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Poder Judiciário da União

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Órgão 5ª Turma Cível


Processo N. Apelação Cível 20060111322586APC
Apelante(s) BANCO ITAÚ S/A
Apelado(s) ARNALDO CERQUEIRA
Relator Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA
Revisora Desembargadora HAYDEVALDA SAMPAIO
Acórdão Nº 343.858

EMENTA

CIVIL. CDC. PROCESSO CIVIL. RESCISÃO CONTRATUAL. CONTRATOS DE


COMPRA E VENDA E FINANCIAMENTO. OPERAÇÃO CASADA.
INADIMPLEMENTO DO FORNECEDOR VENDEDOR. RESILIÇÃO. VOLTA AO
“STATUS QUO ANTE”. SENTENÇA MANTIDA.
01.Tratando-se de operações casadas, por parte de fornecedores distintos cujo
financiamento pelo Banco propiciou a venda pelo comerciante ao consumidor, e que
não chegou a bom termo em razão do descumprimento obrigacional do fornecedor
vendedor, persiste a responsabilidade solidária consoante disposto no parágrafo
único, do art. 7º, do CDC – Lei nº 8078/90, no feito que visa a rescisão da avença
com a volta das partes ao “status quo ante”.
02. Operado o inadimplemento, com a resolução do contrato, restaram rescindidas
todas as avenças adjacentes ao contrato principal.
03.Recurso conhecido, mas desprovido. Sentença mantida. Unânime.

Código de Verificação:
APELAÇÃO CÍVEL 2006 01 1 132258-6 APC

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 5ª Turma Cível do Tribunal


de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, ROMEU GONZAGA NEIVA - Relator,
HAYDEVALDA SAMPAIO - Revisora, ESDRAS NEVES - Vogal, sob a Presidência da
Senhora Desembargadora HAYDEVALDA SAMPAIO, em proferir a seguinte decisão:
CONHECER. NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e
notas taquigráficas.
Brasília (DF), 11 de fevereiro de 2009

Certificado nº: 1053A726000200000A2F


20/02/2009 - 13:55
Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA
Relator

Código de Verificação: L02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7HL02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7H


GABINETE DO DESEMBARGADOR ROMEU GONZAGA NEIVA 2
APELAÇÃO CÍVEL 2006 01 1 132258-6 APC

RELATÓRIO

O Relatório é o mesmo constante da r. sentença singular às fls.


74/77, verbis:

“1. Trata-se de ação proposta por ARNALDO CERQUEIRA contra


BANCO ITAÚ S/A, objetivando o autor seja reconhecida sua exoneração da
obrigação de depositário fiel do veículo alienado fiduciariamente ao réu, bem como a
condenação do réu a lhe devolver todos os valores pagos, devidamente atualizados,
a excluir o nome do autor de cadastros de inadimplentes e a pagar indenização por
danos morais no valor de R$ 10.000,00.
2. Segundo o exposto na inicial, em 20/08/2004 as partes
celebraram contrato de financiamento para aquisição de veículo, com alienação
fiduciária do bem. O carro, contudo, não foi entregue ao autor, não obstante o
disposto no contrato e o pagamento da primeira parcela pelo devedor fiduciante.
Mesmo sem o bem, o autor continuou pagando as prestações, para evitar sua
inclusão em órgãos de proteção ao crédito. Posteriormente, no entanto, como não
houve solução para o impasse, o autor deixou de pagar as parcelas do
financiamento. Além disso, constatou que o veículo adquirido não fora registrado em
seu nome, tendo sido alienado a terceiro. O réu, por sua vez, incluiu o autor em
cadastros de inadimplentes. Sustenta que o réu não cumpriu suas obrigações
contratuais, não sendo devida a negativação de seu nome.
3. Na emenda de fl. 23 o autor incluiu pedido para a rescisão do
contrato.
4. Na decisão de fls. 30 foi indeferido ao autor o benefício da
gratuidade de Justiça. Contra essa decisão o autor interpôs o Agravo de Instrumento
2007.00.2.006331-8, distribuído à egrégia 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios, Relatora Des. Maria Beatriz Parrilha, sendo provido o
recurso (fl. 42).
5. Citado, o réu contestou (fl. 51). Preliminarmente, argüiu sua
ilegitimidade passiva ad causam. No mérito, destacou que o contrato firmado entre
as partes foi de financiamento, sendo o recurso repassado ao vendedor do bem.
Observou que não cabe ao agente financeiro fiscalizar a qualidade do produto
adquirido ou a regularidade da documentação, de modo que não tem qualquer
responsabilidade pelo fato de não ter sido entregue o veículo. Asseverou que o
contrato firmado entre as partes não contém qualquer irregularidade, sendo que o
autor assumiu a obrigação de pagar as prestações devidas. Acrescentou que não há
dano moral a ser indenizado.

