Sou o sol na fresta
Que o tempo abriu
Na aba larga do chapéu
Poeira e fuligem
Estrelas sem brilho
Nuvens, açoites do céu
Filetes de luz
Dançando na fogueira
Do rosto trigueiro
Resto de pão
Que a fome matou
Do homem carreteiro
Carretas rangentes
No asfalto de areia
Rincão dos meus dias
Sou marcas escritas
Nos sulcos cavados
Do barral da olaria
Sou o que sei, não sou nada, acordei
Sou o barro em gota
No bico de pena
Do barreiro, sem ter onde pousar
Picana de cana
Cansada da fustiga
Sonhando, querendo mudar
Árvores plantadas
Podadas no caminho
Pela mão do vento
Crianças sadias
Das favelas penduradas
Em quadros frios do tempo
Vivo colorido
Das matas desenhadas
Em preto e branco
Sou pranto calado, em rosto de guerra
No peito de tantos.
j
Queres que eu morra pra te buscar
Não sabes mais andar sozinha
Ainda tenho mais, não és minha
Amiga, sinto agora
Mas não sou teu par
Dancei contigo
E agora teu inimigo
Me espera
As estrelas já iniciaram
A eterna melodia
Preciso ouvir e ver
O sol iluminando meu dia
O outono está partindo
Dando lugar à primavera
Amiga, cubrase! Aqui está tua veste
Não precisa mais ficar nua
Já me deste o suficiente
Para aprender e sofrer
Aprendi teus caminhos
Tua linguagem
Mas, enfim, obrigado!
Depois da morte aprendi a viver.
j
Se um dia decidirmos o adeus
Dessa passagem, intransferível
Seremos conscientes e resistíveis
Analisaremos os erros, nossos, meus
E na condição de um fim
Começaremos tudo de novo
Reconstruiremos nossa tempestade
Que o fogo queimou
Injusto ou não
Em nós, em mim
E seguiremos, quem sabe
O nosso fruto
Terá o pouco do nada
Para dar continuação
Em nosso começo
Pois até então
Ainda somos dois
Em uma infinita estrada.
j
Fui em busca
Da minha realização
Mas a chuva molhou
Minhas vestes
Mostrando minha derrota
E meu teste
Para uma nova tentativa em vão
Retireime para o meu reino
E tirei minhas conclusões
O que mais poderá ser contra mim
Se o que é chuva para ti
Para mim pode ser sereno
Joguei minha fantasia
Ainda molhada
E aplaudi minha esperança
Em gargalhada
E esperei você perguntar:
E nós?
Logo tomaste forma
Em meu pensamento
E veio a madrugada
E do nosso momento
Restou apenas ansiedade
Da escolha entre eu e a minha voz.
j
Agora
Que entreguei
O meu corpo
Como se fosse
Um porto
De barcos que vão e vêm
Agora
Que os meus beijos
Matam outros desejos
De lábios
Que não conheço bem
Você quer voltar
Agora
Que meus ouvidos
Escutam
Outros pedidos
De alguém
Que às vezes
Não conheço
Agora
Que em minha alma
Não existe
Mais calma
E mais e mais desmereço
Você quer voltar
Não, não devemos mais
Recomeçar no amor
O que existiu
Ficou no tempo
E o tempo matou.
j
O meu grito exclama
O reflexo
Da minha voz em chama
E seu eco bem fraco
Escama notas pequenas
No couro das damas
Ficando apenas tramas
De um ritmo desafinado
Se o meu tom interfere
No arcoíris
De nada adianta
Você me agride
Em forma de raios de sol
Mas não importa
Eu sou o som das nuvens
Em trovão
Que muito em breve
Em chuva virarão
Para molhar o chão
Dos que vivem então
Em seus lugares
Torrão de terra
Que espera sementes
E eu sei; essas brotarão
E elas precisarão
De seus raios
Não as queime
Apenas esqueça...
j
Aqui estou eu
Exposto no tempo
Preso pelas mãos
Frias dos ventos
Seguindo rumos
De cabeças perdidas
Erguendo bandeiras
Em terras vendidas
Fugindo dos braços
Amarrado a teus pés
Segurando a barra
Sabendo quem tu és
Plantando sementes
Sem tempo de cuidar
Fingindo inocente
Ao ver a guerra matar
Aqui estou eu
Um homem da rua
Ao som do violão
Falando da lua
Jejuando amor
Morrendo de fome
Sugado pelas leis
Criadas pelos homens
Desenhando as mãos
Na areia quente
Fitando um corpo
Que os olhos mentem
Retirando as pedras
Para o mundo passar
Pelo furo d’agulha
Pra todos nós se amar
Aqui estou eu
Sorteado ao nascer
Vivendo e aprendendo
Pra um dia morrer
Desvairandome
Num grito cálido
No vazio da multidão
Escutando o silêncio
Da minha canção.
j
Te encontrei em um mundo diferente
Onde o amor e a amizade
São duas meras igualdades
Antes e depois
Do nosso contingente
Da minha dúvida
Do meu incerto
E meu certo
Te amo quanto mais te conheço
Te quero quanto mais
Te esqueço
Tenhote distante
Quanto mais ficas perto
Afinal não sei de onde veio
E nem pra onde vai
Só sei que minha alma se esvai
No afã de te encontrar
Te amo
Já não preciso dizer
Pois vejo em você
A razão de ser
O motivo porque as águas
Juntamse e voltam para o mar.
j
O cenário
Que mais me impressionou
Foram as imagens
Dos nossos corpos nus
Na hora do amor
A refletir na parede
Branca do quarto
Com o reflexo da lua
Vindo pela janela entreaberta
Suas roupas amassadas
No canto da cama
E a minha alegria
Ao sentir que estava
Consciente e certa
Seu corpo suado
Seus cabelos molhados
Seus lábios quentes
Seus abraços
Seus olhos meigos a brilhar
O transporte de um tempo
Para o outro
E o cansaço
Os corpos que adormeciam
O silêncio entre penumbra
A paisagem de amor
O cheiro de amanhecer
Um novo sol
Anunciando uma nova vida
E depois o adeus
E o meu anoitecer.
j
Tanta mensagem
Muito pouca ação
É desse jeito minha gente
De lado é melhor que de frente
Tantos homens
Que partem pra guerra matar
Sem saber se adianta vencer
Vendo o sangue correr
O mundo seria bem melhor
Com divisão
Só haverá fome
Enquanto houver
Esta má distribuição
Tanta gente
Que não sabe o que tem
Esbanjam em banquetes tão nobres
E esquecem a fome dos pobres
j
E agora solidão
Mergulhasteme no teu oceano
Queres que eu sobreviva
Do teu nada
Confusões mil
Em minha estrada
Não sei se sigo
Ou se paro
Para provar o teu engano
Porém quase saciada
A vontade de viver
Paro e penso no meu depois
Preciso destruir este elo
Entre nós dois
E buscar amor, amar
E fazer gente do meu ser
Solidão, você me devora
Mas sem culpa
Eu te busquei
Não quero desculpa
Quero apenas deixar livre
O teu caminho
E seguir o meu sozinho
j
Hoje você se fez
Presente na minha lembrança
Imaginei teu corpo
Molhado junto ao meu
Teus lábios quentes
Murmurando aquele adeus
Teu oceano
Vazio e sem esperança
Esperança que ficou
Esquecida por você
Partiste, tantos anos
Talvez não sou mais nada
Ou quem sabe o platonismo
Te faz calada
Junto a alguém
Que te faz viver por viver
Já sonhei
Amei o bastante
Mil enganos
Pois nunca amei ninguém
Como ainda te amo
Embora ausente
És meu motivo, minha doce saudade
És a razão pela qual
Sobrevivo da lembrança
Fazendo o muito
Desta pobre esperança
Pois sei que ela vai alimentar
Muito e muito
Até que tudo seja realidade
j
Exílio é estar calado
Com tantas coisas pra dizer
É ouvir o que os ouvidos não querem
Sentir o que o coração rejeita
É apertar a mão por interesse
É olhar nos olhos das pessoas
Que se escondem por trás de sua falsidade
É ferir a integridade passiva
É ter que descer para acompanhar
É ter que falar e respeitar cousas pobres e vazias
É não aprender mais nada
É ter que admitir a inferioridade
Pra satisfazer o ego dos demais
É ter que ouvir todos os anseios
Sem poder expressar a vontade
É o desejo de realizações
É pedir clemência na aceitação
Das poucas cousas que muitos
Colocariam num pedestal
É ser um serviçal ignorado sem ser servido
É ter que ocultar o estado político
Como se política fosse uma arma exterminadora
É ouvir sempre não como se o “não” fosse
A única coisa que se pode dizer
Como se fosse o máximo da imaginação
É ter que esconder a própria identidade
Como se identidade garantisse alguma cousa
Na sobrevivência natural do homem
É saber que tudo poderia e deveria estar melhor
É ter que participar desse mundo tão pequeno
E sentirse intolerável diante da mediocridade
E ter que exigir das pessoas aquilo que elas têm
E não sabem colocar para fora
É ter que parar e não viver
Para dar oportunidade aos outros
É dar a mão no lugar da idéia da imaginação
É estar sozinho no meio de tanta gente.
j
Ah! Se eu pudesse
Ser o sol que aquece
O mundo inteiro
A sentença que liberta
Uma porta mais aberta
O mar e o veleiro
Ah! Se eu pudesse
Em todas as minhas preces
Ficar perto de Deus
E falar dessa gente
Que tão facilmente
Esquece dos seus
Ah! Se eu pudesse
Ser mais ação menos mensagem
Ah! Se eu pudesse
Ser menos enganos e mais verdades
E falar!
Ah! Se eu pudesse ser
De quem esquece
Eternas lembranças
E em momentos de conflito
Ser um poema a mais escrito
Falando de criança
Ah! Se eu pudesse
Sentir quem merece
Ter menos ou ter mais
Acabaria com a guerra
E faria desta terra
Um mundo só de paz
Ah! Se eu pudesse
Ir além do futuro
Ser uma luz nesse escuro
E brilhar!
Mas infelizmente
Nada disso eu posso ser
E muito pouco
Quase nada
Posso fazer
Pra que elas entendam
Que viver é amar
Ao olhar para mim
Vejo que sou pouco
Quem sabe apenas
Mais um louco
Tentando com palavras
Alguma coisa consertar
j
Lojas de brinquedos lotadas
E crianças paradas com o olhar suplicante
Apertando no peito a ânsia de ganhar um ...
Disso eu não queria participar
Mas não devo fugir dessa realidade
Tenho alguém que viaja comigo
Com o mesmo excesso de bagagem
As pedras são as mesmas nas quais tropecei
Por certo entende a minha mente tão confusa
Perante tantas coisas
Que aqui seria difícil relacionar
Na minha luta interminável da aceitação
Eu sei, poucas pessoas entenderiam meu ego
Quase sempre ignoram a forma da qual eu penso
Mas nada pára, tudo continua, tudo se transforma
E quando eu for fim, outras coisas começarão
E a tendência de tudo é de se unir para vencer
Mas quando... quando? Sem luta nada seremos.
j
Ontem à noite
Fingi ser um louco
E saí à rua
Procurei com as estrelas conversar
Em uma linguagem cósmica
Elas me falaram tantas coisas
Que eu não tenho coragem de contar
Uma força estranha
Quase me fez admitir
Que em outro mundo eu estaria certo
Fui transportado
Como um rei pelo espaço
E quando cheguei
Mostraramme o erro
Em que eu pensava certo
Uma, ironizante, me falou:
É a mente!
Eles nunca entenderam
Um fingido demente
Que não tem razão pra se esconder
Outra murmurou:
Venha para a nossa, seu bobo!
Apavorado, corri e tropecei
Na tua pedra e caí no lodo
E quando levantei, surpreso,
Ali estava você.
j
Hei! Que vida é essa
Cheia de surpresa
Ganhamos ou perdemos a toda hora
Ganhar sempre é uma vitória, uma satisfação
Perder é tirar um pedacinho da gente
É desilusão, dói e machuca
Mas nada é eterno, tudo é transitório
Ganhar, sempre aceitamos
Mas perder, nunca
O ser humano é engraçado
Vive em busca de sempre ganhar
Adquirir coisas novas
Mas nunca pensa
Que enquanto ele está ganhando
Há um perdendo
Enquanto um ganha uma nova amizade
Há um outro irmão perdendo seu ente querido
Vamos! Grite, sorria, faça alguma coisa
Enquanto ainda pode
Há sempre alguém esperando
Uma manifestação sua
Seja você, viva!
Pois a vida também é transitória
Um dia você se vai para deixar lugar para outro
Você tem uma missão; cumpra!
Não seja covarde
Tudo só vale a pena
Se você tiver algo a oferecer
Não seja egoísta
Faça alguma coisa
Para que alguém ganhe de você
Um bom presente
Seja o Papai Noel dos angustiados
Dos pobres de espírito
Só assim você vai ver resultados
De que a sua vivência valeu a pena.
j
Você habita nosso ser
E nós assumimos teu meio
Dançamos neste mundo alheio
Nos embriagamos para não ver
Os outros nos vendo
Vestimos uma máscara injusta
Bordamos nossa vida oculta em trapos
Que logo fica sendo
A imagem da nossa eternidade
Nos olhos da fertilidade
Baseada nos seus confusos conceitos
Mais tarde você vai embora
Depois que amarraste nossa outrora
Foge apagando a chama
Que resta em nosso peito
j
Nos teus olhos eu vejo
A profundidade do infinito
O azul imenso do mar
A estrada longa e aberta
O enigma de um eco
E um coração a cantar
Na tua boca eu vejo
O sorriso da Monalisa
O palavreado de um despertar
O murmúrio de um afago
E o eco de uma canção de ninar
Na tua mente eu vejo
Idéias mil a saltar
Desejos bem definidos
Cada coisa em seu lugar
E o pensamento louco de amar
j
Vê! É meu sangue que brota
Das veias revoltadas
E da boca calada
Surge um grito que lota
Paz no meu abrigo
O branco se transforma
Amor tem outra forma
Mas tem a ver comigo
Sou eu quem voa
De porto em porto
Sou eu quem desenha
Em teu corpo
O resto de mim
Sou o que vibra
E ponho vida
Nesta tua saída
Sem adeus e sem fim
j
Teu instinto
Supera a razão
Ficas nua
Para agredir
Minha mente homem
Sacia meu desejo
Mata minha fome
Deliramos em um tom
Negra escuridão
Não sabes
Eu também
Apenas vivi
Em teu corpo
Minha eternidade
E no quarto
Brota uma paisagem
De amanhecer
Depois de nós
Antes de ti
Outro mistério
Passa por mim
E você fica
Sendo o fim
De um começo
De uma nova vida
A noite chega
A lua me arrasta
Quem é você não basta
Já sei, outra razão
Vai existir
Em minha estrada
j
Ilumine
Os caminhos claros
Desta multidão
De sonhos raros
E devastados
Ilumine
Toda mesa vazia
Toda casa
Pobre e fria
E os desafortunados
Ilumine
A criança abandonada
A voz sem força
Tão calada
Das pessoas pobres
Ilumine
A razão da igualdade
A justiça e a fraternidade
E que o amor sobre
Ilumine
Tudo que precisa mudar
E o céu, a terra e o mar
Ilumine
Este pedaço de terra
Diminua a luta
E a guerra
E a conquista inútil
Ilumine
As pessoas tristes
E aquelas que insistem
Os outros ferir
Ilumine
As leis tão confusas
E afaste
Todos que as usam
De forma tão hostil
Ilumine
A força de vencer
A vontade de viver
E a garra pra seguir
Ilumine
Tudo que precisa mudar
Ilumine
O céu, a terra e o mar
j
Inerte em minha sorte derradeira
No alvo da minha infelicidade
Verte a morte companheira
No diaadia da minha saudade
Saudade de um passado presente
Que me apavora e me alucina
Que ativa repentinamente
Os mistérios que envolvem minha sina
E agora, com o corpo aberto
Enfrentarei esse mundo incerto
Que faz do meu ser lama
Que outrora matou o realismo
Embora mergulhado neste abismo
Mantendo acesa, em meu peito
Esta chama...
j
Liberdade é saber da existência do sol
É poder sentir o seu calor
É saber que chove
E poder se molhar na chuva
É saber que em cada contexto humano
Existe um enigma
É saber aceitar sem ser aceito
É poder ter raciocínio próprio
Sem ser medíocre
É saber onde está sua linha de divisão
Entre seu ego e o dos outros
Isso é liberdade ...
Não sermos escravos ilusórios
De nossas fantasias
Do passado
Das recordações, enfim ...
A liberdade existe
E está dentro de nós
Libertese ...
j
Minhas andorinhas bailam
Como vampiros no quintal
Formam nuvens pretas
Dividindo o bem do mal
De meu sangue brotam
Paisagens secas
Quase invisíveis
Sintome com os braços na tipóia
Rastejando em busca de jóias
E encontro o baú, no horizonte
Volta a primavera
E as andorinhas
Estão à minha espera
Bailando ao redor
Da potável, insaciável fonte ...
j
Fugi da morte em vida que vivia
E fui sonhar com a realidade
Mas adormeci no leito frio da falsidade
E quando acordei, percebi
Que eu apenas fingia
Não sei se para mim ou para o mundo
Pois as flores continuavam sendo fantasia
Minha barreira foi desmoronada
Pelos que viviam num mundo egoísta
E um tédio profundo invadiu meu ser
Ainda de olhos fechados
Percebi que não tinha me encontrado
Pelo menos para aqueles
Sem noção do tempo
E agora perante toda essa realidade
Sintome bem acordado
Vendo o dia de amanhã
Caminhar do meu lado
E a minha morte voando
Como folhas secas ao vento ...
j
Um suspiro de flor
Vem do jardim
E um bando de aves
Explode do céu
Jogas o meu vencer ao léu
Lembras o que não existe
E esqueces de mim
Me faz confuso
E eu te pergunto:
Por que o vazio
Está no que vejo?
E tu demonstras o pejo
Misturando nossas idéias e assuntos
Falamos de coisas sensíveis e brutas
Minha miséria depois da luta
Irresistível da aceitação
Pintei nossas imagens
De todas as cores
Mas elas, suspirando entre as flores
Rejeitam a nossa situação
j
Abri a lixeira do mundo
E entre coisas apodrecidas
Encontrei sementes esquecidas
Que hoje germinam meu tudo
Brotam num silêncio misterioso
A gana sádica e a cisma
O que prospera, perdese em rimas
Desajustadas, em vão gloriosas
Se perturbam minhas atitudes
Minhas misturas
Não sei, mas não fujo
Do que procuras
Em atos mesquinhos
Me desfazer
Eu ainda vou com asas brancas
Depois de ti
E o preto
Que em mim sumir
Reencontrarás depois de viver ...
j
Silenciou minha paz
Tumultua dentro de mim
O que diz ser fim
Da guerra viva
Atrás de altas muradas
Descidas intermináveis
Lembranças amáveis
De longas madrugadas
Pára! Eu ocupo inteiro
Seu corpo guerreiro
Não adianta buscar horizontes
O que ganho você recebe
Você morre, e eu entro em greve
Comigo, e com o mundo de ontem.
j
Estou adormecido
Em meus pensamentos
E dos bolsos brotam
Flores e você pisa esquecida
Das mãos fogem os pássaros
Que já estavam de partida
E vão aplaudir teu canto
Fingido de bons momentos
Não estou em lugar nenhum
Se você diz ser tudo teu
Não quero nada ter
Se já tenho nada
Sou de muitos a luz, a estrada
A morte que brota do meu eu
Faz ver que tenho em mim
A água que molha teu rosto
A fantasia veste teu desgosto
Mas tenho as mãos que seguram
Em meu peito a crença
Enfim sou o homem
Resto de mulher
Que busca tudo
Tem e nada quer
Mas sei amar
E reconhecer a tua diferença.
j
Noite, tua negridão
Me dá outras cores
Das coisas que me rodeiam
Umas você acentua
Outras você desmerece
No teu seio
Com você, os sentimentos
Brotam como flores
Em jardins silenciosos
É na tua calada
Que você mantém
Sempre a metade do planeta
Sobre o teu véu de boêmia
Os grandes poetas
Te enfrentam com olhar de criança
E coração de mãe
Sempre disposto a amar
E eu, noite, aqui estou
Como tantos, só te acompanho
No teu sempre amanhã
Que vem para dar paz
Aos espíritos agitados
Do dia ...
Noite amiga dos inimigos irmãos.
j
Onde estás
Na minha poesia
No meu canto
Na minha alegria
Na minha saudade
Ou na minha paz
Nem sei
Meus dias lindos
Ficaram para trás
Que confusão
Onde estás
Jamais verás meu pranto
Pranto e vontade
De correr dessa indiferença
Caminhar sem rumo
E sem regresso
Prenderme nisso ou naquilo
Liberdade já não penso
Pois nada me importa
Sem a tua presença
Incrível como fui achar
Razão em um só momento
Tudo foi passageiro
Qual folha ao vento
Mas marcaste o meu caminho
Este amor completaste
Sem nada pedir
Senti paixão
Como nunca senti
E agora onde estás
O que será de você
E de quem será teu carinho?
Onde estás ... ?
j
Quando andorinhas pairam no céu
E a brisa descansa sobre a colina
O mar se enche de graça
Em sua dança
E nós aqui com garra e gana
Decidimos nossas andanças
De dois para um só
No livro de nossas vidas
Viramos a folha do passado
E vimos ilustrado
Nosso presente amado
Queremos do nada o tudo
Do nosso amor o conteúdo
De nossas alianças o mundo
Vivemos a vida sem tempo
De um minuto curtido a um século
Nos objetivos
Trançamos o nosso amanhã.
j
Quero mil luzes e pingentes
No rosto de cada um
A expressão do que sente
Não quero ver muita gente
Só amigos da mente
Que sobrevivi
Não quero ver ninguém triste
Pois no meu rosto existe
A expressão da morte
Que outrora senti
Ela não me amedronta muito
Pelo contrário, a gente se encontra
Com a paz e a imensidão
No trabalho que tive de plantar
Semente de grão em grão
Em sua mente eu sei
Que alguma coisa vai germinar
E crescerá, crescerá, eu sei
Que vai me alcançar lá no alto
Vai morar e muitos frutos irá me dar
Quando no destino eu chegar
Haverá um grande espelho
Para me defrontar
Verei minha massa em pó caindo
E meu espírito subindo
Para me glorificar
Nesse instante somente sentirei
A paz transparente
Que minha morte ausente
Veio me proporcionar
Agora sou uma estrela que brilha.
j
Por motivos mil
Meus pais de duas células
Aqui estou
No mundo de todos e não meu
Na vida tracei batalhas
Vivi, tropecei e venci
Por motivos mil
Hoje relembro de nuvens coloridas
Sorri encima da minha derrota, cresci
Das coisas boas que restaram
Fiz minha máscara
Para minha felicidade sentir
Por motivos mil
Entre deuses torneime mito
Do satanás o anjo imaculado
Tornei o mundo arrasado
Diante de minha visão, voei
Por motivos mil
Da minha mente e espírito
Restaram migalhas de felicidade
Entre séculos vividos
Não eras o tempo
Em muitos segundos parado
No alvorecer de uma realização, amei
Por motivos mil
Dos castelos construídos
Escolhi a cabana
Sonhos vividos, quis a realidade
Das mentiras e trapaças, a verdade
Do novelo de amigos o inimigo corri
Por motivos mil
Continuarei vencendo e amando
j
Sou o ursinho peludo
Que veio do frio
Sem roupa e sem chapéu
Alegrar as crianças
Acender as estrelas
Rasgar as nuvens do céu
E deixar a luz
Brilhar a fogueira
Pra todos pularem
O resto da neve
Que boneco se fez
Pros grandes brincarem
O vivo colorido
Dos brinquedos quebrados
Espalhados pelo chão
Sou o chocolate
Que suja a cara
Mas adoça o coração
j
Às vezes portome
Como um palhaço
Quem sabe tentando
Mostrar meus sentimentos
A criança adormecida
Dentro de mim
Ou mostrar por um momento
A vida que tenho
Sem razão afirmar
Para o mundo
Que não confia em mim
Ainda pensam
Que sou de ontem
E que do seu lado
Sou apenas o fim
Mas esse palhaço
Está dentro de mim
É o maior inimigo
É o muro que de peito aberto
Tenho todo dia que enfrentar
E para mim mesmo provar
Que não sou tão errado
Quando penso estar certo.
j
Feche a porta, não faça barulho
Eles não devem saber da nossa intimidade
Pois somente por maldade
Amanhã alguém pode ferir teu orgulho
Enfim estamos sozinhos
Tire a roupa, mostre a tua realidade
Que dentro desta falsidade
Conheço os belos caminhos
Agora deitese, não durma, pense
A luta pode ser o início de quem vence
Ame o que achar certo
Te realizes de forma precisa
Mas lembrese! Chuva não é brisa
E o nosso amanhã pode estar bem perto.
j
Pintei o que vi em teu olhar
Assinei. Aqui esta o teu retrato
E a tua mente vestida de trapo
Mudou a minha forma de pensar
Passei a mão na tela
Ainda molhada de tinta
E misturei as cores claras
Com as escuras
E fiz o abstrato
Da tua maldade tão pura
E fingi minha felicidade
Mesmo que agora sinta
Que és um quadro diferente
Da minha criação ausente
Do que nada existiu, pra mim!
Não sei até onde foi meu valor
Sem moldura, jogado ao dissabor
Só resta agora recuperarme
Depois desse fim.
j
A esperança de amar da menina
Nasce como flor do campo
Sem ninguém plantar
O galope de um zaino amadrinhado
Queima como fogo
No peito de um gaúcho apaixonado
Lá dos confins do nosso rincão
Vem a nossa história
Sofrida e vestida de glória
Tanta poesia esquecida no tempo
Se arrastando no vento
Como raízes em tapera
O silêncio do mato de pitanga
Reflete na espuma branca
Que escorre junto às águas da sanga
O bando livre dos pássaros
Voando no ar
É toda a liberdade
Que eu vivo a sonhar.
j
Pensei em escrever o belo
E saí à rua
Mas para minha maior surpresa
De amor e de beleza
A cidade estava nua
Mulheres fracassadas
Crianças abandonadas
Buscando em cada olhar uma solução
Mendigos peregrinos
Caminhando, implorando
Um lugarzinho neste chão
Gente mascarada
Sem ser carnaval
Poucos pensando no bem
Muitos no mal
E esquecendo os valores
Do ser humano
Problemas incríveis solucionados
E esse tal de amor
Não passa de documentos arquivados
Nos arquivos mentais
De certos homens
De mente de pano
j
Terra vermelha
Que seu sangue ateia
Onde se espalha
E logo se alheia
Busca nos braços
Um aperto em uma abraço
De alguém que no espaço
Vive em teus braços
Detona entre em amigos
Vence e tornase mito
Trancase em labirintos
E não desmente o já descrito
Fala de amor
Gosta também de seu calor
Detesta falar de dor
E vence a vida com fulgor.
j
Te arranco do seio dessa massa
Que só quer transformar
Nossos lençóis frescos
Em trapos de mendigos
Que nada mais esperam da vida
Quero puxar o véu te cobre
E ver que assim morre esta ira quente
Que corre em tuas veias
Tão frias e sem fim
Os amigos que te rodeiam
Vêem você com espelho
Para te derrotar
Se você nada tivesse de bom
Nunca seria imitado
Você jamais teria amigos
Se não fosse assim como é
Os que são teus inimigos
Esses sim te valorizam
Pelo simples fato de não te aceitar
Afirmam sem querer que você tem tudo
O que eles não têm
Por isso tão mesquinhos se apresentam
Pelo simples fato de dizer não
Você aceita em vão os que disseram sim
Pensei que ainda tivesse
Em cada choro, em cada prece
A sinceridade que resta
Me enganei, vejo agora
Que poderia jogar tudo pro ar
E recomeçar
j
Sou o consolo de quem vive no desespero
Sou o sol que aquece o mundo inteiro
Sou o sorriso de quem não tem motivos pra sorrir
Sou a volta de quem se arrepende de partir
Sou a paz de quem vive na guerra
Sou a solução, sou o universo, o céu e a terra
Tudo isso eu sonhei, não sou nada, acordei
Acordei pra perguntar:
Quem é você pra isolar caminhos?
Este chão não é seu!
Quem é você pra individualizar
Os seres, se todos são filhos de Deus?
Quem é você que critica tudo que vê
Sem perceber o belo que existe em cada ser?
Quem é você, que não entende
O que a vida nos pode dar
Tirar e devolver?
Quem é você, que não sabe e nada faz
Para saber da realidade e da vida?
Quem é você, que pelo grande fato de ser homem
Acha que a sua missão já está cumprida?
Quem sou eu, quem é você, quem somos nós?
Quero perceber, no emudecer de sua voz
A concordância do meu modo de sonhar.
j
Sobrevives em mim
O que foste
Apertase em nossas mãos
Toda nossa história
E o mundo dilacerante
Finge aplaudir
Nossa glória
Escuta; é meu silêncio
Feito mar
Veja minha tempestade
Já quase na metade
Nosso abismo recuperado
Mas nossa luta
Ainda em chama arde
Não temos nada a mentir
Nem tampouco a desistir
Se temos no peito
Nosso mapa indicador
Já nos descobrimos
Sem nada falar
Nossos olhos dizem
O que tentamos desabafar
Eu sei, nosso amor
Nasceu pra viver
Além do amor.
j
Desponta na ponta do arado
Um sol vermelho
E queima o rosto suado
De um pobre campeiro
Reponta e monta em pêlo
E vem pra cidade
Sua mágoa
Escorre na água
Do suor liberdade
Do suor liberdade
Ele não veio aqui
Pra plantar no asfalto
Sementes perdidas
Ele veio buscar
Sua vida
Morta
Pelas promessas
Fingidas
Mais um não em cada olhar
Aponta a ponte
E o chão molhado
Ergue sua trouxa
No ombro ferido
Lá vai ele, estropiado...
j
Aqui está tua esperança
Veio de longe, do horizonte
Veio encher a fonte
Desta impossibilidade criança
Agora tens água à vontade
Eu tenho sede; dême de beber
Levanta meu ser
Que serei tua verdade
Seremos dança, poesia e par
Te engrandecerei, te farei mar
Meu sangue, tua brisa
A molhar nossa areia
E quando nada mais restar de nós
Teremos uma voz
Presente em cada ceia.
j
Estou triste
E é dessa tristeza
Que eu tiro
O pior das minhas conclusões
Enquanto te faço
Céu, brisa e mar
Me faz lixo, mil ilusões
Me arrasta por caminhos
Que eu não conheço
E quando precisas de mim
Sou o tudo
E quando preciso
Sou teu nada
Sou teu abismo
Quem sabe teu lodo!
