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BioMar

UNITAU especialização
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ - UNITAU
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPG
INSTITUTO BÁSICO DE BIOCIÊNCIAS – IBB
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

ATAQUES DE TUBARÕES
A HUMANOS
NA COSTA DE PERNAMBUCO

Patrícia Carla do Carmo

ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” EM BIOLOGIA MARINHA


TURMA 2006

Monografia apresentada para obtenção


do Certificado de Especialização em
Biologia Marinha do Departamento de
Biologia da Universidade de Taubaté

TAUBATÉ
novembro -2007
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBi/UNITAU
Biblioteca Setorial de Biociências

Carmo, Patrícia Carla.


Ataques de tubarõo a humanos na costa de pernambuco.
UNITAU, Departamento de Biologia, 2007.

Monografia (especialização em Biologia Marinha) –


Universidade de Taubaté, Departamento de Biologia, 2007. 38
p.
Orientação:

1. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada por


Ana Beatriz Ramos
CRB – 8ª/6318.
Carmo,P.C. , 2007 i

Dedico este trabalho


Aos
Meus pais, pela paciência e todo apoio
Ao
Meu marido
Pelo incentivo e confiança depositados em mim
Aos meus dois lindos filhos
Pelo tempo ausente
Obrigado por vocês existirem!
Ataques de Tubarão ii

AGRADECIMENTOS
Em especial a Prof. Dra. Marisa Cardoso por todo o conhecimento
repassado, pela paciência, por todo o tempo dispensado, pelas correções e
dicas importantes. Valeu Marisa!
Ao Prof. Dr. Itamar Alves Martins por ter cedido gentilmente, uma fonte
valiosa de informações, de fundamental importância na execução desse
trabalho.
Ao Prof. Dr. Valter José Cobo por ter permitido minha entrada no curso.
Ao presidente do CEMIT, Fábio Hissa Vieira Hazin, e ao presidente do
NUPEC, Manoel Gonzalez, por responder gentilmente todos os meus e-mails.
Aos colegas de classe: Ivana e Renata, sempre muito engraçadas, à
Fernanda, obrigada por toda a ajuda, pelos vários e-mails, ao Felipe, pelo seu
jeito descontraído, ao Douglas, pelo auxílio nas horas de desespero de alguns
relatórios, à Heloísa e Juliana, duas amigas queridas que fiz nesse curso, e em
especial ao Márcio e Karlos, parceiros de viagem, duas figuras muito divertidas,
amigos com quem sempre pude contar.
Aos meus queridos pais Carlos e Ivana, meu irmão, Ricardo, minha
cunhada Suzete e meus sobrinhos Bruna e Paulinho, que ajudaram a cuidar dos
meus filhos com o maior carinho, para que eu pudesse concluir esse trabalho.
Ao meu marido Nilo, músico maravilhoso, pelo apoio incondicional.
Ao Enzo e Igor, os amores da minha vida, obrigado simplesmente por
vocês existirem.
Em especial ao amigo Betão, figura indispensável no apoio com as
traduções. Valeu Betão!
Ao Seu Zé do bar, amigo dos tempos da Agronomia, bom rever o senhor
e relembrar a época de república.
A minha avó Laurinda e Maria Helena (Lena), que sempre
compartilharam comigo todos os momentos.
As amigas Lola e Dé, obrigada pela amizade e por fazerem parte da
minha vida.
Agradeço também aquelas pessoas que direta ou indiretamente
contribuíram para a execução deste trabalho.
Carmo,P.C. , 2007 iii

RESUMO

Os tubarões são em sua maioria marinhos, estão distribuídos em


todos os oceanos, em águas tropicais, subtropicais, temperadas e frias, desde
regiões costeiras até grandes profundidades, ocupando numerosos ambientes,
incluindo os recifais, estuarinos, demersais de talude e plataforma, pelágicos
costeiros e oceânicos, desde a superfície até cerca de 3.000 m de profundidade.
Faz parte de sua alimentação, desde pequenos crustáceos, como caranguejos e
lagostas, lulas, peixes e outros moluscos do fundo do mar, e até pássaros
marinhos. Em todo o mundo são conhecidas cerca de 380 espécies, destas 80
ocorrem no Brasil e apenas 15 já registraram acidentes com o homem na costa
brasileira. O ataque a humanos é um evento tão raro, que muitos
pesquisadores preferem chamar de incidente. No Brasil, de 1931 a 2006 foram
registrados 89 ataques, segundo o ISAF. Apenas em Pernambuco, de julho de
1992 até o presente, foram confirmados 50 ataques. Esses números revelam
sérios problemas na região, dentre eles, o principal fator, a construção do porto
de Suape, que causou uma devastação no sistema costeiro como um todo,
desde o bloqueio de rios, a mudanças de correntes marítimas e a destruição da
área de manguezal, onde as fêmeas de Carcharhinus leucas, utilizam como
área para parto e berçário, sendo essa espécie de tubarão, efetivamente, aquela
relacionada a ataques a humanos no litoral pernambucano, em especial na
região metropolitana do Recife. De modo a minimizar o problema, são
apresentadas ao final desta pesquisa, tanto algumas orientações básicas,
quanto medidas que já vem sendo tomadas por órgãos do governo e
instituições não governamentais, envolvidas para sanar este tipo de problema.
Esse trabalho é um estudo de revisão bibliográfica, cuja literatura citada, consta
dos anos de 1967 á 2007.

Palavras-chave: Chondrichthyes; carcharhinus leucas; porto de Suape; impacto


ambiental.
Ataques de Tubarão iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais espécies de tubarões responsáveis por ataques 09


a humanos na costa brasileira

Tabela 2 Registros de ataques de tubarão a humanos na costa 10


brasileira. As cores dos estados abaixo, relacionam com
as cores que estão preenchidos no mapa acima.
Tabela 3 Número de espécies distribuídas por ordens da ictiofauna 48
estuarina brasileira

Tabela 4 Número de espécies das famílias de maior 49


representatividade da ictiofauna estuarina brasileira
Carmo,P.C. , 2007 v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa do Brasil destacando os estados em que houve ataques de 10


tubarão a humanos no período de 1931 à 2006
Figura 2 Foto aérea do Porto de Suape (PE). 12

Figura 3 Desvio dos rios Ipojuca e Merepe (PE), no antigo estuário usado 13
pelas fêmeas do tubarão cabeça chata, como área de parto e
berçário.

Figura 4 Destruição de berçário do tubarão cabeça-chata próximo a áreas de 14


manguezal.
Figura 5 Área costeira é um grande berçário marinho 14

Figura 6 Foto aérea do estuário do rio Jaboatão,que deságua na região 15


metropolitana do Recife (PE), utilizado como berçário alternativo
pelas fêmeas do tubarão cabeça – chata.

Figura 7 Mapa das praias de Pernambuco, onde se concentram a maioria 16


dos ataques de tubarão a humanos.

Figura 8 Foto aérea da região metropolitana do Recife (PE). 17

Figura 9 Percentual de ataques de tubarão, de acordo com o horário de 18


ocorrência, envolvendo 50 ataques, no período de 1992 à 2006,
na costa de Pernambuco

Figura 10 Percentual de ataques de tubarão a homens e mulheres no litoral 18


de Pernambuco, com total de 50 acidentes entre os anos de
1992 e 2006.

Figura 11 Porcentagem de ataques de tubarão a surfistas e banhistas, com 19


total de 50 acidentes entre os anos de 1992 e 2006, registrados
no litoral Pernambucano.

Figura 12 Percentual de ataques de tubarão a vítimas fatais e que 19


sobreviveram, em um total de 50 casos, no período de1992 à
2006, na costa de Pernambuco.

