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DESPEDIDA
7.1 APRESENTAÇÃO
O término do contrato de trabalho pode se dar por ato
unilateral de uma das partes, ou por ato bilateral, o que caracteriza
o consentimento mútuo.
Por ato unilateral, na hipótese “sem justa causa” ou “por
justa causa”, quer do empregado, quer do empregador é causa de
rescisão contratual.
Por ato bilateral é quando ambos, empregado e
empregador entram num acordo para a rescisão do contrato.
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contrato de trabalho. São faltas graves praticadas pelo empregado
ou pelo empregador, no curso da relação empregatícia. Quando
cometidas pelo empregado, pode o empregador despedi-lo sem
ônus, salvo as parcelas que se constituírem direito adquirido, tais
como férias vencidas que ainda não tenham sido usufruídas e saldo
salarial. Quando praticadas pelo empregador, o empregado tem o
direito de rescindir o contrato e receber indenização.
O elenco apresentado pelos referidos artigos 482 e 483 não
é o único, porque a lei prevê outras faltas, como, por exemplo, as
do art. 508 da CLT: “Considera-se justa causa, para efeito de
rescisão de contrato de trabalho do empregado bancário, a falta
contumaz de pagamento de dívidas legalmente exigíveis”. O Prof.
Mozart Victor Russomano explica que a “pratica de atos
atentatórios à segurança nacional (§ único) foi definida como justa
causa para despedida do trabalhador pelo Decreto-Lei n.º 3, de 27
de janeiro de 1966, refletindo o espírito da época do regime
militar”32.
32
CLT Anotada, Forense, Rio, 1998, p. 137.
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De outra banda, deve-se ter presente o seguinte princípio:
é obrigação do empregador informar ao empregado o motivo que
gerou a demissão por justa causa. Se isto acontece, o empregado
deve ficar com uma via para poder se defender. Caso entenda que
a demissão foi injusta, assina as duas vias com a expressão: “não
concordo com os termos”.
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h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no
serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas
mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superior
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
l) prática constante de jogo de azar”
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desonesto, merecendo ser dispensado sem direito à indenização,
porque fez desaparecer a confiança que nele depositava o
empregador. A propósito, o Tribunal decidiu certa vez “a
improbidade, pelos reflexos negativos que produz na vida do
empregado, é a falta mais grave das enunciadas pelo art. 482 da
CLT. Justamente por isso, quando alegada, deve ser amplamente
demonstrada, de forma a não deixar qualquer dúvida” (in RT
438/268).
Não é demais lembrar que a improbidade se caracteriza
pela prática de um único ato desonesto, ou seja, não há
necessidade de reincidência do ato para se justificar a despedida.
a) MAU PROCEDIMENTO:
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b) INCONTINÊNCIA DE CONDUTA:
37
Ob. cit., p. 422.
38
Ob. cit., p. 99.
68
entretanto, for ele recolhido à prisão, ficando confinado e,
portanto, sem possibilidade de trabalhar, o contrato pode ser
rescindido por absoluta impossibilidade dele cumprir com a sua
obrigação laboral.
39
Ob. cit., p. 53.
69
Um só ato, via de regra, não representa falta grave; “a
desídia somente se caracteriza por reiteradas faltas” (in RT
441/254). O procedimento desidioso, enfim, só se revela na
repetição das faltas. Assim, quando o empregado começa a faltar,
deve-se graduar as faltas disciplinares, começando com as
advertências (verbais ou escritas) e, depois, com as suspensões que
podem oscilar segundo o critério do empregador, mas dentro do
limite máximo de 30 dias de duração. “A suspensão de empregado
por mais de 30 (trinta) dias consecutivos – determina o art. 474 da
CLT – importa na rescisão injusta do contrato de trabalho”.
Após essa mecânica, vem a despedida do empregado por desídia.
