Envelhecimento e Maus-Tratos
Neste trabalho resumi o capítulo 1 da obra El maltrato a las personas mayores onde
são apresentados alguns conteúdos sobre a temática dos maus-tratos aos idosos.
Maus-tratos a Idosos
Enquadramento da temática
Whitehead, por exemplo, referiu numa revista britânica um estudo sobre os cuidados
prestados numa enfermaria de hospital. Indicou que: “O interesse e a preocupação
pelas feridas ocasionais de modo não acidental cresceu e existe uma consciência
generalizada de que determinados indivíduos atacam às vezes, idosos e que
posteriormente os obrigam a conspirar com eles para simular que os danos produzidos
tiveram lugar de modo acidental”. (Glendenning, 1993 cita o trabalho de Whitchead,
publicado em 1983)
Outro dos autores é Brubaker (estudo de 1990), que assinalou que devemos estar
receptivos ao que ocorre nas relações familiares, nas últimas etapas da vida, e aceitar
que nelas podem existir tanto aspectos positivos como negativos.
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Negligencia (do latim "negligentia"), é o termo que designa falta de cuidado ou de aplicação numa
determinada situação, tarefa ou ocorrência. É frequentemente utilizado como sinónimo dos termos
"descuido", "incúria", "desleixo", "desmazelo" ou "preguiça". (Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Negligencia)
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Maus tratos – A definição mais utilizada para os maus-tratos cometidos contra idosos é a adoptada
pela Rede Internacional de Prevenção aos Maus-tratos de Idosos (International Network for Prevention ou
Elderly Abuse – INPEA), qual seja: “uma acção única ou repetida, ou ainda a ausência de uma acção
devida, que cause sofrimento ou angústia, e que ocorra em uma relação em que haja expectativa de
confiança” (INPEA, 1998; OMS, 2001 apud Machado e Queiroz, 2002 e Krug et alii, 2002).
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Alguns investigadores no Canadá não prestaram uma especial atenção aos maus-
tratos nas instituições, embora Podnieks registe este ponto com bastante
preocupação.
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Violência doméstica é a violência, explícita ou velada, literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar,
entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos,
irmãos etc.[1] Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos,
e violência contra a mulher e contra o homem geralmente nos processos de separação litigiosa além da violência
sexual contra o parceiro. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Violenciadomestica)
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Vários autores sugerem um determinado perfil para aqueles que são considerados as
possíveis vítimas.
Assim, Eastman (1984), considerou que a maioria são mulheres acima dos 80 anos
que são dependentes devido a incapacidade física ou mental, têm propensão a serem
vítimas, defendendo que este problema não está confinado a nenhum grupo social em
particular.
Já Hocking (1988) considera que são particularmente mais vulneráveis mulheres com
demência e com mais de 80 anos, com doença de Parkinson, doença cerebrovascular
que pode manifestar dificuldades de comunicação, dificuldade em ouvir, imobilidade e
incontinência. Também afirma que «os estudos norte-americanos mostram que a
típica vítima é mulher, com mais de 75 anos, sem ocupação, com impedimentos
funcionais, solitária, amedrontada e que vive em sua casa com um adulto».
Tomlin-British Geriatrics Society 4(1989) sugere que os idosos mais vulneráveis são
aqueles que têm mais dificuldade em comunicar e os que mostram variações de
autonomia, os que têm demência e doença de Parkinson.
Nos EUA, Hall (1989) estudou cerca de 284 casos de abuso e maus-tratos utilizando
um completo e elaborado relatório do que se verificava. Hall encontrou 43 actos ou
situações distintas relacionadas com os 284 casos. Dois destes elementos
apareceram em 15% dos casos e em 63% apareceram dois ou mais elementos de
desatenção. Posteriormente, os itens que com mais frequência se repetiam eram: a) o
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British Geriatrics Society – É uma associação de médicos, enfermeiros, terapeutas e cientistas com
um interesse particular na assistência médica da pessoa mais frágil e na promoção de melhores
condições de saúde na velhice. O BGS é a única associação profissional, no Reino Unido, de médicos
que exercem medicina geriátrica. (www.bgs.org.uk/)
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Hall refere ainda que pode ser grave a deterioração da vítima visto que facilita a
produção das mais extremas formas de abuso físico. A utilização indevida dos
recursos da vítima (roubo, mau uso dos recursos) constitui 14% do total. Hall identifica
os indicadores mais comuns de abuso «não entender devidamente a saúde da vítima
e o não proporcionar os cuidados médicos»; o roubo de recursos materiais; mau trato
físico (incluindo espancamentos, empurrões, bofetadas e agressões sexuais), mau
trato psicológico e emocional (uso de insultos, abandono durante largos períodos de
tempo, agressões verbais); e violação dos direitos dos idosos (restrição dos
movimentos, imposição e abandono). Tal lista exemplifica a ampla variedade de actos
abusivos que podem presenciar-se e que durante os anos 80 comprovou-se cada vez
mais.
