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ESCOLA DE DIREITO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Verbete sobre trespasse, escrito por Gabriel Lima,


Thiago Tostes, Moisés Ermida e Artur Andrade.
Alterado por: Gabriela Reis, Gabriella Azevedo, Camilla
Duarte, Marília Monteiro e Steffi Greche
Introdução ao Tema de Trespasse

Natureza Jurídica do Estabelecimento

Antes de iniciar, de fato, a explicação do significado de


TRESPASSE, é mister ressaltar os conceitos e diferenças
entre universalidade de fato e universalidade de direito,
além da natureza jurídica do estabelecimento. Tais
assuntos os ajudarão a compreender melhor algumas
questões relacionadas ao trespasse. No fórum de discussão
se encontra uma pesquisa jurisprudencial acerca da
universalidade de direito.

A definição de sua natureza jurídica é de suma


importância para as questões relacionadas ao trespasse do
estabelecimento comercial, dado que, dependendo da
corrente adotada, poderá haver não só a passagem dos
ativos, mas também a transferência dos passivos do
alienante para o adquirente.

As teorias universalistas vão considerar o


estabelecimento como uma universalidade pelo simples
fato de o mesmo constituir-se em um conjunto de bens
variados e distintos que uma vez reunidos formarão um
novo bem e permitirão que o empresário exerça sua
atividade econômica empresarial. É importante ressaltar
que o estabelecimento tem um valor econômico superior ao
valor de seus bens considerados individualmente quando
somados.
Como indica o artigo 1.143 do Código Civil 2002, “pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de
negócios jurídicos, translativos ou cons¬titutivos, que
sejam compatíveis com a sua natureza”.

Teoria da Universalidade de Fato

Segundo esta teoria, há um conjunto de bens (corpóreos


ou incorpóreos) reunidos pela vontade humana (do
empresário) que, por natureza, formam um conjunto.

Como exemplo de universalidade de fato poderíamos


citar uma biblioteca ou um rebanho de ovelhas.

De acordo com essa teoria, da qual é adepto Vivante, se o


estabelecimento comercial for considerado uma
universalidade de fato, haverá a transferência simultânea
do conjunto de bens (materiais ou não) que o formam.
Neste caso, os possíveis débitos do estabelecimento não
passarão do alienante para o adquirente, pois tais deveres
obrigacionais não são inclusos no conjunto de bens.

De acordo com a redação do artigo 90 do Código Civil


2002, “constitui universalidade de fato a pluralidade de
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária”.

Teoria da Universalidade de Direito

Segundo esta teoria, há um conjunto de coisas que


passam a ser uma unidade por força de lei, isto é, que
estão reunidas de modo a formar uma coletividade em
função de seus vínculos jurídicos.

Como exemplo de universalidade de direito, poderíamos


citar a herança, o patrimônio e a massa falida.

O Código Civil de 2002 estabelece, em seu artigo 91 que


“constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico”.

Se o estabelecimento for considerado uma universalidade


de direito, haverá na alienação, a sucessão não só dos bens
móveis e imóveis (direitos reais), como também a sucessão
de direitos e deveres obrigacionais, como dívidas, pelas
quais o adquirente do estabelecimento se responsabilizará
com a alienação. Isto ocorre, porque na universalidade de
direito, “o estabelecimento é formado pelo direito sobre
determinados bens, mas também pela sujeição a
determinadas obrigações”.

Natureza Jurídica do Estabelecimento Comercial

Não há unanimidade na doutrina quanto à classificação


do estabelecimento empresarial sendo como universalidade
de fato ou universalidade de direito. Na verdade, os autores
mais expressivos classificam o estabelecimento empresarial
como universalidade de fato.

Até o advento do Código Civil 2002, a natureza jurídica do


estabelecimento comercial era, preponderantemente, de
uma universalidade de fato. Tal entendimento se dava por
conta da definição de estabelecimento comercial como um
“complexo de bens organizado, para exercício da empresa,
por empresário, ou por sociedade empresária”. Visto como
um conjunto de bens, no qual não se incluía, portanto, as
dívidas, entendia-se que somente estes (fossem móveis ou
imóveis) poderiam ser transmitidos no trespasse, o que
configurava a teoria da universalidade de fato.

Entretanto, tal concepção foi sendo paulatinamente


alterada. Já antes da criação do Novo Código Civil, a idéia
da universalidade de fato vinha sendo contestada. Assim,
consistiam em exceções a essa teoria (universalidade de
fato) os artigos 10 e 448 da CLT o artigo 133 do CTN.

O novo Código Civil tratou o estabelecimento comercial


como uma universalidade de direito, como indica o artigo
1.146 do código supracitado.

“Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde


pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência,
desde que regularmente contabilizados, continuando o
devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de
um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento”,
(CC, 2002).

Deste modo, quando há o trespasse, não só os ativos,


como também os passivos do alienante do estabelecimento
passarão para o adquirente do mesmo, pois nesta doutrina
o estabelecimento é formado por relações jurídicas
patrimoniais que atribuem ao seu titular “não somente
posições jurídica creditícias e de propriedade, mas também
posições de dívidas (1)”.
A sucessão das obrigações está restrita àquelas
devidamente contabilizadas.

É importante neste ponto informar que o artigo 1.146 do


Código Civil de 2002 diz respeito às dívidas que não nem
tributárias, nem trabalhistas.

A adoção dessa teoria permite que se dê uma maior


segurança ao credor, quando o estabelecimento
empresarial é alienado, posto que o adquirente será o novo
devedor.

Definição de Estabelecimento

“Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo


de bens organizado, para exercício da empresa, por
empresário, ou por sociedade empresária”.

Definição de Trespasse

O trespasse, que compreende o tema deste verbete, é


um contrato que tem como objeto à alienação de um
estabelecimento empresarial. Alienação no sentido de
transmissão, transferência.

Segundo Miguel Pupo Correa, mestre em Ciências


Juridico-Empresariais – F.D.U. Coimbra, diz-se trespasse
“todo e qualquer negócio jurídico pelo qual seja transmitido
definitivamente, inter vivos, um estabelecimento comercial,
como uma unidade. O alienante disse trespassante e o
adquirente denomina-se trespassado”.

Como bem assinalado por Waldo Fazzio Júnior, em seu


Manual de Direito Comercial, “os efeitos do contrato de
alienação só alcançam terceiros após a devida averbação
no registro empresarial e a respectiva publicação oficial”.

