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EXCELENTÍSIIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURAÇÁ, ESTADO DA BAHIA.

SALVADOR LOPES GONSALVES, brasileiro, solteiro,


advogado, portado da Cédula de Identidade sob o no 290977094 – SSP-CE, inscrito no
CPF/MF sob o no 043.114.005-78, domiciliado nesta Comarca, onde reside na Av. Dr.
Pedro Santos Torres, 304, por seu advogado no final assinado, constituído e qualificado
mediante mandato procuratório incluso, cujo endereço para fins que dispões o Art. 39
do CPC está abaixo impresso, com fulcro no Art. 5o, V, da Constituição da República
e com o Art. 927 do Código Civil, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência
para interpor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS

Em desfavor de ARISTOTELES DE OLIVEIRA LOUREIRO, brasileiro,


casado, Prefeito do Município de Curaçá, eleito para a Gestão 2005/2008, com endereço
para notificações na Praça Bom Jesus, s/n, Centro, Curaçá/BA, pelos motivos que passa
a expor para ao final requerer:

1. DOS FATOS

No dia 21 de agosto de 2004, no horário compreendido entre as 20h e 22h, em comício


realizado pelo Representado na Praça do Viveiros, na Sede do Município de Curaçá, na
qualidade de candidato a prefeito daquela municipalidade, conforme fita de áudio
anexa, cujo texto é parte integrante desta peça, o Requerido veiculou propaganda
política em desconformidade com a Lei 9.504/97, infringindo as normas constitucionais
que garantem o direito à proteção à honra e à dignidade, pois que denegriu a imagem do
Demandante, mediante a veiculação de ofensas, injúrias e difamação, ultrajando os
dispositivos legais à espécie aplicados, bem assim em detrimento da moral e dos bons
costumes e da lei de proteção a dignidade humana, com a intenção pura e simples de
macular a honra do Demandante e criar estados mentais negativos na sociedade como
homem público e cidadão responsável.

Veja-se, conforme faz prova a fita cassete em anexo, os trechos onde se confere
as afirmações e conceitos caluniosos, difamatórios e sabidamente inverídicos (em
discurso cuja duração girou em torno de 30 minutos):

Aristóteles Loureiro: “... Mas eu digo ao povo de Riacho Seco porque o


Deputado Luiz Carreira disse: foi liberado seiscentos mil e não chegou em Riacho
Seco. Na viagem de Itamotinga conversei com o governador a respeito de Riacho Seco
e ele disse: Tote, o Governo Federal já mandou recursos para Riacho Seco. Ninguém
sabe o que foi que aconteceu !?!” (grifos e destaques nossos)
Como se vê, em todo o discurso o candidato Aristóteles tenta denegrir a imagem
e a honra do Demandante.

O Requerido divulgou afirmações caluniosas e sabidamente inverídicas, que


extrapolaram o direito de crítica, de forma a degradar e ridicularizar o Demandante,
ofendendo-lhe a dignidade e a honra.

Ao veicular que o governo federal mandou para Riacho Seco (Distrito do


Município de Curaçá) e “Ninguém sabe o que foi que aconteceu !?!”, emite afirmação
inverídica, pois dá a entender que o então Prefeito-ora Demandante, recebeu o dinheiro
e não o aplicou, desviou ou lesou o erário, implicando, aí, em acusação de vários crimes
administrativos.

Vale esclarecer que o Poder Executivo Municipal de Curaçá no ano de 2004,


tendo o Demandante como Gestor, não recebeu o envio da citada verba para socorrer a
calamidade pública gerada em Riacho Seco em razão das fortes chuvas. Por outro lado,
deveria o Requerido saber que não houve nenhum repasse a referido título, vez que o
Governo Federal faz publicação de todos esses repasses, seja pela Internet ou mesmo
por pelo Diário Oficial.

A afirmação do Requerido é totalmente inverídica, mentirosa, e pretendia criar


estado mental e emocional negativo em relação à aplicação do dinheiro público,
administrado pelo Demandante entre 1997 e 2004. Ao inserir tal afirmação em seu ato
de propaganda política, o Requerido emitiu afirmação inverídica, passível de pronta e
justa indenização.

