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CENTRO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira

MARIANA GABRIELA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA OBRA MACUNAÍMA, O HERÓI SEM NENHUM


CARÁTER

Belo Horizonte
2010
MARIANA GABRIELA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA OBRA MACUNAÍMA, O HERÓI SEM NENHUM


CARÁTER

Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de Língua


Portuguesa e Literatura Brasileira, do Curso Técnico Integrado
de Química do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais, ministrado sob orientação da professora Ana
Paula Mendes.

Belo Horizonte

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2010
1. INTRODUÇÃO:
Macunaíma é uma das obras mais bem criticadas do escritor Mário de Andrade. A
obra de 1928 é um dos romances mais expressivos do Modernismo Brasileiro.
Mário de Andrade é peça principal para a compreensão da singularidade do
modernismo brasileiro e das manifestações o sucedeu. Mário foi um dos idealizadores da
Semana de Arte Moderna, criador de várias obras importantes, como Amar, Verbo
Intransitivo, Lira Paulistana, Contos Novos e Clã do Jabuti. Com a determinação própria dos
líderes que pretendem injetar uma nova consciência, foi músico, pesquisador de etnografia e
folclore, poeta, contista, romancista, crítico de todas as artes, correspondente cultural que
pode ser identificado com artistas novos consagrados, além de ter ocupado vários cargos na
burocracia estatal, relacionados com o desenvolvimento da cultura em suas várias
manifestações.
A obra é um dos livros mais importantes da literatura brasileira, por várias razões: as
rupturas narrativas de tempo, espaço e composição de personagem; a ruptura lingüística, que
mistura o culto e o popular, o urbano e o regional, o escrito e o oral, contribuindo para o
estabelecimento de uma "fala brasileira"; a importância da narrativa como personagem
propriamente, já que o texto se assume como um relato e o narrador como seu relator; a
personagem, herói sem nenhum caráter, que se situa além do bem e do mal; o significado
geral da obra, que sintetiza uma reflexão crítica sobre a personalidade do homem brasileiro. O
fato é que Macunaíma se revelou parte de nossa cultura, incitando polêmicas e
desdobramentos em todas as gerações subseqüentes, mas, sobretudo, dando ao leitor muita
surpresa e prazer.

2. ANÁLISE DA OBRA
Macunaíma é um livro de impacto, não só pela sua feição estrutural, como,
principalmente, pelos seus aspectos lingüísticos. O livro não apresenta coerência no que se
refere ao tempo, ao lugar, a ação e as personagens. Não existe lógica em qualquer uma destas
quatro partes do romance tradicional, fazendo com que o livro seja material da rebeldia e do
anti-racionalismo do movimento modernista. Não existe melhor exemplo do que o capítulo IX
"Carta pras icamiabas", em que Mário de Andrade, utiliza a carta escrita por Macunaíma, para
satirizar o distanciamento entre a língua escrita e a falada: "Ora sabereis que sua riqueza de
expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra".

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No livro, a língua expressa a descentralização da cultura. É utilizado o vocabulário
regional de todos os pontos do Brasil com suas frases feitas e provérbios populares. Sem
dúvida, um dos principais valores do livro é exatamente essa diversidade lingüística. Além,
claro, da utilização de construções gramaticais que sintetizam a fala cotidiana, com frases
despojadas e palavras usuais, como no trecho a seguir: "–Minha vó, dá aipim pra mim
comer?"
O índio Macunaíma é um personagem complexo, com várias mudanças. Seu caráter
se modifica de uma página para outra; uma característica revelada num instante, desmente-o
no seguinte, justificando o título de herói sem nenhum caráter. Deste modo, "como mito,
como símbolo de libertação do inconsciente coletivo, Macunaíma metamorfoseia-se segundo
o sabor da imaginação popular; não tem por isso, um caráter definido." Assim, não se pode
entender Macunaíma em termos de lógica, mas como uma livre associação do pensamento e
das intenções Mário de Andrade expressa seu mundo inconsciente, sendo característica
marcante do Modernismo.
Com relação ao gênero literário de Macunaíma, críticos dizem ser um coquetel. O
próprio Mário de Andrade teve indecisões ao classificar o livro: inicialmente o chamou de
"história", aproximando-o dos contos populares e depois de "rapsódia", o que está coerente
com a variedade de motivos populares que encerra. Isso se dá, já que não é possível dizer que
o livro segue coerência lógica de tempo, lugar, ação e personagens, o que descreve um
romance.
Macunaíma está fora do espaço e do tempo. Entre as viagens do personagem
principal temos uma revolução espacial, desprezando tempo e distância, como quando
Macunaíma percorre todo o Brasil sem nenhum indício de viagem, saindo de São Paulo, indo
ao Rio, Pernambuco, Minas Gerais sem nenhuma dificuldade, além de “contracenar” com
diversos personagens não contemporâneos entre si. Assim, Macunaíma não tem coerência de
tempo e lugar. O mesmo ocorre com a ação, a não ser pela certa coerência quando o herói luta
para reaver a sua muiraquitã perdida. Na muiraquitã (presente do seu primeiro e verdadeiro
amor, Ci) estava a salvação, a pureza, a esperança que impulsionava a busca do herói,
levando-o a aventuras e caminhos ilógicos.
Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não estão
precisamente definidos, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é
prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior,
enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra indefinido.