Se, no caso concreto, for considerado que o contrato de


alienação compreende apenas uma parte do
estabelecimento ela não poderá ser considerada como
trespasse, e sim, como um contrato normal de compra e
venda.

Caso haja interesse das partes, os créditos do


estabelecimento também podem passar para o adquirente,
caso haja uma claúsula de cessão de créditos expressando
esse desejo das partes. Os contratos de trespasse que
contiverem a cessão dos créditos de um estabelecimento
não necessitam de anuência do devedor (art. 286 do Código
Civil de 2002). Porém, como esse contrato vincula somente
as partes o devedor deve ser informado através de anúncio
em imprensa oficial (art.1.144 do Código Civil de 2002).
Caso o devedor pague de boa fé ao cedente do crédito ele
não poderá ser exonerado, de acordo com o artigo 1.149 do
Código Civil de 2002.

EM QUAIS HIPÓTESES OCORRE O TRESPASSE?

Qual a utilidade prática de responder quando ocorre a


alienação do estabelecimento empresarial?

Pois, quando ocorrer a alienação de um estabelecimento


empresarial o adquirente ficará responsável não só pelos
bens físicos que compõem o estabelecimento, mas também
pelo conjunto de relações jurídicas do estabelecimento,
incluindo aí o passivo.

O 1° critério para ocorrer o trespasse é a venda dos


bens efetivamente organizados para o exercício da
atividade (hipóteses no caso 1 e 2 da apostila) ou seja,
existe a necessidade da venda de uma operação, algo que
de continuidade a atividade industrial antes realizada pelo
cedente.

O 2° critério é a idéia de que também ocorre venda de


estabelecimento empresarial quando o objeto de alienação
é um conjunto de bens que são potencialmente
organizáveis para o exercício da atividade que era exercido
antes.

O 3° critério é a venda de qualquer bem que constitua


reserva de valor para empresa. De reserva de valor se
entende qualquer bem que, mesmo não estando
diretamente ligado a atividade empresarial, constitua um
ativo, algo parecido como um investimento.

EXEMPLO : Digamos que ocorra um contrato de compra


e venda da marca e do estoque de determinada empresa. A
venda de estabelecimento se caracteriza se ocorre a
alienação dos bens que são efetivamente organizados para
o exercício de sua atividade. Mas o fundamental não é a
venda total dos bens da empresa para que ocorra o
trespasse, e sim a venda de alguns bens que no seu
conjunto o adquirente explore a mesma atividade realizada
pela empresa que vendeu os bens (esse exemplo está de
acordo conforme o primeiro critério de hipótese para
ocorrer o trespasse).
Em relação à esses critérios, o que possui menor força
em relação a jurisprudência e a doutrina é o terceiro, mas
já houve decisão com base no mesmo. O TJRS caracterizou
a venda de estabelecimento a fins do artigo 129, VI da Lei.
11.101, com venda de estabelecimento a partir do 3°
critério.

Um exemplo para o terceiro critério seria uma empresa


de venda de equipamentos eletrônicos que adquire terras
somente para evitar que a inflação desvalorize o capital
dela. A alienação dessas terras, mesmo que não possam
dar continuidade ou uma potencial continuidade ao
exercício do cedente, pode ser considerada trespasse,
desde que essas terras sejam consideradas como reservas
de valor da empresa.

O princípio da solidariedade
no que tange as prerrogativas contratuais
brasileiras
O “solidarismo” mostra-se presente na área das obrigações,
à solidariedade ativa ou passiva, em que duas ou mais
pessoas se obrigam ao cumprimento integral da prestação.
No meio contratual, “solidariedade”, corresponde a
obrigação imposta aos contratantes de uma colaboração
recíproca, para que assim, possa-se determinar da melhor
forma possível o comportamento das pessoas diante de
uma sociedade tão complexa quanto a nossa.

Não se trata de uma soma de deveres, mas de uma


obrigação mútua entre as partes. Tal princípio está
intimamente ligado ao princípio do direito dos contratos
quanto a exigência de lealdade, solidariedade e boa-fé do
direito brasileiro.

A título de curiosidade achei interessante que somente há


poucos anos que a nossa jurisprudência vem adotando a
doutrina do solidarismo contratual. Alguns ressaltaram a
impossibilidade de sua utilização por conta da segurança
jurídica que ficaria ameaçada, vez que o conteúdo da
avença poderia ser modificado a qualquer momento pelo
magistrado.

Nos contratos empresariais faz-se presente o princípio da


solidariedade, o qual está caracterizado no novo Código
Civil pelo artigos 264:

Art.264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação


concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada
um com direitos, ou obrigação, à dívida toda.

Como regra geral, pode-se estipular que este princípio


corresponde a uma obrigação de natureza técnica que
possui como propósito dar mais solidez ao vínculo,
auxiliando no adimplemento da mesma.

Segundo Venosa,“A solidariedade é modalidade especial de


obrigação que possui dois ou mais sujeitos, ativos ou
passivos, e, embora possa ser divisível, pode cada credor
demandar e cada devedor é obrigado a satisfazer a
totalidade, com a particularidade de que o pagamento feito
por um devedor a um credor extingue a obrigação quanto
aos coobrigados”.

Pois, destacam-se duas características preponderantes para


sua correta classificação:

1. Unidade da prestação.
2. Pluralidade e independência do vínculo.

Não há dúvidas a respeito destes requisitos, posto que a


prestação é única, sendo a mesma para todos os
devedores.

Quanto ao caráter de execução das obrigações solidárias o


artigo 265 do novo Código Civil estabelece a necessidade
de previsões da lei ou do pacto entre as partes.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou


da vontade das partes.

Logo, não estando tal previsão claramente explicitada, há


de prevalecer a presunção de não existência da
solidariedade.

Como já mencionei, o estudo da solidariedade implica na


subdivisão entre solidariedade ativa e passiva.

Solidariedade Ativa
(nos artigos 267 ao 274 do Código Civil
brasileiro)

Nesta observamos num contrato a existência de mais de


um credor, os quais possuem uma discricionariedade
quanto a cobrança da totalidade da dívida individualmente
(faculdade assegurada pelo artigo 267). Ademais, se está
diante de uma situação de solidariedade ativa, a
constituição em mora feito por um dos co-credores será
aproveitada a todos os outros.

