PARÓQUIA DE S. MIGUEL
FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS
O ACTO CATEQUÉTICO
Acto Catequético é a realização concreta de uma acção catequética (a sessão de catequese) em que
catequista e catequizando põem em exercício os elementos constitutivos do que é a catequese (experiência
humana, aceitação e personalização da Boa Nova, celebração, compromisso).
No Acto Catequético há a transmissão da experiência e dos conteúdos da fé, pelo que podemos dizer que
no Acto Catequético há comunicação, é comunicação. A Revelação de Deus ao homem é feita num clima
total de comunicação Assim temos necessidade de conhecer brevemente quais os mecanismos deste
fenómeno complexo, pelo qual levamos as nossas ideias e sentimentos aos outros.
2 – Processo de comunicação
FEED-BACK
RUÍDOS
2.1 – O Emissor
Também se costuma utilizar a palavra “fonte”. Para nos entendermos, o emissor é aquele que fala, aquele
que comunica ou se comunica.
Na comunicação interpessoal ou próxima, o emissor está perto do receptor. Na comunicação por difusão,
por exemplo, na telecomunicação, o emissor pode estar a muitos quilómetros de distância do receptor.
Não nos parece forçado falar de Deus como emissor, como fonte. A catequese é um acto de comunicação
no qual Deus fala, se comunica, se nos comunica. E neste sentido se pode dizer que na catequese se
comunica a fé, que é um dom de Deus, graça, oferta.
Mas o mais comum é aplicar o termo de emissor ao catequista. Não obstante, esta função de emissor não a
tem o catequista em exclusivo. Qualquer membro do grupo de catequese pode também ser, e deve ser,
emissor. È necessário que o catequista não caia na tentação de se considerar exclusivamente emissor e de
pensar que os membros do grupo são apenas receptores.
Também é importante ter em conta que, quando o catequista assume o papel de emissor, não o assume em
nome próprio; não é uma função que ele conquistou. O catequista tem a Palavra, mas a Palavra foi-lhe
dada. O catequista é fonte, mas existe uma outra Fonte.
2.2 – A Mensagem
A mensagem é o que o emissor ou a fonte comunica ou transmite. O dado, a informação, o conteúdo que,
em princípio, passa do emissor para o receptor. Dizemos em “princípio” porque, de facto, nem tudo o que
se pretende comunicar chega ao receptor.
De facto, quando comunicamos, devemos estar bem conscientes da dificuldade da comunicação. Podemos
dizer uma coisa com palavras, mas com expressões não verbais mais ou menos inconscientes, deturpar
essa mensagem. Um “bom-dia”, por exemplo, pode ser dito com carinho ou com indiferença, com muito
amor ou até com ódio. Com a nossa mensagem vão também sentimentos expressos num tom de voz, num
olhar, num gesto…
2.3 – O Código
O emissor concretiza a mensagem utilizando habitualmente as palavras, a linguagem verbal. Mas não é a
única forma de codificar uma mensagem, pois existem outras formas não verbais de a levar ao
destinatário. Pensemos na criança: não sabe falar, não domina a linguagem verbal, mas comunica com a
sua mãe mediante os gestos, o choro, ela faz-se entender. Sabe codificar as suas mensagens.
O receptor necessita, evidentemente, de conhecer o código utilizado pelo emissor, para poder descodificar
a mensagem.
O catequista, para codificar a sua mensagem, precisa, portanto, de saber “as palavras da tribo”, isto é, os
termos que os receptores jovens, crianças e adolescentes de hoje, utilizam no seu quotidiano. Trata-se de
um grande desafio que é posto aos catequistas do Sec. XXI: traduzir em linguagem que se possa perceber
esses aspectos da Boa Nova que habitualmente são comunicados com uma linguagem fria e distante,
tirada de compêndios de teologia.
Além disso, dever-se-á privilegiar a imagem e o som (música) na codificação das verdades da fé. Não há
nos nossos dicionários palavras exactas para descrever o mistério de Deus, que em Cristo nos salva. Mas
talvez hoje o audiovisual seja a melhor forma de fazer saborear esse mistério de Cristo, imagem do Pai.
2.4 – O Canal
O canal é o veículo que transporta a mensagem: o meio natural que une o emissor ao receptor. O canal é o
meio. Neste sentido, qualquer meio de comunicação é canal da mesma.
Existem canais fisiológicos e canais técnicos. Por exemplo: a mensagem pode ser “canalizada” pelos
sentidos ou utilizando meios audiovisuais.
Um orador, que utiliza apenas o discurso, serve-se da voz, que entra pelos ouvidos do receptor; ou serve-
se também de gestos, que entram pelos olhos dos presentes. Quando se utilizam canais técnicos, temos
como que uma extensão ou prolongamento dos sentidos: o microfone amplia a voz; o cinema, a televisão,
a imprensa, etc. levam a mensagem à distância e em boa qualidade.