6. Em réplica (fl. 64), o autor reiterou as razões apresentadas na


inicial.

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7. O autor disse não ter interesse na produção de outras provas (fls.


72). O réu não atendeu ao despacho de fl. 69.(...)”.

Acrescento que o r sentenciante “a quo”, julgou PROCEDENTE EM


PARTE o pedido para: a) dar como rescindido o contrato de fls. 12-13; b) declarar o
autor livre da obrigação de depositário fiel do bem alienado fiduciariamente ao réu
pelo contrato já mencionado; e c) condenar o réu a restituir ao autor os valores
pagos por este em razão daquele contrato, com a correção monetária e os juros de
mora já estipulados acima.
Condenou ambas as partes ao pagamento das custas processuais,
sendo metade para o autor e metade para o réu, ficando os honorários advocatícios
divididos por igual e reciprocamente compensados, observando-se, contudo, quanto
ao autor, o art. 12 da Lei 1060/50.
Irresignado apela o Réu, argüindo ser o contrato um ato jurídico
perfeito, devendo ser respeitado observando-se o princípio “pacta sunt servanda”.
Argüiu a impossibilidade de devolução dos valores pagos pelo
Apelante, antes da extinção do grupo sem, contudo, fundamentar tal assertiva.
Preparo regular.
Contra-razões às fls. 108/111 pugnando pela manutenção da r.
sentença monocrática.
É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA - Relator

Presentes os pressupostos de admissibilidade conheço do recurso.


Apela o Banco/Réu, argüindo ser o contrato um ato jurídico perfeito,
devendo prevalecer em face do princípio “pacta sunt servanda” e, portanto, não há
que se falar em devolução dos valores pagos pelo Apelante, antes da extinção do
grupo.
Sem preliminares, passo ao exame do mérito.
Argúi o Apelante que o contrato celebrado com o apelado é apenas
de financiamento, não havendo nos autos qualquer indício que o responsabilize pela
entrega do veículo e, se este não foi entregue, quem deve responder pelo referido
vício é o Revendedor.

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Insiste na independência entre o contrato de compra e venda


entabulado entre o Autor e a Revendedora do veículo, e o contrato de financiamento
firmado entre aquele e o ora Apelante.
Sem razão o Apelante.
Da análise dos fatos tornou-se induvidoso que, através das
operações casadas de financiamento e venda, foi negociada a aquisição do veículo
qualificado no contrato entabulado entre as partes, que não chegou a bom termo,
em razão do descumprimento obrigacional da entrega do bem ao Apelado.
Na forma do parágrafo único, do art. 7º, do CDC, todos os
envolvidos na negociação que culminou com prejuízo ao consumidor são
solidariamente responsáveis perante este, podendo, por óbvio, um regredir contra o
outro para se ressarcir, se for o caso.
A respeito, a eminente jurista Ada Pellegrini Grinover e demais
autores do Anteprojeto do “Código de Defesa do Consumidor” (7ª edição, Editora
Forense Universitária – 2001, págs. 141/142), comentam o citado parágrafo único do
art. 7º, verbis:

“Como a responsabilidade é objetiva, decorrente da simples


colocação no mercado de determinado produto ou prestação de dado serviço, ao
consumidor é conferido o direito de intentar as medidas contra todos os que
estiverem na cadeia de responsabilidade que propiciou a colocação do mesmo
produto no mercado, ou então a prestação do serviço.”

A r. sentença restou assim fundamentada, verbis:

“(...) 9. O processo comporta julgamento imediato, na forma do art.


