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Tecnologias e novas educações

Tecnologias e novas educações*

Nelson Pretto
Cláudio da Costa Pinto**
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação

O momento histórico contemporâneo é especial, temporâneo. Mais do que nunca, questões éticas, po-
porque vivemos uma era de profundas transformações líticas e sociais tornam-se presentes, necessitando
em todas as áreas do conhecimento, da cultura e da outros enfoques de análise.
vida social. Os ataques terroristas às torres gêmeas Desde a metade do século passado, as teorias
nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, fo- vigentes vêm sendo postas em questão e a ciência
ram marcantes em todo o planeta, e introduziram um vive um momento de grande ebulição, experimen-
divisor de águas nas discussões sobre o mundo con- tando um movimento de transformação, na busca de
novos paradigmas (será que ainda podemos falar em
paradigmas?) que possibilitem explicar os fenôme-
* Este texto foi construído como parte da pesquisa que o
nos naturais e sociais de maneira mais ampla. As for-
Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias vem
mas de organização da sociedade também foram
desenvolvendo ao longo dos anos e, especificamente, como parte
mudando. Desde o êxodo dos judeus do Egito, em-
da pesquisa “Políticas públicas brasileiras em educação e tecnolo-
preitadas, empresas, guerras e a maioria das ativida-
gia da informação e comunicação”, apoiada pelo Conselho Na-
des humanas vêm sendo organizadas do modo hie-
cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Es-
rárquico, vertical e de comando, geralmente
pecial agradecimento a Mary Arapiraca, pelas preciosas contri-
representadas pelo organograma (Chiavenatto, 1999).
buições para a versão final.
Os princípios desse modelo, que aqui chamaremos
** Este artigo, concluído recentemente, começou a ser pro-
de organização vertical de comando, estão impreg-
duzido em parceria com Cláudio da Costa Pinto, doutorando da
nados na sociedade: as mães apelam para os pais
Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal da
(“– Quando o seu pai chegar...”); os vizinhos em lití-
Bahia (UFBA), que nos deixou, com saudades. Tínhamos o hábito
gio, para o síndico; os motoristas, para os guardas, e
de trocar idéias, textos e imagens pela Internet, com a intenção de
assim por diante, envolvendo-se sempre uma instân-
produzir artigos. Conclui o texto, infelizmente sem ele.
cia mediadora superior.

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Os processos decorrentes da chamada globaliza- do, implicando, claro está, que, para a sua viabilização,
ção estimularam o desenvolvimento de uma forma precisamos considerar a democratização do acesso à
alternativa de organização, caracterizada pela distri- Internet como peça-chave para que a população pos-
buição (do planejamento, da produção, das vendas) sa ter a possibilidade de organizar-se de modo hori-
com uma pseudo-horizontalização de parte significa- zontal. Nesse sentido, são de fundamental importân-
tiva do processo decisório. Agora não localizamos cia políticas públicas que garantam esse acesso,
facilmente uma pessoa no topo do organograma. Pas- entendendo-o como urgente, o que implica pensar-
samos a referirmo-nos às empresas multinacionais, mos em soluções coletivas e públicas, e não apenas
ao sistema financeiro – que passou a ser internacio- no acesso individualizado nas residências.
nal –, ao comércio, aos serviços, sempre numa pers- Os dados sobre a penetração da Internet no Bra-
pectiva planetária, e a própria produção de conheci- sil e no mundo são suficientemente divulgados para
mento parece estar seguindo esse modelo que que gastemos tempo e espaço reproduzindo-os. Mes-
poderíamos denominar de organização horizontal em mo assim, alguns merecem ser analisados. Por um
rede. Um dos exemplos mais lembrados na nossa his- lado, percebe-se um crescimento acelerado no núme-
tória recente sobre esse modo de organização veio do ro de internautas e, mesmo sabendo que em 2001 o
Departamento de Defesa dos Estados Unidos, duran- Brasil possuía apenas 23 milhões de conectados (me-
te a guerra fria, que, ao solicitar à Advanced Research nos de 19% da população), pode-se perceber um au-
Projects Agency (ARPA) uma rede de computadores mento de conexão daqueles que estão nas classes so-
capaz de continuar funcionando na ausência de um cioeconomicamente menos favorecidas (C, D e E),
nó ou quebra de uma conexão, deu origem, em 1969, conforme dados de pesquisa realizada pelo Datafolha
à rede Internet (ISOC, 2000), que se constitui na cha- em parceria com a Folha Online e com o iBest.1 Des-
mada rede das redes. Há muitos exageros sobre a im- se total, segundo a pesquisa, 9,5 milhões conectavam-
portância e o poderio da Internet, mas vale salientar se de suas casas, 8,3 milhões acessavam a web a par-
que ela é posterior à invenção da organização social tir do trabalho, outros 9,5 milhões acessavam a rede
em redes, que, essencialmente, não depende dos apa- na casa de parentes, e 3,5 milhões ficavam on-line
ratos telemáticos para se constituir, uma vez que se nas escolas ou universidades.
organiza através de outros códigos, como é o caso do No entanto, apesar desses dados indicarem um
tráfico nos morros do Rio de Janeiro e de muitos ou- crescimento do acesso e, principalmente, um aumento
tros exemplos (Castells, 1999). da presença dessas classes na Internet, ainda percebe-
No entanto, as redes de computador podem ofe- mos a manutenção de uma lógica que privilegia aque-
recer suporte propício para que essa organização ho- loutros sempre favorecidos pelo sistema econômico.
rizontal funcione de forma mais ampla envolvendo Na distribuição por regiões, o que se observa da pes-
recursos distribuídos em regiões muito extensas, como quisa é que o Sul do país é a região que mais acessa a
a totalidade do planeta, e um grande número de pes- rede, com 24% de pessoas on-line, seguido do Sudeste
soas, a exemplo dos projetos Genoma e GNU, este
último buscando o desenvolvimento de sistemas em
softwares não-proprietários. 1
Segundo o Datafolha, a pesquisa foi realizada nos dias
Quando a Internet alastrou-se no mundo como 23, 24 e 27 de agosto de 2001. Foram ouvidas 11.201 pessoas,
um ambiente de comunicação confiável, ponto a pon- com mais de 14 anos, de 137 municípios do país. A margem de
to, bilateral e acessível até mesmo para indivíduos, a erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou
partir das suas residências, estabeleceu-se um ambien- para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Dispo-
te global muito mais favorável às organizações em nível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/2001-
rede do que para as organizações verticais de coman- ibrands-pesquisa.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2003.

