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Carlos Vogt

Waldomiro Loyolla Jocimar Archangelo Geraldo Di Giovanni

Universidade
Virtual~ do Estado
de Sao Paulo

Secretaria de Ensino Superior


Universidade Virtual
do Estado de São Paulo

Autores:

Carlos Vogt

Waldomiro Loyolla
Jocimar Archangelo
Geraldo Di Giovanni

Secretaria de Ensino Superior


Índice

José Serra
Governador

Alberto Goldman
A presentação 7
Vice-governador
I ntrodução : você na universidade ,
a universidade em você 9
Secretaria do Ensino Superior
Carlos Vogt
1. P rograma U nivesp : objetivos ,
Secretário tecnologias e metodologias 13
Público–alvo 14
Nina Ranieri
Módulos Operacionais 14
Secretária-adjunta
Plataforma de Aprendizagem 15
Fernanda Montenegro de Menezes Univesp-TV 17
Chefe de Gabinete Apoio Telefônico — Help Desk 18
Polos presenciais 19
Metodologias 20
Relação aluno-tutor 21
Relação aluno-conteúdo 22
Relação aluno-aluno 23
Relação aluno-administração 23

2.P rograma U nivesp : estrutura e funcionamento 25


Univesp: Estrutura 25
Comitê Diretivo do Programa Univesp 26
Secretaria de Ensino Superior 27
Apresentação
Instituições Parceiras 29
Núcleo Univesp 30
Coordenação de cursos 31

3. Novas fronteiras de tempo e espaço na educação 33


Conhecimento em rede 34

4. E xperiências internacionais 39
As universidades virtuais resultantes de ação consorciada 39
Universidade Virtual de Pays de la Loire (UVPL) 40 A Univesp – Universidade Virtual do Estado de São
Universidades virtuais isoladas 45 Paulo –, programa criado pelo Decreto no 53.536, de 9 de
Universitat Obierta da Catalunya (UOC) — Universidade outubro de 2008, é a resposta do governo paulista a um
Aberta da Catalunha 45 enorme desafio: o de expandir o ensino superior gratuito
Open University (OU) 48 por meio da ampliação do número de vagas nas três uni-
Universidades virtuais criadas a partir de versidades públicas paulistas – USP, Unicamp e Unesp –,
instituições já existentes 53 utilizando metodologia inovadora, que associa o uso inten-
Universidade Virtual de Monterrey — Itesm 53 sivo das tecnologias de informação e comunicação às pra-
Télé-Université Québec (Téluq) 57 ticas tradicionais do ensino presencial, sem descuidar do
compromisso com a qualidade na educação superior, marca
5. A experiência brasileira 63
registrada das três instituições paulistas.
Consórcio Cederj/Cecierj 65
Projeto Veredas 69
Essa empreitada só foi possível graças à sinergia que
Universidade Aberta do Brasil 71
pautou a estruturação do programa que, sob a coordenação
A educação a distância na área da educação profissional 73
da Secretaria do Ensino Superior, reúne, na forma de consór-
cio, competências e esforços das três universidades, Fundação
6. U nivesp : uma proposta inovadora 75
Padre Anchieta, Fapesp, Fundap, Imprensa Oficial e o Centro
Paula Souza. Por meio do Programa Univesp, USP, Unicamp e
Unesp oferecerão cursos de graduação, licenciatura, capacita-

7
ção, extensão e pós-graduação, suportados por ambiente vir- Introdução:
tual interativo de aprendizagem – desenvolvido no âmbito do
Programa Tidia, patrocinado pela Fapesp –, associado à mídia Você na universidade,
digital – entre elas, os programas pedagógicos da Univesp-TV, a universidade em você
um canal aberto dedicado, da Fundação Padre Anchieta –, help
desk e material impresso, além de atividades presenciais em
polos de apoio instalados nas universidades consorciadas, em
instituições e órgãos públicos parceiros do programa.
Além de ampliar as possibilidades de acesso às univer-
sidades públicas, a Univesp responde também à demanda O Programa Univesp – Universidade Virtual do Esta-
de maior qualificação de professores do ensino fundamental do de São Paulo, concebido pelo governo estadual, por meio
e médio em todo o estado. Nessa área, já estão aprovados – da Secretaria de Ensino Superior (SES), para desenvolver-se
e em breve serão oferecidos – um curso de pedagogia, pela e funcionar em parceria com a USP, a Unicamp e a Unesp,
Unesp, e outro de licenciatura em ciências, pela USP. Outros tem como objetivo contribuir para a expansão do ensino pú-
cursos de graduação e de pós-graduação encontram-se com blico superior paulista1.
seus projetos em tramitação nas universidades estaduais Como São Paulo e as universidades constituem um
para breve oferecimento em diferentes áreas do saber. foco de convergência de estudantes vindos também de ou-
A Univesp reforça, assim, o papel que as universidades tras partes do país, a Univesp inscreve-se e, de certo modo,
públicas paulistas têm desempenhado no avanço do conhe- amplia e enfatiza o papel do estado no cenário das políticas
cimento e na formação de recursos humanos e, ao mesmo públicas de educação superior com alcance nacional.
tempo, oferece subsídios para que São Paulo marque um A estrutura consorciada da Univesp agrega ainda ou-
tento expressivo no processo de ampliação, com qualidade, tras importantes instituições, entre elas a Fundação Padre
do ensino superior público gratuito no estado.
1. O programa tem tido a participação de vários colaboradores das diversas insti-
tuições envolvidas e da própria SES, entre eles a professora Nina Ranieri, secretá-
José Serra ria-adjunta, que contribuiu também para a realização desta publicação, ao lado,
Governador entre outros, de Cláudio Salm e Cláudia Izique.

8 9
Anchieta, a Fapesp, a Fundap, a Imprensa Oficial e o Centro trabalho intenso e agradável de conversações, planos, ajus-
Paula Souza. tes, acertos e definições, juntamente com as instituições
Como se trata de um programa de ensino superior que participam do projeto, em especial as universidades e a
assentado sobre o uso intensivo das tecnologias de informa- Fundação Padre Anchieta, em busca das condições institu-
ção e de comunicação, além das práticas e das metodolo- cionais que permitissem que a Univesp entrasse em funcio-
gias mais tradicionais de ensino, incluindo um componente namento ainda no ano de 2009.
significativo de atividades presenciais, a Univesp conta com Nesse sentido, além de vários cursos de especialização,
um recurso que muito contribui para a sua singularidade no pudemos contar com a aprovação de dois cursos em nível de
cenário do ensino superior público e gratuito no Brasil. graduação pelas instâncias competentes das universidades
Isso se deve ao fato de que a participação da Funda- responsáveis por seu oferecimento através da Univesp: o
ção Padre Anchieta no programa, com a implantação da curso de pedagogia, pela Unesp, e o curso de licenciatura em
tecnologia digital no sistema, permitiu que fosse criada a ciências, pela USP.
Univesp-TV, com um canal aberto dedicado exclusivamente Logo deveremos ter também ofertas de curso pela
à programação da universidade virtual. Unicamp, fechando-se, assim, de um lado, a equação básica
Hoje, com a adesão ao programa das outras importan- da garantia de qualidade da Univesp pelo selo de certifica-
tes instituições já mencionadas, pode-se dizer que a Univesp ção, creditação e diplomação das nossas universidades esta-
tornou-se uma realidade no contexto da educação superior duais e abrindo-se, de outro lado, as possibilidades reais de
em São Paulo e no Brasil. construção e assentamento de um novo conceito de alcance
O apoio entusiasmado e efetivo que o governador José e extensão da educação superior pública e gratuita em nosso
Serra deu ao projeto desde o momento em que lho apresentei, estado e em nosso país.
quando ainda presidente da Fapesp, veio se concretizando in- A virtualidade da Univesp é também, por paradoxal que
clusive na dotação orçamentária da SES para a implantação e seja a afirmação, o que lhe dá realidade, presença e necessida-
o desenvolvimento do programa com recursos do governo e de no cenário da educação superior em São Paulo e no Brasil.
sem nenhum ônus adicional para as instituições parceiras. Associando e integrando metodologias tradicionais e
Estivemos, desde que fui designado para secretário tecnologias inovadoras de ensino, a Univesp, enquanto con-
de Ensino Superior, em agosto de 2007, envolvidos num sórcio de instituições competentes, tem, desde a sua con-

10 11
cepção, sua estrutura e seu funcionamento, o compromisso
e a obrigação da qualidade.
Organizando suas atividades presenciais por polos
1P rograma Univesp :
objetivos, tecnologias
e metodologias
distribuídos em diferentes regiões do estado, mantendo um
contato constante e sistemático com seus estudantes através
da Univesp-TV, da internet, da telefonia e dos materiais di-
dáticos impressos para a realização e acompanhamento das
aulas e a avaliação de desempenho dos alunos, a Universi-
dade Virtual do Estado de São Paulo estende o espaço físico O Programa Univesp tem como principal objetivo ex-
que abriga nossas universidades e interioriza, ampliando-o, pandir o ensino superior no estado de São Paulo por meio
o abrigo que essas instituições oferecem aos destinos e des- do aumento do número de vagas ofertadas pelas três uni-
tinações profissionais e humanas das populações jovens de versidades públicas e de sua melhor distribuição em todo o
nosso estado e de nosso país. território paulista.
O jovem vai à universidade e a universidade vai à sua O Programa faz uso intensivo das tecnologias da in-
juventude como possibilidade concreta no caminho de sua formação e comunicação associadas a atividades presenciais
trajetória social, contribuindo para aumentar a oferta de vagas em polos de aprendizagem instalados em diversas regiões
no ensino superior público gratuito e criando condições de do estado de São Paulo. Disponibiliza ambientes virtuais de
maiores facilidades operacionais para deslocamento geográ- aprendizagem na internet por meio do qual oferece conteú-
fico do estudante que parte de seus interiores em busca das dos educacionais como material didático, artigos e vídeos;
grandes instituições paulistas. Dessa vez, elas se movem até dispõe de ferramentas de acesso a atividades orientadas por
eles e neles buscam também o abrigo vivo para o exercício ple- tutores, organiza fóruns virtuais e chats que estreitam o re-
no de sua missão maior, que é educar e pela educação transfor- lacionamento entre alunos do mesmo curso e permitem o
mar em cultura dinâmica para a vida os processos de ensino e compartilhamento de informações. Conta com um canal de
aprendizagem, de produção, difusão e divulgação do conheci- TV digital de sinal aberto – a Univesp-TV – que transmite
mento associados à responsabilidade ética e profissional que a programas-aulas e programas complementares às ativida-
formação universitária deve consolidar em seus estudantes. des dos cursos, durante 24 horas do dia.

