rotura, para uma secção de betão


armado com dois níveis de armadura (As1 e As2)

εc
F s2
εs 2
As2 M Rd (-)
Fc
N Rd
yc ys2

As1 (+) F s1
εs1

Nota: A coordenada y pode ser medida em relação ao centro geométrico da secção ou


em relação ao nível da armadura inferior.

Equações de Equilíbrio

• Equilíbrio axial: Fc + Fs2 − Fs1 = NRd

• Equilíbrio de momentos: Fc × yc + Fs2 × ys2 = MRd

⇒ Para um dado diagrama de rotura obtém-se um par de esforço NRd – MRd

(ii) Varrendo a secção com os possíveis diagramas de rotura obtém-se um diagrama


de interacção NRd – MRd

(iii) Repetindo o processo para vários níveis de armadura obtêm-se os diagramas de


dimensionamento
(-)
(-)
N Rd N Rd

M Rd M Rd

a) Diagrama de interacção NRd - MRd a) Diagrama de dimensionamento

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Grandezas adimensionais:
NRd
− Esforço normal reduzido: ν= bhf
cd

MRd
− Momento flector reduzido: µ = b h2 f
cd

AsTOT fyd
− Percentagem mecânica de armadura: ωTOT =
bh fcd

1.4. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS DE PILARES

1.4.1. Armadura longitudinal

(i) Quantidades mínimas e máximas de armadura

As quantidades mínimas de armadura em pilares, variam consoante o tipo de aço


utilizado e o valor do esforço axial de dimensionamento, de acordo com a seguinte
expressão:
0.10 Nsd
As, min = fyd ≥ 0.002 Ac

A quantidade máxima de armadura é dada por:

As, máx = 0.04 Ac (fora das secções de emenda)

Nota: Nas secções de emenda, poderá adoptar-se uma armadura até 0.08 Ac.

(ii) Disposição da armadura, diâmetros e espaçamento

1. Mínimo número de varões na secção transversal

 1 varão em cada ângulo da secção (saliente ou reentrante) ou

 4 varões em secções circulares ou a tal assimiláveis (É recomendável


adoptar pelo menos 6 varões)

2. Diâmetro mínimo dos varões: 8 mm (Recomendável: 10 mm)

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Estruturas de Betão I

1.4.2. Armadura transversal

(i) Espaçamento das cintas

smáx = min (15 × φL,menor; bmin; 30 cm) - NP EN1992 (Anexo Nacional)

O espaçamento indicado deve ser reduzido a 0.6 smáx nos seguintes casos:
- nas secções adjacentes a vigas ou lajes, numa altura igual à maior dimensão do pilar;
- nas secções de emenda de varões longitudinais, caso o diâmetro destes varões
seja superior a 14 mm. Deverão existir pelo menos três cintas ao longo do
comprimento de emenda.

(ii) Diâmetro

φcinta = max (6 mm; 0.25 φL,maior)

(iii) Forma da armadura / cintagem mínima

 Os varões longitudinais situados nos cantos da secção devem ser abraçados por
armadura transversal.

 Em zonas comprimidas, não é necessário cintar varões longitudinais que se


encontrem a menos de 15 cm de varões cintados.

Função da armadura transversal

 Cintar o betão;

 Impedir a encurvadura dos varões longitudinais;

 Manter as armaduras longitudinais na sua posição durante a montagem e


betonagem;

 Resistir ao esforço transverso.

Nota: As cintas devem ser mantidas na zona dos nós de ligação com as vigas.

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.1

Considere a secção rectangular representada, sujeita a flexão composta conforme


indicado. Dimensione e pormenorize a secção.

Nsd = -1200 kN
As/2
M sd Msd = 150 kNm
0.50 N sd

As/2 Materiais: A400NR


C20/25
0.30

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.1

Flexão composta de secções rectangulares (Tabelas)

d1 ≅ 0.05m  d
 ⇒ h1 = 0.10 ; A400
h = 0.50m 

Nsd -1200
Esforço normal reduzido: ν = b h f = = -0.60
cd 0.30 × 0.50 × 13.3×103

Msd 150
Momento flector reduzido: µ = b h2 f = = 0.15
cd 0.30 × 0.502 × 13.3×103

fcd 13.3
ωTOT = 0.20 ⇒ AsTOT = ωTOT b h f = 0.20 × 0.30 × 0.50 × 348 × 104 = 11.47cm2
yd

rotura pelo betão


εc2 -3.5 
Na rotura
εs1 
= 0 a 1 ⇒ armaduras não atingem a cedência
Zona  

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.2

Considere um pilar com secção transversal circular com ∅ = 0.50 m. Dimensione as


armaduras do pilar para os seguintes esforços: Nsd = -1400kN; Msd =250 kNm

Considere os seguintes materiais: C25/30, A400NR

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.2

d1
d1 = 0.05 ⇒ h = 0.10

Nsd -1400
ν= = = -0.427 
⇒ω
2
π r fcd π × 0.252 × 16.7×103
= 0.30

TOT
MSd 250
µ= 3
2π r fcd
=
2 × π × 0.253 × 16.7×103
= 0.152

fcd 16.7
AsTOT = ωTOT × πr2 × f = 0.30 × π × 0.252 × 348 × 104 = 28.3cm2
yd

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

1.5. EFEITO FAVORÁVEL DE UM ESFORÇO AXIAL MODERADO DE COMPRESSÃO NA


RESISTÊNCIA À FLEXÃO

Considere-se o seguinte diagrama de interacção ν - µ, bem como os diagramas de


tensão na rotura para as situações A e B ilustradas.

