Trotskismo X Leninismo
Lições da História
Harpal Brar
Tradução – Pedro Castro
Parte II
Socialismo em um Só País
Capítulo 5
Socialismo em um Só País .......................................................................... ..............................3
Capítulo 6
Coletivização - A Construção do Socialismo no Campo.................................................... 24
Parte II
Socialismo em um Só País
Lênin
Capítulo 5
Socialismo em um Só País
A posição de Trotsky
Assim, a posição de Trotsky não era mais que uma nova variante do menchevismo. Os
mencheviques russos diziam: 'A Rússia é um país atrasado, e portanto a única
possibilidade é uma revolução burguesa, que dará um ímpeto ao desenvolvimento do
capitalismo na Rússia'. Trotsky dizia: 'Não. uma revolução proletária é possível porém,
a menos que ela seja rapidamente seguida por uma revolução proletária na Europa,
está condenada ao colapso.' Assim, pode-se ver que não há desacordo básico entre as
visões menchevique e trotskista. Ambas acreditam ardentemente que era impossível
para a Rússia construir o socialismo por si própria, devido ao seu atraso.
(1) Poderia seguir o conselho de Trotsky e declarar que, "na ausência do apoio
estatal direto do proletariado europeu", o proletariado russo não poderia permanecer
no poder, muito menos construir o socialismo, e deveria fazer a paz com a burguesia
internacional e nacional e passar o poder do Estado para a mesma classe que dele
tinha sido privada em outubro de 1917 e assim demonstrar que a classe operária era
incapaz de dirigir e construir o socialismo; ou
"O que é necessário para que os proletários do Leste conquistem seu caminho
para a vitoria'? Antes de tudo, eles necessitam de fé em seus próprios poderes; uma
convicção de que a classe operária pode seguir em frente sem a burguesia; a convicção
de que a classe operária é competente, não apenas para destruir o velho, porém
igualmente para construir o novo, para construir o socialismo. O principal esforço dos
socíal-democratas, os reformistas, é introduzir o ceticismo no pensa-mento dos
operários, fazer com que eles duvidem de seus próprios poderes, duvidem de sua
"O significado histórico do 14° Congresso do PCUS(B) reside no fato de que ele
foi capaz de expor as próprias raízes dos erros da Nova Oposição [isto é. Zinoviev,
Kamenev e Trotsky], que ele rejeitou seu ceticismo e suas lamúrias, que claramente e
distintamente indicou o caminho da luta subseqüente pelo socialismo, abriu diante do
partido a perspectiva de vitória e assim armou o proletariado com uma fé invencível na
vitória da construção socialista" (Problems of Leninism).
Os mais ignorantes dos trotskistas muitas vezes afirmam que Stalin era um
nacionalista limitado, enquanto Trotsky era um internacionalista, porque Stalin queria
o socialismo na URSS, enquanto Trotsky queria o socialismo em toda parte, uma
revolução mundial. Se fosse verdade que Stalin queria uma revolução apenas na
Rússia, e não em toda parte, então esta acusação trotskista teria alguma substância. O
fato verdadeiro é que esta acusação é uma mentira monstruosa e apenas um dos
muitos exemplos que demonstram o abismo em que o trotskismo tinha caído, ao
depreciar um dos grandes dirigentes do Partido Bolchevique, o camarada Stalin. Quem
Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 5
Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte II
quer que tenha algum respeito pela exatidão histórica e cuide de olhar os documentos
que dizem respeito à controvérsia em questão verificará que não havia diferença
alguma de opinião dentro do Partido em relação à desejabilidade e necessidade de
seguir uma política internacionalista proletária -a política de fornecer ajuda fraterna
aos proletários de outros países engajados em lutas decisivas. O Partido Bolchevique
sob a direção de Stalin compreendeu plenamente a importância de seguir, e seguiu,
uma política internacionalista proletária, porque reconhecia plenamente que a
verdadeira consolidação do socialismo na URSS só poderia ter lugar após a vitória do
proletariado em outros países. Todas as revoluções e lutas revolucionárias apóiam-se
mutuamente entre si. Citemos, para beneficio dos trotskistas ignorantes, o conhecido
pronunciamento sobre este assunto do camarada Stalin (o mesmo Stalin, cujo nome
basta ser mencionado para que os trotskistas e outros reacionários comecem a
espumar de raiva - embora espumar e mostrar sinais de delírio não sejam resposta
para os duros fatos):
Assim, está claro que não havia diferenças de princípio no PCUS(B) quanto à
necessidade de seguir a política internacionalista. Havia, entretanto, diferenças quanto
ao teor desta política internacionalista. Baseando-se em sua notória teoria da
'revolução permanente', de acordo com a qual o socialismo não poderia ser construído
na Rússia sem ajuda de uma revolução proletária vitoriosa na Europa. Trotsky advogou
varias vezes políticas aventureiristas, a fim de exportar a revolução socialista para a
Europa. Essas políticas de aventureirismo, inspiradas numa falta de fé na capacidade
da classe operária e do campesinato russos em construir o socialismo sem auxílio de
fora, foram natural e duramente rejeitadas pelo Partido.
