CURSO
CÓDIGO DA DISCIPLINA 1 AN
CARGA
DOCENTE JOSÉ SOARES ANDRADE NETO SEMESTRE 60 h/a
2010.2 HORÁRIA
EMENTA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Refletir e responder a perguntas como: o que é direito? Qual a sua finalidade? Promover a
discussão acerca do caráter epistemológico (científico) do Direito, através da compreensão do
processo de formação do conhecimento e de suas características básicas; Estudar o direito como
Ciência e situá-lo no quadro das ciências; Informar acerca da teoria das normas e do
ordenamento jurídico, realizando uma análise crítica acerca das teorias existentes; Dar breves
noções básicas acerca das disciplinas existentes no curso de direito bem como das profissões
correlatas.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
4- Fontes do Direito;
4.1 – Lei como fonte primária do direito;
4.2 – Princípios;
4.3- Costumes;
4.4 – Jurisprudência;
4.5 – Doutrina;
ATIVIDADE
SEMANA CONTEÚDO
(indicar a(s) estratégias s) didáticas a ser(em)
utilizadas (s) em cada aula)
Proporcionar ao discente o conhecimento sobre os
21/07
Palestra Abre-aulas: "Como estudar métodos eficazes para o melhor desempenho nas
01-03
adequadamente" atividades acadêmicas.
3
de Aula se necessário.
- Ministério Público;
10/11
– Defensoria Pública; Breves noções acerca das principais carreiras jurídicas.
49-51
– Delegado de Polícia;
- Aplicação do questionário
17/11
Preparar o aluno para avaliação.
52-54
Revisão da 2º avaliação
24/11
2º AVALIAÇÃO Verificação da aprendizagem
55-57
Entrega das Atividades Avaliativas
Revisão Prova Final
01/12 Aula de discussão sobre a II AVALIAÇÃO
58-60
Obs.: os registros acima correspondem a 60 horas/aula de 50 minutos.
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CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DISCENTE EXTRA CLASSE
UNIDADE ATIVIDADE CONTEÚDO
Entrega de texto para discussão: O Direito como meio
Introdução ao Conhecimento Cientifico
de pacificação social.
Texto para discussão: Crime sem perdão. Direito Positivo e
1º Direito Natural
Aula de motivação ao aluno a leitura, indicação de livros
necessários para a compreensão do assunto (visita á
Teoria do Ordenamento Jurídico
biblioteca)
A avaliação será processual e contemplará o conhecimento adquirido pelo aluno, a freqüência e a participação nas
atividades. A verificação formal será realizada, em cada unidade, conforme quadro abaixo. Será aprovado o aluno
que atingir 70% de aproveitamento nas unidades (média sete).
5
ATIVIDADE
VALOR
PESO
DATA
OBSERVAÇÃO
UNIDADE I
TRABALHOS
INTERDISCIPLINAR
10,0
Grupo
OUTROS
10,0
Grupo ou Individual
PROVA
10,0
Individual
UNIDADE II
TRABALHOS
INTERDISCIPLINAR
INTERDISCIPLINAR
10,0 6
RECURSOS
Serão utilizados textos, apresentação com data- show, slides, entre outros equipamentos e recursos disponibilizados
pela instituição para que se proponha ao aluno uma aula mais interessante e dinâmica.
REFERÊNCIAS BÁSICAS
(em ordem alfabética, conforme regras da ABNT)
1. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 17ª edição, São Paulo: Saraiva, 2005;
2. NOGUEIRA, Rubem. Curso de Introdução ao Estudo do Direito, Editora: Noeses 4ª edição, São Paulo, 2007;
3. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27ª ed., São Paulo: Saraiva, 2004;
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
(em ordem alfabética, conforme regras da ABNT)
• Senso comum;
• Conhecimento religioso;
• Conhecimento filosófico;
• Conhecimento científico;
Conceito de Ciência
c) Métodos específicos;
(Indutivo/dedutivo/dialético/tópico)
d) Sistematização;
direito.
2) A Ciência do Direito.
- Surgimento
(O que surgiu primeiro: direito ou ciência?);
- Evolução:
Jurisprudência romana;
Glosadores;
Pós-Glosadores;
Idade Média;
Ciência atual.
Ciência do Direito
8
A Ciência do Direito, ou Jurisprudência, tem por objeto o fenômeno jurídico tal
através de métodos bem definidos (Miguel Reale, 2000, pág. 16, adaptado).
- O que é direito?
9
desenvolvem, em função dos múltiplos fatores que atuam sobre as formas de
construção do direito.
“Economia pode ser definida como a ciência que estuda a forma como as
sociedades utilizam os recursos escassos para produzir bens com valor e de como os
Nordhaus)”
(economia) (direito)
A) DOGMÁTICA JURÍDICA:
EXEMPLOS:
2) O ORDENAMENTO JURÍDICO
UMA NORMA JURÍDICA NÃO SE ENCONTRA JAMAIS SÓ, MAS ESTÁ LIGADA A
SERVIDORES PÚBLICOS;
EXEMPLOS:
2) CONTRATO DE LOCAÇÃO.
TRIDIMENSIONAL).
Por maioria de votos, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que a união estável
entre ofensor e vítima, em caso de estupro, não é suficiente para a extinção da punibilidade. A decisão foi
tomada no julgamento de recurso contra a aplicação da pena a um homem que havia estuprado uma
menor de, à época, nove anos.
A discussão girou em torno da equiparação da união estável ao casamento para fins de extinção
da punibilidade, nos termos do artigo 107, VII, do Código Penal. O dispositivo já foi revogado pela lei
11.106/05.
Mas como a revogação criou uma situação menos favorável ao réu, deveria ser mantida, se fosse
o caso, a aplicação da norma anterior, que tinha a seguinte redação: “art. 107: Extingue-se a punibilidade:
(...) VII – pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos
O tema, inicialmente, seria julgado pela 1ª Turma do STF. Mas, em razão da relevância, a matéria
foi enviada ao Pleno, onde começou a ser julgada em março do ano passado. Um pedido de vista do
No pedido, o réu, condenado a sete anos de reclusão pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso por
crime de estupro contra menor de 14 anos, requereu a reforma da decisão. Na primeira instância ele havia
sido absolvido.
O relator da matéria, ministro Marco Aurélio, acolheu o recurso. De acordo com suas
fundamentações, haveria, por analogia, equiparação entre a união estável e o casamento no caso. O
ministro entendeu, ainda, que deveria haver prudência e seria importante evitar a formalidade excessiva,
13
em razão de ter o conceito de família sido alterado — não havendo, portanto, no Código Penal, vigente há
De acordo com o ministro, o que prevalece é a determinação da Constituição Federal (artigo 226,
parágrafo 3º), segundo a qual a família é base da sociedade e está protegida pelo Estado. “Quanto ao
confronto de valores, cumpre deliberar se o mais importante para o Estado é a preservação da família ou o
remédio para a ‘ferida social’ causada pelo insensato intercurso sexual, dada a idade da jovem — situação
não de todo surpreendente, visto que, nos dias atuais, a iniciação sexual começa visivelmente cada vez
mais cedo”, sustentou Marco Aurélio.
