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Tribunal de Justiça do Distrito Federal - TJDF

Circunscrição: 1 - BRASILIA
Processo: 2002.01.1.091409-7
Vara : 113 - TERCEIRA VARA DA FAZENDA PUBLICA DO DF

Processo: 2006.01.1.091409-7
Autor: Fernando Leite de Godoy
Réu: Distrito Federal e outros
Ação: ordinária

SENTENÇA

Vistos e etc.

Trata-se de ação civil pública de responsabilidade por ato de improbidade administrativa proposta pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS em desfavor de FERNANDO LEITE
DE GODOY e do DISTRITO FEDERAL.

Alega o autor que consta na 5ª Promotoria de defesa do patrimônio Público e Social dois autos que
apuram a questão de ocupação irregular de área pública.

No primeiro auto, a ocupação é feita pela empresa Rosa Materiais de Construções. Alega o autor que a
Administração Regional de Brasília está ciente do assunto, porém, mesmo após o envio de oito ofícios à
Administração não tomou as providências necessárias para a conservação do patrimônio público. Alega
o autor que ao mesmo tempo em que a Administração informava que a situação estava sendo resolvida,
a mesma, ao contrário, se agravava, sendo a sua atitude de conivência. A fim de solucionar em definitivo
o problema, foi expedido novo ofício à Administração Regional de Brasília requisitando que fossem
tomadas as providências cabíveis, com sugestão até mesmo da medida de demolição, se fosse o caso.
Embora tivesse sido advertido das responsabilidades civil e criminal em caso de omissão, o réu nada fez
e nem sequer se dignou a dar uma resposta.

No segundo caso, a ocupação é feita pela empresa Papelaria ABC Comércio e Indústria Ltda., e como
no primeiro, é um problema que se arrasta há alguns anos, com prejuízo para o patrimônio público e
também para os vizinhos diretamente prejudicados. Atesta a ciência da Administração Regional de
Brasília, com a expedição de ofícios, porém, sem a tomada de providências para a conservação do
patrimônio público. A fim de solucionar o problema foi expedido novo ofício à Administração, quedando-
se esta inerte.

Afirma que o administrador público deve agir quando a lei determina, sob pena de conivência, e também
comunicar as providências tomadas, quando legitimamente instado a fazê-lo, pela via da requisição.

Aduz ter o primeiro réu infringido a Lei Federal nº 8.429/92 e a Lei Orgânica do MPU - em relação à
omissão em relação às medidas administrativas a que estava obrigada a adotar e quanto ao não
atendimento às suas requisições, consistente na não comunicação das providências administrativas.

Requer a suspensão dos direitos políticos do primeiro réu, perda de qualquer função pública que estiver
exercendo ao tempo da execução da sentença, ressarcimento integral do dano matéria, pagamento de
multa civil e proibição de contratar com o Poder Público, receber benefícios fiscais e creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermediário de pessoa da qual seja sócio majoritário.
Foi apensado o processo nº 08190.0788600/99-08, fls. 39/133.

O Distrito Federal achou conveniente abster-se de contestar os pedidos insertos na inicial, ressalvando
que "este Ente Federativo não se furtará em adotar toda e qualquer medida que importe na defesa do
patrimônio público" (fls. 143).

Fernando Leite Godoy ofereceu defesa antecipada (fls. 158/210). Alega que em momento nenhum se
furtou a responder a qualquer requisição do Ministério Público, muito menos de forma consciente e
voluntariamente. Afirma não ter acesso direto aos trâmites administrativos, que eram de prontos
encaminhados aos setores competentes. Argumenta que não pode responder pessoalmente por
quaisquer atos ou omissões ocorridos fora de sua gestão. Assevera que se houvesse diligência do
MPDFT, teria este acompanhado os fatos que culminaram com a desocupação da área pública invadida
(Empresa Vila Rosa Matérias de Construção Ltda.), em 05.12.2003. Ademais, diz ter iniciado a adoção
de providências visando a atender ao requerimento do Ministério Público em relação à Papelaria ABC
Comércio e Indústria Ltda., já que em 02.01.2003 deixou de ser o Administrador de Brasília. Requer seja
comprovada inexistência do ato de improbidade. Ainda, seja rejeitada a petição inicial.