As calúnias e difamações veiculadas no referido comício tinham o claro fito de


macular a honra do Demandante.

Da leitura do texto ora transcrito, dúvidas não restam de tratar-se aqui de


propaganda eleitoral que afronta a tolerância no que diz respeito ao direito de
propaganda estipulada no art. 9o da Resolução no 21.610 do TSE.

Situação esta que constrangeu moralmente o Demandante perante seus eleitores,


admiradores, amigos, correligionários, e porque não dizer familiares, de cujos filhos se
orgulham (ou se orgulhavam) do homem probo que é seu pai, uma vez que sempre
manteve a honestidade, a hombridade e o justo como os basilares do caráter humano. À
frente da Administração de Curaçá recebeu vários títulos honoríficos, sendo que os
mesmos ruinaram ruíram em razão da ilicitude praticada pelo Réu. Também, tal fato se
constituiu em uma mácula para a sua atividade pessoal e profissional de advogado, onde
a imagem e o bom nome são requisitos indispensáveis.
Conforme se percebe, Culto Julgador, o constrangimento experimentado pelo
Autor foi causado, única e exclusivamente, pela irresponsabilidade do Réu, que não
usou da verdade para noticiar fatos de interesse da população, o que permitiu que o
postulante, que tinha obrigação de prestar contars aos administrados, sofresse
incomensurável abalo moral, afetando o seu nome, a sua honra e a sua credibilidade
perante à a comunidade que lhe confiou àa Gestão Municipal por duas vezes
(1997/2000 e 2001/2004).
Inclusive, Doutor Julgador, para aclará-lo, segue treco de sermão
proferido pelo venerando Padre Antonio Vieira acerca da honra, o qual tem o condão
de demonstrar a sua importância capital e a necessidade extrema de sua reparação,
questão esta que ocupa a humanidade desde sempre, em todo o curso de nossa história,
pois apenas aquele que não tem ele próprio honradez deixa de se importar com a honra
alheia:

“É um bem imortal. A vida, por larga que seja, tem os dias contados; a fama, por
mais que conte anos e séculos, nunca lhe há de achar conto, nem fim, porque os seus
são eternos. A vida conserva-se em um só corpo, que é o próprio, o qual, por mais forte
e robusto que seja, por fim se há de resolver em poucas cinzas. A fama vive nas almas,
nos olhos, na boca de todos, lembradas na memória, falada nas línguas, escritas nos
anais, esculpidas nos mármores e repetida sonoramente sempre nos ecos e trombetas da
mesma fama. Em suma, a morte mata, ou apressa o fim do que necessariamente há de
morrer; a infâmia afronta, afeia, escurece e faz abominável a um ser imortal; menos
cruel e mais piedosa se o puder matar.”

2. DO DIREITO

É direito do Autor, por tudo que padeceu, a indenização do dano. O direito antes
assegurado apenas em leis especiais e, para alguns, no próprio Art. 927 do Código
Civil, hoje é estabelecido em sede constitucional, haja vista o que prescrevem os incisos
V e X, do Art. 5o da Lei Fundamental de 1988:

“é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;” e “são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Como se pode inferir, Nobre Julgador(a), não há dúvidas quanto à


ocorrência de danos morais ao Autor, uma vez que este experimentou um
constrangimento indevido e desnecessário, dano este decorrente de ato ilícito do
Requerido.

A jurisprudência dos nossos Tribunais, também é cediça quanto à obrigação


indenizatória, vejamos:

“Não é o dinheiro, nem a coisa comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o


espanto, a emoção, a vergonha, a injúria física ou moral, em geral uma dolorosa
sensação experimentada pela pessoa, atribuído à palavra dor o mais largo significado.”
(TARS, Ap. 194.057.345 – 1a C.v.u., - J. 3.5.94 – Rel. Juiz Heitor Assis Remonti – RT
707/150)

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há como ser provado.
Ele existe tão-somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo o bastante para justificar a
indenização” (TJPR – 4ª C. – Ap. – Rel. Wilson Reback – j. 12.12.90 – RT 681/163).”
O homem moderno vale mais pelo ser do que pelo ter; importa sua aura pessoal
e não a sua riqueza material. Formar ou manter uma identidade respeitável é muito mais
difícil do que comprar uma fazenda repleta de gado de ótima linhagem. De nada
adiantou a fortuna de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, contra a
maledicência popular e política que levou o Imperador a desconfiar da pureza de seu
ideal nacionalista ( Mauá – Empresário do Império, de Jorge Caldeira, Companhia das
Letras).

