Anda di halaman 1dari 8

Tradução e suas peculiaridades

Fabienne N. da Cunha

RESUMO

No presente trabalho será abordada a problemática de uma crença apontada pela crítica
literária, que é a impossibilidade da tradução de uma poesia. A exigência de uma transposição
absoluta de forma e conteúdo de uma língua para outra, a versão de um original para outro
original idêntico pertencente a outra língua de chegada, são minuciosamente analisadas pelos
críticos, onde avaliam o grau de perdas e ganhos alcançados pelo tradutor, reduzindo seu
ofício a um processo de negociação que pretende ser o mais satisfatório possível. O soneto
Apelo de Eno Teodoro Wanke será o arcabouço para tal estudo, partindo da tradução feita
para o italiano onde será detalhado se há ou não perdas e ganhos dentro destas transposições
de línguas distintas.

PALAVRAS-CHAVE: tradução, língua, análise, perdas e ganhos.

ABSTRACT

In the present work will be addressed the problem pointed to a belief by literary criticism,
which is the impossibility of translating poetry. The requirement to implement an absolute
form and content from one language to another, the original version of an original identity to
another belonging to another target language, are scrutinized by critics, which evaluate the
degree of losses and gains made by the translator, reducing their craft to a negotiating process
that purports to be the most satisfactory possible. The sonnet Appeal Eno Teodoro Wanke will
be the framework for such study, from the translation made for the Italian which will be
detailed whether or not gains and losses within these transpositions of different languages.

KEY-WORDS: translation, language, analysis, losses and gains.


Mediante a exigência tradicional de que a tradução é apenas reprodução de um
conteúdo previamente existente, é perceptível a equiparação do texto “original” com a coisa-
em-si, o referente extralinguístico que independe da influência humana, ao passo que a
tradução posiciona-se no lugar do signo, da representação derivada e imperfeita da presença
que almeja, sem sucesso, atingir a origem e essência daquilo que espelha. A tradução,
portanto, não poderia existir sem o 'original', pois, segundo o contrato estabelecido pela
tradição, cabe ao texto-fonte instigar seu surgimento, em virtude da necessidade de perpetuar,
independentemente de mudanças trazidas pelo tempo e pela história, as idéias autorais.
Instaurou-se, desse modo, uma relação de débito unilateral, o qual deveria ser quitado – em
vão, de acordo com a inferiorização conferida à tradução – com o auxílio do critério de
fidelidade inocente expressa pelo tradutor.
Sob a ótica de Maillot a tradução se define sendo:

Sob a forma mais simples, a tradução consiste em substituir um termo dado da


língua de partida por seu equivalente na língua de chegada. Essa operação elementar
aplica-se, sobretudo, a substantivos que designam objetos concretos, perfeitamente
definidos e de um sentido único, de onde o seu nome de termos monossêmicos.
(1975, p. 1)

Para os italianos, tradução é tradurre, mas também é tradire, ou seja, trair. Conforme
essas sugestões presentes no italiano, poderíamos sustentar que fazer uma tradução é sempre
cometer uma traição contra a língua original? Para Borges, traduzir é uma tarefa muito difícil,
pois “um idioma é uma tradição, uma forma de sentir a realidade, não um repertório arbitrário
de símbolos”. (BORGES 1974, p. 857). Traduzir é um ato muito importante, e não basta
dominar a língua de partida e a língua de chegada, é igualmente imprescindível conhecer
profundamente a cultura e a linguagem especializada das duas línguas.
Maillot ressalta:

Não é, pois, suficiente que o tradutor tenha conhecimento, ainda que profundo, do
vocabulário técnico de uma língua, na medida em que se pode considerar que esse
vocabulário (que, aliás, não passa de um complemento do léxico geral) abrange,
sobretudo, substantivos designativos de fenômenos, objetos, etc.; é indispensável
que conheça perfeitamente as regras que determinam as associações de termos, tanto
na língua de partida quanto na de chegada. As notas que seguem não visam de modo
algum a retomar sistematicamente o estudo da estrutura da língua, de que se deve
admitir que o tradutor tenha um bom conhecimento, mas a chamar-lhe a atenção
para certos pontos que a prática dos textos científicos e técnicos põe em destaque.
(1975, p. 49)
Segundo Bassnett o primeiro passo em direção a um exame do processo de tradução
deve ser:

