O objetivo da análise realizada neste trabalho é avaliar um sistema de medição não replicável.
Os sistemas de medição não replicáveis são aqueles cujas leituras não podem ser repetidas em cada
peça, são os sistemas onde as peças sofrem alterações durante o ensaio ou são destruídas.
A análise foi feita com o teste destrutivo de resistência a tração. O corpo de prova é destruído no
ensaio, portanto não podemos medir a mesma peça mais de uma vez e neste caso, utilizamos o arranjo
experimental denominado hierárquico ou “nested”. No arranjo experimental hierárquico, os níveis do fator
lote (peças similares) ocorrem em combinação com os níveis do fator operador - determinada peça é
medida apenas uma vez por determinado operador.
A primeira coisa a ser feita antes de abordar um estudo de sistema de medição não replicável é
garantir que todas as condições que englobam o teste sejam definidas, padronizadas e controladas –
operadores devem ser similarmente qualificados e treinados, instruções de trabalho devem ser
detalhadas e operacionalmente definidas, condições ambientais devem ser controladas dentro de um
grau adequado, equipamentos devem ser calibrados e receber manutenção adequada etc. Em segundo
lugar, é necessário verificar se o processo de produção é estável e capaz.
Depois disto, uma vez que a peça não pode ser reavaliada devido a alterações em sua estrutura
(ou destruição), diversas peças semelhantes (homogêneas) devem ser escolhidas para o estudo e deve
ser feita a suposição de que as peças são idênticas (ou similares). Os conjuntos de peças homogêneas
são denominados lotes. As peças devem ser amostradas consecutivamente (dentro de um mesmo lote de
produção) sendo idênticas (ou similares) o suficiente para que elas possam ser tratadas como se fossem
a mesma peça. Se o processo de interesse não satisfazer esta suposição, este método não irá funcionar.
Geralmente, se estas peças são tiradas da produção de modo consecutivo, sob condições de produção
semelhantes o máximo possível, esta exigência é cumprida.
ESTABILIDADE
Estabilidade (ou deslocamento lento e gradual) é a variação total nas medições obtidas com um
sistema de medição aplicado sobre o mesmo padrão-mestre ou peças, quando medindo uma única
característica no decorrer de um período de tempo prolongado. É a variação da Tendência ao longo do
tempo.
Dados do Experimento:
- Medição de Resistência a Tração
- Equipamento de medição: Máquina de Ensaios Zwick Roell Z250.
2
- Unidade: N/mm
- Produzir um lote de corpos de prova homogêneo (25 corpos de prova de uma mesma tira de
aço).
- Os corpos de prova não degradam durante o tempo de realização do experimento.
- Medir periodicamente os corpos de prova em horários diferentes e como critério para avaliação
da estabilidade utilizar a análise do gráfico de controle I-MR (valores individuais e amplitude móvel).
1
Valores Amplitude
Data Hora Individuais Móvel
(N/mm2) (N/mm2)
1/6/2009 12:05 315,55
2/6/2009 15:40 319,27 3,72
3/6/2009 14:20 316,90 2,37
4/6/2009 09:10 315,43 1,47
5/6/2009 08:50 317,28 1,85
8/6/2009 09:40 319,77 2,49
15/6/2009 16:55 317,37 2,40
16/6/2009 08:50 317,27 0,10
17/6/2009 15:00 315,99 1,28
19/6/2009 08:30 316,43 0,44
22/6/2009 15:40 315,02 1,41
29/6/2009 14:40 315,31 0,29
30/6/2009 11:30 316,56 1,25
2/7/2009 10:00 315,82 0,74
3/7/2009 13:50 315,94 0,12
6/7/2009 16:15 314,52 1,42
16/7/2009 09:00 317,06 2,54
17/7/2009 14:00 317,37 0,31
20/7/2009 07:30 318,14 0,77
21/7/2009 08:55 317,34 0,80
22/7/2009 11:00 319,48 2,14
24/7/2009 15:05 319,13 0,35
27/7/2009 14:20 318,93 0,20
28/7/2009 14:45 317,18 1,75
29/7/2009 11:40 315,83 1,35
320.49
318
317
314
313.5
Peças
4.296105
AmplitudeMóvel
2 3 4
1.315
0 1
Peças
2
Dados do processo:
CONCLUSÃO
Ao analisar o gráfico das amplitudes móveis, observamos que não há nenhum ponto fora dos
limites de controle, o mesmo acontecendo para o gráfico de valores individuais. Assim, concluímos que o
sistema de medição está estável com relação à resistência à tração.