Na catequese, podemos dizer que todo o catequista é canal da mensagem. De facto, ele terá de fazer com
que o seu corpo seja canal de comunicação. Ele comunica mais com tudo aquilo que é, com a sua maneira
de estar e de viver, do que com o que sai da sua boca e chega aos ouvidos. Todo ele é mensagem.
2.5 – O Receptor
O receptor é a pessoa ou o grupo que recebem a mensagem, codificada numa linguagem, e que lhes chega
através de um canal utilizado pelo emissor.
Na comunicação uni-direccional, a mensagem circula numa única direcção: do emissor para o receptor.
Não é esta a forma de comunicar em catequese, hoje.
É uma palavra que reflecte uma realidade. Há verdadeiramente ruídos que podem afectar a comunicação.
São, por exemplo: a pronúncia inadequada de uma palavra, uma imagem desfocada, uma canção que não
se ouve bem, um ruído exterior que entra na sala, muito calor ou muito frio, pouca ou muita luz, uma
cadeira que cai, uma parede suja, objectos fora de lugar, indisciplina, etc
O catequista deverá estar muito atento a estes ruídos, até porque devem ser evitados. Eles impedem que a
mensagem chegue em boas condições aos receptores.
2.7 – O Feed-Back
O Feed-Back diz-nos se estamos a comunicar a mensagem com fidelidade. Esta palavra inglesa serve para
definir as informações ou os ecos que nos chegam vindos dos nossos receptores. Conhecemos a reacção
que uma determinada mensagem provoca neles.
Um exemplo muito simples: o emissor, enquanto comunica, pode perceber esse Feede-Back sem ser
necessário que as pessoas falem. Basta ver se estão a dormir, ou a bocejar, ou distraídos, ou a olhar para o
relógio, ou com ar de quem não percebe… Mas também pode receber um Feede-Back positivo: todos
muitos atentos, gestos de aprovação com a cabeça, etc..
Na catequese é importante que o catequista escute este Feede-Back, lendo não só as mensagens verbais
mas também as não verbais. Às vezes as faltas à catequese podem ser uma forma de dizer que não gostam,
e que é preciso mudar alguma coisa na forma de fazer catequese.
Podemos esquematizar o que dissemos da seguinte forma:
- Más interpretações
- Maus meios
RUÍDOS - Falta de Formação, etc
-
Ao terminarmos esta análise da comunicação, tendo em vista o acto catequético, é preciso dizer mais uma
vez que neste processo está em acção o Espirito Santo. Ele colabora com os cristãos, para que cheguem à
verdade tortal. É preciso muita competência na arte de comunicar; mas também é preciso muita fé na
acção do Espírito.
Os catequistas são as ferramentas de Deus para que a Sua Mensagem chegue ao homem. Os catequistas
são o instrumento de Deus na transmissão da fé no acto catequético.
O Acto Catequético que anuncia e oferece a Palavra de Deus aos seres humanos tem que ser, pela sua
própria natureza, fiel a uma dupla realidade: Deus e o ser humano. A fidelidade a Deus entende-se como
fidelidade à transmissão íntegra da mensagem revelada e a fidelidade ao ser humano, cmo fidelidade à sua
experiência e à sua história.
Para que esta fidelidade se torne possível e real, o acto catequético terá que integrar diversos elementos ou
factores que se relacionam mutuamente e que, portanto, não se podem dissociar entre si.
Estes factores têm que aparecer ao longo de todo o processo catequético, apesar de não se actualizarem
todos ao mesmo tempo e nem sempre seguirem uma ordem fixa.
Seguidamente vamos descrever cada um destes elementos para compreender bem o que significam no acto
catequético.
O termo experiência é frequentemente utilizado na linguagem comum para designar a vida humana no seu
conjunto, identificando-a com o tempo transcorrido numa determinada actividade, ou com o comjunto das
realidades observadas ou vividas ao longo da vida.
Há outro significado para otermo experiência, mais técnico e antropológico, que é o que nos intressa para
a nossa reflexão. A experiência humana refere-se “à condição do ser humano com um conjunto de valores
que descobre e aceita, com os seus ideais, as suas vivências e a sua história, vivendo num tempo
determinado, numa sociedade com uma cultura específica. A experiência humana então, significa, a
existência humana exercida numas circunstâncias concretas iluminada pelas evidências e orientada por
valores” (J. Martín Velasco).
O conjunto da realidade humana designado com o termo experiência pode ser interpretado e vivido desde
outra perspectiva: a religiosa. A experiência religiosa é a mesma experiência humana interpretada e vivida
a um nível mais profundo e radical. A experiência religiosa tem lugar quando a experiência humana se
orienta para a procura do sentido último da vida, à necessidade da salvação absoluta ou à dimensão
transcendente do “totalmente Outro”.
