AULA 03
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porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas limitações.
Pelo artigo 176 da C. F. as jazidas, os recursos minerais e hídricos
constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, ficando sob o domínio da União. Mas, convenhamos, é
difícil qualquer um de nós comprar um terreno e nele “achar” uma mina de
ouro ou de diamantes ou um lençol petrolífero. No entanto se isso ocorrer,
você não será dono deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos
minerais e o aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria
Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da
lavra. Portanto, como regra, o dono do solo será também o do subsolo. Mas
se for encontrado algum recurso mineral, o subsolo será destacado do solo
e a União será a proprietária deste recurso mineral.
• por acessão física, industrial ou artificial (acessão quer dizer aumento,
acréscimo de uma coisa a outra) ⎯ tudo quanto o homem incorporar
permanentemente ao solo, não podendo removê-lo sem destruição,
modificação ou dano (ex: sementes plantadas, edifícios, construções –
pontes, viadutos, etc.). É bom que nós acrescentemos: não perdem o
caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis):
a) edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade,
forem removidas para outro local.
b) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
• por acessão intelectual ⎯ o que foi empregado intencionalmente para a
exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São bens móveis que
foram imobilizados pelo proprietário. É uma ficção jurídica. Exemplos: um
trator destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola,
máquinas de uma fábrica têxtil, para aumentar a produtividade da
empresa, veículos, animais e até objetos de decoração de uma residência.
O Código Civil atual não acolhe mais essa classificação em relação a bens
imóveis. Seguindo a doutrina moderna sobre o tema, o Código qualifica
esses bens como pertenças, onde a coisa deve ser colocada a serviço do
imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria de bens
acessórios. Este tema tem caído muito em concursos, portanto voltaremos
a ele mais adiante, quando analisaremos os bens acessórios. A pertença
pode ocorrer também na hipoteca, que abrange os bens móveis dentro de
um imóvel (ex: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois). Vejam
que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser
móvel, por mera declaração de vontade.
• por disposição legal ⎯ tais bens são considerados como imóveis, para
que possam receber melhor proteção jurídica. São eles (veremos melhor
todos esses temas na aula sobre o Direito das Coisas):
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Observações:
- Os materiais de construção enquanto não forem nela empregados
são bens móveis.
- As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por
natureza, exceto se se destinam ao corte (convertem-se, neste
caso, em móveis por antecipação).
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2) Outorga
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por
pessoa casada sem a outorga (uma espécie de autorização ou anuência ou
mesmo ciência) do outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. Já os
bens móveis não necessitam dessa outorga. Assim, a mulher (ou o marido)
pode vender um carro, jóias, ações de uma sociedade anônima sem autorização
de seu cônjuge.
Vou dar um exemplo que pode causar surpresa em alguns alunos. E este
exemplo costuma cair muito. Digamos que uma mulher solteira tenha comprado
e registrado um imóvel em seu próprio nome. Lógico, este imóvel é só dela!!
Posteriormente ela se casa pelo regime da comunhão parcial de bens (falarei
dos regimes de bens do casamento em aula posterior – Direito de Família). O
imóvel continua sendo só dela!! Passado um ano do casamento ela deseja
vender esse imóvel. Pergunto: Ela precisa da autorização do marido (apesar do
imóvel ser somente dela)? Resposta = SIM!! Ela precisa da chamada... outorga
marital. A lei obriga essa outorga (que somente é dispensável no regime da
separação total de bens, como veremos). Continuo a perguntar: E se o marido
não quiser fornecer a outorga? Resposta = Simples! O imóvel pertence somente
a ela e vai continuar sendo só dela. Mas ela precisa da outorga e o marido não a
fornece. Portanto a mulher, se quiser vendê-lo deve pedir ao Juiz, em uma
petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz então dará uma ordem para
que a escritura seja lavrada (e também seja feito o registro posteriormente),
mesmo sem a sua anuência. É o que chamamos de “suprimento da outorga”. E
Se a situação fosse a inversa (o imóvel é do marido e ele precisa vender)? O
fato seria o mesmo, ou seja, o marido também necessitaria da outorga. Só que
neste caso essa outorga é chamada de uxória. Vejam que em cada caso a
outorga recebe um nome diferente. Assim, a outorga pode ser:
• marital ⎯ o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à
mulher e o marido assina também os documentos anuindo na venda do
imóvel.
• uxória ⎯ a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor –
em latim quer dizer mulher casada).
Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? – Sim.
Trata-se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação total
de bens? – Sim. Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (uxória ou marital).