As2
h
As1
b

0.4
B
A µ

A Fs2,A B Fs2,B

Fc,A Fc,B
NRd

As1 fyd MRd,A As1 f yd MRd,B

MRd,A < MRd,B

∴ A existência de um esforço axial aumenta as resultantes de compressão (Fc e Fs2) e,


consequentemente, o MRd apesar da diminuição do braço de Fc.

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2. Verificação da segurança dos pilares aos estados limite últimos

2.1. COMPORTAMENTO DE ELEMENTOS ESBELTOS

Nos elementos de betão armado solicitados apenas à flexão, os esforços são, em


geral, determinados na estrutura não deformada (Teoria de 1ª ordem).

Sempre que as deformações tenham um efeito importante nos esforços solicitantes (p.
ex. no caso de pilares esbeltos), as hipóteses lineares da teoria de 1ª ordem não
devem ser aplicadas.

Exemplos:

N Teoria de 1ª ordem:
N
M=N×e

Teoria de 2ª ordem:
M = N (e + v) ⇔ M = N × e + N × v
v
L L N × e – momento de 1ª ordem

N × v – momento de 2ª ordem

Nota: na teoria de 2ª ordem as condições de equilíbrio devem ser satisfeitas na


estrutura deformada.

L0
Os efeitos de 2ª ordem dependem da esbelteza dos pilares: λ = i
N  - λ pequeno ⇒ efeitos de 2ª ordem desprezáveis
Ne 1 (Teoria de 1ª ordem)
Ne Nv 2  - λ médio/elevado ⇒ efeitos de 2ª ordem relevantes
(Teoria de 2ª ordem)

Consideram-se os efeitos de 2ª ordem desprezáveis


se: M2ªordem ≤ 0.10 M1ªordem (⇔ N × v ≤ 0.1 N × e)
M

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2.2. TIPOS DE ROTURA

N N N N
1 2 3

e1 e2 e1
e2 e1

N N
1 1 2 2
Ne 1 Nu, Mu N CR, M CR N
Ne 1 Ne 2 2 2
Nu, Mu
3 3
Ne 1 Ne 2 Nu, Mu
3 3
N CR, M CR

 Relação N - M para e2 = 0 (análise de 1ª ordem) Mu/Nu = e1

 Relação N - M para e 2 ≠ 0 (elemento pouco esbelto) ⇒ rotura da secção

 Relação N - M para e 2 ≠ 0 (elemento muito esbelto) ⇒ rotura por instabilidade

2.3. ESBELTEZA

A esbelteza de um pilar é dada por:


L0
λ=
i

onde,
L0 representa o comprimento efectivo da encurvadura (distância entre pontos de
momento nulo ou pontos de inflexão da configuração deformada)
 I 
i representa o raio de giração da secção i = 
 A 
Nota: Deve ser considerado o momento de inércia da secção segundo o eixo
perpendicular ao plano de encurvadura.

Maior λ ⇒ maior sensibilidade aos efeitos de 2ª ordem.

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2.4. COMPRIMENTOS DE ENCURVADURA DE ESTRUTURAS SIMPLES

 Estruturas contraventadas

L 0 = 0.7L
L0 = L L 0 = L/2

 Estruturas não contraventadas

L 0 = 2L L0 = L L 0 = 2L

2.5. IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS

O efeito desfavorável de possíveis desvios na geometria da estrutura ou posição do


carregamento deverá ser tido em consideração no dimensionamento.

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 159


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Para elementos isolados, os efeitos das imperfeições geométricas poderão ser


considerados através de uma excentricidade inicial ei ou através de uma força
horizontal Hi.

ei N N ei
Hi

Hi
L L

a) Elementos não contraventados b) Elementos contraventados

2.5.1. Excentricidade inicial

A excentricidade inicial poderá ser calculada através da seguinte expressão

ei = θi l0 / 2

onde l0 representa o comprimento efectivo de encurvadura.

A inclinação θi pode ser calculada através da seguinte expressão:

θi = θ0 ⋅ αh ⋅ αm
onde,
θ0 representa o valor de inclinação base que pode ser tomado igual a 1/200;

αh representa um coeficiente de redução relacionado com o comprimento do


elemento (αh = 2 / l e 2/3 ≤ αh ≤ 1);

αm representa um coeficiente de redução relacionado com o número de elementos


verticais existente na estrutura (αm = 0.5 (1 + 1/m), onde m representa o número
de elementos verticais).

Caso se tratem de colunas isoladas em estruturas contraventadas, poderá considerar-


se simplificadamente que ei = L0 / 400.

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2.5.2. Força horizontal equivalente

A força horizontal deverá actuar na posição em que provoque o máximo momento


flector e pode ser obtida através das seguintes expressões:

(i) Elementos não contraventados: Hi = θi N

(ii) Elementos contraventados: Hi = 2 θi N

2.6. CONSIDERAÇÃO DOS EFEITOS DE 2ª ORDEM

 Estruturas correntes (edifícios, em geral)

Métodos de dimensionamento a partir dos resultados de uma análise linear de 1ª


ordem, corrigindo a excentricidade para ter em conta os efeitos de 2ª ordem.