Ato repugnante
Nesta quinta-feira (9/2), ao trazer seu voto para o julgamento, o ministro Gilmar Mendes afirmou: “O
que justifica o meu pedido de vista é a preocupação com a hipótese concreta em que ocorre a discussão
dos presentes autos: uma menina de idade entre 9 e 12 anos, que mantém relações sexuais com seu tutor
legal, então marido de sua tia, com quem ela vivia desde os 8 anos de idade”.
Para Gilmar Mendes, antes de se discutir a equiparação entre a união estável e o casamento, é
preciso debater se “a situação concreta apresentada no caso pode ser considerada união estável para
fins do art. 226, §3º, da Constituição Federal de 1988. Ou seja, qual o bem da vida que juridicamente é
O ministro considerou essencial destacar é o fato de se tratar de uma situação fática repugnante:
uma criança, confiada a um tutor que, em flagrante abuso de sua autoridade, manteve com ela relações
sexuais desde que esta tinha 9 anos de idade. Para Mendes, o fato de adolescente, depois de ter o filho,
vir a juízo afirmar que vive maritalmente com o seu opressor, não pode ser considerado como hipótese
típica de perdão, extinguindo a punibilidade.
“A união estável, que se equipara a casamento por força do art. 226, §3º, da Constituição
Federal, é uma relação de convivência e afetividade em que homem e mulher de idade adulta, de forma
livre e consciente, mantém com o intuito de constituírem família. Não se pode equiparar a situação dos
autos a uma união estável, nem muito menos, a partir dela, reconhecer, na hipótese, um casamento,
para fins de incidência do art. 107, VII, do Código Penal”, disse o ministro.
Por sua vez, o ministro Carlos Brito, que acompanhou a divergência entendeu, no confronto entre
os artigos 227 e 226 da Constituição da República, deve prevalecer o primeiro. “A proteção à criança e ao
adolescente é absoluta prioridade”, destacou. O ministro não escondeu o espanto ao ressalvar o fato de
que a vítima do estupro, quando do acontecimento, sequer havia menstruado. Assim, Brito avaliou que,
para ocorrer o casamento, homem e mulher devem ter consciência e estrutura para manifestarem suas
vontades.
Depois de Brito, o relator pediu para se pronunciar. Fez questão de esclarecer que o “pano de
fundo”, o fato, é condenável. “Ninguém encampa a idéia do abuso, mas no meu voto eu dei conseqüências
ao fato”, explicou Marco Aurélio. “Temos uma realidade que não pode ficar em segundo plano. A vítima
compõe uma família”.
14
O ministro Celso de Mello acompanhou o relator. Para ele, a situação de fato, a da convivência
pública, duradoura, é inequívoca. Nesse sentido, lembrou da atenção especial dispensada pela
Constituição à família. Lembrou ainda que a lei civil — Código Civil, artigo 1551 — não desfaz o
casamento, resultante de gravidez, em razão de idade.
O ministro Cezar Peluso, porém, reafirmou que, em razão da idade, a vítima é incapaz de
consentir. E chegou a ponderar sobre a possibilidade da situação de convivência entre agressor e vítima
configurarem uma ofensa à dignidade da pessoa humana. Sepúlveda Pertence acompanhou o relator.
Ellen Gracie, a divergência iniciada por Joaquim Barbosa.
Ao final, Marco Aurélio levantou questão de ordem sobre o regime de cumprimento da pena.
Entendeu que os sete anos deveriam ser apenas inicialmente em regime fechado. Como a progressão de
regime em caso de crime hediondo está sob a análise do próprio Supremo, e deverá ser julgado na
próxima semana, o Pleno entendeu por bem resolver a questão depois.
RE 418.376
Trata-se de recurso extraordinário interposto por José Adélio Franco de Moraes (Réu nos autos da
Apelação Criminal nº 2003.005622-0), com fundamento na alínea “a” do art. 102, III, da Constituição,
postulando reforma da decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, que deu
provimento ao recurso de apelação do Ministério Público, condenando o acusado, sob o argumento de que,
“Ainda que a Constituição Federal, ao cuidar do amparo à família, reconheça a união de fato, a
exigência legal contida no artigo 107, inciso VII, do Código Penal não foi derrogada, razão pela qual a
prova do concubinato não é suficiente para que se reconheça a extinção da punibilidade pretendida.”(fl.
11)
E conclui:
“A toda evidência, portanto, que não há razão para se extinguir a punibilidade do ora apelado,
haja vista a gravidade da conduta, prática de estupro com violência presumida contra sua sobrinha
Jardelina Corrêa Paixão, menor de 14 anos de idade, inclusive, engravidando-a, bem como a ausência
disposto no artigo 226, §3º, da Constituição Federal, uma vez que a decisão recorrida deixou de
reconhecer a união estável entre homem e mulher como uma entidade familiar, para efeitos da
aplicação da cláusula de extinção da punibilidade prevista no art. 107, VII, do Código Penal (fls. 121-
141).
15
O Ministro Marco Aurélio, Relator, votou pelo provimento do recurso extraordinário,
reconhecendo união estável no caso dos autos e, equiparando-a ao casamento para fins de aplicação
da hipótese de extinção da punibilidade prescrita no art. 107, VII, do Código Penal, nos seguintes
termos:
“A proteção visada não foi do agente em si, mas da família surgida. À época da
promulgação deste, em 1940, não se cogitava da união estável, muito menos de previsão
sociedade, os novos ares vividos desaguaram na norma do artigo 226 do Diploma Maior de 1988,
estável entre homem e mulher como entidade familiar, sinalizando-se quanto à conversão em
casamento, para tanto devendo a lei dispor a respeito, incentivando-a. Há de se admitir que a
realidade levou ao agasalho, no texto constitucional, da união estável, alçando-a a patamar que,
família, afigurando-se esta com a mesma dignidade merecedora de atenção, como se casamento
nesse contexto, a interpretação sistemática, a interpretação analógica, no que esta vise a beneficiar
o agente, o acusado? O fato de o inciso VII do artigo 107 do Código Penal fixar como causa de
extinção da punibilidade o casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, exclui
desenganadamente negativa. Descabe cogitar de preservão da união estável a ser protegida pelo
Estado quando se substitui decisão absolutória do Juízo por condenatória à pena de sete anos de
punibilidade no caso; e
b) as circunstâncias específicas do caso, que na sua avaliação, são terríveis, tendo em vista
recurso, afirmando, em síntese, que uma criança de 9 ou 10 anos não tem a mesma consciência de
uma pessoa adulta para distinguir entre o discurso do carinho e o discurso erótico, de forma que, a
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absolvição do crime de estupro, na hipótese, representaria uma agressão ao processo de formação da
“Diante desse fato e do meu ponto de vista – parece que a idiossincrasia não era apenas
minha, mas foi agora assumida pelo legislador -, pelo vênia ao eminente Ministro Marco Aurélio para
O Ministro Eros Grau, em seu voto, apresentou pelo menos dois argumentos incisivos para
acompanhar a divergência:
constitucional em discussão, para a hipótese “[...]que começa com uma violência contra uma menina de
9 anos - e aparentemente prossegue com mais violência ainda –[...],”. E continua “[...] não é
seguramente, a família da qual nasce a sociedade civil e depois se realiza, como supre a solução, ao
Estado.Nem ela é, na minha pré-compreensão, aquela família que deva ser preservada a partir dos
valores constitucionais.”
