RESUMO
INTRODUÇÃO
Mesmo sendo reduzido o objetivo da escrita, cumpri definir qual será o interesse
específico. Se quisermos estudar a escrita enquanto produto de um processo de ensino, o texto
será o nosso objeto. Se o que nos interessa é o processo de desenvolvimento da capacidade de
produzir textos, então o objeto será o próprio escritor – a evolução de seus esquemas lingüísticos.
Pode-nos ainda, interessar o ensino da escrita (professor-método) ou as operações que as crianças
realizam ao produzir um determinado texto. Nesse caso, o objeto seria o pensamento expresso
por escrito, ou seja, os fenômenos que ocorrem nas crianças quando escrevem, e o modo como
elas empregam o conhecimento já construído em relação à escrita.
Com base na observação corrente, constatamos que, muitos casos, as produções escritas e
a compreensão de textos desenvolvidos nas séries iniciais não apresentam índices claros que
caracterizem a evolução natural da escrita ou da leitura de uma criança para outra. Isto nos leva a
pensar em algumas hipóteses explicativas. Dentre elas, a que se refere ao projeto educativo das
escolas. Não se observam, nos planejamentos, objetivos claros e específicos a serem alcançados
pelos alunos nas diferentes séries, objetivos esses que devem ser cada vez mais abrangentes e
cumulativos.
A preocupação com a gramática, com a ortografia e até com a leitura oral está sempre
presente. Mas não se observa situação semelhante com o desenvolvimento do processo da escrita
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“[...] Não se aprende a ler primeiramente palavras, depois frases, depois textos
e, enfim textos dos quais se tem necessidade. Aprende-se a ler aperfeiçoando,
desde o princípio, o sistema de interrogação dos textos que precisamos ler,
mobilizando o ‘conhecido’ para reduzir o ‘desconhecido”.
Entendemos então, que ler é atribuir significado ao mundo, em sentido amplo, e o que se
lê, em sentido específico. Portanto, é muito mais do que decodificar. Durante e mesmo antes da
leitura fazemos antecipações sobre o tema, no caso em foco, dos desenhos animados. Antes da
leitura antecipamos seu conteúdo a partir do personagem já conhecido, do tema abordado, dos
conhecimentos prévios sobre o tema ou o autor e dos comentários feitos por quem já viu o
desenho animado. Durante a apresentação, a partir dos elementos que o desenho traz e das
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compreendermos que a criança comumente chega à escola trazendo consigo muitos saberes sobre
a leitura e escrita, construídos a partir das suas vivências, estamos possibilitando que ela faça
leituras e escritas segundo suas possibilidades e de acordo com os conhecimentos que foram
construídos até aquele momento. Então o professor poderá fazer intervenções adequadas,
oferecendo atividades que possibilitem o avanço neste processo.
A escrita deve surgir do interesse e curiosidade natural da criança, e esta se manifesta pelo
desejo que a criança tem de descobrir, reconhecer e utilizar os sinais gráficos com que
constantemente se depara. Inicialmente surge a necessidade de decifrar o meio e de apropriar-se
dos símbolos (palavras, sinais, frases...) e, posteriormente, já não bastando isto, quer utilizar-se
deles, produzindo-os.
Pela necessidade de relacionar-se e comunicar-se, o homem produz a linguagem,
superando os limites de sua condição natural. Sendo assim, desenvolve as capacidades de
generalização e abstração do mundo exterior, ou seja, a possibilidade de operar na ausência dos
objetos.
A linguagem, por seu caráter simbólico, permite ao homem a codificação dos objetos em
signos. Essa capacidade de representação faz com que ele supere sua consciência sensível,
constituindo assim, a consciência racional.
Nem a linguagem nem a consciência são dons inatos do homem; pelo contrário, são
capacidades desenvolvidas através do trabalho no decorrer de sua história, não sendo, portanto,
imutáveis nem variáveis.
Segundo Luria (1988), “A função primária da linguagem, muda à medida que aumenta a
experiência educacional da pessoa”. A escrita é, então, o produto mais desenvolvido da abstração
da linguagem, pois não conta com quase nenhum elemento extraverbal (gestos, mímica, etc.).
Surgiu a partir do momento em que as relações sociais de trabalho se tornaram mais complexas.
A aquisição da escrita não é um produto meramente escolar, mas o resultado de um longo
processo apropriativo e construtivo por parte da criança. Aprender a língua escrita é construir
estruturas de pensamento capazes de abstrações cada vez mais elaboradas.
Segundo Vygotsky (MOLL, 1996),
“a escrita deve ter significado para as crianças, uma necessidade intrínseca deve
ser despertada nelas e a escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária
para a vida. Só então poderemos estar certos de que ela se desenvolverá não
como hábito de mãos e dedos, mas como uma forma nova e complexa de
linguagem”.
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suas reações e críticas, visando tornar o aluno cada vez mais competente e a sua escrita mais
comunicativa.
O processo de avaliação é muito delicado porque dele depende a postura do aluno:
aceitação e revolta. Antes de avaliar é preciso fazer alguns questionamentos e pré-determinar as
respostas para que os alunos não sejam prejudicados:
• O que quero avaliar? Memória, atenção, raciocínio, interpretação, leitura,
sistematização, criatividade, assimilação do conteúdo.
