ÍNDICE
INTRODUÇÃO GERAL................................................................5
I. ALIANÇAS DE DEUS COM A HUMANIDADE....................7
1. Aliança da Criação....................................................................7
2. Aliança de Graça.......................................................................9
3. Aliança com Noé: Aliança de Preservação.............................10
4. Aliança com Abraão: Aliança de Promessa............................10
5. Aliança com Israel: Aliança do Torah....................................11
6. Aliança com o Rei Davi: Aliança Messiânica.........................12
7. A Nova Aliança.......................................................................12
(A) Promessas da Nova Aliança no Antigo Testamento.........12
(B) Aliança de Cristo: o Torah do Messias.............................13
(C) A Nova Aliança na Epístola aos Hebreus.........................14
(D) A Nova Aliança em 2 Cor. 3 e Gál. 4...............................14
(E) O Apocalipse de João: A Consumação de Todas
as Alianças.........................................................................15
INTRODUÇÃO GERAL
1. ALIANÇA DA CRIAÇÃO
Qual foi a primeira aliança que Deus fez? Nem sempre a palavra
aliança é usada. Mas quando Deus fez Adão e Eva, Ele os criou à
imagem de Deus, e isso por si só estabeleceu um relacionamento
religioso-ético moral. E Deus estabeleceu como o relacionamento seria.
Havia mandamentos. Houve estipulações de vida e morte. Mesmo antes
de a humanidade pecar havia uma aliança na Criação. Deus estabeleceu
uma aliança com Adão e Eva.
No Antigo Próximo Oriente, alianças eram coisas muito comuns,
isso foi descoberto há apenas 30 anos atrás.
O Prof. Mendenhall [clique aqui] em Chicago, escreveu um ensaio
sobre as alianças no Antigo Próximo Oriente, que está revolucionando o
pensamento global do cristianismo em relação às alianças. Porque este
professor descobriu, através dos achados arqueológicos escritos em
O Israel de Deus na Profecia 8
tabletes cuneiformes, que já nos dias de Abraão 2.000 anos A.C. eram
feitas alianças entre nação e nação e entre soberanos e seus súditos nas
cortes de justiça. E isso fez com que muitos bons teólogos começassem a
escrever livros sobre alianças.
E no mundo protestante, na área das igrejas calvinistas, muitos
livros foram publicados sobre as alianças na Bíblia. E por isso meu
propósito é dar-lhes uma ajuda, uma compreensão atualizada a respeito
das alianças de Deus.
Eu fui convidado a participar de uma reunião de pastores na cidade
de Denver, Colorado, EUA, no último mês de janeiro (2003) foi
chamada a reunião da Associação em Rocky Mountain; o secretário
ministerial da Divisão me convidou a apresentar uma série de palestras
sobre as alianças, porque me disse que alguns pastores têm problemas
seríssimos quanto às alianças. Na Califórnia a igreja perdeu vários
pastores porque não mais podiam continuar concordando com a nossa
teologia tradicional. Porque muitas vezes como adventistas temos sido
muito fortes em pregar o continuísmo entre as alianças, mas esses
pastores chegaram à idéia de que deviam estudar e chegar a conclusões
sobre os contrastes entre as alianças. E para encurtar uma longa história,
eles chegaram à conclusão de que a ênfase adventista com relação à Lei
de Deus não é mais um ponto tão importante, que não é bíblico. E eles
crêem e estão ensinando que o Espírito Santo substituiu a Lei de Deus. e
é por isso que abandonaram a Lei e com ela o sábado. E eles não estão
mais entre nós.
E eles me chamaram para apresentar estas palestras porque a
Divisão não queria mais perder um maior número de pastores. Então
preparei uma série de 8 palestras sobre as alianças, e depois de
apresentá-las em Rocky Mountain, em casa eu melhorei e acrescentei
mais dados até que meus estudos se tornaram em 10 grandes capítulos.
Então escrevi um livro sobre o assunto e enviei à Review and Herald
(nossa publicadora americana) para que eles decidissem se desejam
O Israel de Deus na Profecia 9
imprimir, publicar este livro. E agora os redatores da Review estão
analisando o livro para ver se não está cheio de heresias.
E um outro questionamento que estão fazendo é o seguinte: Será
que os membros da igreja, acostumados com outro tipo de raciocínio,
serão capazes de assimilar e aceitar esse novo enfoque? Portanto, ainda
não tenho certeza de que esse livro será publicado. Mas o Brasil é um
grande amigo meu. E agora acabaram de publicar mais um de meus
livros Boas Novas Sobre o Armagedom [publicado pela CPB]. Eu me
sinto muito feliz com o Brasil.
2. ALIANÇA DE GRAÇA
Mais tarde Deus fez uma aliança com Noé. É a primeira vez que a
palavra aliança surge no Antigo Testamento: Gên. 6:18. Essa aliança
pode ser chamado aliança da preservação. E como Deus sempre
estabelece Suas alianças com sinais ou promessas, Ele deu o símbolo
desta aliança de preservação – o arco-íris.
Este sinal é válido ainda hoje. Toda vez que vemos um arco-íris no
céu, que é o resultado da iluminação da luz do sol e gotículas de chuva,
podemos saber que Deus relembra Sua aliança com Noé: de que Deus
jamais irá destruir a Terra toda por um Dilúvio de águas. O arco-íris da
graça de Deus é o fator predominante.
Deus estabeleceu um sinal de aliança com a humanidade antes da
Queda.
Qual foi o sinal da aliança de Deus na Criação? O sábado. Toda vez
que o sábado retorna à Terra e viaja ao redor do mundo, Deus Se lembra
que Ele determinou uma presença de comunhão com a humanidade que
Ele próprio criou. E este sinal da aliança de Deus na Criação é válido
ainda hoje.
Após o Dilúvio Deus fez outras alianças.
Deus fez uma aliança com Abraão, e essa aliança foi repetida
várias vezes. Essas alianças com Abraão podem ser chamadas alianças
de promessa. E essas aliança são encontradas nos capítulos 12, 15 e 17
do livro de Gênesis.
E para Abraão Deus deu também um sinal, símbolo da Sua aliança.
Que sinal foi esse? Circuncisão.
O Israel de Deus na Profecia 11
Então junto com as alianças, estamos percebendo que Deus
estabeleceu sinais.
