TENDÊNCIA ANTI-SOCIAL:
A COMPREENSÃO DOS PAIS SOBRE A
AGRESSIVIDADE DE SEUS FILHOS
SÃO PAULO
2005
I
RESUMO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1
3. MÉTODO .......................................................................................................19
5. CONCLUSÃO ................................................................................................32
1. INTRODUÇÃO
experiências, de realização ou de fracasso. Nestas relações, caberia aos pais ensinar estas
O processo familiar e de sociabilização infantil (que ocorre nas primeiras fases de seu
mais adultos, pois as crianças necessitam confirmar os conceitos que foram transmitidos,
auxiliando-as na internalização daquilo que lhe está sendo ensinado. (Ferrari e Vecina, 2002).
A criança necessita de uma figura afetiva estável, onde esta desempenha o papel de
neste contexto familiar que a recebe não for continente e protetor. (Ferrari e Vecina, 2002).
transparência, só são possíveis se cada um dos componentes dessa interação, puder realizar
vínculos afetivos. O psiquismo não é algo dado pela natureza, mas fruto de uma construção
cultural que ocorre ao longo do desenvolvimento infantil, no contexto das relações familiares.
Já Winnicott (apud Ferrari e Vecina, 2002), quando fala dos cuidados maternos e da
função básica da família, para uma compreensão psicológica, descreve uma “mãe
devoção da mãe ou de sua substituta, em sua maneira de segurar, manusear e dar significado
ao mundo é indispensável para que o bebê possa dar continuidade a um crescimento saudável.
Uma criança que não recebeu esses cuidados básicos, sofreu em maior ou menor grau, uma
privação. Isso poderia acarretar prejuízos, abrindo caminhos para o surgimento de sintomas,
De acordo com Winnicott (1999), a tendência anti-social, então, seria um problema que
ocorre na infância e, caso não seja tratado, evolui para a delinqüência, na adolescência,
Assim, será que os pais percebem traços de tendência anti-social em seus filhos? Será
que os pais sabem o que venha a ser a Tendência Anti-Social? Portanto, a presente pesquisa
visou compreender se os pais detectam traços desta variável, bem como explicar os seus
profissionais de áreas afins, propondo uma reflexão sobre o modelo vigente de educação, com
vistas à compreensão dos sentimentos envolvidos na relação entre pais e filhos, sobretudo
quando a responsabilidade faz com que limites se tornem importantes nessa relação.
3
2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
que possa ser qualificado como saudável ou doente, dentro do processo da existência
teórico e clínico.
Segundo Elza Oliveira Dias (2003), essa teoria dá ênfase aos estágios iniciais da
amadurece, na presença do ambiente facilitador, ele vai criando não apenas um, mas
vários sentidos do real. Para Elza Oliveira Dias (2003), a criança, inicialmente, faz o
sentido contrário, ou seja, se ela se adapta ao ambiente, isso pode ser o início da
como se fosse uma criança menor. O adulto também procede dessa maneira quando,
frustrado, torna-se grosseiro ou apresenta uma reação de raiva tal que isso lhe provoca
um sintoma físico como uma taquicardia ou uma enxaqueca, por exemplo. Assim como
dos seres humanos adultos, embora sua relação com o mundo esteja só no início.
esse período é elaborado aos poucos, através de experiências satisfatórias onde algumas
a dúvida também podem surgir. Sendo assim, a criança tem que encontrar um lugar
onde possa agir e a partir do qual possa construir um método pessoal para conviver com
“Façamos então a pergunta: por que a pessoa normal e sadia tem, simultaneamente, a
sensação da realidade do mundo e da realidade do que é imaginativo e pessoal? O que
aconteceu para que você e eu ficássemos assim? É uma grande vantagem ser assim, pois desta
maneira podemos usar a nossa imaginação para tornar o mundo mais emocionante e usar o
mundo real para exercer a nossa capacidade imaginativa. Será que crescemos assim mesmo?