12 13
O acompanhamento dos cursos e das atividades pe- professores das redes pública e privada de educação básica
dagógicas desenvolvidas em ambiente virtual também se do estado de São Paulo.
realiza na forma presencial em polos de apoio instalados O segundo contempla, principalmente, a oferta de
nas universidades consorciadas, em instituições e órgãos cursos de graduação em licenciatura nas áreas de ciências,
públicos parceiros do programa, onde os alunos participam matemática, física, química, biologia, língua portuguesa,
de atividades e assistem aos programas da Univesp-TV, re- filosofia e sociologia que integram a grade curricular do en-
cebem apoio pedagógico e são avaliados. sino fundamental e médio.
O Programa conta com aporte financeiro da Secreta- O terceiro oferece cursos de capacitação, extensão e
ria de Ensino Superior para sua realização, respeitadas as di- pós-graduação para graduados em curso superior que dese-
retrizes e os padrões acadêmicos, técnicos, administrativos jam engajar-se em uma educação continuada com vista a seu
e financeiros estabelecidos por seu comitê diretivo. aperfeiçoamento profissional.

Público-alvo Pode-se identificar como alvo do progra- Plataforma de Aprendizagem O Programa Univesp uti-
ma to­do cidadão com anseio de dedicar-se aos estudos liza o ambiente virtual de aprendizagem conhecido como
de nível superior. Assim, o Programa Univesp tem como pú- Tidia-Ae, desenvolvido no âmbito do programa Tecnologia
blico-alvo os jovens com idade e qualificação para ingressar da Informação para o Desenvolvimento da Internet Avança-
num curso superior; graduados interessados em ingressar em da (Tidia), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
cursos de educação continuada; professores do ensino funda- do Estado de São Paulo (Fapesp). O Tidia-Ae reúne mais de
mental e médio, educação de jovens adultos e educação espe- 150 pesquisadores de 23 laboratórios das principais univer-
cial que não possuam diploma de curso superior, e os do­cen­tes sidades do estado ancorados por quatro laboratórios cen-
gradua­dos que desejem participar de programas de capacita- trais baseados na Escola Politécnica da USP, no Núcleo de
ção contínua ou que demandem curso de pós-graduação. Informática Aplicada à Educação da Unicamp, no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e no campus da USP em
Módulos Operacionais As atividades do Programa Uni- São Carlos. O objetivo do programa é formar recursos hu-
vesp estão organizadas em três módulos voltados para os manos e produzir pesquisas científicas e tecnológicas com
diversos públicos. O primeiro tem como foco a formação de aplicação na educação.

14 15
As pesquisas colaborativas, iniciadas em 2002, re- pela Fapesp. O próprio uso do Tidia-Ae deverá também mo-
sultaram na criação de um ambiente de aprendizagem ele- tivar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o ensino
trônica (Ae) fundamentado numa arquitetura baseada em mediado por tecnologia.
componentes que facilitam a elaboração, a manutenção e a O Tidia-Ae representa o Brasil na comunidade inter-
incorporação de novas funcionalidades ao longo do tempo. nacional de pesquisadores em aprendizagem eletrônica na
O Tidia-Ae dá suporte a projetos de educação basea- condição de membro votante do IMS – Global Learning
dos em TICs que utilizam softwares livres, como é o caso Consortium, uma iniciativa mundial de padronização em
do Programa Univesp. É formado por um conjunto de fer- aprendizagem eletrônica e no Framework Sakai, um grupo de
ramentas computacionais integradas em ambiente de in- desenvolvimento para a expansão do núcleo básico do Sakai.
ternet e que permite vários tipos de interação, bem como
a agregação de diversas mídias, desde um programa de TV Univesp-TV A Fundação Padre Anchieta – que ao longo de
até a realização de fóruns de debates. Nesse ambiente, por 40 anos acumulou experiência na transformação de con­
exemplo, professores e tutores do curso podem propor, rece- teúdos pedagógicos em produtos audiovisuais – é parceira
ber e corrigir exercícios, utilizando para essa finalidade, um estratégica do Programa Univesp. No quadro da transição
espaço específico. do sistema analógico de transmissão de TV para o sistema
Esse ambiente de aprendizagem permite, ainda, a digital, a Fundação Padre Anchieta optou pela multiprogra-
integração com sistemas administrativos das instituições mação por meio de quatro canais abertos em São Paulo e
parceiras do Programa Univesp, possibilitando sincronis- disponibilizou um desses canais para a Univesp-TV, exclu-
mo entre os sistemas de controle acadêmico e os de ensino sivamente dedicado ao Programa.
e aprendizagem. A Univesp-TV tem sinal aberto, acessível por meio de
O Tidia-Ae baseia-se em padrões internacionais de aparelhos de TV digital ou analógica equipada com conver-
concepção de ambientes de aprendizagem, como o consór- sor de sinal (set top box) e antenas parabólicas digitais, por
cio internacional Projeto Sakai – comunidade que tem como meio do qual são transmitidos conteúdos dos cursos que
objetivo analisar, desenvolver e distribuir um novo Collabo- integram o Programa Univesp. A matriz da programação da
ration and Learning Environment (CLC) –, em iniciativas Univesp-TV está disponível na área de informação da plata-
nacionais, como os projetos KyaTera, também patrocinado forma de cada um dos cursos.

16 17
A programação veicula material didático televisivo nar dúvidas sobre a utilização das ferramentas do ambiente
concebido especialmente para os cursos oferecidos pela virtual de aprendizagem. Essas orientações são fornecidas por
Univesp. Parte da programação – constituída por progra- técnicos que integram a equipe da plataforma Tidia-Ae.
mas com 15 a 20 minutos de duração – tem caráter eminen-
temente pedagógico e está sincronizada com os horários de Polos presenciais Além do ambiente virtual, o Programa
atividades presenciais realizadas nos vários polos Univesp Univesp opera no estado de São Paulo também por meio
com o objetivo de complementar ou ilustrar as atividades de polos presenciais para apoio pedagógico e acompanha-
propostas pelo tutor em sala de aula. mento de desempenho e avaliação dos alunos, instalados
Outra parte da programação é constituída por progra- nos campi das instituições parceiras e em espaços físicos
mas complementares, de apoio ao processo de aprendiza- especificamente cedidos para esse fim por outras entidades
gem, e integra o portfólio de recursos multimídia dos vários públicas do estado.
cursos que podem ser acessados a distância. São programas Os polos atendem aos requisitos de infraestrutura do
curtos, semelhantes a verbetes eletrônicos. Programa: contam com salas para as atividades pedagógicas
A grade de programação da Univesp-TV inclui tam- equipadas com TV e/ou projetor multimídia, aparelhos para
bém a veiculação de documentários, entrevistas, filmes e recepção do canal digital da Univesp-TV e computadores
debates, entre outros programas pautados pelas disciplinas com acesso à internet.
dos vários cursos – como, por exemplo, conteúdos relacio- Nas salas instaladas nos polos, os alunos se reúnem
nados à história da educação, à divulgação de atividades aca- sob a orientação de um tutor para cada turma, sob a super-
dêmicas de pesquisa, entre outros. visão de um docente. Nos polos eles esclarecem dúvidas, as-
Essa programação, que colabora para a construção do sistem aos programas transmitidos pela Univesp-TV e reali-
conhecimento dos alunos da Univesp, também contribui para zam diversos tipos de atividades previstas no currículo dos
a difusão de informações de qualidade na audiência em geral. cursos. Ali também são realizadas as avaliações presenciais,
de acordo com cronograma e frequência previstos em cada
Apoio Telefônico — Help Desk O Programa dispõe, ainda, de um dos cursos.
um serviço de apoio telefônico (0800) – acessível durante Cada um dos polos conta ainda com um monitor res-
toda a semana – por meio do qual os alunos podem solucio- ponsável pelas ações técnico-administrativas necessárias à

18 19
manutenção da infraestrutura adequada para a realização programação dos cursos incluírem atividades presenciais
dos cursos. nos polos como, por exemplo, em aulas de laboratório ou
nas avaliações de cada unidade que compõe o curso.
Metodologias O Programa Univesp utiliza um modelo de en-
sino-aprendizagem baseado no uso de TICs para a realização Relação aluno-tutor Os tutores – em geral docentes da
de atividades pedagógicas associadas à presença de profes- universidade ofertante do curso e alunos de pós-graduação
sores/tutores que, tanto em momentos presenciais como no capacitados para essa função e sempre sob supervisão de
ambiente virtual, assumem o papel de mediador, supervisor e um professor – têm a missão de conduzir seus alunos à ins-
até de animador do processo de formação dos alunos. tigante aventura do conhecimento. Juntos, eles constroem
Com o apoio de ferramentas computacionais especí- conteúdos que serão compartilhados entre grupos de traba-
ficas do Tidia-Ae, os alunos matriculados têm acesso aos lho organizados em ambiente web.
conteúdos especificamente preparados para cada curso, às Os tutores mantêm diálogo permanente on-line com
ferramentas de interatividade e ao elenco de atividades que o aluno e com os grupos de trabalho, estimulando a criação
devem cumprir em cada uma das fases do curso, ao calen- de listas de discussões, debates e pesquisa de textos.
dário de programas transmitidos pela Univesp-TV, à lista de No desenvolvimento das atividades do curso, o alu-
atividades individuais e em grupos etc. no se relaciona com o tutor também nos fóruns onde pode
Cada atividade concluída é enviada para o conheci- fazer perguntas, esclarecer dúvidas e tomar conhecimento
mento do tutor que avalia e orienta o aluno na evolução de das questões colocadas por seus colegas e das respostas do
suas atividades curriculares. Os trabalhos concluídos ficam professor.
armazenados em área de portfólio para consultas posterio- Os encontros nos fóruns são públicos e assíncronos,
res do próprio aluno, do tutor e orientadores, além dos cole- ou seja, o aluno pode entrar na “sala de aula” no momen-
gas, quando autorizado pelo professor. to que considerar mais adequado, dentro de um período de
Na educação mediada por TICs, o cumprimento das tempo estipulado por um cronograma semanal de atividades
tarefas, dentro do cronograma previsto, equivale à presença que ele deve cumprir. Ele também tem a opção de relacionar-
do aluno em sala de aula no modelo de educação presencial. -se com o tutor e com os colegas, utilizando o e-mail interno
Sua presença física, no entanto, será exigida sempre que a da plataforma Tidia-Ae.