Após isso Deus fez uma aliança com um povo, Israel – Aliança do
Torah, ou da Lei. Em particular foi feita e encontramos em Êxo. 19 a 24
e inclui o Decálogo, os Dez Mandamentos.
Com Israel, qual foi o sinal com relação ao Torah? E não era um
novo sinal ou diferente. Deus combinou o sábado e a circuncisão – os
dois sinais. Isto dá a impressão de continuidade, e isso é importantíssimo
que lembremos.
Que significa a palavra Torah? É uma palavra hebraica. É
comumente traduzida como Lei, mas os especialistas na língua hebraica,
aqueles cristãos judeus, dizem que esta palavra traduzida Lei para Torah
é uma palavra não apropriada. Eles dizem que Torah originalmente
significa ensinamentos divinos ou orientação divina. Portanto a
expressão Torah abrange mais do que simplesmente mandamentos. E
quando estudamos, observamos que Deus deu a Israel muito mais do que
os Dez Mandamentos morais. Deus deu a Israel também orientações
sobre o sistema sacrifical realizado no antigo santuário. E isso falava a
respeito de graça expiatória, como receber o perdão, como encontramos
descrito em Levítico caps. 4 e 16 sobre sacrifícios de perdão diário bem
como o Dia da Expiação. Todo o sistema levítico era uma demonstração
da graça divina. Assim Torah inclui tanto a Lei como também a graça.
Esta é uma descoberta revolucionária. Porque se você fizer um
contraste entre Lei e Graça, uma contra a outra – aí estudando a língua
hebraica, você perceberá que é impossível haver um contraste, porque
Torah inclui Lei e Graça. Portanto não existe uma oposição básica. Mas
quando nós divorciamos (separamos) a Lei da Graça, então criamos um
contraste de oposição. E isso merece uma maior atenção.
O Israel de Deus na Profecia 12
Quem sabe deveríamos gastar uma hora inteira para desenvolver
esse assunto. Mas vocês podem ver que progressivamente estamos
chegando a temas importantíssimos.
7. A NOVA ALIANÇA
6. A Renovação da Aliança
Podemos ler isso em Êxodo 34, pela segunda vez Ele reescreve a
Sua vontade, os Dez Mandamentos em tábuas de pedra. E Ele diz a
Moisés: Eu sou o Deus da graça, o Deus compassivo, o Deus que
perdoa pecados, a rebelião, mas se eles não se arrependerem Eu vou
mantê-los como culpados.
Essa é uma tensão que existe dentro da aliança de Deus. Ele perdoa,
mas a outros Ele não perdoa. É o relacionamento de aliança. E o povo
em aliança se torna responsável. Eles têm que ser agradecidos e amar a
Deus em resposta.
Por que o livro de Deuteronômio é chamado o “livro do amor”?
Porque Deuteronômio resume o relacionamento da aliança. Ele resume a
essência do relacionamento de Deus.
Em Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”
Portanto a aliança feita por Deus com Israel é uma aliança de amor.
Esse era o ideal de Deus para o Seu povo Israel. E quando esse ideal não
foi cumprido, por causa da apostasia, Deus disse: Farei uma nova
aliança, mas esta aliança que será feita nova será nada mais nada menos
que uma renovação da antiga aliança, porque Deus renova o Seu plano.
Como foi na Criação.
Todos as alianças feitas por Deus após a Queda com a humanidade
tinham um único propósito: restaurar o relacionamento original da
aliança como era no Paraíso. Cada aliança era um passo para restaurar a
aliança original.
O Israel de Deus na Profecia 26
Cristo veio a esta Terra, e Ele veio para restaurar todas as coisas. A
palavra-chave encontrada em Cristo era restaurar todas as coisas.
Quando Ele encontrou um homem com a mão ressequida Cristo lhe
disse: “Estende teu braço!” E Ele restaurou o braço. Restauração do
corpo e da alma e do espírito. E então perdoou os seus pecados. Havia
um paralítico, e Cristo restaurou o seu corpo e então perdoou os seus
pecados. A restauração externa era simplesmente um símbolo da
restauração interna.
7. Cristo e o Sábado
E como Cristo Se relacionou com o sábado? Este é um assunto
muito importante. Será que Jesus aboliu o sábado?
Havia e há um famoso teólogo neotestamentário na Suíça, dizendo
– seu nome Oscar Cullmann [clicar aqui] – grandemente respeitado
como um erudito em Novo Testamento, até o próprio Papa o respeita;
Oscar Cullmann argumentou assim: “Porque Jesus Cristo estava
desrespeitando os regulamentos judaicos com relação ao sábado e de
acordo com os judeus Jesus quebrava o sábado, devemos concluir que
Jesus anulou a lei do sábado.” É uma declaração chocante!
Ora, há mais eruditos bíblicos que exclusivamente Oscar Cullmann.
E agora como ele faleceu e outros se levantaram, eles fizeram um
julgamento mais apropriado. Em vários livros nós podemos ler isso:
Jesus quebrou apenas as regulamentações sabáticas – o halakôt – dos
judeus [clicar aqui]. Halakôt significa as instruções orais da tradição
judaica que podemos encontrar no Mishná. O tratado sobre o sábado
proíbe 39 tipos de trabalho no sábado. Você não pode semear nem uma
única semente. Você não deve escrever dois sinais. Muitas coisas triviais
foram escritas. E Jesus desconsiderou estas coisas.
Mas ao Jesus desconsiderar o halakôt sabático os eruditos agora
reconhecem que Ele está fazendo uma distinção tão clara entre os
ensinos humanos e o quarto mandamento.
O Israel de Deus na Profecia 27
Será que Jesus fez distinção nítida entre os mandamentos de Deus e
a tradição judaica?
Leio, por exemplo, Mateus 15. Ele perguntou aos rabinos: “Por que
vocês transgridem os mandamentos de Deus e seguem as próprias
tradições?” Jesus fez clara distinção entre os mandamentos de Deus e as
tradições desenvolvidas pelos judeus. Portanto quando Jesus rejeitou
tradições humanas Ele não rejeitou os mandamentos de Deus. E esta é a
opinião de eruditos bíblicos hoje. E isto tem sido um apoio fantástico
para a posição adventista. Oscar Cullmann está morto, totalmente morto
e agora outros falam mais alto e melhor.
Temos que relembrar que o sábado foi feito por causa do homem.