Outro mito espalhado pelos trotskistas é de que foi Stalin, em 1924, a primeira
pessoa a levantar a questão do 'socialismo em um só país', e que antes ninguém tinha
seriamente considerado a possibilidade de construção do 'socialismo em um só país'.
Que isto é uma mentira mostra o fato de que, já em 1915, Lênin tenha dito:
(2) a fusão do capital banqueiro com o capital industrial e a criação, com base
neste 'capital financeiro', de uma oligarquia financeira;
Lênin resume todas estas conclusões em uma conclusão geral de que "o
imperialismo é a véspera da revolução socialista".
Esperamos que esteja agora claro que a questão que diz respeito à
possibilidade de construção do socialismo com sucesso em um único país não foi
abordada pela primeira vez por Stalin. Foi abordada por Lênin já em 1915, e
novamente ainda pouco antes da sua morte. Assim, os ataques trotskistas a Stalin
sobre a questão da construção do socialismo em um só país são de fato ataques a
Lênin e ao leninismo4. Isto deve ser entendido por todo operário revolucionário.
"O socialismo demonstrou sua orientação para a vitória", dizia Trotsky, "não
nas páginas de O Capital, porém em uma arena industrial que compreende um sexto
da superfície da terra, não na linguagem da dialética mas na linguagem do aço,
cimento e eletricidade. Mesmo se a União Soviética, como um resultado das
dificuldades, golpes externos e os erros de sua direção, entrasse em colapso - o que nós
firmemente esperamos que não aconteça [a natureza real das esperanças de Trotsky,
entretanto, foi revelada pelos Julgamentos de Moscou] permaneceria como uma
garantia do futuro o fato indestrutível de que, graças apenas a uma revolução
proletária um país atrasado alcançou em menos de dez anos sucessos sem precedentes
na história" (Trotsky, A Revolução Traída).
(i) a maioria das fábricas era velha e equipada com maquinário gasto e antiquado;
(ii) não havia fábricas de bens de capital; e (iii) não havia indústria pesada digna de
nota. Tudo isso estava para ser retificado pela adoção da política de industrialização
socialista. Além disso, era preciso criar uma indústria de munições nova, para a defesa
do primeiro Estado da classe operária. Era também necessário construir fábricas para a
produção de maquinário agrícola e prover a agricultura com este maquinário, a fim de
capacitar milhões de pequenos fazendeiros individuais a passarem à fazenda coletiva
de larga escala, e assim assegurar a vitória do socialismo no interior do país. Em
resumo, tinham de ser criadas muitas indústrias que nunca tinham existido na Rússia.
Deve-se dizer, para grande crédito e glória das massas soviéticas, que o Partido
Bolchevique e seu tarimbado e experimentado dirigente, camarada Stalin, superando
todas as dificuldades, técnicas e financeiras e derrotando os esquemas da intervenção
imperialista, bem como esmagando os planos e conspirações dos reacionários internos
números do incremento em capital fixo agrícola, para o mesmo período, foram de 100
(em 1931), 141 (1928) e 333 (em 1940) (ver págs. 26 e 30).
