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Bopal: vinte anos de trágicas conseqüências

• Seus habitantes ainda sofrem por causa do letal escape de gás numa usina da
empresa norte-americana Union Carbide

POR MIREYA CASTAÑEDA — do Granma Internacional

É 3 de dezembro de 1984. Pouco depois da meia-noite. Numa fábrica pertencente à


norte-americana Union Carbide Corporation, em Bopal, Índia, houve escape de
gases venenosos à atmosfera.

Não se fez advertência alguma, nenhum dos sistemas de segurança da usina estava
trabalhando. A sirene de alarme estava desligada. Na cidade, as pessoas dormiam.
Acordaram na escuridão pela gritaria, por causa dos gases que queimavam seus
olhos e vias respiratórias. Começaram a vomitar e a pigarrear sangue. Muitos
morreram em suas camas. Bairros inteiros fugiam apavorados. Alguns
convulsavam. Em poucas horas, milhares de corpos jaziam nas ruas. Dantesca
resenha do que ainda, 20 anos depois, é considerado o pior desastre químico da
história. Os gases continham isocianato de metilo e cianuro de hidrogênio, entre
outras substâncias tóxicas. Quarenta toneladas numa população de mais de 670 mil
habitantes mataram imediatamente 8 mil pessoas, mais 12 mil morreram depois, e
se estendem doenças degenerativas na zona, onde milhares de crianças nasceram
nas últimas duas décadas com deformações.

Em 1989, a Union Carbide pagou US$ 470 milhões em 1989, para não ir a
julgamento, mas, em junho passado, o governo da Índia estava exigindo dos
Estados Unidos que a multinacional Dow Chemical limpe em Bopal os resíduos
tóxicos do escape de gás.

A exigência foi conhecida pela Campanha para a Justiça em Bopal, a que salienta
que já totalizam mais de 20 mil as pessoas mortas por causa da poluição.

Porém, isso nem é tudo. Uma investigação realizada pela BBC e publicada em 14 de
novembro passado, revela que milhares de pessoas que vivem nas redondezas de
Bopal correm o risco de envenenamento, pois, embora a Union Carbide fosse
responsável pela limpeza do lugar, milhares de toneladas de resíduos tóxicos ficam
armazenados perto da fábrica, e sob condições impróprias, até, ficando à
intempérie, o que provoca, fundamentalmente no período do monção, que estes
cheguem às fontes d’água.

De acordo com o informe, uma amostra de água, extraída de um poço próximo da


fábrica, tinha índice de poluição superior em 500 vezes do que o limite máximo
estabelecido pela Organização Mundial da Saúde. As pessoas do povo, que bebem
diariamente essa água poluída — assinala — ficam expostas a perigos que
conduzem a doenças do fígado e dos rins.

Possivelmente, todo esse horror se teria podido evitar. Documentos apresentados


em 1999, durante um dos processos judiciais demonstram que a Union Carbide
tinha aprovado que se realizassem «modificações» tecnológicas em nome dos
lucros. A companhia deu luz verde a um projeto de desenho não provado (que
depois seria letal), sabendo — sempre, segundo o documento marcado com
«destruir depois de usado») — que significava, entre outros problemas de
segurança, um «perigo de poluição das águas subterrâneas».

Em 1999, a Union Carbide se juntou à multinacional Dow Chemical, se


convertendo na companhia química mais importante do mundo. Ao que se supõe,
embora não para a Dow, adquiriu também suas obrigações.

De acordo com cifras da própria multinacional, as receitas anuais são de mais de


US$ 24 bilhões. Mesmo assim, recusou-se a aceitar responsabilidade pelas
operações da Union Carbide em Bopal, e enquanto tenta se demonstrar nos
tribunais norte-americanos (depois do acordo de 1989, se abriram mais de 140
processos civis e todos ainda pendentes), o povo de Bopal continua sofrendo os
vestígios da catástrofe e exposição a tóxicos nas instalações industriais
abandonadas.

Enquanto isso, em Nova Déli, o Supremo Tribunal da Índia, ordenou ao governo a


indenização num período mínimo de dois meses das 50 mil vítimas da catástrofe de
Bopal com US$ 330 milhões.

No ditame, o Supremo Tribunal manifestou sua preocupação pelo fato de que, duas
décadas depois da tragédia, as vítimas ainda não receberam compensação
adequada.

Durante 20 anos anos, os sobreviventes do desastre, vivendo na pobreza extrema,


afetados pelas doenças, exigindo justiça, se recusaram a aceitar a derrota. Pelo
contrário, continuaram a luta pela justiça. Eles não ficam sozinhos. Foi criada uma
Companhia Internacional em prol da justiça para Bopal, que realiza ações em
vários países do mundo, a mais importante delas, em 3 de novembro deste ano.

Entre as principais reivindicações, sobressai que Dow Chemical ofereça informação


verídica sobre os gases e suas conseqüências médicas e a descontaminação das
águas subterrâneas e da terra ao redor da fábrica abandonada.

Bopal é a capital do estado de Madhya Pradesh. Uma cidade no centro da Índia. Há


20 anos, por trágicas circunstâncias, está também no centro da atenção mundial.

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