(Método das excentricidades adicionais - REBAP, EC2)


e v e e+ead
N N N

Msd = Nsd (e + ead)

 Outras (esbelteza grande)

Métodos de análise não linear de estruturas, tendo em conta as não linearidades


geométricas e as não linearidades físicas dos materiais.

2.6.1. Determinação da excentricidade de 2ª ordem

A excentricidade de 2ª ordem destina-se a ter em conta a deformação do elemento e,


consequentemente, a existência de efeitos de 2ª ordem.

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 161


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Considere-se a seguinte coluna biarticulada “perfeita”


x
N N πx
Para N = NE, tem-se v ≈ A sen L
v
L (Deformada do tipo sinusoidal)

A curvatura é dada por:


1 d2 V π2 πx 1 L2 πx
r = − dx2 = A L2 sen L ⇔ r × π2 = A sen L

1 L2 1 L2
Pelo que, v = r = 2 ≈ r 10
π

Deste modo, a flecha na secção crítica é dada por:


1 L2
vsc = r 10
sc

A curvatura na secção crítica pode ser obtida de forma aproximada através do


seguinte modelo:
syd
(+) εsyd
(-)

1 εsyd + εsyd εsyd


r = 0.9d = 0.45d

0.9d

De acordo com o EC2, a excentricidade de segunda ordem pode ser calculada através
da seguinte expressão:
1 L02
e2 =
r c
onde c representa um factor que depende da distribuição da curvatura ao longo do
elemento. Normalmente adopta-se c = 10, excepto se o momento de primeira ordem
for constante, situação em que se poderá adoptar c = 8.

A curvatura (1/r) pode ser determinada a partir da expressão


1 1
r = Kr ⋅ Kϕ ⋅ r0
onde,
Kr representa um factor correctivo que tem em consideração o nível de esforço axial;

Kϕ representa um coeficiente destinado a ter em conta o efeito da fluência;


1
1 / r0 representa a curvatura base  r ≅ 0.45d  .
εyd
 0 

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 162


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

O coeficiente Kr destina-se a ter em conta o facto de, em determinados casos, a


armadura não atingir a extensão de cedência, o que conduz a uma curvatura inferior à
curvatura base. Este factor de redução pode ser determinado através de:
nu - n
Kr = n - n ≤ 1.0
u bal

onde,
n representa o valor do esforço normal reduzido;

nbal representa o valor do esforço normal reduzido na zona do máximo


momento resistente (em geral, nbal ≈ 0.4);

nu = 1 + ω, com ω = As fyd / (Ac fcd).

O efeito da fluência é considerado através da introdução do coeficiente Kϕ, que


pretende corrigir os casos em que a curvatura base seria inferior à curvatura real
devido ao facto de não se considerar o efeito da fluência.

Kϕ = 1 + β ϕef ≥ 1
onde,
M0cqp
ϕef representa o coeficiente de fluência efectivo  ϕef = ϕ(t∞, t0) M  ;
 0sd 
β = 0.35 + fck / 200 - λ / 150;

M0cqp representa o momento de primeira ordem para a combinação


quase-permanente de acções;
M0sd representa o momento de primeira ordem para a combinação fundamental.

O efeito da fluência poderá ser desprezado, o que equivale a assumir que ϕef = 0, caso
sejam verificadas as três condições seguintes: ϕ(∞, t0) ≤ 2; λ ≤ 75; M0sd / Nsd ≥ h

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 163


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2.7. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE ENCURVADURA

1. Verificação do estado limite último de flexão composta na secção crítica (secção


mais esforçada), para os esforços

Nsd e Msd = M0sd + Nsd e2

2. Secção crítica

(i) Estruturas contraventadas

A localização da secção crítica depende do diagrama de Msd (conforme se pode


observar na figura seguinte, em geral a secção crítica localiza-se numa zona
intermédia, e não junto das extremidades).

Nsd
M02
0.6 M02 + 0.4 M01
M0e = máx 
0.4 M02
M0sd M2 Msd (secção crítica)

com |M02| ≥ |M01|


e2
+ =

Msd ≥ máx M0sd (nós) = M02

M01

(ii) Estruturas não contraventadas


e2
N

M0sd M2

A secção crítica situa-se no nó em que


Msd é máximo

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 164


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3. Dispensa da verificação da segurança ao estado limite último de encurvadura

Para o caso de elementos isolados, os efeitos de segunda ordem poderão ser


desprezados se for satisfeita a condição

20 ⋅ A ⋅ B ⋅ C
λ ≤ λlim =
n
onde,
λ = l0 / i e representa o coeficiente de esbelteza (i representa o raio de
giração da secção transversal não fendilhada);

A = 1 / (1 + 0.2 ϕef ) (se ϕef for desconhecido pode adoptar-se A = 0.7);

B = 1 + 2 ω (se ω for desconhecido pode adoptar-se B = 1.1);

C = 1.7 – rm (se rm for desconhecido pode adoptar-se C = 0.7);

ϕef representa o coeficiente de fluência efectivo;

