Anda di halaman 1dari 4

Verdades e Emoções

Aula de entrevista de Julio Wainer no Curso de Documentário da AIC

Valores centrais:
. Autenticidade, espontaneidade, veracidade, originalidade.
Qualquer interferência (técnica ou humana) que prejudiquem a preservação desses
valores deve ser cuidadosamente avaliada pelo diretor, e a forma de continuidade da
sessão pode ser radicalmente revista.

Organização de trabalho O cinegrafista orienta posicionamento do entrevistado, do


entrevistador e da própria câmera em função de 1)
iluminação do ambiente e 2) imagem de fundo. É o
cinegrafista quem dá o comando para que a entrevista inicie
ou seja interrompida por questões técnicas (barulhos, luz
excessiva, etc).

Desde o primeiro momento do encontro, o entrevistador


deve criar uma cumplicidade com o entrevistado. Está com
ele (a), está para ele (a), ajudando para que o conteúdo
fique mais claro possível para quem assiste. Mas não é só
isso...

Há que ter em mente a dimensão de enfrentamento, que às


vezes se faz necessária, seja pela necessidade de pauta, seja
pelo perfil do diretor/entrevistador, ou seja ainda para se
obter uma reação diante de um entrevistado apático.

Imagem da câmera Câmera no entrevistado. O “foco” será encontrado na


imagem com zoom “fechado”. O cinegrafista deverá
verificar também a imagem “aberta” ao máximo,
antecipando a imagem de fundo e movimentações
indesejadas (superfícies com luminosidade inconstante
como carros que passam, gente circulando com camisas
brancas, etc).

Condução das respostas Entrevistado terá falas mais longas e sempre discursivas.
As perguntas serão indiretas (tipo “fale sobre a sua família”
e não “Você tem irmãos?” Quantos? Homens ou mulheres?
que “derrubam” a edição)

Condução das respostas Não é problema a estruturação de respostas deforma


instantânea, para deixá-las mais claras. Pode-se pedir: -
Você pode repetir essa resposta começando com “ A minha
família é...” ? Agradeço!
“Combinados” antes do início da gravação não funcionam,
tendem a ser esquecidos ao longo da sessão.
Repetição de perguntas A eventual repetição de assuntos (redundância) pode ser
positiva, pois será editada a melhor resposta.
Frequentemente uma segunda resposta de um mesmo
assunto é mais organizada, mais compacta e mais clara.
Ao se insistir em um mesmo assunto, pode-se repetir a
mesma pergunta mais adiante, de outra forma, para que o
entrevistado não desanime, ache que “falou errado”, enfim,
para que não se comprometa sua autoconfiança.

Olhar do entrevistador O entrevistador deve dar apoio visual ao entrevistado, olho


no olho, mantendo o andamento sem palavras
(exclamações, hã-hã, que só atrapalham a edição). Evitar
fazer anotações ou outras formas de dispersão. É o
entrevistador quem conduz o tom do encontro, estabelece a
mantém a confiança na relação, que garante a evocação dos
conteúdos. É o entrevistador que dá o clima da entrevista,
energizando-a quando necessário, animando-a,
descontraindo, enfim, direcionando os assuntos e a forma
como emergem.
Olhar do entrevistado Naturalmente o entrevistado olha para onde se sentir mais à
vontade. Mas sugere-se o contato visual com o
entrevistador. Considerar que se trata de uma relação
delicada, negociada à cada momento, que pode oscilar do
aprofundamento ao rompimento em uma palavra ou olhar.
Recusar a idéia de que “a câmera constrange”. Pode
acontecer justamente o contrário, uma ferramenta para a
catalização de verdades e emoções. A câmera liberta!

Atitude do câmera: zoom e O Zoom não será usado como efeito, e sim no
enquadramento posicionamento de diferentes possibilidades de
enquadramento. Antecipar umas três posições que o
enquadramento varia (corpo todo, joelho + tronco, rosto
com ombros, como sugestão).

A atitude do cinegrafista deve ser a do manejo constante da


câmera (com o “manche” do tripé) acompanhando as
flutuações do entrevistado, sem usar o zoom. Ou seja, não
existe uma câmera deixada por si só, isso é pura preguiça
do cinegrafista.

Em falas de caráter contextualizante, genéricas, iniciais, há


uma tendência de manter o zoom na posição mais aberta.
No decorrer da entrevista, quando se chega a exposições
mais íntimas e dramáticas, o zoom pode ficar mais fechado.
Evitar close ups, não são necessários.
Evitar uso excessivo de zoom. No limite, o enquadramento
pode permanecer o mesmo ao longo de toda a sessão.

Não fugir à imagem do entrevistado, passeando com a


câmera por elementos da sala. É um desrespeito, uma
atitude dispersiva. Se necessário, faça imagens
complementares depois. Ou então trabalhe o
enquadramento inicial, incluindo elementos relevantes na
imagem do entrevistado.
Controle de tempo Não há restrições, à exceção do cansaço do entrevistado ou
o esgotamento da situação. Na prática, 20 minutos tem se
mostrado um tempo razoável para que o entrevistado se
coloque, sem se cansar.

Existem dois tipos de entrevistas mais comuns.