Deus revela-se na vida e na história de todos os seres humanos, e em cada um em particular, e a partir de
cada pesoa, para que sejam capazes de acolhar o seu projecto de salvação. Por este motivo é que o acto
catequético deverá assumir a experiência humana, para aprofundar e valorizar a vida das pessoas e dos
grupos e descobrir a presença de Deus com as interrogações e as respostas que a sua Palavra desperta no
ser humano.
Todas as realidades e todos os momentos da vida podem ser avaliados e assumidos pela consciência
humana como algo próprio que o afecta, o interpela e faz crescer: a vida familiar, o centro de estudos, os
amigos, as celebrações litúrgicas, as actividades desportivas…, todo o acontecimento é uma chamada ao
encontro do homem com deus e à descoberta da sua presença na vida real e concreta: “Cada pequena
acção é um imenso acontecimento no qual nos é dado o paraíso e no qual podemos dar o paraíso. Não
importa nada o que tivermos que fazer, se manejar a vassoura ou a caneta, falar ou calar-se, remendar ou
fazer uma conferência, tratar um doente ou escrever à máquina. Tudo isso não é mais do que a casca da
realidade esplêndida, o encontro da alma com deus, renovado a cada minuto, a cada instante acrescentado
em graça; cada vez mais formosa para o seu Deus. Chamam por nós? Pronto, vamos abrir, é Deus que
vem amar-nos. Uma notícia? Aí está: é Deus que vem amar-nos. É hora de comer? Vamos, é Deus que
vem amar-nos. Deixemo-Lo agir”. (Madeleine Delbrel, Nosotros, gente de la calle, 65)
O acontecimento que serve de ponto de partida para a experiência de fé na catequese pode ser uma
experiência humana ou cristã:
a) EVOCADA: recordar alguma coisa que aconteceu a alguém, de forma que também nós nos
possamos apropriar disso. Quer dizer, passar de “alguma coisa que aconteceu a alguém” para
“alguma coisa que me aconteceu ou poderia ter acontecido “ e que , portanto, me afecta e se
relaciona com a minha vida;
b) VIVIDA: aproveitar uma experiência que alguém do grupo ou o próprio grupo em si mesmo está a
viver, nesse preciso momento, sem a deixar passas inutilmente pela nossa vida nem nos deixarmos
dominar por ela de modo inconsciente;
c) PROVOCADA: provocar uma experiência na sessão de catequese que nos faça olhar para a vida,
usando para isso alguma actividade ou dinâmica de grupo.
A análise dessa experiência humana ou cristã na catequese pode realizar-se da forma seguinte:
1. ver o acontecimento
3. ampliar o olhar para generalizar a experiência pessoal e verificar as conexões dessa experiência
com a experiência comum de todas as pessoas.
A Palavra de Deus ilumina todo o acto catequético e é o elemento de ligação a todos os outros.. A
catequese é uma das formas do ministério da Palavra, ou seja, um serviço da Palavra de Deus, tal como
está nas Escrituras e na Tradição. Por isso, através da catequese:
A catequese não procura fazer das pessoas eruditos e sábios, mas pelo contrário, pretende um fim
eminentemente prático: fazer nascer um tipo de pessoa transformada pela fé numa situação humana
concreta.
A experiência cristã que todo o acto catequético tem que favorecer e conseguir, consiste simplesmente, em
poder pronunciar a Palavra de vida no interior da experiência das pessoas humanas.
Para poder realizar esta tarefa, a catequese conta com uma chave de leitura da vida humana que se
comunica, principalmente:
• na Sagrada Escritura
• no símbolo da fé
• na Tradição viva da Igreja
As Sagradas Escrituras ocntêm a experiência religiosa de Israel como manifestação da Palavra de Deus
no seu caminho, sempre aberto, para a plenitude de Cristo. Sobretudo contêm a experiência religiosa de
Jesus de Nazaré e da comunidade apostólica, que nos transmitiu a manifestação definitiva e última do
projecto salvífico de Deus para o ser humano em Jesus Cristo.
De facto, a catequese não é outra coisa senão, inter-relacionar a vida dos seres humanos e as suas
experiências nucleares com as experiências referenciais contidas nas Sagradas Escrituras.
A Tradição viva da Igreja que é a continuação da experiência cristã da Igreja apostólica, apresenta-se
nos diversos documentos e realidades eclesiais: liturgia, Magistério, testemunhas, etc.
Para ser fiel a Deus e ao ser humano, a catequese exige que o conteúdo da experiência de fé seja
proclamado, integralmente, no acto catequético.