20 21
Alunos e tutores se relacionam também nos polos Outra vertente da relação entre o aluno e os conteúdos
onde são desenvolvidas atividades presenciais individuais e se dá pela sua interação com material instrucional distri­
coletivas, específicas de cada curso, inclusive com o apoio de buído em formato eletrônico e convencional adequados ao
programas-aulas transmitidos pela Univesp-TV e da infra- público-alvo a que se destina. Um mesmo conteúdo pode
estrutura do Tidia-Ae. ser disponibilizado em variadas mídias para se obter um
maior alcance para o curso em questão.
Relação aluno-conteúdo A relação do aluno com os con-
teúdos se dá por meio do conjunto de atividades realizadas Relação aluno-aluno O ambiente de aprendizagem Tidia-Ae,
em ambiente virtual, dos programas-aula transmitidos pela utilizado pelo Programa Univesp, está dotado de tecnologia
Univesp-TV e do material didático especialmente preparado para a formação de grupos virtuais de discussão que intera-
para o curso, todos eles oferecidos por meio de diferentes gem tanto de forma síncrona – em tempo real – ou assíncro-
mídias, inclusive a impressa. na, promovendo a interação entre os alunos de um mesmo
Nos programas-aula transmitidos pela Univesp-TV são curso ou de um mesmo grupo de trabalho. Essa mesma inte-
apresentados os principais conceitos, processos e aspectos mo- ração também ocorre nos encontros presenciais.
tivadores do conteúdo em questão. Para tanto, são utilizadas
técnicas de comunicação específica para TV, em formato de Relação aluno-administração Considerando-se a gran-
representação ou de documentário, por exemplo. Alternativa- de distribuição geográfica dos alunos do Programa Univesp,
mente, outras formas de comunicação podem ser utilizadas. a relação do aluno com a administração dos cursos pode se
Os programas-aulas da Univesp-TV têm o objetivo de realizar por meio da internet, do acesso direto aos sistemas
motivar o aluno para a aprendizagem. Durante os progra- acadêmico-administrativos especialmente projetados para
mas-aula, transmitidos ao vivo, o aluno pode encaminhar esse fim.
perguntas ao professor pela internet. Um mediador escolhe
as questões que serão respondidas no decorrer do programa
e as demais são atendidas por outros meios. Os programas-
-aulas são reprisados em diversos horários dentro da grade
de programação da Univesp-TV.

22 23
2P rograma Univesp:
estrutura e
funcionamento

O Programa Univesp é gerido pela Secretaria de Ensino


Superior do Estado de São Paulo por meio de um comitê di-
retivo com competências consultivas, normativas e deliberati-
vas. Esse comitê é presidido pelo secretário de Ensino Supe-
rior e formado por representantes das instituições parceiras.

Univesp: Estrutura

SES — PROGRAMA UNIVESP

COMITÊ DIRETIVO DO PROGRAMA


CÂMARA TÉCNICO-
CÂMARA ACADÊMICA
-ADMINISTRATIVA

NÚCLEO UNIVESP NÚCLEO UNIVESP NÚCLEO UNIVESP NÚCLEO UNIVESP NÚCLEO UNIVESP NÚCLEO UNIVESP
FAPESP UNICAMP UNESP TV CULTURA PAULA SOUZA USP

EXEMPLO:

NÚCLEO
ÁREA ACADÊMICA UNIVESP ÁREA ADMINISTRATIVA
USP

CURSO XYZ

REDE DE POLOS DO PROGRAMA UNIVESP

25
Comitê Diretivo do Programa Univesp O comitê dire- o de produção de programas-aula da Univesp-TV; elaborar
tivo é composto por representantes indicados pelas insti- os critérios de avaliação do Programa; acompanhar a evolu-
tuições parceiras do Programa, quais sejam: Secretaria de ção dos trabalhos de avaliação dos alunos, das disciplinas,
Ensino Superior, Universidade Estadual Paulista (Unesp), dos cursos, da infraestrutura de atendimento e do suporte
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Univer- tecnológico; e supervisionar o trabalho das comissões téc-
sidade de São Paulo (USP), Centro Estadual de Educação nicas vinculadas.
Paula Souza (Ceeteps), Fundação Padre Anchieta, Fundação Compete à câmara técnico-administrativa deliberar
para o Desenvolvimento Administrativo (Fundap), Funda- sobre o orçamento do Programa Univesp; aprovar planos de
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ações de suas comissões técnicas; elaborar os requisitos de
Imprensa Oficial do Estado (Imesp) e outras que venham compatibilidade dos aspectos administrativos, financeiros e
futuramente a integrar o Programa. orçamentários do Programa; deliberar sobre os parâmetros
O comitê diretivo do Programa se reúne ordinariamen- de contratações e remuneração do pessoal de apoio; deli-
te a cada dois meses ou extraordinariamente em qualquer oca- berar sobre a viabilidade de implantação de polos de apoio
sião, sempre por convocação de seu presidente, e as decisões presencial para os cursos; avaliar a implantação e a operação
são tomadas por maioria simples de seus membros. desses polos; acompanhar o trabalho de distribuição do ma-
O comitê diretivo é formado por duas câmaras per- terial didático e de apoio ao Programa Univesp; acompanhar
manentes: a acadêmica e a técnico-administrativa. Cabe à e avaliar os trabalhos de suprimento das demandas de siste-
câmara acadêmica a tarefa de aprovar o planejamento dos mas, de hardware, de software e de infraestrutura necessá-
cursos; elaborar os modelos metodológicos para a implan- rios ao desenvolvimento do Programa Univesp.
tação e funcionamento dos cursos; definir os requisitos e
modelos de ambientação didática e visual para a internet, Secretaria de Ensino Superior A parceria entre a Secre-
assim como a compatibilidade dos aspectos acadêmicos e taria de Ensino Superior e as instituições parceiras é forma-
tecnológicos dos cursos; avaliar a sua evolução acadêmica; lizado por meio de um termo de cooperação mútua com o
acompanhar os trabalhos de ambientação para web dos con- propósito de estabelecer cooperação técnica para a imple-
teúdos dos cursos; o desenvolvimento dos trabalhos acadê- mentação do Programa Universidade Virtual do Estado de
micos e metodológicos de integração midiática, assim como São Paulo – Univesp.

26 27
Cabe à Secretaria de Ensino Superior (SES) propor ao a implantação e operação de sistema de atendimento
comitê diretivo do Programa, diretrizes e padrões acadêmi- telefônico gratuito para a orientação dos alunos a res-
cos, técnicos, administrativos e financeiros a serem segui- peito do uso do ambiente virtual de aprendizagem em
dos para o desenvolvimento e a operação de cursos a serem que os cursos estão suportados.
vinculados ao Programa.
A SES também oferecerá condições para que as câma- Instituições Parceiras Os cursos oferecidos dentro do
ras do comitê diretivo possam acompanhar, analisar, ava- âmbito do Programa Univesp são elaborados pelas insti-
liar e submeter ao comitê relatórios circunstanciados sobre tuições acadêmicas parceiras e aprovados pelo comitê di-
o andamento dos cursos, bem como do cumprimento dos retivo. As instituições parceiras organizam e elaboram o
requisitos e diretrizes por ele estabelecidos. material didático, oferecem espaço para a implantação de
Cabe à SES prover os recursos financeiros necessários polos presenciais, capacitam tutores e definem os conteú­
para: dos dos programas – aulas que são gravadas, editadas e
o oferecimento de cursos vinculados ao Programa, den- transmitidas pela Univesp-TV. Devem, também, zelar pela
tro dos limites estabelecidos pelas diretrizes financeiras qualidade dos cursos, avaliar os alunos e emitir os certi-
aprovadas pelo comitê diretivo; ficados. São ainda responsáveis pela definição dos requi-
o atendimento de particularidades operacionais de sitos de seleção e capacitação de tutores e pelo processo
cada curso, desde que estas não ultrapassem os limi- seletivo de alunos.
tes orçamentários estabelecidos pelas diretrizes finan- Os polos de apoio presencial do Programa estão insta-
ceiras aprovadas pelo comitê diretivo; lados preferencialmente em campi de instituições parceiras.
a implantação e operação de ambiente virtual de Outras instituições públicas que queiram participar do Pro-
aprendizagem que suporte o oferecimento dos cursos grama poderão endereçar à Secretaria de Ensino Superior
vinculados ao Programa; uma solicitação de criação de polo extracampus que será
a realização dos programas de capacitação de tuto- submetida ao comitê diretivo do Programa. A solicitação
res dos cursos vinculados ao Programa, respeitan- deverá formalizar a cessão de salas de aula para a realização
do as diretrizes financeiras aprovadas pelo comitê de encontros presenciais bem como prover o acesso dos alu-
diretivo; nos a laboratório de informática durante todo o período de

28 29
realização de cada curso específico do Programa com o qual Coordenação de cursos As coordenações dos cursos
se comprometa. vinculados ao Programa são responsáveis por zelar pelo res-
peito às diretrizes e padrões de qualidade estabelecidos para
Núcleo Univesp Cada uma das instituições parceiras conta o Programa, além das diretrizes da própria instituição que
com um Núcleo Univesp que, em sintonia com as diretri- oferece o curso. As coordenações devem submeter mensal-
zes do Programa, é responsável pelo desenvolvimento das mente às câmaras do comitê diretivo relatórios de avaliação
ações necessárias à implementação e funcionamento dos dos aspectos acadêmicos e técnico-administrativos.
cursos. Cada Núcleo Univesp nas instituições parceiras tem
a atribuição de encaminhar, junto à instituição, as ações
necessárias à elaboração de propostas de cursos e acompa-
nhar o trâmite interno até a aprovação final; operacionali-
zar as questões acadêmicas e administrativas referentes aos
cursos; realizar o acompanhamento acadêmico, técnico e
administrativo; zelar pela manutenção das diretrizes e pa-
râmetros do programa; receber e ser fiel depositária de re-
cursos físicos aportados pelo Programa para a implantação
ou complementação dos polos.
As instituições parceiras são igualmente responsáveis
pelos critérios de seleção de recursos humanos, bem como
pela definição dos conteúdos e requisitos para a capacitação
e operação de tutores, respeitando as diretrizes e os parâme-
tros de qualidade estabelecidos pela instituição e pelo Pro-
grama Univesp. E, dentro de suas normas e limites, devem
criar condições para que os recursos humanos envolvidos
com atividades do Programa recebam complementação sa-
larial relativa a essas atividades.