Figura 13 Porcentagem de ataques de tubarão a humanos na costa de 20


Pernambuco, sendo um total de 50 acidentes, relacionadoscom o
Ataques de Tubarão vi

local da lesão, entre os anos de 1992 e 2006.

Figura 14 Porcentagem de ataques de tubarão a humanos, pelo local de 21


ocorrência, no período de 1992 à 2006, num total de 50 casos,
na costa pernambucana.

Figura 15 Percentual de ataques de tubarão a humanos em relação às fases 22


da lua, envolvendo 50 acidentes no litoral de Pernambuco,
entre os anos de 1992 e 2006.

Figura 16 Porcentagem de ataques a humanos na costa de Pernambuco, de 22


acordo com o ano de ocorrência, com total de 50 ataques, no
período de 1992 à 2006.

Figura 17 Porcentagem de ataques de tubarão a humanos relacionados ao 23


mês de ocorrência, entre os anos de 1992 e 2006, na costa
Pernambucana, constando de 50 acidentes.

Figura 18 Barco Sinuelo, da UFRPE, em ação de monitoramento para fins 27


de pesquisa.

Figura 19 Tubarão capturado pelo barco Sinuelo , sendo analisado no 27


laboratório da UFRPE

Figura 20 Guarda-vidas utilizando o Shark equipamento de proteção 28


individual, que repele os tubarões, diante de um possível ataque.

Figura 21 Guarda-vidas atuando na shields vigilânciae fiscalização das praias. 28


Carmo,P.C. , 2007 vii

SUMÁRIO

- INTRODUÇÃO 01

- Objetivo 04

- DESENVOLVIMENTO 05

- Casos de acidentes 07
- Locais de ocorrência 08
- Situações de ataques. 09

- Fatores que podem estar desencadeando os ataques em Pernambuco. 11

- Prevenção a ataques 23

- CONCLUSÃO 30

- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
Carmo,P.C., 2007 1

INTRODUÇÃO
São muito poucas as pessoas que num momento de sua vida se encontram frente a
frente com um tubarão no mar. Mas, mesmo aqueles que nunca se aventuraram além da
fronteira do mundo submarino, e até mesmo os que nunca visitaram o mar e apenas têm
dele referências indiretas, ouviram em inúmeras ocasiões falar dos tubarões (DE LA FUENTE,
1979).
A classe Chondrichthyes, que reúne tubarões, raias e quimeras, forma um grupo
antigo e bem sucedido de vertebrados mandibulados, atualmente representados por
aproximadamente 1.100 espécies (COMPAGNO, 1990). É um grupo primitivo que surgiu
há cerca de 450 milhões de anos, no período Siluriano (PEREIRA & SOARES-GOMES, 2002).
Durante todo esse tempo, enquanto outros animais desenvolviam novas formas superiores
de vida e de organização anatômica e fisiológica, os tubarões não sofreram quase
nenhuma evolução (CIVITA, 1975).
O sucesso evolutivo tem como suporte a resiliência às ondas de extinção, as
radiações adaptativas e progressivas especializações em vários níveis taxonômicos, o
sucesso competitivo em relação aos outros vertebrados, o oportunismo evolutivo e
flexibilidade em produzir predadores nos vários níveis tróficos, a abundância do grupo e
a vasta diversidade morfológica, ecológica e comportamental (ROCHA, 2006).
Esta continuidade revela uma magnífica adaptação para a predação no mar, pois,
são carnívoros em sua esmagadora maioria, posicionados no topo das cadeias
alimentares do ambiente marinho (SANTOS et al., 2006), ou seja, ocupam o último elo da
cadeia alimentar, possuindo poucos predadores naturais. São animais importantes como
elementos tróficos dos ecossistemas marinhos (PINHAL, 2007) tropicais e subtropicais onde
são bastante abundantes (GARLA, 2003).
Os Chondrichthyes são hoje separados em duas subclasses: Holocephali e
Elasmobranchii. Os Holocephali são representados pelas quimeras, com cerca de 50
espécies conhecidas. Os Elasmobranchii abrangem as espécies de raias e tubarões. As
raias estão incluídas na superordem Batoidea, sendo separadas em quatro ordens, 21
famílias, 63 gêneros e aproximadamente 550 espécies (GARLA, 2003).
Os tubarões estão distribuídos em duas superordens, Squaloidea e Galeoidea
(MOULD, 1997; BACILIERI, 2005), abrangendo 12 ordens, 29 famílias, 103 gêneros e cerca
de 480 espécies. O grupo Galeoidea inclui a ordem dominante, Carcharhiniformes, com
12 famílias, 63 gêneros e mais de 273 espécies (GARLA, 2003).
Ataques de Tubarão 2

As raias, em sua maioria são bentônicas, repousam sobre o substrato e cobrem-se


com uma fina camada de areia e permanecem por horas parcialmente enterradas.
Apresentam corpo achatado dorso – ventralmente, com cartilagens radiais que se
estendem até os limites das nadadeiras peitorais bem aumentadas, e apresentam olhos
na porção dorsal da cabeça. As maiores raias, como os maiores tubarões, alimentam-se
de plâncton (POUGH et al., 2003).
As quimeras, denominação vulgar das espécies da ordem Chimaeriformes classe
Chondrichthyes, são peixes cartilaginosos moderadamente pequenos, até 1,5 metros, não
apresentam escamas e habitam as águas profundas dos oceanos (ORR, 1986).
Quando comparado com os peixes ósseos, os Chondrichthyes somam um número
pequeno de espécies. Entretanto o grupo tem grande notoriedade, visto que algumas
espécies podem atacar humanos (MOTTA, 2001).
Os únicos predadores importantes para os tubarões são os outros tubarões, apesar
de terem sido reportados em estômagos de toninhas e baleias e os menores serem
comidos ocasionalmente por peixes. Como um grupo, os tubarões ocupam no mar, de
algum modo, a mesma posição que o homem ocupa na Terra, ambos não são
particularmente ameaçados, exceto por outros de sua espécie (GILBERT et al., 1967).
Os Chondrichthyes podem ser definidos pelo seguinte conjunto de características:
esqueleto constituído principalmente por cartilagem, com deposição de cálcio; presença
de cartilagens labiais; quatro a sete pares de aberturas branquiais; ausência de pulmões
ou vesícula gasosa; condroneurocrânio fundido em peça única, dando suporte ao cérebro
e órgãos sensoriais cefálicos; nadadeiras peitorais e pélvicas pares, com cinturas
esqueléticas correspondentes; órgãos copuladores externos (mixopterígios ou “clásperes”),
situados na margem interna das nadadeiras pélvicas dos machos; nadadeira caudal
sustentada pela coluna vertebral ao longo de seu eixo longitudinal, com vértebras
apresentando os arcos hemais e neurais como auxiliares nessa sustentação; nadadeiras
sustentadas por raios conectivos elásticos (ceratotríquias); superfície externa do corpo
coberta por dentículos dermo-epidérmicos (“escamas placóides”), estruturas semelhantes
a dentes, com coroa esmaltada e dentina; dentes orais dispostos em séries que podem ser
substituídas ao longo da vida (em quimeras e raias os dentes podem ser fundidos em
placas); normalmente um focinho pré oral, com fendas nasais situadas na face ventral; e
um par de narinas na face ventral do focinho, com abertura simples dividida por lobos
nasais (GADIG, 2001; COMPAGNO, 1999).
Carmo,P.C., 2007 3