Deus convida os homens a partilhar com Ele o descanso sabático.
O que é que mudou desde que Cristo veio?
Em Mateus 11:28 ouvimos Jesus dizer: “Vinde a Mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso para as vossas
almas.” Este é o descanso do sábado que Deus prometeu a Adão e Eva
no Paraíso, que Ele prometeu a Israel sob a liderança de Moisés. E em
todas estas épocas a humanidade não entrou no completo descanso de
Deus até que veio Jesus. E Ele declara: Eu vim até vós, e porque vim do
céu, posso novamente oferecer-lhes o descanso de Deus.
O descanso de Cristo é o descanso de Deus. Portanto o descanso do
sábado agora é acessível por meio de Jesus Cristo. Não é suficiente
apenas guardar o sétimo dia. Agora que o Messias chegou o descanso
sabático também é o descanso messiânico. Somente poderemos observar
o dia de sábado através de Jesus Cristo.
Jesus disse: “Lembrai-vos de como foi no princípio.” Ali está o
modelo para o casamento e para o sábado. E Deus estabeleceu o sábado
antes da Queda.
Agora tenho uma pergunta para vocês.
Se o sábado foi estabelecido para o homem em sua perfeição, sem
pecado, seres pecadores precisam mais ou menos do sábado? É claro que
agora o homem é pecador, ele necessita muito mais do sábado.
O Israel de Deus na Profecia 28
E o que significa o sábado antes e após a Queda em relação ao
caráter de Deus? O Criador concedeu o sábado no princípio para seres
sem pecado; após a Queda o mesmo Criador restaura o sábado agora
para seres pecadores. O sábado é contínuo.
Mas o sábado não era um sinal da Criação, da perfeita Criação? E
agora após o pecado, o que o sábado significa para nós? Que o Criador é
fiel às Suas criaturas e promete levar de volta a humanidade ao Paraíso.
O fato de que o sábado é restabelecido revela que o Deus Criador está
buscando vindicar Sua Criação e restaurá-la à sua beleza original.
Pergunta: Necessitamos de dois sábados diferenciados – o sábado
do sétimo dia para o povo judeu e o dia de domingo para os gentios
cristãos?
Moisés Cristo
LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
Assim, ele diz que desde Moisés até Cristo nós temos a dispensação
da LEI. Ele diz que somente desde Cristo na Sua ressurreição nós temos
a dispensação da GRAÇA.
LEI e GRAÇA
O Israel de Deus na Profecia 33
___________________________________________
LEI GRAÇA
antiga aliança nova aliança (E. Santo)
_________________________________________________
b) Amor e Obediência
Agora, este é um novo elemento, porque cada israelita pertence ao
Israel espiritual – cada um iria fruir a experiência do perdão de pecados.
Que tipo de tempo é este? Este é o tempo quando o Espírito Santo
será derramado. Não se esqueçam de Joel 2:28 e 29. Também é
promessa de uma nova aliança. Mas aí não é a lei que está no centro mas
o Espírito Santo ou o Espírito de YAHWEH que toma a preeminência.
Portanto na nova aliança nós temos a lei de Deus em nosso coração e o
Espírito Santo será derramado sobre toda a carne.
Poderemos nós voltar e decidir qual deles nós preferimos: Podemos
declarar que os adventistas têm a lei, os pentecostais têm o Espírito
Santo?
Vamos ler outro contemporâneo de Jeremias. Viveram na mesma
época e podemos dizer que eles eram amigos. Jeremias viveu em
Jerusalém e Ezequiel era um cativo em Babilônia. E Ezequiel falou ao
mesmo povo a quem falou Jeremias. Todos estavam sofrendo a
condenação dos filhos de Deus no cativeiro babilônico.
Leiamos Ezequiel 36:26: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro
de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei
coração de carne.”
Verso 27: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis
nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.”
O Israel de Deus na Profecia 58
Eu quero que vocês agora juntem isso. Como é que podemos juntar
as mensagens de Jeremias e Ezequiel? Agora nós chegamos a um nível
mais elevado de teologia. Agora começamos a olhar com ambos os
olhos. Agora vamos unir Jeremias e Ezequiel para termos uma visão do
cumprimento da nova aliança.
Bom dia queridos amigos, eu espero que tenham tido uma boa noite
de repouso, que não vão dormir agora, porque temos coisas
importantíssimas para discutir.
Pergunto-lhes: Têm certeza de que o assunto de ontem ficou claro
para vocês?
Agora vamos entrar no Novo Testamento. Quem sabe seja um
terreno mais conhecido. Mas nós só podemos compreender o Novo
Testamento, tendo a luz que vem do Antigo Testamento. E somente
poderemos conhecer cada livro dentro do seu contexto histórico.
Quantos anos existem no período entre o Antigo e o Novo
Testamento? Mais do que 400 anos. É de um modo especial um tempo
bastante longo.
Qual foi a história de Israel nesse período? É a velha história dos
Macabeus. Precisamos saber isso. Por isso é recomendado que se leia os
livros dos Macabeus. E assim conhecendo esses tempos dos Macabeus
conheceremos melhor o que aconteceu quando Jesus veio. E saberemos
por que eles festejavam a chamada festa haliká – a dedicação do templo,
a rededicação, a purificação do templo. E eles criam que era um
cumprimento da profecia de Daniel 8:14.
O Israel de Deus na Profecia 61
Os Macabeus resolviam os problemas especialmente em cima das
epifanias. Os Macabeus haviam purificado o santuário. E é uma festa que
eles comemoram até o dia de hoje, também chamada a Festa das Luzes.
1. Mateus
Agora vamos chegar ao livro de Mateus. Para quem Mateus
escreveu o seu Evangelho? Quem era a sua audiência? Precisamos saber
essas coisas para realizarmos exegese correta das Escrituras. Cada
escritor de cada Evangelho tinha em mente uma audiência especial,
especialmente focalizando o povo judeu. E por isso ele cita tantas vezes
as Escrituras Hebraicas, mais de 100 vezes “para que se cumprisse o que
foi dito” e citava. Isto se tornava numa citação de autoridade para os
judeus. O povo judeu não estava unificado em uma única opinião.
Durante aqueles 400 anos eles desenvolveram diferentes pontos de
vista e diferentes grupos. Assim como no cristianismo nós temos
protestantes, católicos romanos, ortodoxos orientais, e dentro de cada
grupo nós temos a ala da direita, a ala da esquerda.