Por fim, também foi objeto de consideração, em aparte do Ministro Celso de Mello, o fato de
ter sido revogada, pela Lei nº 11.106/05, a hipótese de extinção de punibilidade discutida nos autos.
O que justifica o meu pedido de vista é a preocupação com a hipótese concreta em que ocorre
a discussão dos presentes autos: uma menina de idade entre 9 e 12 anos, que mantém relações
sexuais com seu tutor legal, então marido de sua tia, com quem ela vivia desde os 8 anos de idade.
(Essas informações estão explicitadas na decisão recorrida, a qual reproduz depoimento da vítima na
Não há dúvida de que uma questão jurídica central trazida para exame da Corte, no presente
recurso extraordinário, é a equiparação do instituto da união estável ao casamento (art. 226, §3º,
CF/88), para efeitos de aplicação da hipótese de extinção da punibilidade prevista no art. 107, VII, do
Código Penal (VII – pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos
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continuação
Mas também revela-se necessário investigar uma questão prévia a esta: se a situação concreta
apresentada no caso pode ser considerada união estável para fins do art. 226, §3º, da Constituição
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Federal de 1988. Ou seja, qual o bem da vida que juridicamente é protegido pela norma constitucional
§3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.”
Sua finalidade é proteger a instituição família, como célula básica da sociedade brasileira,
independentemente de ser fruto de uma união oficializada perante o Estado (casamento civil) ou de uma
união estável.
Por interpretação sistemática, é preciso registrar que a própria Constituição constrói o conceito de
família, enfatizando, no seu art. 226, §8º: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada
um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.”
Ora, se é dever do Estado proteger a família, também é seu dever, conforme preceituado no art.
227 da Constituição Federal, “[...]assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, [...], à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão” (grifos nossos)
Assim, o que parece essencial destacar, na discussão posta, é o fato de se tratar de uma situação
fática repugnante: uma criança, confiada a um tutor que, em flagrante abuso de sua autoridade, manteve
com ela relações sexuais desde que esta tinha 9 anos de idade.
Cuida-se, em verdade, de permanente coação psicológica e moral a uma criança, submetida pela
sua condição de vida, a exploração, crueldade e violência por parte daquele que tinha o dever de protegê-
la contra esses males.
Não se pode olvidar o fato de tratar-se, no caso dos autos, de uma menina de 12 anos que
engravidou, após manter relações sexuais com o marido de sua tia, seu tutor legal desde os 8 anos de
idade.
O fato de esta adolescente, depois de ter o filho, vir a juízo afirmar que vive maritalmente com o
seu opressor, não pode ser considerado como hipótese típica de perdão, extinguindo a punibilidade, nos
A união estável, que se equipara a casamento por força do art. 226, §3º, da Constituição
Federal, é uma relação de convivência e afetividade em que homem e mulher de idade adulta, de forma
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livre e consciente, mantém com o intuito de constituírem família. Não se pode equiparar a situação dos
autos a uma união estável, nem muito menos, a partir dela, reconhecer, na hipótese, um casamento,
De outro modo, estar-se-ia a blindar, por meio de norma penal benéfica, situação fática
por parte do Estado, num plano mais geral, e do Judiciário, num plano mais específico.
Quanto à proibição de proteção deficiente, a doutrina vem apontando para uma espécie de
perspectiva do dever de proteção, que se consubstancia naqueles casos em que o Estado não pode
abrir mão da proteção do direito penal para garantir a proteção de um direito fundamental. Nesse
“Trata-se de entender, assim, que a proporcionalidade possui uma dupla face: de proteção
advir de proteção insuficiente de um direito fundamental-social, como ocorre quando o Estado abre
mão do uso de determinadas sanções penais ou administrativas para proteger determinados bens
todos os atos estatais à materialidade da Constituição, e que tem como conseqüência a sensível
abrange, (...), um dever de proteção por parte do Estado, inclusive quanto a agressões contra
direitos fundamentais provenientes de terceiros, de tal sorte que se está diante de dimensões que
reclamam maior densificação, notadamente no que diz com os desdobramentos da assim chamada
19
proibição de insuficiência no campo jurídico-penal e, por conseguinte, na esfera da política criminal,
por uma omissão (ainda que parcial) do poder público, no que diz com o cumprimento de um
imperativo constitucional, no caso, um imperativo de tutela ou dever de proteção, mas não se esgota
pela legislação penal e onde não se trata, propriamente, duma omissão no sentido pelo menos
direitos fundamentais entre a proibição de excesso e de insuficiência. Revista da Ajuris, ano XXXII,
como proibição de excesso (já fartamente explorada pela doutrina e jurisprudência pátrias), há uma
outra faceta desse princípio, a qual abrange uma série de situações, dentre as quais é possível
Conferir à situação dos presentes autos o status de união estável, equiparável a casamento,
para fins de extinção da punibilidade (nos termos do art. 107, VII, do Código Penal) não seria
Isso porque todos os Poderes do Estado, dentre os quais evidentemente está o Poder
Judiciário, estão vinculados e obrigados a proteger a dignidade das pessoas, sendo este mais um
Assim sendo, a decisão recorrida, ao condenar o ora Recorrente pela prática do crime de estupro
(deixando de acolher a tese de que ocorrera a hipótese do inciso VII do art. 107 do Código Penal) não
infringiu a norma constitucional prescrita no art. 226, §3º, da Constituição Federal.
divergência.
20
TEORIA PURA DO DIREITO
• Hans Kelsen apresenta, na sua obra Teoria Pura do Direito, uma concepção de
ciência jurídica com a qual se pretendia finalmente ter alcançado, no Direito, os
ideais de toda a ciência: objetividade e exatidão.
• Para alcançar tais objetivos, Kelsen propõe uma depuração do objeto da ciência
jurídica, como medida de garantir autonomia científica para a disciplina jurídica,
que, segundo ele, vinha sendo deturpada pelos estudos sociológicos, políticos,
psicológicos e filosóficos.