Porém, se é o credor solidário constituído em mora, todos


os demais credores sofrerão as conseqüências. Assim como
na constituição em mora do devedor, a interrupção da
prescrição feita por apenas um dos credores também
beneficia os demais, como assegurado no artigo 204, §1º do
novo Código Civil.

Art. 204,§ 1º A interrupção por um dos credores solidários


aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada
contra o devedor solidário envolve os demais e seus
herdeiros.

E caso um dos devedores renunciar à prescrição da


obrigação em face de um dos credores, essa renuncia
aproveitará a todos os demais.

No que tange o pagamento da obrigação solidária, fica


definido, segundo o artigo 268 do Código Civil, que o
devedor (ou devedores) numa situação de solidariedade
ativa, deve (devem) pagar àquele que primeiro lhe
demandar. Pois, como já mencionado, a faculdade de
escolha sobre quem realizar o pagamento perdura até que
algum dos credores quite a dívida.

Note-se que o credor que recebe o pagamento de modo


integral torna-se obrigado a prestar contas aos demais,
repassando-os o valor que a cada um deles é competido.
Conduta determinada pelo artigo 272 do Código Civil.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido


o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes
caiba.

Solidariedade Passiva
(nos artigos 275 ao 285 do Código Civil
brasileiro)

Como já mencionei, esta compreende na obrigação a todos


os devedores ao pagamento total da dívida, o que aumenta
a segurança jurídica para o credor.

A finalidade da solidariedade passiva é assegurar a


solvência, dando maior garantia para o credor. Diferente do
que vimos na solidariedade ativa que visa a facilitar o
pagamento.

Se o credor já obteve satisfação parcial da dívida, não há


razão para exigir dos demais o cumprimento integral da
mesma. Logo, os demais devedores são apenas obrigados a
pagar o saldo e não mais a obrigação em sua integralidade.
Chamo atenção ao artigo 278 do Código Civil que dispõe
sobre a particularização de alguma obrigação desvantajosa
assumida por um dos devedores, sem contanto que os
outros estivessem em concordância com a mesma. Logo,
este devedor responderá sozinho por esta nova obrigação
desvantajosa.

Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação


adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o
credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes

Diante de determinadas situações, teremos a extinção da


obrigação solidária, são elas:

a) quando não houver culpa dos devedores, sendo esta


extinta para todos
b) quando algum dos devedores possui culpa, estando a ele
atribuído as perdas e danos. Porém, tem-se a permanência
para os demais do encargo de pagar o equivalente.

Como assim disposto no artigo 279 do Código Civil:

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um


dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de
pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde
o culpado

Seguindo o mesmo raciocínio, se a impossibilidade de


realizar essa prestação foi verificada quando o devedor já
era moroso, ele irá responder pelo risco. Tal percepção é
assegurada pelos artigos 339 e 280 do Código Civil.

Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não


poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de
acordo com os outros devedores e fiadores.

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da


mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente
contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.

Uma vez visto estes conceitos e definições do estudo da


solidariedade no âmbito do adimplemento ou não das
obrigações, devemos apontar em quais outros momentos,
relacionados ao contrato de trespasse, tal princípio mostra-
se presente, por exemplo:

Artigo 1.146. O adquirente do estabelecimento responde


pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência,
desde que regularmente contabilizados, continuando o
devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de
um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Para não explicar o trabalho de outras pessoas irei somente


passar uma idéia geral sobre este artigo.

Como disposto no artigo, o adquirente poderá ser escolhido


para quitar o valor integral do passivo pertencente ao
alienante pelo prazo de um ano, podendo este ser
modificado, mas sempre no sentido de ser ampliado, nunca
minimizado. E após o pagamento o adquirente poderá com
base no artigo 283 do Código Civil exigir sua quota no
débito.

Artigo 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro


tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua
quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente,
se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os co-devedores.
É válido lembrar que tais ações só poderão ser de fato
concredizadas se a cláusula de solidariedade estiver
presente no contrato de forma a não se ter dúvida quanto a
obrigação mútua dos gentes.
Outro exemplo que não pode ser efetivado sem uma
autorização formal da outra parte mostra-se presente no
artigo 1.164 que ste determina a impossibilidade de
alienação do nome empresarial. Entretanto, em seu
parágrafo único declara lícita a ação se o alienante do
estabelecimento autorizar por meio de um contrato a
utilização de seu nome pelo adquirente. Este artigo será
abordado novamente ao longo deste trabalho.
Jurisprudência:
REsp 655180 / SC
RECURSO ESPECIAL
2004/0050158-6
Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO (1108)
Contrato de compra e venda de imóvel. Desfazimento.
Artigos 17, VII,
267, VI, 535 e 538, parágrafo único, do Código de Processo
Civil.
Ausência de indicação de dispositivo de lei federal.
1. Para que tenha trânsito o especial é necessário que a
parte
indique expressamente o dispositivo de lei federal que
entende
violado, o que não ocorreu no tocante à questão da
solidariedade.
2. Não há qualquer dos vícios do art. 535 do Código de
Processo
Civil quando o acórdão, claramente, desafia o tema posto
sob
julgamento.
3. O exercício regular do direito de recorrer pela via dos
embargos
declaratórios, presente a Súmula nº 98 da Corte, não
autoriza o
reconhecimento da litigância de má-fé ou do intuito
protelatório,
observada a realidade dos autos.
4. Não há falar em impossibilidade jurídica do pedido nem
em
ilegitimidade passiva se o pedido é para desfazimento do
contrato
com seus consectários, sendo a recorrente a promitente-
vendedora.
5. Recurso especial conhecido e provido, em parte.

Bibliografia:
• JÚNIOR, Waldo Fazzio. Manul de Direito Comercial, 6ª ed.
Editora Atlas, 2005. São Paulo.
• CORREIA, Miguel J. A. Pupo. “Direito da Empresa” in,
Direito Comercial, 10ª ed. Editora EDIFORUM, 2007. Lisboa

Eficácia da Alienação

O artigo 1145 do CC/2002 trata de uma forma de proteção


daqueles credores que não estão diretamente ligados ao
estabelecimento alienando , mas sim com o alienante.

Como já visto, o artigo 1146 estabelece uma sucessão de


débitos quando há o trespasse, o que é uma forma de
proteger os credores diretamente ligados ao
estabelecimento, objeto de alienação. Neste caso os
credores poderão exigir suas dívidas de todo o patrimônio
presente e futuro do adquirente, conforme os artigos 391
do CC/2002 e 591 do CPC.