2. Personagens do NT
(1) João Batista
Nós temos também no Novo Testamento em primeiro lugar João
Batista. Alguns declaram que ele surgiu dos Essênios. Mas isso não é
algo que possa ser comprovada. O que se pode dizer é que ele era um
solitário que vivia sozinho. Mas ele surgiu de repente com uma
mensagem revolucionária. E também foi ao deserto. A sua mensagem
era: “Arrependei-vos porque o Messias está no dobrar a esquina. E quem
se arrepender deve ser batizado como se fosse um gentio.”
A circuncisão não é boa o suficiente e isso naturalmente era
ofensivo aos judeus. Porque para os judeus piedosos eles já eram os
filhos de Deus. Se você era circuncidado, você não quereria ser tratado
como um gentio. Portanto somente os que precisavam de arrependimento
e que se arrependiam poderiam passar pelo ritual do batismo. E claro, o
O Israel de Deus na Profecia 64
batismo tinha um significado muito simples: era o lavar e o perdão de
seus pecados.
O apóstolo Paulo confere ao batismo um significado muito mais
ampliado porque concentra em Jesus. Ele disse: “Se vocês foram
batizados no batismo de João precisam ser rebatizados no batismo de
Cristo.”
João Batista criou em torno de si um grupo de seguidores, e eles
acreditavam que eram os verdadeiros remanescentes. E nessa ocasião
eles estavam certos porque Jesus aceitou João Batista e seus seguidores
como o verdadeiro povo remanescente. O próprio Jesus desejou ser
batizado.
(2) JESUS
(a) Jesus, o Filho do Homem
Marcos 10:45 – “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
O que significa isto? Se eu não sei nada a respeito eu vou perguntar:
O que isto quer dizer? Então vou continuar. Sempre temos que
perguntar: O que isto quer dizer? E assim, conhecendo, podemos melhor
comunicar a mensagem.
Como Jesus Se chama a Si mesmo? “Filho do Homem”. Por que
Ele disse isso? Por que Ele não disse: “O Messias”? Por que Ele disse:
“O Filho do Homem”? Ele inventou este título? Ou Ele adotou esse
nome das Escrituras? Onde nas Escrituras encontramos esta expressão?
De Daniel. Daniel 7:13-14.
É certo que Daniel em visão viu o Messias celestial, que não era
chamado O Filho do Homem, mas descrito como alguém parecido como
o filho do homem, porque no céu se assemelhava a um ser humano.
Portanto, originalmente isso não era o título messiânico, mas tornou-se o
título do Messias nos lábios do próprio Cristo.
E mesmo o livro hebraico – o Livro de Enoque – descreve o último
juízo como do Filho do Homem.
O Israel de Deus na Profecia 65
O que é que este ser celestial, parecido com o filho do homem,
recebe como sua missão em Daniel 7? Ele recebe o reinado para todo o
planeta Terra. Ele recebe toda a honra, e todo o poder e toda a glória de
toda a humanidade, e recebe durante o período do juízo celestial. E por
essa razão Ele precisava deixar o céu, vir à Terra para Se tornar o Rei.
Uma hoste total dos anjos O conduz a Deus o Pai como se fosse
uma carruagem real, declarando a expressão: “Ele veio ao Pai como
numa nuvem.” Não eram nuvens como temos aqui na Terra, mas como
nuvens descritas de anjos. E esta é a expressão: “Cristo está voltando
com as nuvens dos céus.” Porque quando Ele vier a segunda vez dos
céus à Terra, Ele virá com nuvens de anjos. Isso não significa nuvens de
chuva. É a mesma nuvem de anjos que foi descrita a primeira vez lá no
céu. Mas eu creio que vocês já sabiam de tudo isso.
Em Daniel 7:13 não há sofrimento para o filho do homem, há
somente glória e poder. E agora nesse texto que lemos quando Jesus
declara de Si mesmo que Ele é o Filho do Homem, isto traria à mente
dos judeus uma impressão muito grande: “E onde está a Sua glória de
Rei? Onde está a nuvem dos anjos? Por que Você parece tão simples –
um carpinteiro? E por que Você está seguindo o caminho do sofrimento
e da cruz?”
Vocês estão entendendo as perguntas? Jesus não queria chamar-Se
a Si mesmo o Messias, porque o conceito de Messias para os judeus
estava politizado – o Messias era uma figura política. Poderão ver isso
nos escritos apócrifos dos judeus, nos Cânticos de Salomão que eles
possuíam: seria um Messias como no Salmo 2, que viria com espada e
com vitória para conquistar o império todo. “Esta vez – declarou Ele –
tenho uma missão diferente.”
Vamos ler agora, tendo o conhecimento:
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido” como
um rei, “mas Eu vim “para servir”.
O Israel de Deus na Profecia 66
b) Jesus Veio para Servir
Vamos parar por um momento. Agora estamos no 2º ponto: Ele
veio para servir. O que significa isso? Será que quer dizer que Ele veio
estabelecer o LaRondelle? Não, não significa isso. Ele veio para um
servir muito mais importante.
Agora, qual é o contexto histórico do Antigo Testamento para
servir? Onde o Messias é chamado Servo, Servo de YAHWEH?
Isaías 53 é o contexto original. Agora encontramos uma nova
perspectiva. Ele percebe a Sua própria missão total na Terra como
cumprimento da profecia dada por Isaías no capítulo 53. Desde o seu
batismo o Pai declarava: “Este é o Meu Filho amado!”, que eram as
próprias palavras de Isaías 42:1. Jesus percebeu que Ele poderia tornar-
Se o cumprimento deste Servo de YAHWEH, como está apresentado em
Isaías 42-53. Estes capítulos são uma unidade inquebrantável.
Assim estas pequenas indicações provêm de um conjunto no
contexto do Antigo Testamento, especialmente de Isaías e formam como
seria o Servo do Senhor. Todos nós sabemos que o Servo de YAHWEH
viria para sofrer e morrer. Seria como um “homem de dores, rejeitado
pelos homens”. Ele entregaria a Sua alma à morte para que muitos
pudessem ser justificados.