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(23%), Norte e Centro-Oeste (17%) e, finalmente, do forma centralizada e distribuídos país afora. Essa con-
Nordeste, com 10% (Folha de S.Paulo, 2001). centração possibilita o estabelecimento de uma
A ampliação do acesso às classes C, D e E é atri- pseudoligação entre as pessoas de todo o mundo, atin-
buída muitas vezes à implantação de telecentros e gindo praticamente toda a extensão do território bra-
infocentros, além da conexão de escolas públicas à sileiro, já que todos, na mesma hora, são receptores
rede. Nesse caso, os números indicam 35% das esco- das mesmas imagens e informações.
las do ensino médio e 6,7% do ensino fundamental já Mesmo sendo apenas receptor, o cidadão comum
conectadas. Parece um quadro animador se não esti- vive a sensação de estar integrado a todo o planeta,
véssemos falando em médias, porque, no fundo, ain- tão-somente porque sabe o que está acontecendo lon-
da vemos uma forte tendência à exclusão – agora, à ge de seu próprio contexto de vida local.
exclusão digital –, que reforça, mais uma vez, uma Preocupa-nos, claro, o processo de unificação,
situação de privilégios. No ensino fundamental, dos associação, megafusões entre as diversas empresas
35 milhões de alunos, somente seis milhões teriam, de comunicação que já são dominantes nesta área, e
em tese, acesso à Internet. No ensino médio, dos 8,1 que, além disso, ampliam os seus tentáculos para di-
milhões de alunos, cerca de três milhões estão em versos outros ramos não tradicionalmente associados
escolas conectadas (Folha de S.Paulo, 2001), sabe- à mídia, abrigando, agora, emissoras de rádio, televi-
dores que somos de que, ao falarmos em escola sões, produção de revistas, jornais, livros, gráficas,
conectada, podemos estar a nos referir a um compu- multimídia, cinema, Internet, telecomunicações, mú-
tador que partilha a linha telefônica de uso adminis- sica, parques temáticos, e mesmo instituições finan-
trativo da escola. ceiras (Pretto, 2000, p. 30).
De outra parte, mas que não vamos tratar neste Esse movimento de concentração e distribuição
texto, acompanhamos um movimento intenso de con- de imagens e informações tem introduzido em nosso
centração na propriedade dos meios de comunicação cotidiano uma perspectiva consumidora de ser, com
de massa, estando o Brasil seguindo uma tendência reflexos em praticamente todos os setores, inclusive
mundial em termos de concentração de grupos que na educação e na cultura, trazendo para essas duas
comandam a produção simbólica mundial. No Brasil, áreas uma perspectiva individualista de atuação so-
apenas seis redes nacionais de televisão (Globo, SBT, cial. As pessoas não estão acostumadas a atuar de
Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT) controlam forma colaborativa, e ainda impera a lógica da hierar-
667 veículos do país: 309 canais de televisão, 308 quia vertical, com delegação plena de poderes a re-
canais de rádio e 50 jornais diários, segundo o Insti- presentantes. Recorre-se sistematicamente à media-
tuto de Estudos e Pesquisas em Comunicação.2 Insta- ção da instância superior e, em instâncias como a da
la-se um sistema de comunicação broadcasting, com política, observa-se indiferença em relação às deci-
produtos, culturas e informações sendo produzidos de sões e a seus efeitos sociais.
Os movimentos associados ao que está sendo
denominado de ciberespaço têm trazido para a cena
2
O Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação esta- contemporânea algumas novas reflexões sobre as pos-
va vinculado ao projeto AcessoCom, dirigido pelo jornalista Daniel sibilidades de superação dessas perspectivas, com
Hertz, que teve suas atividades encerradas em 2003 por problemas estudos que apontam para novas possibilidades de
financeiros. Os dados aqui apresentados foram divulgados pela As- utilização de métodos, estruturas e estratégias de co-
sociação Brasileira de Imprensa (ABI) para a promoção da Jornada operação na Internet, à luz das ferramentas disponí-
pela Democratização da Mídia, promovida pela ABI em 2003. Dis- veis para o desenvolvimento de aplicações para a rede.
ponível em: <http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=130>. Particularmente, têm-se destacado nessa questão os
Acesso em: 20 jun. 2004. movimentos voltados para adoção de softwares não-