O artigo 1145, por sua vez, versa sobre insolvência do


alienante quando este vende o estabelecimento comercial,
ficando sem bens suficientes para resolver seu passivo.

Segundo a redação deste artigo, “se ao alienante não


restarem bens suficientes para solver o seu passivo a
eficácia da alienação do estabelecimento depende do
pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em 30 dias a partir de
sua notificação”. Assim, se o credor não encontra bens no
patrimônio do alienante, poderá aquele (credor) pedir que o
juiz penhore bens do estabelecimento alienado.

A alienação é ineficaz, portanto, em relação à esses


credores é como se nunca tivesse ocorrido. Como o
adquirente não se torna propriamente um devedor, não há
que se falar em sua responsabilização com todo o seu
presente e futuro patrimônio, mas tão somente com
aqueles bens integrantes do estabelecimento que foi
adquirido.

Pelos motivos supracitados, o adquirente tem que tomar


cuidado no trespasse e procurar verificar se o alienante não
possui outras dívidas.

Cabe aqui a observação de que a hipótese prevista no


artigo 1.1145 do CC/2002 só ocorrerá em caso de
insolvência oriunda do efetivo trespasse. Caso o trespasse
nâo se caracterize, aplica-se a norma prevista no artigo 164
do CC/2002, onde se lê: " presume-se, porém, de boa-fé
valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção
de estabelecimento mercantil, rural, industrial, ou a
subsistência do devedor e sua familía".

Rubens Requião expõe que “ o artigo 1.145 do CC/2002


traz disposição semelhantes da lei de falências,
condicionando a eficácia do contrato de alienação do
estabelecimento à existência de patrimônio remanescente,
que suporte as dívidas do empresário, ou, no caso de
insuficiência do patrimônio do pagamento delas ou de
concordância dos credores com a alienação, de modo tácito
ou expresso”.
De acordo com Waldo Fazzio Júnior, “a condição do
alienante que enfrenta situação patrimonial deficitária
resume-se em uma indesejável opção: preserva o
estabelecimento empresarial, como garantia do pagamento
de seus débitos, ou notifica seus credores em busca de
anuência para o trespasse. Nessa conjuntura, a
concordância dos credores passa a ser condição de eficácia
da alienação”.
Sobre o assunto, escreve também Marcelo Fortes Barbosa
Filho:

“Feita uma avalização acerca do potencial surgimento da


insolvência do alienante do estabelecimento empresarial,
pode ser verificada grave inaptidão patrimonial,
vislumbrando-se prejuízo vultoso para os credores,
desfalcada, irremediavelmente, a garantia geral oferecida
ao seu pagamento. No conjunto dos ativos, o
estabelecimento cuja titulariedade está sendo transmitida
pode apresentar tal relevância que, sem ele, o valor do
passivo acumulado superaria aquele atribuído aos demais
bens. Nesse caso, para que seja possível extrair todos os
elementos da alienação desejada, exigi-se ocmo fator de
eficácia o adimplemento antecipado das dívidas do
empresário alienante ou, efetuada notificação judicial ou
extrajudicial das dívidas do empresário de cada um dos
seus credores, não seja oferecida, no prazo de 30 dias
qualquer oposição, o que será equivalente a uma
aquiescência tácita. O contrato celebrado, caso não seja
materializado uma das situações propostas será válido,
mas não apresentará plena eficácia, não podendo atingir a
esfera jurídica dos credores do empresário alienante”.

Esta regra, ainda segundo o autor, pode dar ensejo a


decretação da falência do empresário conforme o artigo 94,
III, “c”, da Lei 11.101/05.
" Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer


parte de plano de recuperação judicial:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança


mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar
pagamentos";

Segundo Waldo Fazzio Júnior, “ o trespasse do


estabelecimento pode, eventualmente, caracterizar sinal de
insolvência porque, em determinadas circunstâncias,
significa a supressão da garantia comum dos credores. Será
motivo para decretação da quebra, se encentada sem
assentimento dos credores restando o devedor com o
patrimônio insuficiente para fazer frente ao seu passivo.
Caso contrário, i.e., ficando com bens insuficientes o
consentimento dos credores é dispensável. A prova da
insuficência do ativo remanescente incumbe a autor do
pedido de quebra” .

O dispositivo 1.145 do CC/2002 foi criado com base na


idéia de ação revocatória falimentar, hoje encontrada no
artigo 129, VI da Lei 11.101/05 (antigo artigo 52,VIII, do
Decreto-lei 7.661/45) pela qual, “ ante a falta de prévia
adimplemento dos credores, é postulado o reconhecimento
judicial da ineficácia da alienação de um estabelecimento,
deixando o negócio de produzir efeitos perante os credores.
A ação revocatória é proposta contra o adquirente do
estabelecimento e pretende trazer tal universalidade à
massa falida, integrando procedimento concursal em
andamento”.
Lei de Falências
Seção IX
Da Ineficácia e da Revogação de Atos Praticados
antes da Falência

" Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida,


tenha ou não o contratante conhecimento do estado de
crise econômico-financeira do devedor, seja ou não
intenção deste fraudar credores:

VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita


sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os
credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao
devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo
se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos
credores, após serem devidamente notificados,
judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e
documentos”.

Trata-se (a ação revocatória falimentar) de uma hipótese


de ineficácia objetiva do Direito Falimentar. É objetiva,
porque não há uma análise subjetiva, retomando-se
simplesmente a massa falida para satisfazer os credores.

De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, esse dispositivo do


código civil demonstra que, apesar do empresário ter sobre
seu estabelecimento empresarial o mesmo tipo de
disponibilidade livre como em relação aos seus demais
patrimônios, sujeita o empresário à anuência de seus
credores na alienação do estabelecimento empresarial.
Requisitos:
- declaração expressa ou tácita dos credores
- notificação da alienação, pelo devedor
- colhimento da concordância por escrito
Exceção a essa cautela: quando restarem bens em seu
patrimônio que o permitam classificá-lo como solvente.
Se o empresário não observar essas cautelas previstas no
código civil, ele poderá ter sua falência decretada
Estando o empresário falido, a alienação será considerada
ineficaz, perante a massa falida:

Podemos concluir que, a anuência dos credores é mais


relevante para o adquirente do que para o alienante.

Achamos de bom grado também disponibilizar a nosso


queridos colegas uma jurisprudência com relação ao tema
desse verbete.