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A) Bens Imóveis
1) Usucapião Extraordinária
• 15 anos – sem título, sem boa-fé.
• 10 anos – sem título, desde que resida no local ou tenha realizado obras
produtivas.
2) Usucapião Ordinária
• 10 anos – com título, boa-fé.
• 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que resida no
local ou tenha realizado investimento de interesse social e econômico.
B) Bens Móveis
• 05 anos – sem justo título e sem boa-fé – usucapião extraordinária.
• 03 anos – com justo título e boa-fé – usucapião ordinária.
4) Direitos Reais
• para bens imóveis ⎯ regra → hipoteca.
• para bens móveis ⎯ regra → penhor.
A) INFUNGÍVEIS
São os que não podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. São bens personalizados, individualizados (ex: imóveis;
carro; um quadro famoso, etc.).
B) FUNGÍVEIS
São os que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (ex: uma saca de arroz, uma resma de papel, dinheiro,
etc.).
Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo sempre deixar bem claro:
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis.
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis.
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Tal classificação decorre da destinação que será dada aos bens, sendo que
a vontade do homem pode influir. Dividem-se em consumíveis ou
inconsumíveis. Vejamos:
A) CONSUMÍVEIS
São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria
coisa. Admitem um uso apenas (ex: gêneros alimentícios, um maço de cigarros,
giz, dinheiro, gasolina, etc.).
Observação – Há bens que são consumíveis, conforme a destinação. Ex:
os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem usos reiterados.
Mas expostos numa livraria são considerados como consumíveis, pois a
destinação é a venda. Sob o ponto de vista do vendedor são considerados como
bens consumíveis (assim como outros bens considerados em princípio como
inconsumíveis). Pergunto: Quantas vezes um vendedor pode vender um mesmo
bem? Uma vez! Por isso sob a ótica do vendedor esses bens são consumíveis
(permitem um uso apenas). E é por isso que nós somos chamados de
‘consumidores’.
B) INCONSUMÍVEIS
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda
a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex: roupas de uma forma geral,
automóvel, casa, etc.), ainda que haja possibilidade de sua destruição em
decorrência do tempo.
Quando alguém empresta algo (ex: frutas) para uma exibição, devendo
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a
doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem).
A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da destinação
econômico-jurídica. O usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis.
Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-
usufruto ou usufruto impróprio. Também veremos esses temas de forma mais
minuciosas, na aula específica sobre usufruto.
Aqui há uma “pegadinha” interessante: o sapato... é um bem consumível
ou inconsumível? Pelos conceitos fornecidos é um bem inconsumível, pois
permite usos reiterados. Mas alguém pode perguntar: mas o sapato não gasta?
Como disse acima, não é o fato de se gastar ou não o bem. No fundo, no
fundo... tudo gasta. Mas não é isso que é importante. O importante é se eu
posso ou não usá-lo por diversas vezes. E o sapato permite usos reiterados,
portanto é um bem inconsumível.
Por último, não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Estas
qualidades podem estar combinadas em um mesmo bem. Um bem pode ser
consumível e ao mesmo tempo infungível (ex: partitura de um compositor
famoso colocada à venda). O bem pode ser também inconsumível e fungível
(ex: uma picareta).
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A) DIVISÍVEIS
São os que podem se partir em porções reais e distintas, formando cada
qual um todo perfeito (ex: papel, quantidade de arroz, milho, etc.). Se
repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará as qualidades do
produto. Já vi cair em um concurso o exemplo do lápis. É divisível ou indivisível?
Em tese é um bem divisível, pois podemos fracioná-lo e em cada um dos
pedaços podemos fazer “uma ponta” e, portanto, teremos dois lápis (lógico que
menores).
B) INDIVISÍVEIS
São os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar
um todo perfeito (ex: uma jóia, um anel, um par de óculos ou sapatos, etc.). No
entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada:
• por natureza ⎯ um cavalo vivo, um quadro etc.
• por determinação legal ⎯ servidões prediais, módulo rural, lotes
urbanos, hipoteca, etc. (tais temas serão abordados oportunamente).
• por vontade das partes ⎯ o bem era divisível e se tornou indivisível
por contrato. Ex: entregar 100 sacas de café. Em tese é divisível (posso
entregar 50 hoje e 50 na semana que vem). Mas eu posso pactuar a
indivisibilidade: as 100 sacas devem ser entregues todas hoje.
Observações
A) SINGULARES
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B) COLETIVOS OU UNIVERSAIS
São as coisas que se encerram agregadas em um todo. São as
constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu conjunto,
formando um todo único (universitas rerum). As universalidades podem se
apresentar:
• Universalidade de Fato ⎯ conjunto de bens singulares,
corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana.