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proprietários, conhecidos mais fortemente a partir do tecnologias da inteligência, tem mexido muito com
crescimento do movimento GNU/Linux em todo o todos nós, especialmente os educadores. Isso porque
mundo. Para a educação, libertar-se dos softwares essas tecnologias, antes entendidas como meras ex-
proprietários é um grande desafio, uma vez que a pos- tensões dos sentidos do homem, hoje são compreen-
sibilidade de independência no acesso aos códigos- didas como algo muito mais profundo, que interfere
fontes está intimamente associada às inúmeras possi- com o próprio sentido da existência humana. A rela-
bilidades de independência de fornecedores ção homem-máquina torna-se uma relação fundada
centralizados que dominam o mercado, possibilitan- em outros parâmetros, não mais de dependência ou
do a ampliação de uma rede de produção colaborati- subordinação, mas uma relação que implica o apren-
va, dimensão fundamental para a educação. Ainda vol- dizado dos significados e significantes inerentes a cada
taremos a isso mais adiante, mas já podemos adiantar um, e também o imbricamento desses elementos. Isso
que devem estar merecendo especial atenção nossa significa um encadeamento do homem e da máquina,
os sistemas de produção colaborativa que hoje ocu- que, segundo Marcondes Filho (1994), tem a ver com
pam grande espaço no movimento do software livre o momento da superação da razão (da ciência e do
mundial, denominados wikis, que possibilitam a pu- progresso) pela imaginação e pelos meios de comu-
blicação de páginas na web, estando sua edição aber- nicação e informação. Poderíamos pensar na maqui-
ta para todos os usuários. Os termos wiki e wikiwiki, nização do ser humano, como também na humaniza-
que em havaiano significam rápido e rapidinho, fo- ção das máquinas. Acompanhamos um aumento
ram adotados nesse tipo de software e ferramenta exa- significativo de pessoas com próteses artificiais que
tamente porque possibilitam que, onde quer que este- tanto modificam seus corpos quanto suas possibilida-
ja, o usuário possa editar o conteúdo da página que des de atuação na sociedade. Edvaldo Couto (2000),
está lendo e, com isso, acrescentar a sua contribuição no interessante O homem satélite: estética e muta-
à mesma. Uma das maiores experiências no wiki é a ções do corpo na sociedade tecnológica, traz essa dis-
Wikipédia, criada em 2001 na Flórida (Estados cussão para o nosso cotidiano e analisa a presença
Unidos) e que hoje já está traduzida para cerca de 80 dos cyborgs, que passam a ocupar espaços na socie-
idiomas.3 dade contemporânea. Pode parecer que não falamos
Por agora, acreditamos ser importante retomar a de nós mesmos, que não estamos imersos nesse mun-
idéia de que, mesmo com todas essas possibilidades, do de tecnologias inteligentes (algumas, nem tanto, é
percebemos que o processo de informatização da so- bem verdade!4), rodeados de aparatos tecnológicos que
ciedade, fortemente articulado com todos os sistemas acabam determinando o nosso comportamento coti-
midiáticos de comunicação, não se estabelece per se, diano. No entanto, se olharmos em volta, percebe-
como se fosse apenas mais uma atualização dos meios mos, entre tantas outras coisas, que vivemos contro-
tradicionais de comunicação, de envio e recebimento lados por câmeras de vigilância em todos os lugares.
de dados, informações e imagens. Tais sistemas cons- “Sorria, você está sendo filmado”, é o jeito irônico,
tituem-se em elementos estruturantes (Pretto, 1996) quem sabe cínico, de imposição desse processo de
de uma nova forma de ser, pensar e viver. A dimensão vigilância permanente. Nossos corpos estão sendo
estruturante das tecnologias da informação, que Pierre guardados, registrados, para controles posteriores ou
Lévy (1993) denomina de tecnologias coletivas ou

4
Nada mais irritante, por exemplo, do que a maquinização
3
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiki>. Aces- das pessoas nos chamados call centers, que hoje ocupam um tem-
so em: 21 set. 2004. Para conhecer melhor o sistema, visite o sítio po considerável do nosso cotidiano sofrido de consumidores para
<http://www.wiki.org> ou <http://twiki.im.ufba.br>. a resolução de problemas que antes não tínhamos...

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não – quem saberá – em dezenas de bancos de dados dificado e modifica simultaneamente os diversos
informacionais. vetores que incidem sobre a sociedade, dentre os quais
Pessoas com próteses implantadas, com suas ex- podemos destacar:
tensões ampliadas e seus sentidos exacerbados, viven-
do plenamente a cultura “super ciber”, como afirma a) a obsolescência das competências pessoais e
Couto (2000). Seres hibridizados, mas não só eles, co- profissionais repetindo-se mais de uma vez
meçam a perceber a possibilidade de uma ampliação ao longo da vida de uma pessoa (Lévy, 1999);
das comunicações por sistemas telemáticos, que se uti- b) as novas formas de organização do trabalho e
lizam de modernas e velozes redes de cabos e de trans- da produção baseadas em equipes e na gera-
missão de dados. Obviamente, quando falamos nessa ção de conhecimento (Drucker, 1999);
ampliação, mais uma vez estamo-nos a referir a con- c) o avanço na automação da produção;
dições potenciais. Exatamente por isso não podemos d) as novas relações sociais com o saber, desen-
continuar a imaginar que a implantação desses mo- volvidas no ciberespaço (Lévy, 1999);
dernos e velozes complexos de comunicação digital e) as novas tecnologias da inteligência e a inte-
se dará com a função única de transmitir dados dos ligência coletiva (idem);
grandes centros para as periferias de menor valor, que f) as competências estratégicas da era da infor-
nada teriam a contribuir para a construção planetária. mação (Castells, 1999).
Voltamos, mais uma vez, ao ponto central deste nosso
trabalho: a necessidade de deslocar o centro de produ- A obsolescência das chamadas competências, re-
ção de culturas e conhecimentos do centro! petidas mais de uma vez, possivelmente muitas ve-
Não podemos continuar a pensar que as redes se zes, durante cada vida profissional, é uma experiên-
instalam sobre espaços vazios. Ao contrário, afirma cia nova para humanidade. Decorre da velocidade com
Leila Dias, “as redes se instalam sobre uma realidade que o avanço tecnológico interfere diretamente na vida
complexa, e não em espaços virgens” (1995, p. 148). e no trabalho de todos. Há 15 anos, eram poucos os
Isso significa que não podemos nos contentar com usuários de celulares, e somente parte da comunida-
simples apropriações dessas tecnologias, como se elas de acadêmica tinha acesso à Internet – que, aliás, era
fossem, por si sós, capazes de reverter situações. É outra, pois ainda não havia sido implantada a web!
por isso que precisamos enxergar que, com essas po- Hoje, pode-se conectar à Internet a partir dos celula-
tencialidades, pululam elementos que, longe de se- res, algo impensável até bem pouco. As demandas do
rem unificadores, constituem-se em diferenciadores mercado profissional induzem-nos a uma requalifi-
dos seres e de suas culturas, passando a pólos gera- cação permanente para nos manter ativos – em esta-
dores de novas articulações. A inteligência coletiva, do permanente de aprendizado! –, particularmente
como afirma Lévy (1993), passa a ser o elemento mais num mundo no qual impera o desemprego. Além da
significativo a ser perseguido. atualização permanente e quase personalizada, cada
indivíduo precisa estar orientado para a demanda, que
A educação em crise é também mutante. As proposições menos apocalíp-
ticas para os próximos vinte ou trinta anos prevêem
Pode-se afirmar que a educação, hoje em dia, arranjos flexíveis de trabalho (Laubacher & Malone,
deve, idealmente, preparar as pessoas para a vida, ci- 1997), e as mais radicais, o fim do trabalho como o
dadania e trabalho. Mas, em realidade, o que isso vem conhecemos hoje, atribuindo à educação o papel de
a ser? A que trabalho, cidadania e vida estamos a nos suprir o sentido para a vida, a exemplo do que, em
referir? Necessário faz-se pensarmos um pouco mais grande parte, se obtém hoje da realização no trabalho
sobre o contexto social, que é permanentemente mo- (Schaff, 1995). Para os que conservam os seus em-