2008.001.39306 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa


DES. ROGERIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento:
12/08/2008 - DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL
AÇÃO DE RESCISÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. CUMULADA
COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
ALIENAÇÃO DE SOCIEDADE COMERCIAL. INEXISTÊNCIA DE
CLÁUSULA QUE PREVÊ RESPONSABILIDADE DO ALIENANTE.
INEXISTENCIA DE VÍCIO A ENSEJAR MÁCULA AO NEGÓCIO
JURÍDICO. Na alienação do estabelecimento empresarial,
inexistindo ajuste em contrário, a regra é a sub-rogação do
adquirente nas relações jurídicas outrora firmadas. A
responsabilidade pelo pagamento de débitos anteriores ao
trespasse do estabelecimento é dos sócios adquirentes,
sobretudo quando comprovado que estes tinham ciência do
débito e lograram abatimento do preço de aquisição. A
responsabilidade do sócio cedente é apenas em relação a
terceiros e à sociedade, mas não em relação ao sócio
cessionário. Inexistência de vício contratual. Não incidência
das regras do CDC. Dano material e moral não configurado.
Manutenção da sentença. Descabimento do recurso adesivo
quando a parte não restou sucumbente e a matéria do
recurso sequer foi objeto da ação. Desprovimento do
recurso principal e não conhecimento do recurso adesivo.

(1) Trecho retirado do material didático de Teoria Geral da


Empresa. Página 61.
Sobre a cláusula de não-concorrência e os contratos
de trespasse:
Ao adquirir um estabelecimento comercial, o
indivíduo anseia também por sua clientela, uma vez
que a formação de uma clientela é um indício crucial
da organização efetiva dos bens da atividade
empresarial, significando a boa demanda pelo
produto ou serviço de determinado estabelecimento
empresarial.
Esse entendimento justifica a inserção de uma
cláusula de não concorrência no contrato de
trespasse. Ou seja, impõe-se ao alienante uma
vedação, um dever de não se restabelecer
comercialmente.
Contudo, a cláusula de interdição do alienante deve
ser observada atentamente, uma vez que implica em
um limite à autonomia da vontade do alienante em
respeito ao livre exercício de comércio do
adquirente. Por isso, ela deve ser limitada geográfica
e temporalmente.
Visto isso, o jurista francês Georges Rippert pontua
sobre as cláusulas de não concorrência nos contratos
de trespasse e seus limites:

Estas cláusulas têm como efeito, entre um e outro


caso, impedir um indivíduo de iniciar uma atividade
comercial ou industrial (“ouvrir un commerce ou une
industrie”). É preciso, para que estas cláusulas
sejam válidas, restringir um entendimento amplo. É
isso que determina a jurisprudência; e, na prática
três regras de restrição são consideradas. O contrato
que não contém nenhuma dessas é considerado
nulo.

1. Restrição do tempo:
A cláusula não pode impor uma proibição
permanente. Ela deve ser restrita a certo número de
anos. A clientela muda, a partir de um período, e o
novo concorrente não poderá mais se apropriar
daquela clientela que fizera.

2. Restrição do espaço:
A clientela é, em geral, uma clientela local, por vezes
mesmo uma clientela de bairro. Nesse caso, pouco
importa que o vendedor do estabelecimento
(alienante) inicie uma atividade semelhante em
outra cidade ou em outro bairro. Tudo depende do
ponto de vista do tipo de comércio.

3. Restrição do tipo de comércio:


O alienante somente antevê a criação de um
comércio semelhante ao seu, sem o qual não haverá
concorrência possível. Mas alguns comerciantes
vendem bens diversificados e podem ter o interesse
de proibir o exercício de uma atividade que, bem
especializada, faria concorrência com a sua.

Georges Rippert in Waldo Fazzio Júnior


(Tradução livre por Marília Monteiro)

Quando o contrato de trespasse se silencia, a venda


do estabelecimento comercial implica
obrigatoriamente ao alienante em não estabelecer
nos cinco anos, seguintes à venda do
estabelecimento, atividade no mesmo ramo de
negócio em observância à lei – artigo 1.147 do
Código Civil de 2002.
A vedação pode ser inferior ao tempo previsto em
lei, já que ela só se faz necessária para impedir o
desvio de clientela; quando esta já estiver sido
formada não há razão para que se perdure a
vedação.

BIBLIOGRAFIA
• NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de
empresa, v.14. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2005
• Anotações das aulas de Teoria Geral da Empresa,
da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas,
ministradas pelo Professor Cássio Cavalli
• Apostila de Teoria Geral da Empresa da Escola de
Direito da Fundação Getulio Vargas, desenvolvidas
pelo Professor Cássio Cavalli
• Site Jus Navegandi
• JÚNIOR, Waldo Fazzio. Manul de Direito Comercial,
6ª ed. Editora Atlas, 2005. São Paulo.
• CORREIA, Miguel J. A. Pupo. “Direito da Empresa”
in, Direito Comercial, 10ª ed. Editora EDIFORUM,
2007. Lisboa.

Alienação, usufruto ou arrendamento do


estabelecimento
Artigo 1.144 do Código Civil: “O contrato que tenha por
objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros
depois de averbado à margem da inscrição do empresário,
ou da sociedade empresária, no Registro Público de
Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.”

Remissão: artigo 968, §2º do Código Civil – “A inscrição do


empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
§2º - A margem da inscrição, e com as mesmas
formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela
correntes.”

De acordo com Rubens Requião, “os contratos que


objetivem a sua alienação, ou arrendamento ou usufruto
serão oponíveis a terceiros, apenas depois de averbados à
margem da inscrição do empresário, ou da sociedade
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantil, e
publicado na imprensa oficial.” Os prazos para a averbação
ou publicação são indeterminados, cabendo ao interesse
das partes do contrato a publicidade imediata, levando em
consideração a desoneração de responsabilidades e
efetividade da execução de direitos ou créditos. - Curso de
Direito Comercial, volume 1; Rubens Requião (pp.279, 25ª
edição)