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Como o tempo, o lugar e a ação, as personagens que aparecem em Macunaíma não
apresentam características lógicas, principalmente o personagem principal, que é ilógico,
turbulento, confuso e desmedido, sem noção de certo e errado, encarnando o caos psicológico
de um povo com seus preconceitos, culturas, virtudes e vícios.
Macunaíma sendo o personagem principal e herói do livro é múltiplo: cada hora tem
um tipo de característica marcante, ora sendo bom, ora sendo mau, ora sendo esperto, ora
ingênuo. Isto acontece porque ele reúne em si varias figuras do nosso folclore que Mário de
Andrade soube fazer em um só personagem, além claro, de viver com as outras figuras
míticas. Ele é tão irreal que chega a se transformar em formiga, em piranha, e em branco dos
olhos azuis sem muito esforço.
"O herói é o que se chama, em Zoologia, um hipodigma. Não tem existência real. É
um tipo imaginário no qual estão contidos todos os caracteres encontrados nos indivíduos da
espécie até então conhecidos" (Cavalcanti Proença).
Uma das cenas mais importantes do livro, para se ver a representação da nação
brasileira na literatura é a parte em que Macunaíma encontra um poço encantado e banhando-
se na água dele se torna branco. Seus irmãos, que o acompanham na jornada do livro, não
conseguem tomar esse banho.
Maanape é o irmão de Macunaíma que o acompanha na sua perseguição ao
Muiraquitã. Tinha fama de feiticeiro o e quando foi se lavar na água do poço encantado "tinha
só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por
isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas." (Macunaíma) Desta forma, ele
representa o elemento negro do complexo racial brasileiro.
Jiguê é o outro irmão de Macunaíma que o ajudou a reconquistar a muiraquitã
perdida. Vendo que Macunaíma ficara branco, atirou-se também nas águas do poço
encantado: "Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém
a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco
atirando água pra todos os lados, só conseguiu ficar da cor do bronze novo.” Macunaíma
consola o irmão da seguinte forma: “– Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém
pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz" (Macunaíma). Ele representa, então, o
elemento indígena da formação racial brasileira. Nessa parte é possível, também, perceber
certa forma de preconceito pois todos querem deixar de ser negro e tornar-se branco, e o único
que consegue é Macuinaíma, sendo necessário consolar os outros.
Sofará é a cunhada de Macunaíma, "companheira de Jiguê", com quem Macunaíma
"brincou" diversas vezes, transformando-se em príncipe. Ainda pequeno, Macunaíma já