Apesar de sua importância no sistema aquático, a dinâmica populacional, a


demografia, a biologia e ecologia básica da maioria dos elasmobrânquios ainda são
muito pouco conhecidas, em razão principalmente da complexidade dos estudos que
envolvem a coleta, a preservação, a manutenção dos exemplares em coleções científicas,
bem como as observações diretas no campo e em cativeiros (AGUIAR, 2005).
Segundo LESSA et al., (1999), a exploração pesqueira constitui-se na maior ameaça
aos Chondrichthyes, com a agravante que o manejo é complicado pela falta de
informação básica. A pesca, dirigida ou acidental, envolve o paradoxo de que tubarões e
raias têm baixo valor comercial, o que lhes confere baixa prioridade quando se considera
pesquisa e conservação, ao passo que a demanda por subprodutos, como barbatanas, é
muito alta e estimula o aumento da exploração .
No Brasil, a pesquisa não acompanha o aumento da intensidade das pescarias.
Características do ciclo de vida, como crescimento lento, maturação sexual tardia, baixa
fecundidade e alta longevidade (AZEVEDO, 2003) tornam os Chondrichthyes frágeis e
suscetíveis à sobrepesca (COSTA & CHAVES, 2006).
Em todo o mundo são conhecidas cerca de 380 espécies (oitenta no Brasil), cujos
tamanhos podem variar de 0,15 a 18 metros de comprimento. Entretanto, apenas algo
em torno de 32 espécies já provocaram, comprovadamente acidentes com o homem.
Destas, os registros demonstram que somente 15, no litoral brasileiro, são perigosas e
realmente podem atacar de forma não provocada surfistas, banhistas, pescadores e
mergulhadores (SZPILMAN, 1998).
Até o presente foram registradas 6 ordens, 22 famílias, 40 gêneros e 80 espécies
de tubarões na costa brasileira. A ordem Carcharhiniformes é a mais numerosa com 41
espécies, seguida de Squaliformes, reunindo 18 espécies, Lamniformes com 12 espécies,
Hexanchiformes com quatro espécies, Squatiniformes também com quatro espécies e
Orectolobiformes com duas espécies (GADIG, 2001).
Devido a diversidade de espécies e sua distribuição, as populações de tubarão, ao
redor do mundo, são exploradas por indústrias pesqueiras, artesanais , recreativas e
desportivas (FARÍAS, 2003) .
Existem alguns trabalhos sobre ocorrência e biologia de tubarões, entretanto,
estudos sobre ataques de tubarões a humanos são pouco conhecidos, portanto, trabalhos
mais detalhados, podem ajudar a diminuir a lacuna existente no conhecimento do
assunto na região.
Ataques de Tubarão 4

OBJETIVO

1.2.1. Objetivo geral


● O presente trabalho visa reunir informações sobre ataques de tubarão a
humanos na costa de Pernambuco.

1.2.2. Objetivos específicos


● Relatar as possíveis causas do aumento dos ataques nos últimos anos.
● Alertar sobre quais os cuidados devem ser tomados para evitar os ataques.
● Ressaltar quais medidas estão sendo efetivamente tomadas para controlar os
ataques.
Carmo,P.C., 2007 5

DESENVOLVIMENTO
Os tubarões são em sua maioria marinhos (SABINO & PRADO, 2000), costeiros ou
pelágicos, predominantemente nectônicos, embora existam algumas espécies, tais como
aquelas pertencentes às Famílias Triakidae, Squatinidae e Squalidae, por exemplo, que
possuem hábito bentônico (FIGUEIREDO, 1977).
Estão distribuídos em todos os oceanos, em águas tropicais, subtropicais,
temperadas e frias, desde regiões costeiras até grandes profundidades, ocupando
numerosos ambientes, incluindo os recifais, estuarinos, demersais de talude e plataforma,
pelágicos costeiros e oceânicos, desde a superfície até cerca de 3.000 m de
profundidade. Carcharhinus leucas pode penetrar em grandes sistemas de águas
continentais, como o rio Amazonas (GADIG, 2001).
São predadores que se alimentam geralmente de outros peixes (ósseos e/ou
cartilaginosos). Porém, não raro algumas espécies bentônicas ingerem crustáceos,
moluscos e outros invertebrados marinhos. A dieta alimentar pode, portanto, variar
conforme a posição que os indivíduos ocupam na coluna d’água (AGUIAR, 2003).
Segundo FIGUEIREDO (1977), existem tubarões providos de placas dentígeras,
utilizadas para quebrar conchas de moluscos ou exoesqueletos de crustáceos. Além dos
padrões alimentares acima retratados, há também tubarões filtradores planctófagos,
representados por duas espécies, que são Cetorhinus maximus (tubarão peregrino) e
Rhincodon tipus (tubarão-baleia).
O aparelho digestivo inicia-se pela boca semicircular e de posição ventral (FERRI,
1974). A larga boca é marginada com fileiras transversais de dentes pontiagudos, que se
desenvolveram de escamas placóides. Estão implantados na carne e não ligados á
mandíbula e maxila. Dentes de substituição se desenvolvem continuamente, em fileiras,
atrás dos dentes funcionais e movem-se para frente para substituir aqueles que foram
perdidos (STORER et al., 1986).
Apresentam circulação sanguínea simples e fechada. A desvantagem é que o
sangue perde pressão quando passa pelas brânquias, que são formadas por muitos
filamentos delgados e paralelos que contêm capilares (MARTINS, 2004). O aparelho
circulatório consta de um coração formado por um átrio e por um ventrículo e situado
ventralmente em relação á região branquial (FERRI, 1974).
Em tubarões bentônicos a água entra na boca e passa pelas brânquias por
expansão das bolsas branquiais. Com a contração das bolsas, a água é expelida através
Ataques de Tubarão 6

das fendas branquiais. Espécies pelágicas usam um tipo de natação a jato, com a boca e
as fendas branquiais abertas mantendo um fluxo de água sobre as brânquias (STORER et
al., 1986).
O aparelho excretor dos Chondrichthyes é representado pelos rins situados
lateralmente em relação à aorta dorsal (FERRI, 1974). As brânquias funcionam como
órgão excretor auxiliar, eliminando excesso de sais e uréia, pois, o sangue e os líquidos
corporais dos Chondrichthyes são ligeiramente hipertônicos, em relação a água do mar
(MARTINS, 2004).
A ausência de bexiga natatória, órgão hidrostático comum aos peixes ósseos,
implica na falta de flutuação, que condena a maioria dos tubarões a nadar
incessantemente. A conseqüência disso é um enorme gasto de energia e para suprir
precisa se alimentar, então estão quase sempre com fome (SZPILMAN, 1998).
Ao contrário do que muitos pensam, os tubarões possuem uma visão bem
adaptada ao meio em que vivem, podendo enxergar perfeitamente em águas turvas e
escuras; distinguindo sombras contrastantes de luz e cores escuras, ou sombras negras
contra um fundo mais claro, detectando facilmente nadadores nestas condições
(SCHULTZ,1967).
Os tubarões podem detectar suas presas por meio de receptores mecânicos do seu
sistema da linha lateral, uma série de tubos superficiais, poros e agrupamentos de célula
sensoriais, distribuídos na cabeça e ao longo dos lados, o qual responde a vibrações
transmitidas pela água (POUGH, 2003). Segundo ELLIS (1975), esses poros sensoriais
recebem o nome de Ampôlas de Lorenzini.
O sistema nervoso central dos tubarões apresenta o lobo anterior, responsável pelo
processamento sensorial, e os bulbos olfativos bastante desenvolvidos, conferindo a esses
animais, do ponto de vista neurológico, um olfato extremamente sensível e efetivo na
localização de possíveis presas.
Diferentemente dos seres humanos, nos tubarões o sistema olfativo não possui
qualquer função respiratória, servindo exclusivamente para fins sensoriais. Este
complexo aparato neurofisiológico, confere aos tubarões uma acentuada capacidade de
perceber substâncias químicas diluídas na água em concentrações extremamente baixas
(SBEEl, 2005). Existem relatos de experimentos em que tubarões - limão foram capazes de
detectar e reagir a concentrações de um extrato de atum da ordem de uma parte em 25
milhões (HUETER & GILBERT, 1991).
Carmo,P.C., 2007 7

