Isso se explica, num primeiro ponto de vista, por razões históricas, uma vez
que quando foi adotado – mais precisamente na Constituição de 1934 –
predominava entre nós o controle difuso de constitucionalidade, em moldes
semelhantes ao sistema norte-americano, mas com uma pequena diferença: no
sistema norte-americano o stare decisis1 empresta efeitos vinculantes às
decisões das Cortes Superiores, enquanto que no sistema pátrio não havia
nenhum mecanismo que atribuísse tal efeito. Daí, porque inseriu-se naquela
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A doutrina do stare decisis tem sua origem no direito inglês, decorrente da expressão latina
stare decisis et non quieta movere, sendo utilizado ou aplicado na esfera civil. No âmbito
constitucional, essa expressão tem um significado mais abrange, senão vejamos:
No âmbito do estudo do direito constitucional, os EUA são o nosso grande exemplo, para o
qual essa expressão assume o significado de um comando mediante o qual as Cortes devem
dar o devido peso e valor ao precedente, de forma que uma questão de direito já estabelecida
deveria ser seguida sem reconsideração, desde que a decisão anterior fosse impositiva.
Há uma íntima correspondência entre o stare decisis e o Estado Democrático de Direito, já que
ela assegura que o direito não se altere de forma errática, constante e permite que a sociedade
presuma que os princípios fundamentais estão fundados no direito, ao invés das inclinações ou
voluntariedades pessoais, dos indivíduos.
Desta forma, temos a construção do stare decisis horizontal e o vertical. A idéia de que os
Tribunais e outros órgãos do Poder Judiciário devem respeitar os seus próprios precedentes,
internamente, é chamado de stare decisis horizontal ou em sentido horizontal, sendo
vinculante, portanto, para o próprio órgão, que não pode mais rediscutir a matéria, o que
também é denominado de binding efectt (efeito vinculante), mas interno.
Já o stare decisis vertical significa que as decisões vinculam externamente, também a todos,
sendo obrigatória para os demais órgãos do Poder Judiciário, inclusive a Administração Pública
Direta e Indireta e demais Poderes.
Esse efeito é expressamente previsto em nossa Constituição Federal (art. 102, III, §2°, CF),
que determina que as decisões em sede de controle abstrato de constitucionalidade vinculam
"os demais órgãos do Poder Judiciário...".
Portanto o stare decisis é a obrigatoriedade de cumprimento das decisões proferidas em sede
de controle de constitucionalidade abstrato, já que possuem efeito vinculante (binding effect),
tanto em relação ao próprio órgão prolator da sentença (efeito horizontal) quanto aos demais
órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública (efeito vertical).
Carta Constitucional a suspensão da execução pelo Senado como mecanismo
destinado a outorgar generalidade à declaração de inconstitucionalidade.
De todo o exposto, parece evidente que não é mais a decisão do Senado que
confere eficácia geral ao julgamento do Supremo, pois a própria decisão da
Corte contém essa força normativa. A suspensão da execução da lei pelo
Senado tem o simples efeito de publicidade. Daí porque se afirmar que esse
conjunto de decisões judiciais e legislativas revela, em verdade, uma nova
compreensão do texto constitucional no âmbito da Constituição de 1988, numa
autêntica mutação constitucional, em razão da completa reformulação do
sistema jurídico e, por conseguinte, da nova compreensão que se conferiu à
regra do art. 52, X, da CF de 1988.
Referências bibliográficas