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ARTIGO ARTICLE 465

Bases conceituais para a aplicação


de biomonitoramento em programas
de avaliação da qualidade da água de rios

Conceptual basis for the application


of biomonitoring on stream water
quality programs

Daniel Forsin Buss 1


Darcílio Fernandes Baptista 1

Jorge Luiz Nessimian 2

1 Laboratório de Avaliação Abstract Biomonitoring is defined as the systematic use of biological responses to assess envi-
e Promoção da Saúde
ronmental changes, usually anthropogenic impacts. In this article we present the conceptual ba-
Ambiental, Departamento
de Biologia, Instituto sis and a brief history of biomonitoring as an assessment tool for environmental health. Consid-
Oswaldo Cruz, Fundação ering the drawbacks of physical and chemical parameters to assess environmental quality, we
Oswaldo Cruz. Av. Brasil
pinpoint the need to integrate these analyses with information provided by biological monitor-
4365, Rio de Janeiro, RJ
21045-900, Brasil. ing. The application of biomonitoring in Brazil would help watershed managers and policy-
buss@centroin.com.br makers to reduce costs, increase the efficiency of analyses, and simplify the results, allowing com-
2 Laboratório de
munity participation through volunteer monitoring programs.
Entomologia, Departamento
de Zoologia, Centro Key words Environmental Monitoring; Water Monitoring; Water Quality; Rivers; Natural Re-
de Ciências da Saúde, sources Management
Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
C. P. 68044, Rio de Janeiro, RJ Resumo Biomonitoramento pode ser definido como o uso sistemático das respostas de organis-
21944-970, Brasil. mos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no ambiente, geralmente causadas por ações an-
tropogênicas. Neste artigo são apresentadas as bases conceituais e um breve histórico da utiliza-
ção do biomonitoramento como ferramenta de avaliação da saúde dos ecossistemas de rios. Bus-
ca ainda fornecer subsídios para uma análise integrada da qualidade da água, pois as metodo-
logias tradicionais de avaliação, baseadas em características físicas, químicas e bacteriológicas,
não são suficientes para atender aos usos múltiplos da água, sendo particularmente deficientes
na avaliação da qualidade estética, de recreação e ecológica do ambiente. Visando colaborar
com os gestores de bacias hidrográficas, a aplicação do biomonitoramento no Brasil contribui
para a redução de custos, o aumento da eficiência de análise e a simplificação dos resultados,
permitindo a participação comunitária por intermédio de grupos de voluntários.
Palavras-chave Monitoramento Ambiental; Monitoramento da Água; Qualidade da Água; Rios;
Gestão de Recursos Naturais

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Introdução de reação aguda, especializados na determina-