330, I, do CPC, tendo em vista a desnecessidade de produção de outras provas,
conforme manifestação das próprias partes.
10. Inicialmente, cumpra examinar a preliminar levantada pelo réu às
fls. 52, que versa sobre sua ilegitimidade passiva ad causam.
11. Não tem razão o réu nesse ponto.
12. O autor postula a rescisão do contrato de financiamento firmado
com o réu, bem como a indenização decorrente da negativação promovida pelo réu.
Percebe-se, assim, que a relação de direito material envolvida no litígio vincula,
ainda que em tese, o autor e o réu, justificando-se por isso a permanência deste no
pólo passivo da demanda.
13. Saliente-se que o autor não discute os termos do contrato de
compra e venda do veículo. O pedido não é para compelir o réu à entrega do
automóvel financiado ou a resolução da compra e venda. O pedido se restringe
única e exclusivamente aos termos do contrato de financiamento, celebrado

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diretamente entre autor e réu, bem como à indenização pela negativação do nome
do autor, ato esse praticado, segundo se alega, pelo réu.
14. É verdade que a aquisição do carro envolveu dois contratos
distintos, o de compra e venda e o de financiamento, mas vinculados entre si. E a
ação discute somente questões relacionadas ao contrato de financiamento, daí por
que se mostra correta a propositura da demanda somente contra o réu.
15. Em razão do exposto, rejeita-se a preliminar.
16. No mérito, o autor busca a rescisão do contrato de financiamento
alegando que não recebeu o veículo financiado.
17. O autor celebrou com o réu o contrato de fls. 12, pelo qual o
agente financeiro forneceu crédito total de R$ 21.847,50, para a aquisição de um
veículo GM/Corsa. A dívida deveria ser paga em 36 prestações de R$ 917,97.
18. Contudo, o carro não foi entregue pelo vendedor, não obstante a
disponibilização dos recursos pelo réu.
19. Tem razão o réu ao argumentar que não se responsabiliza pela
entrega do bem ou mesmo pela qualidade do produto adquirido, pois sua obrigação
se resume a fornecer o recurso necessário à realização da compra.
20. Porém, não se pode olvidar que a aquisição do veículo se trata
de operação complexa, envolvendo dois contratos casados, o de compra e venda e
o de financiamento. Se o primeiro não se completa, não há razão para se manter o
segundo, porquanto o financiamento é fornecido especificamente para a compra do
carro, sendo o bem inclusive alienado fiduciariamente ao financiador. Não quisesse
o autor adquirir o carro, não haveria o financiamento.
21. Por isso, mesmo que o financiamento se apresente formalmente
regular, não pode persistir se o devedor não recebeu o veículo para cuja compra
tomou o empréstimo.
22. Havendo o inadimplemento das obrigações assumidas pelo
vendedor, deixando de entregar o automóvel, mesmo que tal obrigação não tenha
sido assumida pelo réu, isso importa na resolução do contrato de financiamento, que
não pode subsistir em razão da ausência do contrato conseqüente.
23. Acrescente-se não haver dúvidas de que o autor não recebeu o
automóvel, o qual foi registrado em nome de terceiro, como mostram os documentos
de fls. 15-16.
24. Além disso, como o autor não recebeu o veículo financiado, não
se pode reconhecê-lo como possuidor direto do bem. Por conseguinte, não pode ser
considerado depositário do veículo, posto que tal condição pressupõe o exercício
direto sobre a coisa.
25. Como não houve a entrega do bem financiado, impõe-se a
resolução do contrato de financiamento, tendo em vista que ambos os contratos
devem necessariamente ficar vinculados entre si.
26. Nesses termos, como a resolução se deu em razão do
inadimplemento do vendedor do automóvel, é preciso que os valores pagos pelo