Isso é a altura máxima a que chega o Antigo Testamento. E isso
explica o porquê da morte de cordeiros, de touros, de bodes e o que estes
sacrifícios apontavam e para Quem. E esse é o único lugar onde os
sacrifícios feitos no santuário são explicados. É o clímax máximo da
soteriologia (doutrina da salvação) no Antigo Testamento.
E Jesus cita este texto em outro lugar: Lucas 22:37.
Jesus compreendia que em Isaías 53 estava o padrão, o modelo do
porquê Ele havia vindo a este mundo. E tudo está incluído na explicação
de servir que Jesus deu: “Vou dar a Minha vida como resgate.” E outra
palavra para “resgate” é substituto.
Jesus Cristo veio como um Sacrifício expiatório para cumprir todos
os sacrifícios dos rituais do templo. E isso foi a surpresa. O divino Filho
O Israel de Deus na Profecia 67
do Homem o que fez Ele? O que é que Jesus fez com Daniel e Isaías?
Ambos eram profetas messiânicos, mas nenhum rabino jamais havia
combinado a ambos os profetas. Jesus foi o primeiro no judaísmo que
uniu o Messias celestial com o Messias-Servo.
Nem os próprios discípulos de Jesus entenderam isso. E mesmo
quando Ele morreu ainda assim os discípulos não entenderam, e eles
disseram: “Nós pensamos que Ele viria para remir a Israel!” Mas todas
as suas esperanças se desvaneceram quando Jesus foi sepultado no
túmulo de José de Arimatéia.
Agora vocês podem compreender esse gênio revolucionário de
Jesus? Ele disse: “O Filho do Homem precisa em primeiro lugar de
servir e se transformar num Servo.” Ele primeiro precisa sofrer para
depois poder ascender em glória. Assim como está no Salmo 2.
O mesmo podemos dizer da vida de Davi. Davi foi rejeitado – até
pelo próprio Samuel. Mas depois Deus disse para Samuel: “Você deve
ungi-lo.” E Davi foi perseguido por Saul, e ele precisava viver escondido
em cavernas como um animal, mas depois disso ele foi ungido três vezes
para tornar-se rei. E ele descreve esse movimento que é a humilhação e a
exaltação. Isto está no Salmo 22. É um maravilhoso salmo para pregar.
Porque nós temos em Davi um quadro histórico do que aconteceria com
o Messias.
A primeira parte do Salmo 22 fala de dor, perseguição, sofrimento.
Ele declara: “Os meus perseguidores venderam as minhas roupas, e eles
estavam ferindo as minhas mãos.” Mas no verso 22 diz que veio a
libertação para ele. E então das profundezas da morte Davi é erguido
triunfalmente para a glória e soberano rei sobre Israel e todas as nações.
Esta história do Salmo 22 é uma história dramática. Mas você tem
que apanhar o salmo como uma unidade indivisível. E Jesus lia o Salmo
22. O que é que Ele citou literalmente do Salmo 22? “Meu Deus, Meus
Deus por que me abandonaste?” Mas Jesus não cria somente no verso 1,
isto era apenas uma citação importante. Ele quando citou isso, o salmo
inteiro estava na sua mente. Por isso na cruz, em Seu coração, Jesus não
O Israel de Deus na Profecia 68
estava em desespero. Ele confiava que Deus cumpriria a segunda parte
do salmo nEle, que Ele ressurgiria como o glorioso Filho de Deus.
Portanto, Jesus possuía um tremendo conhecimento bíblico. Jesus
encontrou a Sua própria identidade nas Escrituras. Ele denominou-Se a
Si mesmo usando palavras e termos bíblicos.
LEI GRAÇA
Agora você tem o Torah num sentido mais amplificado. O Torah
possui dois braços: Lei e Graça.
O que ocorre se você vê no Torah apenas a lei? Você joga longe a
graça de Deus. Isso não é certo. Isso não é permissível. Então essas
O Israel de Deus na Profecia 69
pessoas, especialmente os evangélicos que falam: “A lei é ultrapassada.
A lei foi abolida!” essas coisas todas, eles não sabem nem o que significa
a palavra lei, porque eles não estudaram hebraico. E quando eles
começam a fazer isso, eles se tornam apóstatas.
E há um problema em cada um de nós que pode nos tornar um
apóstata, se não conhecemos o significado de algumas palavras
hebraicas. Precisamos saber o que é Torah, Shalom, Selakah. Nós
precisamos conhecer alguns conceitos de hebraico. O grego do Novo
Testamento precisa ser interpretado à luz dos conceitos hebraicos do
Antigo Testamento. Se não for assim, você vai entender o conceito de lei
apenas como um código moral com regulamentação de relacionamento.
E isso conduz ao nomismo ou legalismo. Porque você tem um conceito
muito pobre da palavra Torah.
Mas Deus jamais falou apenas em lei. Deus concedeu o Torah, no
qual a Sua lei e misericórdia estão incluídos. A tradução judaica do AT
traduz sempre Torah como ensinamentos. Eles sabem isso, mas os
cristãos são ignorantes. Por isso nós precisamos captar o verdadeiro
sentido teológico dos Evangelhos. O problema deles em colocarem em
oposição lei e graça não é bíblico. Na parte seguinte em nosso estudo
hoje vamos estudar Paulo em relação com a lei. Mas isso já se iniciou no
tempo de Jesus.
Os fariseus começaram a pensar legalisticamente. Eles não mais
possuíam o conceito verdadeiro de Torah. Torah é apresentado
especialmente nos Salmos 1, 19 e 119. E em nenhum desses salmos é
dito exclusivamente a lei. Todos estes capítulos falam sobre Torah.
Encontramos uma centena de vezes a palavra Torah. Porém nunca diz
simplesmente Torah., porque sempre diz Teu Torah. O Torah de
YAHWEH. Não proclama um estatuto, uma lei isolada, independente,
mas sempre como uma expressão pessoal de Deus, na qual Deus está
presente.
Diz no Salmo 19:7: “Torah YAHWEH anima”. “A lei do SENHOR
restaura a alma.” “A lei (Torah) do SENHOR é perfeita.”
O Israel de Deus na Profecia 70
A lei é perfeita porque tem essa dinâmica de restaurar a alma. Mas
isto só pode ocorrer quando o Espírito de Deus está envolvido no Torah.
Vamos abrir Isaías 59 para vermos como a lei e o Espírito
pertencem um ao outro.
Isaías 59:21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o
SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus
na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos
de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o
SENHOR.”