• Como quero avaliar? Objetiva ou subjetivamente, de modo parcial ou imparcial,
quantitativa ou qualitativamente; visando os conteúdos ou as fases de
desenvolvimento.
• Por que avaliar? Para determinar nossa prática ou para saber os resultados desta
prática com relação aos nossos alunos, para completar tarjetas e boletins, para
colaborar com as estatísticas da Educação, para detectar nossas dificuldades ou as
de nossos alunos, para buscar uma nova orientação nas mudanças teóricas e
práticas, para confirmar a eficiência da nossa prática de ensino?
Avaliar não pressupõe erros, falhas, defeitos, mas determina o valor da ação educadora e
o desenvolvimento individual de cada um, avaliar significa descobrir o aluno em relação a ele
mesmo.
Toda leitura é feita com o objetivo de buscar informações, idéias novas, confirmações,
destacando as idéias vinculadas por aquela leitura que já é conhecida, argumentando, podendo
concordar ou discordar do autor.
Para uma melhor compreensão e interpretação de um texto, é necessário que o aluno
aprenda com o professor a conhecer sua estrutura, como também as intenções comunicativas do
autor.
É fundamental encaminhar esse processo com o trabalho de aquisição da leitura e da
escrita, sem perder de vista sua função na sociedade.
É fundamental o trabalho diversificado, pois ele ajudará o aluno a entender as várias
convenções sociais que utilizamos no cotidiano.
Situando a função social da leitura e escrita na vida do aluno, com atividades
significativas e contextualizadas, o ensino da língua materna será capaz de tornar-se elemento
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desenho. O fato de não ter de elaborar mentalmente o conteúdo pode explicar a ausência de
dinâmica, tempo, coesão e coerência, por isso dizemos que a ilustração, a leitura de imagens
determina, em muitos casos, a qualidade dos texto.
Daí a importância de o professor não só conhecer como se dá o desenvolvimento
cognitivo de seus alunos, mas saber fazer propostas de acordo com os textos que deseja ver
escritos por eles, ou seja, partir do que o aluno sabe; isso aumenta sua confiança em prosseguir;
oferecer alternativas para que o aluno extraia novas informações, favorecendo o trabalho coletivo
e a interação com os colegas, o conhecimento será construído solidariamente, e para tal, é
necessário ainda que o professor elabore propostas claras, pertinentes, bem preparadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de cada teórico ter sua própria concepção quanto à aquisição da língua escrita,
podemos observar que todos são construtivistas; partem de uma abordagem genética da escrita e
preocupam-se com o seu processo de aquisição pelo indivíduo, estendendo-se por muitos anos.
Podemos, após vários estudos, considerar que esses teóricos se somam, se completam e se
ampliam nas suas teorias.
Só é possível viver em sociedade se houver respeito, tolerância e troca – o que acontece
através da linguagem. Garantir na escola espaço para isso é fundamental à constituição dos
alunos enquanto sujeitos e ao fortalecimento do grupo-classe. Portanto, constituir esse grupo é o
primeiro passo para realizar um trabalho significativo de Leitura e Produção Escrita. Pela
necessidade de relacionar-se e comunicar-se, o homem produz a linguagem, superando os limites
de sua condição natural. Sendo assim, desenvolve as capacidades de generalização e abstração do
mundo exterior, ou seja, a possibilidade de operar na ausência dos objetos.
Considerando, ainda, a função social da escrita, o texto torna-se o centro do trabalho no
processo de aquisição da língua, pois com ele a palavra terá sentido e, dependendo do contexto
em que estiver inserida, apresentará diferentes significados. É necessário dar ao aluno a
oportunidade de realizar, além das produções individuais, produções em dupla, em equipe e em
textos coletivos.
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Esperamos assim, que aos poucos os alunos se tornem revisores dos próprios textos. No
entanto, cumpre lembrarmos que, conduzir o aluno à autocorreção exige uma prática sistemática
em sala de aula, que deve ser mediada pelo trabalho do professor.
Essa nova realidade que se apresenta pressupõe uma reavaliação dos currículos de
formação de professores, os quais deveram incluir disciplinas que privilegiem questões centrais
atualmente, tais como a pragmática, a análise do discurso, a lingüística, e como não poderia
deixar de ser, as novas tecnologias de comunicação.
A leitura de imagens envolve o questionamento, a descoberta e o despertar da capacidade
crítica dos alunos. As interpretações originadas desse processo de leitura, relacionando
sujeito/obra/contexto, não são passíveis de certo/errado. Ver é atribuir significados, o significado
está relacionado às relações que estabelecemos entre as nossas experiências e o que estamos
vendo. O olhar de cada um está impregnado com experiências anteriores, associações,
lembranças, fantasias, interpretações.
A imagem é um componente central da comunicação, é necessário compreender como a
criança lê essas imagens, o que mais lhe impressionou, como ela interpreta e julga tais imagens.
As leituras mostram a diversidade de significados, as informações, as vivências de cada
leitor estão presentes ao dar sentido para a imagem.
É necessário começar a educar o olhar da criança desde a educação infantil, possibilitando
atividades de leitura para que, além do fascínio das cores, das formas, dos ritmos, ela possa
compreender o modo como a gramática visual se estrutura e pensar criticamente sobre as
imagens. A atribuição de sentidos construídos pelo leitor em função das informações e dos seus
interesses no momento, como também não se trata de expor as imagens a criança sem
problematizar, sem refletir sobre o que ela olha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS