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Instituto Superior de Serviço Social do Porto

Licenciatura em Gerontologia Social

Envelhecimento e Maus-Tratos

Trabalho elaborado na disciplina de Psicologia do Envelhecimento III

Nome: Joana Isabel Alves Alba

Docente: Fernanda Jorge

Senhora da Hora, Janeiro de 2010


Introdução
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Neste trabalho resumi o capítulo 1 da obra El maltrato a las personas mayores onde
são apresentados alguns conteúdos sobre a temática dos maus-tratos aos idosos.

Maus-tratos a Idosos
Enquadramento da temática

Glendenning (1993) começa por enquadrar o fenómeno dos maus-tratos a idosos.


Assinala que os casos de negligência e maus-tratos a pessoas idosas não constituem
nada novo, mas que só a partir dos anos 70 do século XX se iniciaram estudos
empíricos que estudaram situações de cuidados inapropriados, desatenção e maus-
tratos físicos, emocionais e materiais aos mais velhos.

Esses primeiros estudos aconteceram nos E.U.A., Canadá e Grã-Bretanha,


realizaram-se em ambiente institucional e os seus resultados foram publicados ao
longo dos anos 80.

Os autores apontam taxas de 5% de idosos que vivem em instituições nos EUA e na


Grã-bretanha (Glendenning, 1993, cita os trabalhos de Hudson e Johnson, de 1986 e
de Fennell, publicados em 1988). O autor Forber indicou no seu estudo, em 1987, que
no Canadá o número é aproximadamente 9%. Existe uma evidência que estes idosos
têm maior probabilidade de estar em perigo que 95% ou 91% daqueles que vivem nas
suas casas mas em todo o caso muitos destes idosos são cuidados e atendidos com
carinho na Instituição, e não esqueçamos que uma considerável quantidade de
agressões tem lugar no seio da família.

Whitehead, por exemplo, referiu numa revista britânica um estudo sobre os cuidados
prestados numa enfermaria de hospital. Indicou que: “O interesse e a preocupação
pelas feridas ocasionais de modo não acidental cresceu e existe uma consciência
generalizada de que determinados indivíduos atacam às vezes, idosos e que
posteriormente os obrigam a conspirar com eles para simular que os danos produzidos
tiveram lugar de modo acidental”. (Glendenning, 1993 cita o trabalho de Whitchead,
publicado em 1983)

Outro dos autores é Brubaker (estudo de 1990), que assinalou que devemos estar
receptivos ao que ocorre nas relações familiares, nas últimas etapas da vida, e aceitar
que nelas podem existir tanto aspectos positivos como negativos.
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Durante os últimos dez anos em concreto, a sociedade foi tomando consciência, da


existência de situações de negligência e maus-tratos aos idosos. Os observadores
acreditam que a quantidade (não a proporção) de maltrato e negligência cresceu
inevitavelmente, do mesmo modo que aumentou o número de aqueles que sofrem
demência senil, do tipo Alzheimer.

Definição e Contextualização dos Maus-tratos e Negligência sofridos por Idosos

Na década dos anos 70 utilizaram-se muitas definições de negligência1 e de maus-


tratos 2aos idosos. Vários são os investigadores que focaram os maus-tratos em
diversas perspectivas: ponto de vista da vítima; do médico; do cuidador; da
enfermeira; do organismo; do assistente social e da política comunitária.
Posteriormente, em 1988 fizeram-se 32 investigações e cada um dos Estados dos
Estados Unidos da América com excepção de um, tinha a sua própria legislação em
matéria de abuso aos idosos. Permanecem ainda hoje questões muito importantes
ainda sem respostas: «O que é e o que não é, maus-tratos a idosos? / E a negligência,
a exploração, e a autoagressão? / Quem deve definir estes termos?» (Estudo de
Hudson, em 1986).

Um dos grandes desafios para os estudos sobre os maus-tratos, não apenas


especificamente em relação aos idosos, reside na definição das categorias e tipologias
que designem as suas várias nuances.

Steinmetz (1990) classifica os maus tratos e a violência contra os idosos em:


1. Maus-tratos físicos: uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que
não desejam, agressões sexuais, queimaduras, provocar-lhes dor e
incapacidade.
2. Maus-tratos psicológicos: agressões verbais ou gestuais com o objectivo de
aterrorizar os idosos, humilhá-los e infantiliza-los.
3. Abuso financeiro ou material: exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou uso
não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais e roubo.