O que está sempre unido na aliança de Deus? E vimos isso na
segunda parte da última parte de nosso estudo anterior. O que é que unia
Jeremias e Ezequiel? O Espírito Santo. O Espírito de Deus unido à lei. É
uma unidade indissolúvel. A Bíblia chega até nós com o Espírito, dentro
dela, ao redor dela e por meio do Espírito.
Quando você estuda a Bíblia e percebe o seu conteúdo, o Espírito
está em ação para reavivar você. Quando você prega a Palavra de Deus o
Espírito atua no coração dos ouvintes para reavivá-los. E então você se
torna um instrumento nas mãos de Deus para tomar pessoas mortas e
trazê-las de volta à vida através da Palavra. Portanto remova
gradualmente sua própria idéia, seus próprios ensinamentos. Tome
menos tempo para ler mais sobre suas próprias idéias e dê mais espaço
para a Bíblia, como que a parte histórica da Bíblia. Ilustre os seus
sermões com histórias do Antigo e do Novo Testamentos. Comece com
o AT e conclua com o NT. Demonstre como Jesus era o cumprimento e a
manifestação destas coisas. Jesus conhecia o AT de cor. Ele podia citar
do AT e de todos os lugares.
Certa ocasião um fariseu estava testando a Jesus – Mateus 22. Um
fariseu se aproximou de Jesus e disse-Lhe: “Qual é o grande
mandamento no Torah ?”
O que vocês diriam? Bem, sabem o que Jesus disse? Vamos ler.
Mat. 22:37-39: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”
O Israel de Deus na Profecia 71
O que é que sobrou para você? Não sobrou nada para você. Você
ama ao Senhor de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua
mente. Isso é parte da teologia. O teólogo ama ao Senhor com toda a sua
mente, o pastor ama a Deus com o seu coração. Agora tente ser o pastor
e o teólogo e você se tornará um grande pregador, porque você vai
atingir também coração e mente. Não conte só histórias de emoção, e
não ensine apenas verdades abstratas. Envolva o ser humano inteiro.
Jesus declarou: Ame a Deus totalmente, perfeitamente, com um
coração não dividido. Agora, é preciso orar para alcançar isso.
Jesus disse: “Este é o grande e primeiro mandamento.” Mas Ele
disse: Espere um pouco. Tenho algo mais a dizer a você. Há um
segundo, que é semelhante a este: “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo.”
O homem ficou mudo! Ninguém jamais havia unido estes dois
conceitos. E Jesus não estava fabricando estes mandamentos. O amor a
Deus e o amor ao próximo não eram novidade – já estavam contidos no
Torah. Estão contidos em Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18. E Jesus
uniu os dois conceitos – amor supremo a Deus e amor ao semelhante –
juntou estes dois conceitos e o colocou em nível de igualdade. Isto era
algo novo na teologia judaica.
E vocês podem ver que os dois novos mandamentos de Jesus não
substituem os Dez Mandamentos. Por que não? Porque Moisés
apresentou os dois mandamentos da lei. Para Moisés eles estavam unidos
aos Dez Mandamentos.
Como estes dois mandamentos de amor se relacionavam aos Dez
Mandamentos? Há alguns pastores que não sabem responder isso. Agora,
se eles não sabem, como é que o nosso pobre povo saberá? Assim agora
eu estou perguntando: Como é que os dois mandamentos de amor estão
relacionados com os Dez Mandamentos? Vamos ler as últimas palavras
de Jesus.
Mat. 22:40: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas.”
O Israel de Deus na Profecia 72
Aqui está a resposta. Agora explique. Você sempre tem que
perguntar: O que é que isso quer dizer? Pergunte às pessoas de sua
igreja: O que isso significa? Eles olham para você. Eles não têm a
resposta. Eles não foram ensinados a pensar. Muitos deles vêm do
catolicismo. Espera-se que eles não devem pensar. O sacerdote, o bispo,
o cardeal, o papa é que pensam. E o povo não sabe. Agora você tem que
ensiná-lo. E você pede que eles compreendam.
Muitos dizem: “Não, eu não preciso entender nada, eu só quero
obedecer.” Isto não é bom. Pessoas que simplesmente obedecem as
normas da igreja não são salvos. E você repentinamente pode perdê-los.
Não tragam simplesmente pessoas para dentro da igreja. Conduzam-nos
para dentro da Escritura e ponham as mãos deles unidas às mãos de
Jesus. Ensinem-nos a estudar corretamente a Bíblia. Desafiem os seus
membros. Perguntem a eles: “Vocês entendem o que estão lendo?” E
então expliquem a eles.
Portanto, no verso 40, o que é que Cristo quer dizer? Destes dois
mandamentos de amor penduram-se todos os demais.
Use ilustrações agora. Toda a porta tem duas dobradiças. Poderia
ser usada uma porta sem as dobradiças? Não, a porta ficaria fechada ou
aberta. As duas dobradiças são o amor a Deus e o amor ao semelhante.
Então estes dois conceitos são o poder que motiva a obediência aos Dez
Mandamentos. Eles se relacionam. Amar a Deus está revelado nos
quatro primeiros mandamentos do Decálogo. Como é que você ama os
seus semelhantes? Pelos seis últimos mandamentos.
Agora, vocês podem ver como ambos se relacionam.
E o que diríamos para pessoas que lhe dizem: “Nós não temos mais
Dez Mandamentos porque eram apenas para os judeus, nós temos dois
mandamentos conforme Cristo ordenou.” Vocês podem dizer isto:
“Vocês não estão entendendo o assunto. O amor nunca é uma lei por si
mesmo. O amor jamais substitui a lei. O amor cumpre, honra, respeita,
exalta a lei.”
O Israel de Deus na Profecia 73
VI. CARTAS PAULINAS
Lei Graça
Ele declara: Se a justiça fosse pela lei, então você estaria negando a
graça de Deus. Então, ele na verdade está contrastando com um falso
modo de salvação, porque jamais houve eficácia na justiça obtida pela
lei. O próprio AT ensinava a justifica pela graça. Nós podemos relembrar
nosso estudo anterior, onde tivemos Abraão, Moisés e Davi como
testemunhas.
Abraão Gên. 15:6.
Moisés Deut. 30.
Davi Sal. 32.