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pregos, mudanças relevantes entraram em cena a par- memorizar. Essas tecnologias passam a operar, por-
tir da década de 1980, quando o trabalho organizado tanto, em uma dimensão diferente das antigas, de ex-
por equipes (toyotismo) se impõe diante da secular tensão dos sentidos do homem, passando a operar com
ênfase no cargo e na estrutura linear da esteira (taylo- as idéias. Em outras palavras, máquinas que não mais
rismo+fordismo). Trabalhadores desqualificados pou- estão apenas (apenas?!) a serviço do homem, mas que
co têm a fazer no toyotismo: de um lado, são substi- com ele interagem, formando um conjunto homem-
tuídos pelo computador e por robôs; de outro, não máquina pleno de significado.
podem contribuir para a produção de equipes razoa- Isso tudo possibilita a socialização dessas capa-
velmente autônomas, que precisam muito aprender cidades, dando origem à inteligência coletiva, encar-
para dar conta do resultado mais esperado da sua pro- nada em um novo lugar, o ciberespaço (Lévy, 1999).
dução: a geração de conhecimento. Combinando-se Durante os anos de 1980, os da “era acadêmica” da
obsolescência com personalização e, agora, a gera- Internet, estabeleceu-se uma nova forma de aprendi-
ção de conhecimento no local de trabalho, temos o zado que resultou na proposição de novas relações
aprendizado permanente, interesses profissionais mais sociais com o saber, favorecendo percursos bastante
amplos e um desafio: aprender e produzir ao mesmo personalizados, mas construídos, em larga medida,
tempo e sem sair do local, já que o aprendizado é através da socialização e da colaboração. Era o início
contínuo. da experiência de uma potencial troca permanente.
A palavra local ganha especial dimensão por inú- Formaram-se novas “tribos” e abriu-se, ao mesmo
meras razões, das quais destacamos o fato de que, tempo, espaço fecundo para as relações plurais e, em
desde a década de 1990, com a intensificação do uso todos os aspectos, multirreferenciais. A escola, e vol-
da Internet, o trabalho potencialmente passou a ser tamos aqui a falar dela, passa a ter que conviver com
remoto, de casa, e por rede, sendo elemento definidor uma meninada que se articula nas diversas tribos, que
de novos mercados. Associado a isso, passamos a as- opera com lógicas temporais diferenciadas, uma ju-
sumir diversas outras funções, que antes demanda- ventude que denominamos, em outros textos, de ge-
vam um posto de trabalho especifico. Somos hoje, ao ração alt+tab,5 uma geração de processamentos simul-
longo do dia, caixas de bancos, operadores de segu- tâneos...
ros, vendedores e compradores de produtos, simulta- Obviamente, intensifica-se dessa forma o traba-
neamente, operadores de bolsas, entre tantos outros. lho do professor, já que a escola e todo o sistema edu-
Na web, trabalhar e estudar são atividades que po- cacional passam a funcionar com outros tempos e em
dem ser realizadas em qualquer lugar. Para o profes- múltiplos espaços, diferenciados. Não deixa de ser,
sor, com os contratos de trabalhos mantidos inaltera- no entanto, esse um rico momento para repensarmos
dos, foram acrescidas tarefas e funções antes não as políticas educacionais na perspectiva de resgatar a
pensadas. Construímos home pages e respondemos a dignidade do trabalho do professor, com a retomada
e-mails pela manhã, à tarde e, principalmente, à noi- de sua autonomia e, com isso, experimentar novas
te. Temos que operar computadores, televisões e possibilidades com a presença de todos os novos ele-
vídeos o tempo todo! mentos tecnológicos da informação e comunicação.
Paralelamente, desde 1980, os computadores A despeito disso, ainda estamos inseridos numa pers-
pessoais e o desenvolvimento de técnicas computa-
cionais, como a simulação e os jogos, definem novos
significados para o computador: de agente da auto- 5
Alt+tab é a combinação de teclas (atalho) em um compu-
mação da burocracia e controlador de processos, sur- tador que possibilita ao usuário abrir diversas janelas em diversos
ge o computador como extensão das capacidades cog- sítios ou programas e passar de uma para outra de forma muito
nitivas humanas, beneficiando o pensar, o criar e o rápida.

