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PREVENÇÃO E CONTROLE DA CRIMINALIDADE POR VIA DO

PROJETO DE ESPAÇOS PÚBLICOS À LUZ DA SEMIÓTICA VISUAL

Rosália Maria Netto Prados1


Valter Padulla2

RESUMO

O presente texto tem por objetivo trazer à baila as questões: “A sensação de segurança dos
cidadãos pode ser afetada pelas características arquitetônicas e ambientais de uma praça pública?”
e, consequente a anterior, “Como o aspecto visual de uma praça pública provoca medo e
insegurança no munícipe?” Neste sentido, o artigo visa lançar um olhar interdisciplinar sobre
políticas públicas de segurança, e também descortinar a possibilidade de elucidação de aspectos
atinentes ao percursos de sentido e análise de discursos a partir dos estudos da Semiótica dita
greimasiana. Os autores também abordam o problema sobre os alicerces providos pela tese segundo
a qual o homem é um animal auto-eco-dependente, discussão contemporânea de relevância para a
psicologia, antropologia, filosofia, pedagogia, direito.

INTRODUÇÃO

La garantie des droits de l'homme et du citoyen nécessite une force publique; cette
force est donc instituée pour l'avantage de tous, et non pour l'utilité particulière de
ceux à qui elle est confiée.3

O texto acima é parte da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (artigo 12),
elaborado, votado e aprovado durante a Revolução Francesa, em 1789, evento de tamanha
relevância no estudo da História a ponto de marcar o fim da Idade Moderna e o início da Idade
Contemporânea. Além do aspecto histórico a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é
fundamental para o estudo dos temas relativos à segurança pública, ou seja, a garantia de
LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE indistintamente a todos os cidadãos foi uma

1
Docente no Programa de Mestrado da Universidade Braz Cubas. Pós-doutora em Ciências da Comunicação, pela
Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo; doutora em Semiótica e Lingüística Geral, pela
Universidade de São Paulo; especialista em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua, pela Universidade de Mogi das
Cruzes; e graduada em Letras e em Pedagogia, também, pela Universidade de Mogi das Cruzes.
2
Aluno do Programa de Mestrado da Universidade Braz Cubas, “Semiótica, Educação e Tecnologia da Informação” –
e-mail: valter_padulla@yahoo.com.br.
3
Tradução: “A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída
para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.”
preocupação central e geradora da REVOLUÇÃO FRANCESA e aponta para a manutenção e
salvaguarda dos DIREITOS HUMANOS, que é o objetivo final daquilo que se convencionou tratar
por SEGURANÇA PÚBLICA. Segundo Santos (2006):
Numa sociedade em que se exerce democracia plena, a segurança pública garante a
proteção dos direitos individuais e assegura o pleno exercício da cidadania. Neste
sentido, a segurança não se contrapõe à liberdade e é condição para o seu exercício,
fazendo parte de uma das inúmeras e complexas vias por onde trafega a qualidade
de vida dos cidadãos.

PREVENÇÃO OU REPRESSÃO?

Um estado de segurança pública numa determinada comunidade pode ser obtido,


basicamente, por dois caminhos, a prevenção ou a repressão ao crime. A estratégia da repressão traz
consigo algumas desvantagens, a mais significativa é a atuação dos “órgãos repressores” por meio
de métodos violentos. Um Estado democrático não deve tolerar, entre seus agentes, ações que não
observem a preservação dos direitos humanos, que devem assistir a todos os cidadãos, mesmo os
infratores da lei. Outra situação gerada por um sistema de combate ao crime que seja repressivo se
dá no fato de que a ação ocorrerá sempre após o delito ter acontecido, isto é, o Estado sempre
chegará atrasado (levando em consideração que se há repressão é porque tal fato já ocorreu), o que
perpetuará um estado de insegurança e privilégio àqueles mais próximos do poder público e,
portanto, com maior possibilidade de serem atendidos mais rapidamente.
Em relação à prevenção e controle da criminalidade as vantagens são evidentes, é o método
menos dispendioso visto que não há reparos financeiros em razão dos prejuízos causados por um
crime perpetrado, é mais duradoura, uma vez que o sucesso de um sistema de segurança pública,
calcado em princípios de prevenção, é fazer com que o criminoso em potencial seja desestimulado
da prática delituosa, e é mais cidadã, no sentido de que há participação da comunidade num sistema
de policiamento comunitário que, in tese, ocorre numa parceria decisória4 com a sociedade.
A prevenção à violência e ao crime pode ser entendida em três momentos distintos, quais
sejam, a satisfação às necessidades das pessoas, a presença do Estado a garantir a tranquilidade e
segurança de todos e, por fim, um sistema onde as pessoas que, mesmo com suas necessidades
satisfeitas e tendo diante de si a presença do Estado apontando que haverá repressão em caso de
cometimento de delitos, perpetram ilícitos são recolhidas para reeducação ou para isolamento da
sociedade, ou seja, a cadeia.