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autor lhe sejam restituídos integralmente. O autor não deu causa ao desfazimento
do negócio, razão pela qual não pode arcar com nenhum encargo. Tudo o que
desembolsou lhe deve ser devolvido, com correção monetária pelo INPC a partir do
efetivo desembolso e juros de mora de 1% ao mês a contar da citação.
27. No que tange ao pedido indenizatório, tem por fundamento a
inclusão do nome do autor em cadastro de maus pagadores.
28. A pretensão do autor, nessa parte, não merece acolhida.
29. Em primeiro lugar, porque sequer há comprovação nos autos de
que houve a inclusão do nome do autor em órgãos de proteção ao crédito pelo réu.
30. Tal fundamento, inclusive, impede a procedência do pedido do
autor para que seu nome seja excluído de órgãos dessa natureza.
31. Em segundo lugar, mesmo que a negativação tenha sido
realizada, tal medida, em princípio, mostra-se fruto de exercício regular do direito do
credor, posto que o autor confessadamente inadimpliu o contrato de financiamento,
deixando de pagar as prestações.
32. É verdade que o pagamento não foi efetuado em decorrência da
não concretização da compra do veículo, já que o bem sequer foi entregue ao autor.
33. Contudo, é bem de ver que tal fato não foi comunicado ao réu.
Embora o autor tenha afirmado na inicial que procurou o agente financeiro para
solucionar a questão, não há nenhum documento indicativo de que o autor solicitou
a resolução do contrato ou qualquer outra medida junto à financeira.
34. Reitere-se que o réu não responde pela qualidade do produto
adquirido pelo autor, nem pela entrega do bem. Se a compra e venda não se
realizou, é certo que o financiamento deveria ser desfeito, por se tratarem de
negócios umbilicalmente ligados entre si. Todavia, é necessário dar conhecimento
ao agente financeiro sobre tal fato, porquanto a venda do carro foi efetuada por
terceira pessoa. E não há demonstração de que o réu teve ciência disso.
35. A situação do réu, portanto, foi a de conceder o financiamento
para a compra do veículo. Posteriormente, diante do não pagamento das
prestações, admite-se que inclua o nome do financiado em bancos de dados de
consumidores inadimplentes.
36. Se o inadimplemento foi justificado porque o devedor não
recebeu o veículo, tal fato, embora relevante, não foi levado ao conhecimento do
réu, razão pela qual não se poderia exigir conduta diversa do credor, amparado que
se encontra em seu direito de registrar o devedor em órgãos de proteção ao crédito.
37. Vale dizer, mesmo que se reconheça neste processo que o
contrato de financiamento não pode subsistir em razão da frustração do contrato de
compra e venda, ainda assim não se pode considerar que o réu praticou ato ilícito ao
incluir o autor em cadastros de devedores. Isso porque tal negativação, se é que
ocorreu, deu-se em período anterior ao ajuizamento da demanda, época em que o
réu não tinha ciência sobre a situação do veículo financiado. Sendo assim, a

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negativação naquele momento se apresenta como ato regular, em razão do


inadimplemento do devedor.(...)”.

A r. sentença há de ser mantida pelos seus próprios e jurídicos


fundamentos, vez que bem analisou os fatos e o direito, a cujos argumentos me
reporto para adotar como razões de decidir, me valendo do contido no art. 46 da
LJE, ressaltando que a questão nodal do recurso já fora corretamente enfrentada,
visto que a rescisão do contrato de financiamento, pelo descumprimento contratual,
observou o teor do art. 475 do CCB/02, qual seja:

“A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do


contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.”

Forte nesses argumentos, não há como manter o contrato de


financiamento celebrado, sob pena de ferir os mais comezinhos princípios
contratuais e privilegiar o enriquecimento sem causa, por parte da Instituição
Financeira.
A rescisão da avença determina o retorno ao status quo ante,
obrigando o Recorrente, solidariamente, a devolver os valores porventura recebidos,
quais sejam, todas as parcelas do contrato de financiamento, devidamente
corrigidas.
Com efeito, o direito do Apelado de desistir do negócio, com a
restituição imediata dos valores pagos de uma vez, considerando que não será mais
beneficiário do bem objeto da negociação realizada, é perfeitamente protegido pelo
ordenamento jurídico pátrio, sob o pálio do Código de Defesa do Consumidor,
instituto de ordem pública, em seus ampliados espectros de extensão social.
O Estado, sob o pálio das modernas tendências protetivas do
consumidor, observados os Princípios e Direitos traduzidos na Lei Nº 8.078/90,
outorgou-lhe amplo espectro de proteção, coibindo costumeiros abusos e criando
mecanismos poderosos de prevenção e repressão contra antigos excessos.
Ressalte-se que, dentre as novas medidas protetivas ao consumidor,
destaca-se a atenuação do Princípio da Força Obrigatória do Contrato (“pacta sunt
servanda”), adotando-se a Teoria da Imprevisão (“rebus sic stantibus”) ao permitir a
modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais e a
revisão das que forem excessivamente onerosas; a prática do dirigismo contratual
para regular condutas e sancionar cláusulas abusivas, bem como pelo controle
concreto de cláusula prejudicial ao consumidor (art. 51 §4º, do CDC), privilegiando-
lhe a interpretação mais favorável (art. 47, CDC). Desse modo, não é mais intangível
a força do “pacta sunt servanda”.
À luz dos dispositivos legais apresentados e tomando-se por base os
princípios da boa-fé objetiva, probidade, eticidade e sociabilidade, respeitada ainda a

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função social do contrato, a má-prestação do serviço pelo Requerido, ora Apelante,


configurando o constatado inadimplemento contratual (art. 475, CCB/02), autoriza a
rescisão dos contratos de compra e venda e financiamento, com a respectiva
devolução dos valores pagos pelo consumidor.
Forte em tais razões, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo
íntegra a r. sentença guerreada.
É como voto.