Lembram? Gên. 15:6. Paulo usa o texto de Deut. 30 e Salmo 32.
Todo o livro de Salmos fala sobre justificação pela graça.
Como é que Paulo contrasta o método verdadeiro com o falso
método? Quem possuía esse método legalista? Se não vem da Bíblia, de
onde veio? De onde Paulo obteve o método legalista de salvação?
Filipenses 3, especialmente o verso 6: “quanto ao zelo, perseguidor
da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.”
De onde ele obteve isso? Do farisaísmo. E o farisaísmo é bíblico? É
uma distorção, é uma construção humana, é uma expressão egoísta da
natureza humana: nós não aceitamos a graça de Deus, nós queremos
obtê-la, é o mau uso dos Dez Mandamentos.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Introdução
Muitos têm escrito sobre as alianças de Deus na Bíblia. A primeira
contribuição que vale a pena foi feita pelo reformador da igreja João
Calvino no 16º século, em seu livro Institutos da Religião Cristã (II, 10-
11). A Sra. White escreveu um capítulo útil em Patriarcas e Profetas,
cap. 32, "A Lei e os Concertos". Podem ser achadas alguns ensaios sobre
as Alianças no ISBE e no Ev. Dictionary of Theology (Elwell, ed.;
Baker). Tais estudos são em essência tratados teológicos sistemáticos.
O que nós precisamos agora, porém, são estudos exegéticos
cuidadosos de cada passagem sobre a aliança em sua própria moldura
histórica da vida, primeiro na história longa de Israel, e então das
passagens do Novo Testamento sobre a nova aliança, como encontrado
no Sermão da Montanha de Jesus, de Paulo em 2 Coríntios 3 e Gálatas 4,
e sobretudo na Carta aos Hebreus. Não se deve negligenciar o livro do
Apocalipse que traz todas as alianças de Deus – do Paraíso Perdido ao
Paraíso Restaurado – junto com uma gloriosa consumação Messiânica.
Nossa abordagem presente será seguir os passos de nosso fiel
Criador ao longo da história da salvação, cobrindo o tempo da aliança da
criação de Deus com Adão até A Sua recriação do Paraíso na Terra feita
nova. Esta perspectiva histórica redentora é freqüentemente perdida em
uma simples abordagem doutrinal da Bíblia. Muitos de nós somos
alheios ao desdobramento histórico gradual, progressivo das alianças de
Deus. Nós precisamos de um novo olhar ao plano de redenção de Deus
lentamente revelado na Bíblia. A relação teológica entre os dois
Testamentos é de importância crítica, um tema que permanece uma
questão desconcertante para muitos hoje.
De fato, os adventistas do sétimo dia não são imunes a esta questão
desafiadora. Alguns de nossos pastores na América nos deixaram
O Israel de Deus na Profecia 106
recentemente, porque eles já não puderam concordar com nossa
convicção básica relativo à "nova aliança". Eles desistiram da Lei e do
Sábado como não mais requeridos pela nova aliança. É claro, nós
precisamos dar uma olhada a nossa teologia da relação entre a antiga e a
nova aliança. Servir-nos-á melhor considerar o tema das alianças de
Deus na varredura total da história inteira da salvação na Escritura.
Neste momento, nós temos que fazer uma pausa para uma lição
monumental na doutrina da salvação para Abrão, uma lição que contava
não só com Abrão mas também com todos os homens na Terra: 15:6.
Leia também: Rom. 4:20-25.
Aqui nós aprendemos como Deus aceita uma pessoa que crê em
Deus e confia em Suas promessas. Este exemplo da fé e confiança de
Abrão sobressai como talvez o maior monumento da graça de Deus na
história humana. Paulo faz deste texto de Gên. 15:6 também o pilar
principal da fé cristã (Rom. 4:3; Gál. 3:6). Aqui nós aprendemos como
Abrão é o pai de todos os crentes! Como Abrão creu e obedeceu a Deus,
O Israel de Deus na Profecia 111
assim nós todos deveríamos nos relacionar com o mesmo Deus da graça
e esperança.
Por que Deus fez outra aliança com as doze tribos de Israel no
Monte Sinai? E qual é sua relação com a aliança abraâmica?
Em primeiro lugar nós temos que estabelecer que o Deus de Moisés
e Israel era igual ao Deus dos patriarcas: Êxo. 6:2-8. Moisés não
apresentou um novo Deus a Israel, mas o fiel Deus de Abraão, que
mantém a aliança: Deut. 7:8, 9.
O Deus da aliança do povo de Israel é o Deus da aliança de lealdade
ou "o amor constante" [de hesed]! O livro de Êxodo assim continua a
história de Gênesis. Só desenvolve a teologia da aliança com novos
aspectos de cumprimento que era desconhecida antes: Êxo. 2:24.
Deus gradualmente revelou mais completamente para o Israel as
partes essenciais de Sua aliança eterna de salvação. Isto aconteceu em
duas fases: primeiro no cordeiro de Páscoa para libertar Israel do Egito
por seu sangue sacrifical (Êxo. 12:13, “Quando eu vir o sangue, passarei
por vós”), e então na entrega da Lei no Monte Sinai em Êxodo 20, para
entrar em uma relação de aliança permanente com Israel.
Nós precisamos tomar conhecimento desta seqüência de revelações
divinas: primeiro Deus revelou Sua graça salvadora no cordeiro de
O Israel de Deus na Profecia 113
Páscoa, e só então Ele revelou Sua lei moral para Israel. Essa é também a
ordem do evangelho no NT, como nós veremos.
LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
O Israel de Deus na Profecia 116
P: Qual era o ensino da aliança Mosaica?
Lembre-se do Preâmbulo da Lei em Êxo. 20:2, que declara que a
libertação benevolente de Deus precedeu a lei moral. Para que propósito
foi dada a lei a Israel se eles já tinham recebido a aceitação benevolente
de Deus? A lei foi dada a um povos redimido por seu Redentor para que
Israel pudesse andar com Deus como o seu divino Rei Redentor e não
perder sua salvação por estilos de vida pecaminosos! A lei moral nunca
foi dada para nossa salvação mas exclusivamente para nossa vida
santificada.
Lembre-se também que a aliança mosaica inclui a aliança
abraâmica! Este é o argumento de Paulo aos Gálatas. Nós podemos ver
esta continuidade no culto sacrifical que continuou os rituais de Páscoa e
abriu a porta à graça perdoadora de Deus por meio do sacerdócio levítico
(veja Lev. 4 e 16).