O Código Civil conceitua o estabelecimento como o


complexo de bens organizado para o exercício da empresa,
por empresário individual ou por sociedade empresária
(artigo 1142). “Tais bens podem ser corpóreos,
compreendendo mobiliário, estoques de mercadorias,
máquinas e equipamentos, matérias-primas, conforme a
natureza da atividade exercida, ou incorpóreos, como os
elementos de identificação da empresa (título do
estabelecimento, nome empresarial, marcas, logotipos,
sinais distintivos, etc.), o ponto comercial, os direitos sobre
marcas, patentes de invenção, modelos de utilidade, e a
clientela.” -
http://www.prolik.com.br/atualidades/atualidades/01-06.htm
O novo Código Civil de 2002 atribuiu a este conjunto de
bens corpóreos e incorpóreos a possibilidade de se
tornarem objetos de direitos e de negócios jurídicos
passíveis de transferência de titularidade ou de fruição.
Entretanto, é necessário que sejam compatíveis com a
natureza do próprio bem e realizados de acordo com as
formalidades estabelecidas nos artigos 1.144 e seguintes,
do Código Civil.
Hipótese de alienação de estabelecimento em caso
de recuperação da empresa
Na alienação do estabelecimento, o adquirente necessita
permanecer com o intuito de explorar a atividade
desenvolvida pelo devedor, em recuperação, pois o
trespasse importa na transferência do conjunto de bens,
seja ela total ou, pelo menos que envolva aqueles bens
necessários ao exercício de empresa. Se o objetivo do
adquirente não for de exploração da atividade econômica
do devedor, então, não incorrirá trespasse. O contrato se
valerá apenas da venda de ativos, a qual o devedor
venderá alguns bens, destacados do conjunto.

“O trespasse, como meio de recuperação judicial, afasta a


regra do art. 1.144 do CC. Se o trespasse é celebrado como
meio de recuperação o ato surte os efeitos naturalmente,
porquanto os credores têm ciência do ato, dentro do
processo da recuperação judicial do devedor-alienante. O
objetivo da ciência, para que o ato surta os efeitos próprios,
já foi alcançado na recuperação, com a aprovação do
plano.” - PROF. LUIZ ANTONIO GUERRA; Advogado. Pós-
Doutor em Direito Comercial. Doutor em Ciências Jurídicas e
Sociais

 BIBLIOGRAFIA:

1. Curso de Direito Comercial, volume 1; Rubens


Requião (pp.279, 25ª edição);

2. <a
href="http://www.prolik.com.br/atualidades/atualidades/01-
06.htm">http://www.prolik.com.br/atualidades/atualidades/
01-06.htm</a>;
<address> 3. PROF. LUIZ ANTONIO GUERRA; Advogado.
Pós-Doutor em Direito Comercial. Doutor em Ciências
Jurídicas e Sociais (<a
href="http://bdjur.stj.gov.br/dspace/bitstream/2011/16318/
1/Meios_de_Recupera
%C3%A7%C3%A3o_Judicial.pdf">http://bdjur.stj.gov.br/dsp
ace/bitstream/2011/16318/1/Meios_de_Recupera
%C3%A7%C3%A3o_Judicial.pdf</a>)
</address> <address> </address>
[editar]
Sobre a Cessão de Créditos e Débitos:
A cessão de créditos é a venda de um direito de credito,
a transferência ativa que o credor faz a outrem de seus
direitos, caracteriza a sucessão ativa da relação
obrigacional. O conceito da cessão de créditos consiste em
um negócio jurídico onde o credor de uma obrigação,
chamado de cedente, transfere a um terceiro, chamado
cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional,
independente da autorização do credor que se chama
cedido. Todavia, o cedido deve ser notificado da cessão,
não de forma a autorizá-la, mas para pagar ao novo
cessionário. No código civil, o tema está disposto nos
artigos 286 a 298, neles podemos entrar um resumo rápido
e simplificado do tema.
No ramo do direito das obrigações pode-se definir a
cessão de crédito como um negócio jurídico bilateral, onde
credor transfere a outro seus direitos na relação
obrigacional. A cessão de crédito difere da cessão de
contratos, em que a transmissão ocorre em relação aos
direito e obrigações, ou seja, da inteira posição contratual.
A maioria dos créditos pode ser objeto de cessão, com
ressalva para os créditos alimentícios que não podem ser
transferidos, afinal tais créditos são alienáveis e
personalíssimos e estão diretamente ligados a
sobrevivência da pessoa. A lei também veda a cessão dos
créditos de penhora e o crédito do órfão pelo tutor. O
devedor pode também proibir a cessão de créditos, desde
que esteja previsto no contrato celebrado com o credor
primitivo.
No caso de trespasse a cessão de créditos ocorre de
forma convencional, onde decorre do acordo de vontades
como se caracterizando como uma alienação dos títulos de
crédito. Porém ela não é automática, deve-se no contrato
estabelecer que os créditos sejam cedidos. Na maioria das
vezes quando ocorre a alienação do bem para o adquirente,
este paga o preço pelos créditos no contrato próprio
contrato de compra e venda, pagando um preço superior
para ser o novo titular dos créditos.
Quando o credor transfere o crédito ao cessionário, ele
deve, tem a obrigação de avisar ao devedor (art.290 CC). A
transmissão apenas se torna eficaz quando o devedor sabe
que existe um novo credor, o cessionário. Enquanto o
credor não é notificado, se ele porventura pagar ao
cedente, existe a eficácia libertadora, no momento em que
o novo credor vier cobrá-lo da divida, ele poderá dizer que
não pagará novamente, cessando a obrigação (art.292).
Neste caso o cessionário poderá impetrar uma ação contra
o cedente por enriquecimento sem causa. O devedor não
sabe originalmente desta troca de credor e, por isso, não
poderá ser punido. Cabe ao cessionário informar o mais
rápido possível o devedor.
A cessão de créditos no trespasse não é automática. Esse
posicionamento é divergente, pois, se o estabelecimento
quando é alienado leva para si as dívidas, elas o
perseguem, porque com os créditos não ocorre o mesmo
procedimento? Segundo o autor Ascarelli, se as dividas
perseguem o estabelecimento, como meio de compensar,
os créditos também deveriam ser levados. Este
pensamento, entretanto, não tem tanto apoio no Brasil, até
porque o artigo 286 do código civil é bastante abrangente.
Por isso, no contrato deverá ser estabelecido se os créditos
serão passados ou não.
De acordo com o artigo 1.144 do código civil, a venda
dos créditos de trespasse, cláusula de cessão de créditos
deve ser publicada no registro público mercantil e na
imprensa oficial. Depois desse momento a cessão de
créditos é eficaz e o devedor deve pagar ao novo credor (o
cessionário), caso ele pague ao cedente ele não pagará
bem (art. 1149). A menos que o devedor tenha agido de
boa-fé, ele fica desonerado, desobrigado da divida, por isso,
o cessionário deve avisar pessoalmente o devedor, que
deverá assinar um compromisso de ciência.
Existe também a cessão de débitos ou assunção de
dividas que encontra-se prevista no código civil nos artigos
299 a 303. Este instituto, é um negócio jurídico através do
qual o devedor transfere para outra pessoa a sua posição
na relação jurídica, deixando de ser devedor e repassando a
divida para o novo sujeito passivo da obrigação. Para que
ocorra a assunção de divida ou cessão do débito exige-se
que o credor esteja de acordo, diferentemente do que
ocorre na cessão de créditos, que basta a notificação do
devedor. Assim não é suficiente que outra pessoa deseje
assumir a divida em nome de terceiro, para o real efeito da
operação é necessário que o credor aceite o novo devedor
como sujeito passivo da relação obrigacional (art.299). No
caso da compra e venda de estabelecimento empresarial, o
trespasse, é necessário que, no caso da sociedade
empresária adquirida possuir débitos, ela peça a
autorização de seus credores para que a adquirente possa
arcar com seus débitos.
A assunção de dívida, segundo Carlos Roberto
Gonçalves, pode ser efetivada de duas maneiras, mediante
contrato entre o terceiro e o credor, sem participação ou
anuência do devedor, também conhecida como
expromissão, ou mediante acordo entre o terceiro e o
devedor, com a concordância do credor, chamada também
de delegação. O código civil em seu artigo 299 não dispõe
sobre espécies de assunção de dívida. Para o referido autor,
o legislador quis tratar somente da delegação, pois no
diploma legal exige-se o consentimento expresso do credor.
Neste instrumento o principal efeito é a substituição do
devedor primitivo por um novo sujeito passivo. A relação
obrigacional permanece a mesma. O novo devedor não
pode opor ao credor as exceções pessoais que tinha o
devedor originário. Na assunção de dívida ocorre a extinção
das garantias especiais dadas pelo devedor primitivo.
Corroborando com o explicitado acima, Fábio Ulhoa Coelho
dita que o passivo regularmente contabilizado transfere-se
ao adquirente do estabelecimento empresarial.
Contudo, continua o alienante responsável por esse
passivo, durante um ano (flexibilização da regra que
determina que a solidariedade não se presume - art.265,
CC).
As partes podem convencionar sobre o ressarcimento do
adquirente pelo alienante, principalmente em relação às
dívidas que se encontram "sub judice".
Em razão disso, o credor trabalhista e o credor tributário
estão protegidos de modo particular, nos termos do artigo
448 do CLT, que trata da imunidade dos contratos de
trabalho em face da transferência de propriedade da
empresa - o empregado pode demandar a prestação do
adquirente e do alienante da mesmas forma; e o alienante
responde pelo direito trabalhista mesmo findo o prazo
estabelecido pelo Código Civil. O artigo 133 do Código
Tributário Nacional, diz que o adquirente tem
responsabilidade subsidiária ou integral pelas
responsabilidades fiscais do alienante, se continuar ou não
a explorar atividade econômica.
Em relação ao artigo 1.146, CC um exemplo jurisprudencial
evoca a responsabilização do adquirente por dívidas
anteriores:
2006.001.11483 - APELACAO - 1ª Ementa
DES. ANTONIO SALDANHA PALHEIRO - Julgamento:
11/04/2006 - QUINTA CAMARA CIVEL