"Por paradoxal que possa parecer, a acumulação forçada foi uma fonte não
apenas de privação e de inquietude, mas também do heroísmo soviético... A juventude
soviética, nos anos 1930, fundou o heroísmo no trabalho em fábricas e na construção
de lugares como Magnitogosrk e os Kuznetsk..." (p. 305-6).
Tudo isso teve lugar não por causa da sensibilidade do regime soviético para
com o terrível infortúnio da classe operária; teve lugar para assegurar a sobrevivência
da URSS e do socialismo na URSS. Sem dúvida, a União Soviética poderia ter facilmente
melhorado o padrão de vida do povo soviético a um grau muito mais alto do que
realmente aconteceu, dando grande ênfase ao desenvolvimento da indústria leve,
produzindo mais bens de consumo, construindo mais casas e assim por diante. Teria
isso assegurado sua sobrevivência na guerra então iminente? Ninguém deve esquecer
que as bestas nazistas saquearam, puseram fogo e destruíram 1.710 cidades e mais de
70.000 vilas e aldeias, tornando 25 milhões de cidadãos soviéticos desabrigados e
privados de proteção (ver 40 Years of Soviet Power). Somente a industrialização furiosa
dos anos entre 1928 e 1940, com sua ênfase na indústria pesada, metalúrgica e de
bens de capital, e o desenvolvimento de uma indústria de armamentos moderna,
poderia ter salvo (e salvou) a URSS frente ao violento ataque dos nazistas. Somente tal
industrialização, combinada com a coletivização, poderia ter permitido ao povo
soviético ingressar no moderno mundo da maquinaria, arrancar milhões de
camponeses iletrados de suas vidas medievais.
"Isto sem dizer que a vitória histórica sobre os exploradores não poderia senão
levar a uma melhora radical no padrão material do povo trabalhador e em suas
condições gerais de vida.
A aparência de nossos distritos rurais mudou ainda mais. O velho tipo de vila,
com a igreja no lugar mais proeminente, com as melhores casas - aquelas do oficial da
polícia, do padre e dos kulaks-no primeiro plano e os barracos dilapidados dos
camponeses no segundo plano estão começando a desaparecer. Seu lugar está sendo
tomado por um novo tipo de vila, com suas construções de fazendas públicas, com seus
clubes, radio, cinemas, escolas, livrarias e creches. Com seus tratores, colheitadeíras,
máquinas debulhadoras e automóveis. Os personagens mais importantes da vila, o
explorador kulak, o usurário sanguessuga, o mercador extorsivo, o chefe de polícia
'paizinho' desapareceram. Agora, os personagens importantes da vila são os
trabalhadores dirigentes nas fazendas coletivas, nas escolas e nos clubes; os motoristas
de tratores e colheitadeíras seniores, os chefes de equipe dos trabalhos de campo e
criação de gado e os melhores trabalhadores, homens e mulheres, nos campos das
fazendas coletivas" (Problems of Leninism, pp. 612-619).
"Esta idéia está correta. Não obstante, por meio de obras literárias e históricas
estamos constantemente sendo pressionados a identificar aqueles que foram
reprimidos nas guerras de classes que ocorreram sob os nomes de industrialização e
coletivização. Eles nos ensinam que a repressão é 'sempre desumana' e que não é
permissível em um país civilizado fazer mal a qualquer grupo social particular, seja ele
realmente explorador ou classificado como tal.