• O plano da Teoria Pura era atingir a autonomia disciplinar para a ciência jurídica.
Separa por completo a idéia entre direito e justiça.
Norma Hipotética
CF Fundamental
LEIS
REGULAMENTOS
SENTENÇAS
jurídico.
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Segundo Kelsen, não cabe à ciência jurídica dizer se uma norma é ou não justa,
ou se é ou não obedecida, mas sim se é válida formalmente, se tem vigência.
ordenamento.
• COAÇÃO;
normas.
• HETERONOMIA;
legislativo competente.
• BILATERALIDADE ATRIBUTIVA;
cumprimento.
22
TEORIA CRÍTICA DO DIREITO
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
• Oposição às linhas tradicionais do pensamento jurídico;
• Rejeição à fonte estatal do direito;
• Apoio ao pluralismo das fontes em detrimento do monismo.
DIREITO ALTERNATIVO
"Do desencontro entre a lei e o direito, entre códigos e justiça, nasce o direito
Alternativo, que nada mais é do que a aplicação da lei em função do justo, sob a ótica do
interesse social e das exigências do bem comum". (Benedito Calheiros Bomfim. Ex-
Presidente do IAB)
O Movimento pelo Direito Alternativo é valido enquanto luta por um direito mais
justo, mais moderno, que melhor corrija as desigualdades sociais e econômicas, não
23
se podendo confundir nunca tal movimento com a pretensão retrógrada de alguns de
substituir a lei (norma genérica) pela sentença (norma individual).
Mas, se o Direito Alternativo é “só” isso, por que tanta reação? Certamente porque
a postura dos juízes em desvencilharem-se do embuste de que são os porta-vozes da lei
e de que lhes cabe tão-somente o estrito cumprimento da lei abala a “segurança jurídica”,
entenda-se o statu quo da classe dominante, que vê na lei um instrumento de
manutenção de privilégios.
2. Alternativo significa outra outra+origem, que outra origem é esta? Pelo que se
depreende do exposto abaixo a origem estaria na cabeça do julgador, ou naquilo que
"Ele" julga justo sem qualquer compromisso com o ordenamento jurídico.
24
construção de uma sociedade justa e solidária; promoção do bem de todos independente
de raça, sexo,etc; erradicação da pobreza.
7. Não estamos aqui fazendo uma defesa do Positivismo Jurídico, muito embora
reconheçamos na teoria kelseniana pelo menos um início de onde possamos partir para
um sistema jurídico mais justo e estável. É a partir de Kelsen que devemos repensar a
ciência jurídica. É isso que fazem os autores supracitados.
EXEMPLOS
25
Revisão da prova da I unidade
3. O que é ciência?
26
5. Explique o que você entende sobre epistemologia jurídica?
jurídico.
conflitos sociais.
elas? Explique.
2) ESPÉCIES DE NORMA
• NORMAS MORAIS
• NORMAS FAMILIARES
padrão cultural."
• NORMAS JURÍDICAS
28
3) DISTINÇÕES PRINCIPAIS ENTRE AS DIVERSAS ESPÉCIES DE NORMAS E
AS NORMAS JURÍDICAS
• VEÍCULO INTRODUTOR OFICIAL (ESTADO);
• BILATERALIDADE ATRIBUTIVA;
• RELAÇÃO JURÍDICA
• ILÍCITO
• SANÇÃO JURÍDICA
FATO JURÍDICO
REL. JURÍDICA
SANÇÃO
29
FONTES DO DIREITO
CONCEITO: “Inquirir sobre a fonte de uma regra jurídica é buscar o ponto pelo
qual sai das profundidades da vida social para aparecer na superfície do Direito.” (Paulo
Nader, Forense, 2007, pág. 141)
“Aquele que quisesse realizar o direito sem a história não seria jurista nem
sequer um utopista, não traria à vida nenhum espírito ordenamento social
consciente...” (Sternberg)
AS FONTES FORMAIS
PROCESSO LEGISLATIVO:
SANÇÃO E VETO;
PROMULGAÇÃO;
PUBLICAÇÃO.
ESPÉCIES LEGISLATIVAS:
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO;
LEIS COMPLEMENTARES;
LEIS ORDINÁRIAS;
LEIS DELEGADAS;
DECRETOS LEGISLATIVOS;
RESOLUÇÕES;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
• MATERIAIS / FORMAIS
• ESCRITAS / NÃO ESCRITAS
• DOGMÁTICAS / HISTÓRICAS
• PROMULGADAS / OUTORGADAS
• IMUTÁVEIS / RÍGIDAS / FLEXÍVEIS/SEMI-RÍGIDAS
• ANALÍTICAS / SINTÉTICAS
4) PODER CONSTITUINTE.
HABEAS CORPUS;
HABEAS DATA;
MANDADO DE SEGURANÇA;
MANDADO DE INJUNÇÃO;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
DE NATUREZA PÚBLICA.
4) PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO.
- Autotutela;
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(Como forma de limite ou restrição à atuação da Administração sobre os
particulares)
• LEGALIDADE;
• IMPESSOALIDADE;
• MORALIDADE;
• PUBLICIDADE;
• EFICIÊNCIA.
• ADMINISTRAÇÃO DIRETA
• ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
DIREITO PENAL
• LEGALIDADE / TIPICIDADE
• ANTERIORIDADE
• IRRETROATIVIDADE
• PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
• FATO TÍPICO
• ILÍCITO
• CULPÁVEL
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE
ESTADO DE NECESSIDADE;
LEGÍTIMA DEFESA;
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL;
• CRIME DOLOSO E CULPOSO
• CRIME HEDIONDO (LEI 8072/90)
DIREITO CIVIL
JURÍDICOS.
FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS;
TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS;
MÓVEIS E IMÓVEIS;
CONSUMÍVEIS E NÃO CONSUMÍVEIS;
DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS;
• BEM DE FAMÍLIA (LEI 8009/90)
• PARTE GERAL;
• OBRIGAÇÕES;
CONTRATOS;
• EMPRESARIAL;
• REAIS;
• FAMÍLIA;
• SUCESSÕES;
() Das fontes materiais do direito surgem os fatos que se tornarão jurídicos após a
sua positivação.
() A lei formal revela-se através do conteúdo da lei, enquanto a lei material trata a
lei independentemente da relevância do seu conteúdo.
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5.A Jurisprudência é considerada uma fonte estatal? Explique as características
desta fonte do direito;
a) Conceito.
b) Classificações da constituição.
13. De acordo com o seu conhecimento adquirido em sala de aula, explique como se
dá a alteração de uma lei. O desuso altera a Lei?
O direito natural seria o conjunto de valores morais universais e imutaveis, nesse sentido,
para o jusnaturalismo os direitos se encontram dentro do campo da moral, de modo que
a norma positivada (transformada em lei) que seja considerada imoral pode ser
37
descartada, porque um requisito de validade das normas é estar dentro do campo da
moral.