Bem, o que quero dizer é que não crescemos assim se, no princípio, cada um de nós não tiver
uma mãe capaz de nos apresentar ao mundo em pequenas doses.”
espontânea. Uma criança assim enfrenta os desafios da existência, pois uma vida sem
“Um lar adaptativo seria difícil de existir para sempre, pois qual seria o alívio para uma
cólera justificada numa criança?”.
naturais.
Uma criança normal emprega os recursos que a natureza lhe ofereceu para
defender-se contra a angústia e os conflitos que não tolera. No entanto, esse tipo de
capacidade, que envolve discernimento, é ainda bastante reduzida nessa fase, pois não é
fácil discernir qual tipo de auxílio está ao alcance da criança. A anormalidade revela-se
na limitação e na rigidez da capacidade infantil para discernir qual tipo de auxílio está
Urinando na cama, ela se defende em relação aos seus direitos, de maneira que não
contrário de uma doença, ela estaria sinalizando que conserva sua individualidade que
sente ter sido ameaçada pelas ordens da mãe. Após algum tempo, se for orientada e
compreendida pela mãe, esta criança acaba abandonando o sintoma e adotando uma
maneira saudável para afirmar sua personalidade frente a frustrações. Ela está
aprendendo a discernir entre bom e mau, entre o que gosta e o que não gosta.
também grita e explode de raiva porque ela gravita em torno de sua própria realidade
6
interna, onde o prazer é a tônica, sendo que uma das tarefas principais daqueles que
passar por um período de desilusionamento, onde parte dessa espontaneidade tem que
“Contudo, nada poderá ser abandonado que não tenha sido primeiro descoberto e possuído.
Quão difícil é para a mãe certificar-se de que cada criança adquiriu, por seu turno, o
sentimento de ter conhecido o essencial do amor, antes de se lhe pedir que tolere e prossiga
com menos que tudo! São realmente de esperar choques e protestos, em ligação com uma
aprendizagem tão dolorosa.”
(Winnicott,:1982, p..145)
saudável da criança, pode-se dizer que o bebê só é capaz de alcançar o final do processo
a ilusão tiver um término apressado, ou seja, antes de o bebê estar preparado para
dela para tudo. Nesta fase, com o bebê mais crescido, a mãe passa a não estar tão
de sua parte, não significando que ela abandona o filhinho. A partir disso, o bebê vai se
adaptando a uma nova fase, vai saindo da ilusão de que é um Deus, que cria todas as
7
coisas: a mãe, a fralda limpa, o leite na hora certa, o embalo e o brinquedo que o distrai.
Ele vai percebendo o mundo ao seu redor, o não-eu. Esse processo, inclusive, deve
bebê estar preparado para reconhecer este fato, provavelmente sofrerá um trauma.
Ainda dentro da linguagem de Winnicott, a mãe falha e passa a corrigir as suas falhas,
ensinando ao bebê e à criança o significado da confiança materna:
“O bebê nada sabe a respeito da comunicação, a não ser dos efeitos da falta de
confiança. É quando se estabelece a diferença entre a perfeição mecânica e o amor
humano. Os seres humanos sempre falham: no decorrer dos cuidados comuns a mãe
tenta o todo corrigir suas falhas. Essas falhas relativas, com a imediata reparação,
indubitavelmente somam-se finalmente à comunicação a fim de que o bebê venha a
conhecer o que é o sucesso. Uma adaptação bem sucedida, portanto, origina o
sentimento de segurança, o sentimento de ser amado. Como analistas, temos pleno
conhecimento desse fato, pois falhamos sempre, esperamos e nos zangamos. Se
sobrevivermos, seremos usados. Existem incontáveis falhas que são seguidas dos
cuidados que corrigem aquilo que acaba por transformar-se na comunicação do amor.