[...] O de aceitar que, embora a tradução tenha um núcleo central de atividade


linguística, este pertence mais propriamente à semiótica, a ciência que estuda os
sistemas ou estruturas dos signos, seus processos e suas funções (Hawkes,
Structuralism and Semiotics - Londres, 1977). Além da noção enfatizada pela
abordagem estritamente linguística, esta tradução envolve a transferência do
“significado” contido em um conjunto de signos de linguagem em um outro
conjunto de signos de linguagem através do uso competente do dicionário e da
gramática, o processo envolve também um conjunto completo de critérios
extralingüísticos. (2005, p. 35)

É possível afirmar que a tradução tem sido especialmente estigmatizada e colocada em


xeque no âmbito da poesia, na qual reinam, há séculos, concepções que apontam para o fazer
poético como um ato de inspiração por parte do autor, um lampejo súbito de motivação que
não pode ser repetido. Com isso, atribui-se um caráter de genialidade à figura autoral,
expressa na combinação única de elementos formais e conteudísticos que, em sua união,
estabelecem o teor poético de um texto.
Segundo Benjamin, a traduzibilidade é algo que diz respeito à essência da própria obra
poética. Conforme essa perspectiva, para poder traduzir um poema, ele deve possuir na sua
essência, no original, uma traduzibilidade inerente a ele próprio. A traduzibilidade, não
significa, de forma alguma, que exista similitude entre o original e sua tradução. Ao enunciar
a traduzibilidade de um texto de uma língua para outra, não estamos falando de identidade,
nem que haveria uma relação especular entre o original e sua tradução: “de fato, essa relação é
tanto mais íntima quanto nada mais significa para o próprio original”. (BENJAMIN, 2001, p.
193). Só é possível traduzir uma obra de arte que perdure no tempo, que continue viva.
Através da tradução, as obras artísticas podem renovar-se constantemente. Benjamin dá o
nome de “desdobramento” à transformação no tempo de uma obra literária.
O soneto Apelo a ser analisado para fazer as comparações de perdas e ganhos perante a
tradução realizada para o italiano, foi criado por Eno Teodoro Wanke. Este poeta foi um
escritor que transitou do Clássico ao Modernismo com uma competência e elegância muito
peculiar, passando pelo lirismo, romantismo, parnasianismo e trovadorismo tornando-se um
dos maiores propagadores e historiadores do Movimento da Trova Brasileira. Começou a ter o
gosto pela escrita aos doze anos, foi um poeta, trovador, contista, cronista, biógrafo, ensaísta,
historiador, sonetista, fabulista e prefaciador, entre outras atividades que já havia exercido
anteriormente antes de dedicar-se a vida de poeta.
Como sonetista de primeira, obteve um sucesso esplendido com o soneto Apelo, onde
teve 160 versões para 95 idiomas e dialetos, é o soneto português mais traduzido para idiomas
estrangeiros. A obra de Wanke é extensa e variada, dentre as principais destacam-se: “Nas
minhas horas” (poesia, 1953), “Microtrovas” (1961), “Os homens do planeta azul” (sonetos,
1965), “Os campos do nunca mais” (poesia, 1967), “Via dolorosa” (sonetos religiosos, 1972),
“A trova” (estudo, 1973), “A trova popular” (estudo, 1974), “A trova literária” (estudo, 1976),
“Reflexões marotinhas” (pensamentos humorísticos, 1981), “Vida e luta do trovado Rodolfo
Cavalcante” (biografia, 1982), “A carpintaria do verso” (didática da metrificação, 1982, 1989,
1990 e 1994), “De rosas e de lírios” (mini contos, 1987), “O acendedor de sonetos” (líricos,
1991), “Alma do século” (sonetos, 1991), “Fábulas” (1993), “Adelmar Tavares, um trovador
ao luar” (biografia, 1997), “Antologia de sonetos sobre a trova” (1998), “Contos bem-
humorados” (1998), “Faris Michaele, o tapejara” (biografia, 1999), “Elucidário métrico”
(metrificação, 2000) e “Aparício Fernandes, trovador e antologista” (biografia, 2000). Sem
dúvida foi um escritor exuberante, fabuloso, multiforme e polivalente.
Seguindo a noção tradicional, se considera a tradução como busca de equivalências –
tanto de forma quanto de conteúdo – entre as línguas envolvidas, então traduzir poesia
consiste em procurar repetir a mesma associação acima citada na língua de chegada; em
última instância, tal tarefa implica equacionar unidades de som e sentido a fim de configurar
uma significação ao mesmo tempo distante da linguagem coloquial e o mais próxima possível
daquela supostamente pretendida pelo autor do ‘original’. Todavia, esta tarefa esbarra tanto na
assimetria entre línguas quanto na condição inferior conferida ao tradutor, o qual não deteria
uma habilidade poética a ser equiparada à do gênio criativo.
Em virtude de tamanhas exigências, disseminou-se a idéia de que “a poesia, por
definição, é intraduzível” (JAKOBSON, 1970, p. 72), fato que explica a frequente adesão, por
parte de críticos literários, de termos como ‘versão’, ‘adaptação’ e “transcriação” para se
referirem à traduções poéticas; seu uso aponta, sumariamente, para a crença difundida de que
tais produções não podem ser encaradas como traduções no sentido convencional, norteadas
por criatividade e liberdade ao invés da velha fidelidade pretendida.
O ato de traduzir encarrega o tradutor a executar inúmeras funções, sendo estas
algumas vezes um pouco difíceis, pois a verdadeira missão do tradutor é fazer a transposição
adequada diante aquilo em que se propôs a traduzir. Muitas vezes o poema não é deixado
igual como estava na língua de partida, pois cada língua possui suas peculiaridades e palavras
que, algumas vezes, não constam na língua de chegada. Tudo o que é traduzido passa a ser
“outro original” em cima daquele que fora traduzido.
Para se ter uma visão mais ampla do que irá ser tratado neste artigo, fica evidente que
se tenha um conhecimento prévio do que é um soneto, e para isto Norma Goldstein o define:

O poema de forma fixa mais encontrado é o soneto. Composto de dois quartetos e


dois tercetos, o soneto apresenta, geralmente, versos de dez ou doze sílabas.
Aparecem rimas de um tipo nos quartetos (AB), e de outro, nos tercetos (CD). O
soneto costuma conter uma reflexão sobre o tema ligado à vida humana. (2003,
p.57)

Goldstein ressalta:

Como toda obra de arte, o poema tem uma unidade, fruto de características que lhe
são próprias. Ao analisar um poema, é possível isolar alguns de seus aspectos, num
procedimento didático, artificial e provisório. Nunca se pode perder de vista a
unidade do texto a ser recuperada no momento da interpretação, quando o poema
terá sua unidade orgânica restabelecida”. (2003, p. 05)

Abaixo encontram-se as duas versões do soneto Apelo no qual se desenvolverá tal


análise, a versão original foi escrita por Eno Teodoro Wanke em português e a tradução foi
feita por Zelindo Ranieri para o italiano. Serão apontadas algumas características peculiares
que foram encontradas na tradução em questão a fim de delimitar as perdas e ganhos, se o
contexto do poema mesmo sendo passado para outra língua continua igual ou parecido. Sabe-
se que o tradutor possui uma responsabilidade muito grande com relação a sua transposição,
pois algumas vezes pessoas não capazes tentam efetuar esse translado e acabam
“assassinando” o texto fonte, trocando seus contextos e colocando a mais coisas que até então
não se encontravam no original, ou vice-versa, tudo o que desejamos fazer temos que ter a
plena consciência do seu resultado, caso não seja satisfatório ou não estejas habilitado a fazer
é melhor não se arriscar. Os riscos por vezes tomam dimensões até então não esperadas.
APELO CHIAMATO

Eno Theodoro Wanke Zelindo Ranieri

Eu venho das lições dos tempos idos, Vengo dai fili di vecchi tempi e guardo,
e vejo a Guerra no horizonte armada. E vedo Guerra all'orizonte armata.
Será que os homens bons não fazem nada? Che fanno i buoni, se han dimenticata
Será que não me prestarão ouvidos? La pace? O non ascoltan per riguardo?