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pectiva monoculturista de educação.6 As tecnologias, ciais com o saber, uma comunidade de aprendizes
a relação homem-máquina também impregnada de autônomos, dedicados a percursos personalizados,
dimensões políticas e sociais, fazem com que o ele- mas praticantes sistemáticos da colaboração.
mento característico mais importante do momento A rapidez com que a Internet se alastrou pelo mun-
contemporâneo seja a sua não completude. Ser incom- do foi um fenômeno surpreendente para todos. Dados
pleto é, pois, uma das características peculiares do apresentados no Livro verde do Programa Sociedade
momento contemporâneo. A instabilidade como ele- da Informação no Brasil demonstram que o rádio le-
mento fundante, no lugar da busca pela estabilidade, vou 38 anos para atingir um público de 50 milhões de
pelo equilíbrio. Isso gera, sem dúvida, uma demanda telespectadores nos Estados Unidos, enquanto o com-
por novas educações, no plural. putador levou 16 anos, a televisão, 13 anos, e a Internet,
em apenas quatro anos, atingiu a marca de 50 milhões
O computador, a Internet e as novas educações de internautas (Takahashi, 2000).
Rapidamente se intensificaram as pesquisas so-
Fala-se muito sobre o potencial educacional das bre as inúmeras possibilidades para uso da rede na
tecnologias da informação e comunicação. Alguns são educação, merecendo destaque a euforia com que fo-
apocalípticos, e outros, integrados (Eco, 1993), e os ram anunciadas as novas possibilidades de seu uso
desafios para a área não são pequenos e não nos permi- para a educação à distância (EAD), que seria a salva-
tem escolhas maniqueístas tipo ou isto ou aquilo. Ape- dora dos desafios de países que ainda lutam com a
sar disso, após quarenta anos de tentativas nessa área, falta de universalização da educação básica, como é
os resultados estão muito aquém das expectativas, para o caso do Brasil.
não se falar em frustração. Segundo Holmes (1999), o De um lado, algumas iniciativas aproveitam-se
problema não está no computador, mas nas imposições dos recursos de aplicação geral disponíveis na rede
dos sistemas educacionais, fiéis a toda sorte de objeti- (e-mail, listas, fóruns, chats, home pages etc.) (Le-
vos, nem sempre educacionais, e, muitas vezes, dedi- mos et al., 1999). De outro, surgem diversos softwares
cados a concepções utilitárias da educação. gerenciadores de cursos on-line. Outros se aventuram
Com a explosão da Internet a partir de 1995, pas- na agregação dos recursos da rede ao dia-a-dia da sala
sou-se a poder compartilhar as capacidades cogniti- de aula (Pinto & Teixeira, 2000), formando, em con-
vas expandidas, aliadas a um poder de expressão sem junto, uma ampla frente experimental que já começa
precedentes, tanto em escala individual como em co- a dar sinais de novas possibilidades. Na Faculdade de
letividade, reunindo um número grande de pessoas Educação da UFBA experimentamos a criação de
que antes só se articulavam como receptores ante os novas possibilidades de acesso a partir do desenvol-
meios de comunicação por difusão (broadcasting vimento dos tabuleiros digitais,7 uma contribuição
systems) como jornais, rádio e TV. A população civil para a construção da chamada sociedade da informa-
pode herdar uma construção do período acadêmico ção, com o desenvolvimento de um móvel próprio,
da rede: as práticas de aprendizado reconhecidas por com forte marca de cultura local, para afastar do fu-
Lévy (1999) como fundantes de novas relações so- turo professor formado nessa instituição a idéia de
que essas tecnologias são coisas para e do futuro.
Paralelamente, além da perspectiva de formação
6
de professores com base em projetos experimentais
Alfredo Veiga-Neto (2003), em interessante artigo no nú-
mero especial da Revista Brasileira de Educação que trata da re-
lação das culturas, no plural, com a educação, analisa a questão da
7
multiculturalidade, que nos é útil para a compreensão desta pro- A respeito dos tabuleiros digitais, consultar <http://
blemática. www.tabuleirodigital.org>

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Nelson Pretto e Cláudio da Costa Pinto

como o curso de extensão realizado com o Centro a lógica e as pedagogias introduzidas pelas Tec-
Federal de Educação Tecnológica (CEFET) da Bahia,8 nologias da Informação e Comunicação em virtu-
implantamos o Programa de Licenciatura em Peda- de do seu funcionamento em rede. Teríamos o que
gogia para os municípios de Irecê9 e Salvador,10 in- podemos chamar de profundidade horizontal.
troduzindo uma outra perspectiva curricular que tem Processos coletivos
nas tecnologias da informação e comunicação (TIC) Sendo uma dinâmica de rede com a participação
elemento fundante do processo. de todos, a produção é coletivizada.
Esse programa de formação em exercício tem Centros instáveis
como eixo articulador fundamental a “práxis pedagó- Os processos têm uma centralidade instável. Con-
gica, como espaço-tempo no qual ocorrem as refle- forme essa condição, ora o professor é o centro,
xões e as ações que dão sentido ao cotidiano de cada ora o aluno, ora outro ator ou mesmo um elemen-
escola, ao trabalho de cada professor, que repercutem to físico que possa ocupar o lugar central de um
no processo de formação e produção de conhecimen- dado momento pedagógico.
to desenvolvido pelo conjunto da comunidade esco- Currículo hipertextual
lar” (FACED, 2003b). Os sujeitos do conhecimento podem/devem cons-
Para tanto, as atividades estão sendo desenvol- truir seus percursos de aprendizagem em exercí-
vidas de forma síncrona e/ou assíncrona num ensino cios de interação com os outros atores do processo,
semipresencial, com uso intensivo e convergente das com as máquinas e com os mais diversos textos.
tecnologias da informação e comunicação que estão Participação Efetiva
estruturando o programa. O objeto de estudo dos pro- Todo sujeito, para vivenciar o processo pedagógi-
fessores será o próprio processo educativo nos diver- co, é convocado a participar na/da rede, sendo im-
sos espaços da prática social em que ele se processa, praticável um mero assistir.
com indicadores compreendidos como elementos Formação permanente e continuada
basilares da proposta. Esses indicadores foram aper- O movimento acelerado transforma a todo instante
feiçoados ao longo do processo de construção dos dois as relações que são estabelecidas no espaço/tempo.
subprojetos de formação de professores (Irecê e Sal- A contemporaneidade exige um processo contínuo
vador). de tratamento de informações e, simultaneamente,
O projeto Irecê considera indicadores: proces- uma relação com a produção permanente de novos
sos horizontais, processos coletivos, centros instáveis, conhecimentos diante de realidades mutantes.
currículo hipertextual, participação efetiva, formação Simultaneidade entre a escrita e a oralidade
permanente e continuada, simultaneidade entre a es- As dinâmicas comunicacionais em rede, mesmo
crita e a oralidade, cooperação e sincronicidade na com o uso da escrita, expressam-se com uma alta
aprendizagem, os quais a seguir descrevemos, com dimensão de oralidade. Não se entenda aqui como
texto do próprio projeto: um puro e simples resgate da oralidade típica do
período da pré-escrita, mas o desenvolvimento de
Processos horizontais uma oralidade contemporânea.
A hierarquia e a verticalidade, próprias de uma Cooperação
certa cultura pedagógica, são incompatíveis com Para o sistema de rede funcionar, os participantes
necessariamente são convocados a cooperar, con-
tribuir com o processo de produção coletiva.
8
<http://www.faced.ufba.br/cefet> Sincronicidade na aprendizagem
9
<http://www.faced.ufba.br/irece/> É importante que sejam estabelecidas conexões
10
<http://www.faced.ufba.br/salvador> laterais, e não apenas seqüenciais, ou seja, a pre-