A Constituição federal de 1988 provocou uma modificação estrutural na


reparação do dano moral ao consagrar a dignidade humana como um dos princípios
fundamentais do Estado Democrático de Direito.

A ofensa ao direito individual à intimidade, honra, dentre outros, como corolário


do princípio da dignidade humana, constitui lesão a direito personalíssimo, autorizando,
assim, a compensação indenizatória.

Os direitos constitucionais devem sempre ser interpretados como uma


disposição única, dentro da vontade unitária da Constituição Federal, a fim de evitar
contradições, antagonismos e antinomias.

A liberdade de informação não é tratada pela Constituição Federal como um


direito limitado, sendo balizada principalmente pelo princípio da convivência das
liberdades alheias, sendo que a intervenção do judiciário para evitar ofensa às liberdades
individuais não pode ser encarada como uma censura prévia.

A Constituição Federal não fixou qualquer teto para a compensação financeira


decorrente do dano moral, derrogando assim normas infraconstitucionais que fixavam
“quantum” para a reparação. O magistrado, contudo, deve fixar o valor atento aos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

Contudo, dúvidas não restam de que hodiernamente não mais se discute se é o


dano moral indenizável ou não, uma vez que incontroverso ficou o posicionamento no
sentido de que a parte responsável pelo prejuízo moral é obrigada a repara a outra pelo
seu ato.

3. DO DANO MORAL E SUA REPARABILIDADE

Relativamente à forma de fixação dos danos morais, já se encontra pacificado na


jurisprudência que a técnica a ser adotada é a do quantum fixo (quando da prolação da
sentença), não podendo a importância ser fixada em valor irrisório, sob pena de se
premiar a conduta abusiva do causador do dano. A fixação dos danos deverá produzir,
no causador do mal, impacto suficiente para dissuadi-lo de ulterior e similar ilícito.

O conceito jurídico de bem é o mais amplo possível e encontra-se em constante


evolução. A noção compreende, como é sabido, as coisas materiais e as coisas
imateriais. Assim, Agostinho Alvim, em obra clássica no direito brasileiro, dizia que não
são bens jurídicos apenas “os haveres, o patrimônio, mas a honra, a saúde, a vida,
bens esses aos quais os povos civilizados dispensam proteção.” (“Da inexecução das
Obrigações e suas Conseqüências” 4a ed., São Paulo, Saraiva, 1972. p.155). Wilson
Melo da Silva, Professor. Da Fac. De Direito da UFMG, a invocar Von Ihering, ensina
que a pessoa “tanto pode ser lesada no que tem como no que é”, definindo nessa
frase lapidar tanto o dano material, como o dano moral, pois, segundo complementa,
ninguém pode contestar “que se tenha um direito a sentimentos afetivos, a ninguém
se recusa o direito à vida, à honra, à dignidade, a tudo isso, enfim que, sem possuir
valor de troca da economia política, nem por isso deixa de constituir em bem
valioso para a humanidade inteira. São direitos que decorrem da própria
personalidade humana”. (“O Dano Moral e sua reparação”, 3a ed., Rio, Forense,
pág.235).

Os danos aos bens imateriais, ou seja, os danos morais, na definição de outro


renomeado civilista e Juiz do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de Estado de São
Paulo, o Professos Carlos Roberto Bittar, são “lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou
jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade. Em razão de investidas injustas
de outrem. São aquelas que atingem a moralidade e a efetividade da pessoa,
causando-lhe constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações
negativas”. (Reparação Civil por Danos Morais”, artigo publicado na Revista do
Advogado/ AASP. No 44, 1997, p.24).

Foi exatamente esse bem jurídico imaterial, composto de sentimento, de caráter,


de dignidade e de honradez, que veio a ser injustamente agravado e ofendido pelo Réu,
que foi imprudente em sua crítica, fazendo acusações de má-fé, propalando
informações de recepções de dinheiro público que não existiu, fazendo com que a honra
do Autor fosse maculada perante a população de Curaçá e de outras cidades da região,
fato este que teve ampla repercussão – dado ao momento político eleitoral – e que feriu
a imagem individual do Autor de homem probo que é.

Sobre a violação desses bens que ornam a personalidade do Autor desnecessária


é qualquer prova da repercussão do gravame. Basta o ato em si. É caso de presunção
absoluta, como registra Carlos Alberto Bittar, em voto proferido no julgamento da
Ap.nº 551,620 –1 Santos (acórdão publicado no Boletim AASP nº 1935, de 24 a
30.01.96, p.30), do qual se reproduz este trecho:

´´Com efeito, nessa temática é pacífica a diretriz de que os danos derivam do


próprio fato da violação ´damun in ipsa´(RT 659/78, 648/72, 534/92, dentre outras
decisões). Não se pode, pois, falar em prova, consoante, aliás, decidiu, entre nós, o
próprio Supremo Tribunal Federal (RT 562/82; acórdão em RE nº 99.501 – 3 e 95.872-
0): É que se atingem direitos personalíssimos, mostrando-se detectáveis à luz da própria
experiência da vida os danos em tela. Trata-se, aliás, de presunção absoluta,...´´

Ínclito Julgador(a), é bem sabido que, no aspecto do dano, também consoante a


jurisprudência, sequer há a necessidade da prova do ato lesivo:

´´O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há como ser
provado. Ele existe tão somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo bastante para
justificar a indenização. (TJPR – 4 Câm. – Ap. Rel. Wilson Reback – j. 12.12.90 – RT
681/163)´´

Provados devem ser e estão sobejamente comprovados, por confissão e


documentos juntados, os atos praticados pelo Réu, que ilegalmente, divulgou
iformações desabonadoras a respeito do Autor, que chegou ao conhecimento de
terceiros em circunstâncias de profundo constrangimento para ele, pois foi na época em
que o seu comportamento como homem público estava sendo amplamente avaliado.

Está presente nesta ação o legítimo interesse do Autor, vez que para se propor
uma ação faz-se necessário o legítimo interesse econômico ou moral. E o interesse
moral só autoriza a ação, quando toque diretamente ao autor ou à sua família. Ao tratar
dos atos ilícitos como geradores de obrigações, o art. 927 do CC fixa a obrigação de
reparar o dano por aquele que, em razão de ação ou omissão voluntária, negligência,
ou imprudência, viola direito, ou causa prejuízo a outrem;

Por oportuno, CLÓVIS BEVILÁQUA, comentando o disposto no art. 76 do


antigo CC – Lei 3.071/1916, onde falava sobre o interesse, nos dá com sua costumeira
clareza, uma bela lição: ´´ Se o interesse moral justifica a ação para defende-lo ou
restaura-lo, é claro que tal interesse é indenizável, ainda que o bem moral se não
exprima em dinheiro. É por necessidade dos nossos meios humanos, sempre
insuficientes, e, não raro, grosseiros, que o dinheiro se vê forçado a aceitar que se
computem em dinheiro o interesse de afeição e os outros interesses morais.´´

Como frisou o mestre CLAYTON REIS: ´´ PORTANTO,


RECONHEÇAMOS QUE TODAS AS OFENSAS CONTRA A VIDA E
INTEGRIDADE PESSOAL, CONTRA O BOM NOME E REPUTAÇÃO,
CONTRA A LIBERDADE NO EXERCÍCIO DAS FACULDADES FÍSICAS E
INTELECTUAIS, PODEM CAUSAR UM FORTE DANO MORAL À PESSOA
OFENDIDA E AOS PARENTES, POR ISSO MESMO ESTES TÊM O DIREITO
DE EXIGIR INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA QUE TERÁ FUNÇÃO
SATISFATÓRIA´´ (O DANO MORAL E SUA REPARAÇÃO, Forense, 1983, p.331).

A ausência de prejuízo material, nesses casos, não constitui exceção, sabido que
o dano se reflete muito mais uma situação de dor moral do que física, tornando,
realmente, difícil o arbitramento de indenização, vez que a moral, a honra, a dignidade
não podem ter um preço correspondente à mera avaliação material. E, muitas vezes, a
reparação maior do dano moral não se reflete no preço indenizatório.

E , por isso, não se encontra disposição legal expressa que possa estabelecer
parâmetros ou dados específicos para o arbitramento, pois, sobretudo, nesses casos, não
se pode deixar de considerar a situação econômica, financeira, cultural e social das
partes envolvidas.

De igual forma, abordando situações similares ao caso destes autos, de se


observar as seguintes decisões:
´´Assim, tal paga em dinheiro deve representar para a vítima uma satisfação,
igualmente moral ou, que seja, psicológica, capaz de neutralizar ou ´anestesiar´em
alguma parte o sofrimento impingido... A eficácia da contrapartida pecuniária está na
aptidão, para proporcionar a tal satisfação em justa medida, de modo que tampouco
signifique um enriquecimento sem causa da vítima, mas está também em produzir no
causador do mal, impacto bastante para dissuadi-lo de igual e novo atentado. Trata-se,
então de uma estimação prudencial.´´ (Apelação nº 113.190-1, Relator Desembargador
Walter Moraes).

Outrossim, é de se salientar que, in casu, a responsabilidade do Réu é objetiva,


independendo da demonstração de culpa, não havendo lugar para faturas evasivas por
parte Requerida.

Razão pela qual, restam caracterizados o dano moral experimentado pelo Autor
e a responsabilidade indenizatória do Réu pela veiculação de informações irreais,
inverídicas e irresponsáveis, causando sério constrangimento e embaraço à postulante,
que foi injustamente atingido em sua honra subjetiva e objetiva, posto que o descrédito
quanto à honestidade no trato com dinheiro público, constitui-se em pesada ofensa à
honra, sujeitando o demandante a uma situação extremamente desconfortável e
vergonhosa.

4. DA LIQUIDAÇÃO DO DANO MORAL

O código Civil Brasileiro aponta algumas soluções para a liquidação das


obrigações resultantes dos atos ilícitos. É a matéria tratada no Livro I, Título IX,
Capítulo II, de cujos dispositivos interessa-nos os arts. 944 e 953. O segundo estabelece
que a indenização por injúria, calúnia e difamação (crimes contra a honra) “ consistirá
na reparação do dano que deles resulte ao ofendido”. Como é difícil a quantificação
esse dano, o parágrafo único do mesmo artigo ordena:

“Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do
caso.”

Usando como ANALOGIA o parágrafo único do art.1547 c/c 1550 do antigo


Código Civil – Lei 3.071/1996 – “ Se este não puder provar o prejuízo material,
pagar-lhe-á o ofensor o dobro da multa no grau máximo da pena criminal
respectiva”, poderemos chegar ao quantum máximo abaixo descrito.

Esta alternativa, juridicamente correta, vem sendo indicada pela doutrina,


segundo se pode constatar da leitura da conclusão do parecer do Prof. João Casito da
PUC de São Paulo, que, após sublinhar que, em se cuidando de dano exclusivamente
moral, a regra basilar está no parágrafo acima transcrito, assevera:

“Partindo-se desta indicação, deve-se ir à legislação penal sobre a matéria, hoje


regulada de acordo com a redação que a Lei 7.209/84 deu à Parte Geral do Código
Penal. Levando-se em conta os fatos analisados e a redação dos arts. 49 e ss., não se tem
dificuldade, mediante um simples cálculo aritmético, de chegar ao valor pedido na
inicial, os seja, 3.600 salários mínimos, cujo valor em cruzeiros será apurado na data do
efetivo pagamento, multiplicando este número pelo valor do salário mínimo da data do
efetivo pagamento.

