DSEXTA-FEIRA E SÁBADO

CUIABÁ, 24 E 25 DE DEZEMBRO DE
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Ç UM SONHO...
Folha
“Todo sonho é uma derrota em potencial. Para
não o realizar, basta manter-se parado”. Com DO
essa premissa, jovens procuram sentido para vida
BEM Tchelo Figueiredo-Nova Origem

Ç Munidos de coragem e uma dose extra de ousadia, três amigos de infância partiram em busca de um ideal, buscar uma nova origem a suas vidas. Mais de 2 mil quilômetros foram percorridos

O mundo em duas rodas

SINARA ALVARES
REPORTAGEM LOCAL

Por um longo passeio de

bicicleta pelos cinco continen-
tes eles largaram tudo: carrei-
ras, namoradas, família e con-
forto. Loucura ou realização
de um sonho... o fato é que
os amigos de infância Caseh
Werner, Kico Zaninetti e Tiago
Batalha saíram de Juiz de Fora,
Minas Gerais, em suas bicicle-
tas e passaram a dar asas à ima-
ginação. Montaram o projeto
“Nova Origem” e se propuse-
ram a rodar o mundo em quatro
anos com as “magrelas”.
A aventura já dura oito
meses. Desde então, os três
amigos passaram por 57 cida-
des dos estados de Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás, business inteligence em uma terras brasileiras logo na virada últimos destinos, antes do ções”, explicou Kico. de de engenharia da Universida-
multinacional, e terminou com do ano, quando vão cruzar retorno ao Brasil, previsto de Federal de Juiz de Fora, e já
O 4º AMIGO

03
Ç UM IDEAL a namorada para pôr o pé na
estrada, o caminho tem reve-
lado muito mais que bele-
zas naturais. “A gente sempre
conta com ajuda de pessoas dos
locais. Não sabia que existem
amigos de infância mais pessoas boas que ruins”.
Os amigos estiveram em
passaram por MT na
semana passada
Cuiabá, na semana passada.
O Natal foi comemorado em
a fronteira entre Cáceres e
Bolívia. A partir de então o
itinerário prevê passagens
pelo Peru, Colômbia, Equa-
dor, América Central até os
Estados Unidos da Améri-
ca. Em solo norte-america-
no os mineiros trocarão as
pedaladas pelo avião, até
chegarem à Europa.
para 2014. “Depois que cru-
zarmos a fronteira com a
Bolívia não temos a mínima
ideia do que vamos encon-
trar pela frente. Nosso iti-
nerário poderá sofrer altera-
Ç PREOCUPAÇÃO
O momento mais difícil da
viagem foi quando um quarto
integrante do grupo, Marcelo
Barros, professor da faculda-
com doutorado garantido, quebrou
o braço com apenas um mês de
viagem, em pleno Dia das Mães.
Os amigos disseram que Marcelo
teve que voltar para casa, e resolveu
retomar o doutorado e as aulas.

Atividades de cunho
Poconé (a 109 km da capital) Norte da África, Sudeste
e a expectativa é dizer adeus às da Ásia e Oceania são os
com uma média de 2.916
quilômetros pedalados. Eles
contam com apoio do Ministé-
rio do Esporte, que não repas-
sa nenhuma ajuda financeira,
apenas uma carta de recomen-
ambiental são realizadas
dação. Cada integrante carrega
cerca de 30 km nos “bagagei-
Até agora, 179 mudas nativas foram plantadas

D
ros improvisados” nas bicicle-
tas. urante o como meio de transporte para dos Veadeiros (GO).
Apaixonado pelo cicloturis- percurso essa jornada pois não polui, Na rota estão os cinco
mo, Kico, ex-analista de siste- dos inte- não produz ruído, resíduo e continentes, aproximadamen-
mas da Bolt Brasil, empresa grantes do não agride o meio ambiente. te 40 países e 45.000 quilô-
que realiza projetos de comuni- projeto Ela é acessível a todas as clas- metros a serem percorri-
cação digital, afirma que todos “Nova Origem” são realiza- ses sociais. É um esporte que dos. Ainda sem patrocínio,
estavam insatisfeitos com o das atividades de cunho ambi- estimula o corpo e a mente. os ciclistas esperam conse-
que estavam fazendo, e e por ental. Até agora, 179 mudas Os ciclistas chegaram a guir apoio de empresas que
isso que resolveram praticar o nativas foram plantadas por Mato Grosso por Barra do queiram vincular sua marca
cicloturismo, esporte que os onde os rapazes passa- Garças. De lá, seguiram para ao projeto. “Estamos tiran-
uniu desde a infância. ram.“Sempre observamos Primavera do Leste, Campo do muitas fotos pelo cami-
Caseh Werner, que antes como as cidades tratam a Verde e Chapada dos Guima- nho e pretendemos vendê-las
da aventura administrava uma questão ambiental”, afirma rães. E que impressões tive- para conseguir algum dinhei-
empresa multinacional de per- Kico Zaninetti, um dos aven- ram da região? ro. Nossas economias não
furação de petróleo e que tureiros. “Vimos um deserto verde são suficientes. Precisamos de
presta serviços para a Petro- De posse de uma carta de nas plantações de soja. É apoio”, afirmou.
bras, diz que o projeto vem da recomendação do Ministério vegetação, mas não tem a Como inspiração, os
vontade de viver de cordo com do Esporte, por onde passam diversidade de animais que amigos citam a frase de Argus
o que se acredita, em contato os cicloturistas se apresen- um meio ambiente natural Saturnino. “Todo sonho é uma
com a natureza e com simpli- tam na prefeitura e ministram possui”, lamenta Kico. Em derrota em potencial. Para
cidade. “Essa viagem significa palestras nas escolas, incenti- contraponto aos “desertos” não o realizar, basta manter-se
viver o próprio sonho, sem essa vando as crianças a pedalarem das lavouras, eles destacam a parado”. As informações e as
lógica de pensar só em dinhei- e preservarem o meio ambi- alegria de encontrar o cerrado experiências da viagem serão
ro”, explicou Werner. ente. preservado em lugares como postadas no site www. novao-
Já para Tiago Batalha, que A bicicleta foi escolhida as chapadas dos Guimarães e rigem.com.br
trabalhava como analista de