Mas de fato existe um ser humano ali para cuidar. Quando a falha não é corrigida no
tempo exigido, em segundos, minutos ou horas, empregamos o termo privação. A
criança privada é aquela que, após experimentar a correção dessas falhas, vive uma
falha que não é corrigida. É então que o empenho da criança cria as condições
necessárias para que a correção das falhas uma vez mais dite um modelo para sua
vida.”(apud - Abram, Jan in “A linguagem de Winnicott” 2000)
É difícil para a criança esse processo que envolve o estar dentro do princípio de
realidade: perde-se algo aqui, paga-se o preço pela própria liberdade ali. A criança
saudável não aceita isso assim tão facilmente. Protesta porque aprender é doloroso, é
alimento. Ela tem o direito de recusar o alimento bom para aprender a diferenciá-lo do
não bom. Testa todas as condições para aprender e crescer. Se a sua mãe souber
contornar os sintomas da criança, sem entrar em pânico com toda a agitação que
assistência suficientemente boa para seu filho, agindo de modo natural. (Winnicott,
1982).
Até aqui, falou-se basicamente das relações da criança com a sua mãe. E a presença
do pai? Ele é essencial na vida da criança, pois a insere na realidade. Entretanto, podem
da criança pequena; dúvidas quanto a contar ou não com a presença desse pai. Podem
surgir sintomas e complicações, seja por amor, seja por sentimentos mistos de ódio e
amor, ou até por ciúmes da mãe ou do pai; mesmo assim, a criança vai precisar
enfrentar esse outro lado da realidade: o mundo das relações. Deve seguir em frente,
desafiando todo e qualquer lado mais complexo da realidade externa, até mesmo o que
inclui o nascimento de irmãozinhos novos que chegam para retirar-lhe o lugar central na
observar que a criança cria um mundo interior e pessoal. Nesse mundo, onde batalhas
são ganhas e perdidas, a magia se conserva num equilíbrio oscilante. (Winnicott, idem).
Esse mesmo mundo interior vai expressar-se através do corpo da criança por meio de
exterior. A mãe não deve achar que seu filho está doente. O seu corpo poderá ser visto
será possuída por “toda espécie de pessoas reais e imaginárias”. Por vezes, essas
Os pais dessa criança devem compreender que a criança tem o seu direito de existir
e não devem solicitar que se comporte como um adulto. Se todos esses personagens
10
estão num plano externo à personalidade da criança, é por um bom motivo e devem ser
A criança saudável brinca e deve ser estimulado o brincar em sua vida pelos pais.
Para Winnicott (1982) se a criança estiver brincando, poderá haver lugar para um
sintoma ou mais, e se ela brincar, sozinha ou com outras crianças, não haverá nenhum
problema realmente grave à vista. A mãe pode sentir-se feliz e saber que há
uma exata percepção da realidade externa. Isso deve acalmar a mãe, mesmo que a
ou esteja tendo ataques de birra. O brincar sinaliza que a criança está se desenvolvendo
num ambiente bom e estável e que é capaz de tornar-se um ser humano integral, com
(Winnicott,,1999, p. 107)
“A brincadeira, o uso de formas e artes e a prática religiosa tendem, por diversos mas aliados
métodos para uma unificação e integração geral da personalidade. Por exemplo, pode-se
facilmente ver que as brincadeiras servem de elo entre, por um lado, a relação do indivíduo com
a realidade interior e, por outro lado, a relação do indivíduo com a realidade externa ou
compartilhada.”
(Winnicott, 1982, p. 164)
11
“Conquanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito mais difícil para as
pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias ou impulsos
que conduzem à angústia se não forem dominados. A angústia é sempre um fator na brincadeira
infantil e, frequentemente um fator dominante. A ameaça de um excesso de angústia conduz à
brincadeira compulsiva, ou à brincadeira repetida, ou a uma busca exagerada dos prazeres que
pertencem à brincadeira; e se a angústia for muito grande, a brincadeira redunda em pura
exploração da gratificação sensual.”