A Senhora Desembargadora HAYDEVALDA SAMPAIO - Revisora

Cuida-se de ação ordinária ajuizada por ARNALDO CERQUEIRA


em desfavor de BANCO ITAÚ S/A, tendo sido julgado parcialmente procedente o
pedido, para rescindir o contrato entabulado entre as partes; declarar o Autor livre da
obrigação de depositário fiel do bem alienado fiduciariamente; e condenar o Réu a
restituir ao Autor os valores pagos em decorrência do contrato rescindido,
acrescidos de correção monetária e juros de mora.

Em face da sucumbência recíproca, o sentenciante condenou as


partes ao pagamento das custas processuais em rateio, observando-se quanto ao
Autor o disposto no artigo 12, da Lei nº 1.060/50. Quanto aos honorários
advocatícios, ficam divididos por igual e reciprocamente compensados.

Inconformado, recorreu o Réu.

Nas razões recursais, alega que o fato de o veículo não ter sido
entregue ao Apelado, em nada atinge o contrato de financiamento assinado entre as
partes, uma vez que as cláusulas foram livremente pactuadas. Sustenta a
impossibilidade de devolução de valores antes da extinção do grupo. Pede o
provimento do recurso para reformar a r. sentença.

Compulsando os autos, constata-se que as partes celebraram


Contrato de Financiamento (fls. 12/13), no valor de R$ 21.847,50 (vinte e um mil,
oitocentos e quarenta e sete reais e cinqüenta centavos), a ser pago em 36 (trinta e
seis) parcelas de R$ 917,97 (novecentos e dezessete reais e noventa e sete
centavos), referente à aquisição do veículo Corsa Sedan, ano 2002, modelo 2003,
placa MOK 9909.

Inicialmente, cumpre ressaltar que a negociação jurídica entabulada


entre as partes abrange não só o contrato de financiamento, mas também o contrato
de compra e venda realizado entre o Apelado e o vendedor do bem, haja vista

Código de Verificação: L02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7HL02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7H


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constar no Contrato de fls. 12/13 o nome de Ronaldo Pinheiro dos Santos, pessoa a
quem deveria ser entregue o valor da operação, mediante a garantia fiduciária.

Assim, inviável a rescisão de um, sem que o outro também seja


rescindido.

In casu, todavia, pode-se concluir que o contrato de compra e venda


já foi rescindido ou sequer existiu. Isso porque os documentos de fls. 15/17
comprovam que o mencionado veículo foi transferido para o município de Ceres/GO,
constando alienação fiduciária junto ao Banco GMAC S/A, fato que demonstra não
estar o veículo alienado fiduciariamente ao Apelante, hipótese em que seria
impossível a transferência do bem a terceiros, sem a sua anuência.

Nesse sentido, dispõe o item 5.1, do contrato em questão:

“5.1 Alienação fiduciária é a garantia através da qual o Cliente


transfere ao Itaubanco a propriedade do bem até a liquidação total da dívida. O
Cliente tem o direito de usar o bem com as responsabilidades de fiel depositário.”

Ademais, o Apelante não trouxe aos autos documentos que


comprovem, efetivamente, a transferência do valor financiado ao vendedor, Ronaldo
Pinheiro dos Santos.

Assim, correto o fundamento da r. sentença, ao afirmar:

“Porém, não se pode olvidar que a aquisição do veículo se trata de


operação complexa, envolvendo dois contratos casados, o de compra e venda e o
de financiamento. Se o primeiro não se completa, não há razão para se manter o
segundo, porquanto o financiamento é fornecido especificamente para a compra do
carro, sendo o bem inclusive alienado fiduciariamente ao financiador. Não quisesse
o autor adquirir o carro, não haveria o financiamento.”

Dessa forma, não merece reparos a r. sentença ao rescindir o


contrato de financiamento de fls. 12/13 e determinar a restituição das partes ao
status quo ante.

No que concerne à alegação de impossibilidade de devolução dos


valores antes da extinção do grupo, não merece acolhida, eis que não se trata de
consórcio de veículo. Por outro lado, verifica-se que tal argumento não foi submetido

Código de Verificação: L02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7HL02S.2009.KL9I.GKV4.GQOI.5H7H


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ao Juízo a quo, fato que impossibilita sua apreciação na esfera recursal, sob pena
de supressão de instância.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso e mantenho incólume a


r. sentença.

É como voto.

O Senhor Desembargador ESDRAS NEVES - Vogal

Com o Relator

DECISÃO

CONHECER. NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME.

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