Evidências circunstanciais, sugerem que os tubarões utilizam regularmente seus


diferentes sentidos numa seqüência ordenada (hierárquica) para a localização,
identificação e ataque da presa (MARTINS, 2004). De acordo com o mesmo autor, o
olfato, freqüentemente, é o primeiro a alertar o tubarão de uma presa potencial, a
grandes distâncias, especialmente quando a presa esta ferida e liberando líquidos
corporais. Secundariamente, mas também a grandes distâncias, os tubarões utilizam a
audição para informar a presença de uma presa que está fora do campo visual. A linha
lateral e a visão agem no momento seguinte, para médias distâncias, informando a
posição espacial da fonte do estímulo e em último momento, são utilizadas a eletro-
recepção, o tato e o paladar para curtas distâncias, definindo a posição e a identificação
das presas.
A biologia reprodutiva dos tubarões envolve grande variação na estratégia de
nutrição embrionária (MOTTA, 2001). Espécies ovíparas depositam seus ovos no substrato
e o desenvolvimento do embrião ocorre fora do corpo materno. Os ovos apresentam
morfologia característica que varia de acordo com a espécie. No Brasil as espécies da
família Scyliorhinidae apresentam essa estratégia de desenvolvimento embrionário. Nas
espécies vivíparas o embrião desenvolve-se dentro do corpo materno, porém, após a
fertilização, podem ocorrer diferentes formas de nutrição embrionária: 1) viviparidade
lecitotrófica - o embrião nutre-se por meio de bolsa vitelínica; 2) viviparidade ovofágica –
o embrião nutre-se de óvulos e ovos liberados pela mãe durante a gestação, como em
Lamniformes (e. g. Pseudocarcharias kamoharai, Carcharias taurus, Alopias vulpinus e
Carcharodon carcharias); em Carcharias taurus ocorre a adelfofagia - o embrião
consome outros embriões; 3) viviparidade placentária - o embrião nutre-se por meio de
ligação placentária com a mãe, como em Carcharhinidae (exceto Galeocerdo cuvier) e
Sphyrnidae (GADIG, 2001).

- CASOS DE ACIDENTES
Os ataques de tubarão são os mais divulgados e os menos entendidos em
todos os aspectos relacionados ao comportamento dos tubarões. A maioria dos tubarões
nunca atacou ninguém, mas o contato infrequente entre os homens e os tubarões,
quando ambos estão na água, é talvez o aspecto mais celebrado da existência dos
tubarões (ELLIS,1975). Segundo SZPILMAN (2002) é tão inusitado, que alguns pesquisadores
preferem chamar de incidente.
Ataques de Tubarão 8

Segundo BURGESS (2006) existem três tipos básicos de ataque não provocado:
“Golpear e correr”, ”bater e morder” e “furtivo”.
“Golpear e correr” é o tipo de ataque mais comum e habitualmente ocorre nas
zonas de arrebentação, com banhistas e surfistas. A vítima raramente consegue ver seu
agressor e o tubarão não costuma retornar após infligir uma única mordida. Esses
ataques, possivelmente ocorrem devido a um erro de identificação, sob condições de
baixa visibilidade ou em ambientes de água agitada. Suspeita-se, que ao morder, o
tubarão identifica que o homem é um objeto estranho e, tão rápido como mordeu, solta
sua presa e não retorna mais. As lesões provocadas por esse tipo de ataque, limitam-se a
pequenas lacerações, com maior freqüência nas pernas, abaixo do joelho, que raramente
provocam fatalidade (BURGESS, 2006).
Segundo SZPILMAN (2002), o ataque do tipo “bater e morder”, é menos comum e
resulta em grandes lesões, que provocam a maioria das fatalidades. Esses ataques
envolvem banhistas e mergulhadores, em locais de maior profundidade. Se caracteriza
por nados circulares ao redor da vítima, com freqüentes batidas com a cabeça, antes do
ataque para morder. O tipo furtivo, se diferencia por não haver sinais antes do ataque
(BURGESS, 2006).
As razões que levam um tubarão a causar um ataque a um ser humano ainda não
são totalmente compreendidas, muitos autores concluem que estejam relacionadas a
estímulos que ativem seu sistema sensorial (AMORIM et al., 1988).

- LOCAIS DE OCORRÊNCIA
A maioria dos ataques ocorre na faixa litorânea, entre os bancos de areia onde,
muitas vezes, os tubarões podem ficar presos devido à maré baixa. Áreas de "precipícios",
também são locais de ataque, porque seus alimentos naturais também se reúnem nessas
áreas (DAVIES, 1965).
Em todo o mundo o maior número de ataques ocorre nos mares tropicais e
subtropicais, existindo regiões consideradas favoráveis à incidência de ataques, como
Austrália, África do Sul, EUA (principalmente Flórida e Califórnia), Brasil, Hawai e várias
ilhas do Oceano Pacífico. Existem ainda vários outros pontos do mundo sujeito a
eventuais ataques (BALDRIDGE, 1974).
De acordo com GADIG (2001), a costa brasileira é bem rica em tubarões, com
mais de 80 espécies já encontradas por aqui e com estimativa de esse número seja ainda
Carmo,P.C., 2007 9

maior. Dentre elas, existem 15 espécies de tubarões (Tabela 1) que estão envolvidos em
ataques a humanos no litoral brasileiro (SZPILMAN, 1998).

- SITUAÇÕES DE ATAQUE
Segundo GADIG (2001), ataques a mergulhadores no Brasil são raros, cerca de
cinco casos, de um total de noventa. A maioria dos ataques foi contra mergulhadores
praticando caça submarina, no nordeste do Brasil. Um exemplo foi um acidente na Bahia
em junho de 1987, quando um tubarão tigre atacou um mergulhador que carregava uma
fieira de peixes e arrancou a ponta da nadadeira do mergulhador, sem maiores
conseqüências. Outros dois ataques foram de tubarão branco, ocorreram em Cabo Frio,
Rio de Janeiro, um, em 1981, onde um mergulhador levou uma dentada no braço, e
outro em 1997, quando um windsurfista levou 270 pontos na perna, ambos
sobreviveram (NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL, 2001).

Tabela 1. Principais espécies de tubarões responsáveis por ataques a humanos na costa brasileira,
de acordo com SZPILMAN (1998):
NOME POPULAR ESPÉCIE OCORRÊNCIA NO BRASIL
Tubarão Mako Isurus oxyrinchus toda a costa
Tubarão Mangona Odontaspis taurus costa sudeste e sul
Tubarão Marracho Lamna nasus costa sul
Tubarão Azul Prionace glauca toda a costa
Tubarão Galha-preta Carcharhinus brevipinna da costa norte ao sudeste
Tintureira Galeocerdo cuvieri toda costa
Tubarão Fidalgo Carcharhinus obscurus toda costa
Tubarão Lombo-preto Carcharhinus falciformis costa norte e nordeste
Tubarão Martelo Sphyrna zygaena toda costa
Serra-Garoupa Carcharhinus limbatus toda costa
Cação Coralino Carcharhinus perezi costa sudeste e nordeste
Tubarão Branco Carcharodon carcharias toda a costa
Tubarão Galha-branca Carcharhinus longimanus toda a costa
Tubarão Limão Negaprion brevirostris costa norte, nordeste e parte
do sudeste.
Tubarão Cabeça-chata Carchahrinus leucas costa norte, nordeste e parte
do sudeste.
Modificado de: SZPILMAN, 1998
Ataques de Tubarão 10

Existem 89 registros de ataques a seres humanos por tubarões no litoral brasileiro, que
ocorreram em 11 estados da costa (Fig.1). Sendo que deste total de registros, 16
ocorreram na região sudeste, 5 na região sul , 65 na região nordeste e outros 3 ataques
sem a região determinada, estão relacionados na Tabela 2.

