Intérpretes do Brasil: Compõem-se de dois representantes, OBRAS PRNCIPAIS: Os sertões (1902), Contrastes e
Euclides da Cunha e Graça Aranha. Valem-se da literatura - confrontos (1907), À margem da história (1909)
Obra de pretensão filosófica, A estética da vida, não Obras principais: Recordações do escrivão Isaías Caminha
acrescenta nada a sua carreira e reforça os críticos que (1909) Triste fim de Policarpo Quaresma (1911) Numa e
apontam no pensador Graça Aranha a falta de clareza e de Ninfa (1915) Vida e morte de M .J. Gonzaga de Sá (1919) Os
rigor intelectual. bruzundangas (1923) Clara dos Anjos (1924) Cemitério dos
vivos (1957 - edição póstuma)
A PARTICIPAÇÃO NA SEMANA DE 1922 No Rio de Janeiro do início do século, dominado
culturalmente pelos letrados tradicionais, a contestação
Ressalte-se por fim, a sua participação na Semana de Arte artística se faz de forma bastante problemática: o
Moderna, da qual é um dos líderes, embora por seus conservadorismo parece asfixiar o novo. Daí as dificuldades
padrões estéticos e ideológicos, possa ser considerado e provocações que Lima Barreto enfrenta ao produzir uma
Vês! Ninguém assistiu ao formidável Um dos aspectos mais estranhos e perturbadores da poesia
Enterro da tua última quimera. de Augusto dos Anjos é que ela vem revestida por uma
Somente a Ingratidão - esta pantera - linguagem científica, ou pretensamente científica
Foi tua companheira inseparável! (cientificista). Na vasta biblioteca do pai, embriagou-se desde
garoto nos clássicos da Biologia e do pensamento
Acostuma-te à lama que te espera! evolucionista do século XIX. Destes livros, nem sempre bem
O Homem que, nesta terra miserável, assimilados, retira palavras e conceitos, utilizando-os de
Mora entre feras, sente inevitável maneira esquisita em seus versos. Fora do contexto do livro
Necessidade de também ser fera de ciências, estes vocábulos tornam-se singulares, ora
primando pela criatividade, ora pelo total absurdo. Ferreira
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! Gullar cita algumas das expressões mais curiosas:
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja. • A miséria anatômica da ruga.
• A lógica medonha / dos apodrecimentos
Se alguém causa inda pena a tua chaga, musculares.
Apedreja essa mão vil que te afaga, • A bacteriologia inventariante.
Escarra nessa boca que te beija! • O cancro assíduo na consciência.
• Engrenagem de vísceras vulgares.
A visão particular da vida e da morte • A mucosa carnívora dos lobos.
• Os sanguinolentíssimos chicotes da hemorragia.
A tuberculose deve tê-lo marcado para sempre. Explicaria a
sua obsessão pela morte, nas formas mais degradadas que
Curiosamente, Oswald de Andrade não produz nenhuma Estarão presentes em sua poesia:
obra ficcional ou poética dentro do espírito antropofágico (a
não ser, talvez, a peça Rei da vela). Caberia a Mário de A temática da morte (reflexo da doença);
Andrade, com o romance Macunaíma, e a Raul Bopp, com o A simplicidade expressiva;
poema Cobra Norato, a tentativa de levar para o espaço da Indignação moral, que se revela, por exemplo, no poema O
criação literária as idéias do Manifesto. bicho:
Nos anos de 1967, Caetano Veloso e outros compositores Vi ontem um bicho
populares voltam a acenar com os princípios antropofágicos Na imundície do pátio
para combater a estreiteza da chamada M.P.B., que rejeitava Catando comida entre os detritos
a incorporação de elementos da música pop internacional à
música brasileira. Quando achava alguma coisa,
Verde-Amarelo (1924) e Anta (1928): Com a participação Não examinava nem cheirava:
de Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado, Engolia com voracidade.
estas tendências opõem-se ao primitivismo destruidor e
debochado dos "antropófagos" através do reforço do "sentido O bicho não era um cão,
de brasilidade" e de uma tendência conservadora e direitista Não era um gato,
no plano social.
B) - Os dramas dos trabalhadores rurais: Seara vermelha, CRONOLOGIA DOS PRIMEIROS ROMANCES DE 30
de Jorge Amado; e Vidas secas, de Graciliano Ramos. • 1928 - A bagaceira, de José Américo de Almeida.
Ambos correspondem a uma impugnação da realidade • 1930 - O quinze, de Rachel de Queiroz; O país do
fundiária nordestina, opressiva e excludente. carnaval, de Jorge Amado
• 1932 - Menino de engenho, de José Lins do Rego;
C) - O confronto entre o Brasil rural e o Brasil urbano: Cacau, de Jorge Amado; João Miguel, de Rachel
este é o ponto nuclear de alguns dos mais importantes títulos de Queiroz.
da narrativa brasileira do século XX. O choque entre Paulo • 1933 - Doidinho, de José Lins do Rego; Caetés,
Honório e Madalena em São Bernardo, de Graciliano de Graciliano Ramos; Clarissa, de Érico
Ramos, sintetiza o descompasso entre a mentalidade Veríssimo; Os Corumbas, de Amando Fontes.
patriarcal-latifundiária e a urbana modernizada. Também de
DALTON TREVISAN
Contista mineiro (1926-). Escreve contos que tematizam
a vida urbana e cria personagens que mostram muitas
vezes o lado grotesco do ser humano. Nasce em
Curitiba, cidade na qual ambienta a maioria de suas
histórias. É um dos fundadores da revista Joaquim, que
representa a segunda fase do modernismo no Paraná.
Em 1945 publica sua primeira coletânea de contos,
Sonata ao Luar. Ainda sob a forma de folhetos ou
edições populares, lança as coletâneas Sete Anos de
Pastor (1948), Crônicas de Curitiba, O Dia de Marcos e
Os Domingos (1953/54). Em 1959, publica seu primeiro
livro, Novelas Nada Exemplares, e, posteriormente, lança
Morte na Praça. Entre os livros mais importantes de sua
obra encontram-se Cemitério de Elefantes (1964) e O
Vampiro de Curitiba (1965).