ção de poluição letal e subletal de substâncias
O primeiro passo para a resolução dos proble- sintéticas ou naturais de origem mineral, ani-
mas sócio-ambientais gerados pela má gestão mal ou vegetal (Ewell et al., 1986). A avaliação
dos recursos hídricos é o desenvolvimento de em laboratório envolve ainda a análise da ex-
metodologias de diagnóstico eficientes. Segun- posição crônica, conferindo os efeitos deleté-
do documento da Organização das Nações Uni- rios quanto a genotoxicidade, carcinogenicida-
das (ONU), Agenda 21 (CNUMAD, 1992:333), “a de e mutagenicidade (Reynoldson & Metcalfe-
utilização da água deve ter como prioridades a Smith, 1992).
satisfação das necessidades básicas e a preser- Por sua vez, as metodologias top-down se
vação dos ecossistemas.” No capítulo 18 desse provaram viáveis em muitos casos e represen-
documento é sugerido que a proteção da qua- tam o caminho mais rápido e prático para o
lidade e do abastecimento dos recursos hídri- manejo dos ecossistemas. Com esses métodos
cos seja feita a partir da aplicação de critérios ganha-se controle e velocidade na reação em
integrados para o desenvolvimento, o manejo testes de toxicidade, mas perde-se contato com
e o uso dos recursos hídricos. a realidade e aplicabilidade ao ambiente (Moul-
A discussão sobre a importância da utiliza- ton, 1998). Assim, para a análise da qualidade
ção de critérios integrados não é recente. Des- de águas é vantajoso o uso de ferramentas top-
de a década de 1970, pesquisadores e gestores down, por avaliarem eficientemente:
de recursos hídricos da Europa Ocidental e da • a perda real da diversidade de espécies, em
América do Norte (Armitage, 1995; Cairns Jr. & vez de avaliarem os efeitos indiretos dos agen-
Pratt, 1993; Pratt & Coler, 1976) argumentam tes estressores;
que as metodologias tradicionais de classifica- • o efeito sinergético das alterações antropo-
ção de águas, baseadas em características físi- gênicas ocorridas na bacia hidrográfica (por
cas, químicas e bacteriológicas, não são sufi- exemplo, a soma dos efeitos do desmatamento,
cientes para atender aos usos múltiplos da água, da entrada de pesticidas e de efluentes domés-
sendo particularmente deficientes na avalia- ticos);
ção da qualidade estética, de recreação e eco- • a qualidade da água por métodos relativa-
lógica do ambiente. Isso pode ser atingido com mente simples e de baixo custo;
uma análise integrada da qualidade da água, • o impacto de espécies exóticas sobre a fau-
ou seja, considerando não apenas as metodo- na e flora locais; e
logias tradicionais de avaliação, mas os aspec- • a integridade ecológica dos ecossistemas
tos biológicos do sistema (Barbosa, 1994; Met- aquáticos.
calfe, 1989; Rosenberg & Resh, 1993). O objetivo deste artigo é apresentar as ba-
Para analisar os aspectos biológicos dos ses conceituais da utilização do biomonitora-
ecossistemas, duas metodologias vêm sendo mento como ferramenta de avaliação da saúde
utilizadas. Os métodos “bottom-up” utilizam dos ecossistemas de rios, fornecendo subsídios
fundamentalmente dados de laboratório por para uma análise integrada da qualidade da
meio de experimentação em sistemas simples água e apresentando perspectivas para sua
com subseqüente extrapolação para sistemas aplicação no Brasil.
mais complexos. A metodologia “top-down”
avalia, em nível macro, os impactos ambientais
por meio da medição da alteração da organiza- Bases conceituais do biomonitoramento
ção estrutural e funcional das comunidades
biológicas ou dos ecossistemas. O uso de parâmetros biológicos para medir a
Os testes da metodologia bottom-up são qualidade da água se baseia nas respostas dos
realizados, em geral, com base nas respostas de organismos em relação ao meio onde vivem.
organismos aquáticos a estressores específicos. Como os rios estão sujeitos a inúmeras pertur-
Nesses casos, são usados como indicadores al- bações, a biota aquática reage a esses estímu-
terações bioquímicas (enzimáticas ou genéti- los, sejam eles naturais ou antropogênicos. A
cas, por exemplo), fisiológicas (regulação iôni- habilidade de proteger os ecossistemas depen-
ca), comportamentais, metabólicas e do ciclo de da capacidade de distinguir os efeitos das
de vida (Boudou & Ribeyre, 1997; Buikema & ações humanas das variações naturais, bus-
Voshell, 1993; Calow, 1993; Pivetta et al., 2001; cando categorizar a influência das ações hu-
Rosenberg & Resh, 1993). O uso das respostas manas sobre os sistemas biológicos (Cairns Jr.
fisiológicas em avaliações de laboratório é ge- et al., 1993). Nesse contexto, a definição de bio-
nericamente conhecido como testes toxicoló- monitoramento mais aceita é o uso sistemá-
gicos. Dentre eles destacam-se os bioensaios tico das respostas de organismos vivos para