ω = Asfyd / Acfcd e representa a percentagem mecânica de armadura;

rm = M01 / M02 onde M01 e M02 representam os momentos de primeira ordem


nas extremidades de um elemento, sendo |M02| ≥ |M01|;

n = Nsd / (Ac fcd) e representa o esforço normal reduzido

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 165


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.3

Dimensione o pilar indicado sujeito aos seguintes esforços:

H Secção transversal

0.40

0.30
3.00
Esforços característicos: Ng = 550 kN; Nq = 250 kN
Hq = 20kN
(ψ1 = 0.6; ψ2 = 0.4)

Materiais: C25/30; A400NR

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.3

1. Cálculo da esbelteza

L0 2 × 3.0
λ = i = 0.0866 = 69.3

I 9 × 10-4 bh3 0.4 × 0.33


i= A = = 0.0866 m; I = 12 = 12 = 9 × 10-4 m4
0.30 × 0.40

2. Cálculo da excentricidade devida às imperfeições geométricas

l0 6.0
ei = θi l0 / 2 = 400 = 400 = 0.015 m

1
θi = θ0 ⋅ αh ⋅ αm = 200

αh = 2 / l =2/ 3.0 = 1.15 < 1.0 ⇒ αh = 1.0

αm = 0.5 (1 + 1/m) = 1.0

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3. Determinação dos esforços de dimensionamento

Nsd = 1.5 × (550 + 250) = 1200 kN; M0sd = 20 × 3 × 1.5 + 0.015 × 1200 = 108.0 kN

3.1.Verificação da necessidade de consideração dos efeitos de 2ª ordem

Para dispensar a verificação da segurança à encurvadura, é necessário verificar


condição seguinte:

20 ⋅ A ⋅ B ⋅ C 20 × 0.7 × 1.1 × 1.7


λ = 69.3 ≤/ λlim = = = 33.8
n 0.599

C = 1.7 – rm = 1.7
rm = M01 / M02 = 0
Nsd 1200
n= A f = = 0.599
c cd 0.30 × 0.40 × 16.7×103

⇒ os efeitos de 2ª ordem não são desprezáveis

3.2. Quantificação dos esforços de cálculo

Nsd = 1200 kN

Msd = M0sd + Nsd e2 = 108 + 1200 × 0.047 = 164.4 kNm

(ii) Cálculo da excentricidade de 2ª ordem

1 L02 62
e2 = r c = 0.013 × 10 = 0.047 m
1 1 -2 -1
r = Kr ⋅ Kϕ ⋅ r0 = 0.8 × 1.01 × 1.55×10 = 0.013 m

1 εyd 1.74×10-3
r0 = 0.45d = = 1.55×10-2 m-1
0.45 × 0.25

nu - n 1.42 - 0.6
Kr = n - n = 1.42 - 0.4 = 0.80 ≤ 1.0
u bal

Nsd 1200
n= A f = = 0.60
c cd 0.30 × 0.40 × 16.7×103

nu = 1 + ω ≈ 1 + 0.42 = 1.42

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com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

- Estimativa da percentagem mecânica de armadura (ω)

Msd,estim’ = M0sd + Nsd e2 ≈ 108 + 1200 × 0.015 = 126 kNm

Nsd -1200
ν= bhf = = -0.60 
cd 0.3 × 0.4 × 16.7×103  ⇒ ω = 0.42
Msd 126 
µ=
b h2 fcd = 0.4 × 0.32 × 16.7×103 = 0.21 

Kϕ = 1 + β ϕef = 1 + 0.0013 × 0.78 = 1.01 ≥ 1

M0cqp 33.8
ϕef = ϕ(t∞, t0) M = 2.5 × 108 = 0.78
0sd

M0cqp = 20 × 3 × 0.4 + 0.015 × (550 + 0.4 × 250) = 33.8 kNm

fck λ 25 69.3
β = 0.35 + 200 - 150 = 0.35 + 200 - 150 = 0.013

4. Cálculo da armadura (flexão composta)

Nsd -1200
ν= bhf = = -0.60 
cd 0.3 × 0.4 × 16.7×103 ⇒ω = 0.62

TOT
Msd 164.4
µ = b h2 f =
cd 0.4 × 0.32 × 16.7×103
= 0.273

d1 0.05
h = 0.3 = 0.167≅ 0.15 ; A400

fcd 16.7
ASTOT = ωTOT × bh × f = 0.62 × 0.30 × 0.40 × 348 × 104 = 35.7cm2
syd

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 168


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.4

Dimensione o pilar sujeito aos seguintes esforços:


N

Secção transversal

0.25
0.25

Esforços característicos: Ng = 380 kN; Nq = 220 kN


5.00 (ψ1 = 0.4; ψ2 = 0.2)

Materiais: C20/25; A400NR

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.4

1. Cálculo da esbelteza

L0 5
λ= i = 0.0722 = 69.3

I 3.255 × 10-4 b h3 0.254 -4 4


i= A = 0.252 = 0.0722 m ; I = 12 = 12 = 3.255×10 m

2. Cálculo da excentricidade devida às imperfeições geométricas

5.0
ei = θi l0 / 2 = 0.0045 × 2 = 0.011 m

1
θi = θ0 ⋅ αh ⋅ αm = 200 × 0.89 = 0.0045

αh = 2 / l =2/ 5.0 = 0.89 ; αm = 0.5 (1 + 1/m) = 1.0

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 169


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3. Esforços de dimensionamento