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enganava seu irmão desta forma, mostrando uma certa esperteza e dualidade de caráter desde
criança.
Iriqui é a segunda mulher de Jiguê, com quem Macunaíma também "brincou" muitas
vezes. Não tendo se arrependido, então, do que havia feito com Sofará. Depois foi dada a
Macunaíma, de presente, porque Jiguê achou que não valia a pena brigar por causa de uma
mulher. Mostrando que apesar de fazer uma coisa não muito aceitável, ele não foi castigado e
conseguiu o que queria.
Ci foi o grande e único amor de Macunaíma. Apesar da pureza desse amor,
inicialmente ela defendeu-se dele. Ci quase o matou e seus irmãos o salvaram, fazendo-a
desmaiar. Depois disso, Macunaíma tomou-a para si como companheira e passou a ser
imperador do Mato Virgem, sendo saudado por vários papagaios e araras. Com ela o herói
teve um filho que morreu. Nessa parte o autor relaciona o caso de Macunaíma com a lenda do
guaraná, já que o filho dos dois vira um pé de guaraná.
Piaimã é o gigante comedor de gente, Venceslau Pietro Pietra, que roubara a
muiraquitã de Macunaíma. De posse deste famoso amuleto vai constituir-se na principal
oposição da reconquista pelo herói. Macunaíma quase foi comido pelo gigante, mas, graças à
formiga Cambgique e ao Carrapato Zlezlegue, é salvo. Depois, para se vingar, dá uma
tremenda surra no gigante através da macumba de Exu. No final, o herói o mata e readquire o
seu talismã. O gigante Piaimã é uma das poucas personagens do livro que não vira estrela.
Talvez por representar a maldade e a oposição na conquista da Muiraquitã.
Vei é o sol ou, como quer Mário de Andrade, a sol, que tem duas filhas e quer o
herói para genro. Depois de um feitiço feito pela árvore Valomã, ele foi para uma ilha deserta
e a Vei deu carona para ele, fazendo-o prometer não “brincar” com mais nenhuma mulher, já
que se tornaria seu genro. Macunaíma quebra sua palavra, mostrando-se mau agradecido, e
brincou com a primeira que passou por ele.
Uma das grandes sátiras, em Macunaíma, é a língua portuguesa, principalmente, no
seu aspecto escrito, sendo o tema principal de um dos mais importantes capítulos do livro
"Carta pras Icamiabas". A frase que sintetiza isso seria: “Ora, sabereis que a sua riqueza de
expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra.”
Entretanto a sátira, no livro, não se reduz apenas a língua. O próprio Macunaíma é
uma caricatura do homem brasileiro, símbolo de sua amorfia e comodismo. Isso pode ser
visto em: "Cruzeiro, "feriado novo inventado pros Brasileiros descansarem".
Até as piadinhas indecorosas bem próprias do gosto brasileiro Macunaíma reúne. É o
caso daquelas "três adivinhas" que a filha da caapora Ceiuci faz a Macunaíma, tentando salvá-

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lo da gula da mãe: “– Vou dizer três adivinhas, si você descobre, te deixo fugir. O que é que
é: "É comprido roliço e perfurado, entra duro e sai mole, satisfaz o gosto da gente e não é
palavra indecente? – Ah! isso é indecência sim! – Bobo! É macarrão! – Ahn... É mesmo!
Engraçado, não? – Agora o que é o que é: Qual o lugar onde as mulheres tem cabelo mais
crespinho? – Oh, que bom! isso eu sei! é ai! – Cachorro! É na África, sabe! – Me mostra, por
favor! – Agora é a última vez. Diga o quê que é: Mano, vamos fazer/Aquilo que Deus
consente:/ Ajuntar pêlo com pêlo,/ Deixar o pelado dentro. E Macunaíma: – Ara! Também
isso quem não sabe! Mas cá pra nós que ninguém nos ouça, você é bem sem vergonha, dona!
– Descobriu. Não é dormir ajuntando os pêlos das pestanas e deixando o olho pelado dentro
que você está imaginado? Pois si você não acertasse pelo menos uma das adivinhas te
entregava pra gulosa de minha mãe. Agora fuja sem escarcéu, serei expulsa, voarei pro céu."
(Macunaíma).
É talvez um dos pontos mais interessantes do livro, onde o escritor usa fartamente o
folclore lingüístico brasileiro, numa atitude que lembra. Em Macunaíma além do vocabulário
regional de todos os pontos do Brasil, notamos o uso freqüente e intencional de frases feitas e
provérbios. O Modernismo fez uma verdadeira revolução na língua literária, dessacralizando-
a da sua feição acadêmica e clássica. Os modernistas aproximam-na do povo, incorporando a
ela os modismos brasileiros – É o português do jeito que o brasileiro fala.
O complexo racial em Macunaíma se evidencia desde o primeiro capítulo. Basta ver
que o her6i índio, nasce preto retinto: "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de
nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio
foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma
criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma."
Note-se igualmente que quem avisa que o herói é muito inteligente é o próprio Rei
Nagô, figura africana: "e numa pajelança Rei Nagô fez um discurso e avisou que o herói era
inteligente”. Mas onde esse complexo racial da nossa formação fica claro mesmo é na
passagem do poço encantado, como já dito anteriormente, em que Mário de Andrade reúne os
três tipos fundamentais da formação da raça brasileira: o índio, o negro e o branco.
A natureza apática do homem brasileiro é mostrada já na primeira frase de
Macunaíma que encarna as nossas virtudes e desvirtudes: “- Ai! que preguiça!...”
A frase é repetida por todo o livro com o herói da nossa gente sempre a pronunciá-la
nas dificuldades que encontra e que exigem um pouco de si. Segundo alguns críticos,
Macunaíma acaba se tornando duas vezes preguiçoso, já que na língua indígena Aiki significa
preguiça. Em outra parte, Macunaíma ainda diz: “- Diabo leve quem trabalha!”