Exemplos: alcatéia (lobos), cáfila (camelos), biblioteca (livros), pinacoteca
(quadros), hemeroteca (jornais e revistas), panapaná (borboletas), etc.
Acrescenta o Código Civil que esses bens devem ser pertinentes à mesma
pessoa e tenham destinação unitária.
• Universalidade de Direito ⎯ conjunto de bens singulares,
corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma jurídica,
com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade. Exemplos: patrimônio
(conjunto de relações da pessoa incluindo posse, direitos reais, obrigações
e ações correspondentes), espólio (é a herança, o patrimônio - direitos e
deveres - deixado pelo falecido que se transmite aos herdeiros),
estabelecimento comercial, massa falida, etc.
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A) PRINCIPAIS
São os que existem por si, abstrata ou concretamente, independente de
outros (ex: o solo, um crédito, uma jóia, etc.). Exercem função e finalidade
independentemente de outra coisa.
B) ACESSÓRIOS
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de um bem principal
(ex: uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, a cláusula
penal, o contrato de fiança em relação ao contrato de locação, os juros, os
frutos, etc.).
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a) Necessárias ⎯ são as que têm por fim conservar ou evitar que o bem
se deteriore (ex: reforços em alicerces, restauração de assoalhos, reforma
de telhados, substituição de vigamento podre, desinfecção de pomar,
etc.).
b) Úteis ⎯ são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (ex:
garagem, edículas, instalação de aparelho hidráulico moderno, etc.).
c) Voluptuárias ⎯ são as de mero embelezamento, recreio ou deleite,
que não aumentam o uso da coisa (ex: uma pintura artística,
ajardinamento, piscina, churrasqueira, etc.).
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B) Uso Especial
Imóveis (edifícios ou terrenos) utilizados pelo próprio poder público para a
execução de serviço público (ex: prédios onde funcionam tribunais, escolas
públicas, hospitais públicos, secretarias, ministérios, etc.). Eles têm uma
destinação especial. O Direito Administrativo se refere a eles como bens
públicos afetados. Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um
ônus a um bem público. Indica ou determina o fim a que ele se destina ou para
o qual será destinado.
BEM DE FAMÍLIA
CONCEITO
Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual se vincula o
destino de um prédio para ser domicílio ou residência de sua família. Originou-
se no direito americano (homestead). O governo da então República do Texas,
com o objetivo de fixar famílias em suas vastas regiões, promulgou um ato em
1.839, garantindo a cada cidadão determinada área de terra, isentas de
penhora.
No Brasil, podem os cônjuges ou entidade familiar (famílias legítimas
ou às uniões estáveis entre homem e mulher), mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio (desde que não ultrapasse um
terço do patrimônio líquido) para instituir o bem de família. É necessário que
seja imóvel residencial (rural ou urbano, com seus acessórios), não havendo
limite de valor. Admite-se que também sejam gravados valores mobiliários, cuja
renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
CONSEQÜÊNCIAS
Com a instituição do bem, o prédio se torna inalienável e
impenhorável. E o prédio fica isento de execuções por dívidas posteriores à
instituição, salvo as que provierem de:
• tributos relativos ao prédio (ex: IPTU), ou
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• despesas de condomínio.
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública e o
registro no Registro de Imóveis, além de publicação na imprensa local, para
ciência de terceiros.
A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus sobre o
imóvel bem como dívidas anteriores. É nula a instituição se for feita com fraude
contra credores.
A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que,
se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição
perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um dos
consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado enquanto
viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade de todos
os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente quando a
cláusula for eliminada. Desta forma, a dissolução da sociedade conjugal, por si
só, não extingue o bem de família.
ALIENAÇÃO
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família
instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando
houver. Em havendo, o Juiz irá designar um curador especial e irá consultar o
Ministério Público. A cláusula somente poderá ser levantada por mandado
judicial (mandado de liberação), justificado o motivo relevante. Se foi
solenemente instituído pela família como domicílio desta, não pode ter outro
destino.
Se houver menores impúberes a situação ainda fica mais complicada: a
cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver sub-rogação (substituição
da coisa; transferência das qualidade de uma coisa para outra) em outro imóvel
para a moradia da família.
LEI Nº 8.009/90
Caros Alunos. Não devemos confundir o Bem de Família instituído pelo
Código Civil com o ‘Bem de Família’ previsto em uma lei especial. É muito
comum cair questões confundindo estes temas. E também é comum ainda o
aluno durante o curso fazer confusão entre os dois institutos. Portanto, tomem
cuidado... Vou reforçar bem este assunto.