Nsd = (380 + 220) × 1.5 = 900 kN; M0sd = 0.011 × 900 = 9.9 kNm

3.1.Verificação da necessidade de consideração dos efeitos de 2ª ordem

Para dispensar a verificação da segurança à encurvadura, é necessário verificar


condição seguinte:

20 ⋅ A ⋅ B ⋅ C 20 × 0.7 × 1.1 × 1.7


λ = 69.3 ≤/ λlim = = = 25.2
n 1.083

C = 1.7 – rm = 1.7
rm = M01 / M02 = 0
Nsd 900
n= A f = = 1.083
c cd 0.25 × 0.25 × 13.3×103

⇒ os efeitos de 2ª ordem não são desprezáveis

3.2. Quantificação dos esforços de cálculo

Nsd = 900 kN; Msd = M0sd + Nsd e2 = 9.9 + 900 × 0.02 = 27.9 kNm

(ii) Cálculo da excentricidade de 2ª ordem

1 L02 52
e2 = r c = 0.008 ×
10 = 0.020 m
1 1 -2 -1
r = Kr ⋅ Kϕ ⋅
r0 = 0.41 × 1.0 × 1.93×10 = 0.008 m

1 εyd 1.74×10-3
r0 = 0.45d = = 1.93×10-2 m-1
0.45 × 0.20

nu - n 1.55 - 1.083
Kr = n - n = 1.55 - 0.4 = 0.41 ≤ 1.0
u bal

Nsd 900
n= A f = = 1.083
c cd 0.25 × 13.3×103
2

nu = 1 + ω ≈ 1 + 0.55 = 1.55

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 170


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

- Estimativa da percentagem mecânica de armadura (ω)

Msd,estim’ = Msd + Nsd (ei + e2) ≈ 900 × (0.011× 2) = 20 kNm

Nsd -900
ν= bhf = = -1.083 
0.25 × 13.3×103  ⇒ ω = 0.55
2
cd

Msd 20 
µ=
b h2 fcd = 0.253 × 13.3×103 = 0.10 

Kϕ = 1 + β ϕef = 1 - 0.012 × 1.2 = 0.99 ⇒ Kϕ = 1

M0cqp 4.7
ϕef = ϕ(t∞, t0) M = 2.5 × 9.9 = 1.2
0sd

M0cqp = 0.011 × (380 + 0.2 × 220) = 4.7 kNm

fck λ 20 69.3
β = 0.35 + 200 - 150 = 0.35 + 200 - 150 = -0.012

3. Cálculo da armadura (flexão composta)

d1 0.05
h = 0.25 = 0.20 ; A400 → Tabelas pág. 45

Nsd -900
ν= bhf = = -1.083 
cd 0.252 × 13.3×103 ⇒ω = 0.65

TOT
Msd 27.9
µ=
b h2 fcd = 0.253 × 13.3×103 = 0.134 
fcd 13.3
AsTOT = ωTOT × b h × f = 0.65 × 0.252 × 348 × 104 = 15.5cm2
syd

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 171


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3. Estruturas em Pórtico

3.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS

 Estruturas contraventadas: estruturas com elementos verticais de grande rigidez


com capacidade resistente para absorver grande parte das acções horizontais.

paredes
ou
núcleos

 Estruturas não contraventadas: estruturas sem elementos de contraventamento

3.2. COMPRIMENTO DE ENCURVADURA

O comprimento de encurvadura é definido pela distância entre os pontos de momento


nulo, da distribuição final de momentos ao longo do pilar, podendo ser determinado
pela expressão,
L0 = ηL
onde L representa o comprimento livre do elemento e η é um factor que depende das
condições de ligação das extremidades do elemento

Estruturas contraventadas Estruturas não contraventadas

L L

L0 ≤ L (η ≤ 1) L0 ≥ L (η ≥ 1)

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 172


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

 Estruturas contraventadas

0.7 + 0.05 (α + α )1 2

η = min 0.85 + 0.05 α min

1.0

 Estruturas não contraventadas

1.0 + 0.15 (α1 + α2)


η = min 
2.0 + 0.3 αmin

onde α1 e α 2 são parâmetros relativos às extremidades 1 e 2 do pilar, dadas por:

∑(EI / L) pilares nó i:
αi = viga
∑(EI / L) vigas
pilar
Este parâmetro pretende traduzir a maior ou menor dificuldade de rotação do nó:

Maior rotação ⇒ maior deformação ⇒ maiores efeitos de 2ª ordem.

Caso as extremidades do pilar estejam ligadas a elementos de fundação:

i) fundações que confiram encastramento parcial : α = 1

ii) fundações que confiram encastramento perfeito: α = 0

iii) fundações cuja ligação ao pilar não assegure transmissão de momentos (liberdade
de rotação: α = 10

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 173


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Exemplo:

Determinar o comprimento de encurvadura do pilar indicado na figura.