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Negligencia (do latim "negligentia"), é o termo que designa falta de cuidado ou de aplicação numa
determinada situação, tarefa ou ocorrência. É frequentemente utilizado como sinónimo dos termos
"descuido", "incúria", "desleixo", "desmazelo" ou "preguiça". (Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Negligencia)
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Maus tratos – A definição mais utilizada para os maus-tratos cometidos contra idosos é a adoptada
pela Rede Internacional de Prevenção aos Maus-tratos de Idosos (International Network for Prevention ou
Elderly Abuse – INPEA), qual seja: “uma acção única ou repetida, ou ainda a ausência de uma acção
devida, que cause sofrimento ou angústia, e que ocorra em uma relação em que haja expectativa de
confiança” (INPEA, 1998; OMS, 2001 apud Machado e Queiroz, 2002 e Krug et alii, 2002).
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4. Abuso sexual: refere-se ao acto ou jogo sexual de carácter homo ou hetero


relacional, utilizando pessoas idosas. Visam obter excitação, relação sexual ou
práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
5. Negligência: recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos
por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. Geralmente, está
associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e
sociais, em particular, para os que se encontram em situação de múltipla
dependência ou incapacidade.
6. Auto-abandono ou autonegligência: conduta de uma pessoa idosa que ameace
a sua própria saúde ou segurança, com recusa ou fracasso de prover a si
próprio o cuidado adequado.

O gráfico 1 apresenta a distribuição dos casos de violência doméstica por tipo de


maus tratos segundo o sexo da vítima. Predominam as denúncias por agressões
físicas e violência material entre as vítimas do sexo feminino. No caso das vítimas do
sexo masculino também é relevante o número de casos de abandono. A idade média
das vítimas é de 78 anos para ambos os sexos.

Gráfico 1: Número de denúncias por tipos de Maus-tratos e Sexo da Vitima


(Fonte: http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/17.pdf)

Violência Domestica e institucional


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Os primeiros estudos sobre violência doméstica3 contra idosos datam de meados da


década de 1970, com a publicação do artigo “Granny battered” (espancamento de
avós) em 1975, realizado por Eastman e Sutton. Estes referenciam que nos Estados
Unidos, 42% das pessoas maiores de 65 anos estão sob os cuidados de algum
parente, afirmando também, que «nos Estados Unidos, as provas indicam que 10%
das pessoas ao cuidado de familiares são uma situação de risco».

Durante a década de 70, Hocking directora de um estudo sobre as lesões não


acidentais (NAI) entre os idosos, afirma que um (1) em cada dez (10), vive uma
situação de risco e um (1) em cada 1000 sofre mau trato físico.

Dados muito recentes proporcionados por Oggy e Bennett, em finais de 1992,


(baseados numa ampla revisão de Office of Populations, Censuses and Surveys em
Maio desse ano) indicam que numa experiência com pessoas maiores de 60 anos, a
agressão verbal era muito mais significativa que o mau trato físico ou abuso financeiro.

Os estudos sobre a violência contra os idosos nas instituições, foram desenvolvidos


durante a década de 70 e no princípio dos anos 80 elaboraram-se numerosos
relatórios qualitativos, baseados em estudos de casos. Lau e Krosberg estudaram 404
pacientes da 3ª idade que foram acudidos em Chronic Illness Center de Cleveland,
Ohio e verificaram que 9.6% haviam sofrido algum tipo de maltrato. Constataram que
75% deste grupo sofria graves lesões físicas e mentais.

Pillemer e Moore, estudaram uma amostra aleatória de 577 enfermeiros e ajudantes


de enfermaria que trabalham em instituições. Não reportaram os dados que obtiveram
sobre os maus-tratos físicos e psíquicos a percentagens a nível nacional ou regional,
mas concluiu-se que «os abusos foram suficientemente alargados para merecer o
interesse público» e «podiam ser parte normal da vida das instituições».

Alguns investigadores no Canadá não prestaram uma especial atenção aos maus-
tratos nas instituições, embora Podnieks registe este ponto com bastante
preocupação.