Dados do Experimento:
- Selecionar 5 ordens de fabricação, com pouca variabilidade dentro das ordens e a variabilidade
natural do processo de produção entre as ordens.
- De cada ordem de fabricação (rolo) foi retirada uma amostra.
- De cada amostra foi confeccionado 9 corpos de prova, totalizando 45 corpos de prova.
- Cada avaliador medirá 3 corpos de prova de cada amostra (3 avaliadores; 3 corpos de prova
por avaliador)
2
- Unidade: N/mm
2
- Tolerância: 50 N/mm
3
Os resultados encontrados foram:
Peça/ Lote
Medidas 1 2 3 4 5 Média
1 353,69 319,80 318,92 346,35 321,63
2 355,13 317,43 320,49 344,66 320,61
Inspetor A 3 353,57 316,97 321,63 346,72 320,71
Média 354,13 318,07 320,35 345,91 320,98 331,89
Amplitude 1,56 2,83 2,71 2,06 1,02 2,04
Médias 332,64
MÉDIA
Amplitudes 2,85
NDC 13
Tabela da ANOVA: Verificamos que o fator peça teve influência significativa no estudo com P-
Valor igual a 0,00 (P-Valor < 0,05), o sistema de medição é capaz de detectar a variação natural existente
entre as ordens de fabricação. E verificamos que os inspetores não tiveram influência significativa nos
resultados apresentados, P-Valor igual a 0,968, podemos determinar que não existe diferença entre os
inspetores.
4
Tabela de Contribuição: A tabela com os componentes de variação nos mostra que, apenas
1,056% da variação total observada é conseqüência do sistema de medição (repetitividade), os inspetores
não tiveram contribuição na variação do sistema de medição (reprodutibilidade). A maior parte da
variação foi devido às peças mensuradas 98,94%.
Variação Total: R&R devido à variação total igual a 10,27% e devido à tolerância igual a
20,49%. O ndc foi estimado como sendo igual a 13, logo, este sistema de medição é capaz de distinguir
a diferença natural existente entre as peças adequadamente, se um sistema de medição é avaliado pela
tolerância o índice ndc não deve ser considerado.
ANÁLISE GRÁFICA
8
7.32732
350
6
Amplitude
Médias
4
335.56
332.64 2.846667
330
329.73
2
0
0
310
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Peças Peças
Medições
340
340
320
320
Peças Operadores
Gráfico de Interações
Oper
320 330 340 350
Inspetor B
Inspetor A
Médias
Inspetor C
1 2 3 4 5
Peças
5
Gráfico por peça: Avaliamos a consistência do sistema de medição em relação às peças, as
peças são distintas, portanto, o sistema de medição deve identificá-las. Assim, as medições das peças
não podem estar alinhadas.
Gráfico de interações: Verificamos que não há interação entre os avaliadores e peça, uma vez
que, as medições das peças praticamente não variam de acordo com o avaliador.
CONCLUSÃO
Por convenção, a variação de 99% tem sido usada para representar a variação “total” do erro de
medição, representada pelo fator multiplicador 5,15 (onde σR&R é multiplicado por 5,15 para representar a
variação total de 99%). Sendo assim, multiplicando o desvio padrão da variação total de R&R (1,708
2 2
N/mm ) por 5,15 temos a variação total do erro de medição de ± 4,398 N/mm .
Com este resultado e todos os outros já calculados, somando a análise gráfica e a análise do
desempenho do sistema de medição no longo prazo, concluímos que o sistema de medição é aceitável.
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- NBR ISO 10012-1. Requisitos de garantia da qualidade para equipamentos de medição. RJ,
1993.