30 31
3N ovas fronteiras
de tempo e espaço
na educação

As TICs têm sido utilizadas por diversos países para


superar os limites de tempo e espaço e ampliar o acesso ao
ensino superior. Esse modelo de ensino/aprendizagem foi
implantado com sucesso na Universidade Aberta da Cata-
lunha, na Espanha; na Open University, no Reino Unido;
na Universidade Virtual de Monterrey, no México; na Télé-
-Université Québec, no Canadá; na Universidade Virtual de
Pays de la Loire, na França; e na Universidade Nacional de
Educação a Distância, na Espanha (Uned).
O Brasil também contabiliza experiências de ensino
superior baseada em TICs, como, por exemplo, o Con-
sórcio Cederj/Cecierj, que reúne instituições de ensino
superior do Rio de Janeiro; o Projeto Veredas, do governo
do estado de Minas Gerais; e, mais recentemente, a da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), criada pelo gover-
no federal.
No caso brasileiro, as iniciativas de implantação de
universidades virtuais têm uma função adicional: apresen-

33
tam-se como uma boa alternativa para a formação e/ou qua- já vêm sendo utilizadas por instituições públicas e privadas
lificação de professores do ensino básico. como plataformas para cursos de formação de pessoal.
A educação baseada em TICs pode também contribuir O Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied),
para a superação de um problema que, no Brasil, adquiriu da Unicamp, por exemplo, investiga há 25 anos o uso da
caráter emergencial: a carência de professores de língua informática na educação. No primeiro projeto, batizado de
portuguesa e de ciências (física, química, biologia e mate- Educom e implantado em 1985, o Nied já concebia o compu-
mática). O caso da física, por exemplo, adquire contornos tador como uma ferramenta de aprendizagem – e não como
dramáticos. De acordo com o documento publicado pela uma máquina de ensinar – por meio da qual o aluno poderia
Sociedade Brasileira de Física em 2006, todas as institui- aprender por exploração e descoberta. A metodologia de en-
ções de ensino superior do Brasil formaram, em 2002, ape- sino/aprendizagem foi aplicada em escolas públicas da região
nas 305 licenciados em física. O mesmo documento aponta de Campinas – e até em fábricas –, numa iniciativa então
para a necessidade de qualificar cerca de 55 mil professores inédita no país. A ideia subjacente – que acabou por se tornar
de física nos próximos dez anos. Esse quadro ajuda a expli- uma espécie de lema do projeto – era a de que “não basta en-
car os maus resultados que os estudantes brasileiros têm ob- sinar as crianças a surfar, é preciso ensiná-las a fazer ondas”.
tido nas avaliações do Programa Internacional de Avaliação A nova metodologia já introduzia, na época, mudan-
de Alunos (Pisa) e da Organização para a Cooperação e o ças no conceito de educação tradicional ao enfatizar a intera-
Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desem- tividade do aluno no processo de construção de sua aprendi-
penho de alunos de 57 países. zagem. Foi o primeiro passo para a arquitetura do TelEduc,
um ambiente para a criação, participação e administração de
Conhecimento em rede As três universidades públicas cursos na web, desenvolvido em plataforma de sofware livre.
paulistas já têm massa crítica para iniciar um programa O TelEduc – desenvolvido pelo Nied em parceria com o Ins-
institucionalizado de educação baseada em TICs. Desenvol- tituto de Computação da Unicamp – reproduz um ambiente
vem, há alguns anos, pesquisas sobre o uso de tecnologias análogo ao de uma escola, reunindo, num ambiente virtual,
da informação e comunicação na educação – tanto no que ferramentas facilitadoras da aprendizagem, como bibliote-
diz respeito à arquitetura de ambientes virtuais, como às cas, sala de discussão, área de consulta a tutores, mecanis-
metodologias de ensino/aprendizagem relacionadas –, que mos de avaliação, entre outros.

34 35
Lançado em 2001, o TelEduc conta hoje com milhares tudante que, tendo identificado um problema, pode então
de usuários entre universidades públicas federais, estaduais “navegar” na internet em busca das informações necessárias
e particulares, órgãos públicos, empresas, e foi adotado pelo para sua solução, filtrar essas informações segundo critérios
programa de graduação da Unicamp que utiliza esse am- de relevância e pertinência, tirar conclusões convincentes e
biente computacional como apoio ao ensino presencial. compartilhar os resultados, reiniciando o círculo virtuoso e
Investigações sobre novas tecnologias de comunica- inesgotável de conhecimento em rede.
ção aplicadas à educação também estão em curso na Escola A metodologia de trabalho da Escola do Futuro cons-
do Futuro, um centro de pesquisa interdisciplinar da USP tituiu comunidades virtuais de aprendizagem – quer seja em
que tem como foco a análise do impacto das TICs no en- ambiente de um curso propriamente dito, quer seja em am-
sino e aprendizagem e de seu potencial para a capacitação. biente de comunidade de interesse comum, como é o caso
Inaugurada em 1989 como um laboratório da Escola de dos programas voltados aos usuários do Acessa São Paulo –,
Comunicações e Artes (ECA) da USP, a Escola do Futuro oferecendo acervos a conteúdos digitais pedagógicos ou com
se transformou, quatro anos depois, num núcleo de apoio à o objetivo de inclusão digital.
pesquisa ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa da universidade Também a Unesp utiliza tecnologias de informação e
e reúne cerca de 70 especialistas das mais diversas áreas do comunicação em cursos de formação contínua de docentes e
conhecimento. oferece, via internet, apoio às aulas presenciais em cursos de
O objetivo da Escola do Futuro é o de investigar e graduação e pós-graduação oferecidos pela universidade.
desenvolver meios para o uso das novas tecnologias de in-
formação e comunicação em ambiente de ensino/aprendiza-
gem. O laboratório já criou ambientes de educação diferen-
ciados e concebeu novos materiais didáticos, desenvolvidos
a partir de uma estratégia não convencional de organização
de pessoas em torno de missão específica.
Os pesquisadores estudam, atualmente, aplicações
em linguagem multimídia para a educação e o treinamen-
to. A ideia é transformar o computador num aliado do es-

36 37
4E xperiências
internacionais

O ensino virtual representa um passo importante na


direção do conceito de borderless education, uma concepção de
educação que ultrapassa os limites geográficos, de tempo e
de espaço consagrados na educação escolar presencial que
se apoia na visão de um processo ensino-aprendizagem em
sala de aula.
As universidades virtuais (UV) se enquadram nesse
conceito e podem, de acordo com a Unesco, ser classificadas
em três tipos básicos: as que são produto da ação consorcia-
da de diversas universidades, como é o caso da Univesp; as
universidades virtuais isoladas, que constituem instituições
autônomas; e as que integram universidades presenciais tra-
dicionais já existentes.

As universidades virtuais resultantes de ação con-


sorciada No primeiro modelo de universidades virtuais
encaixam-se as que não têm figura jurídica própria, funcio-
nando como núcleos produtores, financiadores e organiza-

39
dores de oportunidades de educação superior a distância. mento dos recursos destinados a estudantes, entre outros.
Para tanto, valem-se de uma rede que congrega instituições O grupo de trabalho decidiu oferecer, por meio das
prestigiosas de ensino presencial. Esse modelo permite o TICs, cursos estruturados que contribuíssem para a melho-
aproveitamento do conhecimento e da experiência das con- ria do ensino presencial, introduzindo práticas pedagógicas
sorciadas, ampliando as oportunidades de acesso aos cursos modernas e novas formas de suporte às atividades dos alu-
para além de suas respectivas instalações. Para as institui- nos, como, por exemplo, a tutoria e os estudos individuais
ções participantes, o consórcio significa a otimização de re- com o uso de material didático on-line e eletrônico. A ideia
cursos empregados ao expandir virtualmente as instalações subjacente era a de que as novas tecnologias permitiriam
físicas e os espaços de funcionamento da universidade. Um que todos os estudantes das instituições consorciadas tives-
exemplo desse modelo é a Universidade Virtual do Pays de sem acesso pleno aos conteúdos, recursos e atividades.
la Loire (UVPL). Em 12 de abril de 2002 foi firmado um acordo entre
as universidades de Angers, Nantes, Le Mans, o Instituto
Universidade Virtual do Pays de la Loire (UVPL) Esta univer- Universitário de Formação de Professores (IUFM), as Gran-
sidade foi criada em abril de 1999 para difundir o uso das des Écoles do Pays de la Loire e o Conselho Regional do Pays
TICs no ensino presencial tradicional, ampliar a oferta de de La Loire. Esse acordo marcou a criação oficial da UVPL
cursos a distância de formação profissional de nível supe- e deu às instituições consorciadas uma oportunidade para
rior, inicial e continuada, e desenvolver pesquisa em enge- compartilhar experiências, recursos humanos e produção
nharia pedagógica, em parcerias com estabelecimentos de científica.
ensino superior na França e em outros países. Para facilitar o apoio financeiro às suas operações e
Cada universidade consorciada indicou um represen- expansão, a UVPL montou uma estrutura administrativa e
tante para participar do grupo de trabalho responsável pela financeira própria, provida pelo Conselho da Região do Pays
elaboração do projeto e pela sua implementação, desde o di- de la Loire. O seu orçamento é de 1,5 milhão de euros por
mensionamento da clientela e identificação de necessidades ano e sua gestão é responsabilidade de representantes das
e expectativas, até a definição dos cursos a serem oferecidos instituições públicas e privadas da região.
por área de conhecimento, nível e distribuição geográfica, A UVPL está subordinada a dois conselhos, um ges-
passando pela definição da responsabilidade e dimensiona- tor e outro estratégico. O conselho gestor é mais técnico e

40 41
executa as diretrizes do conselho estratégico. Este, por sua oferece cursos de economia e administração; o de ciência,
vez, é composto pelos reitores, dirigentes educacionais e com cursos nas áreas das ciências exatas; o campus jurídico,
por representante da administração da região. Somente focado nas áreas do direito, sociedade, ética e leis corporati-
são apreciados projetos que envolvam pelo menos duas das vas; de medicina e saúde, com cursos de saúde, seguridade e
instituições consorciadas. Por intermédio das instituições qualidade na saúde; e o de ciências da educação.
parceiras, a UVPL oferece um amplo leque de cursos de gra- O governo francês tomou, ainda, iniciativas em nível
duação, pós-graduação e especialização em diferentes áreas nacional no sentido de estimular os professores de ensino
do conhecimento. superior a produzir materiais específicos e adequados aos
O sucesso da UVPL deve ser creditado à escolha dos cursos a distância. Os professores foram convidados a se en-
parceiros, que aderiram integralmente a seus objetivos bási- volver mais com essa modalidade de ensino/aprendizagem
cos e implantaram, de forma isolada ou em ações comparti- e, além de ensinar e acompanhar os alunos, também come-
lhadas, diversos projetos. Além disso, a universidade virtual çaram a pesquisar e produzir novos métodos e materiais.
recebeu um grande reforço do Ministério da Educação da O Serviço de Tecnologias da Informação e da Comu-
França, que, em 2000, lançou cinco projetos de educação nicação (STIC) da UVPL orienta e acompanha os professo-
superior a distância envolvendo todas as regiões do país e res-pesquisadores das instituições consorciadas nas fases de
ampliando para estudantes franceses e estrangeiros o acesso concepção e realização de projetos pedagógicos que utilizam
aos cursos das universidades francesas. Com esses projetos as tecnologias audiovisual e multimídia. O objetivo é dar
o governo conseguiu, no médio prazo, maior racionalização apoio ao desenvolvimento de projetos multimídia de ensino
no uso de recursos humanos, financeiros e materiais na ofer- a distância e ao acompanhamento do ensino presencial; de-
ta de ensino superior e, ao mesmo tempo, a consolidação da senvolver novas ferramentas, tanto para a formação inicial
presença da França no cenário da educação a distância, até quanto para a formação continuada; e dar suporte às pro-
então dominado quase que totalmente pelos países de lín- duções multimídia das ações pedagógicas específicas, como
gua inglesa, principalmente os Estados Unidos. reportagens fotográficas e vídeos.
À medida que o projeto da UVPL se desenvolvia, ou- Os cursos oferecidos pela UVPL são organizados em
tros consórcios/campi virtuais foram sendo criados na Fran- módulos. Os alunos podem se inscrever para fazer ape-
ça, como, por exemplo, o campus de economia e gestão, que nas um módulo específico ou o curso de formação do qual