(Fonte: http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/17.pdf)
1) Feridas faciais
Uma idosa de 80 anos estava casada com um homem rígido e de traços obsessivos, a
quem estava muito unida. Ele ao longo da sua vida, muito preenchida
profissionalmente, permitiu que a sua mulher tomasse todas as decisões. Entretanto, a
mulher iniciou um processo de demência, afectando a sua fala, o seu modo de vestir e
a sua concentração. O marido ocupou-se então de todos os aspectos da sua
existência, apesar da resistência da sua mulher, cada vez mais forte. Dado que o
marido, progressivamente, foi abdicando dos serviços que lhes eram proporcionados,
nomeadamente: assistência domiciliária, ajuda no banho, enfermeira distrital, e apoios
sociais e assistência psiquiátrica comunitária - começou a bater-lhe no rosto com as
mãos, braços e ombros, e apresentava além disso, marcas de patadas. Finalmente o
marido admitiu que lhe batia, e diagnosticou-se uma depressão. A senhora voltou a
receber assistência continuada, à qual resistia de modo violento batendo mesmo a
qualquer pessoa que tentava ajudá-la no banho e na higiene.
2) Marcas de dedos
Um casal, de 74 e 76 anos de idade, esteve unido durante 40 anos. Oito anos atrás,
ela começou a mostrar sinais de demência, problemas de linguagem, falhas de
memória a curto prazo e distracções. Descobriu-se que ela tinha cancro e quando
recorreu ao hospital de dia, estava extremamente angustiada e começou a mostrar-se
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4) Efeitos psicológicos
conta. Numa ocasião em que ele foi convidado, como de costume, a passar com a
família um fim-de-semana, em vez de ir para casa, ele entrou num lar privado. Quando
começou a querer sair dali, de forma violenta, foi internado num hospital mental de
outro distrito, e não o levaram ao seu hospital de origem. Não tardou muito em ser
transferido para uma residência de idosos com transtornos mentais, lugar no qual
permaneceu de modo permanente. Imediatamente, a família foi para o seu
apartamento.
6) Sinais de negligência
7) Abuso Sexual
Uma mulher de 69 anos, que participou de um centro de dia, estava cada vez mais
esquecida e débil. Quando lhe davam banho notaram hematomas na zona genital e
decidiu-se falar das relações sexuais que mantinha com o seu filho. O facto de na sua
casa existir um só quarto levou a pensar que esta relação era duradoura. A sua
condição física piorou e desenrolou-se uma forte dependência do filho. Tinha
dificuldades para resolver os seus problemas a nível emocional. Depois de
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aconselhamento ténico teve uma relação o mais normal possível e não se observou
mais abusos sexuais.
Conclusão
Neste capítulo verifiquei que são variadíssimas as formas de violência a que o idoso
dependente está sujeito: maus-tratos e abusos físicos, maus-tratos psicológicos,
negligência por abandono, negligência medicamentosa ou de cuidados de saúde,
abuso sexual, abuso material e financeiro, privação e violação de direitos humanos.
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Os maus-tratos contra os idosos praticados pela família e pelos cuidadores são muitas
vezes agravados pela falta de preparação, e pouca sensibilização para a velhice.
Quanto maior for o índice de dependência do idoso e a precariedade social, mais
provável é ocorrerem situações de maus-tratos.
É preciso mudar esta mentalidade voltada para a morte. Temos que transformá-la num
maior investimento na melhoria da qualidade de vida do idoso, estimulando-lhe o
prazer e a alegria em estar vivo.
Bibliografia
Websites
• http://pt.wikipedia.org/
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• http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/
• http://www.bgs.org.uk/
• http://www.inpea.net/weaad.html