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avaliar as mudanças ocorridas no ambiente, dos pelos organismos para o nível superior da
geralmente causadas por ações antropogênicas cadeia trófica. Em alguns casos esses compos-
(Matthews et al., 1982). tos podem ser tóxicos se acumulados, como no
A idéia de que espécies podem ser usadas caso de metais pesados e de pesticidas organo-
para indicar certas condições ambientais tem clorados. Portanto, mesmo estando dentro das
sido verificada com bastante freqüência ao lon- normas legais de lançamento, esses efluentes
go da história. Um exemplo ocorreu durante a podem estar degradando as inter-relações bio-
Revolução Industrial (Século XIX), quando ca- lógicas, extinguindo espécies e gerando pro-
nários eram colocados dentro de minas de car- blemas de qualidade de vida para as popula-
vão para monitorar a qualidade do ar. Caso o ções que utilizam aquele recurso.
canário sofresse alguma alteração desfavorá- Os indicadores biológicos são muito úteis
vel, causada por altas concentrações de monó- por sua especificidade em relação a certos ti-
xido de carbono, as pessoas eram imediata- pos de impacto, já que inúmeras espécies são
mente retiradas do local, evitando possíveis comprovadamente sensíveis a um tipo de po-
danos à saúde (Cairns Jr. & Pratt, 1993). luente, mas tolerantes a outros ( Washington,
O uso das respostas dos organismos é a ba- 1984). Assim, índices podem ser criados espe-
se dos índices biológicos. Bioindicadores são cificamente para detectar derramamento de
espécies escolhidas por sua sensibilidade ou óleo, poluição orgânica, alteração de pH da
tolerância a vários parâmetros, como poluição água, lançamento de pesticidas, entre outros.
orgânica ou outros tipos de poluentes ( Was-
hington, 1984). O termo “resposta biológica” se
refere ao conjunto de reações de um indivíduo Definição de indicadores biológicos
ou uma comunidade em relação a um estímulo
ou a um conjunto de estímulos (Armitage, Segundo Johnson et al. (1993), um indicador
1995). Por estímulos entendemos algo que in- biológico “ideal” deve possuir as seguintes ca-
duza uma reação do indivíduo que possa ser racterísticas:
percebida e medida na população ou na comu- • ser taxonomicamente bem definido e facil-
nidade. mente reconhecível por não-especialistas;
Segundo Metcalfe (1989), o uso das respos- • apresentar distribuição geográfica ampla;
tas biológicas como indicadores de degradação • ser abundante ou de fácil coleta;
ambiental é vantajoso em relação às medidas • ter baixa variabilidade genética e ecológica;
físicas e químicas da água, pois estas registram • preferencialmente possuir tamanho grande;
apenas o momento em que foram coletadas, • apresentar baixa mobilidade e longo ciclo
como uma fotografia do rio, necessitando assim de vida;
de um grande número de análises para a reali- • dispor de características ecológicas bem co-
zação de um monitoramento temporal eficien- nhecidas; e
te. Outra desvantagem é que, se forem feitas • ter possibilidade de uso em estudos em la-
longe da fonte poluente, as medições químicas boratório.
não serão capazes de detectar perturbações su- A primeira abordagem visando à determi-
tis sobre o ecossistema (Pratt & Coler, 1976). nação de indicadores biológicos da qualidade
Por sua vez, os organismos integram as con- das águas, com bases científicas, foi feita com
dições ambientais durante toda a sua vida, per- bactérias, fungos e protozoários na Alemanha
mitindo que a avaliação biológica seja utiliza- por Kolkwitz & Marsson (1909). Como pratica-
da com bastante eficiência na detecção tanto mente qualquer grupo pode ser utilizado em
de ondas tóxicas intermitentes agudas quanto programas de monitoramento, foram desen-
de lançamentos crônicos contínuos (De Pauw volvidas metodologias de avaliação para ma-
& Vanhooren, 1983). Além disso, as metodolo- crófitas aquáticas (Best, 1990; Haslam, 1982),
gias biológicas são bastante eficazes na avalia- peixes e macroinvertebrados. A utilização da
ção de poluição não pontual (difusa), tendo, comunidade de peixes com essa finalidade tem
portanto, grande valor para avaliações em es- sido extensamente implantada, principalmen-
cala regional (Pratt & Coler, 1976). te nos Estados Unidos (Cairns Jr. & van der
Mesmo em casos de lançamentos contí- Schalie, 1980; Fausch et al., 1990; Karr, 1981;
nuos dentro das normas estabelecidas por lei, Karr et al., 1986), inclusive com proposta de uso
o uso da biota aquática é uma importante fer- em programas em todo o país (Fausch et al.,
ramenta na avaliação da qualidade da água. Is- 1984; Plafkin et al., 1989).
so se deve a um processo natural denominado Apesar do desenvolvimento de metodolo-
biomagnificação, que é a transmissão de com- gias de avaliação com diversos organismos, vá-
postos que não são metabolizados ou excreta- rios autores afirmam que o grupo de macroin-