A Grã-Bretanha teve, a sua cota de investigações oficiais sobre a ocorrência de


práticas abusivas nas suas Instituições. Um dos maiores “escândalos” teve lugar em
Nye Bevan Lodge, em Souythwark, Londres, no qual um comentarista escreveu: «É

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Violência doméstica é a violência, explícita ou velada, literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar,
entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos,
irmãos etc.[1] Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos,
e violência contra a mulher e contra o homem geralmente nos processos de separação litigiosa além da violência
sexual contra o parceiro. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Violenciadomestica)
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evidente que quando os idosos residentes com as suas capacidades empobrecidas,


os obrigam a comer as suas próprias fezes, não se presta nenhuma atenção, são
maltratados fisicamente ou são forçados a pagar dinheiro ao pessoal que deveria
cuidar deles, e desta forma contribuem para acelerar a morte, é algo que está
realmente mal».

Wigdor em 1991, refere que as «decisões judiciais sobre casos de maus-tratos em


instituições residenciais gerou jurisprudência em várias províncias, podendo ser
considerados indícios de que as queixas de maus-tratos são reais e frequentes para
exigir uma acção legislativa».

Perfil dos agressores e das vítimas

Vários autores sugerem um determinado perfil para aqueles que são considerados as
possíveis vítimas.

Assim, Eastman (1984), considerou que a maioria são mulheres acima dos 80 anos
que são dependentes devido a incapacidade física ou mental, têm propensão a serem
vítimas, defendendo que este problema não está confinado a nenhum grupo social em
particular.

Já Hocking (1988) considera que são particularmente mais vulneráveis mulheres com
demência e com mais de 80 anos, com doença de Parkinson, doença cerebrovascular
que pode manifestar dificuldades de comunicação, dificuldade em ouvir, imobilidade e
incontinência. Também afirma que «os estudos norte-americanos mostram que a
típica vítima é mulher, com mais de 75 anos, sem ocupação, com impedimentos
funcionais, solitária, amedrontada e que vive em sua casa com um adulto».

Tomlin-British Geriatrics Society 4(1989) sugere que os idosos mais vulneráveis são
aqueles que têm mais dificuldade em comunicar e os que mostram variações de
autonomia, os que têm demência e doença de Parkinson.

Nos EUA, Hall (1989) estudou cerca de 284 casos de abuso e maus-tratos utilizando
um completo e elaborado relatório do que se verificava. Hall encontrou 43 actos ou
situações distintas relacionadas com os 284 casos. Dois destes elementos
apareceram em 15% dos casos e em 63% apareceram dois ou mais elementos de
desatenção. Posteriormente, os itens que com mais frequência se repetiam eram: a) o

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British Geriatrics Society – É uma associação de médicos, enfermeiros, terapeutas e cientistas com
um interesse particular na assistência médica da pessoa mais frágil e na promoção de melhores
condições de saúde na velhice. O BGS é a única associação profissional, no Reino Unido, de médicos
que exercem medicina geriátrica. (www.bgs.org.uk/)
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cuidado da pessoa e do espaço em que se encontrava e b) não procuravam atenção


médica.

Hall refere ainda que pode ser grave a deterioração da vítima visto que facilita a
produção das mais extremas formas de abuso físico. A utilização indevida dos
recursos da vítima (roubo, mau uso dos recursos) constitui 14% do total. Hall identifica
os indicadores mais comuns de abuso «não entender devidamente a saúde da vítima
e o não proporcionar os cuidados médicos»; o roubo de recursos materiais; mau trato
físico (incluindo espancamentos, empurrões, bofetadas e agressões sexuais), mau
trato psicológico e emocional (uso de insultos, abandono durante largos períodos de
tempo, agressões verbais); e violação dos direitos dos idosos (restrição dos
movimentos, imposição e abandono). Tal lista exemplifica a ampla variedade de actos
abusivos que podem presenciar-se e que durante os anos 80 comprovou-se cada vez
mais.

Nos centros assistenciais nos EUA, o investigador Halamandris em 1983, evidenciou


uma escala de maus-tratos entre os quais se incluíam actos como roubos de fundos
dos pacientes, falsas reclamações por parte dos «cuidadores», terapias fraudulentas,
cargos em gastos farmacêuticos e inclusive crime organizado. De modo similar,
Stathopoulos, alertou para o abuso económico, violação de direitos civis (falta de
privacidade, de direito ao voto, etc.), negligência, mau trato psicológico, maus-tratos
em distintas formas.