Me jogas na rua
Em busca de justificação
Ignoras minha situação
Não encontro
Eles são iguais a você
Negas o pouco e tiras o resto
E ainda diz
Esse cara não presta
E depois lambe o último sabor
Que era meu vencer.
j
Molhaste meu rosto
Sacudiste minha mente homem
Ao murmurar: Esqueçame
Foi como dizer: Te some!
Neste tom amargo
De adeus, quase sem gosto
E, depois do amor
Uma realidade
Terei de ter forças
Para dar e enfrentar
E saber que nos encontramos
Antes de errar
Ou antes de tudo ser falsidade
Te encontrei tarde ou talvez não
Não compreendeste
Minha juventude ilusão
Mas pense no pouco que te amo
Se estás sofrendo
E o teu vencer
É longe dos sonhos
Que foram somente teus
Corra nesta escuridão
Tateando o que for teu
Que estando feliz
Estarei vivendo.
j
Você que se propôs viver
Ao meu lado em vida
Largou seu bando de andorinhas
Para fazer seu próprio ninho
Aconchego, resolveu lutar
E escolher uma só estrada
Para sua caminhada desconhecida
Você é muito valorizado
Considerado por meu ser
É ego acordado, bailado
Em cada conversa viagens
De possibilidades, diálogos
Você que agora faz parte
Da minha vida, unida
Tornouse o adubo
De uma semente amor
Que brotou e agora cresce
Deslumbrante, vivendo
Você, que primeiro aceitou
O inferior aceitado
Descobre através de nossa janela
Que o infinito soou para nós
A nossa continuação
Nosso fruto.
j
Vai meu pensamento vai
E pousa anos atrás
Quero recordar
A casa onde eu morava
As figueiras e o bamburral
A terra vermelha de horta
As hortênsias quase mortas
Extinção que me faz tanto mal
A cozinha de chão
A sala sem sofá
Dois quadros na parede
Um quarto sem cama e sem rede
Que saudade me dá
Meu pai no bar da esquina
As calças curtas do meu irmão
Minha mãe na sanga com a roupa
Água limpa, mas tão pouca...
E a panela de ferra no fogão
Avenida e a vila nova
A vizinha com as crianças
A rua que encostava com o céu
A noite cobria um preto véu
E do ontem, só restaram lembranças.
j
Livro: Questão de Valores – Olhar de Frente
Nós ...
Não temos o direito de informar
Como se nada tivéssemos para transmitir
Não podemos ler, como se fôssemos analfabetos
Não podemos dar opinião
Como se opinião tivesse ordem hierárquica
Não podemos contestar nem duvidar
Como se os outros sempre estivessem certos
Não podemos fazer parte de assuntos
Como se da nossa boca somente saíssem besteiras
Não podemos falar do nosso fim de semana
Como se agente não fosse feliz
Não podemos falar da nossa família
Da nossa casa, da nossa roupa, da nossa comida...
Como se elas não tivessem nada de interessante
Não podemos falar das peraltices de nossos filhos
Como se eles não fossem crianças que nos fazem
Existir e sermos felizes
Como que só existissem as grandes coisas.
Só temos que escutar, aprender e executar
Como se a inteligência fosse apenas privilégio
Das pessoas bem sucedidas... e ainda temos que
Achar lindas as atitudes vazias para sermos lembrados.
Só tem uma coisa: poucas pessoas percebem
Que todos nós caminhamos para o mesmo lugar
E por uma questão de egoísmo,
Caminhamos todos sozinhos...
j
Nasci pra
Te completar
Faças de mim
O que quiseres
Meu peito teu abrigo
Serei teu homem
Se fores
Minha mulher
Venha acenda
A luz do quarto
Retire este
Lençol misterioso
Que cobre
Teu corpo inerte
E faças de conta
Que eu te dei uma pousada.
j
Eu não consigo entender
Tantas verdades perdidas
Eu não consigo entender
Tanta gente oprimida
Barradas pra não lutar
Palavras que fazem calar
Esta massa cansada e dividida
Eu não consigo entender
Tanta gente com fome
Eu não consigo entender
A ganância do homem
Que esquece os valores humanos
E flutua nos seus enganos
Sem ver que o ódio consome
Eu não consigo entender
Você por aí malandante
Eu não consigo entender
Pessoas perto tão distantes
Tantas coisas, mas mal divididas
Tantas promessas, poucas cumpridas
Germinando sementes errantes
Eu não consigo entender
Quem ganha com a guerra
Tanta gente que nem sabe o que tem
Nem imagina que exista por aí alguém
Implorando um cantinho nesta terra
Eu ano consigo entender
Quem não entendeu
Que o mundo ainda tem um só dono.
j
Magoame ao colocar nos extremos
Minha mente
E a minha pobreza
Pois considerome
Opulento e fértil
Ao menos no que faço
Tenho certeza
Jamais irei vestir de ouro
Minha face, minhas palavras
Tão verdade
É o exemplo que sou para mim
Marcas ficaram
Pelos caminhos
Da minha viagem
Diaadia as coisas se modificam
Ganham outras formas
E as que ficam
São os restos recuperados
Que amanhã serão
Mais um conteúdo
A ser discutido
A dois e em tudo
Daremos continuação
Lado a lado.
j
Con el pecho cerrado
Y los ojos vendados
Como noche en el alma
Siguen su camino
Sin nada decir,
Nosotros somos así.
Los niños nacen
Junto a la represión
Que podemos hacer
Ahora muy solo
Su cabeza no,
Nosotros somos así
Yo sé, tú también
Que ellos
Están haciendo
Algo
Para cambiar
Los años helados
Ya se puede sentir
En la voz del pueblo
Unido
Mirar hacia delante
El tiempo dilata
Y nuevos vientos
Traerán libertad
Libertad sudada
Esperamos que sí.
j
Entrada proibida
Que coisa estranha
Ordens maldosas
Misturadas com cinismo
Mãos que erguem
Repicam sinos
E eu me delato
Com minha façanha
Sei, sou massa
Colhi minhas próprias flores
Colori o negativo da minha cara
Da forma mais precisa e rara
E cresci em cima dos meus valores
Ora! Eu estou ficando transparente
No meio desta multidão presente
Que ainda não consegui desenrolar
Lá fora, eu sei, o sol existe
A chuva que molha
Gente lendo o ontem
E o amanhã, apenas folha
Sem ver o proibido
Deixa tudo passar...
j
Eu vim aqui
Para consertar
Algum coisa
Que está fora de lugar
Não sei se são as luzes
Do cenário
Que atrapalham em minha cara
Ou se é a cabeça dos homens
Que pra mim é coisa rara
Ou este sugasuga
Do homem pelo homem
Para o banquete da terra
Ou esta gestação
Do ventre livre
Que expele bombas de flores
Tumultuando a paz
Na guerra.
j
Estou só neste quarto vazio
E é desta solidão
Que eu tiro
Motivos maiores e firo
Este amor tão distante e frio
Mil coisas se proporcionaram
A mim
Hoje, neste entardecer
Mas não consigo viver
Nem tirar proveito
Quando está longe de mim
Gosto de você
E em cada rosto
Transporta meu pensamento
Para o seu corpo
E não está aqui
Lavei minha mente
Das coisas que não me dizem nada
E sentei até o anoitecer
E veio a madrugada
E o silêncio
Me conformou por você
j
Nasci da minha morte
Pra viver a minha vida
Encurtei meus caminhos
Pra caminhar em uma
Estrada comprida
Sonhei com a incerteza
Pra acordar na rua
Entendi as mentalidades
E vesti pra não ver nua
Caminhei dentro desta confusão
E aplaudi nos pés da razão
Que destes aos meus atos
Compreendi teus mistérios
E por isso levarei a sério
Nosso dia, nossa verdade
Nosso amor, nosso fato.
j
Vulto inconfundível
De frente sem rosto
Nos olhos um gosto
De planos mil
Raios de luz da luz
Natural do homem
Abundante de fome
Cobre mentes nuas
Prenda minha fuga
Nesta sujeira suga
O meu afã
Retira esta parede
Mas deixa a rede
Posso cair amanhã.
j
Onde foram os pássaros
Que explodiam em nosso jardim?
Calaramse as flores
Que nasciam em mim
E você ficou despida
Não sei porque!
O que então
Mil minutos perdidos
Em longas nuvens – solidão
Isto não pode acontecer
És tudo em mim
E eu em você
Um beijo
Teu sorriso me ata
Teu corpo me mata
Eu espero
Deixo, amor, deixo.
j
Teu silêncio
Me devora
Tua paz
Me põe em guerra
Desbravas
Minhas terras
E te apossas
Da minha outrora
Caminhas
No meu tempo
Estilhaços
De cismas
Me transformas
Em cinzas
E partes
Com o vento
Meu sangue corre
Faz um mar seco
E morre
Pra não navegar
Foges por um oceano
De mentiras
E enganos
Pra não me deixar.
j
Eu, das coisas tão simples,
Da palavra amiga
Dos mistérios contidos
Do amor aos outros
Sem religião definida
Sem política
Sem tempo
Sou passagem
Sou viagem
Dos problemas
Das soluções
Do jeito em tudo
Da crítica
Dos comentários
Das estrelas
Das bobagens
Das palhaçadas
Deste planeta
Das revoltas
Das batalhas
Do amor as crianças
Do querer aos adultos
Do amor à natureza
Do não ao preconceito
De todas as formas de amor
De um monte de coisas
Que você deveria saber
Do sempre mais e mais
Da partícula do teu ego
Da tua própria dúvida
De você
E do próprio eu...
j
Vejo minhas coisas bailarem
Sem ritmo
Sem melodia
Sem dança
Minhas mãos tocam
E não alcançam
Alegria de um lar
Lá fora o vento
As folhas arrastam
Machucam as árvores
Desgalhadas
E você muda
Em gargalhadas
Me diz chega
Você me basta
Tudo balança
Sem se apoiar
O chão com o teto
Parecem se encontrar
E eu vejo
Nosso céu vazio
A luz se apaga
E não mais te vejo
Meu corpo adormece
E depois do beijo
O dia nasce sombrio...
j
Sou uma voz
Que soa
Desafinada
No protesto
Da paz
Sou um corpo
Que dança
Desvairado
No porto
Do cais
Sou outros mais
Que ninguém ouve
Sou uma brisa
Que desliza
Pela boca
Molhada
E envenena
Meu ser...
j
Tanto tempo
Que estamos brincando de amor
Tanto tempo
Que a voz
Entre nós dois se calou
Tanto tempo
Que nós estamos
Perdendo de sermos felizes
Tanto tempo
Que nós juntamos jornais picados.
Não adianta!
Nada mais velho
Que as notícias de ontem
Tanto tempo
Que nós cada vez
Que tentamos encontrar
Uma saída
Neste labirinto
Nos encontramos
No mesmo lugar...
j
Você que em
Cada momento
Faz renascer meus sentimentos
Tão reprimidos
Pelo tempo
Você que em
Cada instante
Planeja meu inconsciente
E eu me sinto
Como o vento
Leve suave soprando
As árvores lá fora
Queria que tudo fosse
Vivido aqui agora
Que tudo fosse festa
Que tudo fosse dança
Que tudo fosse presente
Que tudo fosse colorido
Que tudo fosse
Visto de frente
Mas tudo é amor
“Eu sei que é”.
j
Um rosto louco
Muitas vezes
Serve de diversão
E consegue dar invasão
Nas mentes poucas
Treme seu braço
E não alcança apoio
E em seu redor
Se forma um palco
De pejo e o pior
Quem nele está
Representa o fracasso
Agem assim
Porque não conseguem entender
O que está além de você
E longe da tua realidade
No teu sorriso
Vejo tua falsa alegria
Depois da comédia
Louca e fria
Foge o artista
E tu ficas sem tempo
Sem idade...
j
Mulher que completa
Minha poesia
Mulher meu ouro
Minha lama
Meu sereno
Minha chama
Mulher minha fantasia
Meu abismo
Minha realidade
Meu sonho, meu desejo
Minha paz
Meu ensejo
Meu engano
Minha falsidade
Afinal, o que és
Em minha vida
Minha alegria
Fingida
Ou o complemento
Da minha história
De amor e cor
Não sei, vim de ti
E vivo em ti
O encontro o adeus
O melhor e o pior
Dos sonhos meus
Onde és mar
Céu, estrelas
Mulher e flor.
j
Escuta
Minha canção de dor
Falando do passado
Escuta
A carreta rangendo
Costeando o alambrado
Escuta
O vento lá fora
Derrubando as amoras
Árvores desgalhadas
E você morta
Desbotada
Esquece nossas raízes
Minhas pobres cicatrizes
Abertas
Expressas
Sem nada resolverem
Nem pôster dos Beatles
Escuta.
É um coro de anjos rebeldes
Espalhando bombas no céu...
Já não ouve mais...
Eu também...
j
Do que fiz ontem
Estou mergulhado
Em meus arrependimentos
Sinto a necessidade de perdão
Das mentes que joguei ao vento
Estou confuso comigo
Não sei porque
De mentes que julguei ser maior
Me faz chegar ao ridículo
Com coisas tão sem importância
E o pior!
Que quase esqueci
Da nossa felicidade
Teu dia nossa realidade
Não sei se eu quis fugir de mim
E me esconder da nossa integridade
Caminhamos em silêncio
Pelas ruas da cidade
Quanto tempo perdido
Mas sei recomeçar depois do fim.
j
Depois de tanto tempo
Só tem hoje
Pra ficar
Entre quatro paredes
Contando as horas
Pra chegar
Malas prontas
Roupas bem passadas
Pés descalços
Cabeça ao vento
Lá vamos nós
Gastar e nos gastarmos
Enquanto há vida
Sei que haverá tempo
E menos distância
De mim e de você
Mas já sei que não
Vou morrer
Sem antes sonhar
Areia seca
Água salgada
Saudade malvada
Vai me trazer logo
Meu pedaço vou deixar
Nosso amor, nosso filho...
j
Pena que eu te conheci no fim
Mas teu canto
Mostroume novos horizontes
Tuas mãos em carícias
Buscaram da fonte
Esta felicidade
Que fugira de mim
Vais partir
Mil estradas percorrerás
Quem sabe sempre
Ou nunca jamais
Lembrarás de mim
Ou serei um a mais
Das noites sem importância
Que a vida te dá
E agora parta
Pise firme os teus passos
Aperte esta vontade
De vencer em teus braços
Não olhes para trás
Não existe adeus pelo menos para mim
Pois sei que a luz
Que iluminará teu caminho
Por certo iluminará tua mente
E verás que estou sozinho
Tentando descobrir porque a vida
Me oferece o que está no fim.
j
As cordas
Do meu ego
Afirmam
A tua consciência
Inimiga inocência
Do muito
Que te nego
Sou capacho
Palhaço
Neste palco
Sem almejar
Um futuro
Cego tramar
No que faço
E desfaço
As partículas
Da minha murada
Resta o que te esvai
Em gargalhadas
Amanhã sou eu...
Mas não vou rir
Do que ficou
Vou resistir
O meu amanhecer
Já amanheceu.
j
Sem fantasia
A sociedade
Não entende
O verdadeiro amor
Não sente
A mão que se estende
No acalanto da dor
Sem fantasia
A sociedade
Não entende
O branco
De um corpo negro
Inerte
Não dá direito
De recuperação
Ofende...
Diminuindo
Seu vencer
Que verte.
j
Gostaria de voar
E situarme na imensidão
E fazer do meu então
O motivo de chegar
Chegar aonde não sei
Mas quero paz no meu desencontro
Verdade no meu conto
E não mentir o que amei
Te olhar e ver no que foi
E o que morre
Nesta multidão que corre
Te salientar no imenso vazio
Te igualar na descida
Te esperar na partida
E um adeus
Inesperado e frio...
Me mata...
j
De homem a menino
Pandorga na mão
Bolinha no imbo
Doce sonho de ilusão
Que o coração
Reclama no tempo
Mas perdese na idéia
E no vento
Que vontade de correr
De cantar e de sorrir
De abraçar o contador
De histórias pra eu dormir
De homem a menino
Bodoque na mão
Pulando amarelinha
Bem alto do chão
Eu imaginava
Voar sem asas
E acordar em um banco
De praça.
j
Invade pela minha janela
Um desejo meu e dela
De uma nova vida
O meu céu parece se abrir
No brilho das estrelas
Já se pode sentir
Você chegando
Você chegando
Não sei como você é
Mas já posso imaginar
Você nos meus braços
Chorando querendo nanar
Arde no meu peito
Um sonho perfeito
Canção de ninar
No silêncio calado da noite
Por entre brinquedos
Amor, paz e segredos
Quero te guardar
Quero te guardar
Não sei como você é
Mas já posso imaginar
Você nos meus braços
Chorando querendo nanar...
j
O que brota em nosso meio
Selvas espirituais
Liberdades conjugais
Amor, paz, anseios
O que nasce no diaadia
Grandes vazios preenchidos
Torturantes arrependidos
Em não ver o sangue que caía
Uma selva de máquinas pensativas
Inocentes, servindo os que ativam
Com seus rudes mandados
E elas servem amedrontadas
Com a igualdade tornamse caladas
Gritar, chorar... não
O mundo não é nosso!
j
Tantas lutas eu venci comigo mesmo
Bem antes de saber da tua chegada
Eu não tenho idéia
Do mundo que te espera
Mas quero te acompanhar
Quero te acompanhar
O teu amanhã eu sei
Está muito distante
E nós, é esse nós
Que falo
Sou eu e sua mãe
Já de cabelos brancos
Mas não ligue pelas vezes
Chatas e ultrapassadas
Que te aconselhar
Porque...
Um dia você vai estar no meu lugar
Só aí então vai perceber
Como é bela e longa esta espera
Como é pertinho o teu nascer
Você, quero tomar em meus braços
E dizer coisas de ninar
Te ensaiar nos primeiros passos
Pra depois tua vida continuar...
j
Mentalidades supérfluas
Me agridem em vão
Meu silêncio se confunde
Com o vazio
Não quero agressão
Nosso teto, a luz, ligue...
E leia o manuscrito
Na minha face fria
Você aprendeu pouco
Por isso me diz
Coisas simples
Linguagem de massa
Pensando encontrar barreira
Para satisfazer
Teu desejo
Constante, tua farsa
Viajamos pelos mesmos caminhos
Buscamos os mesmos carinhos
Por que ficarmos
Distantes da realidade?
Pare! Toma minha mão
Vamos andar como gente... então
Que achaste dessa nova mentalidade?
j
Olhar de frente
É ver o mundo passar
É a gente sentirse sozinho...
É amar o desconhecido e querer
Fazer parte do seu conteúdo...
É jogar pros ares seus sonhos
É ver cintilarem as estrelas
É estar dentro de si e ao mesmo tempo
No meio do mundo...
É estar atento a tudo
É ter só pra você a paz
É sentir tocarem no seu inconsciente
E você despertar para a vida
Olhar de frente é mostrarme
Capaz de ter olhos e ver o mundo
Com os sentimentos...
j
Já que não estou em Tapuã
Piso forte e me enraízo
Por aqui mesmo
Na roda que corre...
Corre o rio pro mar
Corre sangue nas veias
Corre o ar fresco
Por entre frestas
Corre risco de vida
Que brinca com o fogo do mar
Corre... corre... deixa correr
Já que não estou em Tapuã
Troco idéias com o mundo
E a vida passa na tevê...
A cara transborda o que
O coração está sentindo
Na inquietude da alma
A incerteza descansa
Sobre a sombra do teu sonho...
No balançar do acalanto de mãe
Adormece a mulher menina...
E agora levanto a cabeça
E vejo uma luz
Que representa o sol
Estou viva!
E viva quero me entregar até morrer...
j
Vejo linhas se cruzando
Outras se encontrando
Retas, paralelas e curvas
Quebradas desenhadas
Sem continuação
Tudo para definir objetos
Plantas animais e pessoas
E a senhora consciência por que será
Que não tem linhas pra definilas?
Acho que seria desastroso
De repente a consciência
Das pessoas começa
A construir formas
Garanto! Seria um verdadeiro
Festival de monstros ambulantes
É gratificante poder olharse para dentro
E ver que seu monstrinho não é tão
Assustador...
Mas nunca se esqueça
O teu rosto será sempre
Como um espelho
De tua consciência
Ele sempre reflete o que a alma sente.
j
Apenas uma palavra
Me devora
No sentido de partícula que sou
Consumo o veneno de meu trânsito
Entre fogueira sou calor
De imagens translúcidas
Sou verdade
Do choque estrondo sou
Do começo ao fim chego ao meio
Com tantas estradas
Disponíveis
Sempre voando eu vou
Do corpo sou braços abertos
Da mente sou sempre despeito
No amor sou água ardente
Que roda em seu ente
Dos seus gritos eco sou.
j
Olho no espelho
E me espanto
Cadê você, liberdade?
Você sempre diferente
Dos passarinhos
Sem asas...
Olho para os lados
E vejo
Cimento concreto
E mais nada
Cadê você natureza?
Vem, vem dar mais beleza
Não há tempo para mágoa
Poço fundo sem água
Corre junto
Ou ultrapassa
Nesta corrida
Malvada.
j
Sentimentos que implodem
No meu peito
Razão do ser ou não ser
Na busca de respostas
Para conflitos sociais...
E a vida...
A vida continua
Enquanto discutese futebol
A fome persiste em fazer
Sua goleada
No estômagos do mundo.
E no peço fundo e negro
Da consciência nula
Brilha uma estrela
A esperança
E a vida...
A vida continua
Enquanto discutese o pacote
A dívida externa aumenta
E o terrorismo
Toma conta do mundo...
E no jardim da vida
Já não restam mais flores
Mas o verde presente
Diz que alguma coisa ainda resta
E podese mudar...
j
Um não sei o quê
Que nestes momentos
Me atormenta
Busca lá dentro de mim
Um fundo que não existe
Que procura a metade
De cara perdida
Que transforma
O momento em século
Um não sei o quê
Que faz da mão amiga
Um caminho do meu sonho
A sonhar...
Que faz da minha perdição
Eu me encontrar
Que faz da minha afirmação
Me negar
Que faz deste teu olhar
Uma estrela a brilhar
Que faz da minha contradição
Um instante a sonhar
Que faz neste tictac
Me aprofundar
E será que neste que faz
Eu posso parar...
j
Ser ou existir, não é tudo
Agora querer é mais supremo
Que todas as crenças
Viver entre grades ou traumas
É indigno de qualquer humano
Ou extraterrestre
Viva, corra, exija, aproveite
Pois a qualquer hora
Você pode ser guilhotinado
E estamos em pleno século XX
E isso é uma realidade
Que existe ao nosso redor
Não devemos fugir dela
Devemos é ignorála.
j
Meu consciente dorme
Num sono fértil
Sobre a relva macia
O céu debruça o seu olhar azul
Sobre o meu corpo incandescente.
O toque suave de suas mãos
Fazem acender esta fogueira menina
Que a ira outrora em estilhaços
Deixou cicatrizes na alma envaidecida.
Dorme, dorme... deixeme dormir
Pois enquanto o acalento do meu sono vigora
A incerteza estará voando
Em forma do último condor
Entre rapinas por outras paisagens.
j
Se você acordou hoje
Abriu a janela
E através dela
Viu que tudo corria normal...
Mas no seu peito palpitava
O desejo de novas emoções
Anseios por realizações
Que fizessem deste dia
Um dia muito especial
A cada instante que passa
Os tons da vida
Vão desbotando
Mas a esperança continua
Em sua transparência de tule
Ofuscando os sentimentos
Vamos libertese
Deixe que seu grito
Quebre os cristais da vida.
Para alguém especial
Um dia muito especial
Rotina...
Parabéns pelo seu aniversário...
j
Entre os lençóis frescos e macios
Detonamos em busca do prazer...
E no ímpeto de nossa hora sagrada
Nos sentimos entrelaçados
De corpo e alma
A frase “eu te amo” não sai
Mas explode entre seus lábios quentes
Que eu sou seu melhor vício...
São instantes que passam depressa
Que depois simplesmente ficam a vagar
Por nossas cabeças
Nos olhamos, e o riso
Espontâneo nasce
Em nossas faces
Na certeza de que nós sobreviveremos
A nossa mentira...
j
O rádio preludiava
Uma canção
Que falava de amor
Através dos vitrais
Eu via seu corpo
Sendo acariciado
Num banho de espumas
Perfumadas.
A luz tênue acentuava
Seus contornos deixando também
Transparecer a sua alma.
Era uma noite de verão
E eu estava ali
Pronta para te receber
No meu acalanto
Na mais linda história de amor
No meu íntimo desnudo
Só restava o desejo
Que o tempo parasse
E eu fosse feliz.
O relógio tocou
Eu despertei
Deslizando a mão sobre a cama
Você não existia...
Foi apenas um sonho
Sonho de verão que aconteceu
No inverno...
j
Sua perturbação
Me atormenta
Deixa na imensidão
Do céu uma nuvem a tapar o sol
E neste exato momento
Um arrepio me percorre
É a falta de calor solar
De tantas coisas que me rodeiam
Até esta mosca me importuna
Para tudo isto há uma razão
É a falta de certeza
Do que ocorre em sua mente
Todo o rio corre para o mar
Se estamos juntos
É porque juntos vamos caminhar
Se o caminho é longo ou curto
Não sei, mas vamos chegar
É porque queremos e vamos
Nos aprofundar
Se um sorriso for negado sorrirei
Se algum soluço me vier da garganta
Chorarei
Enquanto sentir o calor
Deste amor amarei
Por todos estes motivos
É que viverei
Eternamente...
j
Que a cor do céu
Que vejo agora
É a mesma
Que você vê
Que o que sinto agora
Você algum dia vai sentir
Que o que falo
Neste instante
Você vai entender
O sentido
Quem me afirma
Que amanhã vai amanhecer
E o sol vou ver
Com o mesmo esplendor
Que no teu coração vai existir
O mesmo embalo de sentimentos
Que hoje tem
Que eu continuarei
Ser uma pessoa e não um ser
A mais simplesmente
Quem me afirma que...
j
Cintilam entre as luzes do palco
As personagens desta história
Dezenas de pares de olhos
Fixamse nos movimentos
Identificandose
Com o que é interpretado...
A cada cena que é trocada
O espectador
Tenta buscar no seu íntimo
A resposta
Ou a pergunta para tudo...
As luzes se apagam
E o silêncio retumba...
As luzes se acendem
E eu me vejo
Representando para todos
Pois faço parte
Desta sociedade
Que usa máscaras para conquistar
Para vencer e para viver...
No palco dos artistas
Fica a proposta de divertir
E alegrar os outros...
E no palco da vida a proposta
É sobreviver
j
Saí pelas ruas sem destino
O frio e a chuva fina
Penetravam até os meus ossos
Deixando transparecer
A rigidez da minha alma quente
Que procurava através dos olhos...
Alguém que soubesse
Da minha existência, carência...
Alguém que tivesse no peito
Estampado os desejos
De uma criança com fome
Procurando os seios da mãe
Para saciarse com seu leite...
Alguém que arrogante
Levanta sua bandeira
Empunhando na outra mão
Um pássaro ferido, agonia...
Alguém que se sente vazio
Enquanto se afoga e transborda
De sentimentos
Assim como um copo de vinho
Que ao ser enchido
Derrama e mancha a toalha
Branca, amor...
Na rua não encontrei nada
Que conviesse
Com os meus anseios...
Volto para casa, fecho a porta
Descanso a alma na rotina
Da minha vida
j
O meu mundo colorido
Que um dia eu vi
E hoje não vejo mais
A escuridão nasceu pra mim
As cores do arcoíris
Que desponta por de trás
Das nuvens pretas
Hoje, já não sei se existe
Só se alguém contar
Pra mim...
Seus olhos sei que me vêem
Mas os seus olhos eu nunca vou ver
Se um dia estiver triste
Conteme logo pois não sei
Se vou te sentir
As formas e cores no meu
Mundo são diferentes do seu
Mas não se preocupe
Pois o meu Deus
É o mesmo que o seu
O sol que brilha pra ti
Eu posso apenas sentir
Me dê a mão eu não te vejo
Mas posso te sentir...
j
Teus desejos
Tocaram as margens
Do meu querer
No passado
Lembranças
Do reencontro
Entre nuvens de fumaça
O entardecer...
Os anos passaram
Mas os sentimentos
Não mudaram
Os conflitos
E a semelhança
De nossas almas continuam
Nos afago dos impulsos
E depois
Restaram as lágrimas
Que não caíram
E o riso é abafado
Pelo beijo
Calado da noite...
j
Entre baratas
E traças
De casa velha
O fluído emerge
Das profundezas
Num aroma de castelo
Enfeitiçado
Deixando em nudez
Seus príncipes
Emoldurando o retrato
Da própria felicidade
Na ânsia de um amanhã incerto
Que na certeza cá está.
Entrelaçado
De boca em boca
De corpo, cabeça
E braços.
j
Vejo grandiosidades
Pequeninas diante de mim...
Leio sobre os sentimentos
Dos outros, que para mim
Não dizem nada...
Despi o mundo e sua nudez
É cristalina e arrogante...