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Tecnologias e novas educações

sença de relações e de sentidos simultâneos. Na e compreender seus modos de ser e suas peculia-
verdade, é o espaço sincrônico e o tempo res situações de vida.
espacializado. (FACED, 2003b) Diferença como Fundante
Entende-se diferença como fundante como uma
O subprojeto Salvador considera os indicadores postura do professor tendente a conduzir sua ação
pontos de ancoragem que, enquanto na superfície, na- no mundo para além dos parâmetros niveladores
vegam junto com o coletivo, e quando baixados aju- nos modos de pensar e interpretar os processos
dam a aprofundar as reflexões. Os pontos são: atitude educativos, sociais e culturais. Dessa forma, o pro-
investigativa, diferença como fundante, compreensão fessor capaz de estimular a diferença, conside-
planetária, postura solidária e processos cooperativos, rando-a como fundante do processo, estará pau-
autonomia com base na crítica reflexiva, processos tando o seu fazer pedagógico pela busca inces-
horizontais: centros instáveis, leitura: uma prática ine- sante do que, em cada aluno, traduz o seu jeito
rente a todas as práticas e currículo hipertextual. Tam- singular de compreender, de estabelecer relações,
bém com o texto do próprio projeto, descrevemos em de produzir respostas às demandas de natureza
detalhes esses pontos; por isso, perdão, leitor, pelo diversa que lhe são dirigidas, de inventar, enfim,
tamanho da citação. soluções. Não haveria, portanto, condições de
prever formas de intervenção pedagógica que não
Atitude Investigativa fossem a expressão firme do reconhecimento de
O movimento acelerado da sociedade em função que cada aluno faz seu caminho de aprendizagem
das transformações técnico-científicas modifica, percorrendo as vias singulares do modo através
a todo instante, as relações que são estabelecidas do qual constitui sua subjetividade, nas dinâmi-
no espaço/tempo. As instituições educativo- cas intersubjetivas.
formativas, na contemporaneidade, demandam um Compreensão Planetária
processo contínuo de tratamento das informações Expressa-se compreensão planetária através de
e, simultaneamente, uma relação com a produção uma atitude de abertura diante do mundo, mediante
permanente de novos conhecimentos diante de rea- a qual o local é o ponto privilegiado onde o indi-
lidades mutantes. víduo encontrou as primeiras raízes para construir
A atitude investigativa traduz-se, no professor, suas referências. Nessa perspectiva, local e não-
por um modo de estar permanentemente atento local interagem de modo permanente e interde-
às manifestações da dinâmica sociocultural e tam- pendente. O professor planetário colocará o seu
bém das dinâmicas apreendidas com os indiví- fazer pedagógico a serviço da quebra de barreiras
duos com os quais está em constante interação. epistemológicas, culturais, institucionais, geográ-
O professor de atitude investigativa colocar-se-á ficas, levado pelo propósito de vincular seu traba-
diante de seus alunos na condição de poder ser lho a um movimento cada vez mais amplo de re-
sempre surpreendido e, como tal, sempre estimu- organização da produção científica capaz de in-
lado a desvendar facetas do processo educativo, cluir o seu aluno numa rede cada vez mais ampla
social e cultural. Não haveria, portanto, ponto de de relações. Desse modo, ele seria crítico de ati-
chegada, no processo de conhecer, sendo cada tudes preconceituosas, aberto ao novo, ao impon-
momento de conhecimento um ponto novo de par- derável, militante da provisoriedade.
tida para uma nova investigação. Nesse entendi- Postura Solidária e Processos Cooperativos
mento, ele seria, ao mesmo tempo, ousado e hu- Põem-se pela necessidade da própria sobrevivên-
milde, ignorante e sábio. Colocar-se-á diante de cia do indivíduo, num estágio da civilização que
seus alunos, também, disponível para investigar viu esgotadas as possibilidades da prática indivi-

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Nelson Pretto e Cláudio da Costa Pinto

dualista, em todos os seus matizes. Não há dúvida Processos Horizontais: Centros Instáveis
de que a educação tem um papel inquestionável A hierarquia e a verticalidade, próprias de uma
na constituição de processos cooperativos e de uma certa cultura pedagógica, são incompatíveis com
postura solidária, sendo a escola, em seus diferen- a lógica e as pedagogias contemporâneas favore-
tes níveis, chamada a oferecer aí sua contribui- cidas pelas Tecnologias da Informação e Comuni-
ção. Para tanto, cabe assegurar ao professor, so- cação, em virtude, basicamente, do seu funciona-
bretudo aquele que trabalha nas séries iniciais do mento em rede. Ter-se ia o que se pode chamar de
Ensino Fundamental e na Educação Infantil, um profundidade horizontal em intercruzamentos in-
espaço, na sua formação, para que os processos cessantes, com momentos de verticalidade relati-
coletivos de produção de conhecimento e as práti- va, intercambiáveis. Os processos pedagógicos,
cas de relações solidárias se constituam em ponto tendo uma centralidade instável, permitem que os
de vivência, incorporando-se ao seu fazer cotidia- implicados nesses processos atuem de forma dife-
no na sala de aula. Assim formado, ele traduziria renciada ao longo de todo o tempo. O centro se
essa incorporação através de atitudes cooperati- desloca, movimenta-se incessantemente, ora sen-
vas, de generosidade intelectual, de postura de- do ocupado pelo professor, ora pelo aluno, ora por
mocrática, porque a prática das relações solidári- outros envolvidos ou mesmo por um elemento fí-
as se constrói na igualdade da diferença. sico. É importante que sejam estabelecidas cone-
Autonomia com Base na Crítica Reflexiva xões múltiplas, laterais e não apenas seqüenciais,
Acredita-se que o processo ação – reflexão – ação ou seja, trata-se da presença de relações de senti-
– reflexão... constrói o pensamento e o organiza a dos simultâneos, do espaço sincronizado e do tem-
partir de um modo de ver e interpretar os proces- po espacializado. Nessa perspectiva, afirma-se o
sos educativos, sociais e culturais, o que, sem dú- papel do professor centrado permanentemente nas
vida, favorece o desenvolvimento do comporta- diferenças.
mento autônomo. Atingir a autonomia em qual- Leitura: uma prática inerente a todas as práticas
quer forma de intervenção na realidade está no Produzir atos de leitura individual e compartilha-
horizonte de concepções contemporâneas. A ex- da com o outro, colega de curso e de trabalho, as-
propriação do professor do que lhe confere esta- sim como com o próprio texto e com seu autor, na
tuto de especificidade e legitimidade no que labora perspectiva de pensar e sentir criticamente as ques-
socialmente, arrancou-lhe, brutalmente, as con- tões fundamentais da humanidade, da guerra à paz,
dições de um exercício autônomo de seu fazer, da violência à esperança, da competição à solida-
pelo que se torna urgente abrir, no seu processo riedade, da corrupção à probidade, do dissabor ao
de formação, a brecha privilegiada para uma dis- sabor, do medo à ousadia, do desamor ao amor, na
cussão sobre a importância de adquirir autono- perspectiva de conhecer questões relativas ao mun-
mia de pensar, de planejar, de executar, de fazer, do sociocultural e às tantas iniciativas bem ou mal-
enfim, múltiplas escolas numa só escola. Nessas sucedidas a favor da humanidade da criança e do
condições, espera-se que ele venha a se tornar cada adulto e contra a barbárie e a injustiça. O movi-
vez mais reflexivo, crítico e dialógico, com rela- mento pedagógico que compreende a leitura a par-
ção aos outros e ao poder, também e sobretudo tir desse olhar desenvolve políticas culturais ca-
em relação a si mesmo, conhecedor de seus limi- pazes de disponibilizar livros a mancheia e de criar
tes e também de suas possibilidades. Se na auto- espaços e tempos para leituras que sejam feitas
nomia estiver ancorado, por certo será, mais fa- como experiência. Nessa perspectiva, espera-se
cilmente, um incentivador da autonomia de seus que o professor-cursista mova-se em direção aos
alunos. livros e a outros suportes textuais, circule nos es-