Jesus e o Sábado
Alguns eruditos têm tomado a posição de que Jesus rejeitou a lei de
Moisés com referência ao Sábado, embora alguns eruditos judeus não
O Israel de Deus na Profecia 124
2
encontram nenhuma brecha significativa da lei feita por Jesus. Nós
lemos no Evangelho de João que Jesus em um dia de Sábado curou
milagrosamente um inválido por trinta e oito anos (cap. 5).
Sendo chamado a responder por isto, “Jesus lhes respondeu: ‘Meu
Pai está trabalhando até agora, e eu estou trabalhando’. Por isso, pois, os
judeus estavam procurando matá-lo, porque não somente quebrava o
sábado, mas também chamava Deus seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus.” (João 5:17-18, New American Standard Bible).
E novamente: “Alguns dos fariseus diziam: ‘Esse homem não é de
Deus, porque não guarda o sábado’.” (João 9:16). Problemática parece
ser a própria declaração de Jesus: “O sábado foi estabelecido por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mar. 2:27, 28).
Oscar Cullmann concluiu destas passagens que Jesus ensinou a
“não-observância do Sábado” que portanto “justifica a desobediência” ao
mandamento do Sábado.3 Em seu contexto, a reivindicação de Jesus de
ser o “Senhor do Sábado” não sugere uma ab-rogação do mandamento
do Sábado para defender Seus discípulos famintos pelo ato deles de
colher “espigas”, mas antes o oposto: Jesus fez a reivindicação
Messiânica que Ele tinha autoridade para interpretar corretamente o
mandamento do Sábado. Jesus até mesmo desafiou os líderes judeus:
“Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. . . .
no sábado circuncidais um homem. E, se o homem pode ser circuncidado
em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos
indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo,
um homem?” (João 7:19, 23).
Leon Morris comenta:
Se eles tivessem entendido o significado do que eles estavam fazendo
eles teriam visto que uma prática que anulava o Sábado para prover as
necessidades cerimoniais de um homem justificava o passar por cima do
Sábado para prover a cura de um homem completo. . . Ele não estava
simplesmente discutindo que uma lei repressiva fosse liberada. Nem adotou
uma atitude anti-sabática, opondo-se à instituição inteira. Ele mostrou que
O Israel de Deus na Profecia 125
Sua ação cumpriu o propósito da instituição original. . . Atos de misericórdia
como os que Ele fez não eram meramente permissíveis mas obrigatórios.4
Referências:
LEI GRAÇA
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LEI _________________________________________________
GRAÇA _______________________________________________
O Israel de Deus na Profecia 130
Os dois diagramas visualizam o assunto fundamental.
Q: Qual foi o contraste absoluto que Paulo fez aqui? Foi realmente
o contraste entre lei e graça? Ou foi a antítese irreconciliável da justiça
pela lei e a justiça pela graça de Deus em Cristo? Paulo definitivamente
não declara que a graça de Deus pôs de lado a lei de Deus, mas antes pôs
de lado a prevalecente tradição de “prevalecente pela lei”. A teologia de
Paulo colocou dois diferentes meios de salvação em oposição um ao
outro: salvação ou pela lei ou pela graça de Deus! Paulo explicou aos
Gálatas: “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de
Cristo; caíram da graça” (Gál. 5:4, NVI). Tal era a polêmica da teologia
de Paulo de justificação pela graça mediante a fé em Cristo. Aos
Romanos ele declarou isto positivamente: “Pois sustentamos que o
homem é justificado pela fé, à parte da obediência da Lei” (Rom. 3:28,
New International Version). O assunto é claramente sobre o mau uso da
lei no judaísmo como o meio de obter salvação, como Paulo o havia
experimentado pessoalmente dentro do judaísmo farisaico (veja Filip.
3:6-9).
Sobre a base de justificação pela graça, Paulo continua a mencionar
os frutos da justificação: paz com Deus, alegria no novo acesso a Deus,
esperança em compartilhar a glória de Deus, e a experiência do Espírito
do Deus de amor:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na
esperança da glória de Deus. . . . Ora, a esperança não confunde, porque o
amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos
foi outorgado. (Rom. 5:1, 2, 5).
Aos crentes justificados Paulo apresenta agora uma função positiva
da lei: a sabedoria da direção da lei de Deus para os que são conduzidos
O Israel de Deus na Profecia 134
pelo Espírito de Deus. Aos crentes justificados escreveu Paulo que o seu
amor a Deus e ao próximo “cumpre” a lei, porque “o amor é o
cumprimento da lei” (Rom. 13:10). E novamente: “Mas, se sois guiados
pelo Espírito, não estais sob a lei.” (Gál. 5:18).
Alguns concluíram que amor substituiu a lei, mas Paulo não disse
isso. Ele disse explicitamente que o amor cumpre a lei, e: “Porque toda a
lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a
ti mesmo.” (Gál. 5:14). Ele não disse que “Amor” é uma lei em si
mesmo, fazendo a lei de Deus supérflua! Esse é o engano fundamental
que alguns estão cometendo em sua própria mente. Paulo requer amor,
porque nisto repousa o cumprimento da lei de Deus! Amor foi a divina
intenção da lei, da mesma maneira que Jesus tinha explicado em Sua
interpretação Messiânica da lei em Seu sermão no Monte.
Cranfield afirma que
“para Paulo, a lei não é ab-rogada por Cristo. . . Para Paulo, a
concessão do Espírito é o estabelecimento da lei... na vida do crente... O
Espírito Santo torna-o livre para a obediência, capacitando-o a começar a
chamar Deus de ‘Pai’ sinceramente, sobriamente, inteligentemente, e ir
fazendo cada vez mais consistentemente.” 4
Referências:
1. New Covenant in the Old Testament. Waco, TX: Word Books,
1976, 11, 12.
2. Cranfield, The Epistle to the Romans. ICC. Edinburg: Clark,
vol. 2 [1979], 853.
3. Cranfield, 16, 2:515-520, 848.
4. Cranfield, Ib., 2.852, 951.
5. Cranfield, 16, 1:319.
6. In Letters and Papers from Prison.
7. Quoted in Seize the Day, by C.R. Ringama. Piñon Press, 2000,
April 10.