42 43
aquele módulo faz parte. Cada módulo tem um professor gação segue procedimentos diferenciados, conforme se trate
responsável, em geral auxiliado por dois outros professo- de candidatos interessados apenas em módulos “avulsos”
res. Esses docentes produzem o material escrito disponí- ou de candidatos a obter certificação.
vel na internet e também são responsáveis pela avaliação
dos alunos. Universidades virtuais isoladas As UV isoladas são,
Quando se trata de módulos livres, acessíveis mesmo de modo geral, instituições novas, criadas na maior parte
por quem não é formalmente inscrito, não há nenhum pré- dos casos para atender demandas do setor produtivo. Ofe-
requisito. No caso de cursos completos, que oferecem certi- recem preferencialmente cursos que compõem programas
ficação, há requisitos definidos no site da UVPL e nas fichas de formação de quadros técnicos de nível superior para os
de inscrição. Nos dois casos, é indispensável que o candi- novos perfis ocupacionais. Um exemplo desse modelo é a
dato tenha meios próprios de acesso à internet. De modo Universidade Obierta de Catalunya (UOC).
geral, os cursos de dois ou mais módulos incluem períodos
de estágio supervisionado ou de atividades práticas em la- Universitat Obierta da Catalunya (UOC) — Universidade Aber-
boratório. Nos cursos da UVPL que tenham vários módu- ta da Catalunha A Universitat Obierta da Catalunya (UOC)
los, pode haver a participação das diversas consorciadas. Se foi criada pela Fundação Universidade Aberta da Catalu-
um curso tem quatro módulos, por exemplo, cada um pode nha (Fuoc), em outubro de 1994, com a missão de ser uma
ser estruturado e coordenado por uma instituição. Todos os instituição de ensino superior não-presencial e, ao mesmo
cursos exigem trabalho final. tempo, um ambiente de pesquisa e de formulação de novos
Os candidatos aos cursos de formação/certificação, métodos e técnicas de ensino, adequados aos programas de
por exemplo, encaminham ao professor responsável, por aprendizagem virtual.
meio da internet, um currículo/memorial com as informa- A universidade foi reconhecida por lei em 6 de abril
ções solicitadas pela UVPL que é submetido a uma análise de 1995. Como a fundação à qual está vinculada é dirigida
da comissão de seleção. O número de vagas é determinado por um conselho formado por representantes de diversas
pela capacidade de atendimento de professores e tutores. entidades e empresas da Catalunha, a universidade já nas-
O site da UVPL dá acesso a todos os cursos disponí- ceu com o apoio dessas entidades e de suas respectivas
veis, mas a obtenção do login e da senha necessários à nave- unidades de pesquisa, inovação e transferência de tecno-

44 45
logia que, por meio da educação virtual, buscavam dar tem acesso a seus recursos tecnológicos para o estabeleci-
respostas rápidas e flexíveis às demandas dos estudantes mento de redes de solidariedade e cooperação.
e do mercado. Utiliza modelo de educação semipresencial associa-
Essas entidades – Generalitat (autogoverno) da Cata- do ao uso intensivo das novas tecnologias de informação e
lunha; a Federação Catalã de Caixas de Poupança; a Câmara comunicação e por uma metodologia de ensino baseada no
Oficial de Comércio, Indústria e Navegação de Barcelona; a atendimento personalizado e integral. Alunos, professores e
Câmara de Comércio de Réus; a Corporação Catalã de Rádio gestores interagem de forma assíncrona no campus virtual,
e Televisão; a Fundação Enciclopédica Catalã; e a Fundação um ambiente de rede no qual são disponibilizadas ferramen-
Telefônica – compõem o chamado patronato, órgão máxi- tas tecnológicas que permitem a produção, a estruturação, a
mo de representação e governança da Fuoc. O patronato é difusão e o compartilhamento do conhecimento.
auxiliado por um conselho formado por representantes da A Universidade Aberta da Catalunha oferece cursos
sociedade catalã, empresas privadas e organizações sindi- em nível de bacharelado, licenciatura, extensão e pós-gra-
cais, entre outros. duação, em nove grandes áreas do conhecimento: ciências
A Universidade Aberta da Catalunha é administrada da informação e da comunicação; ciências da saúde e am-
por um gerente nomeado pela reitoria, cujo nome deve ser bientais; direito e ciência política e da administração; eco-
endossado pelo patronato da fundação. Desenvolve ativida- nomia e empresa; humanidades; informática, multimídia e
des de educação em rede, através principalmente da internet, telecomunicações; línguas e culturas; turismo, psicologia e
e tem foco na atuação internacional. Seu eixo estratégico é ciências da educação.
fomentar a criação de um espaço global de conhecimento, Além dos cursos regulares, são ofertados cursos que
consolidando um novo conceito de universidade que consti- atendem as necessidades específicas do setor produtivo e
tua uma referência para outras instituições. das instituições públicas. A universidade oferece, ainda, cur-
A comunidade acadêmica reúne cerca de 40 mil pes- sos de preparação para ingresso na instituição.
soas em 45 países, nos quais mantém núcleos locais para O modelo de ensino é totalmente centrado no alu-
facilitar a adaptação do estudante ao modelo de aprendiza- no. O estudante é convidado a administrar o próprio tem-
gem virtual distribuídos desde a Catalunha. A universidade po, planejar seu ritmo de estudo e construir uma trajetória
conta ainda com o Campus para a Paz e a Solidariedade que acadêmica pessoal. Há conselheiros para orientá-lo nesse

46 47
processo e tutores que acompanham seu desenvolvimento. quadro de funcionários (acadêmicos e não acadêmicos),
Para cada disciplina há um plano de ensino, uma metodolo- professores associados e estudantes. São membros ex offi-
gia de trabalho e critérios de avaliação que, em geral, é feita cio do conselho um pró-chanceler, um vice-chanceler, um
de modo continuado. tesoureiro e o presidente da associação dos estudantes
da universidade. Integram ainda o conselho um grupo que
Open University (OU) Em 1967, o governo britânico desafiou a universidade chama de “membros externos cooptados”,
o Comitê de Planejamento a estruturar um plano de implan- que não compõem o quadro de professores ou funcionários
tação de uma universidade aberta com o intuito de forçar da universidade e que podem chegar a 12. O conselho está
as universidades tradicionais a reverem cursos, métodos e sujeito aos poderes acadêmicos do senado e é auxiliado por
técnicas de ensino. Dois anos depois, em 1969, foi criada a uma série de comitês específicos.
Open University (OU), e os cursos tiveram início em janeiro O senado representa a autoridade acadêmica. Con-
de 1971. No final dos anos 1980, já atendia a mais de 10 mil trola a programação pedagógica, as atividades de pesquisa e
alunos na União Europeia. ensino, regulamenta os exames e é encarregado de estabele-
Em 1983 a OU inaugurou a Business School, em nível cer os graus e os cursos da OU. Ao senado está subordinado
de pós-graduação – que se tornaria a maior escola de negó- o comitê de agenda e o academic board, o segundo mais im-
cios da Europa –, e expandiu sua atuação para outros países portante órgão de coordenação, responsável pelo estabeleci-
do continente. Para tanto, a instituição começou a produzir mento de prioridades e pelas apostas estratégicas.
séries educativas exibidas em canal aberto e transmitidas O terceiro órgão gestor, definido pelo estatuto, é a
pela BBC. Nos anos 1990, foram implantadas novas áreas assembleia geral formada por representantes eleitos das re­
de estudo e criados programas de cursos individualizados giões e membros indicados pelo senado e que pode se mani-
que permitiram a diversificação de perfis profissionais. festar sobre qualquer tema de interesse da OU.
A Open University é uma entidade pública com au- A universidade oferece cerca de 600 cursos, tem
tonomia de gestão e decisão, governada por uma estrutura 4.500 funcionários e 8 mil tutores em 13 centros regionais
tripartite: conselho, senado e assembleia geral. O conse- distribuídos pelo Reino Unido. As equipes auxiliam os es-
lho preside a universidade e controla a instituição como tudantes na escolha dos cursos, informam sobre o plano de
um todo. É composto por 25 membros representantes do desenvolvimento dos trabalhos, as formas de obtenção de

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bolsas e de pagamento, acompanham os alunos durante o Todas as mídias disponíveis são utilizadas para facilitar
curso, oferecem apoio pedagógico, além de serem responsá- a aprendizagem e levando em conta a possibilidade de o alu-
veis também pelas avaliações parciais, pelos exames finais e no estudar sozinho. Assim, ele pode escolher entre material
pela organização dos períodos presenciais. didático impresso, cassetes de áudio, videocassetes, emissão
Além do apoio dos centros regionais, os alunos podem de programas em canal aberto, CD-Rom, softwares, website,
ter acesso aos serviços sediados na unidade gestora da OU, kits experimentais de uso doméstico, livros e textos eletrôni-
como uma biblioteca central, recursos on-line disponíveis cos (biblioteca virtual). Isso sem falar nos programas de TV
no site da universidade (textos, vídeos, livros) e o sistema de produzidos em parceria com a rede BBC que são transmitidos
teleconferências on-line, denominado FirstClass. em horários especiais, geralmente de madrugada. Os mate-
Ao longo de quatro décadas de existência, a OU in- riais didáticos, de qualidade superior e preço inferior à média
corporou todos os instrumentos disponíveis para a criação no mercado de livros universitários, têm distribuição aberta.
de novos métodos e técnicas de ensino/aprendizagem. A O suporte para a aprendizagem autônoma envolve a
evolução da mídia eletrônica contribuiu para o aumento da ação de tutores, serviços de apoio nos centros regionais, bi-
autonomia dos estudantes e, desde os anos 1980, a amplia- bliotecas e as associações de alunos da OU. Alguns cursos
ção do acesso aos computadores pessoais abriu novas possi- incluem encontros ou aulas presenciais.
bilidades para o ensino virtual. A OU investiu pesadamente Os cursos exigem a apresentação de trabalhos e um
em cursos via internet e, no fim dos anos 1990, 180 mil es- exame de conclusão para cada disciplina, que, no caso de al-
tudantes já estudavam on-line. guns cursos, pode incluir a apresentação de um projeto, dis-
Atualmente, mais de 150 cursos já utilizam tecnologia sertação ou algum produto concreto, como uma maquete ou
da informação para apoiar a aprendizagem, o que inclui au- um protótipo. Há cursos em que os alunos têm de consultar
las virtuais e grupos de discussão. Alguns cursos já são ofe- tutores nos centros regionais que organizam estratégias de
recidos por meio da internet. É também pela internet que os apoio pedagógico – reuniões periódicas, contatos on-line ou
alunos fazem avaliações, consultam notas, têm acesso aos por telefone e encontros individuais – e prestam assistência
textos indicados nos programas, fazem videoconferências individual, por telefone, carta ou e-mail.
com outros colegas e professores e participam de fóruns de Os orientadores dão nota aos trabalhos e às provas e
discussão. há um controle rígido de qualidade no que se refere aos cri-

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térios adotados para a correção. Existem guias de notas com A OU figura entre as cinco melhores universidades
até 15 páginas. Outro aspecto importante da avaliação é o britânicas, atrás de Cambridge, Loughborough, York e Lon-
processo de exame. Como a universidade tem muitos alu- don School of Economics (LSE). Tornou-se a principal ins-
nos espalhados pela Europa, é necessário que pelo menos tituição na formação de administradores. Atualmente, um
um tipo de avaliação principal seja feito simultaneamente. A em cada cinco estudantes de MBA é aluno da universidade
alternativa é recorrer às provas tradicionais, com três horas aberta. A universidade conta com o aval do mercado: mais
de duração, realizadas onde quer que os alunos estejam. Ou de 50 mil empresários reconheceram que os profissionais
seja: eles são avaliados no mesmo momento – ainda que não encaminhados à universidade aberta corresponderam às ex-
mesma hora, em função da diferença de fuso horário – de pectativas das empresas.
forma que não haja brechas para fraudes.
A interação dos alunos com os colegas é estimulada. Universidades virtuais criadas a partir de institui-
Os alunos devem organizar grupos de estudo presenciais ções já existentes O terceiro modelo de universidade
ou virtuais, integrar equipes já organizadas, participar das virtual, na classificação da Unesco, é representado por ins-
videoconferências, frequentar a associação local de alunos tituições criadas a partir de universidades presenciais tra-
da OU e participar dos eventos acadêmicos da OU que dicionais com o objetivo de ampliar a oferta de cursos e as
ocorram em locais próximos às suas residências ou locais oportunidades de acesso para adultos trabalhadores. Esse
de trabalho. modelo de universidade oferece, em geral, cursos de áreas
Não há nenhum pré-requisito para a inscrição nos cur- tecnológicas, de formação inicial e continuada. Exemplos
sos, exceto o domínio do idioma inglês e a idade mínima de dessa modalidade de ensino são as Universidades Virtual do
18 anos. Atualmente, a instituição atende a cerca de 150 mil Instituto Tecnológico y de Estudos Superiores de Monter-
estudantes de graduação e mais de 30 mil em cursos de pós- rey (Itesm), no México, e a Télé-Université de Québec, no
-graduação. A maioria estuda em tempo parcial por trabalhar Canadá.
em tempo integral. Cerca de 50 mil alunos recebem bolsas
de estudos patrocinadas por seus empregadores e 25 mil re- Universidade Virtual de Monterrey — Itesm O Instituto Tecno-
sidem fora do Reino Unido. Os cursos são reconhecidos em lógico de Estudios de Monterrey (Itesm) foi fundado em
toda a Europa e em alguns outros países do mundo. 1943 por um grupo de líderes empresariais de Monterrey,

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no México, para atender às demandas de pessoal com for- Atualmente o instituto investe na expansão de sua
mação de nível superior para o trabalho na indústria. O área de atuação com o objetivo de ultrapassar o âmbito em-
Itesm adotou o modelo de ensino a distância em 1989, com presarial e estabelecer parcerias com comunidades, governos
programas voltados à capacitação de professores do próprio e educadores interessados na formação continuada.
instituto. Posteriormente, lançou programas de graduação O órgão gestor do Itesm é o seu conselho, organiza-
e pós-graduação e hoje oferece 48 cursos em nível de mes- do em torno de uma reitoria central e de reitorias para cada
trado e 11 doutorados. região do México. O instituto conta ainda com reitorias
O Itesm conta com uma rede de 33 campi no México, específicas para a Inovação e Desenvolvimento Institucio-
21 escritórios distribuídos por dez países da América Latina nal (Ridi) – que administra a Universidade Tecnológica do
e cerca de 100 mil alunos distribuídos em seus vários cur- Milênio e a Universidade Virtual –, Comercialização, Admi-
sos. A universidade virtual tem, atualmente, mais de 18 mil nistração, além de uma vice-reitoria associada de Desenvol-
alunos inscritos em programas acadêmicos e outros cerca de vimento Empresarial e Extensão e da Escola de Graduação
50 mil em programas de extensão, isso sem contabilizar os em Administração e Direção de Empresas (Egade).
58 mil alunos de outras instituições de ensino que utilizam A universidade virtual mantém um programa de
o seu sistema de ensino. desenvolvimento para professores dos ensinos fundamental e
O Itesm é uma instituição privada, mas mantém par- médio no México e em outros países latino-americanos. Esse
cerias com governos e sindicatos por meio das quais oferece programa está voltado para o desenvolvimento das habilida-
planos de pagamento facilitados para que funcionários pú- des docentes mais gerais e para os conhecimentos especiali-
blicos e trabalhadores tenham acesso à formação de nível zados para o ensino de matemática, de ciências e de língua
superior. Utiliza também recursos das loterias para aumen- espanhola. A instituição promove, ainda, a produtividade
tar sua receita e custear bolsas de estudo ou empréstimos das empresas por meio de programas de desenvolvimento
que beneficiam cerca de um em cada três de seus estudan- de competências profissionais no próprio local de trabalho,
tes. Um mestrado convencional, por exemplo, custa cerca de por meio da oferta de cursos transmitidos por intermédio de
US$ 18 mil, mas a mesma formação é oferecida via internet 1006 antenas parabólicas instaladas em 566 empresas.
pela metade do preço. As taxas cobradas aos alunos cobrem A aprendizagem está ao alcance de quem esteja diante
apenas os custos operacionais. de uma televisão e de um computador conectado à internet.

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O aluno pode ter seu próprio computador ou utilizar equi- os cursos podem ser feitos por TV/canais de satélite, pela
pamentos disponíveis nos centros de aprendizagem que in- internet ou pelas duas tecnologias.
tegram a rede de apoio da universidade virtual. No México e nos outros países onde a universidade
A infraestrutura tecnológica permite a oferta de 150 mantém núcleos avançados, os alunos dispõem de material
cursos por semestre que totalizam cerca de 500 horas de instrucional impresso e assistem a aulas televisionadas ao
transmissão por semana e 20 mil horas de programação por vivo, durante as quais encaminham dúvidas aos professores
ano. Essa estrutura atende a mais de 68 mil alunos distri- por e-mail. Apenas as questões mais complexas são respon-
buídos em programas de graduação, pós-graduação, pro- didas posteriormente; as demais são feitas em tempo real.
gramas de treinamento para desenvolvimento educacional, Nessas aulas, além da assistência do professor responsável,
workshop para professores, educação continuada, programas o aluno conta com o apoio de dois professores associados e
gerenciais, conferências e um programa para empresas cha- dois técnicos.
mado AVE (Virtual Business Room). Todos os cursos da universidade virtual têm um site
O modelo educativo da universidade virtual é definido próprio com informações necessárias para o desenvolvi-
como “conceitual-operativo”, formado por sistemas e subsis- mento de atividades individuais ou em grupo e que também
temas interconectados. O sistema conceitual fundamenta o subsidiam estudos de caso e grupos de discussão. As ati-
trabalho pedagógico, o operativo estabelece as estratégias e vidades são sempre mediadas por professores apoiados por
os procedimentos, e o tecnológico analisa o papel das TICs uma equipe de especialistas.
nos processos educativos a distância, seu papel mediador e
suas características interativas. Télé-Université Québec (Téluq) A partir dos anos 1960, o
As ações educativas se apoiam em uma plataforma Canadá viveu um período de intenso crescimento demo-
tecnológica de ponta que proporciona aos alunos o acesso gráfico, o que motivou a Universidade Memorial e a Uni-
à educação por intermédio de várias mídias: satélites, video­ versidade de Waterloo a oferecerem programas de estudo
conferência, CD-ROM, vídeos, manuais/textos, web com para alunos fora de seus campi. Essas iniciativas inspiraram
páginas HTML, correio eletrônico, grupos de discussão, outras instituições de ensino a adotarem cursos a distância.
chats, e de software proprietário Lotus (Learning Space). De- Em 1970, por exemplo, foi criada a Universidade de Atha-
pendendo das disponibilidades e das escolhas dos alunos, basca para atender à crescente demanda por vagas em Alber-

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ta e, em 1978, foi implantado o Instituto de Aprendizagem do Canadá, que começou a operar, inicialmente, como uma
Aberta. unidade independente no sistema da Universidade do Qué-
Essa tendência também pautou as diretrizes pedagó- bec. Em 1997, ano de seu 250 aniversário, a Universidade de
gicas da Universidade de Québec, criada pelo governo cana- Québec recebeu 9 milhões de dólares para se modernizar e,
dense em 1968, e que, no início dos anos 1970, já tinham em maio de 2005, por recomendação do ministro de Edu-
foco nas questões da acessibilidade e da introdução de ino- cação, Lazer e Esportes, o Conselho de Ministros aprovou
vações. Os documentos de autorização/reconhecimento de uma unidade autônoma da Universidade do Québec em
seus cursos já definiam que a instituição seria responsável Montreal (Uqam).
pela implantação de uma unidade educacional voltada para Juntas, Téluq e Uqam passaram então a formar a
a produção e a veiculação de cursos a distância e que teria maior universidade bimodal – aliando formação presencial
como objetivo fomentar o desenvolvimento da teleducação e virtual – de língua francesa. A maioria dos estudantes a
em todos os seus programas. distância do Canadá se encontra em três estabelecimentos:
Em 1972, o governo canadense deu um segundo passo Téluq, Universidade de Québec em Montreal e na Universi-
importante para consolidar a educação a distância: a assem- dade Laval.
bleia de governadores criou a comissão da teleuniversidade, Os programas da Téluq dão direito a diplomas emiti-
em caráter experimental por um período de cinco anos, para dos pela Universidade de Québec em Montreal. Os cursos
facilitar o acesso de populações distantes dos grandes cen- de formação são ministrados em parceria com diversas em-
tros urbanos aos estudos universitários. presas privadas e órgãos da administração pública. Convê-
O primeiro curso, de iniciação à cooperação, foi orga- nios com outras universidades permitem oferecer aos órgãos
nizado em parceria com a associação Desenvolvimento In- públicos e privados uma ampla gama de cursos e programas
ternacional Desjardins, em 1974. Dois anos depois surgiu o de formação em inglês ou francês.
primeiro programa, o de Certificado de Conhecimento do A Téluq também é membro da Universidade Virtual Ca-
Homem e do Meio e, em 1990, o primeiro estudante do ba- nadense (UVC), uma aliança de 11 instituições que oferecem
charelado em comunicação recebeu seu diploma. educação superior a distância dentro e fora do país, e que per-
Nessa mesma época, mais precisamente em 1972, foi mite que os alunos admitidos em seus programas se inscre-
constituída a Téluq, a única universidade francófona aberta vam também em cursos de qualquer uma das associadas.

