Anda di halaman 1dari 5

Garoto com doença crônica terá tratamento assegurado.

Conheça a Revista Forense Digital

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

JUÍZO DE DIREITO DA 3ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE NATAL

Obrigação de Fazer/Não Fazer (Cominatória) nº 001.10.008091-0

Autor: Renato Sidney Paulino de Oliveira

Advogado(a): Fabrícia C. Gomes Gaudêncio - Defensora Pública

Réu: Estado do Rio Grande do Norte

Procurador(a): Adv. da Parte Passiva Principal

DECISÃO

I - RELATÓRIO

Renato Sidney Paulino de Oliveira Repr. p/ mãe Luzia Sidney Paulino da


Silva, qualificado nos autos e devidamente representado por advogado,
promoveu Obrigação de Fazer/Não Fazer (Cominatória)em face do Estado do
Rio Grande do Norte, aduzindo, em síntese, ser portador de grave doença,
qual seja, "TETRAPARESIA SECUNDÁRIA PROVAVELMENTE A VASCULITE E
BEXIGA NEUROGÊNICA", necessitando de uso contínuo do medicamento
denominado " BACOFLENO, FRENURIN E CLORIDRATO DE TIZANIDINA", não
alcançou a sua distribuição gratuita e não dispõe de recursos financeiros
para arcar com o alto custo do tratamento; ao final, pugnou pela concessão
de medida antecipatória de mérito para que o demandado promova o
imediato fornecimento da medicação referida, de forma contínua, enquanto
prescrita pelo profissional médico, sob pena de multa. Pediu, igualmente, os
benefícios da assistência judiciária gratuita.

É o relatório. Decido.
II - FUNDAMENTOS

Defiro o pedido de Assistência Judiciária Gratuita.

A tutela antecipatória gera os efeitos da sentença de mérito, na medida que


tem natureza jurídica mandamental e que se efetiva mediante execução
lato sensu, entregando-se ao autor, total ou parcialmente, a própria
pretensão deduzida em juízo ou os seus efeitos. Tem caráter satisfativo no
plano dos fatos, já que realiza o direito, entregando ao autor da ação o bem
por ele pretendido com a ação de conhecimento.

Para sua concessão, necessária a demonstração inequívoca dos requisitos


previstos no artigo 273, do Código de Processo Civil, destacando-se, de um
lado, a verossimilhança das alegações produzidas, assim como, o fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

A verossimilhança, estampada na prova inequívoca, refere-se à causa de


pedir, tanto que a medida foi instituída em benefício do Autor, com a
finalidade de agilizar a entrega da prestação jurisdicional.

Por sua vez, fundado receio é aquele que se liga a uma situação concreta,
demonstrável através de algum fato com potencialidade real de dano.

Fixadas estas premissas, abstraídas do texto legal, cumpre observar, na


espécie, o estado clínico da parte autora, com diagnóstico a apontar doença
grave.

Portanto, ao pugnar pelo fornecimento imediato do tratamento sobredito


em face do demandado, o que deveria ser feito por intermédio da Secretaria
Estadual da Saúde Pública, responsável, inclusive, pelo programa de
distribuição de medicamentos para pessoas carentes, em cumprimento à
efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República, a
pretensão autoral, em sede de tutela antecipada, inclusive, invoca o direito
à saúde, indisponível e constitucionalmente amparado.

Com efeito, segundo a dicção do art. 196, da Constituição Federal, a saúde


deve ser garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doenças, merecendo, destaque maior, o fornecimento
de medicamentos àqueles pacientes que se encontram acometidos de
doenças graves e que necessitam - e muito -, do amparo estatal, a ser
promovido com a contraprestação mínima, que é a entrega da medicação.
Não se pode furtar a esta condição, porquanto, a vida é o direito maior da
pessoa humana e quando ameaçada, sob perigo real e concreto, tem
primazia sobre todos os demais interesses tutelados.

Ora, sendo o autor pessoa que não dispõe de condições financeiras para
adquirir a medicação prescrita, esta, inclusive, de alto custo, resta ao
demandado, através de seu programa de distribuição gratuita de
medicamentos à pessoas carentes, cumprir o mandamento constitucional.

No caso, assegura-se o direito à vida, proporcionado ao paciente a


medicação específica que venha, ao menos, aliviar o sofrimento.
Estabelece-se aqui o primado da hierarquia das normas jurídicas, onde os
instrumentos legais infraconstitucionais são interpretados segundo à luz dos
princípios do sistema jurídico constitucional.