3.00

2
0.6 0.5

0.3 0.3 0.3 3.00


0.3

1
0.5 0.4
0.3 0.3

4.00

6.00 5.00

Classificação da estrutura: Estrutura não contraventada

0.34 1 0.34 1
∑(EI / L) pilares ∑(I / L) pilares 12 × 4 + 12 × 3
α1 = = = 3 3 = 0.468
∑(EI / L) vigas ∑(I / L) vigas 0.3 × 0.5 × 1 + 0.3 × 0.4 × 1
12 6 12 5

0.34 1
12 × 3 × 2
α2 = = 0.295
0.3 × 0.63 1 0.3 × 0.53 1
12 ×
6 + 12 ×
5

1 + 0.15 (α1 + α2) = 1 + 0.5 (0.468 + 0.295) = 1.11


η = min 
2.0 + 0.3 αmin = 2 + 0.3 × 0.295 = 2.09

L0 = 3 × 1.11 = 3.33m

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 174


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3.3. EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM EM PÓRTICOS

Para o caso de estruturas em pórtico, os efeitos globais de segunda ordem poderão


ser desprezados se for satisfeita a condição

ns ∑Ecd Ic
Fv,sd ≤ k1 n + 1.6 L2
s
onde,
Fv,sd representa a carga vertical total;
ns representa o número de pisos;
L representa a altura total do edifício acima do nível a partir do qual os
deslocamentos horizontais estão restringidos;
Ecd representa o valor de dimensionamento do módulo de elasticidade do
betão (Ecd = Ecm / γcE = Ecm / 1.2);

Ic representa o momento de inércia da secção transversal dos elementos de


contraventamento (em estado não fendilhado);
k1 é um coeficiente que em geral toma o valor 0.31, ou o valor 0.62 caso se
verifique que os elementos de contraventamento não estão fendilhados em
estado limite último.

Esta expressão é válida caso se verifiquem as condições seguintes:

- Estrutura aproximadamente simétrica;


- Deformações globais por corte desprezáveis;
- Rotação da base dos elementos de contraventamento desprezável;
- Elementos de contraventamento com rigidez aproximadamente constante em altura;
- Cargas verticais semelhantes nos vários pisos.

3.3.1. Verificação da segurança de pórticos cujos efeitos globais de segunda


ordem possam ser desprezados

Caso os efeitos globais de segunda ordem possam ser desprezados, os elementos de


contraventamento são dimensionados para os esforços de 1ª ordem.

Os pilares podem ser analisados como elementos isolados.

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 175


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

3.3.1.1. Verificação da segurança dos elementos verticais

Pilares

 Possíveis configurações deformadas e diagramas de momentos flectores


correspondentes

Msd δ Msd
δ
M'sd M'sd

 Esforços de dimensionamento

- Nós: Nsd ; Msd

' = M0sd + Nsd e2


- Secção crítica: Nsd ; Msd
onde: M0sd = M0e + Nei
0.6 M02 + 0.4 M01
M0e = máx  com |M02| ≥ |M01|
0.4 M02

Nota: A secção crítica (onde os efeitos de 2ª ordem são mais desfavoráveis)


ocorre entre nós.

3.3.2. Verificação da segurança de pórticos cujos efeitos globais de segunda


ordem não possam ser desprezados

Caso os efeitos globais de segunda ordem não possam ser desprezados, os


elementos de contraventamento são dimensionados para os esforços de 1ª e 2ª
ordem.

Os pilares podem ser analisados como elementos isolados.

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 176


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Paredes
Comprimento de encurvadura: L0

Nota: Na determinação dos


esforços de dimensionamento,
devem ser consideradas as
Lparede
imperfeições geométricas e os
L0
2 efeitos de segunda ordem.

3.3.3. Consideração dos efeitos de 2ª ordem em pórticos não contraventados

No caso de estruturas em que os efeitos globais de segunda ordem tenham que ser
considerados, a análise de pilares isolados em estruturas introduz alguns problemas:

− A análise de pilares isolados conduz a excentricidades diferentes, o que não é


realista dado que as vigas e lajes do piso impõem igualdade de deslocamentos
horizontais para os pilares. Assim, deverá considerar-se a mesma excentricidade de
2ª ordem em todos os pilares.

− Os efeitos de 2ª ordem provocam um aumento de esforços nos pilares que, por


equilíbrio, conduz a um aumento de esforços nas vigas adjacentes (a análise de
pilares isolados não tem em conta este efeito).

Formas mais correctas de ter em conta os efeitos de 2ª ordem

1. Análise da estrutura inclinada (deformada)

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 177


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

2. Aplicação de forças horizontais fictícias que conduzam aos valores dos esforços
provocados pelos efeitos de 2ª ordem.

∆H 2

∆H 1

Esta metodologia pode ser ilustrada através da análise de um pórtico simples a seguir
indicada.

Começando por definir as condições de equilíbrio definidas na posição deformada —


estrutura com inclinação θ —

N1 N2
δ δ

P2

P1
L
θ θ

1
2
e2 0 e 0

e2 2 e2 e2
θ= = 1 ; δ = Lθ = 2L
l 10 l0 l 10
2

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 178


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

Obtem-se um momento global de 2ª ordem: MTOTAL


2 = (N1 + N2) δ →

e2
→ MTOTAL = (N1 + N2) 2L
2 l 10

e2 ;l 10 → parâmetros relativos ao pilar que atinge primeiro a curvatura de cedência

(pilar condicionante)