O positivismo tem uma visão distinta dessa relação entre direito e moral, pois de acordo
com essa teoria o direito e a moral são esferas separadas, de modo que, embora o
direito proteja alguns valores morais, suas normas não precisam estar dentro do campo
de abrangência da moral e e ele não tem a obrigação de proteger as normas morais que
se encontram fora dele.
Jusnaturalismo
Além disso, vários filosofos também vão citar essa idéia do “justo por natureza”, mas
foram os Estóicos que construiram o conceito de direito natural e foi Cícero que levou
esse conceito de direito natural para a cultura romana.
Na Idade Média utiliza-se esse conceito de Direito Natural, mas atribui-se ao Deus
Cristão a origem desse direito.
Santo Thomas de Aquino entendeu que a “lei natural” é uma parte da ordem imposta pela
mente de Deus que se encontra na razão do homem, resolvendo portanto a confusão de
idéias entre o conceito antigo e medieval do direito natural.
Jusnaturalismo Moderno
A esfera política da era moderna foi marcada pelo surgimento do Estado Moderno, tendo
como principal característica a centralização do poder. Nesse período a ideia de direito
natural foi absorvida e adaptada, prevalescendo a idéia de que o direito natural tinha
origem na razão. Nessa época foi muito importante a doutrina de Grócio que excluiu a
figura de Deus da idéia do direito natural, difundindo essa idéia de direito natural e da
necessidade de que o direito positivo e as Constituições dos Estados deveriam se
adequar a esse direito.
38
Com o surgimento das teorias contratualistas surgem novas idéias que dão uma “nova
cara” ao conceito de direito natural, revitalizando o jusnaturalismo, ressaltando o aspecto
seu aspecto subjetivo. Esse jusnaturalismo moderno tem grande influência nas doutrinas
políticas de tendência liberal, ressaltando a importância de que a as autoridades políticas
respeitem os “direitos inatos do individuo”.
Ao definir o direito natural como subjetivo diminui-se um pouco a sua força, pois o
xercício dos direitos fica, em muitos casos, sujeito ao exercício voluntário do individuo.
Isto ocorre em virtude do surgimento de um Estado que define a lei objetiva. O Estado
passa a ser considerado, portanto, uma obra voluntária dos individuos que tem a
obrigação de proteger os direitos naturais.
Jusnaturalismo Contemporâneo
Ainda assim, havia uma consciência de que não existiam valores morais universais, de
modo que a nova geração jusnaturalista considerava o direito natural como histórico, e
não como universal e imutável, ou seja, foram abertas concessões quanto ao conceito de
direito natural.
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O Direito como meio de pacificação social:
Elaborado em 08.2000.
Marcos André Couto Santos
procurador federal junto ao INSS em Recife (PE), mestre em Direito Público pela UFPE,
professor universitário
1. INTRODUÇÃO
O direito, dentro do contexto atual, é mais observado pela maioria como um instrumento
para manutenção da ordem e segurança do que como um meio efetivo de
implementação da paz, harmonia e igualdade dentro da sociedade.
Note-se, assim, que em especial o direito legislado/legal visa a perpetuar um status quo
vigente, dando apenas guarida e preservando uma elite político-econômica dominante.
Por exemplo, a mera análise dos diversos diplomas legais sobre crimes contra o sistema
financeiro, crimes contra a ordem econômica atesta a suavidade das penalidades
aplicadas se comparados a um pequeno furto de um pão para alimentação de uma
família carente. (1)
Esta e tantas outras distorções (2), baseadas na vigência de um direito dogmático, arcaico
e cientificamente não desenvolvido com base em dados empíricos, conduzem a um
desvirtuamento do fenômeno jurídico que acaba por se concretizar como uma maneira de
controlar as classes menos apaniguadas, servindo para aumentar a distância entre os
diversos atores sociais.
No presente trabalho, objetiva-se tecer considerações sobre uma nova forma de produzir,
aplicar, pensar e entender o Direito, enquanto fenômeno social, atestando algumas
modificações que já vem sofrendo os ordenamentos jurídicos centrais e periféricos.
Procurar-se-á, enfim, através deste estudo, mostrar que a principal função do direito é
reduzir desigualdades, solucionando conflitos com base em dados empíricos
cientificamente comprovados, plasmando em toda a comunidade um sentimento de
agradabilidade (3) para o desenvolvimento da humanidade, com a perpetuação de
sentimentos que aproximem cada vez mais os indivíduos e atores sociais, garantindo a
paz, equilíbrio, segurança e harmonia. (4)
40
O direito é um dos meios de resolução de conflitos existentes no seio de um grupo,
sociedade, Estado. A presença do direito dentro da sociedade é tão sentido que já vem
desde a época dos romanos expressa no brocardo: "ubi societas, ibi jus." (5)
Em sua evolução histórica, como produto da cultura humana, o direito, no início das
civilizações, era bastante confundido com a religião e moral, adquirindo feições até
místicas a serem respeitadas, sob pena até de banimento ou morte do indivíduo que as
descumprisse. (6)
Com o passar do tempo, cada grupo construiu suas regras e padrões de comportamento
desejados visando à manutenção especialmente da ordem e da segurança. Não se tinha
muito a idéia de justiça. As normas estabelecidas muitas vezes pela tradição cultural
secular eram um meio de manter o grupo coeso com finalidade de enfrentar as guerras e
produzir o sustento econômico. (7)
Bom exemplo disto reside na civilização greco-romana, onde surgiu o velho adágio: " dar
a cada um o que é seu". Não se pensava tanto em interesses coletivos que não tivessem
um conteúdo bem amplo, tais como: guerras, jogos.
Com a Idade Média, as normas jurídicas passaram a ser impostas pelo Senhor Feudal,
dono das terras e dos meios de produção, que ditava as regras dentro dos limites de
suas propriedades, havendo enormes levas de servos que se submetiam com o objetivo
de receber proteção e segurança. (8)
O direito, que se reduzia à lei, ganha neste momento a feição de dogma que não pode
ser discutido, mas cumprido por todos. Este direito de início imposto pelo Rei (Monarca)
passa depois a ser produzido pelas Assembléias ditas Populares, dentro da ideologia
contemporânea da participação de todos no poder; restando, assim, refletida ideológica e
topicamente a vontade popular na produção das normas jurídicas que irão salvaguardar
os valores e sentimentos mais fundamentais para manutenção e continuidade das
relações sociais dentro da evolução do grupo/Estado. (10)
Entretanto, esta democracia é bem relativa, já que não se têm espaços efetivos/reais
para que os menos favorecidos e culturalmente dotados de conhecimentos manifestem-
se sobre o direito produzido e a ser elaborado por estas Assembléias
Legislativas/Parlamentos, ditos redutos da democracia. (11)
41
A forma como o direito desde a modernidade até os dias atuais vem sendo produzido,
refletido, pensado e aplicado acaba tornando-o também um instrumento perverso da
manutenção das diferenças, dessemelhanças e desigualdades. O direito, na maioria
reduzido à lei, torna-se excludente, apenas voltado para iludir uma classe menos
favorecida e estimular uma elite dominante. (12)
Por exemplo, a Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu art. 7º, VI, estabelece que
o salário mínimo deverá atender a todas as necessidades do trabalhador e do povo nas
áreas de saúde, alimentação, cultura, habitação, etc... Esta norma ilude os menos
esclarecidos, tendo um efeito simbólico ao tentar demonstrar que o Estado Brasileiro
garante uma vida digna aos seus trabalhadores com base em uma remuneração que
atende a todos os anseios. O que na realidade fática não ocorre, levando o direito a um
descrédito e perplexidade.