(Winnicott, idem, p.162)
12
indivíduos de todas as idades, desde que, quando crianças, passaram por um histórico de
privação emocional, quando passam a lhe faltar certas características essenciais da vida
familiar. Isso pode acontecer no lar ou em vários outros lugares. A tendência anti-social
é caracterizada por:
“um elemento que compele o meio a ser importante. A criança ou o adolescente, através de
pulsões inconscientes, compele alguém a encarregar-se de cuidar dele”.
(Winnicott, 1999, p. 139)
fora, e como já reconhece a mãe, ela será o seu alvo preferido. Se com o passar do
tempo essa situação não for tratada, outros alvos serão escolhidos em substituição à
mãe. Muitas vezes ocorrem roubos sintomáticos, que funcionam como se a criança
estivesse recuperando “algo que lhe é devido” (Winnicott, 1999)
Eram consideradas decorrentes do conflito que surgia com o ódio e o desejo de destruir,
acumulava e não encontrava saída na sublimação ou reparação, algo tinha que ser feito
para que o indivíduo se sentisse culpado disso. A etiologia da delinqüência era vista em
pais ou daqueles que a cuidam. Caso seja mantido este tratamento, quando adolescente,
poderá vir a ser delinqüente. Como jovem adulto, poderá desenvolver alguma psicopatia
e remetido para institutos correcionais ou para uma prisão. (Winnicott, 1999). Seria
então função dos pais e/ou do terapeuta, administrar, tolerar e compreender tais pulsões,
14
entendendo-as como “esperança”. Para isso, seria necessário, segundo o autor, que se
para movimentar, agir e excitar-se, e quando isso lhe é negado, a reação aos fatores
Winnicott (1999) diz que as raízes da tendência anti-social são duas: a busca do
objeto perdido e a destruição. A criança não rouba o objeto, mas acredita que nesta ação
possa ter de volta a mãe para si, pois acredita ter direitos sobre. A criança cria a mãe em
idem, p. 141)
compulsão para sair e comprar alguma coisa, fugas, saídas sem objetivo, como a
impondo limites amorosos, desde cedo. O ambiente, para Winnicott (1999), deve dar
uma nova oportunidade de “ligação egóica”, ajudando a criança a perceber que houve
uma falha ambiental, no apoio a esse ego e que isso redundou na tendência anti-social.
comunicado nesses momentos. Quando uma criança sofre uma perda, espera-se que haja
uma manifestação de aflição. Se isso não ocorrer, pode haver um distúrbio mais
profundo.
16
2.3. A AGRESSIVIDADE
Para o autor, desde bebê, o Homem possui a relação de amor e ódio, bem como
de construir e destruir, onde esta última ação não a faz sentir-se desesperada e culpada
por isso. A criança destrói magicamente e não comete nenhuma violência, por enquanto.
Mas um dia, esta mágica falha e ela injuria com a boca, xinga. Depois, leva os pais à
exaustão com seu comportamento: esgota-os de cansaço quando está furiosa com eles.
Pode mordê-los até tirar sangue; pode jogar as louças ao chão e depois ficar triste com o
que acabou de fazer. Testa o ambiente e só magoa aqueles de quem gosta muito. Essa
excitação precisa direcionar sua energia para algo, mas não sabe o que fazer com toda
com suas gengivas e assim aterrorizar sua mãe. No entanto, o bebê morde não porque
está irado ou frustrado, mas porque está muito excitado. Outros podem proteger o seio
de tal forma, que passam a sofrer de inanição, pois para não morder o seio, chupam o
lado interno de seu lábio inferior, ferindo-se. Assim, uma vez que pode machucar, o
bebe também pode inibir seus impulsos, facilitando a proteção do ser amado. Da mesma
forma que tem capacidade para a destruição, tem para proteger o que ama de sua própria
17
destrutividade (a que ocorre em sua fantasia). Faz parte do seu apetite e é uma forma de
satisfação. Para gratificar-se, pode por em perigo quem ama. Há uma conciliação
consigo e o encontro de alguma satisfação que evita com que ele seja perigoso.