Sua vaidade escorrega
Em minhas veias
Num prateado de luar...
Abro a bolsa e tiro dela
A eterna esperança...
Fecho a porta
E o prazer acontece...
Continuo de boca fechada
E os gritos ainda estão no ar...
Quero tirarte as vestes
E na tua nudez quero
Tirar tuas máscaras
E então poder
Terte íntegro...
j
Era tarde primaveril...
O sol cintilava
Nas nuvens corderosa
E o ar fino era cortado
Pelos vôos dos sabiás
Cor de chocolate...
A história descansava
Em forma de livro
Sobre a mesa da varanda
Enquanto os canhões
Que defenderam esta terra
Dormiam no sono
Imortalizado dos séculos
No alto da colina...
A garotada da vila
No batebola
E o jogo de amarelinha
Cortava o silêncio
Num picado de vozes...
Isso faz parte de um passado
O presente está audacioso
E cheio de surpresas
E o futuro, o que nos proporcionará?
j
Quando a morte paira sobre nós
Como uma sombra, a esperança que a vida
Espírito vai seguir a sua jornada
Aparece no nosso horizonte perdido...
Nos interiorizamos e jogamos
Na balança
De um lado tudo o que gostaríamos de ter
Feito e não fizemos
Do outro lado da balança
Tudo o que fizemos
E que não demos o devido valor...
O resultado é terrível, pois não valeu
A pena ter vivido
Das poucas sementes plantadas
Poucas germinarão
E os frutos que delas brotarão
Levarão algum tempo
Para que alguém
Os colha para saciarse...
E então através de meus gestos
Sobreviverei
Na memória dos mortais...
j
Suas idéias palpitam
Nasce mais um embrião
E agora solidão
Te amaldiçoaram
Esta é a luta do poeta, quinhão...
Lá vai ele
Por aí a fora, seu ente
Levando no peito
A rasgada esperança
E os destroços
Migalhas da mente
Flutuam pelo espaço
Que bela andança...
Suas obras serão imortalizadas
No papel, no seu ego
Nesta andança
E enquanto houver
Crianças imunizadas
Contra a guerra atômica, matança...
O poeta terá inspiração
Para continuar
O seu trabalho
Transcendental...
j
Chegas como uma sombra
Escurecendo e tomando conta
Do meu íntimo
Que surpresa...
E és inesperada
Nada deixa na memória
Para recordações de um passado...
Ou um momento vivido...
És o tudo ou o nada...
És o momento obscuro...
É apenas a loucura...
Aceitar a sua convivência
É ter uma sombra
A te seguir...
É como mergulhar
Em um lago
É sentir a água te molhando...
És a loucura porque
Assim te batizaram...
j
Esperar o inconsciente acordar
É como esperar o entardecer chegar
É ver no céu pombas
Do amor voando...
Esperar o amanhecer
É uma noite bem vivida
É ter certeza que a bomba atômica
Não explodiu...
Esperar é ter paciência
É abrir os braços
É esperar que alguém
Venha ao teu encontro
Ou simplesmente cruzar...
Esperar é olhar para um jardim
É ver as flores colorindo
A natureza
Sem agredilas
É neutralizarse das neuroses...
Esperar é esperar...
j
Olho, mas não vejo
Toco, mas não sinto
Ouço, mas não escuto
Temo, mas não corro
Pra que...
No outro lado profundo
Traço a busca do meu túnel
E sinto que é grande
Como o universo
Misterioso como o mar
Eloqüente como a lua
Surpreendente como a luz
Que chega de repente
Iluminando as trevas
E daí...
Buscar aproximar mais
E mais os dois lados
Eu sei que é difícil
Mas se os dois lados querem
Eu vou conseguir unificar
A matéria com a alma
E neste momento
Eu sei
Vai ser gratificante
Pois deixarei
De ser apenas mais um
Serei eu...
j
Livro: Poesias Semeando
A vida é mantida pelas bicadinhas
De sentimentos loucos... efervescentes...
Opressivos... psicodélicos... desajustados...
Frenesi de expectativa...
E quem será capaz de esconder da vida
As proezas e malabarismos, que nossos
Corações se submetem ao conquistar
Degraus da escada rolante?...
E cair... atolando o nariz na esperança,
Que é amiga íntima da aventura...
Encher o bolso de fé...
Derramando o orgulho por terra.
Esbarrar em bombas atômicas
Ao subir em teu corpo...
Na chegada me anuncio...
Entrando em tua casa: displicente...
Limpo os pés no tapete do passado.
Ao erguer a cabeça. Vejo por entre a fumaça
De vapor uma noite de inverno.
Você surgindo ao meu encontro...
Concentrei minhas energias...
Era apenas uma visão...
Sobre a mesa pousava uma mosca
No cartão postal de Boston City...
j
Venceu o prazo...
E a fome surge das trincheiras
E disputa corrida com a miséria,
Enquanto os banquetes imperam
Dando inveja aos estômagos do povo...
O combate continua...
Entre a ira e a paz e os
Perdedores somos nós...
Aliados seguem de mãos dadas
Fabricando mais um delinqüente...
O gatilho dispara, deixando expostos
Os sentimentos da humanidade...
j
João, índio guapo, valente,
Teve como troféu sua vida
Em lutas e guerras, em defesa
De sua terra, quinhão de esperança.
Depois de montar seu alazão e
Percorrer coxilhas, rasgando o tempo
Em busca de sua liberdade pampeana.
Hoje, vacila ao dependurar suas esporas,
Aposenta sua lança junto ao fogo de chão
Que ele e a chinoca Maria acenderam
Com o seu amor, num rancho de
Chão batido, que hoje é ninho de
Corações alados, dando ao
Horizonte majestoso, um colorido
De mansão de sonhos...
j
Observando, você pode experimentar
Um pouco de cada mundo
Que está ao seu redor...
Ou quem sabe descobrir em você
Várias personagens que compartilham
Da sua própria vida...
Observando, você pode dobrar a esquina
Defrontarse com a realidade,
Que o mundo acabou e você sobreviveu...
Debruçar na janela e sonhar que
Seu grande amor está correndo
Ao seu encontro...
Observando, você pode ouvir vozes
Ou sussurros de seu subconsciente
Registrando os seus momentos...
Mas nem a tudo você pode estar atento,
Pois num descuido é que você
Encontrará a felicidade...
j
Mãos nos bolsos,
Deixo seguir a impaciência...
Olho para o céu,
Vejome descoberta...
Toco ao meu redor
É o cimento que impera...
Pra distrair...
Fumo um cigarro...
Deste tumulto
Não entendo nada...
Fico em silêncio,
É a minha meditação...
Fecho os olhos,
Vejo você...
Sintonizome com a vida,
É a guerra que mata...
Estendo a mão,
É a falsidade que vem ao meu encontro...
Quero correr, não posso...
Pegue um espanador, tire a poeira
De minha estátua...
Esqueçamos tudo...
É hora de recomeçar...
j
Pra tudo existem fronteiras...
A vida termina na morte,
O grito pára no ar...
A solução fica distante,
Um suspiro revela um desabafo...
Um rio chega até o mar...
A mão que se estende
Para nada alcançar...
O destino marca bobeira,
O coração bate mais forte,
A emoção acaba de derrapar...
O limite da conta bancária estoura,
Lá vem barriga vazia... Os carnês
Decoram a bolsa da madame,
Enquanto o negro sofre
Discriminação na delegacia...
O louco é solto para administrar
Nossas fronteiras sem limites...
j
Desprende do ar um cheiro,
Remexendo as entranhas entorpecidas,
Subindo pelo ventre rasgando
O desejo do sexo esquecido
Dos dias envoltos de surpresas...
A pele arde com o calor do sol
E os anseios evaporamse
Nutrindo a fraqueza dos invencíveis.
O ser mergulha no espelho,
A expressão borrada
Depois de um dia de trabalho...
Deixa a desilusão acanhada
Perante os preconceitos impostos...
Sigo minha meta, desvendando
O rumo em que me perdi...
j
Terte é sair do nada
E sentirse em casa...
É fazer parte do bolo
E ser apenas a essência...
Terte é fluir, entregarse,
Recebendo num afago
O teu amor de presente...
Terte é cair num abismo
E encontrar nele a felicidade...
Terte é sentar ao teu lado
E dividirmos sem restrições
Os nossos mundos...
Terte, tive e terteei
Para sempre adormecido
No meu sono.
j
Ilhados no seu próprio mundo,
Convivem enjaulados,
Dividindo o espaço,
Onde a mente não tem fronteiras...
Partem em busca de se encontrarem...
Na parede uma tela pintada,
Estilo renascentista.
No canto a natureza verde, viva,
Num vaso, fica decorando o ambiente,
Insinuando que a morte anda por perto.
Sentados, apertam um botão.
Um passatempo é uma lavagem cerebral...
A bola furou... o samba faliu...
A cachaça nutriu e a bomba explodiu...
Contaminando com amor a população...
j
O corpo debruçado, cansado da luta,
Entre marechais e comandantes
Da rodaviva, sobre brandura...
A luta perdeuse na curva dos sonhos.
Os direitos e os deveres misturaramse
Saciando a sede do desejo incandescente...
Exalando do ser a satisfação que
Cobre o semblante como um véu
Transparente, suavizando a expressão...
Sai pela fresta dos olhos a ternura
Que se acomoda entre nós...
Chegou a hora de nos rendermos
E de nos entregarmos sem resistência...
A guerra continua mesmo que os canhões cessem...
j
A própria vida nos dá a vida
Numa apoteose de sinfonia de pureza e amor...
Passamos nosso ciclo...
A inocência e a espontaneidade são nossos mestres
Na infância. Crescemos e na adolescência vivemos
Em busca de quem somos e que caminho seguirmos
Refletimos... agora somos adultos, traçamos
Várias linhas que, ao nosso ver, são os melhores
Caminhos para se chegar a plenitude.
Com o decorrer do tempo, poucas são as portas
Que se abrem e lá vem mais decepções.
Somos teimosos... Nem sempre saímos vencedores,
Mas o jogo continua... O tempo passa, nos damos
Conta que a velhice chegou de mansinho
E passa a ser nossa inimiga mortal.
Se você tiver conseguido pelo menos uma cadeira
De palha como seu trono e puder olhar para trás
E ver que as sementes plantadas, por você, vingaram...
Meus parabéns! O seu reinado conseguiu sobreviver...
Mas eu lhe pergunto: Valeu a pena?...
Pouco importa... a sua hora chegou...
Se você passa a existir em função da vida
E ela é passageira... não se assuste...
Pois pode ter certeza “A MORTE É ETERNA”...
E nesta eternidade você poderá ter mais
Uma chance de se encontrar...
j
Sou o nada e do nada
Despertei para o mundo...
Chorei... Minha lágrima
Transformouse em diamante,
Arma poderosa, na destruição
Ativando a secreção da carne
Em decadência, alimentando
A vertente da sobrevivência...
Sorri... A minha felicidade
Em pontas de faca brilha
Com o sol. Renasce a
Vontade de expandir para
O conforto dos que sofrem...
Transforma em pão as pedras
Do caminho para saciar a
Fome do mundo, como num milagre...
Abrir os braços e fazer escorrer
Água cristalina para os corpos
Secos, carentes de amor...
j
De pés nus como a alma
Avanço o sinal vermelho...
Sapatos polidos me aguardam
E em passos largos
Vou ao encontro do futuro...
A dúvida morre na esquina
E os sonhos desabrocham...
Os faróis do desejo
Clareiam a nossa mente...
Surpresas... confissões
Decepções escorregam
Sobre o meu colo.
O mundo dá mais uma volta.
O grito de satisfação
Lota o estômago faminto...
E a miséria se desmancha em risos,
Deixando um vazio
Na integridade deste
Momento supremo...
j
No dourado ondular dos trigais
Flui em mim a memória transubstanciada...
O suor brota, queimando as fontes de energia.
A noite cai... O tempo trará pela mão
O aconchego até nosso ninho...
Me encontrará por caminhos sem beira.
Atolada em ti, plantada no teu ventre
A semente do nosso futuro.
Amanhã, o trigo será pão para a
Humanidade, minha missão ficou cumprida.
Enquanto a guerra continua estourando
Rojões sobre a plantação...
j
Beirando o abismo,
Depareime com o paraíso perdido
Dos mundanos, farrapos humanos,
Frutos desta parceria ilusória,
Que tapa sua podridão com vestes
Douradas, enganando os moribundos...
Venderamme uma alma e com ela
Descobri as trevas do porão
Da minha casa, resultado da
Decadência por falta de
Compreensão na humanidade...
Descanso sobre a sombra da
Figueira e o vento me presenteou
Com sons aveludados... Acasalamonos
Sobre a áurea de tua nobreza,
Deixando a miséria em estado de alerta...
j
Gostaria de lhe transmitir
Estas imagens incandescentes.
Estar presente no seu delírio.
Servirlhe de vestes sobre o céu azulado
Sentirlhe como o calor que derrete
Os segredos, revelando a pureza dos anjos.
Ouvir sua voz e entrar no ritmo cadenciado
Da melodia que transmite a sensualidade
De uma noite fresca... primaveril...
Respirar e ser embriagada por um aroma
Silvestre, libertando da gaiola
O erotismo do amor, confessarlhe
Que o amor está presente entre nós...
j
Que sabor terá o teu veneno...
Se tuas palavras vão aos poucos
Mistificandose...
Que cor terá os teus pensamentos...
Se entre o branco e o preto
Esboças o sorriso da Monalisa...
Que anseios carregas contigo
Se eu te vejo harmonioso
Com jeito de quem acabou de hastear
A sua própria bandeira
Em terras desconhecidas...
Que laços são estes que te anulam,
Se flutuas em bolhas de sabão
Num banho aromatizado de buscas...
Que bons ventos te trazem,
Se no teu regresso segues
Entre o luar a neblina
Transbordando emoções contidas...
j
Enquanto um rádio informava:
... Chegou a hora Brasil... ZHY 2000...
a imaginação dava... volta e meia...
quero ir...
Ir... encontrarme no ápice...
A salvação para as mentes doentias...
Calejadas... torturadas... Perguntamos?
A razão pela qual raciocinamos?...
Os irracionais
Vivem em paz consigo mesmos...
Mas, mesmo assim se justifica...
Nós rastejarmos pois é assim
Que aprendemos a andar...
Andar... Pra onde? Pra quê?...
Se ao nosso redor
Existe
Um paraíso mundano...
Onde morre de fome
Um coração apaixonado...
A solidão existirá...
Mesmo que toda a humanidade
Se dê as mãos...
A imaginação vai seguir
Por aí afora dispersando
A rotina... que tanto se
Molda a nós mesmos...
j
Glorificate com as luzes
Que jogam sobre tuas lanças e espadas,
Pois armado tu podes mostrar a tua ira
Com o mundo e contra ti próprio...
A tua revolta nasce com a tua fraqueza.
E os ventos que sopram chegam
Aos teus ouvidos como falsos apoios,
Usandote como instrumento desta guerra...
Teus sentimentos jogas ao acaso de um furacão
Que segue por aí a destruir...
O que constituíste tem alicerces
Frágeis e transparentes como vidro,
Deixando a sua fortaleza exposta
Às invejas e às intempéries do tempo...
Teu reino é falso, pois na construção
Faltou o amor; teus discípulos são muitos
Porque precisam sugar o que resta
E a lei que te rege é egocêntrica...
MÃOS AO ALTO...
baixa as tuas armas e reformula
o teu reino, pois acredite...
A FELICIDADE AINDA EXISTE...
j
Andante de tantas estradas,
Sigo o meu caminho, à procura
Da voz mais aguda de um sentimento
Desorientando o que existe em mim...
Os meus inimigos: a fome e o cansaço
Me enfrentam, desafiandome para
Uma luta de resistência, onde os
Salários defasados são os limites
De nossas capacidades físicas...
A imaginação desafoga as minhas mágoas,
Libertandose do meu corpo, deixando a
Minha esperança algemada, prisioneira
Deste destino que não mais me pertence...
Eu continuarei andante por caminhos
Desconhecidos, buscando a minha sobrevivência...
j
Inerte, desprovida de tudo,
Espero atônita por uma mudança
Onde possamos aconchegarnos
Sem medo e saciar as interrogações.
Espero por um calmante que
Cesse esta dor fininha e
Angustiante da tortura em ver
Desabar sobre nossos pés
Todo um sistema falido
E erguerse um império
Fanático, tendo como
Sua primeira lei, a preservação
Da vida humana numa performance
De caneta e papel...
j
Sulcos na carne
Recebendo a herança
Dos momentos perdidos...
Verte valores esquecidos
Na noite, no dia.
Um único andarilho
Do destino, que disputa
A hora de amarrar as
Fibras da agonia...
Deixando o caminho
Infestado de rotina
Desbotada, no quadro
Emoldurado, dependurado
No espaço da imaginação...
j
Com o corpo bêbado e
Cansado de subir e descer
Escadas do prédio da adolescência.
Carrego as sombras de sentidos explorados...
Flutuo com a navemãe por este céu de anil,
Rasgando sedas do horizonte, procurando
Encontrar a razão, raiz do cedro solitário,
De beira de estrada que continua indiferente,
Cumprindo a sua missão, sem protestar.
j
Vê! É meu sangue que brota
Das veias revoltadas
E da boca calada
Surge um grito que lota
Paz no meu abrigo
O branco se transforma
Amor tem outra forma
Mas tem a ver comigo
Sou eu quem voa
De porto em porto
Sou eu quem desenha
Em teu corpo
O resto de mim
Sou o que vibra
E ponho vida
Nesta tua saída
Sem adeus e sem fim
j
Com letras garrafais
Brancas ou pretas
Dentro do meu labirinto
Antigo ou moderno
Nasce uma longa vontade
De escrever mais e mais
Mas de repente descubro
Pouca verdade em tudo.
Há raízes mais profundas
Não vale a pena registrar
Este momento de rara beleza
Não a vejo à luz
Que penetrava pela janela
Entreaberta do caminho
Que leva ao infinito do nada
E também está difícil
Achar uma saída trancada
Deste túnel iluminado
Que o destino cavou
Só ouço perguntas confusas
Que me fazem calar a boca.
Mas agora são milhares
De pessoas sem rosto, aflitas
Tateando para se encontrarem
Poxa... logo agora foi acabar
O tinteiro que estava cheio
Não posso mais nada responder...
j
Em altos degraus
Ergui meu corpo
Escondendo minha face
Do primeiro ao último
Caminhei por muitas
E longas noites frias
E cheguei até o ponto
De total exclamação
Com os pés em chagas.
E vivi o meu segundo
Mais que a eternidade
Descansei meu pensamento
Nas lembranças de ti
E pensei no que não perdi
E fui lentamente descendo
Possibilitando assim
Sentir a loucura de amar...
j
Hei, você aí parado
Não fique tão calado
Vem comigo cantar
Uma frase de amor
Qualquer coisa que for
Só não pode calar
Uma frase bem dita
Muitas vezes fica
Longo tempo a vagar
Lançando sementes
No silêncio das mentes
Loucas pra germinar...
j
Quando agente descobre
Que os caminhos
Que está percorrendo
Já foram bloqueados
Por outros andarilhos
Que nem se atreveram a sonhar
E que cada passo alcançado
A metade já é passado
O presente imponente
Arrogante se faz presente
Através de uma janela
Batizada pelo nome “ansiedade”
E tudo de repente
Parece estar escrito
Nas paredes frias
“A estrada terminou”
Aí entra em conflito
A teimosa esperança
Que desabrocha resplandecente
Como verdadeira loucura
De dentro da minha alma cansada
Como se fosse água na semente
Do meu próprio vencer
E se instala em minha cabeça
Sem pagar aluguel
Mas eu deixo transparecer
Ao abrir duas portas
Que são meus próprios olhos
Bem vivos para a realidade.
j
No silêncio da minha alma
Eu escondo tantas revoltas
Como se fossem um mar aberto
Com suas ondas devorando a areia
Apagando o rastro de liberdade
Nos caminhos que não andei
Já encontrei seres de volta
Com os sonhos presos nas mãos
Pelo tempo que eu mesmo desenhei
Em papéis cinzas da saudade
Em cada volta uma revolta
Vem comigo como bagagem
E o vento com o tempo me açoita
Para uma nova viagem...
j
Eu levantei o dedo primeiro!
Portanto, um momento para mim...
Que momento, não há mais momento
Somos todos mecânicos, comandados
Por um forte esquema eletrônico!
Hora... o que importa agora
Se não somos mais pensantes...
As flores foram pisoteadas
Pelos soldados de aço e plástico
O verde já amarelou de vergonha
De tanto esperar a chegada...
O canto emudeceu por entre os edifícios
E coqueiros acinzentados
E repousa na completa solidão
Dos ouvintes que nunca ouviram
Os velhos continuam sentados
Na sala de espera vazia, lotada
À espera da vida negada...
Os meninos correm pelas calçadas
Levando junto a minha carteira
Que foi minha apenas por que?
Um dia, eu e você negamos a um deles
A lavanderia desmemorizada no tempo
Abre o tanque e deixa escorrer
Seu futuro sonhado, resto de passado
Presente em seus olhos marejados...
Um momento para mim...
Deixame anotar o que falei
Posso esquecer, pois isto é passado
Amanhã vai ser diferente, eu sei que vai...
j
Na cor dos teus
Olhos pretos
Vejo a verde mata
Na luz
De tua bondade
Um branco asfalto,
Grande escuridão
Em teus pés
Amarrados
A louca vontade
De seguir
Nas curvas
Do teu corpo
Duas vias
Contramão
Teu amor,
Pão aos mendigos
Teu seio, meu eterno abrigo
Em tudo vejo a paz
Entre mil
Coisas mais
Te vejo
E não estás...
j
Quando sobressai
Um notável suspense
Nasce uma falha
Para matar sem piedade
O que foi construído
Pedras sobre pedras
Tirar nosso dias
E a própria batalha
E a nossa folia
Fica sendo embalada
Pelo pé de vento
Aí eu imito o passado
Para ser total motivo
De toda a gargalhada
Incompleta da razão
Então eu apenas limitome
A viver inconsciente
Pois se em todas as
Nossas constrangidas falhas
Tirássemos o que atrapalha
Queria morrer...
j
Saio à rua e vejo o medo
Passando a faixa de segurança
Com o sinal verdeesperança
Olho para o relógio no pulso da força
E sinto sua ponta aguda açoitandome
Fazendome um escravo do tempo
Baixo os olhos rumo à sarjeta
E vejo a miséria passar desapercebida
Nadando em águas sujas, no leito frio
Onde até agora dormi...
As pessoas pedem meu endereço
Mas não sei direito pra quê...
Se sou um número incompleto
De uma matemática falida
Que só soube subtrair
Sentome no banco da praça
Onde às vezes costumo esquecer da vida
Distraiome cobrindome com jornais
Adormeço no delírio dos meus sonhos
E acordo ansioso, por parecer ter lido
Num sonho tão antigo
Que foi retirada do dicionário
A palavra “Liberdade”
Folheio rapidamente um amontoado de folhas
Amassadas pela noite mal dormida
E escancara diante dos meus olhos
Vermelhos de sono não dormido
Uma foto amarelada pela idade
Ainda do meu tempo de infância
Não espanto pela foto
E sim pelo tempo que passou
Enquanto eu apenas cresci...
j
Sempre que de uma boca calada
Explodem rumores incessantes
Como gotas de remédio
Trancome dentro de um quarto
E vejo refletir no espelho
Que estou dentro de mim
Ouço vozes esparsas
Como se muitos dissessem:
Vire a página já escrita
Apague os próximos manuscritos
E sai correndo pela porta
Imaginária que está em sua frente
Pois está é a receita viva
Para alcançar labirintos negados
Você pode enfrentar sem medo
Esta barreira invisível
Que está cada vez mais penetrante
Em seu próprio corpo
E dentro de cada um de nós...
j
As peles borbulhavam
Em multiplicados coloridos
As vozes que ouvia
Pareciam estar dubladas
Pela própria angustia
De não fazer parte
Dessa constante
O vinho distante
Balançava na bandeja
Pendurada nos braços
Miseráveis, comandados
De um pobre robô.
Rodava entre as pessoas
Uma arte que poucos viram
Tão branca, desbotada
Quase transparente
O corpo das vozes
Estava preocupado
Com a morte viva
Dos indefesos animais
Que adornavam seus pescoços
E assim a noite esvaziouse
Desperdiçando um raro momento.
j
Até você minha mesa
Deve estar cansada
De apoiar papéis pardos
Que registro ansiosamente
Os meus longos desabafos
Uma pena que você
É feita de madeira
Resto da natureza
Hoje tão morta não pode falar
Pois teria um discurso
Tão longo que duraria
Toda a sua existência
Mas não se preocupe
Sou tão vivo, resto de morte
Darmeei ao trabalho
De revelar os segredos
Aos mais distantes
Constantes presentes
Na minha verdade
Acredito se um dia terminar
Este incompreendido trabalho
Terei milhares de versos
Apenas para arquivar...
j
Me encanta
Una ténua canción
Que viene
De las gotas más pequeñas
De la lluvia...
Ruido musical
De las aguas sin destino
Que entran en mi cuerpo
Y mi alma bebí...
Mi pensamiento reverdece
Mi sangre hierve
Mis ojos miran insistentes
Para cualquier lugar
Del mundo
Yo siento que vuelvo
A mis misterios
Y me quedo libre
Como el cielo sin las estrellas
Como el viento sin ruido
Como las puertas cerradas
De una ciudad sin alma y sin hombres...
j
Dividiste
O que reservaste para mim
Espalhaste
No chão, teu rancor
Maltrataste
O meu quase amor
E partiste invisível...
Como se você fosses invisível
Que confusão
São os valores descartáveis
Ferem os sentimentos
E então ficam sabendo
Que estou aqui à toa
Mas não somos à toa...
Tua saliência explode
Em minhas falhas
Me encontro no eu desencontro
Me conto no teu conto
Me abraço no fim da batalha
Porque sou batalha...
j
Apenas posso olhar
Com nitidez o horizonte
Que um dia imaginei
Chegar perto
Ou ultrapassar.
O tempo cauteloso
Bem devagar
Foi me ensinado a conhecer
Caminhos diferentes
Viagens demoradas
E quando pensei
Nos meus limites
Estar chegando...
Maior foi minha surpresa
Descobri que a terra
Nunca se encostou ao céu
Era apenas na minha fantasia
Construída nos meus sonhos
Intocáveis de menino...
j
Com o vento, pelo rosto
Uma lágrima quente
Desliza lentamente
Acompanhando minha canseira
Pondo um ponto final
Na minha boca aberta
Para a interrogação
Mas não posso estar cansado
Aqui acolá, qualquer coisa
Devo e terei de fazer
Afinal, sou semente germinada
Nesta plantação devastada
Chamada sobrevivência
Nem o que ouço pode me cansar
Não importa, são frases prontas
Que só impedem as minhas
Por isso, até já decorei
Uma após a outra
Para não perder o significado.
Já faz tanto tempo que elas
Vêm se arrastando
Tocada pelo vento lento
Das tardes de outono
Só me resta pedir
Para que o vento não as leve
Poderão ser úteis no meu questionamento.
j
Não quero a voz passiva dos homens
Nem a fúria dos dirigentes
Braços fortes chamados poder
Não quero piedade nem cortesia
Apenas por um simples dever
A evolução tecnológica
Em função do botão do extermínio
Colocando a vida em último plano
O questionamento de soluções
Atrapalhando idéias tão claras
A fantasia após o carnaval
Ou além dos sonhos
Não quero ser um fiapo de poeta
Só para escrever a manifestação
Angustiante de um povo sofrido
Não quero novas leis
E sim respeito pelas que existem
Não quero entender grandes coisas
Sem antes entender as pequenas
Pois estas são o corrimão
De um entendimento maior
Não quero julgar atos
Quero apenas estar junto
Dando o pouco que é o muito de mim
Para que possamos transformar
Este sonho que todos proclamam
Em verdade absoluta...
Não quero viver sem memória
Nem ser estória
Eu quero apenas viver...
j
Lá fora está chovendo
Molhando meus apodrecidos
Pensamentos vivos
Desmanchando meus encantos
Me sujeitando a ficar vendo
E sendo um raio de sol
Que busca ao longe razões
Para a fuga dessa imensidão vazia
E predestinada
Viagens, noites frias
Ventos que batem à porta
Dos nossos porões esquecidos
Em um labirinto desconhecido
Eu me apavoro e transbordo
Em estilhaços radioativos
Não posso mais continuar
Restame viver um momento
Para contar histórias
De mil desconhecidos livros
Que eu nunca escrevi...
j
As cabeças não entendem
As pessoas confundem
E o mundo afunda
Dentro de um êxtase
Reverso no papel
Escrito na parede
E escondido dentro de nós...
Sem portas e grades
A prisão é a mesma
A guilhotina corta
E flocos sucumbindo
No mar, no ar, na terra...
Momentos crucificados ao pó
Lágrimas cauterizadas
É apenas voz na escuridão.
j
Livro: Metades
Paralise pensamento... Preciso definir minhas idéias. São momentâneos, mas
existe nelas a profundidade do infinito.
O cheiro da terra molhada aguça a sensibilidade. Na cor do céu, existe um tom de
azul estranho, acentuado no alto o vermelho, graduado em retículas. Será instinto
ou imaginação?
O sol parece em chamas. Em cada raio há imensidão. Vagueio por entre
enormidades e conteúdos. Ora lá, ora aqui. Paralise pensamento....
O silêncio da minha alma contagia a paz interior. A intimidade de um diálogo corre
solta, libertando as fantasias eróticas que foram autuadas em flagrante pelos
padrões da sociedade.
Meu cenário é entre arquiteturas de pedra. Apenas o cume de uma árvore deverá
bailar com a brisa que lhe abraça. A nostalgia tocame as mãos, através de gestos
perdidos. O conflito entre os homens é o enredo desta cena. Paralise
pensamento...