Normas, como a acima relatada, têm um latente cunho programático (14), enquanto
delimitam objetivos do Estado e buscam garanti-los, não se efetivando na prática
(eficácia social) por falta de cientificidade em sua elaboração e ausência de reflexão
crítica quanto à sua aplicação e conseqüências.
O direito tem de se adaptar rápido às mudanças para realizar seu objetivo basilar de
manter em ordem, segurança e com paz a coletividade. Assim, reduzir o fenômeno
jurídico só a lei é algo conservador e ultrapassado.
Quarto, as normas jurídicas de cunho geral (leis) são elaboradas pelos Parlamentos
(Assembléias, Câmaras), formados por representantes escolhidos pelo povo. Entretanto,
o processo de escolha já torna difícil o acesso a pessoas de todos os ramos/classes
sociais, acabando-se por serem eleitos na maioria indivíduos da elite econômica ou com
esta comprometida (vejam-se os custos para eleger um deputado/vereador/senador).
Logicamente, estes parlamentares irão refletir as idéias e anseios desta elite dominante,
produzindo leis que beneficiem e aumentem as diferenças existentes; deixando mesmo
de produzir normas que beneficiariam as classes menos favorecidas.
Neste aspecto, o Brasil oferece muitos exemplos. Existe aqui a tendência do Parlamento
em criar normas mais favoráveis a elite, e mesmo omitir-se na produção de outras que
afetariam as classes controladores/dominantes. Analise-se: Primeiro, as leis que
disciplinam e tipificam os crimes contra a previdência social; crimes contra a ordem
econômica e financeira são extremamente lacônicas e de difícil aplicação, podendo-se
contar o número de empresários que estão presos por crimes cometidos contra estes
bens jurídicos que afetam milhares de brasileiros (veja-se o caso da ENCOL, do Juiz
Nicolau, dos anões do orçamento). Segundo, a legislação, além de frágil e de não se
basear em dados de ciência empírica, muitas vezes recebe interpretações literais de
Magistrados que não percebem o dano social que cometem ao manter em liberdade
indivíduos que cometem tão grandes abusos contra a população brasileira. (15)
Enfim, a redução do direito à forma legislada (legal), com aplicação restrita por parte do
Judiciário para solução das contendas, não atende ao anseio social, não atuando
significativamente no sentido de diminuir as dessemelhanças existentes. (16)
O direito legislado é imposto pelo Estado, atestando-se que mesmo em regimes ditos
democráticos não se baseia o fenômeno jurídico em elementos empíricos que dêem ao
43
direito cientificidade para refletir os reais valores e sentimentos de todo o grupo social.
Servem precipuamente as normas jurídicas para atender a interesses desarrazoados de
uma elite dominante, em sua maioria conduzindo a relações sociais de afastamento entre
os indivíduos e grupos de uma sociedade.
Pelo anteriormente visto, o Direito deve ser dotado e informado por elementos de ciência
empírica que atestem quais os valores a serem preservados dentro de cada grupo
social/estatal na busca de soluções para os conflitos subjacentes, visando a manter o
equilíbrio nas relações sociais. (17)
O questionamento central pode ser o seguinte: consegue o Estado regular toda a vida
social impondo normas gerais a uma realidade humana tão multifacetada e que se altera
por demais tendo em vista o ambiente altamente tecnológico, globalizado e culturalmente
diversificado vivenciado atualmente ??? (18)
Estas Comissões aplicariam normas de equilíbrio, tentando resolver o conflito com base
em regras jurídicas, éticas e morais que se apresentam perante o grupo com objetivo de
manter a paz e a harmonia entre todos.
A resolução dos conflitos, com aplicação de normas gerais e específicas pela própria
coletividade, conduziria a soluções mais eqüanimes e céleres dos conflitos, resultando
numa pacificação ampla com conseqüente maior equilíbrio das relações sociais. (21)
O objetivo precípuo do direito deve ser, então, a garantia da paz e do equilíbrio das
relações sociais, evitando conflitos com fins de promover o desenvolvimento do grupo
social (sociedade) com redução das desigualdades existentes.
A solução de conflitos deve se basear neste tipo de normas que surgem do contexto
social, e refletem a própria essência do homem e do grupo em toda sua riqueza empírica.
Os conflitos devem ter uma solução próxima da realidade (23) para não se criarem
decisões artificiais, impostas e dissociadas da realidade empírica, distantes de dados de
ciência que devem informar o direito.
45
O direito deve ir além da dogmática, buscando aproximar as pessoas, implementado e
permitindo desenvolver sentimentos de agradabilidade entre os diversos atores sociais.
Importante notar, todavia, que a produção de um direito legislado, com base empírica e
em dados de ciência, que reflita o sentimento social de semelhança e ajude a produzir
relações de interação social positivas de cooperação, só é possível no momento em que
a sociedade tem interesse em reduzir as desigualdades existentes entre os diversos
indivíduos, entes sociais.
É necessário para surgimento deste direito real e vivo, estabelecedor da paz, harmonia e
equilíbrio social, que não haja grandes distâncias sociais e econômicas entre os
indivíduos que compõem a sociedade, para que possam todos compartilhar de
semelhantes anseios e sentimentos de altruísmo e cooperação para se desenvolverem.
Não havendo esta redução de desigualdades materiais, as classes sociais tendem cada
vez mais ao afastamento, construindo a elite um direito imposto que refletirá apenas os
anseios de uma pequena parcela do grupo, qual seja: os dotados de capacidade
econômica e política. (24)
Assim, para aplicar as idéias aqui expostas, com vistas à construção de um direito
transformador e real, necessário se faz a diminuição das distâncias sócio-econômicas
existentes. (25)
Este direito não pode se restringir ao Estado, nem tampouco à lei, é bem mais amplo (26),
devendo ser informado por dados empíricos de ciência que reflitam processos sociais de
aproximação, promovendo sentimentos de agradabilidade.