Aliás, diante dos fatos constantes dos autos e da indicação direta da lei para fixação do
quantum indenizatório, desnecessárias novas provas, sendo até o caso de julgamento
antecipado da lide ( art. 330, I, do CPC).

O que se poderia cogitar, e aqui é feito para que a resposta seja a mais integral possível,
é se não seria também a hipótese de ultrapassar-se os 3.600 salários mínimos diante do
disposto no Parágrafo 1º do art.60 do CP.

Levando-se em consideração o patrimônio do réu apontado na petição inicial e o seu


grau de conhecimento das leis, levando-se em consideração a posição altamente
relevante do ofendido, o espraiamento das ofensas a seus familiares, amigos em função
de até triplicar o valor pedido, em tese seria de se admitir a hipótese, ...” (RT –
634/236).

No mesmo sentido, o magistério do mestre das Arcadas, Prof. José Fredirico


Marques, que, em parecer sobre o tema, depois de destacar que em face à doutrina, à
jurisprudência e à lei, o dano moral é também indenizável, lembra que a quantificação
do dano está prevista em lei (art.1547 do antigo CC), e conclui:

“No sistema vigente, a determinação do quantum debeatur será o dobro da multa


no grau máximo, - cumprirá ao Réu pagar 720 (setecentos e vinte) dias-multa. E cada
dia-multa, no caso, será o dobro de 5(cinco) vezes o maior salário mínimo mensal
vigente ao tempo do fato, isto é, 10(dez) vezes esse salário. Assim sendo, o pagamento
se fixará em 7.200(sete mil e duzentos)salários mínimos, ou seja, 720(setecentos e
vinte) dia-multa multiplicado por 10(dez) salários mínimos. Mas o art. 60, parágrafo 1o ,
do Código Penal, estatui que a multa pode ser aumentada até o triplo, de o Juiz
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no
máximo. Tal preceito, deve, também, ser levado em consideração, tal seja o
entendimento do Juiz que vai decidir a lide”. (“Pareceres”), publicado pela Associação
dos Advogados de São Paulo – AASP, 1993, pp.84/85).

Portanto, a multa penal, que hoje, está regulado nos arts. 49 e 60 do Código
Penal é no máximo de 38 dias/multa, calculado cada dia-multa no máximo em cinco
salários mínimos. Feitos os cálculos (360 X 5 SM X 2), sendo salário mínimo (SM) à
época fixado em R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), a indenização poderá importar
em até R$ 936.000,00 ( novecentos e trinta e seis mil reais), pelo menos segundo
precedente do STJ.

Sem nenhuma dúvida, o Autor foi ofendido em sua honra e é certo que sua este
bem não tem preço, mas o direito lhe assegura um ressarcimento justo, na conformidade
do previsto no ordenamento jurídico pátrio. E no caso, como apreendido na lição de
José Frederico Marques, a indenização normal, em seu grau Maximo ( 360 dias em
dobro e duas vezes cinco salários mínimos o valor dia-multa), se apurará pela
multiplicação de 7.200 ( sete mil e duzentos) dias-multa por R$ 1.300,00 (hum mil e
trezentos reais) – valor correspondente a cinco salários mínimos, sendo possível, ainda,
triplificação desses fatores, em consonância com o disposto no art. 60, parágrafo único,
do Código Penal.

O novo Código Civil – Lei 10.406/2002, prevê que “Se o ofendido não puder
provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.” Aqui não há limites para
a indenização, segundo observa o magistrado paulista, Dr. Cláudio Antônio Soares
Levada, em excelente monografia intitulada “ Liquidação de Danos Morais” (São Paulo,
Copola Editora). São dele estes comentários:

“Perfunctoriamente, já se há de notar que não há limites legais previstos,


ficando a aferição do montante devido, assim, ao arbítrio do julgador em cada caso
concreto, pesadas as circunstâncias e conseqüências do agravo moral” (pág. 29)

A norma privada confere, pois, ao julgador o poder de, sopesadas as


circunstâncias, a dor sofrida pela vítima, a vergonha passada, a sua condição pessoa, a
repercussão do dano, com o seu nome achincalhado quanto à sua probidade, tudo isso,
arbitrar o valor da indenização, que, obviamente, na espécie, não poderá ser inferior ao
máximo estabelecido pela lei penal, na falta de parâmetros fincados na lei civil e sem
teto na quantificação em vista da faculdade que o novo Código Civil confere ao
julgador para o arbitramento judicial.