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Os autores entendem como parceria decisória, entre órgãos policiais e comunidade, o momento em que as duas partes
sintam-se como sendo uma só, que estejam irmanadas na busca de soluções palatáveis às duas, sendo duradouras e,
sobretudo, que uma saiba o que a outra faz, com transparência e honestidade de propósitos.
TEORIA DA OPORTUNIDADE E AMBIENTE

Outro fator importante a ser analisado é a questão da oportunidade para eclosão do crime,
como afirma Clarke (1980):

One of Criminology‟s parent disciplines is Psychology and I want to begin my talk


by revisiting a well-established law of that discipline: “Behavior is a product of the
interaction between person and setting.” When translated into criminological
language, what this means is that crime, which is a form of behavior, occurs when
someone who is criminally motivated finds or creates a criminal opportunity. In
5
other words, both motivation and opportunity are needed for crime to occur.

A oportunidade para ocorrência do crime se faz presente quando há, num mesmo local, o
encontro entre dois fatores, quais sejam, pessoas vulneráveis e ambientes propícios a ações
criminosas. Os ambientes são propícios ao crime quando apresentam facilidade em agir de forma
inesperada, em locais com pontos de baixa visibilidade que sirvam de esconderijos e também
quando há caminhos disponíveis para a fuga do criminoso, dentre outras características.
Uma questão que se destaca é a de que o sujeito, cônscio de sua situação de vulnerabilidade,
procura afastar-se de um local onde vislumbre oportunidades para o criminoso, o que pode ser
verificado pela observação de transeuntes, em vias públicas, evitando passar por locais onde se
sintam inseguros. Aqueles incautos que, mesmo vulneráveis, não observam as condições do
ambiente em que transitam tendem a se tornar presas para os malfeitores. As grandes cidades
possuem muitos locais onde há esse jogo de “caça e caçador”, são locais onde há grande incidência
de crimes, como as praças públicas com uso predominantemente comercial, por exemplo.
É importante conhecer e analisar as relações existentes entre a oportunidade para ação
criminosa e o ambiente, todavia não somente pelos olhos de quem quer cometer o ilícito, mas
principalmente daqueles que são afetados em sua vulnerabilidade pelo ambiente.
O transeunte de uma praça pública sentir-se-á inseguro em qual tipo de ambiente? Como o
aspecto visual de uma praça pública provoca medo e insegurança no munícipe? As respostas a estes
questionamentos são relevantes para compor o conjunto dos conhecimentos necessários à formação
daqueles que projetam espaços públicos.
Juntando os conceitos da prevenção e oportunidade emerge o entendimento de que quanto
menos oportunidades maior a prevenção, ou ainda, quanto maior a prevenção menos oportunidades
para práticas delituosas. A partir desta conclusão nasce a idéia de minimizar as oportunidades para

5
Tradução: “Uma das disciplinas que geraram a criminologia é a psicologia e eu quero começar minha fala revisitando
uma lei amplamente aceita pela psicologia: „Comportamento é o produto da interação entre o sujeito e o meio.‟
Traduzindo para a linguagem da criminologia, significa que o crime, que é uma forma de comportamento, ocorre
quando alguém, motivado para praticar um delito, encontra ou cria uma oportunidade para cometer o crime. Em outras
palavras, motivação e oportunidade são necessárias para que um crime ocorra.”
gerar maior prevenção, um caminho para obter este objetivo é o desenho de um ambiente que
comunique mais segurança ao transeunte, o desenho arquitetônico de uma praça pública pode conter
elementos que tranqüilizem o cidadão, em seu trajeto por este espaço público, como segue:
Ações voltadas para a inibição do cometimento de crimes contra o patrimônio e a
pessoa têm de estar baseadas em critérios mensuráveis da infra-estrutura do local,
das edificações, dos elementos construtivos, da permeabilidade visual, das
condições de iluminação e das características dos elementos escolhidos. (Salles
2007, p.20)

A MANEIRA DE ENXERGAR O PROBLEMA É PARTE DA SOLUÇÃO

Postos os ditames norteadores do presente texto chega-se à fase de encontrar as ferramentas


mais adequadas ao melhor andamento do trabalho e obtenção das conclusões mais acertadas. A
organização do pensar os problemas de segurança pública não pode ser ditada por uma única
disciplina e atesta essa idéia o número de ciências que se prestam a explicar os fenômenos da
segurança pública (psicologia, criminologia, arquitetura, engenharias, antropologia, dentre outras).
Adotamos a visão interdisciplinar para a condução do pensamento, com a utilização de
várias disciplinas em complementação e a união da teoria à prática com a maneira interdisciplinar
de compreensão, em vista de que,
Falar de interdisciplinaridade é falar de interação de disciplinas. A questão
interdisciplinar tem como propósito superar a dicotomia entre: teoria e prática;
pedagogia e epistemologia; entre ensino e produção de conhecimento científico;
apresenta-se contra um saber fragmentado, em migalhas, contra especialidades que
se fecham (Francischett, 2005, p.9).