A aplicação das normas que emergem dos grupos e dos valores fundamentais
informadores de toda a sociedade, obtidos através de dados de ciência empírica e fatos,
associada a soluções alternativas dos conflitos, em especial através de composições,
conciliações, arbitragem, fazem surgir um direito novo, no qual se estabelece um
sentimento geral de agradabilidade, paz e harmonia, apoiado em elevado grau de
solidariedade humana.
Espera-se que o direito, a sua formação e aplicação sofram influência destas premissas,
para que efetivamente ocorra a transformação da realidade posta em benefício de todos
os seres humanos, com uma evolução social, mental e espiritual.
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5. BIBLIOGRAFIA REFERENCIAL
AFTALIÓN, Enrique R. & VILANOVA, José. Introduccion al Derecho. 2. ed. Buenos Aires,
Abeledo-Perrot, 1998.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 26. ed. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 1999.
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado (tradução de Luís Carlos Borges). 3.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MACHADO NETO, Antônio Luís. Sociologia Jurídica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1982.
SOBRINHO, Elicio de Cresci. Justiça Alternativa. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 1994.
WARAT, Luis Alberto. Introdução Geral ao Direito – vol I. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 1994.
_________________. Introdução Geral ao Direito – vol II. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 1995.
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NOTAS
01. Luís Alberto Warat afirma que as tradições e costumes jurídicos já trazem uma
grande carga de dominação e controle social, sendo certas crenças e valores jurídicos
tomados como verdades que só servem para iludir e subjulgar: " Resumindo: os juristas
contam com um emaranhado de costumes intelectuais que são aceitos como verdades
de princípios para ocultar o componente político da investigação de verdades. Por
conseguinte se canonizam certas imagens e crenças para preservar o segredo que
escondem as verdades. O senso comum dos juristas é o lugar do secreto. As
representações que o integram pulverizam nossa compreensão do fato de que a história
das verdades jurídicas é inseparável (até o momento) da história do poder." (WARAT,
Luis Alberto. Introdução Geral ao Direito – vol I. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 1994, p. 15).
02. Aqui, não se prega o fim da dogmática jurídica ou da filosofia diante de sua
superação pela sociologia do direito. Ao contrário, os diversos âmbitos do estudo do
direito devem ser analisados em busca de um maior amadurecimento teorético-científico.
Esta opinião é coadunada com a de Machado Neto: " (...) o problema já não mais se
coloca em termos de substituição, mas de coexistência pacífica entre a compreensão
empírica da sociologia, a sistematização normativa da dogmática e a problemática
estimativa da filosofia jurídica." (MACHADO NETO, Antônio Luís. Teoria da Ciência
Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1975, p. 59).
03. Esta idéia de agradabilidade, a que tantas vezes nos reportaremos nesta monografia,
está ligada ao postulado da semelhança entre os sentimentos, e idéias e vontades dos
atores sociais, privilegiando as interações sociais de aproximação e coesão, gerando
conseqüentemente uma maior conexão do direito com a realidade social posta, cf.
SOUTO, Cláudio e SOUTO, Solange. Sociologia do Direito. Rio de Janeiro: livros
Técnicos e Científicos Editora S/A, 1981, p. 124.
05. Sobre uma evolução das idéias jurídicas ao longo da história da humanidade desde
os tempos primitivos até a modernidade, entendida como o momento atual e não
necessariamente o melhor, cf. AFTALIÓN, Enrique R. & VILANOVA, José. Introduccion al
Derecho. 2. ed. Buenos Aires, Abeledo-Perrot, 1998, pp. 203 a 298.
06. O Código de Hamurabi é um exemplo típico deste direito primitivo mesclado com a
religião. As penalidades contidas são bem radicais, cultuando-se a chamada Lei de
Talião. Vejam-se algumas penalidades: " se um homem furar o olho de um homem livre,
ser-lhe-á furado o olho; se um médico tratar ferida grave do paciente com punção de
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bronze, e se ele morrer, terá as mão decepadas; se um arquiteto construir para outrem
uma casa e não a fizer bastante sólida, se a casa ruir, matando o dono, o arquiteto
deverá ser morto. Se o morto for o filho do dono da casa, deverá ser morto o filho do
arquiteto." (GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 26. ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 1999, pp. 290/291).
07. Outros exemplos de cultura primitiva regulada por um direito arcaico são o Código de
Manu e a Lei Hebraica que já trazem uma conotação mais humanista nas penalidades
aplicadas, mas sofrem ainda extensamente a influência da religião, cf. GUSMÃO, Paulo
Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 26. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
1999, pp. 290 e segs.
11. Warat entende não existir democracia atualmente, devido ao caráter excludente dos
regime vigentes. Este autor assevera que faltam espaços para debates e efetiva
participação, conduzindo o grupo a um totalitarismo evidente: " Enfim quero lembrar que
o autoritarismo é sempre a ausência de teatro. Quando nos reconhecemos socialmente
através de ordem, de identidades autoritárias, está faltando o palco, o espaço público
para a grande atmosfera de festa que é a democracia como processo participativo. Daí
que não se possa pensar em deslocar a ordem imaginária e discursiva do processo
autoritário de reconhecimento das identidades sociais, sem fazer do lugar onde se fala,
mas do que é falado, uma festa coletiva que prefigura o acesso autônomo do indivíduo
como ator político." (WARAT, Luis Alberto. Introdução Geral ao Direito – vol II. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1995, p. 357).
12. Cláudio Souto, mesmo destacando as virtudes da filosofia da justiça, reproduz crítica
ao direito posto, asseverando que este reflete mais o interesse do poder constituído: " As
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ideologias e as filosofias da justiça, da liberdade e da igualdade procuram há séculos
explicar os desequilíbrios sociais, visando-se à construção, pela prática, de sociedades
harmonicamente coesas. Mas seu discurso tem sido vago e, desse modo, pouco apto a
contribuir para deslocar os centros reais do poder econômico e político, que, ao contrário,
retiram desse caráter vago a possibilidade do uso da bandeira liberal a serviço de seus
interesses. Assim é que defrontamos com concepções que – em nome mesmo da justiça
e de um liberalismo de pretensos resultados populares – têm legitimado aquele poder
real de poucos." (SOUTO, Cláudio. Tempo do Direito Alternativo: uma fundamentação
substantiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p. 19).
13. Cf. NEVES, Marcelo da Costa Pinto. A constitucionalização simbólica. São Paulo:
Acadêmica, 1994.
15. Kelsen em posição diametralmente oposta afirma que não pode o Juiz decidir os
casos concretos com base em análise de particularidades e dados de ciência empírica.
Veja-se a crítica do Mestre de Viena: " O que certo juiz decidirá num caso concreto
depende, na verdade, de um grande número de circunstâncias. Investigá-las todas está
fora de questão. Sem levar em consideração o fato de que, hoje, ainda estamos
inteiramente desprovidos dos métodos científicos para realizar tal investigação."
(KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado (tradução de Luís Carlos Borges). 3.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 251). Acredito estar equivocado o citado autor
porque a análise empírica com base em dados de ciência permite a aferição de soluções
mais justas perante cada caso concreto, por exemplo: o problema dos transgênicos;
casamento de homossexuais, enfim os chamados "hard cases", na linguagem da
doutrina norte-americana, só auferem soluções justas com a utilização de dados de
ciência que apoiem e sirvam para fundamentar as decisões/sentenças.
16. Infelizmente, a formação dos operadores do direito ainda se apoia numa visão do
direito enquanto fenômeno restrito à lei. Deve-se mudar este paradigma para se apoiar o
entendimento e aplicação do direito dentro de uma contextura social nova, veja-se a
opinião de José de Oliveira Ascensão: " (...) cabe ao jurista, justamente porque ergue o
sistema do direito que é, revelar as contradições que nele se inserem em relação aos
princípios que exprime ou para que deveria tender; pôr a nu dissonâncias menos visíveis;
desvelar os pontos em que a pretensa racionalidade do sistema é afinal a expressão de
interesses espúrios e não de qualquer exigência superior. O que significa que o
verdadeiro jurista é e só pode ser incômodo para os interesses instalados; e que a
retórica dos lobbies é radicalmente incompatível com a construção científica do direito."
(ASCENSÃO, José de Oliveira. O Direito – Introdução e Teoria Geral – Uma Perspectiva
Luso-Brasileira. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 1994, pp. 179/180).
17. Para superar as crises existentes, não é suficiente a edição de leis formais distantes
da realidade social e de dados científicos. As normas jurídicas, para produzirem efeitos,
devem ser baseadas em dados de ciência empírica. Bem claro é Cláudio Souto a este
respeito ao asseverar que: " Na verdade, tudo indica que o desenvolvimento de uma
ciência empírica do direito (que seja ciência não apenas de formas sociais, mas de
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conteúdos sociais) a estará conduzindo a esquemas conceituais menos imprecisos e,
mesmo, a proposições genéricas, onde não se desconsidere a realidade empírica do
‘sentimento de justiça’ (sentido de agradabilidade em face ao que se acha que deve ser)
operante socialmente." (SOUTO, Cláudio. Ciência e Ética no Direito: uma alternativa de
modernidade. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1992, p. 20).
19. Acaba-se com estas soluções breves e céleres resgatando a paz e a harmonia,
produzindo uma maior interação social entre os entes, conduzindo a uma maior
realização/efetivação do direito. Veja-se a lição de Cláudio Souto: " Interações sociais de
competição, de conflito ou de hierarquização (todas implicando a preponderância da idéia
de dessemelhança entre os interagentes), são, em si mesmas, processos de afastamento
no espaço social. Assim, nelas não se forma clima favorável ao direito – a não ser
quando essas interações previnam afastamento ainda maior (que passaria a existir sem
elas). Já as interações sociais onde prepondera a idéia de semelhança e, pois, a
aproximação entre os pólos interagentes (a exemplo das interações de cooperação), são
sempre favoráveis ao jurídico." (SOUTO, Cláudio. Tempo do Direito Alternativo : uma
fundamentação substantiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p. 49).
20. Quanto à expressão modelo, deve-se entendê-la como conjunto de valores e idéias
aplicadas ao disciplinamento do fenômeno jurídico dentro de uma determinada realidade
posta.
21. Interessante observar que a busca da resolução dos conflitos no âmbito social
através de formas alternativas, como arbitragem, conciliação, deve-se à crescente
mudança social existente na contemporaneidade. Mudança social aqui é encarada como
alteração de padrões de comportamento em face do estabelecimento de novos tipos de
interação social. Bem ressaltam tal fato Lawrence Friedman e Jack Ladinsky: " A
mudança social ocorre quando há alterações reconhecíveis nos padrões correntes de
interação das relações pessoa-a-pessoa, ou quando emergem e se estabelecem novas
relações." (SOUTO, Cláudio e FALCÃO, Joaquim. Sociologia e Direito – leituras básicas
de sociologia jurídica. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1980, p. 229).
22. Cláudio Souto bem destaca a necessidade de um direito informado por dados de
ciência empírica que, mesmo sendo formalmente estatuído, abra-se cognitivamente para
a realidade empírica existente: " Como o direito é forma e conteúdo ao mesmo tempo, e
inseparavelmente, se se lhe quer atribuir o máximo possível de segurança cognitiva, é
preciso informá-lo de lógica em sua forma, e de ciência substantiva em seu conteúdo. E
quanto mais rigorosa seja a ciência substantiva que informe o jurídico, maior,
evidentemente, a segurança cognitiva deste." (SOUTO, Cláudio. Ciência e Ética no
51
Direito: uma alternativa de modernidade. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor,
1992, p. 90).
24. Bem assevera Cláudio Souto sobre as dessemelhanças econômicas que ensejam
uma ruptura e desequilíbrio nas relações sociais, sendo desfavoráveis à idéia de
justiça/agradabilidade: " Naturalmente, o problema do desenvolvimento econômico e
social não se coloca apenas em nível internacional – nível das dessemelhanças
acentuadas entre os chamados países ‘desenvolvidos’ e ‘subdesenvolvidos’ ou ‘em
desenvolvimento’- mas em nível nacional, com referência às nítidas dessemelhanças
quanto ao ritmo de desenvolvimento entre regiões de um mesmo país (...) Essas
dessemelhanças acentuadas, que provocam processos de afastamento nos seus
espaços sociais, e que são típicas do mundo de hoje, conduzem internacional e
nacionalmente a um equilíbrio social instável porque fechado a um desenvolvimento não
só econômico, mas a serviço de semelhança social objetiva e subjetivamente mais
profunda, capaz de, correspondentemente, provocar uma profunda aproximação nos
espaços sociais internos e internacionais e, com isso, a estabilidade do equilíbrio nesses
espaços. Entende-se aqui por espaço social simplesmente o espaço da interação social."
(SOUTO, Cláudio e SOUTO, Solange. Sociologia do Direito. Rio de Janeiro: livros
Técnicos e Científicos Editora S/A, 1981, p. 175).
26. A multivocidade do direito e sua relação com a sociedade não podem ser
escamoteadas, mas reificadas constantemente dentro do contexto em que se realizam: "
A sociedade então não pode ser definida como uma unidade substancial, mantendo-se,
assim, indeterminada a natureza da sociedade. Uma sociedade democrática exige uma
permanente reinvenção simbólica, baseada num trabalho de interrogação sobre as
significações intertextualmente dadas."(WARAT, Luis Alberto. Introdução Geral ao Direito
– vol II. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1995, p. 363).
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