Figura 1. Mapa do Brasil destacando os estados em que houveram ataques de tubarão a


humanos no período de 1931 à 2006. Fonte: International Shark Attack File(ISAF).

Tabela 2. Registros de ataques de tubarão a humanos na costa brasileira. As cores dos estados
abaixo, relacionam com as cores que estão preenchidos no mapa acima.

Território Total de Ataques Ataques Fatais Última Fatalidade


Pernambuco 46 14 2006
São Paulo 10 0 desconhecida
Maranhão 9 3 1995
Rio de Janeiro 6 1 1946
Rio Grande do Norte 4 1 desconhecida
Bahia 4 0 desconhecida
Rio Grande do Sul 3 1 1990
Santa Catarina 1 1 desconhecida
Paraíba 1 0 desconhecida
Ceará 1 0 desconhecida
Paraná 1 0 desconhecida
Geral 3 0 -
Brasil 89 21 2006

Modificado de: Florida Museum of Natural History, University of Florida (ISAF)


Carmo,P.C., 2007 11

- FATORES QUE PODEM ESTAR DESENCADEANDO OS ATAQUES EM


PERNAMBUCO

Para tal análise, darei mais ênfase aos ataques a humanos ocorridos no litoral de
Pernambuco, por apresentar o maior números de ataques na costa brasileira, segundo o
ISAF (INTERNATIONAL SHARK ATTACK FILE).
Na costa nordeste do Brasil já foi verificada a ocorrência de mais de 40 espécies
de tubarão, sendo a imensa maioria destas, entretanto, completamente inofensiva para
os seres humanos. Dentre os tubarões que ocorrem em regiões costeiras e que podem
aproximar-se da praia, os mais perigosos são o tubarão tigre, Galeocerdo cuvier e o
cabeça-chata, Carcharhinus leucas. Particularmente este último, por ser uma das espécies
capazes de invadir estuários e rios, havendo registros de sua ocorrência inclusive no alto
Amazonas (JORNAL DO COMMERCIO, 1998).
De julho de 1992 até o presente, 50 ataques de tubarão ocorreram na costa
pernambucana, 49 desses nas praias da Região Metropolitana do Recife, com 19
fatalidades. Desse número, 28 foram a surfistas, sendo quatro fatais e 22 a banhistas,
dos quais, quinze fatais (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL, 2007).
O problema do alto índice de ataques em Pernambuco, após o ano de 1992 , foi
devido ao porto de Suape (Fig.2) ter passado a operar comercialmente, pois, antes disso
entre os anos de 1947 a 1992, a mesma região registrou apenas um ataque (ÉPOCA,
2006).
Segundo o NUPEC (2007), os fatores responsáveis pelo aumento no número de
ataques são:
● Elevação do número de surfistas e banhistas na região, ao longo dos anos;
● A pesca de arrasto de camarão, com descarte de peixes, próximo às praias da
área afetada;
● A topografia submarina da região, caracterizada por um canal profundo
adjacente á praia;
● Mudanças climáticas em anos recentes (particularmente em 1994, quando 11
ataques ocorreram;
● A construção do porto de Suape, ao sul de Recife, resultando em um grave
impacto ambiental e um acentuado aumento no tráfego marítimo.
Áreas portuárias são consideradas tradicionalmente zonas perigosas, em função
da maior abundância de tubarões, provavelmente atraídos pelo lixo que os navios
Ataques de Tubarão 12

comumente despejam ao mar, apesar dessa prática ser proibida. Além disso, os navios
costumam trafegar em áreas distantes da costa, próximas ao talude continental, onde
habitam espécies e indivíduos de maior porte, os quais podem ser atraídos pelas grandes
embarcações para áreas mais rasas, quando as mesmas entram em áreas portuárias,
como no caso do porto de Suape (HAZIN, 2003).

Figura 2. Foto aérea do Porto de Suape (PE). (foto: OBF Gadig)

Segundo ELLIS (1975), os marinheiros antigamente temiam os tubarões que


seguiam seus navios, assumindo que os tubarões devorariam qualquer marinheiro
azarado o bastante para cair do barco. Na verdade, essa perseguição ao navio não era
resultado da cobiça dos tubarões por carne humana e sim, uma forma muito mais
mundana atraía os tubarões para esses antigos barcos a vela: lixo.
Além do tráfego marítimo, um outro fator de grande importância, parece ter
sido o impacto ecológico causado pela construção do porto, incluindo a destruição de
Carmo,P.C., 2007 13

vastas áreas de manguezal e aterros, além do desvio do curso de dois rios: o Ipojuca e o
Merepe (Fig. 3). Como esta área era relativamente virgem, provavelmente era
freqüentada por fêmeas do tubarão cabeça-chata como área de parto, como observado
na (Fig. 4), já que é comum o hábito desta espécie, de parir os seus filhotes em regiões
estuarinas (HAZIN, 2006). Adiciona-se ainda o fato de que os berçários estão presentes
em áreas rasas muito produtivas, como pântanos costeiros, manguezais (Fig. 5) e
estuários, onde os jovens encontram alimento em abundância (MAZZOLENI, 2006).

Figura 3. Desvio dos rios Ipojuca e Merepe (PE), no antigo estuário usado pelas fêmeas do
tubarão cabeça chata, como área de parto e berçário. Fonte: Koening et al . , 2002
Ataques de Tubarão 14

Figura 4. Destruição de berçário do tubarão cabeça-chata próximo a áreas de manguezal. (foto:


OBF Gadig).

Figura 5. Área costeira é um grande berçário marinho (foto: OBF Gadig).


Carmo,P.C., 2007 15

Berçários de elasmobrânquios são habitats onde as fêmeas liberam seus filhotes e


os jovens permanecem nas primeiras semanas, meses ou anos de vida (YOKOTA, 2005).
A partir da degradação ambiental verificada, é provável que um número maior de
fêmeas desta espécie tenha passado a se deslocar para o estuário mais próximo, o do Rio
Jaboatão (Fig. 6), localizado ao norte, o qual desemboca exatamente nas praias da
Região Metropolitana do Recife, onde ocorreram todos os ataques, exceto um, ou seja,
Paiva, Candeias, Piedade, Boa Viagem e Pina. A captura de fêmeas prenhes da espécie
cabeça-chata, prontas para dar à luz os seus filhotes, além da captura de juvenis, no
Estuário do Rio Jaboatão, parece confirmar esta hipótese (NUPEC, 2004).

RM Recife

Rio Jaboatão
( berçário alternativo)

Figura 6. Foto aérea do estuário do rio Jaboatão,que deságua na região metropolitana do Recife
(PE), utilizado como berçário alternativo pelas fêmeas do tubarão cabeça – chata. Fonte: GADIG,
2001

Dos 50 ataques, 47 (94%) ocorreram em um trecho de cerca de 20km de praia,


entre a do Paiva e a do Pina (Fig. 7), com três incidentes tendo sido registrados fora dessa
área, sendo um na Praia de Del Chifre, um em Pau Amarelo, a cerca de 1km de distância
Ataques de Tubarão 16

da praia, e outro cujo corpo apareceu em Pontas de Pedra, embora a exata localização
do ataque seja difícil de precisar (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL, 2007).