Eu vejo a Humanidade manejada Vedo l'Umanità tesa al codardo


em prol dos interesses corrompidos. Interesse corrotto' ed umiliata.
É mister acabar com esta espada É d'uopo già finir con questa spata
suspensa sobre os lares oprimidos! Pendente sugli oppressi e grida il bardo!

É preciso ganhar maturidade É giusto guadagnar la maturezza


no fomento da paz e da verdade, Nel fomento di pace e verità,
na supressão do mal e da loucura. . Nel sopprimerc il male e la stoltezza.

Que a estrutura econômica da guerra La struttura economica di guerra


se faça em pó! E reinem sobre a Terra Che si detenga! E regni sulla Terra
os frutos do trabalho e da fartura! Il frutto deI lavoro e I'onestà!

Observando a tradução realizada por Renieri, percebe-se que foram deixadas as rimas
emparelhadas dos sonetos, o tradutor optou por fazer uma tradução mais “fiel”, ou seja, tentou
deixar mais parecida com a original que partiu da língua portuguesa para o italiano. Detectou-
se significados diferenciados entre algumas palavras, como no caso da última estrofe, a
palavra em português colocada pelo poeta Wanke foi “fortuna!”, já na tradução foi trocada
por “l’onestà” que significa honestidade e não fortuna. Na frase “Será que os homens bons
não fazem nada?” temos a presença da palavra “homens”, já na tradução esta mesma palavra
foi retirada “Che fanno i buoni, se han dimenticata” mudando um pouco o contexto do soneto
original.
Fica evidente que o ato de traduzir requer muito conhecimento do tradutor diante
aquilo que ele se empenhou a traduzir, não basta somento ter o conhecimento prévio da língua
de partida, o tradutor tem que possuir um feeling para tal feitiu, pois não é qualquer pessoa
que consegue transpor e transladar palavras de uma língua para outra, sendo que este simples
fato de traduzir envolve cultura e riquezas de países diferenciados entre si, pois pode-se
perceber na tradução feita para o italiano do soneto Apelo que ocorreu perdas em palavras que
no português fazia sentido no contexto do soneto mais no decorrer da tradução fica claro que
o autor optou por não colocar a mesma palavra na tradução para o italiano, pois existem
significados e conotações diferenciados de ambas as línguas. Graças as traduções existentes
podemos conhecer as diferentes culturas que habitam o mundo, imagine se não houvessem os
tradutores? Nunca iriamos saber, por exemplo, como foi a história de Jesus que esta inscrita
na Biblía, por ter sido traduzida para diversos idiomas é que temos conhecimento de sua
existência e importância. Cabe aos tradutores não banalizarem esta profissão que a cada dia
cresçe tomando proporções gigantescas.
Referências

BASSNETT, Susan. Estudos de Tradução. Porto Alegre. Editora da UFRGS, 2005.

BENJAMIN, Walter, A tarefa- Renúncia do tradutor (Die aufgabe des übersetzers), 2001,
Clássicos da Teoria Bilíngüe, Antologia Bilíngüe, Volume I, Alemão- Português, Werner
Heiderman (org.), Universidade Federal de Santa Catarina, CCE/DLLE- Núcleo de Tradução:
Florianópolis.

BORGES, Jorge Luis. Obras Completas. Emecé Editores: Buenos Aires - Argentina, 1974.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13ª edição. São Paulo. Editora Ática, 2003.

JAKOBSON, Roman. Lingüística; poética; cinema. São Paulo: Perspectiva, 1970.

MAILLOT, Jean. A tradução científica e técnica. Tradução Paulo Rónai. São Paulo,
McGraw-Hill do Brasil. Brasília, Ed. Na Universidade de Brasília, 1975.

Site
Clube da poesia. Disponível em:
<http://www.clubedapoesia.com.br/sonetos/sonfamcont.htm>. Acessado 13 dezembro.

Anda mungkin juga menyukai