A reflexão é nula, pois o pensamento anda ocupado. Platéia não existe. O
momento é único e solitário. O pau oco repousa abandonado, identificandose
com o vazio dos corações de reis e mendigos, habitantes do mesmo planeta. O
raciocínio continua deslizando como água mansa no leito consciente do meu
mundo.
Paralisar não é conveniente nesta hora! O intervalo é anunciado. Volto à minha
vida, forjandome com firmeza, enquanto uma mariposa, tonta, baila perdida ao
redor da luz da vela, queimando suas asas...
j
Amanhecia!... Despertei para este dia, que veio após o outro. Estava viva.
Estrutura de carne e osso sadios. Continuava vazia, num oco insuportável. Era
costume despojarme dos sentimentos ao deitar. Guardálos nas gavetas devidas
do armário. Este dia tinha que ser especial. Sem esmorecer, abria a gaveta do
espírito de luta. Lá estava ele cansado. Fechei... Abri a do espírito de esperança.
Surpresa!... Estava radiante... Vesti minha primeira peça e continuei. Abri a do
espírito de camaradagem. Que decepção!... Houve uma sabotagem!... Ele se
encontrava cínico e venenoso. Dispensei...
O da audácia se manifestou. Vesti a segunda peça. A gaveta do amor
transbordava. Ótimo!... Vou precisar... A terceira peça já estava comigo...
Sentiame mais segura no reino dos mortais. Corri os olhos pelas gavetas... A
inveja estava supercarregada e iria continuar assim por muito tempo. Este
sentimento é pobre. Não dá frutos.
A do pudor. Só uma pitada. Coloquei como adorno. A gaveta do desejo vibrava...
(lembrei de você). E lá estava eu com a quarta peça...
O espírito esportivo saltitava como pipoca em sua gaveta. Uma dose, sem gelo,
vem a calhar. Usei como meias... o espírito da razão, usei como cinto, para poder
adaptar conforme a minha cintura e a ocasião. Calcei nos pés o espírito da
coerência e dedicação...
À tiracolo, levava a paixão descompromissada... Saí para a rua... Não deu em
nada... Não me havia munido do espírito de raiva e desprezo. Azar o meu... Você
desfilava pela alameda central de mãos dadas com a felicidade...
j
No ecoar de um relógio, o tempo parou... Sebastião espanava os fantasmas de
sua trajetória, no silêncio... baforadas de seu cachimbo, envolviamno. Era
Mágico... Uma Satisfação!
O tempo... Conseguira deslocar de seu eixo o poder... A perdição!
Sua meiaidade espionava através de um espelho de toucador... Como a mão de
um cadáver, assombrando através de uma terra erudita... Consolação!
O passado beijavalhe a face trazendo doces recordações... Ilusões!
Sentimentos enformigavamse ligados à vida por um fino cordão... Palpitação!
Sorria suavemente, contrastando com a expressão pálida e perscrutadora de seu
rosto... Fora paixão!
Dos amigos, só lhe restava seu cão pulguento que cochilava sobre seus pés...
Solidão!
Sua alma, agora encardida pelo passar dos anos, aguardava na fila da vida
eterna... Tudo em vão!
Só lhe restava a morte passageira...
j
Com o destino marcado, cheguei naquela cidade. Silhuetas de pessoas
misturavamse com o vai e vem dos carros.
Os caminhos eram muitos, infinitos. Os luminosos tinham o brilho da novidade.
Um cheiro forte, impregnador, veio absorverme. Era meu pensamento. A
magicidade elástica do passado, arrastoume ao aconchego de doces lembranças,
resgatando a dádiva que fora nossa aventura.
Enquanto isso, eu caminhava pela calçada, com passos de felino, por entre
anúncios alucinantes, levando na mão o endereço.
Mas um tênue suspiro, rouboume daquele lugar...
A vida é efêmera, passageira, vale a pena tentar...
Os momentos se renovam, mas nós continuamos os mesmos.
Voltei a te buscar... fui contigo para o futuro...
Te imaginei nos meus braços. Ressuscitei nosso amor consagrando o silêncio,
resguardado pela paz dos amantes da noite, era fato consumado. Corpos
vacilantes. Esperamos o lento crepúsculo de emoções, dissolvendonos de
prazeres.
Logo depois... procuramos o caminho de volta...
Hei moça! Preste atenção aonde anda! Ou você morrerá atropelada!
Rompi mais uma vez com você e voltei a trilhar o meu destino.
j
Hoje, emergindo frases de ontem
Encontrote no jardim
Da noite distante...
Tocando as flores...
Desbravando o meu íntimo
Com as mãos do desejo...
Beijame as feridas de hoje
Trazendo a paz líquida
Evitando a indigestão
De meus tempos...
A inspiração surge do nada
Badalando os sinos da criação
Na magia dos que amam...
É a concepção que os deuses
Oferecem aos mortais...
j
Vieram de outras terras
Trazendo no bolso sementes,
No coração a ilusão
De uma vida melhor...
Encontraram a mata virgem
Lutaram pela sobrevivência
Araram a terra com mão de aço
Entoando velhas canções
Acompanhados pela melodia
Dos gorjeios...
Em homenagem ao Deus Baco
Plantaram videiras
Calejando mãos e almas...
Colheram finas castas
E transformaram em vinho e vida
De buquê mais nobre para esta terra...
Na história, foram sagas de lutas
Que, sem glórias, repousam
Nos vales de cima da serra...
j
No silêncio do meu acalanto
Descubro tesouros perdidos
Resgatados por dores e risos...
A vida embalase na rede
Demonstrando a plenitude
De um romance frenético
Entre amantes da natureza...
Anjos de minha eternidade
Sem asas e sem cores
Desgarrados ao vento
Lutam com frieza
Dos olhos do mal...
Mendigos sem cabeças
Nus de pecados afoitam
Os prantos de guerra
No bailar dos vagalumes
A incerteza deixa cair
O fuzil no abismo da ganância
Assobiando a valsa dos cisnes
Os hipopótamos dançam
Afogando as mágoas do
Coração humano...
j
De gestos cansados pela ironia da vida,
Descanso sobre a lança de guerra
Este vazio que me pertence...
Com olhar penetrante e despachado
Encaro o horizonte de sonhos intransigentes,
Desvendando esta imagem de rosto familiar
Invocando sentimentos loucos,
Na busca de realizações que,
Por hora, divertemme em outros espaços...
Permaneço encouraçado
Aquecido pelo fogo ardente
Do interior, sigo mantendo
Acesa a chama da vida...
j
Nasceste do meu ventre
Calejado por liberdade...
E hás de seguir livre
Comandando a tua própria
Existência, levando na alma
O silêncio de batalhas
Vencidas entre homens de ferro...
Tuas mãos colherão os frutos
Que na minha passagem brotaram das veias...
És estrela de brilho, de futuro
E de continuação...
j
Roubaste pedaços de mim e
Esqueceste minha alma por acaso...
Violaste minha integridade,
Mas foste impedido pelos guardiões
De invadir meu terreno...
Segues perambulando,
Carregado de muambas...
Retornas ao meu caminho atento,
Vigias a minha existência...
Mais um vício te domina!
Libertate de teu calabouço
Deixa a podridão evaporarse...
Aproximate de mãos vazias
E alma pura para conversarmos...
Não importa sobre o quê conversaremos,
Estaremos sempre falando de nós mesmos...
Mesmo que demore, encontraremos
O caminho da esperança, JUNTOS...
j
No universo existe
Um pedaço de campo virgem
A espera de um pássaro nativo
Que deu asas aos seus anseios
E partiu...
Ao voar seguiu
Rasgando o véu da noite
Por entre as estrelas
E rabos de cometa
Nutriuse de esperanças
E enfrentou o desconhecido
Travando fronteiras,
Desvendando os escalões
Da sociedade...
Sentindose entre o
Anjo louro, barroco, e a
Criança negra abandonada
De pés no chão
Na escola da vida
Formouse e fez pósgraduação
Hoje segue ensinando a lição mais dura
De amar com o coração...
O campo, por ora, ficará esperando
Até que ele possa cumprir
Com a sua missão...
j
Por muito tempo
Andaste à minha sombra
Velando a lágrima maculada...
Abandonasteme no primeiro temporal e
O vazio permanece enternecido
Retendo o sonho de criança...
Enraízo meus pés no chão negro
Na busca de segurança...
Fico em mim, porque é em mim
O meu lugar...
Monto um quebracabeças
De palavras, para expressar
O sentido de sentir...
E neste simples ser ou fazer
Defrontome com o mundo...
Num gesto cansado e incoerente
De conseqüências súbitas
De um rei sem trono...
Obrigome a esvaziar
A minha alma lotada
Para saciar a inveja
Do homem pássaro...
Os pássaros não andam!
Voam!...
j
Neste colorido de emoções,
O sentimento mais louco
Desabrocha na menina a esperança
Que desfila e enfeitiça o seu
Cravo e canela...
O perfume embriaga a razão
Deixando solto o desejo dos amantes
Da mãenatureza.
E os filhos de teu seio
Dançam eloqüentes com a sombra
Do destino...
Rodopiam de braços abertos
Na esperança de sentir
A verdadeira felicidade...
j
Era apenas ele.
Único, desprovido, feliz.
Veio do nada.
Agora era tudo.
Agarravase à terra
Como raízes sólidas...
Transmitia tranqüilidade
Mesmo que a ganância
Desprendesse labaredas
Exterminando o bom senso.
Não apostou, mas ganhou
Agora sou seu talismã
Exposto sobre seu peito.
Derramou um pote de mel
Sobre minha áurea
Despertou sua cobiça e
Partimos em busca
De realizações...
j
No apagar das velas
Fechamse os olhos
De maldade
Somos todos iguais...
Na sobrevivência da alma
Retumbam emoções
Levando a matéria
Aos extremos
Conduzidos pela
Mão da vida...
Em nossa intimidade
Dorme o segredo dos apaixonados
A ira dos anjos
De cara suja de lama e
Consciência transparente...
j
Esvoaçando anseios
Libero do vazio
A busca incansável
Da faísca
Que ateará fogo
Nas trevas do cotidiano...
Devastando a consciência
Da razão que impera
Sobre o mundo enlouquecido
Contido apenas por
Grades de emoções...
A todo instante
Experimentase um suicídio lento
Tomando um cálice e amor azedo...
Exaltando o prazer...
Na fotografia...
Um corpo continua
Desfalecido na sarjeta
Despojado de vida...
j
Por que imaginar mil trancas?
Nesta invisível e única porta
Que está aberta para a fuga
Qual chave está com todos nós
Por que culpar os maus momentos?
Sem procurar a razão
Neste mundo incompleto
Por que pisotear as flores?
Único resto de beleza
Sobre nossa complicada estrada
Por que justificar a inocência?
Neste momento que somos
De uma forma ou de outra culpados...
De nossa própria destruição...
j
Rasguei meus versos tristes
Que falavam de paz na humanidade
E comecei a escrever tudo de novo
Concilieime com a esperança
Mas devagarinho, o cansaço
Foi invadindo a alma
Forçando esta conturbada aspiração
De versos com frases inconsoláveis
Caminhei na noite, buscando o tempo
Escorreguei na laje áspera
Ralei meus incontestáveis brios
Fiquei com a minha metade
Desnuda para o mundo
Senti vergonha dos acontecimentos
Justifiquei com minha camisa rasgada
Corri e cobri meu corpo
Com vestes pretas e queimadas
Sobras do inconfundível amanhã
E confessei meus pecados
Para mim mesmo
Pois tive medo de sugerir mais idéias
Aos buliçosos pecadores...
j
Nunca escondi
Minha silenciosa realidade
Quem sabe deste labirinto
Venham meus mistérios
Minha ferida ardente
Minha vontade sempre viva
De estar presente
Em momentos tão ausentes
Do nosso futuro violentado
Deslizo como bola de neve
Nas curvas, picos acinzentados
Abismos, lagos e caminhos
Percome na busca do encontro
Mas reluto com a mágica chama
Do próprio eu...
Busco todas as formas
De expressão conhecida
Desconhecida da vida
Revelada em cores neutras
Só restame seguir andando
E semeando nesta terra viciada
Que nunca conheci...
j
Nesta fogueira ardente
Quero queimar um a um
Meus defeitos tão apontados
Quero ficar de pé inerte
Para ver a última brasa
Afogarse nas águas frias
Que vertem do solo seco
Para ter a certeza absoluta
Da minha grande vitória
Rápido como o vento
Quero cambalear no espaço
Por cima das águas...
Triunfante como todos os reis
Despojado de todas as honrarias
Imediatamente pararei o mundo
Afim de não se encontrar comigo
Tenho medo da minha derrota
Ainda as labaredas são constantes
Dentro do meu peito
Dando a idéia de cruel certeza
De que continuo no imaginário
Cultivando alguns dos meus defeitos
Pois foram eles que me guiaram
Pelos caminhos do meu próprio saber...
j
De peito fechado
E olhos vendados
Como noites na alma,
Segue o caminho
Sem nada falar:
Será que somos assim?
Meninos nascem
Junto à repressão
Que podemos fazer?
Agora, sozinho,
Sua cabeça não.
Será que somos assim?
Eu sei, você também,
Que eles estão fazendo
Alguma coisa
Para mudar...
Os anos gelados
Já se podem sentir
Na voz do povo unido...
Olhar adiante
O tempo dilata
Em novos ventos,
Vira liberdade,
Liberdade suada...
Nós esperamos que sim...
j
No palco da vida
Sou fantasia
Porque tenho
Em minha frente
A barreira, a poeira
E a lama das estradas
Não percorridas.
No papel registro
A poesia invisível
Como flores na primavera
Porque tenho
A paz costumeira.
Sou o fim porque
Começo todos os dias
Sou concelho
Do que vejo no espelho
Sou o que precisas
Na tua aflição
Sou o passado e presente
Do meu próprio futuro
O que sou, então?
j
Quantos nasceres de sol
Existem na perturbação de um poeta
Quantas vezes de forma futura
Ele tenta mostrar a angústia
E o desespero além das ilusões
Nunca... nunca... iremos saber
Pois o homem caminha algemado
Rumo à sua própria destruição
Sem se importar com a beleza
Do verde que cobre a mata
Das águas claras da sanga
Das ruas estreitas de chão
Dos tempos mais antigos
Dos coqueiros esbeltos
Erguidos rumo ao céu
Das crianças envoltas nos sonhos
E fantasias do meu tempo.
Mas com tudo isto e muito mais
O homem se prende às grades
De ferro do futuro
Olhando o presente passar
Rapidamente pelas ruas congestionadas
j
Nace en la punta el arado
Un sol matrero
Y quema el rostro marcado
De un pobre campero
Monta en su pingo de nada
Y viene al pueblo
Seca su frente apenada
De libertad sudada
El no vino aquí para plantar
En asfalto semillas perdidas
Vino a buscar otra vida
Muerta en las promesas fingidas
Pero aquí lo niegan las miradas
Apenas puerta y suelo mojado
Junta su orgullo derramado
Y allá se va derrotado...
j
Quero calarme
Diante de minha revolta
Quase sem volta
Quero colorir
Toda a paisagem
Amarela do meu rosto
Quero sentir o gosto
De amor perdido
Entre as pessoas
Quero seguir avante
Minha batalha
Mas as falhas
Podam o teu vencer
Complemento do meu
Falo de ti
De maneira perturbada
Pois minha luta
Depende de uma justa
E passiva união
Das nossas próprias idéias...
j
Chuva fria que não molha
Minha cabeça pensativa
Participação radioativa
Em cada pessoa que olha
Em poucas horas fingidas
Na época em que estamos
Reconstruímos o que desabamos
De forma incompreendida
E de galho em galho
Voamos como pássaros ao vento
Sempre encontrando o atalho
A chuva continua caindo
Sem nada molhar, enquanto o tempo
Depressa vai se esvaindo.
j
De repente todos nós inertes
Olhamos um ponto no espaço
Desmerecido pela fumaça
Refletindo como se fosse
Os últimos raios do sol na terra
Pessoas caindo como insetos
Em sua inocência se perguntam:
Alguma inovação poderia existir
Na definição dos caminhos do homem
Na existência definitiva
Desta vida reprimida na face
Desta terra sem rosto
Mas as vozes não ressoam
Diante deste ato desumano
E a luz fica cada vez mais longe
Retraída na retina de cada ser
E não é noite nem dia
Apenas uma nova época...
Adormecida num profundo silêncio...
j
Vinte e sete anos
Sempre acompanhado
Pelo menos tinha
Minha pobre solidão
E agora estou só
Tua indiferença
Tua insatisfação
Consomem o veneno
Da minha vida...
Em todos os teus atos
Destróis a única gota
Da minha alegria
E eu me debato
Será que o encontro
Está depois do fim?
Ou tudo isto é motivo
Para tua desejada fuga?
Gostaria, nesta hora, de correr,
Voar sem asas, além de mim
Para te encontrar...
j
Batem na cortina do passado
E a poeira remota e solta
Sufocando os entes infiltrados
Na lama de alguém magoado
Remoer e engolir a seco
O aperto da garganta
De nada adianta
Pois o silêncio se implanta
No meio de dois
Ficando um só
O poder sobe à tona
E o bom não é lembrado
As palavras atacam
De arco e flecha, lança
Na direção do alvo
E, eu boquiaberto
Aqui estou.
j
Suicidome no silêncio
Maltratado do nosso amor
Mudo a paisagem escura
Em cores claras e vibrantes
Para dar tempo no momento
Da tua indecisão
Transportome do resto
De um inimigo
Para um grande amigo fiel
Mas o vazio vem perturbar
Nossos complicados planos
Tornamonos frios e caímos
Nos mesmos erros
Como gostaria de gritar
Para o mundo saber
Tudo o que já deveria
Há mil momentos antes.
O quanto te amo
E seguir avante
Nossa derrotada batalha
Sem perceber que nasci...
j
Soam em meus ouvidos
Palavras nuas e frias
Da tua segunda pessoa
Projetada pela loucura
Grito, mas não ouves
Estás muda
Diante deste momento
Desconhecido e raro
Jogaste contra mim
Numa tumultuada raiva
Foges da realidade
Desencantome e desconheço
A minha cruel aceitação
E fico mil vezes a repetir
Recolhe tua lágrima
Não vale a pena molhar o chão
Para viver esta contraria cena
j
Encontrome num mundo
Bastante selvagem
Para os meus desejos
Queria viver toda a fantasia
Mera fuga da realidade
Casualidade de minha angústia
Mas entre nós dois
Sou apenas resto de alegria
Um dilema de ida e volta
Caminho dentro desta confusão
Percebo o meu depois
E maltratome sem pensar
Volto ao passado e envolvome
Sou um objeto do mundo
Um passageiro da viagem
Que nunca sequer comprou
O seu bilhete de passagem
Até quando vou de porto em porto
Voar sem rumo, sem origem, sem destino
Isto eu não sei...
Mas quero dar adeus ao meu consumo
E viver o que resta...
j
Meu sangue escorre
Faz um mar seco
Logo morre
Pra você não navegar.
Por um oceano
Foges, mentindo
Inventando enganos
Pra não deixares
Caminhas no meu tempo
Repetes estilhaços de cismas
Transformasme em cinzas
E partes com o vento...
j
Não vá!
É cedo
Não és flor nem botão
Mas enfeitas meu chão
Não vá!
Tenho medo
De silenciarme
Com minha angústia
E sufocarme
Antes da luta
Não vá!
Teu amor é puro
Não precisas de juros
Somente a multa de ficar
Não vá!
Porque calar
O que tens a dar
Tu não roubaste
A vida ofertoute
Sem regra nenhuma.
Despreze as cicatrizes
Não vá!
É cedo
Façamonos felizes...
j
Livro: Nudez da Alma
Um grito de angústia
Vasa o silêncio
De toda a multidão
Em passos lentos
Caminham em um único tom
Azul da cor do medo...
Mas não sei se o pavor
Foi pintado por alguém
As grades pesadas
Trancam os mistérios
De cada homem de aço
Tudo fica tão devagar
Até meu pensamento
Esquece de ocupar
O seu verdadeiro papel
E eu invento formas
Para ir levando
O tempo de arrasto
Puxados por correntes
Que ornamentam a tristeza
Da minha provisória
E interminável prisão.
j
A besta ortodoxa caminha
Livre e solta por todos os lugares
É cega, sim é cega a fera
Mas bela se apresenta
Travestida...
Dizse defensora de alguns
Ou de todos
Porém, aqueles
Que supostamente são defendidos
Não a conhecem
Nem sequer sabem que ela existe...
j
Teus passos lentos
Teus cabelos ao vento
Já diziam tudo
Pouco a pouco teu mundo
Foi ficando mudo
Tua cidade lentamente
Foi virando as costas
Rasgando teu peito
Retirando a força
De teus braços cansados
Forçosamente
Foste afastandote
De tudo e de todos
E de ti mesmo...
Até sumir...
Levaste junto tua
Própria mágoa...
Deixando como agradecimento
Um rastro de água
Que nunca secará...
j
Eu não queria silenciarme
E andar vazio pela vida
Mas a cada instante
O funil fica mais estreito
E eu caio no abismo
Que há pouco você retirou
Para onde levará tamanho peso
Dessas terras sem dono
Que formavam os sulcos cavados
Que geram esta imensidão
Em nossa frente
Pelo menos, se pudéssemos
Passar por cima e sentirmonos
De outro lado...
Poderíamos até encontrar
O paraíso dos sonhos
Que guardo há tanto tempo
Nos calabouços do meu silêncio...
j
De que adianta
Buscarmos todos os dias
Na prateleira do ódio
Um novo remédio
Para esta chaga
Sempre sangrando
Sem antes estancar
E recuperar
O que já foi derramado...
Para tudo há um remédio
Quem sabe um dia
Até poderemos rolar
Pelas pedras de ponta
Que sempre encontramos
Nesta longa caminhada
Sem ferir nossos corpos
E quando chegar nas águas
As ondas salgadas
Adoçarão nossa tempestade
E abrirão nossos olhos
Para um mundo que um dia
Tentamos descobrir na escuridão
E nos perdemos buscando
A certeza de estar pronto
Um para o outro...
j
Ser artista não é casualidade
É algo grande e sensível que lateja
Dentro de cada um...
Os caminhos são difíceis, às vezes desanimadores
Vezes incompreendido até pelos próprios
É lutar pelo espaço com “unhas e artes”
É “brigar” com o sistema e enfrentar poderes
De pessoas que nem se atreveram a sonhar
É se expor a todos os tipos de agressão
E ainda ter que encenar fora do palco
Renegando momentos festivos e importantes
De nossa vida comum.
É deixar de lado nossos filhos, nossos amigos
Nosso lazer e consumir horas e horas
Em pesquisas e ensaios para mostrar o melhor
Às vezes chega a ser uma grandiosidade incontestável
Mas para muitos não passa de mera bobagem de um “artista”
É colocar o íntimo de si a julgamentos
Às vezes constrangedores, que inibem a vontade de criar
E agente se machuca! Desanima, cruza os braços
E invade uma vontade enorme de mandar tudo...
E procurar proteção entre quatro paredes
Deixar o tempo passar, olhando apenas pela fresta da janela
Mas olhar o quê? O possível brotar de uma consciência inconsciente!
Mas quando me encontro nesta situação
Algo explode dentro de mim e parto pra luta de qualquer jeito...
Mesmo com os braços amarrados
Pois tenho certeza do adubo na semente arte...
Não é revolta e sim um grande desabafo
Nem conceitos desconhecidos
Há muitos nesta estrada, com a mesma vontade
De falar desta inexplicável experiência...
j
Estas máquinas que me rodeiam
Não me incomodam
Elas são quase precisas
Só erram quando o homem esquece de
Alguns dados alimentar
Porém as máquinas que alimentam
Me machucam por sentir
A aproximação de erros
Após erros e sentiremse certos
Sem querer pelo menos
Compartilhar com minhas idéias
Sem querer acender as luzes
Da minha escuridão e
Iluminaremse junto a mim...
j
Por la calle dormida
De las mañanas frías
De invierno inevitable
Sin mucha razón humeante camina
Bajo la lluvia fina
Un hombre y un otro y otro
Con el dolor de cada día nuevo...
Son obreros de mis sueños
Cansados sacando la suerte
Con su pan bajo el brazo
Desnudo encorvado van construyendo
Pocas ciudades y mil cárceles
Necesidad de la democracia
Tantos años esperando el milagro
Temen su tiempo su casa su tierra
Regalo tan prometido...
Pero para hacer mis versos
Yo hoy me pongo a pensar
En las palabras que oigo hablar
¿Por qué no compramos también los poetas ?
Pues en cada obrero hay un pedazo
De mi alma de mi poesía...
Me gusta juzgar que soy libre
Sin horario sin reloj
Sin la voz amortajada que transita en el tiempo
Montañas, ríos y campos
Pobres campos que tiritan de verde
Pobres tierras, con destino de rutas
Pobres obreros, siempre con las manos vacías
Cerradas y callosas del trabajo
Pero con ganas de alzar los puños a lo alto
Mientras yo busco escribir rescribir versos
Para los hombres conocer mejor estés hombres...
j
Um inseto no vidro
Estraçalha suas asas
Na tentativa de fugir
Da grande barreira
Que o homem colocou em sua frente
Em forma de janela
Mas os homens mesmo
Com as janelas abertas
E de braços soltos
Pernas livres
Para caminhar por estradas
Não ultrapassam esta
Pequena e única barreira
Nem se quer tentam ir além da porta
E se autoviolentam todos os dias
Na tentativa de buscar novos caminhos
E sempre se encontram na mesma
Linha de limite desta caminhada
j
Hoje, eles mataram a velha
Venderam seus móveis
Roupas e objetos pessoais
Por fim venderam a casa
Com todos os fantasmas
Tentaram se livrar
De todas as lembranças possíveis
Mas os fantasmas
Continuam habitando suas cabeças
Seus corpos e tudo mais
Estão com medo
Com medo sim
Há! Estão com medo do fim
O barulho dos pratos na mesa desfeita
Ainda ecoa e fere os surdos.
Sempre me achei culpado
Das dores do mundo
Espero um dia ser mártir
De causa alheia
Ou traidor de minha própria causa.
Não sei porque estou dizendo isso
Talvez seja porque eu não me escute mais.
Ou será que estou ficando surdo?
j
Ilumine los caminos claros
De esta multitud de sueños raros
Y devastados
Ilumine toda mesa vacía
Toda casa pobre y fría
Y desafortunados
Ilumine el niño abandonado
La voz sin fuerza tan callada
De las personas pobres.
Ilumine la razón de igualdad
La justicia y la fraternidad
Y que el amor sobre...
Ilumine todo lo que, precisa cambiar
Ilumine el cielo la tierra y el mar
Ilumine este pedazo de tierra
Disminuya la lucha y la guerra
Y la conquista inútil
Ilumine las leyes tan confusas
Y aparten todos los que usan
de forma tan hostil.
Ilumine las personas tristes
Y aquellas que insisten
A los otros herir
Ilumine la fuerza de vencer.
Las ganas de vivir
Y la garra para seguir...
j
Sonhos
Apenas sonhos
Das noites sem dormir
Que agora se vão
Rasgando o peito aberto
Fugindo pela janela
Encostada na parede
Das casas, que um dia
Desejei morar
Como podem os vidros
Quebrarem sem fazer
Sequer barulho
Deve ser a mudez
Que não me deixa ouvir
Também não sei o que ouço
Primeiro... ou depois
Gostaria de juntar os cacos
E ter a sensação
De montar um grande espelho
Mas para quê?
Se sou invisível por enquanto...
j
Nem mais um soluço em vão
Um olhar perdido no horizonte
Uma indefinição definida
Se já estou certo de que os homens
São todos iguais a mim
Eu que pensava ser um fiapo
Resto de tantas coisas juntas...
Entre pedaços encontro a diferença
Eles são iguais a muitos ou a poucos?
Nem mais uma busca...
Nem mais um entendimento
Isolarme também nunca
Pois sei que atrapalharia
A minha interminável
E contestável luta
De sermos pelo menos comuns
Antes do impossível...
Sermos iguais...
j
Remover cinzas
Para mostrar pedaços
Do meu lado queimado
São coisas que me fazem pensar
E descobrir um pouco de cada um
Que passam se fazendo
De invisíveis
Ao meu redor
Ocupando caminhos
Que guardei no armário
De pedra empoeirada
Nos porões da minha saudade
Reluto insistentemente
Desafiando minha coragem
Na tentativa de ver todos
Caminhando por rumos novos
Que estão saltitantes em nossa frente
Mas antes disso preciso
Com cautela abrir devagarinho
Os olhos entreabertos
E despertar com toda a surpresa
De que em meus caminhos
Não há sinal de indicação
j
Meu silêncio incomoda
A mim e aos outros
São raros momentos
Repartidos em segundos
Que faço minha reciclagem
E vou mesmo sem ter
Asas nem onde pousar
Colocome na parede
Para ser fuzilado
Pela minha consciência
E morro com estilhaços
De inconformidade...
Antes do acontecimento
Trágico da morte em vão
Questionome sem respostas
Os ouvintes estão ausentes
Culpar alguém não devo
A prisão é a sentença
É só minha, quero voltar a si
Para desfrutar a liberdade.
j
São grandes momentos
Colocados um após o outro
No paredão do extermínio
Os canhões dirigidos
Para os meus pensamentos
Explodindo minhas atitudes
Ainda bem que acordei
Do susto atômico
E tive a oportunidade
De perceber a grande ilusão
Dos meus sonhos
Os homens caminham felizes
Lado a lado
Encontrados em si...
Sem piedade de ninguém...
j
A distância
É a maior inimiga
Do sentimento chamado amor
O elo entre nós
Sinto que a cada dia
Vai se enfraquecendo
Fiapos de desilusão
Um a um são arrancados
De nossa cabeça
Um dia senti entrelaçado
Por tantas maravilhas
Que hoje são apenas restos
De um passado presente
Quem sabe ausente do nosso
Sonhado futuro de paz
São pedras que rolam
Debaixo de nossos pés
E nós caímos um para cada lado
Desmoronando nossa consciência
Que construímos com sacrifício
E agora...
j
Não posso estar nesta roda
Engolindo as engrenagens...