O réu apresentou contestação acompanhada de documentos (fls. 227/295). Demonstrou não ter
cometido atos de improbidade, já que durante seu exercício na Administração Regional de Brasília agiu
atendendo a todos os princípios que norteiam a Administração Pública, notadamente os princípios da
legalidade e lealdade às instituições. Reiterou as informações prestadas na defesa antecipada. Requer
sejam julgados improcedentes os pedidos formulados.

O Ministério Público informou que as providências tomadas pelo primeiro réu somente ocorreram após o
ajuizamento da presente ação. Disse, ainda, que a sistemática da lei de improbidade não exige o dolo
para a configuração do ato de improbidade que lesione o patrimônio público, contentando-se com a
demonstração da culpa, como nos casos citados. Ressalta ter o réu quedado inerte, no mínimo por
negligência, perante as invasões de áreas públicas, omitindo-se em se dever de fiscalizar e curar pelo
patrimônio público do Distrito Federal. Sobressalta ser obrigação legal a responsabilidade de prestar
informações, pois não sendo assim, as requisições não passariam de meras solicitações. Pugna pela
condenação do réu por ato de improbidade administrativa (fls. 297/304).

Aberta fase de especificação de provas, o Distrito Federal requereu o julgamento antecipado da lide, de
acordo com fls. 309. O primeiro réu, pugna pela produção de provas, em especial, seu depoimentos e
dos autores, bem como a oitiva de testemunhas (fls. 310). O Ministério Público disse não pretender
produzir provas (fls. 312).

Foi indeferida a produção de prova oral, conforme fls. 322.

É o relatório.

Fundamento e decido.

Inexistem preliminares, portanto, passo ao mérito.

Basicamente, da forma como foi exposta pelo Ministério Público, em sua inicial, três situações distintas
de improbidade teriam sido praticadas pelo réu, enquanto Administrador Regional do Distrito Federal.
Em uma situação primeira, o réu não adotou as providências administrativas cabíveis para a solução de
uma ocupação irregular, em área pública do Distrito Federal, praticada pela pessoa jurídica ROSA
MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES, na Vila Planalto.

Na segunda situação posta pelo Ministério Público, o réu foi omisso quanto à ocupação irregular, em
área pública, praticada pela pessoa jurídica PAPELARIA ABC COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, no
setor gráfico do Distrito Federal.

Por fim, no que se refere ao apontamento de condutas tidas como ímprobas pelo autor, o réu não
respondera as requisições enviadas por meio de ofícios, que objetivavam as informações relacionadas
com as ocupações irregulares praticadas pelas pessoas jurídicas acima destacadas.

À fl. 37 encontra-se o ofício n° 1836/2002, do Ministério Público, fundamentado na Lei Complementar n°


75/93, endereçado para a pessoa do Administrador Regional, com o objetivo de obter informações em
relação à ocupação irregular de área pública, bem como para que tome as devidas providências em
relação à situação ilícita apresentada.

O pedido de requisição em questão é expresso quanto à conseqüência do não atendimento da


autoridade administrativa ao mencionar que a "omissão no cumprimento dos atos de ofício, por um lado,
e a falta injustificada e o retardamento indevido do cumprimento das requisições do Ministério Público,
por outro, caracterizam condutas de improbidade administrativa e ilícito penal."

À fl. 127, destaca-se o ofício requisitório do Ministério Público quanto ao procedimento investigatório de
n° 08190.0786/99-08, que buscava a apuração de uma ocupação de área pública por pessoa jurídica
não afeta a Administração Pública. No ofício em questão, realça-se para o Administrador Regional a
conseqüência do não comunicado ao pedido de requisição ministerial.

Portanto, para a solução da lide posta, impõe-se a verificação das três condutas apresentadas como
ímprobas pelo Ministério Público do Distrito Federal.

Tenho como não ímprobas as duas situações postas como omissivas em relação ao réu, no que se
refere à tomada de providências para a desocupação dos imóveis públicos por parte das duas pessoas
jurídicas de direito privado.

Conforme o histórico apresentado pelo réu, que se encontra confirmado pelos documentos juntados, ao
receber os ofícios requisitórios, iniciara um procedimento de verificação dos ilícitos apresentados pelo
Ministério Público, com a busca de soluções a serem tomadas pela Administração Regional a que
comandava, na época do fato apresentado pelo Ministério Público a sua pessoa, ou seja, de 22 de
agosto de 2002 em diante.