Além do olhar interdisciplinar, que permite observar o crime como um fenômeno complexo
(social, político, psicológico), buscamos, nos estudos semióticos, ferramentas para entender os
percursos gerativos de sentido em relação à segurança pública. Pela metodologia da semiótica, que
auxilia na identificação e compreensão da transmissão de mensagens, pois,
Seu objeto (da Semiótica) é estudar e compreender fenômenos provenientes de
uma produção de significados e de sentidos. Ou seja, as coisas, objetos materiais e
não-materiais, se tornam concebíveis, traduzidos e de sentido através da semiótica
com sua específica linguagem de interpretação dos fenômenos inerentes ao ser
humano.6 ( Lubachevski e Sahar, 2005)

A semiótica possibilita identificar os significantes e símbolos, apontar os discursos relativos


à segurança pública e as significações encontradas nos espaços públicos das praças com uso
predominantemente comercial. O estudo semiótico da fotografia de uma determinada Praça Pública
revelará o entendimento vivenciado pelos usuários destas praças públicas e a significação destes

6
Negrito acrescido pelo autor.
ambientes em relação à segurança física dos mesmos.
No dizer de Pietroforte (2010, pag. 66) temos que:
Ao definir a significação como seu objeto de estudos, a semiótica desenvolve uma
tecnologia de análise de texto que contribui bastante para responder à conhecida
questão a respeito do que um texto quer dizer, ou seja, o que ele significa. Ao lado
dessa questão, a semiótica responde também como ele diz aquilo que diz. A
semiótica plástica e a teoria dos sistemas semi-simbólicos, portanto, são parte dessa
tecnologia, permitindo estudar o plano da expressão e suas relações com o plano de
conteúdo.

Aliando interdisciplinaridade (o olhar) e semiótica (instrumento) tem-se como resultado uma


visão mais clara de como se dá a formação cultural de nossa sociedade, entende-se mais nitidamente
esta formação revelada no cotidiano, na preocupação das mães com os filhos que ainda estão “na
rua”, temendo pelo que lhes possa acontecer, na adoção de hábitos prevencionistas, na visão que se
tem a respeito dos agentes de segurança pública que são transmitidos por tradição oral de geração
em geração, nas respostas caseiras ao crime e finalmente no entendimento coletivo de que certos
locais (bairros, por exemplo) são perigosos e mais, que alguns estereótipos humanos trazem consigo
a marca do perigo, da prática de infrações à legalidade. A questão da formação do sujeito, portanto,
está em destaque nesta pesquisa.

CONCLUSÃO

Historicamente o Estado tem contribuído com a segurança pública de forma reativa, isto é,
em primeiro lugar se observa o que acontece (por meio dos registros nos Boletins de Ocorrência), e
após esse mapeamento por via dos índices criminais, dispõe, o Estado, efetivo policial para
REAGIR à prática de delitos, esta prática tende a empregar o efetivo policial como bombeiros a
apagar incêndios, sempre correndo “após” as ações criminosas, é importantíssimo que se encontrem
remédios onde ocorra o contrário a esta prática, que a prevenção e pró-atividade sejam os pontos
fortes das políticas públicas de segurança.
As questões afetas ao tema SEGURANÇA PÚBLICA estão na pauta da mídia, nas
conversas de botequim, no dia a dia das donas de casa, está capilarizado em todas as partes da
sociedade e merece ser tratado com seriedade e disposição científica, caso contrário continuará
eternamente como um dos itens das plataformas de candidatos a cargos eletivos, sempre com
soluções mágicas e prometendo mais efetivo e viaturas policiais. Urge que mais técnicos
compreendam a situação e proponham soluções exeqüíveis e duradouras, que a Universidade
aplique tempo e talentos com mais intensidade na busca de respostas acessíveis à população
brasileira, que sempre espera dias melhores sem saber exatamente como proceder para abreviar a
chegada destes dias.
Num determinado espaço onde actantes (em específico neste texto os transeuntes/usuários)
realizam sua performance com/por via do ambiente, desde simplesmente caminhar até assentar-se
sob o céu para contemplar outras pessoas caminhando e desenvolvendo suas performances,
estabelece-se uma relação usuário-ambiente. Esta relação é pautada pelo uso de um caminho que
une ponto A a ponto B, mas também, fundamentalmente nesta pesquisa, revela traços de convívio
(uso contínuo) e relações de afeto com o espaço, que passa a ser uma personagem, ainda que
arquitetônica, da cidade que recepciona atenção, emoções e outras manifestações a humanizá-la e a
hipotecar-lhe atributos/características aprazíveis ou não.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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