O gráfico 2 apresenta o perfil dos agressores. Pode-se perceber a prevalência dos


filhos, netos e a família de forma mais ampla como os principais agressores
domésticos dos idosos.
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Gráfico 2: Numero de Denuncias segundo o perfil do agressor e o sexo da vítima

(Fonte: http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/17.pdf)

Casos de violência contra idosos

Situações relatadas neste livro:

1) Feridas faciais

Uma idosa de 80 anos estava casada com um homem rígido e de traços obsessivos, a
quem estava muito unida. Ele ao longo da sua vida, muito preenchida
profissionalmente, permitiu que a sua mulher tomasse todas as decisões. Entretanto, a
mulher iniciou um processo de demência, afectando a sua fala, o seu modo de vestir e
a sua concentração. O marido ocupou-se então de todos os aspectos da sua
existência, apesar da resistência da sua mulher, cada vez mais forte. Dado que o
marido, progressivamente, foi abdicando dos serviços que lhes eram proporcionados,
nomeadamente: assistência domiciliária, ajuda no banho, enfermeira distrital, e apoios
sociais e assistência psiquiátrica comunitária - começou a bater-lhe no rosto com as
mãos, braços e ombros, e apresentava além disso, marcas de patadas. Finalmente o
marido admitiu que lhe batia, e diagnosticou-se uma depressão. A senhora voltou a
receber assistência continuada, à qual resistia de modo violento batendo mesmo a
qualquer pessoa que tentava ajudá-la no banho e na higiene.

2) Marcas de dedos

Um casal, de 74 e 76 anos de idade, esteve unido durante 40 anos. Oito anos atrás,
ela começou a mostrar sinais de demência, problemas de linguagem, falhas de
memória a curto prazo e distracções. Descobriu-se que ela tinha cancro e quando
recorreu ao hospital de dia, estava extremamente angustiada e começou a mostrar-se
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assustada. Apresentava repetidamente hematomas no rosto, assim como hematomas


nas mãos e braços ocasionados pela tentativa de segurá-la. Os seus dedos estavam
deslocados devido a lutas e reviravoltas e, de igual modo as suas orelhas apareciam
magoadas devido a serem puxadas. Dada a situação foi mantida em observação. O
marido argumentou que perdia a paciência quando ela não se mantinha quieta
enquanto a vestia; à hora da comida ou enquanto esperavam a ambulância que a
levava ao hospital de dia.

3) Fracturas e marcas de pés

Um idoso de 74 anos, que estava no hospital, verbalizou ideias paranóicas quando


chegou o momento de ir para a sua casa. Estava atemorizado mas não queria explicar
o porquê. A sua esposa parecia ter uma personalidade agressiva e ambos davam a
impressão de serem bebedores habituais. Um exame físico detectou no corpo do
marido, hematomas suspeitos; as radiografias mostraram fracturas, tanto novas como
antigas, nas costas. A sua sogra, de 94 anos de idade, revelou, finalmente, que tinha
aconselhado o seu genro sobre o que fazer quando a sua mulher tinha os seus
acessos de raiva, algo que vinha ocorrendo a intervalos de um mês. Descobriu-se que
ela lhe batia quando ambos estavam alcoolizados, e só se deu conta do caso quando
se fez uma consulta médica rotineira.

4) Efeitos psicológicos

Uma viúva de 76 anos que sofria um moderado grau de demência e insuficiência


cardíaca vivia sozinha e permanecia isolada na sua casa. Costumava convidar para
sua casa os meninos do bairro, que faziam recados, como por exemplo ir comprar
tabaco. No princípio começou a desaparecer dinheiro e alguns bens pessoais. Em
seguida, um gangue de bandidos interessou-se por ela.Torturavam a mulher para
roubarem o dinheiro da sua poupança, e para isso o método que utilizavam consistia
em queimá-la nas pernas com um isqueiro. Foi internada num hospital com
queimaduras graves e, depois, para sua própria segurança, num lar de terceira idade.
Não se conseguiu encontrar os culpados.

5) Maltrato físico grave

Um viúvo de 72 anos, com um grau moderado de demência, vivia sozinho em sua


casa. A sua principal distracção consistia em criar periquitos. Quando se via submetido
a situações de ansiedade a sua memória a curto prazo sofria uma grande
deterioração. A sua família mostrava-se muito céptica em relação a viver sozinho,
apesar da considerável ajuda que ofereciam e o desejo do idoso de viver por sua
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conta. Numa ocasião em que ele foi convidado, como de costume, a passar com a
família um fim-de-semana, em vez de ir para casa, ele entrou num lar privado. Quando
começou a querer sair dali, de forma violenta, foi internado num hospital mental de
outro distrito, e não o levaram ao seu hospital de origem. Não tardou muito em ser
transferido para uma residência de idosos com transtornos mentais, lugar no qual
permaneceu de modo permanente. Imediatamente, a família foi para o seu
apartamento.