Teria sua industrialização sido possível sem a pilhagem do ouro e da prata dos
reis indianos - pilhagem que foi acompanhada pelo extermínio de 60 milhões de índios
americanos? Teria sido possível sem o monstruoso banho de sangue levado a efeito na
África, isto é, o negócio da escravidão? Os experts da UNESCO estimam as perdas
africanas em 210 milhões de pessoas, incluindo aquelas assassinadas em incursões,
aquelas mortas em rota e aquelas vendidas na escravatura. Teria nossa
industrialização sido possível sem a colonização que transformou povos inteiros em
prisioneiros em seu próprio país?
acham tão difícil reconhecer. De acordo com Kuromiya, a filiação ao Partido cresceu de
1,3 milhão em 1928 para 1, 6 milhão em 1930. Durante o mesmo período, a
porcentagem de operários industriais foi de 5 7% para 65% - sendo 80% dos novos
membros trabalhadores da brigada de choque. Em sua maior parte eram pessoas
relativamente jovens que tinham educação técnica, ativistas do Konsomol que tinham
se distinguido como operários modelo, que estavam ajudando a racionalizar a
produção racional e estavam obtendo altos índices de produtividade (ver págs. 319 e
115).
Notas
2. Visto não ter o proletariado europeu tomado o poder, devido, entre outras
coisas, à traição da social-democracia oficial, a posição do PCUS referente à construção
exitosa do socialismo na URSS era o único caminho revolucionário. Enquanto o povo
soviético, sob a bandeira do marxismo-leninismo e sob a direção correta do PCUS(B),
chefiado pelo camarada Stalin, diligentemente cumpriu a tarefa de construção do
socialismo, e com isso ajudou a desenvolver a revolução mundial, os tontos e
oportunistas incorrigíveis trotskistas começavam sua longa espera, em vão, pela
revolução mundial. A este respeito, deve-se dizer, que a posição do trotskismo era
idêntica àquela do kautskismo, o tipo de oportunismo apregoado por aquele mesmo
Kautsky cuja traição ao proletariado teve tão considerável papel na derrota do
proletariado europeu, e cuja ideologia colocou-se a serviço da burguesia européia em
oposição ao bolchevismo, à Grande Revolução de Outubro e à construção do
socialismo na URSS. Vale à pena apresentar ao leitor uma amostra do kautskismo
sobre o tema em discussão. Eis o que disse Kautsky, à maneira de um ataque aos
bolcheviques, em 1918:
1928, por exemplo, Trotsky escreveu sobre "a diminuição do fosso entre a índia e a
Inglaterra"! Da posição de rejeição da lei de desenvolvimento desigual do capitalismo,
Trotsky passa, em oposição direta ao leninismo, para a errônea - não, contra-
revolucionária - conclusão de que uma revolução nacional não é possível, porque, dizia
o trotskismo, o imperialismo aboliu a economia nacional e criou uma única economia
mundial. Justamente, como não pode haver revolução socialista em uma só parte de
um país (isto é, parte de uma economia nacional integrada), então, dizia o trotskismo.
não pode haver uma revolução nacional, porque a economia nacional é parte de uma
única economia mundial integrada. Assim, de acordo com o trotskismo, a revolução
mundial - uma revolução em todos os países do mundo - deve ter lugar
simultaneamente em todos os lugares. País após país deve alcançar a revolução
socialista numa sucessão rápida, justamente como aconteceria em diferentes partes
de um país em uma revolução nacional. Se a visão de Trotsky da realidade fosse
correta, não teria havido a construção do socialismo na URSS. Porém, o sucesso da
construção do socialismo na URSS forneceu a prova viva do abismo que havia entre a
realidade e o trotskismo, da natureza completamente e incorrigivelmente oportunista
do trotskismo, de seu conteúdo interno contra-revolucionário.
Crankshaw segue dizendo: "Porém, além de ser história de uma época e um ato
de homenagem às inúmeras vítimas e aos sofrimentos do povo soviético como um
todo, sua narrativa tem acima de tudo o objetivo de estabelecer as bases necessárias
não apenas para a rejeição absoluta das tentativa de atribuir grandeza a Stalin mas
também, mais profundamente, para a abertura de uma discussão inteligente da
natureza da revolução de Lênin e de sua perversão.
Aqui é onde Laocoonte1 surge. Como o Professor Joravsky (cuja edição merece
todo louvor) assinala em sua introdução, grande parte do impacto extraordinário do
livro como um todo deriva da tensão constante criada pelas contradições inerentes à
sua tese central. Como diagnosticar o "desastre" stalinista sem condenar o sistema
soviético e seu progenitor, Lênin? Nós caminhamos com o autor sobre um fio de
navalha."