1. de personagens. Aqui, interessa-nos a humanidade da pessoa em cena. Não sabeos
quem é, o que faz ali, e isso tudo tem que ficar claro, seu contexto, sua história, sua
trajetória.
É necessário caracterizar 1) quem é aquela pessoa; 2) o que fez, e eventualmente, no
final, 3) o que acha daquilo tudo. Perguntas podem ser repetidas, inclusive fora de
ordem.

2. De “especialistas”.
Falam de assuntos, para os quais tem qualificação comprovada. Sua subjetividade não é
relevante, mas sim a clareza e densidade com a qual falam de determinado assunto.

Durante a aula, exercitamos 2 caminhos:

a) Um caminho de navegação pelo personagem entendendo-o pelo que ele emana e


exterioriza. Exige uma escuta ativa, arguta, ao que diz. Atenção sobretudo às
pistas, as hesitações, ao não-dito, às fissuras do discurso. Assim, percebemos o
personagem no que é, no que acha relevante, nas contradições que o
singularizam naquele momento.
b) No caso de termos um assunto para abordar, o caminho é outro. Requer uma
estratégia de envolvimento, de condução ao tema candente, difícil, íntimo, sobre
o qual o entrevistado não se abriria de primeira.

Os equívocos listados abaixo referem-se tanto a um como a outro desses caminhos:

. Ansiedade do entrevistador. Acaba não deixando que as pessoas cheguem ao ponto


central, crucial, que envolve tempo para se chegar. Interrompe algumas falas no final,
inclusive prejudicando a edição. Às vezes não ouve, às vezes não interpreta as respostas.

. A não-observância da caracterização do personagem (quem é/ o que acha de


determinados assunto/ o que vivenciou). Só aí terá validade a sua opinião propriamente
dita do assunto.

. Fugir da experiência direta do personagem, perdendo-se em opiniões genéricas, que


não interessam e geralmente beiram o chavão.

. Falta de uma estratégia para se atingir o ponto nevrálgico, às vezes chegando-se pelas
bordas, colecionando evidências, evitando assim “assustar” o entrevistado.

. “Esquecer-se” da audiência e do papel de mediação (de conteúdos, de relação) que


exerce. Muitas vezes o entrevistador entende (ou acha que entende) os conteúdos vindos
da entrevista, mas para quem assiste não fica claro. As situações descritas devem ficar
completamente esclarecidas e a opinião do entrevistado claramente colocada como tal.

. Falta de respeito, e excesso de respeito. Por um lado respeitar sua vivência, seus
sentimentos, suas “verdades”. Mas também deve-se desmontá-las se não lhe parecerem
verdadeiras, ou excessivamente encenadas. Não ter receio de emocionar, ou de reviver
momentos angustiantes do entrevistado. É o papel do entrevistador; o resultado pode ser
até libertador, fazendo do sofrimento e das dificuldades apenas um percurso de uma
verdade interna.

. Excesso de liberdade e falta de liberdade;. O entrevistado quer agradar, quer saber se


está sendo útil; o excesso de liberdade (“fale agora o que quiser!”) pode deixá-lo
perdido. Quer ser dirigido, mas não manipulado. O entrevistador tem que escutá-lo de
fato, e fazer replicas que aprofundem as pistas deixadas no percurso.

. Perguntas longas. Via-de-regra, quanto mais longa a pergunta mais telegráfica é a


resposta, ficando sem uso na edição. Perguntas em forma de OU são particularmente
danosas, colocando falsos dilemas;

. Ausência de uma estratégia para se chegar aos pontos candentes. Não adianta caminhar
à eles de forma vertical, assustando o entrevistado, e nem satisfazer-se com a periferia
de questões centrais. É importante avançar, com cuidado e respeito.

. Colocar a opinião própria do entrevistador, em detrimento da verdade do entrevistado:


“Você não acha que ...?” provocam as piores respostas possíveis, que mais dizem
respeito ao entrevistador do que ao entrevistado.

. Excesso de credulidade. Assumir o dito como verdade final, quando na verdade pode
ser etapa de um processo de desvelamento, mais demorado, sutil e dificultoso. O
entrevistador não precisa acreditar em tudo que é dito, e nesse caso deve criar
estratégias de condução de entrevista. Veja logo abaixo.

. Outro equívoco comum: ir direto ao assunto: já sabemos qual é a resposta “padrão”


para aquelas situações, são lugares-comuns em uma ou outra direção. Na aula de
2010/2º sem, ao discutir religião com uma colega, ficamos nas grandes categorias
religiosas, em Deus e no Diabo, enfim, uma abordagem estatística ou plebiscitária. O
tema “religião” pode ser apreendido pelos seus temas mais caros, como a reverência, o
medo, a morte, a perda, a transcendência. Falar em meditação no lugar de reza, templo
no lugar de igreja, é ampliar o sentido da religião, sem circunscrevê-la em uma tradição.
Para isso, o entrevistado deve ter e usar o próprio repertório!
Na aula de 2011, ao abordarmos a “inveja”, que é um tema difícil, podemos transmutá-
lo em “admiração”, “devires”, plano de vida, frustração, relação com outros, etc.

Os comentários acima referem-se a uma (entre muitas) formas de entrevista, a mais


comum no documentário. Nele, o entrevistador não aparece (ou, ao menos, deseja-se
que não apareça), o material será editado, há uma câmera captando apenas.

Dependendo do caráter do programa pode haver variações em qualquer uma dessas


indicações, desde que haja um motivo (uma hipótese de trabalho).

Anda mungkin juga menyukai