Dentre as medidas tomadas pelo réu, destaco as medidas de fiscalização, para a verificação dos ilícitos,
o pedido de demarcação das áreas públicas, o pedido de auxílio para a desocupação do imóvel público
localizado na Vila Planalto, o pedido do material nec

essário para a efetivação da desocupação neste local, o encaminhamento do recurso administrativo


apresentado pela empresa ocupante da área localizada no setor de gráfica, o agendamento com a
polícia militar para a retirada do cercamento no setor gráfico.

Ou seja, não houve omissão do réu na tomada de providências requisitadas pelo Ministério Público em
relação às duas áreas públicas, tanto que uma das áreas fora desocupada quando o réu ainda era o
administrador regional do Plano Piloto.

De acordo com o Ministério Público, se não houve a efetivação da desocupação da área localizada no
setor gráfico, fato alheio se impôs a atuação do réu em sua atividade administrativa.
Deste modo, o réu ao adotar as providências administrativas para atender a requisição ministerial, isto é,
a busca da desocupação dos dois imóveis públicos ocupados irregularmente, não cometeu ato de
improbidade administrativa, sendo sua conduta alheia a essa pecha de ilícito.

Todavia, o réu não atendera a requisição ministerial, no que se refere à prestação de informações para o
Ministério Público em relação ao fato que lhe era apresentado como ilícito.

Houve por parte do réu em relação ao pedido de informações do Ministério Público um descaso indevido,
haja vista a existência de ofícios requisitórios outros que não foram atendidos anteriormente por parte de
administradores que estiveram nesta função antes do réu.

Ressalto que o réu teve a ciência da existência de ofícios ministeriais outros que não foram respondidos
pela Administração Regional, pois, o Ministério Público teve o cuidado de alertar tal fato para o
administrador (agora réu), conforme se observa dos documentos de fls. 37 e 127.

O Ministério Público, ainda, alertou nos ofícios que a não resposta do réu configuraria a prática de ato de
improbidade administrativa.

Em outras palavras, o réu assumiu uma conduta omissiva ilícita ao não prestar as informações
necessárias para o Ministério Público, portanto, cometeu à espécie o disposto no artigo 11, inciso VI, da
Lei n° 8.429/92 (" constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
....legalidade, ... e notadamente....deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo").

A obrigação legal do réu em responder a requisição ministerial encontra-se no artigo 8°, inciso, da Lei
Complementar n° 75/93, já que as autoridades da Administração Pública estão jungidas ao dever de
prestação de contas de suas atividades funcionais.

Entrementes, não bastava o réu cumprir o seu dever funcional em promover a desocupação dos imóveis
ou de tomar as devidas providências para tanto, porém, devia cumprir com sua obrigação legal de
responder as requisições ministeriais que lhe foram endereçadas, para a prestação efetiva de contas de
sua administração,diante do fato ilícito que lhe era apresentado pelo Ministério Público.

Em outro giro, o réu cometeu ato de improbidade administrativa na modalidade terceira que fora
apresentada pelo Ministério Público, em sua inicial, ao descumprir o princípio da legalidade, na devida
prestação de contas.

Destaco o fato de que o réu, em sua contestação, não afasta a sua omissão em responder os ofícios do
Ministério Público, portanto, tenha-se como aceito tal fato pelo réu.

Entretanto, como o réu adotara providências concretas em relação aos pedidos de providências para a
desocupação dos imóveis públicos, entendo que a penalidade imposta ao agente ímprobo deve ser
atenuada. Além disso, não houve prejuízo material que justifique uma punição severa, como seria a
suspensão dos direitos políticos do réu.

Estipulo como penalidade ao réu o pagamento do valor de uma remuneração mensal a que recebia
como administrador regional à época dos fatos, sendo devidamente corrigida pelos índices aplicáveis a
correção da caderneta de poupança.

Ante os fundamentos acima apresentados, julgo parcialmente procedente o pedido do autor,


condenando o réu em relação ao ato de improbidade previsto no artigo 11°, inciso VI, da Lei n° 8.429/92,
sendo a penalidade imposta o pagamento do valor de uma remuneração mensal que o réu recebia à
época dos fatos como administrador regional. Proferi o julgamento com resolução do mérito, em
conformidade com o artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil.
Condeno, ainda, o réu na custas processuais.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Brasília - DF, 30 de setembro de 2010.

PAULO CEZAR DURAN

Juiz de Direito Substituto

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