O dever de reparação do DANO MORAL à pessoa lesada está também


expressamente prevista no Código de Defesa do Consumidor. (art. 6o – incisos VI, VII;
art. 14; art. 22, parágrafo único, etc.). Sua QUANTIFICAÇÃO, contudo, ali não se
encontra claramente disposta, de maneira a exigir – na sua necessária aplicação – a
INTEGRAÇÃO SISTEMANTICA DA NORMA.

O Autor poderia até buscar no próprio CDC os parâmetros objetivos, de


quantificação da reparação do Dano Moral. Afinal, referido Codex, tratando da
MULTA, como 01 (uma) das 12 (doze) SANÇÕES ADMINISTRATIVAS (que – em
tese – devem ser inferiores às sanções judiciais) dispõe, in verbis:

“Art. 56 – As infrações das normas de defesa do CONSUMIDOR ficam sujeitas,


conforme o caso, às seguintes sanções ADMINISTRATIVAS, sem prejuízo das de
natureza civil, penal e das definidas em normas especificas:

I – multa;

...

XII- ...
Parágrafo único – A MULTA será em montante não inferior a duzentas e não superior a
TRÊS MILHÕES de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência ( UFIR), ou índice
equivalente que venha substituí-lo.”

O outro limite estabelecido em lei a ser tratado em decorrência de processo


extensivo da aplicação de direito, faz com que o promovente possa apresentar o seu
pedido com base em dispositivo do “mesmo repositório legal” (art. 56 e seu parágrafo
único, do CDC). E teria, desta forma, procedido com judicioso critério, recomendado,
inclusive – com autoridade – que o processo sistemático...

“ consiste em COMPARAR o dispositivo sujeito à exegese, com outros do


MESMO REPOSITÓRIO ou de LEI DIVERSAS, mas referentes ao mesmo
objeto” (Hermenêutica e Aplicação do Direito – Forense – Rio de Janeiro – 14o Edição
– pág. 128) ( sem grifos ou destaques, no original)

Assim, usando o segundo critério hermenêutico, recomendado pelo inesquecível


CALOS MAXIMILIANO (supra transcrito), o Autor poderia – perfeitamente – instruir
seu pedido de indenização de DANOS MORAIS até no montante de 3.000.000 ( três
milhões) de UFIR. Sabendo-se que a UFIR vale R$ 1,0641 é fácil calcular:
3.000.000 X R$ 1,0641 = R$ 3.192.300,00

Logo, ao preferir o Autor, nestes autos, como reparação de DANOS MORAIS,


o valor correspondente a R$ 600.000,00 ( relativo a 1/6 – um sexto) do limite máximo
permitido (que é de R$ 3.192.300,00) demonstra bem que o Autor não quer
locupletar-se da consumada ILICITUDE do Réu. Deseja, apenas, alcançar
JUSTIÇA, através do estrito cumprimento dos Direitos Fundamentais insertos na
CONSTITUIÇÃO FEDERAL e da REPARAÇÃO AO DIREITO À HONRA, que
agasalha o quanto aqui pleiteado.

5. DO PEDIDO

Ante o exposto e considerando o caráter da reparação, e para que esta venha a


atingir os seus fins, e levando ainda em consideração a função estatal de
restabelecimento do equilíbrio do meio social, abalado pela repercussão do evento
danoso, requer o Autor a condenação do Requerido, pelos danos morais em um valor
arbitrado de modo que a indenização seja fixada num quantum que sirva de aviso ao
Réu e à sociedade, como um todo, de que o nosso direito não tolera aquela conduta
danosa impunemente, devendo a condenação atingir efetivamente, de modo muito
significativo, o patrimônio do causador do dano, para que assim o Estado possa
demonstrar que o Direito existe para ser cumprido.