58 59
Outra parceria da Téluq é com a Lornet, que congrega distância instalada em Québec. Atende, anualmente, a mais
as universidades de Waterloo, de Saskatchewan, de Ottawa, de 16 mil estudantes em 365 cursos distribuídos por 35 pro-
a Simon Fraser e a Escola Politécnica de Montreal no de- gramas. A maioria de seus estudantes trabalha em tempo
senvolvimento do projeto conhecido com Portais e Serviços parcial (95%) e faz cursos em ciências da gestão (41%). No
para a Gestão do Conhecimento e da Aprendizagem na Se- ano de 2006, a maior parte dos alunos da Téluq morava em
mântica da Web, uma iniciativa financiada pelo Conselho de Montreal. Os estudantes das outras regiões da província re-
Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia, que tem grande presentavam 28% e os da cidade do Québec, 18%.
participação da indústria. Entre os projetos de pesquisa está A Téluq trabalha em colaboração com a Rede de Te-
o de desenvolvimento de softwares incorporados ao Sistema leducação dos Centros de Excelência e estabeleceu acordos
de Operação da Teleducação (Telos), testados em ambientes de cooperação com instituições estrangeiras, dentre as quais
de treinamento e aprendizagem antes de serem aplicadas. algumas africanas, como a Escola Nacional Politécnica de
O financiamento da Téluq – uma instituição públi­ Camarões, a Agência Universitária da Francofonia para a
ca – provém principalmente do Ministério da Educação, do Tunísia e a Universidade de Abidjan, na Costa do Marfim. A
Lazer e dos Esportes. Os recursos são calculados com base universidade dispõe de quatro centros regionais para aten-
no número de estudantes inscritos anualmente nos cursos. dimento dos alunos: Uqam Lanaudière, Uqam Laval, Uqam
Além dos recursos públicos, a Téluq conta também, ainda Montérégie e Uqam Ouest-de-l’île.
que em menor proporção, com doações e rendimentos. A Téluq não define períodos determinados de inscri-
A universidade é administrada por uma diretoria ge- ção para a quase totalidade dos cursos oferecidos. Os inte-
ral formada pelo diretor-geral, diretor de ensino e pesquisa, ressados podem se inscrever a qualquer tempo, em qualquer
diretor administrativo, diretor de serviços acadêmicos e tec- dia do ano. Existem alguns poucos cursos que exigem uma
nológicos e um secretário-geral, responsável pelos aspectos data-limite de inscrição, geralmente os que envolvem ati-
jurídicos. O conselho gestor é encarregado de elaborar as vidades laboratoriais. Uma vez aceita a inscrição, cerca de
diretrizes e princípios estratégicos de ação, o planejamen- quatro semanas depois o aluno recebe em casa o material
to orçamentário e administrativo, além de supervisionar o didático e pode então começar a estudar.
controle administrativo da Téluq. A universidade desenvolve conteúdos próprios para o
A Téluq foi a primeira instituição de ensino superior a estudo a distância. Os cursos são organizados em módulos

60 61
e procuram adequar-se à realidade dos estudantes francófo-
nos, uma vez que há poucos produtos no mercado para esse
público.
5A experiência
brasileira

Os alunos dispõem de 15 semanas para concluir uma


disciplina de três créditos. O material de estudo, enviado
pelo correio ou pela internet, inclui o manual básico, um guia
de aprendizagem e cadernos de conteúdo multimídia, mate-
rial escrito, arquivos de áudio, material audiovisual e recur-
sos de informática. Tutores orientam os estudos, corrigem O ponto de partida do ensino a distância no Brasil foi
trabalhos e exames e estabelecem com o aluno sua rotina de a Escola Internacional, criada em 1904 para oferecer cursos
trabalho. No decorrer do curso, o aluno pode se comunicar por correspondência. Outros marcos importantes foram os
com seus tutores por telefone, correio ou internet. institutos Monitor (1939) e Universal Brasileiro (1941), além
Por meio da internet, a comunidade de estudantes dis- de outras ações semelhantes que levaram cursos abertos de
cute, formula e socializa o conhecimento. Diferentes fóruns iniciação profissionalizante por correspondência a 3 milhões
foram criados para tratar de questões específicas, oferecer de pessoas.
ajuda técnica ou tecnológica, desenvolver estratégias de es- Na década de 1960, o MEC criou o Programa Nacio-
tudo ou para esclarecer dúvidas na leitura com o material nal de Teleducação (Prontel) – mais tarde substituído pela
didático. Alguns cursos exigem a realização de um exame Secretaria de Aplicação Tecnológica (hoje extinta). Nas dé-
supervisionado ao fim das disciplinas. cadas de 1970 e 1980, merece destaque a oferta de cursos
supletivos por intermédio da teleducação, como o Projeto
Minerva, criado pelo Serviço de Radiodifusão Educativa do
MEC, que iniciou transmissões em 10 de setembro de 1970.
Os programas eram elaborados pelo governo e todas as
emissoras de rádio eram obrigadas a veiculá-los.
Há que se mencionar também o Telecurso 2000, a
criação da Associação Brasileira de Educação a Distância

62 63
(Abed), em 1995, e o reconhecimento da educação a distân- dos anos 1990, diversos ambientes virtuais de aprendizagem
cia pelo MEC que, em 1995, criou um setor destinado exclu- tinham sido criados em universidades brasileiras.
sivamente a essa modalidade de ensino aprendizagem. No Atualmente, as universidades corporativas surgem
ano seguinte, o artigo n0 80 da Lei de Diretrizes e Bases da como umas das maiores patrocinadoras da educação baseada
Educação Nacional (LDB) oficializou, pela primeira vez, a em TICs no Brasil e no mundo, em função da necessidade do
educação a distância no país, conferindo-lhe validade e equi- incremento qualitativo e quantitativo da educação empresa-
valência em relação a todos os níveis de ensino. rial e garantia da educação continuada interna às empresas.
Embora essa modalidade de ensino tenha uma longa Dados mais recentes indicam que o Brasil já tem cerca de cem
história no Brasil, as primeiras iniciativas na área de ensino universidades corporativas contra 2 mil americanas.
superior só surgiram na década de 1990, motivadas pela per- No que se refere às universidades virtuais, a PUC-RS,
cepção de que a educação a distância era uma estratégia que a PUC-Campinas, Universidade Federal de Santa Catarina
poderia operar paralelamente à escola regular. Consolidou-se, (UFSC) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) podem ser des-
de um lado, a ideia de que a educação a distância era algo tacadas como pioneiras.
complementar ou supletivo e que, por isso, não substituiria
em nenhuma hipótese a educação presencial e, por outro, Consórcio Cederj/Cecierj Em 1999, o governo do es­
a ideia de que ela representaria sempre uma alternativa de tado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Ciência,
baixa qualidade ao ensino presencial. Tecnologia e Inovação (Secti), elaborou proposta para am-
O cenário começa a modificar-se com a intensificação do pliar o acesso ao ensino superior usando o ensino a distân-
uso das novas tecnologias de comunicação e informação (TICs) cia, por meio da formação de um consórcio entre as uni-
no setor produtivo. Ainda na década de 1990, o ensino a distân- versidades públicas do estado. Cerca de um ano depois foi
cia passou a incluir programas de pós-graduação — sobretudo criado o Centro de Educação Superior a Distância do Rio
mestrados profissionais, organizados segundo necessidades de de Janeiro (Cederj), formado pelas universidades Estadual
empresas. Esses programas aproximaram o ambiente acadêmi- do Norte Fluminense (Uenf), Estadual do Rio de Janeiro
co e o setor produtivo e contribuíram para mudar a percepção (Uerj), Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio de Janeiro
de que a educação baseada em TICs se resumia a uma moda- (UFRJ), Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) e Federal
lidade de ensino para as vítimas do fracasso escolar. No fim do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio).

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O consórcio oferece cursos de graduação em: tecno- atividades relevantes e contextualizadas, troca de experiên-
logia em sistemas de computação, licenciatura em ciências cias e interação social.
biológicas, licenciatura em matemática, pedagogia para as O consórcio adota um sistema de transmissão e ava-
séries iniciais, licenciatura em física, administração, e licen- liação de conhecimentos que integra momentos presenciais
ciatura em química. Em nível de extensão há cursos gratui- e a distância, apoiado em quatro suportes fundamentais:
tos de formação continuada para professores nas seguintes material didático preparado para educação a distância; aten-
áreas: biologia, matemática, informática, química, física, dimento tutorial presencial e a distância; processo de avalia-
geografia, educação em ciências, informática educativa e ção presencial nos polos regionais; e uso dos laboratórios e
pré-vestibular. Os cursos são oferecidos na modalidade se- salas de estudo nos polos regionais.
mipresencial em 23 polos regionais. O calendário prevê três Professores das universidades consorciadas definem e
períodos de aulas por ano. planejam os currículos dos cursos, elaboram materiais di-
O acesso aos cursos de graduação é feito a partir da dáticos com o auxílio de designers instrucionais do Cederj,
aprovação em um concurso vestibular – o primeiro foi rea- a maioria deles estudantes de pós-graduação em diferentes
lizado em 2001 para o curso de licenciatura em matemática, áreas.
coordenado pela UFF. Tanto o vestibular quanto o curso de Além do material impresso, os alunos podem ter
graduação podem ser feitos sem que o estudante deixe sua acesso ao material didático também em meio digital, dis-
cidade de origem. O aluno do Cederj é regularmente matri- ponibilizado na internet. O consórcio Cederj considera que
culado em uma das universidades públicas consorciadas, de- a integração de meios impressos, digitais, videoconferên-
pendendo do curso e do polo regional ao qual está vinculado, cia, dentre outros, cria ambientes de aprendizagem ricos e
e recebe diploma equivalente ao dos alunos presenciais. flexíveis para estimular o trabalho autônomo do aluno. O
A proposta é realizar cursos de nível superior a distân- material é acompanhado de orientações para um bom apro-
cia que proporcionem autonomia de estudo, utilizando-se veitamento da educação a distância. A equipe de produção
a experiência pedagógica das entidades consorciadas. Uma de material didático, juntamente com professores das uni-
comunicação multidirecional garante a interação dos estu- versidades, produz kits didáticos experimentais que ficam
dantes entre si e com os docentes, e a aprendizagem é feita disponíveis nos polos regionais, onde atividades de experi-
por meio de material preparado em linguagem adequada, mentação são desenvolvidas.