Figura 7. Mapa das praias de Pernambuco, onde se concentram a maioria dos ataques de
tubarão a humanos. Fonte: http://www.pousadapeter.com.br/mapapraias.jpg

Segundo GADIG (2004) o aumento da população, que é mais de 30% em 20 anos,


principalmente na região metropolitana de Recife (fig. 8), não foi acompanhado pelo
serviço de coleta de esgoto, que atende menos de 60% dos domicílios. O turismo mais do
que triplicou nesse período, e com ele a indústria pesqueira. Enquanto a oferta de
Carmo,P.C., 2007 17

alimento (peixes) diminuiu devido à pesca, o crescente lançamento de matéria orgânica


no mar, sem tratamento, funcionou como um atrativo para os tubarões, que pouco a
pouco foram se deparando com um número cada vez maior de banhistas na orla.

Figura 8. Foto aérea da região metropolitana do Recife (PE). Fonte: GADIG, 2001

Quando se estuda ou tenta-se compreender o que tem motivado os ataques em


nosso litoral é preciso separar e classificar as informações registradas em função da
época em que ocorreram (por décadas e anos), do local onde ocorreram (por estados e
regiões), do tipo de alvo ou vítima envolvida (por categoria), e do horário dos ataques
(Fig. 9). Estamos tratando aqui de ataques sem motivação aparente, ao contrário
daqueles provocados deliberadamente, durante o ato da captura de um tubarão por
pescadores ou durante o ato de alimentar os tubarões por mergulhadores (SZPILMAN,
2002).
Os homens são os mais atacados, devido a estarem em maior número no mar e
permanecendo assim, por mais tempo, principalmente pela prática de esportes aquáticos
(Fig. 10).
Ataques de Tubarão 18

40

30 22
18

% de ataques
20 10
10

0
11h às 16h às 6h às 10:00h
15:00h 20:00h
horário

Figura 9. Percentual de ataques de tubarão, de acordo com o horário de ocorrência, envolvendo


50 ataques, no período de 1992 à 2006, na costa de Pernambuco . Modificado de: JC ONLINE,
2006

60
49
50
% de ataques

40
30
20
10 1
0
homens mulheres
sexo

Figura 10. Percentual de ataques de tubarão a homens e mulheres no litoral de Pernambuco,


com total de 50 acidentes entre os anos de 1992 e 2006. Modificado de: JC ONLINE, 2006

Atualmente, os surfistas formam o grupo mais suscetível a ataques no mundo,


algumas teorias que justificam esses dados: o provável aumento no número de
praticantes desse esporte; ao "remarem" sobre a prancha os surfistas provocam
movimentos vibratórios na água, que possivelmente ativam o sistema sensorial dos
tubarões; ou outra teoria muito aceita, é que os tubarões atacam porque confundem
surfistas ou mergulhadores com focas e leões marinhos (BALDRIGDE, 1975).
Os surfistas são mais atacados que os banhistas (Fig. 11), pois, permanecem
maior tempo na água. Usam pranchas e vestimentas com cores fortes e contrastantes, as
quais, reconhecidamente atraem os tubarões. A prática do surfe ocorre necessariamente
Carmo,P.C., 2007 19

na zona de arrebentação onde a profundidade é geralmente maior que na área


freqüentada pelos banhistas. A prática do surfe ocorre, por princípio, nos períodos de
maré cheia, quando a aproximação dos tubarões é propiciada (HAZIN, 2003).

30 28

25 22
% de ataques

20

15

10

0
surfista banhista
categoria

Figura 11. Porcentagem de ataques de tubarão a surfistas e banhistas, com total de 50 acidentes
entre os anos de 1992 e 2006, registrados no litoral Pernambucano. Modificado de: JC
ONLINE, 2006

O percentual de casos fatais para ataques no Brasil, especialmente em


Pernambuco (Fig. 12), quando comparado com outros países como, EUA, Austrália e
África do Sul, é muito alto. Segundo SZPILMAN (2000), o problema é a morosidade no
resgate das vítimas.

35 31
30
% de ataques

25
19
20
15
10
5
0
sobreviventes fatais
vítim as

Figura 12. Percentual de ataques de tubarão a vítimas fatais e que sobreviveram, em um total de
50 casos, no período de1992 à 2006, na costa de Pernambuco. Modificado de: JC ONLINE,
2006
Ataques de Tubarão 20

Quanto ao local da lesão (Fig. 13), a maioria dos ataques atingem os membros
inferiores e superiores, pois, acredita-se que o animal confunda as pernas ou braços das
vítimas com uma presa regular de sua dieta alimentar (HAZIN, 2003).

20 18

16
% de ataques

12 10
7
8
5
4
3
4 2
1
0
xa

co

o
a

ão

s


rn

ga
co

m
pe

br
tro

br

de
te


an
local da lesão

Figura 13. Porcentagem de ataques de tubarão a humanos na costa de Pernambuco, sendo um


total de 50 acidentes, relacionadoscom o local da lesão, entre os anos de 1992 e 2006.
Modificado de: JC ONLINE, 2006

A configuração topográfica do trecho Boa Viagem-Piedade, na região de Recife


(Fig. 14), pode ser considerada ainda como mais um fator agravante no problema dos
ataques. A presença de um banco de areia e algas calcárias mais raso, com
profundidades entre 1 e 3m, a cerca de 1.000m da costa, estendendo-se desde o Pina
até os arrecifes de Candeias, precedido por um canal mais profundo, com profundidades
entre 5 e 8m, adjacente à praia, confere a este trecho do litoral uma condição altamente
propícia à ocorrência de ataques. Zonas de canal em áreas de mar aberto são
normalmente consideradas como de alta periculosidade, onde banhistas e surfistas devem
ter sempre grande cautela. Além disto, as ondas se formam exatamente na borda do
canal, em função da redução na profundidade, sendo este exatamente o local onde os
surfistas permanecem a maior parte do tempo esperando a formação das melhores
ondas (NUPEC, 2004).
Carmo,P.C., 2007 21

30
24
25
19
20

% de ataques
15

10
4
5 2 1
0
Recife Jaboatão Cabo de Olinda Outros
dos Santo
Guararapes Agostinho
Local de ocorrência

Figura 14. Porcentagem de ataques de tubarão a humanos, pelo local de ocorrência, no período
de 1992 à 2006, num total de 50 casos, na costa pernambucana. Modificado de: JC ONLINE,
2006

A aparente tendência dos ataques se concentrarem em períodos de lua nova e


cheia (Fig. 15), está provavelmente associada ao fato de que nestas fases lunares a
amplitude das marés é máxima, favorecendo, não apenas condições mais propícias para
a prática do surfe, como também uma maior aproximação de tubarões de maior porte.
Além disto, as ondas maiores ocorrem, comumente, nos períodos de maré alta, o que no
caso das marés de sizígia (luas nova e cheia) acontece em torno de 4:00h e 16:00h, ou
seja, ao nascer do sol e ao cair da tarde, períodos em que a maioria dos tubarões de
maior agressividade se encontram também mais ativos, em contraposição ao que ocorre
nas luas de quarto crescente e minguante, quando a maré alta se dá por volta das
10:00h e 22:00h (HAZIN, 2003).
Ataques de Tubarão 22

30

25
18

% de ataques
20
13
15 10
9
10

0
nova cheia minguante crescente
fases da lua

Figura 15. Percentual de ataques de tubarão a humanos em relação às fases da lua, envolvendo
50 acidentes no litoral de Pernambuco, entre os anos de 1992 e 2006. Modificado de: JC
ONLINE, 2006

A partir de 1992 (Fig. 16), quando o porto de Suape começa a operar


comercialmente, os ataques aumentam na costa Pernambucana (ÉPOCA, 2006).