70
empregado viola normas gerais e internas da empresa. Por
exemplo, consta do regulamento a proibição de fumar em
determinado local de trabalho; o empregado que a
desrespeita estará cometendo um ato de indisciplina.
b) ATO DE INSUBORDINAÇÃO – a insubordinação se
caracteriza quando o empregado desrespeita uma ordem
dada a ele pessoalmente pelo empregador ou por seu
superior hierárquico. O Tribunal decidiu ser lícita a recusa
do empregado em cumprir horas extras de serviço, fora das
hipóteses do art. 61 da CLT40 (in RT 442/272). Mas já
decidiu, também, configurar como falta grave do
empregado a recusa de preencher a papeleta de produção
(in RT 424/225).
40
Art. 61: “Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho
exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de
força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis
ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto”.
41
Ov. Cit., p. 449.
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empregado passa a trabalhar em outra empresa em horário
coincidente, o abandono pode ficar configurado após quatro ou
cinco faltas. No caso de convocação para o trabalho, após alguns
dias de ausência continuada do empregado, e este não comparece,
fica caracterizado o abandono.
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proporção entre a aplicação da pena e o ato praticado pelo
empregado. A punição aplicada de modo excessivo importa em
injustiça.
O empregador deve, pois, usar bom senso ao avaliar uma
falta cometida pelo empregado. Por exemplo, se o empregado
chegou um pouco atrasado, não é motivo para sua demissão por
justa causa; deve, quando muito, adverti-lo e, na ocorrência de
reiterados atrasos, deve aplicar a pena de suspensão (com o
desconto dos dias suspensos) e, finalmente, não se emendando,
cabe então, a demissão por justa causa.
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ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e
boa fama;
f) o empregador ou os seus prepostos ofenderem-no
fisicamente, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por
peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários”.
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7.6.3 Correr o empregado perigo de mal
considerável
O empregado não é obrigado ao perigo manifesto de mal
considerável, ou seja, correr risco de vida na prestação do serviço,
exceto se o risco está previsto no contrato como sendo de sua
atividade, como é o caso de aviador.
Qualquer ordem, na qual seja iminente um dano físico, o
autoriza a não acatar a determinação superior e considerar rompido
o contrato de trabalho.
Aqui a falta do empregador deve ser provada,
principalmente, com testemunhas.
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de sua família, tais como calúnia, difamação etc., isso dá ao
empregado o direito de romper o contrato por justa causa com
todos os direitos trabalhistas, inclusive com direito ao recebimento
do aviso prévio. A propósito, escreve o Min. Mozart Victor
Russomano: “Defendeu-se, durante muito tempo, a tese, hoje
sediça, de que, nas despedidas indiretas, não cabe aviso prévio,
porque a iniciativa da rescisão é do trabalhador (art. 487).
Absolutamente não. O trabalhador denuncia o ato patronal. Este, o
empregador, é que provoca a resilição42 injusta do contrato. O
aviso prévio, é claro, deve ser indenizado, na despedida indireta
(art. 487, § 1.º). Surpreende o fato de que, durante muitos anos, a
jurisprudência dominante da Justiça do Trabalho se tenha
orientado em sentido diverso, a ponto de cristalizar-se no
Enunciado n.º 31”43.
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Se o empregado trabalha por peças ou por tarefa e o
empregador as reduz de forma a afetar sensivelmente a
importância da remuneração, estará cometendo ato faltoso, ilegal.
Enfim, o que não é permitido é afetar a remuneração do
empregado, mesmo reduzindo o trabalho, salvo o que for disposto
em convenção coletiva.
Convenção coletiva de trabalho é “o acordo normativo de
dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e
profissionais, em que as partes estipulam condições de trabalho
aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações
individuais de trabalho”.
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7.8 CULPA RECÍPROCA
Casos há em que o empregador e empregado concorrem
culposamente para a rescisão do contrato de trabalho: “Havendo
culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de
trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que
seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por
metade” (CLT, art. 484).
“Se o empregado for optante pelo FGTS terá direito aos
depósitos do FGTS, acrescidos de juros e correção monetária mais
20% desse total”44.
As culpas devem ser concomitantes e determinantes da
rescisão; deve haver, ainda, a equivalência das culpas. Por
exemplo, se um ato do empregado enseja apenas uma suspensão e
o do empregador a rescisão indireta, não há a configuração de
culpa recíproca.
44
Francisco M. M. de Lima, Manual Sintético de Dir. do Trabalho, Ed. LTr, S.
Paulo, p. 139.
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