Invoco a jurisprudência:

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE


SEGURANÇA OBJETIVANDO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO
(RILUZOL/RILUTEK) POR ENTE PÚBLICO À PESSOA PORTADORA DE DOENÇA
GRAVE: ESCLEROSE LATERAL AMOTRÓFICA - ELA. PROTEÇÃO DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS. DIREITO À VIDA (ART. 5º, CAPUT, CF/88) E DIREITO À
SAÚDE (ARTS. 6º E 196, CF/88). ILEGALIDADE DA AUTORIDADE COATORA
NA EXIGÊNCIA DE CUMPRIMENTO DE FORMALIDADE BUROCRÁTICA.

1 - A exigência, a validade, a eficácia e efetividade da Democracia está na


prática dos atos administrativos do Estado voltados para o homem. A
eventual ausência de cumprimento de uma formalidade burocrática exigida
não pode ser óbice suficiente para impedir a concessão da medida porque
não retira, de forma alguma, a gravidade e a urgência da situação da
recorrente: a busca para garantia do maior de todos os bens, que é a
própria vida.

2 - É dever do estado assegurar a todos os cidadãos, indistintamente, o


direito à saúde, que é fundamental e está consagrado na Constituição da
República nos artigos 6º e 196.

3 - Diante da negativa/omissão do Estado em prestar atendimento à


população carente, que não possui meios para a compra de medicamentos
necessários à sua sobrevivência, a jurisprudência vem se fortalecendo no
sentido de emitir preceitos pelos quais os necessitados podem alcançar o
benefício almejado (STF, AG nº 238.328/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ
11/05/99; STJ, REsp n º 249.026/PR, Rel. Min. José Delgado, DJ 26/06/2000).

4 - Despicienda de quaisquer comentários a discussão a respeito de ser ou


não a regra dos arts. 6º e 196, da CF/88, normas programáticas ou de
eficácia imediata. Nenhuma regra hermenêutica pode sobrepor-se ao
princípio maior estabelecido, em 1988, na Constituição Brasileira, de que " a
saúde é direito de todos e dever do Estado" (art. 196).

5 - Tendo em vista as particularidades do caso concreto, faz-se


imprescindível interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que
princípios de ordem ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir
preservação da vida.

6 - Não se pode apegar, de forma rígida, à letra fria da lei, e sim, considerá-
la com temperamentos, tendo-se em vista a intenção do legislador,
mormente perante preceitos maiores insculpidos na Carta Magna
garantidores do direito à saúde, à vida e à dignidade humana, devendo-se
ressaltar o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos.

7 - Recurso ordinário provido para o fim de compelir o ente público (Estado


do Paraná) a fornecer o medicamento Riluzol (Rilutek) indicado para o
tratamento da enfermidade da recorrente." (STJ - 1ª. Turma - ROMS
11183/PR - Relator Ministro JOSÉ DELGADO - julgado em 22.08.2000 -
unânime).

Sem qualquer óbice, portanto, encontram-se presentes os pressupostos


legais para o deferimento do pleito, especialmente porque o não
fornecimento da medicação implicará em prejuízos irreparáveis à parte
autora, especialmente, diante do seu estado de saúde.

III - DISPOSITIVO

Assim sendo, defiro o pedido de antecipação de tutela para que o


demandado forneça imediatamente, em caráter de urgência, e em benefício
da parte autora, o medicamento BACOFLENO, FRENURIN E CLORIDRATO DE
TIZANIDINA, na dose exata prescrita pelo médico e enquanto durar o
tratamento.
Cite-se a parte a parte ré, através do Procurador-Geral, para apresentar
defesa, querendo, no prazo legal. Havendo argüição de matéria preliminar
ou juntada de documentos, cumpra-se o disposto no art. 327 do CPC.
Decorrido o prazo, vista ao Ministério Público. Notifique-se o Exmº. Sr.
Secretário Estadual de Saúde para cumprimento da decisão, no prazo de 10
dias, sob pena de adoção de medidas que contemplem a efetividade da
decisão, a teor do art. 461, § 5º, do CPC.

Publique-se e intimem-se.

Natal/RN, 25 de março de 2010.

Ana Claudia Secundo da Luz e Lemos

Juiza de Direito

Anda mungkin juga menyukai