10
10
9
8 7
7
% de ataques

6
6
5 4 4
4 3 3 3 3 3
3 2 2
2 1
1 0 0
0
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
ano de ocorrência

Figura 16. Porcentagem de ataques a humanos na costa de Pernambuco, de acordo com o ano
de ocorrência, com total de 50 ataques, no período de 1992 à 2006. Modificado de: JC
ONLINE, 2006

Com relação aos meses em que os ataques ocorrem (Fig.17), a menor incidência
de ataques no período de abril a junho pode decorrer de ser este um período sem férias
escolares e de maior intensidade de chuvas, o que certamente resulta em uma redução
significativa de banhistas e surfistas na orla marítima. Além disto, este é o período de
Carmo,P.C., 2007 23

ventos mais fracos, desfavorecendo assim a formação de ondas propícias à prática do


surfe. Um outro aspecto é que os ventos de Sul e Sudeste tornam-se bem mais freqüentes
e mais fortes a partir de julho, intensificando as correntes no sentido Suape - Recife, além
de tornar as águas bem mais turvas, aspecto que contribui significativamente para a
ocorrência de ataques. Isto explicaria a maior incidência de ataques ocorrendo entre julho
e setembro. Além disto, as fêmeas da espécie cabeça-chata costumam se aproximar com
mais freqüência dos estuários para parir os filhotes, ao fim do período chuvoso, o qual,
no Estado de Pernambuco, costuma ocorrer entre março e junho (NUPEC, 2004).

30
25
% de ataques

20 8
6 6
15 5 5
3 4
4
10 3
2 2 2
5
0
ro o o ril io o o o ro ro ro ro
nei reir arç ab ma u nh ju lh os t mb tub mb mb
ja v e j g te
m a ou ove eze
fe se n d

ocorrência por mês

Figura 17. Porcentagem de ataques de tubarão a humanos relacionados ao mês de ocorrência,


entre os anos de 1992 e 2006, na costa Pernambucana, constando de 50 acidentes. Modificado
de: JC ONLINE, 2006

PREVENÇÃO DE ATAQUES
Cuidados para banhistas:
Segundo a SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL (2007), alguns cuidados podem ser
tomados para evitar os ataques de tubarão, que são:
● procurar locais da praia com a presença de guarda-vidas;
● obedecer às orientações dos guarda-vidas;
● procurar locais da praia protegidos por arrecifes; mesmo nesses locais de arrecifes,
tomar banho apenas quando a maré estiver baixa;
Ataques de Tubarão 24

● evitar entrar no mar após ingerir bebida alcoólica, já que se perde a noção de perigo,
profundidade e reflexos;
● evitar tomar banho em uma profundidade acima da altura do umbigo;
● evitar tomar banho quando o mar estiver turvo ou em período de chuva;
● não tomar banho acompanhado de animais, principalmente de cachorros, cuja
natação é atrativa para tubarões;
● obedecer às placas de proibição da prática de surfe no Grande Recife, cuja área vai
desde a praia de Zé Pequeno, em Olinda, até o Paiva, no município do Cabo de Santo
Agostinho.

Segundo BURGESS (2006), deve-se seguir algumas orientações básicas como:


● evitar entrar no mar de manhã cedo e no final da tarde, pois são horários quando os
tubarões costumam caçar;
● evitar usar jóias ou bijuterias, pois o brilho pode atrair o peixe;
● não tomar banho com qualquer tipo de sangramento (cortes, ferimentos ou período
menstrual, no caso das mulheres);
● evitar tomar banho sozinho, procurando entrar no mar sempre em grupo;

E num possível ataque, quando se presenciar uma vítima de tubarão:


● avisar imediatamente ao guarda-vidas mais próximo ou ligar para o Corpo de
Bombeiros ;
● tentar, com segurança, tirar a vítima do mar e removê-la imediatamente para o
hospital;
● pressionar firmemente o membro afetado com um pano limpo e, de preferência,
úmido;
● o membro afetado deve ficar em uma posição superior ao corpo;
● não fazer massagem cardíaca ou respiração boca-a-boca se não tiver o curso de
primeiros-socorros. (JC ONLINE, 2006).

Medidas já realizadas:
●Pesca preventiva: Foram espalhadas bóias com anzóis, para ferir e matar os animais,
mas, os tubarões são nômades e não nadam sempre na região das bóias e além disso
morrem espécies inofensivas;
Carmo,P.C., 2007 25

●Confisco de pranchas de surf: Banhistas em áreas de risco têm suas pranchas


apreendidas, mas isso não funciona porque, mesmo sem as pranchas, as pessoas entram
na água e se expõem ao risco.

Medidas em estudo:
Novos equipamentos de monitoramento e controle, estão sendo testados no
litoral Pernambucano a fim de evitar os ataques de tubarão, entre eles:
●Cercado para banhistas: O plano é construir uma espécie de piscina dentro da água,
onde as pessoas ficariam afastadas dos tubarões. Só que isso não impede que
aventureiros nadem além da proteção e também há um impacto ambiental ainda não
estudado (ÉPOCA, 2006).
●Rede de proteção contra tubarão: A rede em Boa Viagem terá 450 metros de extensão e
uma profundidade de cinco metros, garantindo a preservação do ecossistema marinho. O
equipamento é conhecido como tela de exclusão, pois não aprisiona animais e apenas
impede a aproximação. A idéia de instalar a proteção partiu da ONG pernambucana
Instituto Praia Segura (JC ONLINE, 2007).
●Alarme contra tubarão: São 12 novos sensores Popup Satellite Archive Tag (Psat), de
monitoramento via satélite, e 20 marcas ultra-sônicas, que serão implantadas no fundo
do mar, para rastrear os animais. A partir dos estudos feitos com informações geradas
pelos aparelhos, pesquisadores vão saber quais espécies estão próximas da costa e
montar plano de proteção aos banhistas. Os aparelhos ultra-sônicos vão ajudar
pesquisadores a saber se a espécie marcada retornou à área de risco. Essas marcas
acústicas, que estão sendo usadas pela primeira vez no mundo, vão rastrear o tubarão
toda a vez que ele se aproximar da praia (JORNAL DO COMMERCIO, 2007).

Medidas Governamentais:
Os danos causados pelos ataques de tubarão na costa pernambucana
apresentam um alcance que vai muito além das vítimas e de suas famílias, como
possuem um forte impacto de mídia, os ataques têm alcançado uma ampla divulgação
local, nacional e até mesmo internacional, repercutindo negativamente na imagem do
Estado, com óbvios prejuízos para a atividade turística, incluindo todos os seus
segmentos, desde as agências de viagem até a indústria hoteleira, passando pelas
operadoras de esportes náuticos e atividades de mergulho (JC ONLINE, 2006).
Ataques de Tubarão 26

Diante da gravidade do problema, em 17 de maio de 2004, o Governo do Estado,


por meio do Decreto nº 26.729, instituiu, no âmbito da Secretaria de Defesa Social (SDS),
o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), constituído
por membros efetivos da SDS (Corpo de Bombeiros, Instituto de Medicina Legal), Instituto
Oceanário de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e, a
partir de 2005, da Agência Estadual de Meio ambiente e Recursos Hídricos (CPRH)
(GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA, 2006), as seguintes ações:
● Educação ambiental, de responsabilidade do Instituto Oceanário, que já
distribuiu mais de 300 mil panfletos e 1.500 cartazes contendo informações sobre as
zonas de risco, as medidas preventivas, como agir em caso de presenciar um ataque,
além de dados e curiosidades sobre a ecologia e biologia das diversas espécies,
especialmente as que comprovadamente estão envolvidas nos incidentes. O trabalho de
“alfabetização ecológica” tem tido uma receptividade considerável em virtude do interesse
da população que tem em suas praias urbanas um importante ambiente de lazer. Para os
empresários do turismo e comerciantes que estão relacionados às atividades marinhas
costeiras, o apoio tem sido dado tanto no acolhimento dos educadores ambientais, como
na disponibilidade de contribuir com recursos financeiros para pequenas ações
(SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL, 2007).
● Pesquisa e monitoramento, de responsabilidade da UFRPE. O barco Sinuelo do
Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE (Fig. 18) iniciou uma ação de pesquisa e
monitoramento utilizando como aparelhos de pesca o espinhel a meia água e linhas de
espera. As operações de pesca, ocorrem ao longo de cinco dias, sempre nos finais de
semana, justamente o período de maior fluxo de banhistas, e percorre desde Boa Viagem
até a Praia do Paiva para uma espécie de aula no mar. Na tripulação estão quatro
técnicos e três alunos, que durante esse período adquirem experiências sobre todo o
procedimento realizado pelos pesquisadores e aprendem na prática o que estudam em
sala de aula (JC ONLINE, 2006).
O espinhel é lançado sempre por fora do canal, com o objetivo de interceptar
algum tubarão que se encontre em rota de aproximação da praia, atraindo, ao mesmo
tempo, para águas mais profundas, algum exemplar que por ventura já se encontre em
seu interior (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL, 2007).
As linhas de espera, por sua vez, são lançadas em pares, e bem mais próximas da
praia. Entre Janeiro de 2004 e outubro de 2006, período em que a embarcação se
Carmo,P.C., 2007 27

manteve em operação, foram capturados 25 tubarões de espécies agressivas, incluindo