AÇÃO MONITÓRIA. PERMISSÃO DE USO OFERECIMENTO DE


EMBARGOS. SENTENÇA ACOLHENDO PARCIALMENTE OS
EMBARGOS . PARA EXCLUIR DO DEBITO OS VALORES
REFERENTES A PERIODOS EM QUE O EMBARGANTE NÃO
OCUPAVA O PRÉDIO DA EMBARGADA. CONTRATO DE
TRESPASSE. APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.146 DO CC/02.
RESPONSABILIDADE DO APELADO NO TOCANTE A DÉBITOS
PRETÉRITOS. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO.

Acevera o Desembargador Antonio Saldanha Palheiro, em


voto desse recurso, que "conforme dispõe o artigo 1.146
do CC/02, o apelado responderá não só pelas dívidas
relativas ao tempo em que ocupou, mas também pelo
pagamento dos débitos anteriores à transferência,
ressaltando o prazo da prescrição quinquenal
eventualmente aduzido em liquidação, vez que autoriza o
reconhecimento de ofício encontra-se em período de
'vacatio'."
APELACAO - 1ª Ementa
DES. VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK - Julgamento:
04/11/2008 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL

COBRANÇA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


CELEBRADO COM SOCIEDADE QUE POSTERIORMENTE VEM
A TER SUA FALÊNCIA DECRETADA. INADIMPLEMENTO.
HABILITAÇÃO NO JUÍZO UNIVERSAL, QUE SE DÁ EM VALOR
INFERIOR AO AVENÇADO. NOVAÇÃO. CESSÃO DE CRÉDITO
CELEBRADA ENTRE O PRESTADOR DO SERVIÇO E A
SOCIEDADE, TENDO OS SÓCIOS COMO FIADORES.
AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL (ANUÊNCIA DO
DEVEDOR). INEFICÁCIA DECLARADA POR SENTENÇA.
IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA AOS FIADORES ANTE A
NATUREZA ACESSÓRIA DO CONTRATO DE FIANÇA. COISA
JULGADA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO
DO APELO.
Este trecho transcrito abaixo consta no acórdão da
Desembargadora relatora do caso, VERA MARIA VAN
HOMBEECK, que argumenta de forma precisa e
esclarecedora sobre o caso, e exemplica os temas
abordados no trabalho.