6) Sinais de negligência

Um homem de 68 anos sofria de Alzheimer moderado, apresentava uma pobre


memória a curto prazo e afasia nominal e incontinência. A sua mulher negava – se a
aceitar o irreversível desta situação e invertia a maior parte das suas energias em
levá-lo a diferentes especialistas, médicos ou não. Alguns dos tratamentos não
médicos provocavam muitas discussões, como um que pretendia curar a sua
demência mediante umas fricções com pomada no couro cabeludo. Quando,
finalmente, admitiu o avanço da doença, ela testemunhou que o seu marido tinha sido
enganado, para que nada de mal lhe acontecesse. Isto era ilegal, e clinicamente
injustificável. A família rejeitou qualquer oferta de ajuda e, no final, encontraram uma
residência de regime fechado. Amarraram o paciente a uma cadeira para impedi-lo de
andar um lado para o outro, coisa que a família aprovou com satisfação. O idoso
morreu dois meses após o seu ingresso.

7) Abuso Sexual

Uma mulher de 69 anos, que participou de um centro de dia, estava cada vez mais
esquecida e débil. Quando lhe davam banho notaram hematomas na zona genital e
decidiu-se falar das relações sexuais que mantinha com o seu filho. O facto de na sua
casa existir um só quarto levou a pensar que esta relação era duradoura. A sua
condição física piorou e desenrolou-se uma forte dependência do filho. Tinha
dificuldades para resolver os seus problemas a nível emocional. Depois de
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aconselhamento ténico teve uma relação o mais normal possível e não se observou
mais abusos sexuais.

Conclusão

Neste capítulo verifiquei que são variadíssimas as formas de violência a que o idoso
dependente está sujeito: maus-tratos e abusos físicos, maus-tratos psicológicos,
negligência por abandono, negligência medicamentosa ou de cuidados de saúde,
abuso sexual, abuso material e financeiro, privação e violação de direitos humanos.
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Os maus-tratos contra os idosos praticados pela família e pelos cuidadores são muitas
vezes agravados pela falta de preparação, e pouca sensibilização para a velhice.
Quanto maior for o índice de dependência do idoso e a precariedade social, mais
provável é ocorrerem situações de maus-tratos.

O abandono, a desqualificação da sua personalidade e experiência, a infantilização, o


atropelamento ao direito de ser ouvido, a negação de um espaço físico onde se possa
sentir seguro, ou a interdição para a administração dos seus próprios bens, são formas
comuns de violência contra os idosos. A super protecção também pode ser uma forma
dissimulada de agredir, impedindo o idoso de fazer coisas para as quais tem
condições plenas.

As diferentes formas de violência alimentam sentimentos de culpa, de solidão, de


dependência, de inutilidade, e aumentam o desamparo, a confusão e a dúvida nos
julgamentos e juízos sobre mundo que rodeia o idoso. Tudo isto se traduz numa perda
da auto-estima.

Algumas pessoas acreditam que providenciar tratamento e medicação adequados é


suficiente para preservar a saúde e o bem-estar dos seus familiares mais velhos. Mas
providenciar tratamento e medicação não chega. É preciso fazer mais e melhor! Não
adianta tentar aliviar a consciência dando o melhor tratamento médico, quando se
nega um carinho, uma visita ou um telefonema. O acompanhamento, a estimulação, o
amor e a atenção oferecem ao idoso a oportunidade de ser útil a si mesmo e aos
outros, de se divertir, aproveitar a vida, em suma, de viver.

É preciso mudar esta mentalidade voltada para a morte. Temos que transformá-la num
maior investimento na melhoria da qualidade de vida do idoso, estimulando-lhe o
prazer e a alegria em estar vivo.

Bibliografia

DECALMER P.; GLENDENNING F. El maltrato a las personas mayores. Barcelona;


Paidos Trabajo social, 2000: 241-301

Websites

• http://pt.wikipedia.org/
13

• http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/

• http://www.bgs.org.uk/

• http://www.inpea.net/weaad.html

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