66 67
O ambiente de aprendizagem a distância dos cursos Projeto Veredas O Projeto Veredas, em sua versão inicial,
de graduação do consórcio Cederj é desenvolvido sob uma integrou o Programa Anchieta de Cooperação Universitária
concepção construtivista adaptada à web por meio da pla- e inspirou-se na proposta de um grupo de universidades que
taforma Cederj. Esse ambiente está disponível na internet integram a Red Unitwin de Universidades em Islas Atlânti-
possibilitando o acesso aos conteúdos dos cursos. Os re- cas de Lengua y Cultura Luso-Española (Red Isa). O Pro-
cursos pedagógicos incluem vídeos, animações, simulações, grama Anchieta tinha como objetivo promover a compre-
link e atividades interativas, com opções de navegação linear ensão intercultural dos povos ibero-americanos, melhorar
e não-linear, permitindo a interatividade entre professores, a qualidade do ensino por ações de formação de professores
tutores, alunos, convidados, além de acesso à biblioteca vir- e promover o desenvolvimento sustentável. Seu quadro de
tual, autonomia e facilidade na busca de informação. referência está nos documentos da Conferência Mundial
A formatação e a organização do processo de tutoria de Educação Superior realizada pela Unesco em 1996.
são realizadas pela Coordenação de Tutoria do Consórcio O projeto foi implantado pelo governo do estado de
Cederj em conjunto com as coordenações de graduação. A Minas Gerais, por intermédio da Secretaria Estadual de
coordenação acadêmica de todo o processo é feita pelos co- Educação, para garantir a habilitação em nível superior
ordenadores das disciplinas nas universidades consorciadas. de professores das séries iniciais do ensino fundamental em
Há duas modalidades de tutoria: a presencial, que consiste atuação na rede pública do estado ou dos municípios.
no atendimento aos alunos nos polos regionais, e a distân- A proposta se concretizou num curso de graduação
cia, para atendimento por meios como correio eletrônico, plena realizado como formação inicial em serviço e desen-
chats e fóruns através da internet. volvido em parceria com universidades e instituições de
O processo de avaliação inclui atividades a distância e ensino de Minas, estimulando o desenvolvimento de ações
presenciais e, quando necessário, uma avaliação suplemen- consorciadas entre essas instituições e aproximando-as das
tar presencial. Todo o material didático está acompanhado redes públicas de educação básica. O curso está organizado
de questões e tarefas de conteúdo específico que integram o em sete módulos com duração de um semestre cada, num
processo de avaliação. No final dos cadernos didáticos, tes- total de três anos e meio.
tes ou exercícios ajudam o aluno a se autoavaliar e o moti- O território do estado de Minas Gerais foi dividido
vam a interagir com seus tutores. em 21 regiões, cada uma delas com uma cidade-polo, es-

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colhida a partir de sua localização na respectiva região, da Pelas suas dimensões e complexidade, o Projeto Ve-
facilidade de acesso e da existência de infraestrutura para redas contou com uma equipe de coordenação geral cuja
acolher os alunos. De modo geral, cada polo de execução estrutura se reproduzia em cada uma das instituições parti-
do projeto está sob responsabilidade de uma instituição de cipantes, na organização das equipes de coordenação local.
ensino superior devidamente credenciada pelo MEC para a O sistema de comunicação e informação, por sua vez,
certificação dos concluintes. tinha dois propósitos básicos: viabilizar o funcionamento do
Foram oferecidas 15 mil vagas, 12 mil para os docentes sistema de tutoria, fornecendo meios para os contatos ne-
da rede estadual e 3 mil para os docentes das redes munici- cessários entre os participantes do projeto, e agilizar o fluxo
pais desprovidos de formação em nível superior. de informações indispensáveis para o trabalho das institui-
Por seu caráter semipresencial, o Projeto Veredas lan- ções e para sua articulação com a coordenação estadual.
çou mão da internet como estratégia complementar à dis- Mantendo seus princípios norteadores, a partir de
tribuição de material impresso, disponibilizando conteúdos 2007 o Veredas deixou de ter a coordenação geral exercida
pelo site gerenciado pela equipe central. pela Secretaria de Estado de Educação, passando a ser feita
O projeto prevê, ainda, o apoio pedagógico às ativida- pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nessa segunda
des de todos os participantes do curso e sua contínua capa- fase de oferecimento, os recursos necessários à sua execução
citação e inclui desde o planejamento do esquema de tutoria deixaram de ser responsabilidade da Secretaria de Educação
até o acompanhamento das atividades individuais a distância e passaram para o âmbito das prefeituras consorciadas.
e a prática pedagógica orientada, passando pelo planejamen-
to das atividades de recuperação da aprendizagem, pela ela- Universidade Aberta do Brasil Em 2005, o MEC criou
boração de materiais de apoio à atuação dos alunos. o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), cujo prin-
Um sistema de monitoramento de desempenho da cipal objetivo é expandir o acesso ao ensino superior público
qualidade do curso coordena o fluxo das atividades de ava- e gratuito. Em parceria com 38 universidades federais, foram
liação, realizando o levantamento de indicadores e definin- criados 92 cursos de graduação, extensão e pós-graduação
do instrumentos para coleta de informações e o desenho dos que combinam EAD com atividades presenciais.
fluxos de informações entre os processos de avaliação dos A UAB, criada no âmbito do Fórum das Estatais pela
alunos e a do próprio projeto. Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação

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Superior, tem cinco eixos fundamentais: expandir a educa- estão vinculadas diversas coordenadorias: de supervisão
ção superior pública; aperfeiçoar os processos de gestão das e fomento, de articulação acadêmica, de infra-estrutura de
instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão polos e de políticas de informação.
em consonância com as propostas educacionais dos estados
e municípios; avaliar metodologias da educação superior a A educação a distância na área da educação pro-
distância, tendo por base os processos de flexibilização e fissional A educação a distância é uma modalidade in-
regulação em implementação pelo MEC; contribuir para a tensamente utilizada hoje pelas empresas para capacitar
investigação em educação superior a distância no país; e im- funcionários que podem, assim, estudar sem se ausentar do
plementar o financiamento dos processos de implantação, trabalho. Mais de cem empresas brasileiras promovem ex-
execução e formação de recursos humanos em educação periências de educação corporativa de forma sistemática. As
superior a distância. A expectativa, a médio prazo, é a de universidades corporativas (UCs) mais antigas têm crescido
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de de forma acelerada, mas a maioria iniciou seus projetos nos
educação superior. Para isso, o sistema tem como base for- últimos cinco anos.
tes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais Os projetos nacionais de EAD corporativo surgiram
do governo. em entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena
Os cursos ofertados são de graduação – bacharelado, e Média Empresa (Sebrae) e o Serviço Nacional de Apren-
licenciatura e de formação de tecnólogos –, sequencial, pós- dizagem Comercial (Senac). Esses projetos não são subme-
-graduações lato sensu e stricto sensu. Esses cursos são oferta- tidos ao sistema oficial de ensino ou o são apenas tangen-
dos por instituições de educação superior – universidades cialmente, embora ocorram de forma sistemática e tenham
ou Cefets – que os ministram, com o apoio dos polos pre- como base propostas pedagógicas relevantes. O Senac São
senciais. Paulo, por exemplo, oferece cursos de ensino a distância em
A UAB é um programa da Diretoria de Educação a 38 áreas diferentes e cinco de pós-graduações.
Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal do Ensino Superior (Capes) com parceria da Secre-
taria de Educação a Distância (Seed) do MEC. Compõe a
sua estrutura uma diretoria de educação a distância à qual

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6U nivesp:
uma proposta
inovadora

O estado de São Paulo abriga a maior rede de insti-


tuições de pesquisa do país, três universidades públicas
estaduais de excelência – de São Paulo (USP), Estadual
de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) – e é
responsável por 55% da produção científica nacional. Esse
desempenho é resultado de uma política pautada pela auto-
nomia das instituições de ensino superior, de investimentos
na qualidade dos sistemas de graduação, pós-graduação e
extensão e de fomento à pesquisa.
Tendo consolidado a organicidade e o funcionamento
desse sistema, o governo do estado de São Paulo investe nos
programas de expansão do ensino superior com o objetivo
de ampliar o número de vagas oferecidas pelas três univer-
sidades públicas paulistas e contribuir para a ampliação de
sua distribuição geográfica.
Um dos pilares desse processo de expansão do ensino
superior público paulista é o Programa Universidade Vir­
tual do Estado de São Paulo (Univesp), criado pelo Decreto

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n0 53.536, assinado pelo governador José Serra, em 9 de ou- nova dinâmica à relação professor-aluno, ampliam as redes
tubro de 2008. de relacionamento e de colaboração entre alunos do mesmo
O Programa Univesp, coordenado pela Secretaria do curso, facilitam o acesso aos conteúdos e permitem a incor-
Ensino Superior, reúne como parceiros a USP, a Unicamp, a poração de novas mídias.
Unesp, as faculdades de medicina de Marília (Famema) e de Por tratar-se de um programa consorciado, formado
São José do Rio Preto (Famerp), o Centro Estadual de Edu- pelas grandes instituições de ensino superior do estado, a
cação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps), a Fundação Padre Univesp reitera e reforça o papel que essas universidades
Anchieta, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de têm desempenhado no avanço do conhecimento e na for-
São Paulo (Fapesp), a Fundação para o Desenvolvimento mação de recursos humanos qualificados. E, por seu caráter
Administrativo (Fundap) e a Imprensa Oficial do Estado de inovador, lhes coloca um novo desafio: o de buscar novos
São Paulo (Imesp). modelos de ensino/aprendizagem que, sem comprometer a
Por meio da Univesp, as universidades oferecem cursos qualidade da formação dos alunos, democratizem o acesso
de graduação, licenciatura, capacitação, extensão e pós-gra­ ao conhecimento a partir do uso das recentes tecnologias da
duação que associam o uso intensivo de tecnologias da in- informação e comunicação desenvolvidas em suas bancadas
formação e comunicação (TICs) – incluindo a Univesp-TV de pesquisa.
– com atividades presenciais.
As TICs, que promoveram profundas mudanças nos
padrões de comunicação entre as pessoas e globalizaram o
mundo dos negócios, patrocinam agora uma verdadeira re-
volução no modelo de educação tradicional. Desconhecem
limites de tempo e espaço e, por isso, permitem ampliar a
abrangência da escola para além da sala de aula, reprodu-
zindo a relação ensino/aprendizagem em ambiente virtual
dotado de ferramentas específicas e orientado por metodo-
logias desenvolvidas para esse fim.
Associadas a atividades presenciais, as TICs conferem

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Este livro foi composto nas fontes
vendetta e Interstate por costa aguiar
desenho gráfico e impresso pela
iMprensa Oficial do estado de São Paulo,
em abril de 2009.

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