"Quanto ao contrato de cessão, sustenta o autor que a ação


de cobrança promovida em face da Cervejaria Brahma,
julgada improcedente, não faz coisa julgada em relação aos
fiadores, por não haver a tríplice identidade, prevista no
parágrafo 2º, do artigo 301 do Código de Processo Civil.
Argumenta que os fiadores são devedores solidários da Cia,
não sendo atingidos pela coisa julgada, pois não faziam
parte da demanda anterior.
À primeira vista, o raciocínio parece correto. No entanto,
deve-se analisar a natureza jurídica da obrigação assumida
pelos sócios e o teor do julgamento de improcedência na
ação contra a Cervejaria Brahma.
De acordo com cópia da sentença de fls. 39/42, o contrato
de cessão foi considerado ineficaz em relação à Massa
Falida, portanto, incapaz de produzir efeitos, ante a
ausência de anuência da devedora, conforme expressa
previsão contratual.
O contrato de fiança é acessório ao contrato principal, o
que significa dizer que sendo ineficaz o principal, ineficaz
será também a fiança.
Neste sentido, Arnaldo Rizzardo, que cita Caio Mário: “É
acessório o contrato, pois só existe como garantia da
obrigação de outrem. Pressupõe sempre a existência de
uma obrigação principal, seja de natureza convencional,
seja de natureza legal. Advém de uma importante
conseqüência desta qualidade, salientada por Caio Mário da
Silva Pereira: ‘Como contrato acessório, essencialmente
acessório, mesmo que ajustada a solidariedade, segue a
sorte do principal – sequitir principale...’”(in Contratos,
Editora Forense, 6ª edição – 2006, pag. 164).
O vício de tal contrato é gerado pela impossibilidade de
produzir efeitos, por ausência de requisito essencial,
consubstanciado na anuência do devedor.
Com isto, afasta-se a possibilidade de cobrança dos
devedores solidários. "
[editar]
Modelo de documento: Cessão de Créditos.
Este é um exemplo de como ocorre o contrato entre as
partes de cessão de créditos entre as partes. Fazendo a
pesquisa para esse trabalho eu encontrei esse modelo de
contrato que ajuda a exemplificar o que foi apresentado
sobre a cessão de créditos.
"Pelo presente instrumento particular, de um lado, como
CEDENTE, .......... (qualificar), e de outro lado, como
CESSIONÁRIA .......... pessoa jurídica de direito privado, com
sede em .........., Estado de .........., à rua .........., n ..........
inscrita no CNPJ sob n .........., doravante denominado
CESSIONÁRIA, por seu representante legal, ajustam, entre
si, cessão de crédito segundo as cláusulas que seguem:

1. O CEDENTE, sendo credor de .......... (qualificar), é titular


de créditos decorrentes no Contrato de .........., celebrado
em .......... de .......... de .........., vencível em ..........
de ..........de .........., nos termos do contrato em anexo, ao
qual as partes se reportam, tendo a CESSIONÁRIA ciência
plena de seu conteúdo.

2. O CEDENTE deverá receber do devedor a quantia de


R$ .......... (..........Reais), crédito correspondente ao principal
do empréstimo, sobre o qual incidirão juros e taxas
flutuantes, conforme o estipulado no já mencionado
Contrato, crédito este representado por ..........

3. O CEDENTE, pelo presente instrumento particular,


transferirá à CESSIONÁRIA, os direitos creditórios
decorrentes do principal a que alude o contrato, e referidos
na cláusula 2ª, pelo que continuará o CEDENTE a receber
do Devedor aqueles juros e taxas flutuantes avençados.

4. A
presente cessão será levada a efeito pelo preço de
R$ .......... (..........Reais) , que será pago em moeda
corrente.

Parágrafo único. O CEDENTE declara ter recebido da


CESSIONÁRIA, nesta data, o preço da presente cessão,
dando-lhe plena e irrevogável quitação do seu pagamento.

5. As partes convencionam que o CEDENTE deverá pagar à


CESSIONÁRIA, pelo prazo de vigência deste contrato de
cessão de direitos creditórios sobre seu principal, juros
incidentes sobre o valor mencionado na cláusula 4ª a uma
taxa fixa e reajustável de ..........% ao ano.

6. Nessa cessão incluir-se-ão todos os direitos, ações e


garantias assegurados à CEDENTE na forma do Contrato,
que instrumentaliza o crédito ora cedido, por cuja
existência responderá o CEDENTE.
7. A
CESSIONÁRIA, por este instrumento particular, além de ter
aceito a cessão, reconhecendo a autenticidade do
documento representativo do crédito, constituirá o
CEDENTE depositário, para que aguarde o Contrato e seus
anexos, como se fossem, assumindo todas as
responsabilidades.

8. O CEDENTE responderá subsidiariamente pela pontual


liquidação do crédito cedido, comprometendo-se a pagar à
CESSIONÁRIA, independentemente de notificação, o valor
de crédito cedido no prazo de .......... dias úteis, contado da
data de vencimento previsto no Contrato.

9. Ao CEDENTE caberá o exercício dos atos conservatórios


do crédito cedido, efetuando como bem lhe aprouver e na
melhor forma de direito, recebendo-o, quitando-o
cancelando as expectativas garantias e entregando à
CESSIONÁRIA, em seu vencimento, o valor total de crédito
total do crédito cedido, por força de seu efetivo pagamento
por parte do Devedor, ou em função da obrigação assumida
na cláusula anterior, caso em que sub-rogar-se-á em todos
os direitos correspondentes.

10. O CEDENTE e a CESSIONÁRIA obrigar-se-ão a praticar


qualquer ato que for necessário para que havendo
inadimplemento do Devedor, possam exercer seus direitos,
judicial ou extrajudicialmente.

11. Se o CEDENTE for constituído em mora, relativamente a


suas obrigações contratuais, o valor do débito será
acrescido de juros moratórios de ..........% (.......... por cento)
ao mês, e multa de ..........% (..........por cento).

12. A
CESSIONÁRIA declarará o vencimento antecipado deste
contrato se o CEDENTE:
(a) tiver sua concordata ou falência declaradas, ou sofrer
intervenção judicial ou extrajudicial; ou

(b) se inadimplir qualquer obrigação contratual.

13. As partes elegerão o foro da Cidade de .......... para


dirimir quaisquer litígios decorrentes do presente contrato,
renunciando a qualquer outro por mais privilegiado que
seja.

E os contratantes, por estarem assim justos e contratados,


firmam o presente instrumento em .......... (..........) vias, de
igual teor e efeito, juntamente com 2 (duas) testemunhas
abaixo qualificadas, que a tudo presenciaram. "
Bibliografia:
Código Civil interpretado conforme a constituição da
república - Gustavo Tepedino,Heloisa Helena Barboza,
Maria Celina Bodin de Moraes - Rio de Janeiro - Renovar
2004.
Requião, Rubens, 1918 - Curso de direito comercial, volume
I - Rubens Requião - 26ed atual. por Rubens Edmundo
Requião - São Paulo - Saraiva, 2005
Anotações do carderno referentes as aulas ministradas pelo
professor Cássio Cavalli.
www.sitecontabil.com.br/Modelos_contrato/0024.htm - 11k
-

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