Frustrado, ele odeia alguma parte de si, a menos que encontre alguém fora de si mesmo
O segundo aspecto se refere ao que pode causar dano daquilo que menos
para se defender de uma realidade má. Para o autor, existem forças inerentes à
personalidade da criança e que podem ser isoladas de suas muitas expressões instintivas.
Existem forças boas e más atuando e buscando o predomínio. Quando forças destrutivas
ameaçam dominar as forças de amor, o indivíduo tem de fazer algo para salvar-se.
Então, extravasa seu íntimo, representando um papel destrutivo, pedindo controle por
meio de uma autoridade externa (através do limite). Isso também pode realizado pelo
alternativos e podem falhar. A criança pode achar sua realidade interna terrível demais
em confronto com a realidade externa. Sua fantasia é muito ruim para ser aceita, não
podendo ser usada na sublimação. Faz-se necessário alterar “eus” internos por novas
1
Winnicott (1999) usa a palavra voracidade para expressar a idéia da fusão original de amor e agressão.
18
maldade. A criança que chuta bola, dispende energia de agressividade pelos pés, porque
(1999), toda a agressão que não é negada e aceita como responsabilidade pessoal, é
de “drenar cada vez mais o instintual” (p. 102), capacitando-se para reconhecer sua
3. MÉTODO
detectam traços de tendências anti-sociais em seus filhos, bem como promover reflexão
- furtos,
- mentiras,
- enurese noturna,
- compulsão alimentar,
- brigas,
- masturbação,
- bulimia,
- argumentação desafiadora
- comportamento agressivo
entre 20 e 60 anos. A faixa etária dos filhos pesquisados era de 1 ano a 34 anos de
idade. Para a realização da coleta de dados, foi estipulado como universo um curso
Paulo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Masculino 03 23%
Feminino 10 77%
N = 02 13 100%
Profa. Fúlvia Rosemberg, em sua pesquisa sobre a Psicologia como uma profissão
curso qualidades como a escuta, o acolhimento e o cuidado, entre outras questões, traços
23 1 10%
29 1 10%
32 1 10%
35 1 10%
38 2 20%
42 1 10%
44 1 10%
48 1 10%
46 1 10%
50 1 10%
54 1 10%
56 1 10%
N= 13 pessoas 13 100%
idade média desse grupo é de 41 anos com um desvio padrão de 9,83 o que demonstra
pequena variação entre as idades. Organizando-se esta população por faixa etária,
público na faixa dos 40 aos 50 anos, com potencial de amadurecimento para assumir as
05 2 38,46
04 1 30,76
3 3 23,07
1 4 7,7
N= 13 27 filhos 100%
filhos ao todo e observou-se que 5 pessoas tinham dois filhos, representando 38,46%,
0,95%, o que mostra uma certa homogeneidade no padrão familiar mantido atualmente
Tabela 4. Distribuição das idades dos filhos escolhidos pelos pais para responder à
pesquisa
Idade Frequência F%
1 a 5 anos 2 15,38
5 a 10 anos 2 15,38
10 a 15 anos 4 30,77
15 a 20 anos 2 15,38
20 a 25 anos 2 15,38
25 a 30 anos 1 7,7
13 filhos 100%
entre 1 a 18 anos já que é nessa faixa etária que o problema da tendência anti-social
filhos de 10 a 15 anos, ou seja 30,77%. A idade média desses filhos é de 13 anos, idade
idades.