Sempre fui tão feliz!
Não gostaria que minhas mãos
Que sempre estiveram erguidas
Na busca da felicidade plena
Agora estejam querendo cair
Ao longo do corpo, cortando o elo
Eu sei que devo levantarme
E deixar a cadeira vazia
Para outros que desejam
Dormir com suas profundas revoltas
Diante de todo este silêncio
Tenho que alterar a minha voz
Como se fosse um altofalante
Com todas as regulagens possíveis
Afinal nunca fui objeto
Para ser jogado no canto
E ser lembrado somente
No momento exato da minha função
Sou um ser único!
Mas que bobagem dizer isto...
Azar se poucos relutam
Para vestirem todos com a mesma roupa
Pois iguais nunca seremos...
O silêncio fica bonito eu sei...
Nos hospitais, nas igrejas, sei lá
Nos lugares incomuns para os homens
Cheios de vida pra dar...
Acredito ou até faço uma certa força
Deve ser uma forma antiga
De escravizar apenas para ser escravo
Ainda bem que o inconsciente
Sempre será manifestado sem a própria
Estrutura do homem sentir...
j
Infiltra pela janela
Uma angústia que eu mesmo
Vim buscar
Mas a janela não abre
Tudo está tão fechado
Dentro do meu próprio ser
O infinito da minha liberdade
Parece estar morrendo
As escadas convidamme a descer
Os degraus imaginários
Que sustentavam minha posteridade
São tantas coisas que bailam
Ao meu redor
E eu consumo momentos tão importantes
Dos que venci
Mil vezes já me perguntei
Olho para o lado e vejo
Pessoas tão tristes e preocupadas
Desperdiçando o amanhã
E eu sou contaminado
Com o veneno solto no ar
Mas não quero deixar morrer
Esta transparência de alegria
Nesta rotina entediada
Quero lutar pela grande vontade de viver...
j
É só despojar do teu egoísmo impenitente
Que a tua autoviolência se transformará
Em caminhos tão belos cobertos de flores
Como se tudo fosse um grande sonho
Que talvez por tua maneira de agir
Nunca tiveste a oportunidade de sonhar
Eu quero darte apenas as pontas dos meus dedos
Como forma impessoal e misteriosa
De dar as mãos para caminhar
Na mesma direção de tantas pessoas...
j
De que adianta
Falar do que não gosto
Do que nos incomoda
Tantas, quem sabe milhares
Já me disseram
Mas algo mais forte
Lateja dentro do meu peito
Parecendo dizer não deves
Deixar abafar tua voz...
j
Sem machucarse nas pedras
Acenda todas as luzes
Para iluminar as cruzes
Que marcam todas as feras
Perdidas nos seus desalentos
Ressuscitam das profundezas
Momentos de pouca beleza
Vitrificam a paz deste momento
Como máquinas vão se repetindo
Em lágrimas sorrindo
E nós aplaudimos sua passagem
Tudo passa de repente
Deixando um vasto ausente
E eu cultivo como miragem
j
Quero deixar a cadeira vazia
Desta complicada insistente roda
Que saiu sem entrar na moda
Mais quente da vida fria
Azar se poucos relutam
Para vestir a mesma roupa
Nesta sujeira tão pouca
Que se rompe e se junta
Deve ser uma forma louca
Nesta voz baixa e rouca
Comandando pobres comandados
Que agora estão querendo cair
No mesmo erro de se incluir
Nos lugares já demasiadamente lotados
j
Mas é apenas um inseto
Estraçalhando suas asas
Nas labaredas que foram brasas
Desabadas das paredes de concreto
Que o homem fugindo colocou
Em sua frente como grade
Julgando ser muito tarde
Pra testar a força que sobrou
Mas arrancando grades e janelas
Acendendo todas as coloridas velas
Sobrou ainda a eterna escuridão
Para convidar a soltar os braços
E sentir livre do cansaço
Que caminha em busca de solução
j
Eu estou preso
Tenho sim que me libertar
Mas por que estou preso
Tenho que sair daqui
Eu estou perdendo tempo
Há muito tempo lá fora
O meu tempo que faço?
Se todos os lugares que vou
Me sinto preso
E cada vez mais sinto
Tua cara escorregando de leve
No espelho que nunca me vi...
j
O gosto repetido pelos livros
Não é apenas um hábito
É uma desilusão na descoberta
As pessoas não falam
Talvez não tenham mais nada à dizer
Elas se repetem, se repetem
Gritam e se repetem
Até ficarem cansadas.
Puxa... quase morri de fome
Vendendo cachorroquente...
j
Embora sabendo que para subir
Precisamos das escadas
Muitas vezes mal colocadas
Sem o corrimão para guiar
Vamos tateando no ar
O chão já está ocupado
Limpo bem lavado
Tudo pronto pra ficar
Nada mais é irritante
Tudo como foi antes
Se transforma a cada momento
Eu já estou dormindo
Acordado quase parindo
A frescura da ausência do vento.
j
Minha amarga inquietação
Sempre morta, quase viva
Tornase rebelde e nociva
Quase útil inerte e em vão
Quero lentamente partir
Para o mais longe perto
Buscar os erros tão certos
Do meu complicado existir
Mas desesperadamente viajo
Nas bagagens cheias nada trago
Do real, utópico para todos
Cresço, diminuo e me esmago
No canto redondo e rebuscado
De todos os vertentes lodos.
j
Perdida no horizonte!...
Eu vi apagar...
Uma a uma
As estrelas do firmamento!
Só restou a estrela...
Dos teus olhos...
Para me conduzir!...
Pelo campo majestoso
Em busca de nossas fantasias...
Que permanecem vivas...
Em nosso íntimo nu!...
j
Em meio a fumaças de sonhos
Suas asas planam, despertando
Em mim o depósito de emoções
Num terno aconchego de desejos febris...
Cavalgo fantasias em pêlo
Remoendo restos do ontem esquecido
Na busca do amanhã, renovo a ilusão
Ressonada nesta melodia...
A madrugada serena camufla
Um ritual de amor, orvalhando
Mais um sentir... Mais um querer...
Neste instante de magia, se fazem presentes
Fiapos de realidade, em busca de novos
Caminhos para encontrarme no anonimato
De uma vida que cochila displicente
No colo desta virgem vontade...
j
Quem vai querer!... Quem vai querer!...
Não custa nada... É nutritivo...
Alimenta a alma...
São fantasias da nossa vida,
Buscando um futuro melhor...
Só é indigesto no mundo capitalista...
Faz bem á saúde da consciência...
Sonhos!... É o antônimo de realidade!...
Quem vai querer!...
Sonhos é o irmão gêmeo da arte e
Primo irmão da ilusão...
Quem vai querer!...
Aqui... Vendemse sonhos...
Na tenda da opção...
Vamos, sejam bemvindos
Ao mundo dos sonhos...
Liberte o seu lado sonhador
Desfaçase do cotidiano...
Quem vai querer... Quem vai querer...
Não compromete ninguém
Cada sonho tem sua identidade própria
Sem burocracia, nem taxas...
Sonhos, são apenas sonhos...
Vamos, venha comigo...
Poderemos continuar
Nos atrevendo a sonhar...
j
Entre papéis, canetas
E o cesto de lixo...
Confrontamse as nossas decisões...
Temos que continuar lutando
Contra este trânsito louco
Que é a vida!
Buscamos o controle do tempo...
E o contratempo
O desabafo malcriado
Que explode rompendo
A boca do vulcão menino
Extrapolando à razão...
Enquanto isso, na mansão
O espelho da parede
Reflete a fagulha de raiva
Dos olhos daquela
Criança abandonada...
A alma continua inquieta
Sufocando o desejo carnal...
É a loucura calada
Vigiando o cérebro humano
Pronta para sua conquista...
O riso brota, como programa único,
Subindo pela minha garganta
Soltandose...
Nada poderá abafálo...
Vagueei!...
E os problemas estavam
Amontoados em um canto,
Esperando por mim...
j
Fim de tarde...
A cama está feita
Aguardandome para mais um sonho...
O pão na mesa, para saciar a fome
De um medíocre ser humano...
Na cacimba, a água
Despertando o desejo de vencer...
Conseguir ultrapassar a barreira
Do caminho perdido...
No antro das serpentes
Que vacilam ao decidir atacar!...
Iludir!... Tentando ganhar
O seu amor que permanece
Debruçado na soleira da minha janela...
Lutar... continuar lutando até a morte
Chegar de mansinho e nos levar pro nada!...
Ganhamos o troféu...
Que de agora em diante ficará reluzindo
Na prateleira do museu da vida...
Enfim está garantida a sobrevivência
Entre os mortais, apesar de sua morte...
j
Mulher!...
Sou mulher sedutora...
Mito de muito sonhos...
Inspiração!...
Delírio para almas perdidas...
Sou mãe protetora...
Atrevida!...
Brinco de amor na relva fresca...
Desvirginando cada amanhecer...
Atuo!...
Rasgo o meu ventre...
Dilatando o meu sentimento de menina!...
E você?...
Para mim, é anjo barroco da mitologia...
No nosso mundo, único!...
Que nós dominamos sob o galopar...
De nossos cavalos alados...
Na colina de nossos corpos...
Sou para você!...
A Vênus da ABBONANZA...
Uma deusa de nossa descendência!...
Arremessamos ao vento...
O nosso desejo sentido...
Que se transforma em flechas
Atingindonos no alvo...
Sou apenas uma mulher!...
Talvez... Graças a você!...
Que contribuiu para eu me sentir mulher...
Você que me fez sentir...
Um arrepio com um calor de quarenta graus...
Com você!... Eu me senti fêmea...
Princesa do seu trono...
Ou talvez apenas amante!...
Mesmo por caminhos distantes...
Estaremos juntos, para sempre...
De mãos dadas!...
Desfrutando o paraíso de nossas vidas!...
j
Uma rua...
Uma esquina...
Campo aberto...
Meu jardim...
Para manter o dom de ser natural!
Cultivo flores de performances delicadas...
Acompanho a vida, pois ela continua!
Com vibração... Inquieta...
Meu amor!
É um cavalheiro medieval
De armadura brilhante...
Minha vida!
É um estado de espírito...
Quanto mais idade
Mais saborosa fica...
Revelome a mim mesma
E sintome purificada...
A esperança continua moribunda!
Desilusões!
Quantas lágrimas contidas...
Alegrias!
São implosões abafadas...
E sob a luz tênue do lampião
Continuarei a passos largos...
Outra rua...
Aquela esquina...
Nosso jardim...
j
Aos amantes, o meu nobre respeito...
Participam da vida através do patamar elevado da busca...
Encontram no olhar perdido
A resposta para as suas perguntas não respondidas...
No simples toque acham a expressão do íntimo
Que cala os preconceitos arrepiando a pele nua...
No lençol manchado a satisfação aflorada
Do encontro de almas...
No dia seguinte a saudade da noite anterior
Se eleva para o próximo encontro
Percorrendo livremente as estradas do querer....
São simplesmente amantes doandose sem nada pedir
Em troca, reconhecendo e elevando o espírito maior...
j
O amor infla por dentro
Estufandose para a vida
Ocupando mais espaços vazios...
É a magia mais antiga e completa
Que já existiu na natureza...
Amor...
Este sentimento natural, suave
Embriagando corações meninos...
Desmoronando fortalezas
Deixando todo o ser humano
Na mesma igualdade...
Este amor...
Faz voar mais alto
Os sonhos de uma existência...
Amor, sempre amor...
Semente fecunda que brota
Por nossa continuação...
Amor, o meu amor!...
j
Há várias maneiras de se conviver
Com a MORTE...
A principal é sobreviver!...
A qualquer preço...
Talvez a solução consiste
Em viver com dignidade e afinco...
Assim não lamentaremos
No fim da estrada...
Existem pessoas vivasmortas
Arrastandose pelo caminho...
Infinito, onde paradas são
Meras placas de indicação...
O caldeirão do amor fermenta
Exalando o odor do prazer...
Enquanto mãos estendemse
Oferecendo ajuda ao ódio...
No prelúdio... almas sendo
Veladas pela chama da existência...
No fim do túnel a nossa última morte
Deliciase com o espetáculo da sobrevivência
Que mais cedo ou mais tarde chegará...
A amiga MORTE está em todos os lugares
RONDANDO ETERNAMENTE...
j
Senti você deslizar
De mansinho...
De mãos dadas com minhas frustrações
Desvirginando um dia radiante...
Imagineite no nosso mundo...
Descobrindo o prazer...
Eu estava a tua procura
Escoltada pela solidão...
A dona aventura deliciavase
Com os devaneios descompromissados
Correndo livres...
Como os meus pensamentos...
Neste bastidor da vida
Os atores somos nós...
De mundo único
Invocando os deuses pecadores...
De mãos postas sobre o teu colo...
Sigo, olhando... para o amanhã
Com intimidade...
Verte do leito a certeza
De que estaremos juntos
Para mais uma vez...
Sermos felizes...
Nem que seja apenas na minha imaginação!...
j
Na evolução do homem
O amor transcende magicamente
Fundindo a ligação de almas...
O fio da existência rompe
Aliciando a nobre coerência!...
Deixando a viuvez ultrapassar
O momento equalizado
Expondo a fenda da perda...
O peito estufase novamente!...
Resgatando a consciência
Convertida em exclamações
De uma vida monótona
Absorvendo os anseios
De inovação... Os vestígios
Denunciam a esperança dos deuses de bronze...
Imperando sobre os sentimentos falidos
Da humanidade!...
j
Não destruirás os alicerces do “meu mundo”
Porque nele existe uma vida...
Com mil sonhos, incertezas, angústias
E muita vontade de vencer...
O teu mundo é único, nunca esqueça isto...
Sempre será o mundo mais certo de todos...
Não deixes que te aniquilem!...
Tu tens uma causa justa a que dedicar
A tua simples existência...
O nosso mundo é forte, atrevido, eloqüente...
Sempre sustentando uma base para a
Sobrevivência do ego.
j
As lembranças fluem
Como fantasmas do passado
Entre espasmos...
Contorcendose lentamente
No presente atrevido...
Pela fresta do tempo
Sigo fundida em tua alma!
Agora...
Deslizo minha pele
No teu corpo...
Arrepiando o desejo
Da semana passada!
E no amanhã...
Há de reluzir
Na selva do destino...
Mantendonos unidos
Por caminhos diferentes!
j
Despertou novamente a angústia
Da semana passada...
Amarrotada... Sonolenta...
Depois da folga do fim de semana!
O choro das crianças...
Acompanhado pelo coquetel
De sentimentos improvisados...
Dilacerando os desejos
Deste diaadia!
Seguidos de noites de insônia...
Cai a chuva, que não pediu licença...
Refrescando o ar!
A ironia está sentada no divã da sala
Afirmando grandes melhoras
Para esta semana que se inicia...
Ironia descuidada...
Virou o copo de vinho
Manchou a roupa do destino!...
j
A ambição descansa...
Conduzida pela mão do sono...
Enquanto no céu
As estrelas brilham
Numa gratuidade infinita
Dando ao orvalho
Um toque de magia...
Fecho os olhos!...
E vejo a brisa lambendo
As flores do campo...
Numa sinfonia da natureza...
Tua imagem reflete
Na água cristalina
No riacho da saudade...
Transparecendo a tua alma
Satisfeita por ter se
Encontrado nos braços da liberdade!...
Afundando com as mãos
As angústias...
Violas o meu limite
Extravasando o compromisso
Assumido...
Deixaste uma marca
Na nossa estrada!...
É sempre assim...
Quando arrumamos a casa
Para esperar a felicidade...
Ela acaba batendo em outra porta...
j
Amordaçaste tua ira
Sentindo o faro de ilusão...
O relógio da praça
Anuncia a hora de recomeçar...
Na beira do meu caminho
Repousam lápides caiadas...
De companheiros lembrados
Por glórias do passado...
Alçaste no infinito
A tua criação!...
E segues no escuro...
Guiado pelos olhos lagrimados
Da inspiração...
Abandonas o casulo infame
Entregandote de corpo e alma
Ao mundo dos privilegiados...
És poeta nato!...
E teu sonho escapa
Pela fresta da porta
Fechada!...
j
Bom dia!... Pára o mundo!... E...
Na minha frente aguardavame
Uma fotografia... A imagem que eu via...
Era de um rosto transfigurado...
Uma expressão de alguém cansado
De lutar por sua própria vida!...
Fiquei a me perguntar...
O valor da vida?
As fronteiras do mar?
Que cor tem teus olhos?
Afinal, o que é sonho?
O que é amar?
Mas eu vou seguindo...
Vou denunciar!...
A guerra!...
Os conflitos humanos!...
A violência!
Medito... e suplico...
Em nome de todos nós...
Deixem o sol brilhar sublime
Nas colinas do nosso campo...
Serão com toda a certeza
Manhãs radiantes, cheias de vidas!...
Em cada despertar ao seu lado...
j
Mais um minuto, mais uma hora...
O agora busca no cotidiano
Meadas de realizações
No novelo que segue diminuindo
Na medida em que as mãos
Do tempo tecem esta peça de malha fina
Que aquecerá a minha alma
Nesta busca e procura de meus ideais...
Mais um minuto, mais uma hora...
O ontem desfila por meus pensamentos
Mostrando o que ficou de forte e
Marcante por entre tempos insonsos
Mais um minuto, mais uma hora...
O futuro me aguarda acompanhado pela expectativa
Sentado na praça, por onde desfilam
Vidas e ansiedades de nosso mundo
Sem rumo e de cabeças vazias...
j
Abandonas a matilha
Vestindo teu disfarce de pastor...
Entre o rebanho inocente
Conquistas o teu reinado
De farsas e ilusões!...
Atacas traiçoeiramente
As vítimas distraídas
Dilacerando a confiança...
No pasto, alimento da vida!
Deixas marcas de tuas presas
Rompendo as máscaras
Expondo o teu ego...
A ironia exposta em sorrisos
Concretiza o teu talismã
Uivas a vitória!...
Resgatando na aparência
De príncipe encantado...
De histórias e estórias
Em quadrinho infantil...
A inspiração para o novo ataque!...
E assim segues por aí...
Mais um anjo de alma negra!...
j
Existe uma TERRA PROMETIDA...
Onde o TRABALHO...
Contribui nesta luta
Pela sobrevivência humana!...
Existe uma TERRA PROMETIDA...
Onde LUTAR...
É buscar a FORÇA INTERIOR
Por seus IDEAIS!...
Existe uma TERRA PROMETIDA
Onde a simplicidade consiste
Em sermos dignos de uma energia!
Chamada AMOR!...
Existe uma TERRA PROMETIDA...
Onde conseguimos atingir a TERRA
Com nossos pés calejados...
E sentir fluir do paraíso e...
O PLANETA TERRA SERÁ UMA TERRA PROMETIDA!...
As pessoas fazendo parte
Da mãe NATUREZA...
E, poder desligar o ar condicionado...
Abrir a janela... e SENTIR a brisa soprando
De mansinho!...
Este é o MISTÉRIO DA TERRA PROMETIDA!
j
A saudade arromboume o peito...
Fiquei a vagar na inconstante fantasia...
Busquei no dia passado
A cumplicidade do nosso pecado maior...
Nosso vício!...
Que hoje reflete sem preconceito...
No espelho fosco da vida...
Retratando nossa busca distante...
O desejo nu, enlouquecido...
Espera por nós... deitado no cetim
Do teu corpo, guardando para sempre...
O sopro do delírio...
E a certeza de um amor verdadeiro
Nos acompanha, dividindo nossas vidas...
j
Porta aberta...
Vacilação!...
Entre o possuir
E ser possuído pelo desejo de carne...
Pecado original...
És tentação dos meus anseios...
Equilibrando nosso momento...
DIZEM SIM!... a ti mesmo...
Ama a natureza...
Assim estarás me amando...
Impulsiona a nossa subida...
Sejamos fortes...
Lutemos com unhas e dentes...
Para que mais tarde tenhamos a certeza...
De nos encontrar, numa esquina...
E assistir a vida deslizar
Sobre os nossos pés...
j
Deixem
Que eu abra a minha boca!
Que lhes mostrarei o meu mundo...
Deixem!...
Que eu corra livre na aurora!
Que a minha sina reinará...
Deixem!...
Que eu me envolva
Nos teus olhos!
Que você me amará!...
Deixem...Deixem...
Eu ser apenas o que sou!
Com intransigências diretas
De um EGO... partido ao meio...
Poder transitar sem multas
No meu mundo... no nosso mundo...
NO MUNDO DE TODOS NÓS!...
j
Deportam através dos gestos
Insonsos, a vontade inatingida
Paralisam perante tantos desabafos
Criativos dos lobos das noites enluaradas
Sonorizando o espaço com uivos de alerta
Buscando companhia para a sua reflexão
Alimento do raciocínio e do desejo
Degradando os sentimentos obscuros
Que se banham nas águas de emoções
Sexuais obscenas, na realidade perdida...
j
Amanheço toda hora...
Um novo despertar!
E desta vez...
Olhava com paciência
A vida pelo espelho...
Via o passado entrelaçado
Com o presente!...
A expectativa estimulava
O meu cérebro...
Vindo à tona
Reflexos!...
Acomodados dentro de mim...
A raiva desfazendose
Num passe de magia
Captei tua mensagem telepática
Compensandome teus pecados...
Este foi um amanhecer desprovido
De dignidade...
j
Sentimos a chama
Ainda acesa
No amanhecer do dia,
De cada instante...
Espelho de olhos
Nos revelando
Num passe de mágica...
O magnetismo segue
Fluindo um orgasmo
Em forma de vida...
Aquecido por sentimentos
Atrevidos...
Cutucando a consciência
Em busca da razão...
j
Redimo os mistérios
Do meu envelhecer
Minha carne marcada
Rasga os sulcos de cetim
Da alma envaidecida...
Delato a candura
De anjos barrocos
Perdidos na ampulheta
Dos séculos em guerra...
Indago através de gestos
O álibi da força interior
Perdida na nostalgia
Da rotina, resgatando
A eterna esperança!...
Para a alma perpétua
E corpo decadente...
j
Livro: Delitos e Relatos
Elas são filhas salgadas
Suaves e silenciosas
Que dizem tudo sem emitir a voz
Elas inundam os olhos
Para transmitir os mais lindos momentos
De felicidade e de ternura
Mas também transbordam para
Expressar momentos de dor
Mas se não fossem as lágrimas
Nos momentos cálidos
Como poderíamos representar
Tanta emoção contida na alma?
O que seria dos frágeis corações?...
Minhas lágrimas são pesadelos
Do meu sono acordado
Gritos do meu silêncio
Que todos podem sentir...
Ver... e quem abe tocar...
Mas sem silenciar...
j
Ter uma multidão
De arrasto atrás de si
Não significa ter todo poder...
Questionar os valores dos outros
Não implica no entendimento
Dos seus próprios valores
Ser transparente é perigoso
Quando os raios do sol
Refletem no brilho dos olhos fechados
Entretanto o poder, valores e a
Própria transparência do ser
Sempre estará presente
Naquele que possui a maior
Capacidade de amar...
Pois poucos serão aqueles
Que ultrapassarão o sinal vermelho
Da vida além da morte...
j
Não, estou bem, não se preocupe...
Com este meu jeito de ser de pensar e agir
Esta angústia que às vezes transpareço
São apenas alertas açoitadas pelo meu ego
Para o deserto sem areia da consciência
Sem a essência sólida da palavra amor
Do peito aberto vazio sem alma
Dos rios, lagos e florestas verdejantes
Dando seu último e angustiante suspiro...
Não, eu estou bem, não se preocupe...
Afinal de contas o mundo esta correto
Ainda há homens totalmente sem razão
O feijão está presente nas mesas de luxo
Não se preocupe... com este meu jeito
De tentar brincar com a ironia e transmitir
O irreal desta nossa bela realidade...
Eu me arrisco sim... pois sei a cada instante
É mais constante o decepar de mim...
Pedaços que farão falta no meu amanhã...
E no teu amanhã... no nosso amanhã...
j
Sintome como um saco vazio
As pernas parecem me trair
Pois elas me conduziram
A um lugar que eu não queria
E aqui estou traidor da minha
Própria e única causa...
Como se a causa dos outros
Não tinha nada haver comigo
Hoje sou mais pobre
De tudo. De espírito, de alma,
De consciência social
Estou morrendo por dentro
Louco para pedir perdão
Mas para quem, se o pecado
Foi apenas contra a mim?...
Não mereço sequer o meu perdão...
Como sou pequeno...
Mas este pequeno poderá ser em troca
Da minha inútil sobrevivência...
j
Uma névoa de angústia paira no ar
Confundindo os milhares de rostos aflitos
Que caminham desfigurados se dividindo.
Eles talvez vão em busca de uma solução
Desta situação que não tiveram o direito
Se quer, de uma pergunta mentirosa ou não
E executaram sem ouvir esses pobres felizes
Sonhadores, que nem sabem de sua importância
Mas isso já não importa tanto agora
Já que estamos afundando neste resto de lama
Última sobra do próximo esperado dilúvio...
Da minha angústia há muito tempo eu falo
Nada de novo trás em meu corpo aberto
Ela sempre brotou da incerteza e da frieza
Que os homens da verdade tratam as coisas sérias
Eu me consumo lentamente ou ligeiramente
Ao ver e sentir a degradação humana...
Suplicando mudanças em sua única dignidade
Seu esforço pela troca de sua existência...
Mas o que retiro de importante e questionável
Deste belo momento atual, desatualizado
Talvez algumas almas coloridas e desbotadas
Que nunca se vestiram de branco
Cessem seu pranto que nunca derramaram
E reflitam sobre a paz que nos levaram
Fingindo não ser um fruto de sentimentos
Para não nos conceder o direito de acusar...
j
Foi preciso sim
A fuga para conhecer
Outros caminhos...
E para perceber
A imensidão
Que estava perto de mim...
O cedro da praça
Que tantas vezes
À sombra brinquei...
À espera de matinê
A avenida arborizada
A vila nova tão velha
A casa onde eu morava
As figueiras amareladas
Que sem nada reclamar
Emprestavamme seus galhos
Para pendurar meu balanço
Que mais tarde o tempo parou...
O figo, fruto delicioso
Que minha boca adoçou
A sombra da caneleira
A minha rua empoeirada
A minha escola
A minha primeira professora
Meus primeiros beabás
A minha própria raiz
A minha cidade pequenina...
E o berço que aconchegoume
Na minha chegada...
j
Não chores por pouca coisa
As lágrimas poderão cobrir
A beleza do mundo à sua frente
E tu não terás a oportunidade
De ver a grandeza do mundo
Bem mais além que te espera...
j
A poesia é o meu caminho
De flores ou espinhos
É fogo por dentro
Já dito por outro...
É todo o meu princípio
É o que trago sustentada
Pelas mãos trêmulas
Muitas vezes arreada
Do mastro invisível
Pra dar passagem ao hasteamento
De sustentações errôneas...
Mas enfim é o que tenho
De mais sublime para iluminar
As casas frias e pobres
As igrejas e os palácios
Para renovar a noite
Depois do intranqüilo sono
Os dias após o trabalho
Para dar idéia as imaginações
Mais lindas ou obtusas
Para questionar a sociedade
Para revelar o talento
E o contraste...
Das fotos preto e branco
Para iluminar a felicidade
Dos amantes mais amantes
Para reacender a luz no canto
Mais escuro dos homens
Para tantas coisas possíveis...
Venha, você também pode segurar
O facho desta grande luz
Que ilumina todos os caminhos
Mas venha...
Antes do fim do meu tempo...
j
Prepararse para o futuro
É acompanhar e crescer
É compreender que o amor
O trabalho e a paz
Entre os homens, são elementos
Reunidos na fonte
Inesgotável da conquista humana...
j
O sol tantas vezes
Modestamente retirouse
Para a lua tomar provisoriamente
O radiante lugar
Sem nenhum dos dois entrarem em atrito
Bem que nós poderíamos
Ceder um pouquinho
Assim como o astro rei e a lua
Com toda a sua grandiosidade
Não hesitam em dar uma olhadinha
Em outros mundos distantes
Dando assim um toque para nós
Quem sabe o exemplo necessário
Para termos a harmonia
Neste mundo tão completo
Mas lamentavelmente incompleto...
j
Adormeci depois de um sonho...
Que tive no céu da boca
Senti as estrela com gosto
De algodão doce...
Da brisa um cheiro de mato molhado
Respirando o ar da chuva
Tudo levoume a correr
Por entre os pessegueiros
E laranjais em flores
E vime como criança a brincar
Pés desnudos, livre e solto
Pisando como que contando
As diversificadas lajes frias
Dos caminhos longínquos
Revivi minha doce amarga infância
A linda namorada dos sonhos
O meu pequeno lar
A igreja pontuda
Quase ferindo as nuvens brancas
Do meu entardecer
E assim invadiume uma mistura
De saudade e felicidade...
j
Eu por mais que queira não consigo lembrar
Daquela noite do meu esperado nascimento
Claro que nem poderia... por mais que force
Na minha memória... sempre irá aparecer um vazio...
Contaramme da luz na madrugada
Da agonia cálida de minha mãe...
E do choro delirante que eu trouxe ao mundo
Mais tarde pelas frestas dos meus anseios
Enxerguei o mundo e caminhei
Sempre registrando o tempo com a poesia
Alguns já disseram que trago a vida
Sem a sufocante angústia e a gelada solidão
Outros declaram guerra às minhas sonhadas esperanças
Mas enfim tudo levame amálos a todos
E num passo mágico abraço o desespero
O encanto a desventura e a verdade
Mas o que eu gostaria mesmo como sonhador que sou
Presenciar apenas um momento onde todos os homens
Se abraçassem sem desperdiçar o verdadeiro amor
Eu ofereceria sem saber do retorno
O beija para selar...