Demonstrado – à sociedade – a excelência do direito em que esta solidamente


amparado, o Autor vem – perante Vossa Excelência, REQUERER:
I- Seja determinada a citação do Réu, no endereço acima informado, para
contestar, querendo – os termos da presente ação, sob as penas da lei;
II- Seja julgada procedente a presente AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS
MORAIS, em sua totalidade, condenando o Réu a pagar- em dinheiro- ao Autor os
danos morais, injustamente sofridos, num quantum correspondente a R$ 600.000,00
(seiscentos mil reais);
III- Não sendo este o entendimento, que seja condenado a pagar uma indenização
justa, no valor a ser apurado, à critério de Vossa Excelência, levando em consideração
os prâmetros previstos na legislação e demonstrados pelo Autor e, ainda, a posição
social (atual Prefeito do Município de Curaçá) e financeira do responsável pela ofensa,
bem assim a posição do Requerente – que foi Prefeito do Município de Curaçá por duas
gestões seguidas (1997/2000 e 2001/2004), formando-se título executivo judicial em
favor do Autor, de modo a concretizar-se sua pretensão aqui exposta.
IV- Seja aplicado sobre o valor da indenização arbitrado os juros compensatórios
de 12% a.a (doze por cento ao ano), calculados compostamente, a partir do ATO
LESIVO, de acordo com precedente sumular do STJ, bem assim a devida correção
monetária;
V- Seja o Réu condenado no ressarcimento das custas e honorários advocatício à
base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação;
VI- Efetuar a oitiva de testemunhas a serem ouvidas opportuno tempore.

Requer, finalmente, que seja esta ação JULGADA, em sua totalidade, PROCEDENTE,
com a condenação do Réu, na forma supra explicitada, não sendo este o entendimento,
que seja condenado a pagar uma indenização justa, no valor a ser apurado, à critério de
Vossa Excelência; levando em consideração os parâmetros previstos na legislação e
demonstrados pelo Autor e, ainda, a posição social (atual prefeito de Curaçá) e
financeira do responsável pela ofensa, bem assim a posição social do Requerido –
recentemente prefeito do Município de Curaçá por duas gestões seguidas(1997/200 e
2001/2004) – formando-se título executivo judicial em favor do Autor de modo a
concretizar-se sua pretensão aqui exposta.

Inclusive, Doutor Julgador, para aclara-lo, segue treco de sermão


proferido pelo venerando Padre Antonio Vieira acerca da honra, o qual tem o condão
de demonstrar a sua importância capital e a necessidade extrema de sua reparação,
questão esta que ocupa a humanidade desde sempre, em todo o curso de nossa história,
pois apenas aquele que não tem ele próprio honradez deixa de se importar com a honra
alheia:

“É um bem imortal. A vida, por larga que seja, tem os dias contados; a fama, por
mais que conte anos e séculos, nunca lhe há de achar conto, nem fim, porque os seus
são eternos. A vida conserva-se em um só corpo, que é o próprio, o qual, por mais forte
e robusto que seja, por fim se há de resolver em poucas cinzas. A fama vive nas almas,
nos olhos, na boca de todos, lembradas na memória, falada nas línguas, escritas nos
anais, esculpidas nos mármores e repetida sonoramente sempre nos ecos e trombetas da
mesma fama. Em suma, a morte mata, ou apressa o fim do que necessariamente há de
morrer; a infâmia afronta, afeia, escurece e faz abominável a um ser imortal; menos
cruel e mais piedosa se o puder matar.”
6. DAS PROVAS

Protesta, pela produção de todos os meios de provas em direito


admitidos, pretendendo-se provar o alegado especialmente por documentos e
testemunhas.

7.DO VALOR DA CAUSA

Em virtude ser o pedido dependente de arbitramento pelo juiz, hora se


atribui o valor da causa de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) para efeitos meramente
fiscais.

Nestes Termos, pede e espera merecer,

DEFERIMENTO.

Curaçá/BA, 13 de agosto de 2007

Bel. WELLINGTON CORDEIRO LIMA


OAB/PE 14.883

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