anti-sociais: a deprivação ocorre na infância, quando a criança sente que perdeu algo em
termos de afeto, algo que era seu. Caso a família não detecte os sinais característicos de
tendência anti-social da criança nessa fase e não os trate com amor e limites adequados,
o problema pode evoluir para algo mais sério na adolescência, ganhando o nome de
24
delinqüência. Já na idade adulta, esse indivíduo que não recebeu os cuidados adequados
nas primeiras etapas da vida, pode apresentar o quadro de psicopatia. Assim, todas as
faixas etárias foram interessantes enquanto objeto de pesquisa, já que as idades dos
Brigas Freqüência F%
Raramente 8 61,5
Bastante 1 7,7
Sempre 1 7,7
no cotidiano, seja com a mãe, o pai ou outras pessoas. Um grande número de filhos
da população, ou seja, 3 filhos brigavam às vezes, sendo que por razões diversas como:
Observa-se um grupo bastante pacífico quanto ao quesito “briga”, sendo que houve
agressivo do grupo. Segundo Winnicott, a agressividade é algo que o ser humano não
gosta de mostrar aos demais. A revelação dessa faceta nas crianças ou adolescentes
25
pode ser positiva enquanto sinalizadora de que algo importante e precisa ser
da mãe e do pai? afirmação dos limites pessoais? raiva? fúria? ousadia?) O bebê dentro
de cada ser humano, não importa a idade, pode reagir de muitas maneiras quando perde
as estribeira. Para Winnicott, a agressividade tem dois significados, pode ser uma reação
bebês e suas mães”). A criança pode estar precisando expressar-se abertamente e isso
pode ser positivo, mas talvez seus pais precisem ensinar-lhe a dosar toda a energia que
tem em si. O oposto pode ser guardar tudo, inibir todos os impulsos e ter um déficit em
termos de criatividade e sofrer também por isso. Na pesquisa, os três filhos que às vezes
terapêutico ou uma boa conversa com os pais, que inclua abertura e carinho, pode trazer
Mentiras Freqüência F%
frequentemente 0 0
para a pesquisa, 8 pessoas, que equivalem a 61,54% mentem de vez em quando, mas
0,60% referente a um filho que mente em algumas ocasiões, sendo que a sua mãe
respondeu que isso ocorre quando ele, para obter sua opinião sobre algo, cria um
assunto que não aconteceu na realidade. Observa-se uma amostra significativa de filhos
que mentem sim, mas não se pode tomar isso como um sinal de tendência anti-social, é
às frustrações?
Briga 4 30,76
Chora 2 15,38
Grita 3 20,07
Compreende 3 20,07
Esta questão apresentou grande número de respostas em seu corpo, tem em vista
cada pai ou mãe identificar mais de uma reação quando o filho não consegue o que
deseja. Observa-se que dentre o público pesquisado, alguns filhos agem e testam o
ambiente e a família de diferentes maneiras quando frustrados. Isso foi mapeado a partir
da alternativa que perguntava qual era a reação do filho, além de todas as apresentadas
na questão, quando contrariados. Assim, 53,85% o que corresponde a seis filhos reagem
comportamento:
27
Segundo consta na teoria de Winnicott (1999), a criança faz valer seu direito de ter
algo e testa o ambiente até conseguir. Muitas vezes, o que ela quer é o amor e o carinho
dos pais, que julga ter perdido. No caso dessas crianças, nota-se que há porcentagens
não fazem nada (15,38%), no entanto, em média, 30,76% briga pelo que quer, o que
Furtos Frequência F%
Sim, esporadicamente 0 0
Na tabela 8 nota-se que 9 filhos, ou seja 69,23% nunca furtaram objetos no próprio
lar ou na casa de outras pessoas. Apenas um questionado disse que furtos sempre
desvio padrão de 0,75% em relação ao todo. Mais uma vez, há porcentagens ínfimas de
Masturbação 1 7,7
briguentos
Bulimia 2 15,38
nada responderam, pois não identificaram em seus filhos tais traços. Apenas três pais,
representando 30,77%, relataram os seguintes episódios, vistos por eles como anti-
podem ser estudados pela Psicologia dentro de um contexto maior no ambiente familiar.