A minha complicada, esperada esperança
De lembrar o dia em que nasci...
j
Toda a minha vontade de saciar
Esta louca faminta e devoradora ansiedade
De conhecer horizontes escuros além
Que do meu pequeno mundo vejo apenas traços
De cores desmaiadas
Estes desejos me arrastam pelos pés
E eu descubro toda a beleza além
E eu choro eu canto eu rio como ninguém
Mas não sacio a fome de ser cigano
E viajar em teu corpo
Descobrindo os mais incríveis lugares
Onde provisoriamente
Instalei a minha morada...
j
Jurei pra mim mesmo
Que não escreveria um verso sequer
Mas ao conferir meus velhos
Escritos tão bem guardados
Em minha memória tão viva
Percebi que ainda tenho
Muita coisa abafada
E devo mais do que nunca dizer...
Pensei... e logo sentime
Culpado das dores do mundo
E passei a ser cúmplice
Desta luta interminável
Notei a importância
De ser um poeta
E empunhei a poesia
E sentime armado
Aliado e com compromisso
E comecei a registrar
Denunciando novamente
Tudo o que pensava
Já estar há muito tempo
Consertado...
j
Nunca apague a luz
Que ilumina os outros
Sem antes pensar na possibilidade
Que você poderá
Não ver nada
Mesmo na claridade...
j
Tudo e todos
Parecem estar no seu lugar
Homens nas ruas
Carros nas estradas
Praças bem verdejantes
Mendigos saciados
Favelas majestosas
Salários polpudos
Suficiente para sobrevivência
Pagamento em dobro
Pelo trabalho dos operários
Vida bem planejada
Governo preocupado
Com o bem estar do povo
Crianças recuperadas
Leis que não cercam
Os pobres de obstáculos
Tudo e todos
Aparentando normais
Pouco adianta enquanto
Muitos estão ativando
Suas armadilhas pelos caminhos
j
Por este mar aberto
De mentiras e traições
Eu quero navegar
Com toda a bagagem
De minhas poucas viagens
Do meu grande passado
Quero ancorar sem medo
Na ilha mais próxima
E contar em detalhes
A história dos homens
Do meu tempo...
Semear a paz e colher
A saudade dos que deixei
Para trás dos meus sonhos
E viver sem esta agonia
Quem sabe um dia voltar
Ao ponto de partida
Não para ver o que deixei
Mas para contar o que restou...
j
As pedras mudam de rumo
As águas frias dos rios
Que cambaleiam sedentas pelo mar
Os dentes seguram palavras quentes
Das bocas sinceras que lentamente
Se fecham molhando os lábios secos
E o mundo fica atônito
Sem ouvir a palavra amiga
O inimigo faz dos meus sentimentos
Turbulentas aragens
O meu amor vacila nas trevas
E sai em busca das calmarias
Ao encontrar... os mistérios
São desvendados adoidadamente
Como se tudo fosse certo
E assim eu entendo certas coisas
Que o destino tenta nos explicar
E eu corro no imediatismo dos meus atos
Tentando me redescobrir...
j
Para muitas pessoas
A gente não passa de uma laranja
Muitas vezes sem retirar a casca
Abrem um orifício com um alfinete
E tomam apressadamente nosso sumo
Pensando ser o suficiente
Para saciar sua obscuridade
E logo jogam fora
Com medo de alguém perceber
Sua não menos notável atitude
Mas alguém com mais sede
Junta do chão empoeirado
E suga a penúltima gota
E atira rolando como uma bola
E as sementes louca para germinar
Vão se deslocando
E se acomodando
No chão fértil dos sonhadores
Com o tempo como todas as coisas
Vão se modificando
Um pomar verdejante nasce e brota
E das flores surgem novas laranjas
Crescem, amadurecem
Unicamente para saciar
A sede de uma nova época...
j
Aqui neste lugar
Onde reina a indiferença
Tudo é muito irônico
Muito diferente
Do mundo que sonhei pra mim...
Pra ti e para todos nós...
A gente se perde nos labirintos
Corredores intermináveis
A solidão das almas
Misturamse com o tédio
Massacrando um dia após o outro
Sei que estou sozinho
Embora muito notado
Nos momentos de minha angústia...
Quase morro em meus questionamentos
Que sobreviventes são estes?
Sempre tentando infiltrarse
No comum e extrair os pedaços
Dos que saltitantes
Vão tentando construir um mundo melhor
Faltam poucos minutos
Para o toque fatal
Todos se olham cara a cara
E rápidos seguem seus destinos
E assim todos os dias se repetem
Sempre a mesma história
Que eu não gostaria de contar a ninguém...
j
Passei apressado
Mas chamoume a atenção
Aquela mulher despejada na calçada
Dormindo acordada o sono da miséria
Sonhando com castelos imundos
De desprezos...
Ou quem sabe com a liberdade
De correr livremente
Sem estar presa nestes cárceres da rua
Necessidade da divina democracia
Com atropelos, buzinas, soldados
Chega pra lá...
Poderia ser melhor se ela acordasse
E tivesse ao seu lado
A mão estendida... as portas
Abertas, e um teto...
Mas sempre os fingidos olhares
Tomam conta deste momento
Os homens que saem apressados
Das igrejas não há olham
Pois mal tem eles tempo
De se preocupar com os degraus
Da escada para o céu...
j
Nos caminhos de minha busca
Encontreime com a saudade
Que lentamente aguçoume
Dando vida a minha solidão
Uma lágrima rolou escondida
Secando com o calor desta cidade
Um sorriso com ar satisfatório
Para as pessoas que me rodeiam
Nasceu como um belo poema
Tentei ocultar o que estava sentindo
E fiquei mais só ainda
Quase aprendi a conviver com a saudade
As horas foram se estreitando
O encontro se aproximando
E eu senti que é bom sentir saudade
O amor remexe agente por dentro
E se percebe muitas verdades...
Que perto passam desapercebidas...
j
Mudar aqui, ali, acolá
Este desejo é velho
Tão velho que já sentouse
Na cadeira de balanço
Da varanda empoeirada
E perdeuse na contagem
Dos seus tantos dias
Muitas vezes este desejo
Vejo morrer entre páginas
Dos jornais que não li
Arranco os poucos cabelos
E deixo flutuar tantos planos
Mas meu corpo cansado
Reclama e insiste em contar
Os anos que já passaram
Sem nada mudar...
Eu pondero meus pensamentos
Na agonia de sair correndo
Sonhando e mudando tudo
Mas me conscientizo da gravidez
Que levo saltitante no peito
Enraízo na terra da minha teimosia
Para ter certeza que jamais abortarei
Esta vontade de mudar...
j
Ontem encontreime com a cintilante
Tímida e fria neblina
Emoldurando a cena mais bela
Desta cidade que estendeume as mãos
Pareceume estar em uma gigantesca
Bem visitada pinacoteca de luz e cor
E a primorosa dádiva me fez sentir
O sonhado culminante orgulho
Mas ao mesmo tempo emudeci
Ao pensar que tantas maravilhas
Visuais me tocam mais profundo
No sentimento louco de preservar
Vão ficando apenas retidas
Na confusa memória do tempo
Nos livros de histórias e museus
O velho se esvai dando lugar ao novo
Como querendo fugir das lembranças
Reprimidas dos nossos antepassados
Porém com o passado tão vivo e presente
Um turbilhão de forças irreprimidas
Me fez sentir que aqui é o lugar
Mais perfeito que escolhi
Mas preciso lutar muito
Para conseguir viver
Com a paz com que sonhei...
j
Desde o dia em que coloquei
O pé para fora do ventre
Saudoso de minha mãe
O dedo feroz sempre esteve
Apontando para o meu nariz
Bem... não diria desde o dia
E sim quando comecei...
A luta pelo meu espaço
A sujeira do mundo
Foi lentamente calando
E cobrindo meu corpo
Até eu sentirme culpado
Dos erros do mundo
E sem querer fazer parte
De toda esta realidade
Entretanto já sou uma parte
Do jogo dos homens...
Ironicamente poderia voltar
Ao lugar de onde parti
Mas covardemente fugiria
Da minha proposta
De lutar e lutar para mudar...
Mas mudar o quê?...
j
Minha heroína
Na infância, assim te imaginei...
Quando pela mão
Levavame a todos os destinos
Ou aqueles que julgava ser
Melhores para mim
Minha heroína...
Hoje mais ainda te considero
Pela garra e o afã
De tuas lutas constantes...
Cada vez te encontro mais calada
Para o mundo e para o tempo
Sozinha passeia ao vento
Buscando talvez respostas
Que a vida negouse a te dar
Mas você é grande
Sei que esta grandeza
Poucas pessoas saberão medir
Pois magnitude não há extensão...
Como ser humano você é suficiente
Foste mulher sonhadora e sedutora
Foste mãe lutadora
Acima de tudo és um ser amado
E muito compreendido...
Minha mãe... minha heroína...
Um dia fomos um só...
Hoje somos dois em um...
j
Sua mesa pouco a pouco
Vai mudando sua paisagem
Devagar se esvaindo
Um silêncio como tom de partida
Parece tomar conta
Do personagem central
Que aperta com emoção
Um grito quase surdo
No peito louco...
Louco por outras batalhas
Que o tempo lhe deu direito
Pareceme ver as malas prontas
Os sonhos, as loucuras
Do outro lado espera
Algo mais para ser vivido
Em um curto espaço de tempo...
A água morna vai bater
Com suavidade em suas pernas
Cansadas do próprio descanso
Tudo vai voar... como borboletas
Entre os jardins de teus sonhos
Um bar... a noite colorida
Os amigos da mente que escolheste
Mudará teu dia, teu momento
Confundindo com a noite
Mas volte... volte logo...
Pois deste lado
Fica o teu pedaço saudoso
Teus amigos de sempre... boas férias...
j
Uma besta a mais
Se assim definimos
Por unanimidade
Poderá ser uma a menos
Dependendo do teu aplauso...
Muitas vezes nós somos
Irreverentemente culpados
Em colocar nos pedestais
Quem merecia estar nas finais
Mas como não somos
Os donos da verdade
Mas as bestas sim!!!
Não podemos queixarnos
Mas lentamente poderemos transformar...
Não as bestas...
E assim os aplausos...
j
Uns dizem: “É para aparecer”
Outros: “É frio na careca”
É fogo por dentro
Coisas de artista
Todos procuram uma definição
Para o uso constante
Da minha boina que tão solitária
Cobre minha cabeça
O dicionário define
Mas também não diz nada
“Boné chato desprovido de pala”
Mas chato ao pé da letra
É esta busca sem a certeza
Do que estão buscando
Eu por exemplo não me preocupo
Em esclarecer a tua razão
O que você representa
O importante é o que você diz
Mesmo estando calada
Afinal tudo isto passa...
Só lamento o desperdício
Destes momentos de críticas
Que poderiam ser guardados
Para abraçar um amigo
Pois com boina ou sem
Os valores não mudam...
O que pode mudar
É a cor da boina...
j
Os olhos da sociedade
São perfeitos
O que atrapalha
São os óculos de sombra
Mas você pode tirálos
Nem sempre há sol forte
Hoje por exemplo
Está nublado
Com fortes tendências à chuva
E poderá molhar as lentes
Retirando a cor da transparência
Dos olhos desta grandiosa
E perfeita humanidade...
j
Quando a competência vem agregada
Com a humildade...
Representa um perigo para os competentes
Pois os eloqüentes incompetentes
Não hesitam sua mesquinha forma de uso
Abafam vozes, silenciam talentos
E sobem os mais altos picos...
Para espalhar sem reflexão alguma
Seu talento repassado...
Eu pergunto: como pode haver tantos cegos
Sem o bastão que deveria guiálos?...
Para perceber o talento
Que poderia trazer algo de bom
Até mesmo para a humanidade...
Ou isto aqui em questão...
j
O vaievem do elevador me cansa
Parece querer levar minha saudade
A um lugar no infinito...
Entretanto não alcança sequer o horizonte
Se perdendo assim no destino final
São onze dias intermináveis
Minha cabeça ardente em febre
Dilacera minhas conquistas...
Já contei todas as madeiras do forro
Que está acima de mim...
Neste momento parece ser a única coisa acima
Daqui para a feira onde os corredores
Parecem cada dia menores
As pessoas não se modificam
Parecem todos os dias iguais...
E eu continuo diferente...
Tentando repousar no vaievem...
j
Quando você estiver falando
Da desenvoltura de seu presente futuro
Não esqueça que inteligência
É dado a todos, uns com menos os mais
Possibilidade de mostrar ao mundo
Tudo pode ser uma questão de controle
Na manifestação de seus súditos...
Quando você estiver dando aquelas
Polpudas gorjetas que muitas das vezes
Indiretamente é nossa própria grana
Aquela que falta para as nossas necessidades
Não esqueça da ginástica
Mesmo sem estar em tempo de olimpíadas
Milhares de pessoas estão fazendo
Em frente a uma caixa de supermercado
Dividindo reduzindo para levar o menos
Para aqueles tão sofridos trinta dias...
Quando você estiver creditando o carnê escolar
E achar que é tudo muito simbólico
Não esqueça de tantas crianças que estão
Aprendendo o ABC na terra do pátio da favela...
Quando você assistir uma ópera no exterior
Conte os fatos com menos vaidade
Para aqueles que no fim de semana sobrou
Apenas o brega que você mesmo classificou...
Quando você estiver almoçando
Ou qualquer coisa do gênero
Não fale com a boca aberta ao ponto de mostrar
O céu da boca pois ele não tem estrelas
Pois este momento é igual para todos...
Quando mandares teus súditos, mande com carinho
Eles não frutos de tua parreira...
Quando você estiver tomando seu drinque
Regado a caviar e bebidas importadas
Não esqueça que milhares de pessoas estão fazendo cerão
Ou melhor desgastando sua noite por uma refeição amanhã
Nada disso eu sou contra apenas uma questão de lembrar
Para que não se inverta tanto a tal questão
Que tantos falam e nada fazem pelos valores humanos...
j
Você, que tanto sabe dos meus segredos
Entretanto num relâmpago me causa medo
Ao repetir que nada tem a ver com a minha vida.
Você, que por causas infinitas enfim
Esteve e está perto tão longe de mim
Ignora o ser que ainda está em tua estrada
Você, que vira as costas em vários momentos
E finge não perceber meus grandes sentimentos
Na hora do nosso pouco irresistível amor
Você, que a cada dia deixa enfraquecer
Aquilo tudo que lutamos com verdade para ter
Como se nada do que fizemos tivesse valor
Será que tudo está por um fio
Ou irás tirar dos olhos seus
A cortina enfeitiçada do desamor
Que sem querer colocastes nos meus?
j
Esperando, esperando, esperando e...
Assim estamos a tantos anos
Esperando os dias melhores
Sem nada fazer pelo melhor dos dias
Esperando despertar a consciência
Sem a consciência despertar
Esperando a paz entre os homens
Fazendo de tudo para a guerra
Esperando os governos governarem
Apostando sempre nos errados
Sem querer tentar a mudança,
Parece até que esperar é melhor
Que tentar uma outra saída.
Esperando o amor de alguém
Para depois decidir dar o seu
E acabar refugiando na solidão
Esperando achar o sinal dos passos
Do amigo mais audacioso
Para seguir a trilha certa
Dos desejos que vive esperando
Pois abrir caminhos sempre é mais difícil
Esperando... esperando... esperando...
Assim passamos toda a vida
Esperando um bom conselho
Para acertar nossos erros
Como se os nossos erros fossem
Reflexo dos erros dos outros
Esperando alguém erguer a mão
Em protesto de tantas coisas
Para erguer a nossa meia mão
Pois a outra metade estendemos
Para homenagear a prepotência
Esperando... assim é a nossa vida
Esperando a morte chegar
Mas que chegue sem dor
Pois de tanto esperar
A calma da dor é minha eterna esperança...
j
May the love spirit
Be the magic light
That leads men
To the true understanding
Of life...
j
Sono il sole nello spiraglio che il tempo aprì
Nella larga falda del cappello
Polvere e fuliggine
Stelle senza luce
Nuvole, fruste del cielo filetti di luce
Danzando nel falò
Del volto abbronzatò
Avanzo di pane che la fame saziò
Dell’uomo carrettiere
Carrette scricchiolanti
Nell’asfalto di sabbia
Contrada dei miei giorni
Sono impronte scritte
Nei solchi scavati del fango dell’ollaria
Sono ciò che so, non sono nulla, mi svergliai
Sono il loto in gocciola nella punta di penna
Del pantano, senza aver dove posar
Spigone di canna
Stanco della staffilata
Sognando, volendo cambiar
Alberi piantati potati nel cammino
Dalla mano del vento fanciulli sani
Dalle “favelas” a penzolo
In quadri freddi del tempo
Vivo colorido dalle foreste disegnate
In nero e bianco
Sono pianto segreto, in volti de guerra
Nel petto di tanti.
j
Desmontei o jogo
E a cabeça rolou no teu seio...
Abri o leque de possibilidades
E os delitos afloraram...
Enchendo a represa dos sonhos...
Vivendo intensamente os sulcos da carne
Cavados pela emoção...
j
A poesia ultrapassa
A áurea da realidade
Explorando o estado
De alerta da consciência
Brejeira elevando a
Espiritualidade além
Da lucidez de um
Corpo errante
Aflorando o novo
Da magia da criação.
j
Você pensou!
Eu pensei...
E nossos sensores
Cruzaram o sinal verde
No trevo das ondas sonoras...
E nos encontramos às escondidas!
Intimamente ativamos a cobiça telepática...
Atropelando a satisfação desprevenida!
Sangrando o desejo de estarmos juntos...
... De Corpo e Alma...
j
Abortaram os sonhos do dia
Os pensamentos esvaziaram o paraíso
Cesso a algazarra da alma
Pela janela vejo a chuva caindo, suave,
Renovo os anseios, telefono...
A expectativa badala compassada
Fluindo do anjo da guarda
Positividade para este caminhar
Continuar realizando metas paralelas
No círculo da vida, restando o triângulo amoroso
Que o quadrado da vida limitou...
Deixando o retângulo dos problemas sociais
Com inveja, decorando a parede da sala...
j
Emoção...
Gotas de luz!
Que inundam de dourado
As cicatrizes da realidade...
Desfigurando o orgulho!
Permitindo aos anjos
Sonharem mais alto!
Diante do ventre dilatado...
Denunciando a existência
De uma mulher...
Cumprindo com o ciclo
De mais uma vida!
j
Me perco no abraço
Enlaçando a paixão
Displicente... corre um calafrio
Na espinha da conduta!
Jogandome todinha...
No teu íntimo ausente!
Esqueço o momento... ou simplesmente
O ato de viver!
Imaginome a princesa sem reinado
Flutuo sobre tua áurea
De calmarias desconhecidas...
j
Os anseios estão
Em tantos lugares...
Na briga pelo poder, no convívio...
Bem dentro do peito!
... mas...
Temos que alçar a vontade
Acreditar no amanhã...
Ficção de Criadores,
Onde tudo cessará...
Então... descobriremos
A verdadeira vida...
Arremessando a sensualidade
No momento certo!
Ganhando um aliado
Para a nossa nudez arrogante...
Íntegra de alma
No nosso doarse com prazer!...
Vazando a dependência física...
Independente...
j
Neste porto de abismos
Um barco ancorou
Trazendo novidades...
Reflexos de mortais
Indisciplinados!...
Impaciente a angústia
Fiscalizou o desembarque...
Não contentandose com as sobras
Dos banquetes capitalistas...
Neste porto!
Só existem bocas vazias
Caladas...
Exprimindo o nada!
Onde os fiéis leitores
Aguardam pelo veredicto final...
Na biblioteca o velho dicionário
Guarda a PAZ...
Como palavra do passado...
j
O momento transpira indecisão!
Os limites contornam a fantasia
E as ilusões confrontamse
Com os fantasmas dos sonos
Disputando a janela...
Para distrairse com a sorte
Que desliza na corda
Suspensa da lucidez!
Fazendo sucesso
No vazio existencial!...
j
Mergulhei no mar o meu dia
... e sobrou os sonhos encolhidos!
Através do tempo...
Uma fenda a luz
A dúvida!
De vida ou morte...
Nos atos senti o desespero
Aprisionando a alma!
Numa emoção sincera
Declarei greve ao coração...
Estrangulando a sobrevivência poética!
Gritei!
Sufocando a razão...
Sapateei, pedi socorro...
E nossos ecos uniramse no além
Demonstrando consciência...
Agora!
Declaramos que nos pertencemos
Preservando a espécie...
Enquanto a inflação soberba
Sobe a escada sem corrimão...
j
Desvirginando o impossível
Travamos no horizonte
A entrega completa
Dos corpos macios
Sob o arcoíris
No passado vencemos
A barreira mística
Arrancando no seio alheio
O privilégio de continuar
Sendo o primeiro...
Hoje... gostamos de mordomias
Fantasias de sermos diferentes
Neste sentimento louco
Destino... incertezas... sem promessas...
Amanhã tudo permanecerá
No topo de nosso ego
Seremos mocinha e bandido
Em nosso espaço
De espelho mágico e
Bolhas de sabão...
j
Na entrega de nossas almas
Temos o privilégio de conhecer
O verdadeiro amor...
Sem tempo!
j
Existem em minha vida
Um sol e uma lua
Vivendo em harmonia...
Suspensos pelo rio de prata
Encontrando o poder aquisitivo do homem
De ressaca
Poluindo minhas divisões e meus medos
Continuamos dentro do tempo...
E o nosso talento não tem apadrinhamento
A fama é uma mera mala vazia
Que consegue distrair os outros
À custa de nossos nomes...
Neste instante agonizo...
E solto meu grito de alerta!
j
Vencer...
É rasgar o desconhecido...
É pleitear a revanche
Do jogo perdido...
Vencer...
É cumprir a agenda da vida
Para que na partida
A cabeça se ergue com suavidade...
Com orgulho...
De ter nascido gente...
Vencer...
É deixar cair os braços
De prazer...
Degustar de mansinho o único e verdadeiro amor
Vencer...
Não é fácil...
No meio em que vivemos
Há uma multidão carente de desejos...
Vencer...
É perder em dobro!
j
Temos que travar o duelo de espadas
Com a morte...
Temos que sobreviver!
E... deverá existir solução
Para a recuperação carcerária
Para a dignidade...
Temos que descobrir a fórmula!
E urgente para podermos
Olhar para trás e ver
Que as pessoas não são
Mais meras placas de sinalização...
A fogueira permanece acesa!
Fornecendo calor e luz!
Para combater o ódio
Prelúdio de almas veladas
Pela chama da existência...
No fim do túnel a nossa última morte
Deliciase com o espetáculo da cena
Do Último ATO!
A amiga MORTE é certa...
Não escapamos dela
Mesmo que tenhamos o poder
Do Império dos falidos...
j
Meus ideais disputam a prioridade
Enquanto isso a realização
Patina lentamente no
Aconchego do teu colo...
Roubandome da roda viva da vida...
Sigo...
Exalando o perfume de inocência
Em sua direção...
Com paciência de rainha
Abro os horizontes de nossas
Fronteiras infinitas
Determinando a satisfação...
Dos nossos corpos sedentos
Através do espelho
Chega até a mim a imagem
De corpos vazios
Sobre a mesa...
Degustando o vinho branco
Cúmplice deste momento...
j
Entre retalhos do diaadia
Dividome entre ideais
E a realidade irônica...
Insisto na nota sol
Buscando o ritmo acelerado
De fluir a cobiça com a
Melodia singela dos pássaros...
Ganhando um ouvinte distraído
Que repousa sob a sombra...
Esperando a calmaria
Depois do verão forte
Que o amor despertou
Em seu coração de poeta...
j
Ao confessar...
Disse o seu nome!
Não se zangue...
Foi em desabafo!
Por terlhe seduzido
Com a fragrância da energia.
Ampliamos o sentimento.
Nós nos reservamos na busca
Do Éden perdido
Onde estaremos esperando
Um pelo outro...
j
“Ser”, passageiro...
És limitado pelo teu conhecer
Montas e cavalgas sob as nuvens de prata
Repelindo as regras sociais
Armas de combate
Entre cegos e falidos...
Continuarás abdicando a inveja
De ser apenas um
Número de computador
Que desmorona fortalezas
Deixando mais espaços
Vazios entre mitos
De calças na mão!
j
Quero seguirte
Como o sol pálido
Que espia entre as nuvens
Denunciando a todos a sua
Fonte de água fresca
Quero tragar a tua decepção
Amaldiçoando a fraqueza
Do próprio ato de amar
j
Mostrei meu lado anormal
Na decisão de romper
Quebrei as regras e mandamentos...
Gritei aos altos!
Buscando me encontrar
Entre os dias contados
Golpeei o encanto
Desabafando para o analista
Deixando o momento de boca aberta
Tatuando na pele
A nossa história
E sob concreto e réplica permanecerá
Edificando a mansão dos deuses.
j
Meu álibi...
Foi estar em casa!
Fechei a porta
Tirei o lixo
Lavei a louça...
E deslizei de mansinho
Nos braços da solidão!
Calei a boca...
E senti o beijo encaixandose
Maravilhosamente...
Nesta condição estranha
Do meu limitado destino
Individual...
Êxodo desta convivência
Alienatória de uma BRASILEIRA...
Que não se deu por vencida!
j
Entre nós rolam cenas
De suas realidades
E loucos destinos
Com o pulso firme conduzirei
Dom Quixote...
Para juntos desvendarmos
O mundo de mistérios
Fiéis para sempre
Usaremos meias verdes
Em defesa da ecologia
j
Convivo!
Entre perigos alucinantes...
Onde SuperHeróis
Manifestam sua proteção
Através das Mídias
Acalentando os livres conceitos...
E a Moral?
Permanece de pé... ou está de joelhos...
Dibliando a platéia de palhaços da corte!
... Todos somos sobreviventes
Entre gênios esquecidos...
Nós permanecemos
Sob a mesma imagem...
Pois os planos dispararam na frente!
Querendo chegar ao fim
Não importando os meios...
A Disputa...
É o tiro certeiro nesta guerra fria
Sob os lagos cristalinos
DA EVOLUÇÃO.
j
Entrelaçando os braços
O aconchego chega...
Abraços!
Absorvo os delírios
No silêncio de nailon!
Vou esgrimir com a vida vadia
Querendo a vitória
Cometendo outro pecado
Alegria!
Neste estado de coma
O astral oscila...
Agonia!
O teu novo calor
Permitiu a sua ausência
Renúncia!
As mãos uniramse no lirismo
Desfrutando o momento...
Certeza!
Na carteira uma passagem de ida sem volta
Ao interior desconhecido
A esperança!
Permanece afoita, desequilibrada...
Julgando ser a salvação
j
Neste recatado universo
Encontreio perdido, distante...
E a sua ilusão refletiu sobre a âncora
A esperança
Recompôs mais uma vez a unidade
Doa delitos na calada da noite
Comprometendo a escada de mármore que
Esfiapando os dotes...
Em vão
Descobrimos mais tarde demais
Que a paixão existia
Continuaremos por paisagens opostas
Brincando com a aventura
j
Livro: Momentos
É tão fácil escrever difícil
Difícil é escrever de forma que
Todos entendam...
j
Não sei se faço poesia
Ou relato o meu diaadia
Na verdade gostaria
De falar dos amores do vento
Mas as lágrimas atrapalham
No meu rosto confundindo meu olhar
E tudo o que vejo
Sinto a vontade de relatar...
j
É preciso existir
As pessoas que deliram
Como uma simples estrela
Para a vida dos comuns
Ter razão quando olharem
O céu estrelado
Das noites de primavera...
j
O mundo melhor
É das pessoas que não param
Dizia um pobre ser
Carregado nos braços de outro...
j
Dizia um pai no desespero
Se eu não trabalho hoje
Você não come amanhã
Respondia o filho na inocência:
Bobagem sua, temos alimento
Para mais de trinta dias...
j
Há pessoas que procuram desgraças
Mexericando a vida dos outros
Talvez tentando buscar uma compreensão
Para sua própria infelicidade...
j
As leis complicam e modificam
A razão simples de viver...
j
Não gosto de história
Que visa colocar algo em pedestal
Quando deveria
Estar nos lugares que ocupam os tapetes
j
Para fechar a porta
É preciso mil trincos e chaves
Para abrir a cabeça
Basta olhar e sentir
A realidade do mundo
A sua volta...
E refletir...
j
No mundo do brilho
Da fama e do sucesso
Parece que todos são
Guerrilheiros e inimigos
Explodindo mil aplausos
Fingindo não querer
Eliminar seu concorrente.
j
Não acredito na fofoca
Pois ela é sempre contada
De maneira conveniente...
j
Os homens supostamente
De braços fortes
Que insistem em deter o poder
Deveriam abrir mão
Do lado cômodo
De sempre dizer não
Pois o não amarra as pernas
Das pessoas que querem caminhar...
j
No silêncio misterioso
Das nuvens brancas
Devem guardar segredos
Que jamais saberemos
Pois nunca seremos brancos
Não mais que misteriosos...
j
Todo homem
Que vive esperando...
Jamais será esperado.
j
Por não insistir
Na busca de nossa realidade
Criticamos nas pessoas
Tudo aquilo que
Gostaríamos de ser...
j
Viver olhando as estrelas
As nuvens e o infinito
Não chegaremos a lugar nenhum
Ao refletir e olhar para dentro de si
Poderemos ter um porto de chegada...
j
Enquanto houver
A política mal feita
A de interesse comum
E a religião
Desviando caminhos
Tudo em nossa vida
Provavelmente
Será indefinido
j
Relutei na tentativa
De te esquecer
E quando venci
Aprendi a viver
Do teu lado
Mesmo sem você...
j
Como uma bailarina na ponta dos pés
Ela recria a riqueza dos gestos
Sem esgotar o verdadeiro sorriso...
Inventa o amanhã com a mesma destreza de hoje,
Tocando com todo o cuidado as teclas do silêncio oportuno,
Fazendo soar nas palavras uma doce sinfonia...