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Tecnologias e novas educações

paços nos quais se encontram, para lidar e situar- Questões postas, precisamos pensar na monta-
se neles com proficiência. gem dessas redes, que em grande parte já estão mon-
Currículo Hipertextual tadas. Outra, significativa, encontra-se em constru-
O currículo é antes uma construção sócio-históri- ção conceitual e aplicada. É nessa segunda dimensão
ca que envolve diferentes autores sociais, deven- faltante que precisamos atuar para intensificar a rela-
do constituir-se/construir-se como uma permanen- ção das educações com as culturas, ambas no plural,
te negociação dentro das diversas “comunidades e que, agora, ainda precisam ser acrescidas das tec-
de interesses”. É preciso pensá-lo como uma rede nologias, o que para nós pode vir a se constituir num
de significados, um processo de ligação entre a movimento de transformação radical da formação do
vida social e a vida dos sujeitos. Uma rede cons- povo brasileiro. Permitam-nos encerrar com um tex-
truída pelos homens, onde cada nó é, em si mes- to do ministro da Cultura do Brasil, o compositor
mo, uma rede. Nesse sentido, o currículo destina- baiano Gilberto Gil (2004):
do a responder à mediação entre o indivíduo e a
sociedade precisa ser hipertextual, capaz de dar [...] o que está implicado aqui é que o uso de tecnolo-
conta da multiplicidade cultural e étnica sem per- gia digital muda os comportamentos. O uso pleno da internet
der de vista a qualificação para o trabalho. Enfim, e do software livre cria fantásticas possibilidades de demo-
um currículo que atenda às especificidades da mul- cratizar os acessos à informação e ao conhecimento.
tiplicidade cultural, racial, religiosa, fazendo-as di- Maximizar os potenciais dos bens e serviços culturais, am-
alogarem entre si. plificar os valores que formam o nosso repertório comum
Assim entendendo, acredita-se que os sujeitos do e, portanto, a nossa cultura, e potencializar também a pro-
conhecimento poderão construir seus percursos de dução cultural, criando inclusive novas formas de arte.
aprendizagem em exercícios de interação com os
outros implicados no processo, com as máquinas A tecnologia sempre foi instrumento de inclusão
e com os mais diversos textos e contextos. social, mas agora isso adquire novo contorno, não mais
(FACED, 2003a) como incorporação ao mercado, mas como incorpo-
ração à cidadania e ao mercado, garantindo acesso à
A viabilização de um programa com essa nature- informação e barateando os custos dos meios de pro-
za exige uma gestão necessariamente descentraliza- dução multimídia através das novas ferramentas que
da, flexível, abrangente, com coloração local e com ampliam o potencial crítico do cidadão. Somos cida-
ressonância nos municípios, não apenas nas redes dãos e consumidores, emissores e receptores de saber
educacionais. Sendo assim, ele está dividido em ci- e informação, seres ao mesmo tempo autônomos e
clos, nos quais são oferecidas atividades curricula- conectados em redes, que são a nova forma de coleti-
res, com determinadas cargas horárias, que deverão vidade.
contemplar uma ou mais áreas do conhecimento, de- Irresistível! Nada melhor do que o espaço da es-
finidas por eixos temáticos.11 cola para essa revolução.

Referências bibliográficas

11
Mais detalhes sobre toda a estrutura dos programas po- CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – a era da informação:
dem ser encontrados nas home pages deles, nas quais inclusive é economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1.
possível acompanhar as atividades em andamento e as produções
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de alunos e professores: <http://www.faced.ufba.br/salvador> e
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Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 29


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30 Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006