29
Sim 0 0
Não 8 61,54
Às vezes 5 38,46
atritos no ambiente familiar, não há a predominância de filhos com esse perfil no grupo
pesquisado. Há 61,54% de pessoas que não agem de maneira acintosa em relação aos
como isso ocorre para analisar-se se há uma tendência anti-social embutida nesse fato
ou não. Os sinais estão sempre querendo revelar algo aos pais e precisam ser decifrados
Sempre 2 15,38
Nunca 10 76,92
total 13 100%
pode sinalizar uma carência afetiva que busca no alimento o substituto maternal,
observa-se que esse traço não é predominante no grupo: 76,92% , 10 pessoas não
30
Compreensão da frequência F%
agressividade do filho
total 13 100%
filhos, observa-se que 69,23% , o que corresponde a 9 pais, diz que os filhos não são
agressivos. Dois pais (15,38%) conseguem identificar que os filhos talvez estejam
recuperação de algo que julga ter perdido em relação à família e os pais se mostram
sensíveis a isso. É bom sinal. Um dos pais respondeu na alternativa referente a “outro
motivo” que quando o filho se mostra agressivo, na verdade quer chamar a atenção dos
pais para algo que lhe é importante. Isso também já demonstra sensibilidade para outros
Winnicott diz em seu texto sobre as raízes da agressão (1999) que a agressividade
é algo muito disfarçado na vida de uma pessoa e que ninguém quer evidenciar isso em
público. Talvez por isso uma parcela tão significativa 69,23% não consiga ver a
Tabela 13. Distribuição das porcentagens referentes à reação dos pais frente aos
Conversa 12 92,31
Nesta questão, os pais assinalaram mais de uma alternativa. Sendo assim, sobre a
reação dos pais sobre os transtornos causados pelos filhos, observou-se que a maioria
quase absoluta 92,31% procura conversar com os filhos: prática excelente que auxilia e
de forma marcante na vida da criança. O diálogo é sempre algo saudável. Mesmo assim,
há pais que não questionam o comportamento de seus filhos, não impondo limites com
amor, nem conversando. No grupo pesquisado houve a ocorrência de uma pessoa, 7.7%.
32
5 CONCLUSÃO
Conclui-se, pela pesquisa realizada, que os pais questionados têm abertura para a
manifestar nos seus filhos. O tratamento estatístico aplicado à pesquisa apontou dados
essenciais para que também se observasse que os filhos estão sendo educados por pais
criança ou adolescente possa estar reunindo evidências desse problema em sua vida,
para que os pais possam ser melhor instruídos. Dessa maneira, o trabalho de pesquisa
pode gerar massa crítica para ser também um instrumento que promove reflexão, debate
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
7. QUESTIONÁRIO
1) Sexo:
a) ( ) feminino
b) ( ) masculino
7) Geralmente, quais das reações abaixo, seu filho(a) tem quando não consegue o que
deseja?
a) ( ) briga
b) ( ) chora
c) ( ) grita
d) ( ) entende
e) ( ) não faz nada
f) outra. Qual? __________________________________________________________
8) Seu filho(a) chegou a pegar dinheiro ou objetos da sua casa ou de parentes, sem
consentimento e de forma disfarçada, sendo descoberto posteriormente pelos rastros que
deixou?
a) ( ) sim, isso sempre ocorre.
b) ( ) sim, isso ocorre esporadicamente. Em quais situações? _____________________
c) ( ) não, isso nunca ocorreu.
d) ( ) não que eu tenha conhecimento.
35
9) Seu filho(a) já apresentou alguns destes episódios, com uma certa freqüência?
a) ( ) enurese noturna
b) ( ) descontrole emocional
c) ( ) masturbação
d) ( ) saídas com colegas briguentos
e) ( ) bulimia (vômitos após ingerir grande quantidade de alimentos)
f) ( ) outros episódios que lhe chama a atenção. Quais? _________________________
13) Como você reage frente aos incômodos causados por seu filho(a)?
a) ( ) aceito sem questionar.
b) ( ) nunca aceito e procuro agir, aplicando corretivos.
c) ( ) converso sobre os fatos.
d) ( ) outra reação. Qual? _________________________________________________