E assim ela segue, serena nos passos, pensando reconstruir
O começo da mesma história que se repete...
j
Compreender a vida
Para alguns é mais difícil
Do que ir a Vênus,
Para outros não passa
De uma simples aventura
De atravessar a rua,
Para mim é mais excitante
Viver do que tentar compreender...
j
Os belos caminhos
Nem sempre são de flores,
Os que têm espinhos
Nos levam mais para frente
Pois eles nos intimidam
Quando vacilamos
E desejamos voltar
j
Quero viver
Como a sombra:
Sempre mudando
Envelhecer compreendendo
Os valores novos
E morrer como o vento
Calmo e sereno de um amanhecer
Para jamais anoitecer
j
Políticos nunca serão doces
Pois eles açucaram a vida de todos
E depois emagrecem com saunas
Geladas do descompromisso
j
Acreditar nos outros
É acreditar em si próprio
Pois na troca de crédito
Aumenta a confiabilidade
De cada um...
j
Os caminhos estão embaixo
Dos nossos pés
Decidir quais seguir
Depende apenas de nós
j
Notícias boas não fabricam dinheiro
Pelo contrário, as más fazem brotar
Do misterioso mundo demagogo
Uma satisfação silenciosa quase fingida
Transmitida ainda com expressão de pena...
j
Quero ser forte, resistente e idealista
E não ser igual a tantos
Que sem caminhos definidos
Desviam da minha estrada de luta
Pra não me olhar na cara
Não sei... talvez na minha cara
Esteja escrita, ou expressada
Sua vontade não saciada
Quero ser forte, resistente e idealista
Para no futuro
Rejeitar os aplausos deles negados
Pois tudo é uma questão de tempo e hora...
j
Passar pelos mesmos lugares
Significa inconscientemente
Parar no tempo...
j
Já vi tantas pessoas passarem
Que até não me preocupa
Por elas não verem eu passando
Na verdade as que não me notaram
São as mesmas que já passaram...
j
Amor não se divide
Não se guarda
Não se empresta
Não se vende
Ele tem a medida exata
É preciso aprender
Que amor é apenas
Para dar para os outros...
Pois nesta troca
O amor floresce...
Flores e frutos
Se percebe com o tempo
j
O maior templo no universo
Pode ser o nosso corpo
O maior mestre é a nossa consciência...
Para sentir isto é preciso se respeitar,
Se amar, se valorizar
Acima de tudo ser você mesmo...
j
O homem foi criado
Para viver todos juntos
Então, por quê
Todos juntos se escreve separado
E separado se escreve junto?
j
Que bom saber
Que existe mais para conhecer
Só assim tenho certeza
Que estou significativamente vivendo...
j
Eu me repito a toda a hora
Talvez porque os problemas
São sempre os mesmos
Ou nada muda simplesmente
O que deveria mudar se repete
Não quero acreditar
Na frieza dos Homens
Na ganância do poder
Que se farta e se basta
Conduzindo a máquina
De mudar nossos valores
Enquanto as mudanças
Acontecem eu me repito...
j
A capacidade de um homem
É mais que o acúmulo de cursos
Muitos vezes a experiência
Preenche o vazio
Desperdiçando pelos diplomas...
j
A espera
Atrasa a conquista humana
A precipitação
Desmorona os alicerces
De uma vitória...
j
Minha poesia é livre e solta
Porque eu também sou livre e solto
Pelo menos nos meus sonhos
Que luto para realizar...
Entretanto quando me defrontar
Como parte de toda verdade
Não sei se estarei pronto
Para ser livre e solto...
j
Há uma indecisão
Em cada indivíduo
Gerada pela certeza
Dos homens perfeitos
Desta sociedade
Que se mostra em conjunto
Mas na verdade
É tão dividida
Que levaríamos
A dúvida do amanhã
Na tentativa de unificar...
j
O máximo do modernismo
Parece ser “não vi, não gostei”
Muito cuidado pois pode virar
Divisa da ignorância atual...
E contrapor à outra idéia,
Pois um país se faz com arte...
j
O ato de ignorar
Pode ser uma partícula
Da ignorância fecundada
Alojada nos cantos misteriosos
Daqueles que expressam
A falta absoluta de querer
Ver nos outros o tom eufórico
Dos sonhos em partes realizados...
j
O arrependimento
Deveria vir antes dos fatos
Pois assim teríamos
Mais uma oportunidade
De refletir nossas atitudes...
j
Gritam em ventos bravos
Os cobradores de impostos
Que todas as cobranças
Retornam para o povo
Talvez para não deixar mais empobrecido
Deveriam deixar com o povo
j
Eu vou morrer buscando
Sem saber o quê
Pois se um dia tiver certeza
Que estou lutando pela última coisa
Morrerei por saber que estou morrendo...
j
Nunca pare de remar
Seu barco...
Principalmente quando estiver
Em alto mar...
As ondas grotescas
Poderão conduzir
Por caminhos
Que não são de sua escolha
A ferocidade dos oceanos
Poderá impedir a vontade
De ancorar nos portos calmos
Deste perdido, sem calma
Angustiante,
Realizado ou não, mundo interior
De cada um de nós...
j
Se algum dia falei mal
Da Igreja, da política
Ofendi, magoei certas pessoas
Fui cruel com a alma de alguém
Escrevi coisas que não estavas
Preparado pra ler...
Fui forte na minha posição
Creia, não sou culpado
A única coisa que eu quis
Foi dizer a verdade
Pensando poder ajudar
Dismistificando o que lhe rouba
E sacrifica mentalmente
Inventando preceitos
Administrando conceitos
Que só lhe atrasou e atrasa a vida...
j
Os Mutiladores
Estão quase no escuro
Não por falta de luz
Mas porque eles precisam
Esconder o rosto
E se manifestar
Através de outros corpos
Para manipularem melhor
Suas pobres marionetes
Que esperam ansiosas
Soluções das mãos
Destes mutiladores
De consciência
Não espere, corte esta corda
Que segura teus braços
Tuas pernas, tua cabeça
E deixa sair de ti
Esta vontade de ser gente
E não marionete...
j
Nunca estive tão perto da loucura humana
Esta loucura sem camisa de força
Para estes dois insaciados com a vida
Não há remédio pra estancar a dor
Que está borbulhando no ar que respiro
As manchetes gritam desesperadamente
Uma manipulando, outras informando
Nas ruas o povo se divide pela influência
Uns erguem bandeiras brancas, outros vermelhas
Outros já estão chorando o sangue não derramado
Enquanto dois desconhecidos bem conhecidos
Desafiam não a própria morte mas dos outros
Deveriam partir para um duelo e resolver
Esta aflição infinita da morte em massa
E resolver seus problemas internos
Mas acho que é mais fácil fazer a cabeça
Dos valentes guerrilheiros pobres soldados
Comandados e guiados pela ordem suprema
Do que deixar a vida viver em paz
O povo não precisa de sangue nem revolta
Precisa do pão para matar a fome
Da mão amiga e da compreensão total
Ainda não consegui entender a dificuldade
Do entendimento do Homem para com o Homem
Vou parar de escrever e escutar
A rebeldia dos aviões no céu
As bombas as armadilhas da mente
E contar silenciosamente
Corpo a corpo que morreu inocente
Só não irei aplaudir a miséria dos dois
Pois já sofri de angustia
Na espera da verdade
Pois de tanta mentira
Já não escuto mais nada
j
A Sociedade dos homens
Às vezes imita os devastadores
Do mundo ecológico...
Quando um ser verdejante
Se destaca entre vegetais comuns
Cortam alguns galhos...
Quando forçosamente crescem um pouco mais
Mandam aparar por baixo e cortam a copa
Quando alastramse pelas calçadas
Incomodam a tecnologia da mente e do brilho
Atrapalham o andar dos detentores
Da suposta verdade...
Cortam definitivamente quase pela raiz
Mas entretanto não conseguem queimar
As sementes soltas no ar na terra e no mar
E elas se espalham nas covas suculentas
De alguns donos da vontade de progredir
E assim, demoradas mas florescem
Grandes árvores humanas
Para proporcionar a sombra e o total
Relaxamento das almas que precisam
O descanso na sombra destas pequenas
E alastradas muralhas verdes
Que jamais perderam a riqueza de sua cor.
j
Se você tentou
Lutou, brigou
Se apaixonou
Tropeçou, caiu
Levantouse
Limpou o pó
Continuou na estrada
Buscando novas
Aventuras
Desbravou
Desafiou seu coração
Amou infinitamente
Descobriu formas de amor
Fez alguém feliz
Foi tornar seu parceiro
Completo nos sonhos
E na realidade
E agora se questiona
Se autopunindo
O que que eu fiz de errado?
Se já passou grande parte
De sua vida
Tenha certeza
Você ama e sabe viver...
Continue amando assim
Pois amor não tem
Tempo, idade e forma
Ele é a realização
j
Dizer o que penso
Não significa você fazer
Tire sua conclusão
Ouvir o que você diz
Não escraviza meu pensamento
Nem atormenta meu coração
Na medida que buscarmos
A independência
No pensamento
Na conclusão
Poderemos individualmente
Ganhar para aprender
E prepararnos para o crescimento...
j
Mergulhar nas águas profundas do passado
É buscar a base sem lama para o futuro
Mas ignorar a transparência do contemporâneo
É segurar o tempo com as mãos molhadas
É regredir na história mal contada
É desvalorizar a sua própria época
É continuar com a certeza absoluta
Que está certo dos seus contínuos erros
É trancar os ouvidos para não escutar
A verdade pedindo seu último socorro
Lutando para se instalar e provar
Sua eterna ignorada existência
j
O reflexo de uma obra artística
Sempre esteve limitada à imposição moral,
Religiosa e política do momento
Contemple profundamente a arte,
E observe as circunstâncias
Em que os artistas se encontram
Se você achar que a arte
Não está bem acabada,
Acabe logo com os conceitos
Que desmoronam e escravizam a criação.
j
Que o espírito de amor
Seja a mágica luz
Para que os homens compreendam melhor
O verdadeiro sentido da vida
j
Se todos nós
Déssemos as mãos
Quem iria nos fazer cócegas?...
j
Estar pronto para a vida
É estar mais vivo para a morte
É desvencilharse das angústias
Que a escuridão do dia põe em nossa frente
É amadurecer diante dos problemas
É não estar tão certo dos seus caminhos
É tropeçar em suas próprias paredes
É erguer os tijolos removendo o pó
É navegar sem barco por mar aberto
Na tentativa de descobrir novos portos
É nadar em todas as direções sem cansar
É saber que a morte não afoga a vida
Apenas transfigura na descoberta de si próprio
Estar pronto para a morte
É estar mais vivo para a vida
É estar liberto das iras
Que o tempo enferrujou na alma
É estar perene diante dos temores
É estar convicto da missão cumprida
É lapidar os alicerces da sabedoria
Sem desperdiçar as migalhas retiradas
É emergir da insatisfação humana,
É mergulhar na compreensão do espírito
É saber que a vida não se apaga
Apenas se transforma em pontos brilhantes
No infinito misterioso da existência.
j
Livro: A Uvinha Esmirradinha
Era uma vez uma arvorezinha chamada
Dona Parreira. Todo o mês de janeiro,
ficava carregadinha de cachinhos
de uva. Uma família feliz...
Porém, nesta safra, surgiu um probleminha
para Dona Parreira. Ela andava muito
nervosa e preocupada...
Um de seus filhinhos nascera esmirradinho
Muito feio, o coitadinho!
Vivia em prantos a se lamentar...
Na redondeza, corria um boato...
Havia um menino chamado Pedrinho!...
Muito levado e aventureiro.
Filho de um vinicultor muito afamado da região...
Dona Parreira, vendo o perigo, começou
a tremer, pondo todos os seus filhos
em alerta total!...
Um dia..
Para surpresa de todos... Pedrinho
apareceu com sua funda no pescoço
e cantava uma bem entoada canção...
“... Vim buscar!...
... Vim buscar!...
Lindos cachos de uvas!...
Para um suco preparar!...”
O cachinho esmirradinho parou logo de chorar...
Começou a falar rapidamente!
Olá menino!...
Pedrinho, surpreso, pergunou:
Quem foi que falou?...
O cachinho esmirradinho respondeu:
Aqui... eu, aqui, bem acima de você!...
Pedrinho certificouse e logo percebeu
a carinha chorona do cachinho
esmirradinho e perguntou:
Por que você chorou?...
Porque sou feio e rejeitado pelos meus
irmãos gorduchinhos...
Aquela história desapontou e comoveu o
menino Pedrinho, que se prontificou a ajudar!...
Logo o cachinho se manifestou, entusiasmado!...
Quero que me colha e me leve para a sua casa.
Faça um suco de mim e tome. Vou alimentar
você e seus amiguinhos... Possuo vitaminas
que todas as crianças de sua idade precisam...
Pedrinho atendeu o pedido
de seu mais novo amigo.
Em suco, sua mãe o transformou.
O copo ficou cheio de suco bem rosado...
O cachinho, num tom de felicidade, falou:
Agora bebame... bebame...
Glut’!... glut’!... em cada glut’
Aumenta a satisfação de Pedrinho!...
Pedrinho tomou. Ficou alimentado
e forte, crescendo sadio,
sem esquecer seu copo de suco
todas as manhãs.
Hoje, ele cultiva, com todo o carinho
e dedicação, o parreiral mais lindo
e produtivo da região...
j
Livro: Viagem ao Planeta Criança
Era um planeta
Muito tristonho
Só tinha bruxa
Não havia sonho
Ninguém jamais
Se atreveu a brincar
Porque uma bruxa
Vivia a controlar
Mas de repente
Alguém apareceu
Semeando alegria
O amor logo nasceu
E o triste planeta
Com graça ficou
Foram tantas brincadeiras
Que até o sol brilhou
Um foguete de sonhos
Num lugar distante caiu
Foi grande a explosão
Que na terra se ouviu
Um menino lentamente
Saiu da lataria
Dizendo pra ele mesmo
Entrei numa fria
A menina mais encorajada
Saiu pela porta lateral
Sem nada comentar
Só falava: poxa que legal!
Os primeiros problemas
Começaram a aparecer
Fazia muito frio
Precisavam se aquecer
Olharam em sua volta
Ninguém para informar
Aonde eles estavam
Nem o nome do lugar
O aparelho tinha estragado
Com a forçada aterrissagem
Parecia ser o fim
Do começo da viagem
Voltando a lata velha
Ao foguete quer dizer
Perceberam algo errado
Não sabiam resolver
As turbinas ferviam
Com bastante pressão
O rádio em silêncio
Ficaram sem comunicação
Diante de tudo isso
Ficaram tristes a pensar
Imaginavam nunca mais
Sair daquele lugar
Mas quando de repente
Viram alguém se aproximar
Duvidosos se esconderam
Para melhor observar
Um homem muito estranho
Falando bem diferente
Vinha ao encontro
Do escangalhado foguete
Resmungava um bi bi bi
Que parecia um computador
Vinha aos empurrões
Como um carro sem motor
No guia planetário
Procuraram decifrar
Aquela linguagem
Que acabaram de escutar
Surpresa para os dois
Bi, Bi, Bi queria dizer
O que querem neste lugar
Digam logo sem temer
Os meninos preocupados
Começaram a pensar
Numa forma inteligente
Diferente de assustar
Um disse para o outro
Não vamos agora ensaiar
Monte em minhas costas
E comece a gritar
Grandioso foi o susto
Muito difícil de explicar
Eles jamais imaginaram
O que iam provocar
O desconhecido foi caindo
Lentamente até o chão
Os dois se aproximaram
Com muita precaução
Mas antes de acordar
Colocaram um tradutor
De idiomas desconhecidos
Na cabeça do morador
O que querem por aqui
Ele começou a perguntar
Confundindo os meninos
Com uma bruxa do lugar
O menino ironizando
Achou graça do que ouviu
Será que tem vassoura
Essa Bruxa cara de pavio
Não fale ela pode escutar
Retrucou o desconhecido
É de muito bom alcance
O seu mágico ouvido
A menina falando alto
Salientou que iria mudar
Aquele planeta triste
No mais lindo lugar
Argumentou o menino
Calma vamos devagar
Com muita inteligência
Poderemos tudo conquistar
O menino dirigiuse
Para o homem engraçado
Pedindo que falasse
Que havia de complicado
Pois bem vou lhe contar
Falou o homem do planeta
Quem manda neste lugar
É aquela bruxa picareta
Ele apontou para um lugar
Aparentemente horrível
Lá mora aquela doida
Cada vez mais insensível
Do alto daquele morro
Ela observa muito bem
E não gosta que estranhos
Permaneçam aqui também
Não estou vendo nada
O menino logo reclamou
Que confusão diz a menina
Pois eu também não estou
Interferiu o planetário
Hoje temos pouca visão
Isso sempre acontece
Quando acende o caldeirão
Olhe só que fumaceira
Aponta o menino reclamando
Deve ser o chá de morcegos
Que ela está preparando
Sabe, que lá na terra
Também não é diferente
Só não queima o céu
Porque está longe da gente
Oh! Não fale assim
E não faças ruídos
Eu conheço muito bem
Aqueles benditos ouvidos
Muito nervoso o homem
Deixou cair no chão
Uma enorme papelada
Que chamava atenção
O menino bastante curioso
Imediatamente perguntou
O que há nestes papéis
Que até o senhor se assustou
Respondeu o morador
São as leis misteriosas
Impostas pela bruxa
Aquela estúpida maldosa
Ao ler ficaram espantados
E quase sem esperanças
Era proibido qualquer
Brincadeira de criança
O que faço da minha boca
Se gosto tanto de falar
Pensou a pobre menina
Mas nada quis indagar
Como um grande relâmpago
Apareceu aterrorizante
A mais temida bruxa
Do planeta agonizante
Riscou todo o foguete
Com suas grandes unhas
E chamava desentoadamente
Venham cá criaturinhas
Vocês nunca mais sairão
Deste lugar horripilante
Soltou uma horrível gargalhada
E rumou para o horizonte
Quando ela sumiu
O menino comentou apavorado
Vocês viram o foguete
Ficou ainda mais estragado
Tenho quase certeza
Falou a menina encorajada
Tem que existir alguém
Pra ajudar nesta enrascada
Levados pela situação
Decidiram caminhar
Depois de quilômetros
Pararam para observar
Olhe que lindo... olhe...
Repetia o menino feliz
Deve ser o Planeta Criança
Lugar que sempre quis
Apressada falou a menina
Ainda não sabemos bem
Se são todas crianças
Ou amigos da bruxa também
Continuaram a andar
Comentando o planeta
Veja aquele magrinho
Pulando e fazendo careta
Olhe o nariz daquele
Repare que bocão
Se abrir um pouco mais
Poderemos ver o coração
Exagerada e sem graça
Mal feita a sua piada
Comentou o menino
Num tom mais camarada
Eles não eram diferentes
Mas chamavam a atenção
Cada vez que passavam
No meio da multidão
Nisso a menina resolveu
Para o povo declamar
Uma linda poesia
Que falava do lugar
“Espalhando travessuras
Vamos transformar
Este escuro planeta
No mais lindo lugar
Distraindo emoções
Vamos procurar
Algo além dos sonhos
E crianças pra brincar
Caminhando atentos
Iremos encontrar
Alguém que viva aqui
Com vontade de sonhar
Correndo sem parar
E pulando por aqui
Toda a fantasia
Vamos descobrir”
Lindo dizia o povo
Batendo muitas palmas
Esse momento de poesia
Alegrou nossas almas
Mas no meio do povo
Tinha algo diferente
Alguém com uma fantasia
Metade bixo, metade gente
Chegaram perto para ver
Aquela coisa estranha
Tinha orelha de macaco
E pernas de aranha
Ao voltarem para casa
Começaram a se preocupar
Uma bruxa verdadeira
Com vassoura deveria voar
Não deram importância
Continuaram a brincadeira
Pra capturar a bruxa
Descobriram uma maneira
Mas nada comentaram
Sobre seus planos
Tinham medo de cometer
Mais um dos seus enganos
Uns estranhos ruídos
Vinham de algum lugar
Talvez fosse a bruxa
Ainda querendo assustar
A menina no escurinho
Pensava preocupada
De repente teve uma idéia
Bastante engraçada
Que tal se conseguíssemos
A bruxa capturar
E numa árvore grande
Da floresta amarrar
O menino não gostou
Daquela idéia maluca
Uma árvore merece respeito
Numa árvore nunca
Alguém se aproximava
Precisavam disfarçar
Não sabiam quem era
Nem como enfrentar
Com panos velhos
Fizeram um gigante
Um boneco magrão
Mas muito elegante
Certeza eles não tinham
De quem se aproximava
Poderia ser a bruxa
Que só atrapalhava
No meio da noite
Era difícil reconhecer
Tentaram uma senha
Mas não ouviram responder
Parecia o morador
Gritando ao vento
Nasceu uma esperança
Escutemme só um momento
O foguete terá conserto
O defeito descobri
Onde estão vocês
Venham cá estou aqui
Na dúvida os meninos
Resolveram não se aproximar
A voz meio rouca
Ficava difícil decifrar
Com aquele espantalho
Entraram em ação
Sem saber quem era
Maior foi a confusão
O que ia acontecer
Ninguém imaginou
Só se deram conta
Quando o homem disparou
Imediatamente os dois
Saíram a procurar
Seu único amigo
Conhecido no lugar
Ao ver o homem sair
Em tamanha disparada
Perceberam que tudo
Não valeu nada
Espere disse a menina
Isto também não é o fim
Ainda tenho o endereço
Que ele deixou pra mim
O menino achou melhor
A armadilha continuar
Para mais tarde
O amigo procurar
A menina comentou
Tive uma idéia genial
Eu vou lhe transformar
No mais feio animal
Com aquela proposta
O menino se arrepiou
Tendências bruxísticas
Ele na menina imaginou
Calma, só vou lhe pintar
Com uma maquiagem
Que eu trouxe junto
Na minha bagagem
A menina pinta no rosto
Um grande bigodão
O coitado ficou tão feio
Que parecia um trovão
O menino olhou no espelho
E da pintura não gostou
Irritado com a mão
A tinta esparramou
Ficaram discutindo
Quem tinha mais razão
Descobriram finalmente
Que brigar não era a solução
E partiram para a brincadeira
Com o povo do lugar
Enfrentaram um problema
Ninguém mais sabia brincar
Vamos primeiramente
Dar uma demonstração
Como é que se brinca
Sem fazer confusão
Começaram pulando corda
Depois de se esconder
Jogaram bola e pingpong
Para o povo reaprender
Nisso passa por ali
Um empolgante vendedor
De girassóis planetários
E suspiros de amor
Vendendo pédemoleque
Salgados feitos na hora
Gritando para todos
Quem quiser eu faço agora
Logo pensa o menino
Este vendedor até parece
Com aquela velha bruxa
Quem viu jamais esquece
Manifestase o vendedor
Diga qual é a sua pirralha
Cara de pepino maduro
E perninha de palha
Não estavam acostumados
Com aquela agressão
Retrucaram, veja como fala
Seu bobo nariz de melão
Os dois ficaram tristes
E muito desapontados
Falaram bem baixinho
Novamente fomos enganados
Uma chuva fina do céu
Começou a cair no jardim
Felizes brincavam e cantavam
Mais ou menos assim:
“Com a voz do meu canto
Neste planeta diferente
Acordando do encanto
Quero ver muita gente
Ascendendo as estrelas
Riscando poemas no chão
Explodindo no silêncio
A mais linda canção”
Chegaram em casa molhados
E comentaram sorridentes
Que brincadeira gostosa
Até brincaria novamente
Nisso uma voz fininha
Vinha do escuro da rua
Abram meus netinhos abram
Venham ver a beleza da lua
Nem acredito falou o menino
Mas agora pouco importa
O que tiver de errado
Saberemos ao abrir a porta
Disse a menina precavida
Cuidado pode ser um ladrão
Olhe primeiro na janela
Assim evita confusão
Pela voz parece a vovó
Dizia o menino entusiasmado
Oba! hoje, vai ser uma noite
De sonho encantado
A alegria foi tão grande
Que parecia estar sonhando
Ele foi até a porta
Bem assim cantarolando:
“Que vontade de cantar
De correr e de sorrir
De abraçar o contador
De histórias pra eu dormir”
Ao abrir a porta
Percebeu ela disfarçada
Em grandes panos velhos
Vinha a bruxa enrolada
Os dois descontentes
Falaram alto e empolgados
A armadilha não funcionou
Fomos outra vez enganados
Mas que burrinha
Comentou a menina brava
Por que não puxei a corda
Que a armadilha disparava
A bruxa se manifestou
Espalhando mil pavores
Então são vocês os dois
Os malditos invasores
O menino enfrentou a bruxa
Respeite meus bigodes
Bruxinha cara de porco
Fedorenta que nem bode
Calado seu atrevidinho
Como ousa assim falar
Eu corto suas orelhas
Se voltar a desrespeitar
O menino e a menina
Deram uma gargalhada
Que até a medonha bruxa
Ficou meio apavorada
O menino aproveitou
Para uma coisa perguntar
Escuta Dona Bruxinha
A senhora nunca quis brincar
Basta, falou a bruxa
Jamais neste mundo
Uma bruxa brincaria
Seu camundongo imundo
De ditadora chamou o menino
Isso não se faz com o povo
Mas ainda vou ver aqui
Reinar a alegria de novo
Vou chamar meus urubus
Berrou a Bruxa incomodada
Para dar um jeitinho
Imediatamente nesta cambada
O menino resolveu
Inverter a situação
E convidou a dona Bruxa
Para lhe dar uma lição
Olha dona Bruxinha
Poderes adquiremse brincando
Em dois segundos poderá
No mundo estar mandando
O que você está dizendo
É sério menininho
Se isso não for verdadeiro
Farei de você um picadinho
Calma, venha, vamos brincar
Nunca falei tão sério
Quando a senhora rodar
Descobrirá todo o mistério
Dême as suas mãos
Vamos rodar bem depressa
Este planeta será seu
Juro é minha promessa
Rodaram, rodaram, até cair
Esparramados no chão
A menina amarrou a Bruxa
Pensando ser a solução
Mas para sua surpresa
A Bruxa se livrou
Do emaranhado de cordas
E a todos desapontou
Disse irei até o castelo
Preparar no caldeirão
A mais forte incombatível
E destrutiva poção
E logo mandarei derramar
Neste planeta horripilante
Jamais alguém brincará
Por toda a vida um só instante
Intrigados os dois ficaram
Ao ver a Bruxa andar
Se ela fosse de verdade
Com vassoura deveria voar
Novas e grandes armadilhas
Os dois prepararam
Numa bacia colorida
Alguma coisa colocaram
Finalmente ficou pronto
Era só esperar a chegada
No meio da escuridão
Vinha ela desconfiada
Quando repentinamente
Na bacia alguém esbarrou
Todo molhado e fedorento
O pobre homem ficou
Os dois pediram desculpas
Para o seu amigo maior
Depois queriam lhe contar
O que havia de pior
O menino chamou
Maninha venha até aqui
Aquela água não era água
E sim um pinico de xixi
Mas não diga para ele
Chega desta confusão
Vamos logo resolver
Esta horrível situação
Nisso despenca a bruxa
Não se sabe de que lugar
Chata e estrambelhada
Ainda querendo brigar
Os três decidiram juntos
A bruxa desmascarar
Vivendo a mesma história
O planeta não poderia ficar
Falou o menino empolgado
Vamos aproveitar agora
E mostrar para este povo
Quem é esta senhora
A dona deste planeta
Retrucou muito agitada
Mas naquela situação
Era melhor ficar calada
O Povo já sabia
De toda a verdade
Não adiantava mais
Impor sua maldade
O menino resolveu
Com o problema acabar
E para toda a multidão
Começou a comentar
Quem está por baixo
Destas vestes horrorosas
É apenas um homem mau
Com idéias tenebrosas
Peça por peça retiraram
O sapato ao vestido
Quando tiraram a última
Tudo ficou esclarecido
Era mesmo um homem
Que talvez nunca brincou
Por isso mantinha o planeta
Sob as leis que criou
O menino e a menina
Com auxílio do morador
Construíram um império
Da brincadeira e do amor
De rei e de rainha
Brincaram até cansar
Foram tantas brincadeiras
Que até esqueci de contar
No silêncio da tarde
A vovó dos meninos acordou
E foi em busca deles
Pra contar o que sonhou
Era um sonho fantástico
Com encanto e magia
Onde todos desejavam
A brincadeira e a alegria
O menino falou pra vovó
O sonho não precisa contar
Que nós estávamos nele
Está dizendo em seu olhar
E assim neste planeta
Ou em qualquer outro lugar
Enquanto houver uma criança
A fantasia irá reinar.
j
Livro: Ursinho Pecameca e suas travessuras
Num lugar distante “de sonhos”
Havia um mágico muito falado
Que com suas magias
Vivia sempre ocupado
Num certo dia, resolveu
Em pedra transformar
A mais linda floresta
Conhecida do lugar
Com aqueles olhos enormes
Olhando na bola de cristal
Começou a sua magia
Num completo ritual
“Abracadim abracadam
Abracadam abracadim
Quero esta floresta
Em pedra para mim”
Para o bem da natureza
Algo na magia deu errado
Nada se transformou
Como o mágico tinha planejado
Neste exato momento
Chegaram ofegantes
Uma girafa, um chimpanzé
E dois lindos elefantes
Trazendo um grande livro
Com a capa amassada,
Que contava uma estória
Deveras engraçada
“A incrível estória
De sonhos e bravuras
Do Ursinho Pecameca
Com suas travessuras”
Bem, aqui estou eu
Pra contar a minha história,
Facetas que estão guardadas
No baú da minha memória.
Antes de partir para a cidade
A primeira coisa que fiz,
Foi acordar bem cedinho
E coçar o nariz
Preparei uma festança
Pra toda a bicharada,
Despedime dos presentes
E parti em disparada
Uma grande amiga
No caminho encontrei
De “Boneca Travessa”
O apelido lhe dei
Seguimos nossa viagem
Num cavalo pangaré
Encontramos um rio...