O que se pretende no acto catequético é que a experiência humana não iluminada pela fé se converta numa
experiência vivida e assumida desde a fé, em ordem a uma perfeita integração entre a fé e a vida.
Entre o Evangelho e a experiência humana há um laço indissolúvel, já que aquele refere-se ao sentido
último da existência para iluminar, julgar e transfigurar .(CT 22)
O Evangelho é como uma semente depositada num campo. A semente é a Palavra de Deus; o campo é o
mundo, a vida, o coração da pessoa.
3.3 – A expressão de fé
O encontro entre a vida humana e a Palavra de Deus, que tem lugar no acto catequético, penetra e
transforma a personalidade do crente na sua totalidade. Esta experiência sentida e interpretada à luz da fé,
tem que expressar-se de alguma forma, para ser interiorizada e enraizada na pessoa, de modo a conduzir à
maturidade do crente.
• A profissão de fé
• A celebração
• O compromisso
Através da profissão de fé proclamada na comunidade, o catequizando devolve – após ter sido
interiorizado progressivamente – o Símbolo recebido.
No acto catequético há uma inter-relação de elementos em constante comunicação interna entre si:
• A experiência humana
• A Sagrada Escritura e o Símbolo
• A expressão de fé: Profissão, celebração e testemunho.
Ao longo de um processo catequético o que menos importa é a ordem concreta que se estabeleça na
programação dos temas, assim como também, a pedagogia de cada um deles, que podem partir da
experi~encia, da Escritura, do Símbolo, da celebração ou do testemunho.
O importante é que o acto catequético dinamize os três planos a que nos referimos e que, ao longo de todo
o proceso de catequização, se vá amadurecendo a fé do catequizando na linha de uma confissão, cada vez,
com uma maior maturidade de fé, mas enraizada nas escrituras e mais significativa para a sua vida.
O ACTO CATEQUÉTICO
RESUMO
Acto Catequético :
2. O acto catequético, pela sua própria natureza, tem que ser fiel a Deus e ao ser humano. Para
que esta fidelidade se torne possível e real, o acto catequético deverá integrar três elementos
(momentos), que interagem mutuamente:
4. Todos os acontecimentos da vida podem ser avaliados pela pessoa como algo que conduz ao
encontro com deus e à descoberta da sua presença em nós.
6. A experiência profunda da vida é a forma de assumir a vida abrindo janelas no sujeito para
o encontro com Deus, com o próximo e com toda a obra da criação, de maneira que se chegue
a descobrir a vida como obra da graça de Deus.
ORAÇÃO
Para quem
O quê (mensagem)
Como (metodologia)
Onde (local)
Quem (catequista)
Experiência humana
Palavra de Deus
Confissão de fé
Oração
Expressão de Fé
Celebração
Compromisso
4. Os elementos do Acto Catequético:
A experiência humana É :
• Interesses
• Interrogações
• Esperanças
• Sonhos
• Reflexões
• Juízos
Que confluem num certo desejo de transformar a exitência. A tarefa da
catequese é tornar as pessoas atentas às suas experiências mais
importantes, ajudá-las a analizar, à luz do Evangelho, as questões e as
necessidades que nascem dessas experiências, educá-las para uma nova
situação de vida .
Provocada
EVOCADA – Recordar alguma coisa que aconteceu a alguém, de forma que também nós nos
possamos apropriar disso. Quer dizer, passar de “alguma coisa que aconteceu a
alguém” para “alguma coisa que me aconteceu ou poderia ter acontecido” e que,
portanto, me afecta e se relaciona com a minha vida.
VIVIDA – Aproveitar uma experiência que alguém do grupo ou o próprio grupo em si mesmo
está a viver, nesse preciso momento, sem a deixar passar inutilmente pela nossa vida
nem nos deixarmos dominar por ela de modo inconsciente.
PROVOCADA – Provocar uma experiência na sessão de catequese que nos faça olhar para a
vida, usando para isso alguma actividade ou dinâmica de grupo.
• Reflexão e Interpretação
• Expressão – diversas formas que utilizamos para expressas o vivido, palavras, gestos,
ritos
• Oração
• Celebração
• Compromisso
• Fundamentalismo
• Interpretação literalista da Bíblia
• Instrumentalização
• Utilizar a Bíblia para provar afirmações dogmáticas, morais ou
ideológicas
• Exegetismo
• Ficar-se na história do texto e sua linguagem sem descobrir o seu
sentido nem o actualizar para os destinatários
• Carismático
• Faz o convite a cada um para se expressarem sobre o
que lhes sugere o texto, sem
se preocupar com o que é dito.
10. A expressão de fé
12. Os destinatários
15. COMO?
• Escolher a metodologia
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
FEED-BACK
RUÍDOS
- Más interpretações
- Maus meios
RUÍDOS - Falta de Formação, etc