17 tigres, 5 cabeças-chata e 3 galhas-preta, verificando-se um ataque, na área de maior
risco, entre o Pina e o Paiva. Durante o mesmo período (Janeiro de 2004 e outubro de
2006), nos 8 meses em que não houve operações de pesca seletiva, em contrapartida,
ocorreram 9 ataques (JC ONLINE, 2006).
Todos os animais capturados são conduzidos ao Laboratório de Oceanografia
Pesqueira da UFRPE, onde são dissecados para o estudo detalhado de sua biologia
reprodutiva, hábito alimentar, idade e crescimento (fig. 19). Além das informações
biológicas geradas, as expedições de pesca e pesquisa têm permitido, também, o
monitoramento das principais variáveis ambientais, incluindo salinidade, temperatura,
turbidez, correntes, dentre outras (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL , 2007).

Figura 18. Barco Sinuelo, da UFRPE, em ação Figura 19. Tubarão capturado pelo barco
de monitoramento para fins de pesquisa. Sinuelo , sendo analisado no laboratório
Fonte: JC ONLINE da UFRPE. Fonte: JC ONLINE, 2006.

● Vigilância e fiscalização, realizada pelo Corpo de Bombeiros, onde os Guarda-


Vidas utilizam também equipamentos de proteção individual, que são protetor solar,
óculos de proteção solar, uniforme diferenciado, nas cores internacionais do salvamento
aquático, para dar destaque e proteção ao Bombeiro, e os “Shark Shields”(Fig.
20)(GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA, 2006).
De acordo com a SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL (2007), o GBMar dispõe hoje de
quarenta e seis equipamentos shark shields e realiza ainda o patrulhamento preventivo
com a utilização de embarcações, através da utilização dos cartões-programa, que
consiste na adoção de roteiros previamente programados ao longo da orla, em horários
também pré-definidos, durante o qual são feitas intervenções de prevenção e de
salvamento junto aos usuários da praia. É executado também o patrulhamento a pé pelas
Ataques de Tubarão 28

duplas de Guarda-Vidas (Fig. 21) e motorizado pela orla com o auxílio de viaturas
terrestres e além disso instalou cinqüenta e duas placas de alerta aos usuários da praia,
informando sobre os riscos inerentes ao afogamento e aos ataques de tubarões.

Figura 20. Guarda-vidas utilizando o Shark Figura 21. Guarda-vidas atuando na shields
equipamento de proteção individual, vigilânciae fiscalização das praias.
que repele os tubarões, diante de um Fonte: JC ONLINE, 2006
possível ataque. Fonte: JC ONLINE, 2006

● Avaliação ambiental, de responsabilidade da Agência Estadual de Meio


Ambiente e Recursos Hídricos(CPRH), tem a responsabilidade de coordenar as ações de
recuperação ambiental, particularmente em relação à poluição, incluindo o controle dos
efluentes que são lançados diariamente no Rio Jaboatão. Ao longo das bacias dos rios
Jaboatão e Pirapama existem inúmeros empreendimentos que apresentam uma produção
diversificada, incluindo produtos químicos, têxteis, alimentares, cerâmicos, de caldeiraria,
gases industriais e outros.
Entre todas as fontes de poluição, contudo, as de natureza orgânica são as mais
preocupantes em relação ao problema dos ataques de tubarão, com destaque para
quatro delas: o lixão da Muribeca, como é conhecido o aterro sanitário da região, os
esgotos domésticos, as usinas de açúcar e o Matadouro de Jaboatão. Em relação a esse
ultimo, um relatório da EMLURB, datado de 2000, indicava um volume de descarga da
ordem de 345 mil litros/dia, entre sangue e vísceras diluídos em água, tendo sido o
mesmo, em função das gestões do CEMIT, com o apoio da CPRH e da Prefeitura do
Jaboatão dos Guararapes, fechado no início de 2005. Foram iniciadas ainda, as obras
de drenagem pluvial da Estação de Tratamento de Chorume do aterro da Muribeca em
Jaboatão dos Guararapes (SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL, 2007).
Segundo Hazin, presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes
com Tubarão, o CEMIT, em entrevista á revista ÉPOCA (2006), “Pernambuco tem cinco
Carmo,P.C., 2007 29

vezes mais placas de sinalização do que em qualquer lugar do planeta", acrescentando


que o número de casos só aumentou nos períodos em que o comitê deixou de funcionar,
por falta de convênio com o governo. Entretanto, a solução possível deverá ser
construída a partir de um conjunto de medidas mitigadoras, ou seja, atenuantes. Além
das expedições realizadas pelo barco Sinuelo, o comitê tem apostado em campanhas
educativas nas praias, escolas e comunidades. "Ninguém pode dizer que falta educação e
informação. Recife é o melhor exemplo no mundo de ações no combate aos ataques de
tubarão” (HAZIN, 2006).
Ataques de Tubarão 30

CONCLUSÃO

● O tubarão não é um caçador de Homens, e sim sua vítima. Apenas ataca


pessoas por escassez de alimento ou quando o ambiente em que vive se encontra
desequilibrado, principalmente, devido a ações antrópicas, ou seja, o desequilíbrio
ecológico e a ignorância generalizada são responsáveis pelos ataques em Recife. Não os
tubarões.
● Os surfistas são os mais atacados nas praias de Recife (PE), pelo maior tempo de
exposição no mar e também pela semelhança com presas habituais do tubarão.
● Ao contrário do que muitos pensam, a costa de Pernambuco não se encontra
infestada por tubarões , na verdade, para que ocorram entre 3 e 4 ataques por ano,
basta que 3 a 4 tubarões agressivos se aproximem da praia e aí permaneçam durante
alguns dias. Portanto, a costa brasileira, como um todo, é rica em tubarões, mas a
maioria deles nunca atacou ninguém.
● O impacto ambiental causado pela construção do porto de Suape, é sem dúvida,
o fator determinante no aumento dos ataques de tubarão a humanos na costa
Pernambucana. Mesmo uma medida desesperada, como o fechamento do porto, não
teria resultados garantidos. Os animais já se acostumaram a um novo trajeto e não
procuram mais o caminho anterior para sua reprodução.
● A solução para tentar evitar os ataques em Pernambuco, está sendo construída
a partir de um conjunto de medidas adotadas entre os órgãos governamentais, ONGs,
participação e principalmente colaboração da comunidade.
● A redução da poluição orgânica do rio Jaboatão, constitui uma providência de
grande relevância para a mitigação do problema dos ataques, contribuindo para salvar
vidas e para que ataques de tubarão deixem de ser assunto no estado, de forma
definitiva.
Carmo,P.C., 2007 31

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