Como está certo o Professor Joravsky ao detectar esta contradição inerente! Ele
está muito certo ao destacar que a "doença stalinista" não pode ser
diagnosticada "sem condenar o sistema soviético e seu progenitor, Lênin". Toda
tentativa deste gênero fracassa, e todos os que condenam o 'Stalinismo' estão
obrigados a acabar condenando o leninismo. Não é à toa que Crankshaw termina sua
crítica expressando a esperança de que Medvedev "possa ainda um dia corrigir a
fraqueza [a incapacidade de Medvedev de diagnosticar a "doença stalinista" pela
condenação de Lênin], o que seria uma façanha muito notável.
De forma parecida, Mervin Jones, em sua crítica do mesmo livro (New Statesman,
14 abril de 1972), comenta que "mesmo seus capítulos analíticos respondem a
questão 'Como?' mais do que a questão 'Por quê?'. Ele adota sem objeção a doutrina
das 'normas leninistas', assume que Lênin esteve sempre certo e diz-nos que Stalin
'liquidou quase completamente a democracia socialista que era um dos principais
resultados da revolução de Outubro' - sem perguntar quanto esta democracia tinha
sido erodida na época de Lênin, e ainda menos se ela realmente existiu. Ele até
mesmo traça um contraste entre a polícia secreta Stalinista e a Cheka, escrupulosa,
humana, que afinal de contas liquidou 6.000 pessoas sem julgamento em 1918 e foi
autorizada por Lênin a embarcar em um 'terror vermelho maciço'. Diz-nos que a
teoria da revolução permanente de Trotsky estava 'errada' e que a teoria da
acumulação primitiva de Preobrazhensky estava 'incorreta', despachando
sumariamente questões altamente complexas. O pior lapso surge quando Medvedev
afirma solenemente que Beria era um agente antibolchevique em 1919 e que isso foi
'estabelecido' por seu julgamento em 1953 - um julgamento que foi certamente
secreto e provavelmente não existiu. Infelizmente é difícil mesmo para o mais
honesto produto do regime soviético livrar-se dessa camisa-de-força mental."
Em outras palavras, Mervyn Jones diz que não se pode condenar Stalin sem
condenar o sistema soviético e o leninismo. E ele está certo. Certamente, não é preciso
dizer, Mr. Jones gostaria de ver condenado não apenas o 'stalinismo' mas também o
leninismo e o sistema soviético. Os revolucionários, entretanto, extrairiam a lição
oposta e não deveriam condenar Stalin, pois tal condenação conduz diretamente à
condenação do leninismo e do sistema soviético. Stalin não fez mais nem menos do
que aplicar o leninismo às condições da URSS na construção do socialismo. Pode-se
assim ver que, quando os trotskistas, revisionistas e outros condenam Stalin, eles estão
de fato condenando o leninismo, a despeito de alguns desejos subjetivos em contrário
que alguns desses cavalheiros podem ter.
"Eu sou contra tal emenda. Não se exclui a possibilidade de que a Rússia será o
país que desbravará a estrada para o socialismo. Nenhum país até aqui tem
conjugado tal liberdade no tempo da guerra como a Rússia fez, ou tem tentado
introduzir o controle da produção pelos operários. Em nosso país, os operários estão
apoiados pelos estratos mais pobres do campesinato. Por último, na Alemanha o
aparato estatal é incomparavelmente mais eficiente do que o aparato imperfeito de
nossa burguesia ... Devemos descartar a idéia antiquada de que só a Europa pode
mostrar-nos o caminho."
Capítulo 6
O papel da direção
A segunda dessas políticas erradas foi aquela advogada por Trotsky e Zinoviev.
Esta política era repleta de aventureirismo, porque propugnava um ataque
aos kulaks prematuramente em 1925, antes que o proletariado tivesse feito uma
aliança com o campesinato médio e antes que os fazendeiros ricos tivessem sido
substituídos pela fazenda estatal soviética e pelas fazendas coletivas na esfera da
produção de grãos.