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Em poucas palavras Macunaíma resumiu o subdesenvolvimento brasileiro:
"pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são" que foi repetida algumas vezes durante a
história.
Na "Carta pras Icamiabas" Macunaíma revela, não só o nosso subdesenvolvimento
como ainda condena a diferença de classes, satirizando os grandes: “Porém, senhoras minhas!
Inda tanto nos sobra, por este grandioso país, de doenças e insetos por cuidar!... Tudo vai num
descalabro sem comedimento, e estamos corroídos pelo morbo e pelos miríapodes! Em breve
seremos novamente uma colônia da Inglaterra ou da América do Norte!... Por isso e para
eterna lembrança destes Paulistas, que são a única gente útil do país, e por isso chamadas de
Locomotivas, nos demos ao trabalho de metrificarmos um dístico, em que se encerram os
segredos de tanta desgraça: POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA. OS MALES DO BRASIL
SÃO.”
A muiraquitã é um amuleto que se associa à vida primitiva de Macunaíma, antes do
contato com a civilização. Pode-se dizer que a muiraquitã se associa à idéia de pureza e
inocência. Com a perda do amuleto, Macunaíma vai-se civilizando. Porém, ao encontrar o
amuleto novamente, não se torna “puro” pois já estava muito civilizado.
O gigante Piaimã representa bem o elemento estrangeiro, civilizado e superior,
que vai dominando a pobre nação, subdesenvolvida e fraca. Somente com muita artimanha, o
herói consegue enganá-lo e vencê-lo. Na realidade de hoje, a selva amazônica, reduto
majestoso das icamiabas de Macunaíma, está à mercê do gigante Piaimã dos impérios
internacionais que rondam gulosos à procura de um "pulmão".

3. CONCLUSÃO
Macunaíma é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo brasileiro.
Macunaíma é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da
primeira fase modernista. O brasileiro é retratado como um ser preguiçoso, ganancioso,
mentiroso, mau agradecido, vingativo e traiçoeiro e ao mesmo tempo, um ser feliz que acaba
defendendo o seu país, contra o gigante comedor de gente, ou criticando as máquinas e o
dinheiro dito “curriculum vitae da civilização”, além de mostrar a miscigenação brasileira.
Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um
país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela
cabeça pequena do herói.

Referências

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JAFFE, Noemi. Macunaíma. Publifolha.
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/macunaima
http://www.vestibular.brasilescola.com/resumos-de-livros/macunaima.htm
http://docs.google.com/viewer?
a=v&q=cache:kyR4UH7CsnEJ:www.colegioenergia.com.br/arquivos_material/macunaima.p
df+http://www.colegioenergia.com.br/arquivos_material/macunaima.pdf&hl=pt-
BR&pid=bl&srcid=ADGEESiURnhy5TZPZuFa88BY4hB0QyNVNrKUUbZwL7T_GsC9oth
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X_Is-sHQwqcSGyib1W6j&sig=AHIEtbQVswp44IHS6uZYAU-C5abR6hfR4g
http://www.coladaweb.com/literatura/analise-de-obras/macunaima

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