Resumos/Abstracts/Resumens

Resumos/Abstracts/Resumens

specific discipline called education or genera una especificación de las pes-


Bernard Charlot science of education? The author quisas, entre conocimientos, políticas y
A pesquisa educacional entre presents three possible replies. First, prácticas. La tercera respuesta consiste
conhecimentos, políticas e práticas: departments of education are no more en apostar en un método específico. En
especificidades e desafios de uma than mere administrative groupings of esta última perspectiva, son analizados
área de saber subjects interested in education. siete tipos de discursos actuales sobre
Será que pode ser definida e construída Second, this very grouping generates a educación: espontáneo, los prácticos,
uma disciplina específica, chamada edu- specificity of research amid knowledge, los antipedagógicos, de pedagogía, de
cação ou ciências da educação? O autor policy and practice. The third reply ciencias humanas, de militantes y de
apresenta três respostas possíveis. Pri- consists of betting on a specific discipli- instituciones internacionales. En este
meira: os departamentos de educação ne. In this last perspective, seven types campo ya saturado de discursos, ¿cuál
não passam de um agrupamento admi- of current discourse on education are es el lugar para un discurso científico
nistrativo de matérias interessadas pela analysed: spontaneous, practical, específico?. Para responder a esta
educação. Segunda: esse próprio agru- antipedagogic, pedagogic, human pregunta, el autor presenta algunas
pamento gera uma especificidade das science, militant and of international propuestas teóricas y prácticas.
pesquisas, entre conhecimentos, políti- institutions. In this field already Palabras claves: educación; ciencias de
cas e práticas. A terceira resposta con- saturated with discourses what space is la educación; pesquisa en educación
siste em apostar em uma disciplina es- there for a specific scientific discourse?
pecífica. Nessa última perspectiva, são In order to respond to this question, the Nelson Pretto e Cláudio da Costa Pinto
analisados sete tipos de discursos author presents some theoretical and Tecnologias e novas educações
atuais sobre educação: espontâneo, dos practical proposals. O artigo analisa a sociedade contem-
práticos, dos antipedagogos, da peda- Key-words: education; science of porânea, a partir das transformações
gogia, das ciências humanas, dos mili- education; educational research do mundo científico, tecnológico, cul-
tantes e das instituições internacionais. La pesquisa educacional entre tural, social e educacional, com o obje-
Nesse campo já saturado de discursos, conocimientos, políticas y prácticas: tivo de fazer uma crítica a este. Consi-
qual lugar para um discurso científico especificaciones y desafíos de una dera importante a re-aproximação
específico? Para responder a essa per- área del saber entre a cultura e a educação, entendi-
gunta, o autor apresenta algumas pro- ¿Será que puede ser definida y constru- das no plural, e destas com as tecno-
postas teóricas e práticas. ída una disciplina específica, llamada logias da informação e comunicação
Palavras-chave: educação; ciências da educación o ciencias de la educación? (TIC). Aborda os avanços das TIC e
educação; pesquisa em educação El autor presenta tres respuestas os movimentos de concentração na
Educational research amid posibles: Primera: los departamentos propriedade dos meios de comunica-
knowledge, policies and practice: de educación no pasan de un ção de massa, faz a sua crítica, e apre-
specificity and challenges of an area agrupamiento administrativo de senta as propostas em andamento na
of knowledge materias interesadas por la educación. Faculdade de Educação da UFBA para
Is it possible to define and construct a Segunda: ese propio agrupamiento a formação de professores, conside-

Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 195


Resumos/Abstracts/Resumens

rando a necessidade de se repensar o educación, entendidas en el plural, y The technologies of information


sistema educacional, principalmente de éstas con las tecnologías de la and communication in the training
no que diz respeito às questões curri- información y comunicación (TIC). of teachers
culares. Destaca a importância do mo- Aborda los progresos de las TICs y This text aims to discuss how
vimento do software livre, enquanto los movimientos de concentración en technologies of information and
portador de filosofia centrada na coo- la propiedad de los medios de communication (ICT) are used in the
peração e no trabalho coletivo, ressal- comunicación de masa, hace su críti- teachers’ education. Based on theses
tando a importância desse movimento ca, y presenta las propuestas en and dissertations, defended between
para a educação. estudio en la Facultad de Educación de 1996 and 2002, it analyses discrete
Palavras-chave: tecnologia educacio- UFBA, para la formación de elements and relations with the aim of
nal; educação e comunicação; informáti- profesores, considerando la necesidad mapping three trends in the
ca educativa; Internet; tecnologias da de repensar en el sistema educacional, incorporation of ITC: (1) as a strategy
informação e comunicação (TIC); principalmente lo referente a las to develop diverse distance learning
software livre. cuestiones curriculares. Destaca la programmes; (2) as a possibility for
Technologies and new educations importancia del movimiento del improving teaching-learning proces-
This article analyses contemporary sofware libre, en cuanto portador de ses; and (3) as the key to e-learning.
society considering the transformations filosofía, centrada en la cooperación y Key-words: technologies; teachers’
that have taken place in the realms of en el trabajo colectivo, mostrando lo education; teaching modes
science, culture and education. It is importante que es este movimiento Las tecnologías de la información y
considered important to bring culture para la educación. de la comunicación, en la formación
and education back together and Palabras claves: tecnología educacio- de profesores
incorporate information and nal; educación y comunicación; infor- El artículo discute los modos de
communication technologies (ICT) into mática educativa; Internet; tecnologías objetividad de las tecnologías de la
them. We examine the progress of ICT de la información y comunicación información y comunicación (TIC) en
as well as the movement towards the (TIC); sofware libre la formación de profesores. Con base
monopolisation of the mass media and en tesis y disertaciones defendidas entre
present work being carried out in the Raquel Goulart Barreto, 1996 y 2002, analiza elementos y rela-
Faculty of Education at UFBA in Glaucia Campos Guimarães, ciones, direccionado a la descripción
training teachers. We consider it Ligia Karam Corrêa de Magalhães e de tres tendencias de incorporación
necessary to rethink the educational Elizabeth Menezes Teixeira Leher educativa de las TICs: como estrategia
system, curricular issues in particular. As tecnologias da informação e da para el desenvolvimiento de diversas
We highlight the importance of the open comunicação na formação de propuestas de enseñanza a distancia;
source movement as promoting a professores como posibilidad de perfeccionamiento
philosophy based on co-operation and O artigo discute os modos de objetiva- de la enseñanza presencial; y como ele-
collective work and therefore of great ção das tecnologias da informação e co- mento clave para la constitución de una
importance to education. municação (TIC) na formação de pro- enseñanza virtual
Key-words: teaching technology; fessores. Com base em teses e Palabras claves: tecnologías; forma-
education and communication; dissertações defendidas entre 1996 e ción de profesores; modalidades de la
computer education; Internet; 2002, analisa elementos e relações vi- enseñanza
information and communication sando ao mapeamento de três tendên-
technology (ICT); open source software cias de incorporação educacional das Tania Porto
Tecnologías y nuevas educaciones TIC: como estratégia para o desenvol- As tecnologias de comunicação e
El artículo analiza la sociedad vimento de diversas propostas de ensi- informação na escola; relações
contemporánea, a partir de las no a distância; como possibilidade de possíveis... relações construídas
transformaciones del mundo científico, aperfeiçoamento do ensino presencial; e Estamos diante de novas maneiras de
tecnológico, cultural, social y educati- como elemento-chave para a constitui- compreender, de perceber, de sentir e
vo, con el objetivo de hacer una crítica ção de um ensino virtual. de aprender, nas quais a afetividade, a
a este. Considera importante la Palavras-chave: tecnologias; formação imaginação e os valores não podem dei-
reaproximación entre la cultura y la de professores; modalidades de ensino xar de ser considerados. Apesar de a es-

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