Por estas razões pode-se ver que a política advogada por Trotsky e Zinoviev era
ainda mais perigosa do que a advogada pelo grupo Bukharin-Rykov. Se seguida em
1925, teria isolado o governo soviético e a classe operária do campesinato médio, que
teria sido recrutado pelo campesinato rico. Esta política teria colocado o governo
soviético em "colisão hostil", para usar a expressão favorita de Trotsky, com a maior
parte do campesinato e, assim, anteciparia o cumprimento das profecias de morte,
destruição e desespero de Trotsky.
discutir com qual deles estamos mais preparados para lutar. Se vocês perguntarem se o
Partido está melhor preparado para encetar uma luta implacável contra os kulaks ou
(ignorando os kulaks, por enquanto) entrar em uma aliança com o campesinato médio,
acredito que noventa e nove comunistas em cada cem diriam que o Partido está
melhor preparado para agir em torno de um slogan: 'Vamos enfrentar os kulaks!' Se
fôssemos deixar aqueles camaradas seguirem seu caminho, os kulaks reagiriam
prontamente. A respeito da política rival, a política daqueles que, em lugar de
tentarem destruir os kulaks de imediato, querem perseguir o plano mais complicado de
isolá-los, entrando em aliança com o campesinato médio - isto é algo que os
camaradas não estão prontos para aceitar. Daí porque acredito que o Partido, em sua
luta contra esses dois desvios, deve concentrar seu fogo sobre o segundo
desvio [procurando destruir os kulaks imediatamente]" ("Stalin, Discurso de
Abertura no 14° Congresso do Partido).
para resolver esta situação foi uma mudança no sentido da fazenda de grande escala,
que permitiria o uso de tratores e de outras maquinas agrícolas modernas e com isso
aumentar a produção de alimentos, bem como da parte comercializável. O Estado
soviético tinha uma alternativa: poderia adotar a fazenda capitalista de grande escala,
o que teria arruinado as massas do campesinato, destruído completamente a aliança
entre a classe operária e o campesinato e fortalecido enormemente
os kulaks, impedindo assim para sempre a possibilidade de construção do socialismo
no campo; ou poderia adotar a alternativa socialista de amalgamento do campesinato
pequeno, reunido em fazendas socialistas de grande escala, que não somente
permitiria o uso dos tratores e maquinário para aumentar a produção agrícola, como
também fortaleceria a aliança entre a classe operária e o campesinato e causaria um
abalo nos kulaks e seus sonhos de restauração do capitalismo.
"Não há como escapar da pobreza pela pequena fazenda" (Selected Works, Vol.
8, p. 195).
"Se continuarmos como antigamente com nossas pequenas fazendas, ainda nos
defrontaremos com a ruína inevitável" (Selected Works, Vol. 6, p. 198).
"Qual é o caminho?"
Assim, está claro que estava lançada a base para o encontro das duas
tendências oportunistas e reacionárias e sua transformação em uma única frente única
contra o Partido. A teoria da 'revolução permanente' e a teoria do 'apaziguamento da
luta de classes' levavam inexoravelmente as duas tendências oportunistas a um ponto
de encontro comum. O inevitável aconteceu: as duas tendências oportunistas
encontraram-se e uniram-se em sua oposição à política revolucionária do Partido
Bolchevique e formaram uma oposição compacta e sólida ao Partido. A partir daí,
então, os capitulacionistas trotskistas e zinovievistas e o grupo bukharinista de
oportunistas de direita passaram a agir em conjunto. Falaremos mais sobre isso
quando tratarmos dos julgamentos de Moscou.
A resistência dos kulaks e as medidas tomadas pelo Partido para conter esta
resistência
"A tarefa fundamental do Primeiro Plano Qüinqüenal", disse Stalin, "era criar
em nosso país uma indústria que fosse capaz de reequipar e reorganizar, não apenas o
conjunto da indústria, mas também o transporte e a agricultura - sobre a base do
socialismo" (Stalin, Problemas of Leninismo).