A força horizontal equivalente que conduz ao mesmo momento global nos pilares pode
ser calculada da seguinte forma:
e2
∆H
MTOTAL
∆H = ∆HL → ∆HL = (N1 + N2) 2L
l0

e2
L → ∆H = 2 (N1 + N2)
l0

l0; e2 → parâmetros relativos ao pilar


condicionante
Definição do Pilar Condicionante

A excentricidade de 2ª ordem e2 é função da curvatura de cedência do pilar:


2
1 l0
e2 = r 10

N h
n

+
-
1/r
n 1 1 0.4
r ≅ r0 n
e2 0

1
0.4 r0

m
N

1 εyd εyd
r0 = 0.45d ≅ 0.4h

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 179


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

A curvatura de cedência pode ser estimada de forma aproximada pela seguinte


expressão:
2
1 εyd 0.4 εyd εyd l 0
r = 0.4h n = n h → e2 = n h 10 com n ≥ 0.4

2
l0 θ l0 εyd l 0 1 l0
mas: e2 = θ 2 ⇒ ⇒
2 = n h 10 θ = 5 εyd n h

θ é a inclinação do pórtico associada ao pilar que atinge primeiro a curvatura de


cedência.

⇒ θ = θi,mínimo

l0
Donde se conclui que o pilar condicionante é o pilar com menor relação n h (n ≥0.4)

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 180


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.5

G2 g, q G1

P1 P2

5,0
0.3 0.3

0.4 0.6

10,0

rto

oipdofi

C25/30 g = 20kN/m ψ2 = 0.4

A500 NR q = 15kN/m γE = 1.5

Rec: 3cm G1 = 900kN

G2 = 500kN

E = ± 100kN

Dimensionamento dos pilares

— Estrutura não contraventada

l0
Esbeltezas λ = i

l0 = 2l = 2 x 5 = 10m

0.6 10
P1: i= = 0.115m → λ = 0.115 = 87
12

0.6 10
P2: i= = 0.173m → λ = 0.173 = 58
12

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 181


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

— Efeito das imperfeições geométricas

1
θi = θ0 αh αm ; θ0 = 200

2 2 1 1
αh = = = 0.894 ; αm = 0.5 1 + m = 0.5 1 + 2 = 0.87
l 5    

1
θi = 200 x 0.894 x 0.87 = 0.0039 ; ei = 0.0039 x 5 = 0.0194m

0.0194

0.0039 0.0039

Força horizontal equivalente

Hi = Nθi

Combinação que envolve a acção sísmica

Sd = Sg + ψ2 Sq ± 1.5 SE

N = N1 + N2 = (500 + 900) + 10 (20 + 0.4 x 15) = 1660kN

Hi = 1660 x 0.0039 = 6.47kN


H i = 6.47 EI1
L31 0.43
R1 = EI H = 0.4 + 0.63 6.47 = 1.49kN
3
EI2 1 14243
1
+
L13 L32 0.23

R2 = Hi – R1 = 4.98kN
R1 R2

Esforços de 1ª ordem

P1 → E1 = 0.23 x 100 = 23kN

10
Nsd = 500 + 2 (20 + 0.4 x 15) = 630kN

M0sd = 1.5 x 23 x 5 + 1.49 x 5 = 180kNm

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 182


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

P2 → E2 = 100 – 23 = 77kN

10
Nsd = 900 + 2 (20 + 0.4 x 15) = 1030kN

M0sd = 1.5 x 77 x 5 + 4.98 x 5 = 602,4kNm

Efeitos de 2ª ordem

Pórtico não contraventado ⇒ necessidade de considerar os efeitos de 2ª ordem

Excentricidade de 2ª ordem

e2 é condicionada pelo pilar mais rígido. Para um determinado deslocamento


horizontal o pilar mais rígido atinge primeiro a cedência.
δ1 δ2 P1
⌠ 1− 1 1
δ1 = δ2 =  r M ⇒ r = r
⌡ 1 2

1 1
1/r0 e2 → r = r k1 k2
ε 0


εyd
P2 0.45d

2
1 l0 1 1 1 εyd
P2 → e2 = r 10 ; r = k r kφ
r0 ; =
r0 0.45d

1 2.175 x 10-3 -3
r0 = 0.45 x 0.55 = 8.79 x 10 /m

kφ = 1 + βφef ≥ 1.0

fck λ 25 58
β = 0.35 + 200 - 150 = 0.35 + 200 - 150 = - 0.088 ⇒ kφ = 1.0

M0cqp M0cqp = 4.98 x 5 = 24.9kNm 24.9


φef = φ M → φef = 2.5 602.4 = 0.1
0sd M0sd = 602.4kNm

kφ = 1 + 0.088 x 0.1 ≅ 1.0

nn - n Nsd
kr = n - n ≤ 1.0 ; n = A f ; nn = 1 + w
n bal c cd

n = 0.343 ; nbal = 0.4 ; w ≈ 0.5 (estimativa)

1.5 - 0.343
kr = 1.5 - 0.4 = 1.05 ⇒ kr = 1.0

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 183


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

(n ≤ 0.4 ⇒ kr = 1.0)
10-2
e2 = 8.79 x 10-3 10 = 0.0879m

2N e2 e2
Força horizontal equivalente: ∆H = ; l0 = 2l ⇒ ∆H = N e2/l = (N1 + N2)
l0 l