EXCEÇÕES
Vimos que o bem de família do Código Civil só pode ser penhorado em
duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel ou
condomínio. Já os bens de que trata a lei 8.009/90 tem um número maior de
exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a dívida.
Assim esses bens (da lei 8.009/90), não responderão por dívidas civis,
mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for movido
em razão de:
• crédito de trabalhadores da • condomínio
própria residência • pensão alimentícia
• hipoteca • bem adquirido com produto
• financiamento de crime
• cobrança de impostos • fiança nos contratos de
devidos em função do locação(*)
imóvel
mudada diversas vezes. Atualmente é essa a que está vigorando, inclusive com
uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Assim, tomem muito cuidado, não
só com questões em concursos, mas também em nosso dia-a-dia. Devemos
estar bem conscientes de que ao assumirmos o risco de ser fiador, estamos
abrindo mão do bem de família da Lei 8.009/90. Mas isso, é evidente, não se
aplica àquele bem de família previsto no Código Civil, pois neste último caso o
bem foi registrado e se tornou inalienável.
DIFERENÇAS:
1 – Bem de Família (previsto no Código Civil)
a) ato voluntário – deve ser registrado;
b) deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da pessoa
que está registrando;
c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do bem;
d) admitem-se apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio
e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem.
2 – Bem de Família (previsto na Lei 8.009/90) – na verdade não torna a coisa
propriamente em um “bem de família”; esta coisa fica apenas impenhorável,
ou seja, não pode recair penhora sobre ele. Assim:
a) uma família que tem um único imóvel para sua residência – este bem,
de forma automática é considerado bem de família; decorre da lei;
b) acarreta somente a impenhorabilidade (e não a inalienabilidade, ou seja,
o bem não pode ser penhorado por terceiros, mas se o proprietário
quiser, poderá vendê-lo);
c) possui diversas exceções conforme vimos acima.
São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio
de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato
inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: testamento). Exemplo: um pai,
percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz testamento, com essa
cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho,
protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de
irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência -
dívidas superiores aos créditos. O art. 1.911 do CC determina que “a cláusula de
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor
restrito, pois o testador deverá apontar expressamente a justa causa para essa
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sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848 CC), ou seja, deverá
justificar o porquê desta medida.
Observações:
• Terrenos em cemitérios públicos são objeto de concessões, que não podem
ser transferidos, portanto estão fora do comércio. O monumento tumular
(anjos, capelas, etc.) também é impenhorável.
• Embora o corpo humano esteja fora do comércio, há possibilidade de se
dispor do próprio corpo para após a morte, de forma gratuita, servir a fins
científicos ou altruísticos (art. 14 do CC) e de se dispor de órgãos de pessoas
falecidas para transplantes (Lei nº 9.434/97).
QUADRO SINÓTICO
II – CLASSIFICAÇÃO LEGAL
1. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS – arts. 79/91 CC
a) Imóveis – não podem ser removidos, transportados, de um
lugar para o outro, sem a sua destruição. Móveis - podem ser
transportados de um lugar para outro, por força própria
(semoventes) ou estranha, sem alteração da sua substância.
b) Infungíveis – não podem ser substituídos por outros do mesmo
gênero, qualidade e quantidade. Fungíveis - podem ser
substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e
quantidade.
c) Inconsumíveis – proporcionam reiterados usos, permitindo que
se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade.
Consumíveis – são bens móveis, cujo uso importa na
destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso.
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TESTES
b) principal e acessório formam sempre um único bem que não poderá ser
desmembrado.
c) a propriedade do principal pertencerá como regra à mesma pessoa que
tem a propriedade do acessório.
d) sendo considerado nulo o acessório (nos contratos), nulo será também o
principal.
e) frutos são considerados como benfeitorias úteis.
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a) não revogou o bem de família criado pela Lei n.º 8.009/90, regulando o bem
de família voluntário imóvel.
b) revogou o bem de família criado pela Lei n.º 8.009/90 (residencial).
c) não revogou o bem de família criado pela Lei n.º 8.009/90, regulando o bem
de família independentemente da vontade (involuntário).
d) não revogou o bem de família criado pela Lei n.º 8.009/90, regulando o bem
de família voluntário móvel.
e) não está em vigor face às disposições da Lei nº 8.009/90 que são especiais
em relação ao Código Civil.
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d) são infungíveis os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, quantidade e qualidade.
e) as energias que tenham valor econômico são consideradas como bens
imóveis.
GABARITO COMENTADO
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