Contudo, isto não significa que o Estado proletário não tenha usado de força
contra os kulaks e seus agentes, os sabotadores e traidores que recorreram a
assassinatos e sabotagem para se opor à construção do socialismo e que desejavam
restaurar o capitalismo. A ditadura do proletariado exerceu sua ditadura sobre
os kulaks, sobre a minoria dos exploradores, no interesse mais amplo da maioria do
povo soviético - os trabalhadores e os camponeses - no sentido de assegurar que os
capitalistas dominantes não assumissem o poder outra vez. O Estado proletário
exerceu sua ditadura porque este era exatamente o propósito especifico para o qual
ele existe. Não teríamos plena justificativa de reprová-lo se não agisse assim,
cumprindo uma de suas funções principais? Para tornar mais clara a posição marxista
Engels: "... se o Partido vitorioso [em uma revolução] não quer ter lutado em
vão, deve manter este domínio por meio do terror que suas armas inspiram aos
reacionários. Teria a Comuna de Paris subsistido apenas um dia se não tivesse feito uso
desta autoridade do povo armado contra a burguesia? Não se deveria, ao contrário,
reprová-la se não a tivesse usado o bastante?..." (Sobre Autoridade).
porém com a finalidade de subjugar seus adversários e, logo que for possível falar de
liberdade, o Estado como tal cessa de existir..." (Carta a A. Bebel, Março 1875).
A política de eliminação dos kulaks como uma classe e as razões para a adoção de tal
política
"O princípio diretor em relação aos kulaks deve ser um 'sistema de contrato'
férreo [um sistema pelo qual os fazendeiros ricos iriam suprir o Estado com uma certa
quantidade de seus produtos, a preços fixos]" [Trotsky, Carta Aberta aos Membros do
Partido Comunista da União Soviética, 23 de março de 1930).
Cabe agora a cada um formar seu próprio juízo sobre as políticas advogadas por
Trotsky e Cia. em relação à questão da coletivização e da eliminação dos kulaks.
"A última esperança dos capitalistas de todos os países, que estão sonhando em
restaurar o capitalismo na URSS - 'o sagrado princípio da propriedade privada' - está
em colapso e desaparecendo. Os camponeses, que eles consideravam como material
adubador do solo para o capitalismo, estão abandonando em massa a celebrada
bandeira da 'propriedade privada', estão tomando o caminho da coletivização, o
caminho do socialismo. A última esperança para a restauração do capitalismo está se
desmoronando (Stalin, Problems of Leninism)."
(c) ensejou ao regime soviético uma base socialista na agricultura - o ramo mais
extenso e vitalmente necessário, embora menos desenvolvido, da economia nacional.
(a) a produção industrial na URSS agora tinha alcançado 70% da produção total,
e o país tinha se transformado de agrário em industrial;
(c) os kulaks tinham sido eliminados como uma classe e o sistema econômico
socialista tinha se tornado predominante na esfera da agricultura;
(2) Desde o 20° Congresso do PCUS, o poder estatal na União Soviética foi
usurpado por uma quadrilha de renegados revisionistas, que não representam os
interesses da classe operária, mas apenas de seu estrato privilegiado, e que estão
tentando restaurar o capitalismo na URSS. Eles têm perseguido políticas reacionárias,
internamente e na esfera das relações internacionais. Assim, o período pós-20°
Congresso não deveria ser confundido com o período anterior a este Congresso.
Porém, a fim de confundir a classe operária e corromper as massas, os trotskistas
fizeram justamente isso. Por exemplo, eles descrevem a direção do PCUS e mesmo de
todos os partidos revisionistas do mundo como 'stalinista'. Ora, é bem sabido que os
revisionistas soviéticos denunciaram o camarada Stalin. Contudo, todo ato revisionista
deles é descrito como 'stalinista'. É uma atitude ridícula quando os trotskistas
Trotsky não teve opção senão reconhecê-lo relutantemente, embora ao mesmo tempo
tenha atribuído todo sucesso na construção socialista à "propriedade socializada". Que
este sucesso não foi devido apenas à "propriedade socializada" mas também à
qualidade da direção, esperamos já ter plenamente demonstrado.
155