0.0879
∆H = 1660 x 5 = 29.18kN

Momento de 2ª ordem

P1 → M2 = 0.23 x 29.18 x 5 = 33.56kNm

P2 → M2 = 0.77 x 29.18 x 5 = 112.34kNm

Esforços de dimensionamento

Nsd = 630kN
P1 → 
Msd = M0sd + M2 = 180 + 33.56 = 213.56kNm

213.56
n = 0.313 ; µ = 0.3 x 0.42 x 16700 = 0.266 → w = 0.48

AsTOT = 22.1cm2

Msd 213.56
Vsd = = 5 = 42.7kN
l

Asw Vsd 42.7 2 Asw


s = z cotg θ fyd = 0.9 x 0.35 x 2 x 43.5 = 1.56cm /m →  s min

8φ20
0,3

(ρ = 2.1%)
Cintas φ6//0.15
0,4

Nsd = 1030kN n = 0.343


P2 →  → → w = 0.76
Msd = 602.4 + 112.34 = 714.74kNm µ = 0.396

AsTOT = 52.5cm2

714.74 Asw 2
Vsd = 5 = 142.9kN s = 3.32cm /m

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 184


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

4φ25
4φ25
2φ20

2φ16

2φ20
8φ25 + 4φ20
(ρ = 3.1%)
0,3

Cintas φ8//0.15

0,6

4. Flexão Desviada

4.1. ROTURA CONVENCIONAL

 εs ≤ 10‰

 εc(-) ≤ 3.5‰

 Quando toda a secção estiver sujeita a tensões de compressão: 2‰ ≤ εc(-) ≤ 3.5‰

Problema: o momento não está a actuar segundo as direcções principais de inércia.

4.2. DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS RESISTENTES

(i) Consideração de um determinado diagrama de rotura, para uma secção de betão


armado

ε
My
(+)
Mz
Fs 1
Fs2
(-)

Fc
σc

Através das equações de equilíbrio, para um dado diagrama de rotura obtém-se um


par de esforço MRd,y – MRd,z

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 185


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

(ii) Varrendo a secção com os possíveis diagramas de rotura obtém-se um diagrama


de interacção MRd,y – MRd,z

(iii) Repetindo o processo para vários níveis de armadura obtêm-se os diagramas de


dimensionamento

Flexão composta desviada: os processos anteriores são repetidos para vários níveis
de esforço axial.

Grandezas adimensionais:

NRd
− Esforço normal reduzido: ν = b h f
cd

MRd,y MRd,z
− Momentos flectores reduzidos: µy = b h2 f ; µz = b2 h f
cd cd

AsTOT fsyd
− Percentagem mecânica de armadura ωTOT = b h fcd

Nota:

Simplificadamente, é possível dividir o problema nas duas direcções e resolver como


se se tratasse de um problema de flexão composta em cada direcção. Neste caso, é
necessário verificar no final a seguinte condição:
α α
 Msd,y  +  Msd,z  ≤ 1.0
 MRd,y   MRd,z 

onde α é um coeficiente que depende da forma da secção transversal e que toma os


seguintes valores:
• Secções transversais circulares ou elípticas: α = 2
• Secções transversais rectangulares

Nsd / NRd ≤ 0.1 0.7 1.0


α 1.0 1.5 2.0

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 186


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 187


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.6

Dimensione e pormenorize a seguinte secção de um pilar para os esforços de cálculo


indicados.

z Nsd = -1200 kN
Msd,y = 150 kNm
Msd,z = 100 kNm

0.50
y Materiais: A400
C20/25

0.30

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.6

Flexão desviada com esforço axial (Tabelas)


M sdz
Nsd -1200
ν= bhf = = -0.60
cd 0.30 × 0.50 × 13.3×103
Astot/4
Msdy 150
µy = b h2 f = = 0.15
cd 0.30 × 0.502 × 13.3×103
M sdy
Msdz 150
µz = b2 h f = = 0.167
cd 0.30 × 0.50 × 13.3×103
2

Como µz > µy ⇒ µ1 = µz = 0.167 e µ2 = µy = 0.15

ν = -0.6

µ1 = 0.167 ⇒ω TOT = 0.60
µ2 = 0.15 
fcd 13.3
⇒ AsTOT = ωTOT b h f = 0.60 × 0.30 × 0.50 × 348 × 104 = 34.4cm2
syd

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 188


com esforço axial não desprezável
Estruturas de Betão I

EXERCÍCIO 5.7

Considere um pilar com secção transversal circular com ∅ = 0.50 m. Dimensione as


armaduras do pilar para os seguintes esforços: Nsd = -1400kN; Msdz = 150 kNm;
Msdy = 200 kNm

Considere os seguintes materiais: C25/30, A400NR

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 5.7

Msd = 1502 + 2002 = 250 kNm ⇒ Flexão composta

d1
d1 = 0.05 ⇒ h = 0.10

Nsd -1400
ν= = = 0.427 
π r2 fcd π × 0.252 × 16.7×103 ⇒ω = 0.30

TOT
MSd 250
µ= 3
2π r fcd
=
2 × π × 0.253 × 16.7×103
= 0.152

fcd 16.7
AsTOT = ωTOT × πr2 × f = 0.30 × π × 0.252 × 348 × 104 = 28.3cm2
syd

MÓDULO 5 – Verificação da segurança aos estados limite últimos de elementos 189


com esforço axial não desprezável

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