Que azar! Não dava pé.
Um velho barco tomamos
Parecia uma peneira
Ao perder o rumo
Caímos numa cachoeira
Sem cama e sem rede
Dormimos no chão
Foram tantas aventuras
Até chegar na estação
“Senhoras e senhores
O trem já vai partir
Queiram tomar seus lugares
Este é o último a sair”
“U.U.U...” lambança, chacoalhão
E vai e vem
Tchacotchaco, tchacotchaco
Vinha o trem
“Ao chegar na cidade
Maiores foram as travessuras
E desta maneira começaram
Outras novas aventuras”.
Boneca... há alguém nesta casa!
Vamos pé por pé verificar
Você escutou o que eu estou ouvindo?
Deve ser uma criança sem ninguém pra cuidar
Chamamos, ninguém responde
Vamos então entrar
Oh que bela casinha
Acabamos de encontrar
Eu vou até os quartos
Alguém dormindo parece ter
Depois vamos comprar
Algumas coisas pra comer
“Bi... Bi... Bi...” este carro!
Cada vez mais barulhento
Não deixa ninguém dormir
Sequer um só momento
“Bau... “ Acordouse o menininho
Boneca prepare a mamadeira
Enquanto eu vejo roupas limpas
O leite deve estar na geladeira
Pronto... pronto aqui está
O seu leite bem quentinho
Não chore tanto assim
Sou apenas um Ursinho
“U... U... Mamãe apagou o sol
Papai acendeu a lua
E o menininho vai dormir
Pra amanhã brincar na rua
Eu sei um dia
Você vai entender
Que o sol não pode se apagar
Nem a lua se acender
Mas enquanto isso
Acontece então
Durma menininho
Do meu coração...”
Ufa... consegui fazer dormir
Boneca... você está ouvindo alguém falar?
Sim, seu Ursinho, é o disco de estorinha
Que coloquei na vitrola a rodar
“Ah... Ah... não sou uma viralatas
Nem mesmo uma bruxinha malvada
Eu sou a Dona Porta
Protetora desta casa encantada
Uma personagem forte
Mas que muito chora
Por ter que ficar
O tempo todo com o bumbum pra fora”
“TRIMMM”... – pronto... oh, seu SuperHerói
Aqui é o Ursinho quem fala
Não, não houve nada.
Não precisa vir; desfaça a sua mala
Na minha estória
Superherói não vai entrar
Obrigado... passe bem...
Outro pra você... vou desligar...
Boneca, estão lá embaixo
Os superheróis da televisão
Tanque as portas e as janelas
Podemos ter uma invasão
Mas eu quero brincar
Não vou ficar sentada
Feito uma mosca tonta
Sonhando acordada
Poxa, com toda esta folia
Você ainda me fala em brincar
Temos que ficar em silêncio
Até a dona da casa chegar
Você não pode brincar na sala
Suja os tapetes e algo pode quebrar
No quarto de maneira alguma
É íntimo! Não podemos desarrumar
Na cozinha não vai dar certo
Pode explodir a qualquer momento
A tampa da panela de pressão
Está com vazamento
No banheiro também não
Aquele é um lugarzinho
Só pra fazer xixi e cocô
E tomar nosso banhinho
“Ser criança entre adultos
Algo quase impossível
Brincar na sala não pode
No quarto não é plausível
Na cozinha é perigoso
No banheiro não convém
Na garagem, só se chover
E na rua, segurança não tem”
Então vamos brincar aqui dentro
Vá correndo chamar os amiguinhos
Enquanto eu arredo os móveis
E preparo os salgadinhos
Toalhas, cadeiras e mesa
Até o vaso vou tirar
Oba... já estão chegando
Os amiguinhos pra brincar
Vamos brincar de roda?
De marca soldado!
E depois, fazer o piquenique
Conforme tínhamos combinado
A campainha está tocando
Tenho que abrir a porta
Saiam todos pela escada
E levem junto esta torta
Boneca vamos logo
Colocar os móveis no lugar
Devem ser os moradores
Apitando pra entrar
Socorrame seu Cinzeiro
Ajudeme, Dona Cadeira
Acudame, Dona Porta, vou cair
E bater na cristaleira...
“Bum” olha só! Riscou o assoalho
E sujou as paredes da sala
Vamos sair logo daqui
Pegue nossa mala
Oh, aquele bolo de chocolate!
Não pense nisso agora
Nem chegamos a beber a limonada
Ande logo, vamos embora
Boneca, agora que estamos
Novamente na rua
Eu tenho uma grande idéia
Que talvez seja a mesma sua
Vamos para o rio pescar
Pegue as minhocas e o anzol
E sigamos por aquela estradinha
Rumo aos caminhos do sol
Chegamos... aquele vermelho é meu
Não fale alto demais
Não ponha os pés na água
Eles se assustam e não voltam mais
Podemos até cantar uma canção
De chamar peixinho!
Atirei o pau na cobra
Essa eu não sei cantar sozinho
Você, ajudeme a cantar
Claro, vamos lá: um, dois, três
Um momento, deixeme afinar
Pra não errar mais uma vez
“Atirei o pau na cobra, bra, bra...
Mas a cobra não morreu, reu, reu...
Seu gatinho admirouse, se, se...
Do berro, que a cabra deu...”
“Ah... Ah... Ah...” – Os peixinhos estão rindo
Também, você canta com letra errada
Os peixinhos devem ter achado
Uma cantiga bastante engraçada
Está puxando a linha
Que peixe deverá ser?
Nem imagino...
Puxe o que caniço para ver
Olhe só! O que pesquei
Um sapato velho! Que azar
Desse rios poluídos
é o que se pode esperar
Boneca... eu estou sentindo frio
Este local parece malassombrado
Acho que está cheio de fantasmas
Por todos os cantos deste sobrado
Mas por que eu vou ter medo?
Se estou invisível completamente
Você é que deve estar apavorada
Vejoa tremer até os dentes
“Eu sou o enfermeiro do doutor Lobão”
Você ouviu isto?... Vou dar uma olhadinha
Espere aqui no escurinho
Já que não tem medo de ficar sozinha
“Bau... bau...” – O que foi isto, Ursinho?
Um tal de enfermeiro do doutor Lobão
Sem nada me perguntar
Foi logo aplicando esta injeção
Calma já vou verificar
Se a injeção for verdadeira
O seu “completamente invisível”
Não passou de brincadeira
Poxa que fome que sinto
Quem sabe vamos pra cozinha fazer
Feijão, arroz e batatas fritas
Coisas boas pra comer!
Prefiro cachorroquente
Não temos cachorro, quer dizer, pão
Então, vamos fazer outras coisas
Batatas fritas, arroz e feijão
O que vai numa feijoada?
Sal, feijão, pimenta e água quente
Prove... a pimenta está muito forte
Chega, queimar a língua da gente
Deixeme ver na despensa
Um temperinho legal
ÁLCOOL...! Deve ser um bom tempero
Pois está junto do sal
Boneca, álcool é um bom tempero?
Sim, é ótimo para feijão
Mas está escrito que explode
Não explode coisa nenhuma, seu bobão!
Então, eu vou colocar na panela
Mas se algo errado acontecer
É bom ir preparando
Os pezinhos pra correr
“Bum”... vou sair, pra mim chega
Desta estória atrapalhada
Não consigo fazer nada certo
Sempre acaba dando em nada.
“Depois de tanto tempo
Ser professor ele tentou
E bem assim
O primeiro dia começou”
Bom dia, meninos e meninas
Mas que local bem bagunçado
Vamos juntos reunir
O que estiver espalhado
Agora, vamos a chamada!... Maria
Estou aqui, olhe o meu dedo
Estou aqui não! Diga presente
Bem alto sem ter medo
Continuando a chamada
Aline... Aldirene...
João... Luciana...
Vinícius... e Deni...
Como hoje é o primeiro dia
Não tenho todos nomes registrados
Amanhã apanho na secretaria
A lista dos matriculados
Epa... quem colocoume este rabo?
Não é hora de brincar!
Isto não se faz com ninguém
E a aula é para estudar
Quem colocou?... Você, Boneca?
Eeeeuuu?... Só estava escrevendo
Não precisa falar
Seus olhos estão dizendo
Continuando a aula vamos ver
Se vocês preparados estão
Os números pertencem a uma matéria
Chamada... chamada... Macarrão...
“Matemática” – desculpemme, enganeime
É que estou com uma fome de cão
Há dois dias que não como
Sequer um prato de arroz e feijão
Escute... está tocando a sineta
Saia devagar, sem se apressar...
Vou apanhar a bola
Temos tempo pra jogar
Eu atiro pra você
E você atira pra mim
Não, não atire tão alto
Vai cair lá no jardim
Bem, agora na segunda parte
Vamos aprender a fabricar
A superbomba de flores
Rosas e cravos não podem faltar
Nós somos crianças, queremos ver
O mundo cada dia mais colorido
Acho que falta algo nesta bomba
Sem explodir, não terá sentido
Deixame ver no laboratório
PÓLVORA... Agora vamos conseguir
É só colocar junto às flores
E esperar a bomba explodir
Ah... Ah... Ah... não explodiu
E nem deve explodir
Isto é uma brincadeira
Para nos divertir
Bom dia, não esqueçam
Os temas de casa fazer
Amanhã na ponta da língua
A matéria terão que trazer
“Senhoras e senhores
E meninada aqui presente
O grande circo traz para vocês
Um palhaço diferente
O maravilhoso
O inesperado
Ursinho Pecameca
O mais engraçado”
Boa tarde, amiguinhos
Depois de tantas andanças
Acabei neste circo
Para alegrar as crianças
Querem pipocas? Eu não tenho pipocas
Nem mesmo chocolates...
Só tenho duas caixas de pirulitos
E dez quilos de mandolates...
Quem pular na cadeira feito pipoca
Muitos doces irá ganhar
Batendo palmas todos juntos
Uma canção, vamos cantar
“Veja como bate
O meu coração
Disfarçado até vou
De urso a leão
Veja como late
O cachorrinho
Já descobriram
Que eu sou um Ursinho”
Agora, fiquem todos em silêncio
Pois logo virá o trapezista
O homem do globo da morte
E um brilhante malabarista
Boneca, recebi uma cartinha
Venha ler comigo
Deve ser da girafa
Ou do elefante nosso amigo
Não!... é do mágico
Da tal bola de cristal
Diz ele: que a floresta
Jamais teve o seu final
“Um mágico não destrói,
Os homens sim
Constróem bombas
Pensando no fim”
Com a minha magia
Só quis chamar atenção
Dos que destroem as florestas
Sem a menor preocupação.
Agora... deitemse
E durmam pra sonhar
Num tapete mágico
Pra floresta irão voltar.
Que maravilha
Estamos subindo
Ver aqui do alto
Tudo parece tão lindo
“Zzzzzzz...” que viagem encantadora
Até gostaria de voltar
Seu bobo, foi só um sonho
Nós nunca saímos deste lugar.
Música: Pecameca
Sou o ursinho peludo
Que veio do frio
Sem roupa e sem chapéu
Alegrar as crianças
Acender as estrelas
Rasgar as nuvens do céu
E deixar a luz
Brilhar a fogueira
Pra todos pularem
O resto da neve
Que boneco se fez
Pros grandes brincarem
O vivo colorido
Dos brinquedos quebrados
Espelhados pelo chão
Sou o chocolate
Que suja a cara
Mas adoça o coração
j
Livro: Versos e Músicas
Esconda
Seu cigarro
O seu fuminho
Finja
Ser você
Um anjinho
Pise
Mais suave
Não estrague
Esse tamancão
Que é do seu velho irmão
Jure que mamãe
Lhe ensinou
Danças clássicas
Mas você optou
Pelo baião
Diga que ainda não deu
Seu coração ainda é meu
Que eu coloco
Em sua boca rosada
Uma bala melada
Selando o nosso amor...
j
Mulher
Que completa
Minha poesia,
Meu ouro,
Minha lama,
Minha chama
Fantasia
Mulher
Meu abrigo
Meu sonho
Meu abismo
Minha paz
Meu engano
Falsidade!
Afinal
O que és
Em minha vida?
Alegria?...
Mulher:
O complemento
Da minha história
De amor
Mulher
Vim de ti
E vivo em ti
Meu encontro
O pior
E o melhor
Dos meus sonhos
j
Aqui onde você me achou
Aqui eu estou
Esperando você
Aqui onde eu sonhei
Uma vida de rei
Estou a sofrer
Aqui tudo é tão triste
Nada mais existe
Da vida da minha vida
Depois que você partiu
Me perco no vazio
Tentando encontrar
A razão da despedida
j
Você que se propôs
Viver ao meu lado
Largou seu bando
De andorinhas
Resolveu lutar e escolher
Uma só estrada
Você é considerado
Por meu ser acordado
Em cada conversa
Mil viagens
Tornouse adubo
De uma semente amor
Você que agora faz parte
Da minha vida
Você que agora caminha
Por estrada desconhecida
Lutando e crescendo
Este sonho amor...
Você que primeiro aceitou
O inferior
Descobre através
De nossas janelas
O infinito soa para nós
Continuação do nosso fruto...
j
De peito fechado
E olhos vendados
Como noites na alma,
Segue o caminho
Sem nada falar
Será que somos assim?
Meninos nascem
Junto a repressão
Que podemos fazer?
Agora sozinho,
Sua cabeça não
Será que somos assim?
Eu sei, você também,
Que eles estão fazendo
Alguma coisa
Para mudar...
Os anos gelados
Já se pode sentir
Na voz do povo
Unida...
Olhar adiante
O tempo dilata
Em novos ventos,
Virá liberdade
Liberdade suada...
Nós esperamos que sim...
j
Jamais consegui encontrar alguém
Que desse o seu amor só pra mim
Jamais consegui manter
A felicidade até o fim
Quando penso
Que sou amado
Estou sendo
Simplesmente enganado
Jamais consegui dar o meu amor
Para quem me ama eternamente
Jamais consegui acreditar
Que no amor também se mente
Quando amo
Dou tudo de mim
E no entanto
Vivo sozinho assim
j
Meu sangue escorre
E faz um mar seco
E morre
Pra não navegar
Por um oceano
Foges, mentindo
Cruel engano
Pra não me deixares,
Caminhas no meu tempo
Estilhaços de cismas
Me transformas em cinzas
E partes com o vento
j
Diga
Que todo este meu pranto
E a tristeza do meu canto
Pra você não tem valor
Diga
Tudo o que você quiser
Mas não diga que não quer
Aceitar o meu amor
Eu sei,
Que é pecado implorar
Mas não posso mais ficar
Sofrendo como estou
Diga,
Pois eu vivo só porque
Na esperança de ainda ter
Um pouco do seu amor...
j
Quando eu te procurava
Você fingia não entender
Teu silêncio para mim
Muito queria dizer
Sobre tudo o que veio acontecer
Eu fui relutando
Na tentativa de te esquecer
E quando venci a luta
Aprendi a viver
Ao teu lado mesmo sem você
Vem... vamos procurar
As respostas perdidas
Se a culpa for de nós dois
Há uma chance pras nossas vidas
Vem... vamos se esconder
De quem duvida de nós
E cantar o amor novamente
Afinados em uma só voz
O amor de verdade
Não tem fim, nem começo
Maior que o universo
É a vontade que eu tenho
Em saber de você o quanto te mereço baby
j
Te procuro a tanto tempo
Visito todos os bares
Tenho ido a todos os cinemas
Percorro todos os lugares
Por entre os raios do sol
Te vejo vindo pela rua
Me confundo nas lembranças
E sonho alucinado com a imagem tua
Preciso te encontrar
Preciso te ver
Nem que seja pra dizer
Adeus
Deitado à noite tão sozinho
Divago ao encontro do dia
Sinto tuas mãos e a tua boca
Tão presentes, mas tão frias
Pela manhã me encontro
Cansado e bem sem graça
Sonhando acordado, lá vou eu
E assim à noite se passa
Preciso te encontrar
Preciso te ver
Nem que seja pra dizer
Adeus
j
Foi tanto amor em meu peito
Tantos sonhos perfeitos
Tuas noites eram tão minhas
Teus beijos eram meus
Quando nós nos conhecemos
O mundo foi pequeno
Pra guardar tanto querer
Da nossa história
Teus olhos da cor do céu
Hoje faz noite em meu dia
Teus passos modificam meu destino
Tua ausência afoga minha alegria
Nós se amamos demais
Mas tudo teve fim
E agora vivo contando as horas
Pra um dia te ver
j
Chego em casa
Às seis horas
Da manhã
O galo já cantou
E o dia já raiou
E ela já saiu
Pra trabalhar
E eu mais uma vez
Chego atrasado no batente
E o chefe já bronqueia
De cara feia
Descontente
E a vida desse jeito
Já não dá...
Ou eu caso com ela
Pra curar está paixão
Ou eu viro boêmio
Da gafieira do João
Laia laia laia... etc.
j
Se um dia
Eu partir,
Vou sentir,
No peito
Uma dor
Sem jeito
Mas vou
Calar
E resistir
Esta vontade
De encontrar
Alguém
Para amar
É que me mata,
No silêncio
De dor
Sem nada
Reclamar
Eu sei,
Tenho direito
De ao menos
Ser feliz
E sonhar
Eu sei,
Dos meus defeitos:
Não precisa
Desse jeito
Me olhar...
j
Uma mão que alisa
Um perfume de flor
Uma noite com brisa
Um mundo de amor
Tudo isto é você
Tudo isto é você
Tudo isto é você
Uma estrela no céu
A praia e o mar
O verde dos campos
E a loucura de amar
Tudo isto é você
Tudo isto é você
Tudo isto é você
j
Quanto tempo
Ainda existe
Pra que esta
Juventude tão triste
Possa achar um caminho
De paz
Eu queria contar
Sua história
Numa frase
Completa, deixar
Liberdade no tempo
Que insiste
Em nunca
Parar de lutar
Aonde vais juventude perdida?
O que levas em teu coração?
Não vai, não
Fica aqui!
Mostra ao mundo
Que o tempo
É a melhor solução
j
Tentaram se livrar
De todas as lembranças possíveis
Mas todos os fantasmas
Continuam bem visíveis
Em nosso corpo e na mente
Destruindo as sementes
Que ficou
Eu sempre quis
Ser mártir de causa alheia
Mas torneime um traidor
De minha própria causa
Descalça
Estão com medo
Com medo sim
Há estão com medo
Do medo estar no fim
j
Não eu não posso mais ficar
Assim sem saber o que aconteceu com nós
Você tem que dizer
Não me faça sofrer
Quero ouvir a sua voz
Não eu não posso mais ficar
Assim sem saber o que fiz pra você
Pra mudares tanto assim
Já não falas mais em mim
Até procuras não me ver
Sabe nem sei se vivo mais
Minha vida não tem paz
Depois que tudo mudou
Fale agora de uma vez
Não aumente o que já fez
Não aumente minha dor
Não eu não quero imaginar
Que nosso amor de repente se acabou
Acordado estou sonhando
Se estiver me escutando
Venha ver como eu estou
j
Pode me faltar
A luz do sol pela manhã
O aplauso delirante
De uma gatinha fã
Só não pode me faltar você
Pode me faltar o happy hour
Do final de semana
Na conta do banco
Acabar toda a grana
Só não pode me faltar você
Por duas ou três horas
Pode me faltar o ar
Este tempo eu resisto
Só quando você me beijar
Pode me faltar a praia o céu
A areia o mar
A dança e o escurinho
Na mesa de um bar
Só não pode me faltar você
j
Quando você voltar pra mim
Todas as estrelas
Com certeza irão brilhar
Chorando de alegria
As nuvens
Num minuto irão secar
Quando você voltar pra mim
Toda a beleza
Do anoitecer
Será maior
Esperar todo o dia
Não existe
Na vida
Algo pior
Sem você
A vida não tem graça
Quero ter você aqui bem perto
Sem você as horas não passam
Vem sorrindo me tirar deste deserto
j
Com a força do meu canto
Pelas ruas da cidade
Quero espalhar todo dia
Muito amor e felicidade
Com a força do meu canto
Quero ir além da esperança
Quero ver em cada olhar
A verdade de ser criança
Quero vêla acendendo as estrelas
Riscando poemas no chão
Quero vêla explodindo alegria
Com a mais linda e sublime canção
Com a força do meu canto
Neste planeta diferente
Acordando do encanto
Quero vêla muita gente
j
Sim eu devo me afastar
Não, não devo mais te amar
Pois você não poderá
Corresponder meus sentimentos
Sim eu devo me afastar
Não, não devo mais implorar
Pois assim eu vou causar
Muita tristeza e sofrimentos
Te amo mas me afastarei, levarei
Com lembranças o teu sorriso
Que sem querer para mim, proporcionou
Alegria de um paraíso
Sim eu estou me afastando
Com o pranto derramado
Pois não posso conter
As lágrimas neste momento
j
Mamãe apagou o sol
Papai acendeu a lua
É noite
O Deninho vai dormir
Esperar o novo dia surgir
Pra nós então
Brincarmos lá na rua
Lá na rua...
Você um dia vai entender
Que o sol
Não se pode apagar
Nem a lua
Pode se acender
Mas enquanto isso
Aconteça então
Durma Deninho
Do meu coração
Do meu coração
Dorme Deninho
Dorme Deninho
Dorme Deninho...
j
Bem antes de eu partir
Vou fazer muita gente feliz
Bem antes de eu viver
Vou fazer o que eu ainda não fiz
Se você está triste
Venha cantar comigo
Explode tua voz
E diga o que eu digo
Cante, cante, cante, cante, o amor
Bem antes de eu partir
Vou fazer muita gente feliz
Bem antes de eu viver
Vou fazer o que ainda não fiz
Se você está triste
Venha dançar comigo
Embale seu corpo
Eu sou seu amigo
Dance, dance, dance, dance, com amor
Não fui eu quem inventou
A tristeza não
Quero paz
No meu coração...
j
De repente
Calar
Eu sei
Me tortura
É fugir
Da própria
Inútil
Procura
De ser eu
De ser eu
Neste tom
Desafinado
Ninguém vai
Perceber
Estão calados
Eu preciso
Explodir
Afinal
Gente sou
E fugir
Da própria
Inútil
Procura
De ser eu
De ser eu
j
Faças de conta
Que ontem
Eu fui apenas
Um amigo
Que te ajudou
A sobreviver
Aos inimigos
Que te ensinou
Os belos caminhos
Que levaram
Até a mim
Só assim
Seremos
O começo
De algo
Que nunca
Teve fim...
j
Por você eu modifiquei
Tantas coisas em minha vida
Não cantei
Aquelas canções
Desprezei mil corações
E então
Caminhei na noite fria
Tentando lhe encontrar e não sabia
Já não resta mais nada
Ilusão, ilusão...
Por você eu modifiquei
Tantas coisas em minha vida
Desprezei mil amigos
Busquei inimigos
E então
Caminhei na noite fria
Tentando lhe encontrar e não sabia
Já não resta mais nada
Ilusão, ilusão...
j
O meu céu é mais azul
As estrelas brilham mais
Pois quem tem amor
Encontra a paz
A tristeza acabou
Quando vi você chegar
Toda a minha vida
Eu quero agora te entregar
Agora que estamos juntinhos
Não quero mais pensar em adeus
Pois eu só me sinto feliz
Quando estou nos braços teus
Tudo é realidade
Nada mais quero para mim
Tenho felicidade
Pra viver a vida até o fim
j
Eu lhe fiz chorar
Eu lhe fiz sofrer
E agora vou lhe deixar
Mais antes quero dizer
Não, não vá pensar
Que eu não tenho um coração
Onde terminam minhas bobagens
Começa minha compreensão
Impulsionado pelo meu ciúme
Agi como um louco
Lhe maltratando assim
Matando o nosso amor aos poucos
j
Eu não gosto
De lembrar
Que um dia
Alguém eu fiz
Chorar
E no amor
Que perdi
Por duvidar
Quando ela
Me amou
Simplesmente
Não liguei
Com seu
Grande amor
Eu até
Brinquei
E agora
Estou sozinho
Perdido
Sem caminho
Procurando
Alguém como você
No amor
É assim
A gente
Busca o fim
Mas não sabe
Perder
O que resta
Para mim
É conviver
Com esta
Solidão
Pela marca
Que deixei
No teu coração
j
Eu me pergunto a toda hora
Que engrenagens nos faz andar?
Qual algema que prende a liberdade?
Qual é o sonho proibido de sonhar?
O que tanto sopra e nada apaga?
O que faz voltar a noite e o dia?
O que foge e não se move?
O que é feito do riso e da alegria?
Eu me pergunto toda hora
Cadê a lua dos namorados?
Quem apagou o sol de alguns homens?
Que roubou a voz dos calados?
Qual o pecado que merece perdão?
Que fuga é essa da nossa calma?
Qual o destino mal traçado?
Que música faz bem pra nossa alma?
O limite das perguntas não tem fim
Presente, passado, nem futuro
As respostas, sempre acabam em pizza
Amontoadas como lixo atrás do muro.
j
Quero viver como a sombra
Toda hora mudando de lugar
Sem causar nenhum estrago
Pelos caminhos
Por onde eu passar
Quero correr entre as montanhas
Sem ao menos ter que saber
Como será o amanhã
Nem o próximo esperado anoitecer
Eu só quero mesmo
Provocar o riso
E viver voando sem riscos
Eu quero cantar
A poesia, o lirismo
E parar
Na beira do abismo
Você pode me ajudar
A invadir sonhados mundos
Entre beijos os desejos
Serão realizados em segundos...
j
Hoje vou decidir
Como vou ficar
De nada adianta
Lhe dar um grande amor
Se você nem ao menos
Quer sonhar
Pra mim
Só resta
Então seguir
Pra você
É mais fácil
Esquecer...
Amanhã irás perguntar
Como foi que acabou
Como resposta
Terás a solidão
Fazendo parte do teu viver
Pra mim
Só resta
Então seguir
Pra você
É mais fácil
Esquecer...
j
No silêncio da minha alma
Eu escondo tanto amor
Como se fosse um mar aberto
Com suas ondas devorando a areia
Apagando o rastro que deixei
Nos caminhos que não andei
Encontrei você devolta
Com os sonhos presos nas mãos
Sem destino caminhas por aí
Sem saber que te espero para amar
Em cada volta um desencontro
Vem comigo na bagagem
E o vento a cada momento
Me açoita para uma nova viagem
j
A esperança de amar da menina
Nasci como flor do campo
Sem ninguém plantar
O galope de um zaino amadrinhado
Queima como fogo no peito
De um gaúcho apaixonado
O silêncio do mato de pitanga
Reflete na espuma branca
Que escorre junto às águas da sanga
O bando livre dos pássaros
Voando no ar é toda liberdade
Que eu vivo a sonhar
Lá dos confins do nosso rincão
Vem a nossa história
Sofrida e vestida de glória
Tanta poesia esquecida no tempo
Se arrastando no vento
Como raízes em tapera...
j
Ai, que coisa louca!
É dar um beijo
Em sua boca
Muito mais louco
É deixar livre
A sua boca...
Diga tudo o que você
Tiver vontade,
Mesmo que a verdade
Jamais seja ouvida,
Pois o ato de insistir
Poderá, com o tempo, vir abrir
Caminhos nas estradas
Perdidas...
j
Sou um grande e sou pequeno
Tenho muito que aprender
E o começo dos meus passos
Pode partir de você
Se quiser contar comigo
Me estenda a sua mão
Sou pequeno e sou amigo
E tenha um grande coração
Solte a lágrima
Que está presa na tua garganta
Deixe o olhar brilhar
Igual ao das crianças
Se o teu coração quiser
U amigo para brincar
Vem aqui me dê a mão
Vamos cantar
Canto a paz e canto amor
Canto a fé pros corações
De quem ama esta vida
E precisa de emoções
Sou pequeno e sou amigo
Tenho muito o que aprender
E o começo dos meus passos
Pode partir de você
j
Não, não diga bobagem
Veja a viagem
Que a vida é...
Esqueça o que passou
Pense no amor
E não perca a sua fé
Isto alguém me diz
A toda hora
Sem saber que estou assim
Na solidão
Por alguém
Que foi embora
Partindo
O meu coração
j
Invade pela minha janela
Um desejo meu e dela
De uma nova vida
O meu céu parece se abrir
No brilho das estrelas
Já se pode sentir
Você chegando
Não sei como você é
Mas já posso imaginar
Você nos meus braços
Chorando, querendo nanar
Arde no meu peito
Um sonho perfeito
Feito canção de ninar
No silêncio calado da noite
Por entre brinquedos
Amor, paz e segredos
Quero te guardar
Quero te guardar
Não sei como você é
Mas já posso imaginar
Você nos meus braços
Chorando, querendo nanar...
j
Quando andorinhas pairam no céu
E a brisa desce a colina
O mar se enche de graça
Em sua dança
E nós aqui
Com garra e gana
Decidimos
Nossas andanças
De dois para um
No livro de nossas vidas
Folhamos o passado
E vimos
Ilustrado
O presente amado
Queremos
Do tudo o nada
Do amor
O conteúdo
E o mundo
Vivemos a vida sem tempo
Minutos mais de um século
Se amanhã tudo morrer
Vamos ter restos de lembranças
Que vão sobreviver
j
De que adianta
Nós buscarmos
Todos os dias
Pelos caminhos
Escusos
Uma razão
Para esta chaga
Sempre sangrando
Sem antes estancar
E recuperar
O que já foi
Pelo tempo
Derramado
Quem sabe um dia
Nós poderemos
Rolar
Pelas pedras
De pontas
Que encontrarmos
Em nossa estrada
Sem nos ferir
E quando chegarmos
No mar
As águas apagarão
Nossa tempestade
Não vamos ficar
Tristes a pensar
Belos caminhos
Abriremos sozinhos
Já que estamos prontos
Uma para o outro.