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vertebrados bentônicos é o mais testado e utili- (score) para cada espécie com base em sua to-
zado (Barbour et al., 1999; Kerans & Karr, 1994; lerância ao impacto (Metcalfe, 1989). Diversos
Rosenberg & Resh, 1993). Segundo Plafkin et al. índices bióticos surgiram e foram testados des-
(1989), essas comunidades têm sido ampla- de então (ver revisões em Cairns Jr. & Pratt,
mente utilizadas por uma série de razões: 1993; Metcalfe, 1989), mas um índice em espe-
• são ubíquos, podendo responder a pertur- cial ganhou destaque, o BMWP.
bações em todos os ambientes aquáticos e em Em 1976, foi criado na Grã-Bretanha um
todos os períodos; grupo de trabalho para discutir e sintetizar o
• o grande número de espécies oferece um conhecimento sobre os índices, originando o
amplo espectro de respostas; sistema conhecido por Biological Monitoring
• mesmo em rios de pequenas dimensões, a Working Party score system (BMWP). Nos anos
fauna pode ser extremamente rica; subseqüentes, o índice BMWP foi testado e re-
• a natureza relativamente sedentária de vá- visto (ver histórico em Hawkes, 1997), e atual-
rias espécies permite uma análise espacial efi- mente considera macroinvertebrados identifi-
ciente dos efeitos das perturbações; cados ao nível taxonômico de família, com va-
• apresenta metodologias de coleta simples e lores entre 1 e 10 atribuídos com base em sua
de baixo custo, que não afetam adversamente sensibilidade a poluentes orgânicos. Famílias
o ambiente; e sensíveis a altos níveis de poluentes recebem
• são relativamente fáceis de identificar se- valores mais altos, enquanto famílias toleran-
gundo as metodologias existentes. tes recebem valores mais baixos. Após o regis-
tro de ocorrência dos táxons em uma localida-
de, somam-se os valores referentes a cada fa-
Evolução do biomonitoramento mília, obtendo-se um valor final para a locali-
em ecossistemas aquáticos dade. Quanto maior esse valor, mais íntegra a
localidade. A aplicação do índice ASPT (Avera-
O sistema sapróbico de Kolkwitz & Marsson ge Score Per Taxon), que é a média dos valores
(1909) enfatizava que a abundância de organis- de cada família encontrada (Balloch et al.,
mos nas áreas poluídas ocorria por caracterís- 1976), tornou esse índice ainda mais eficiente
ticas fisiológicas e comportamentais que lhes (Armitage et al., 1983; Walley & Fontama, 1998;
permitia tolerar tais condições. Assim, localida- Walley & Hawkes, 1997).
des onde eram encontrados números elevados Recentemente o índice tem ganho desta-
desses organismos eram classificadas como po- que ainda maior, pois vem sendo aplicado em
luídas. No entanto, como organismos toleran- programas nacionais de predição de impacto
tes à poluição são freqüentemente encontra- (Walley & Hawkes, 1996; Wright, 1995).
dos também em áreas íntegras, o desapareci-
mento ou uma redução considerável na abun- Modelos de predição de impacto
dância relativa dos chamados grupos sensíveis
passou a ser considerado um fator importante No fim da década de 1980, Inglaterra e Austrá-
em estudos posteriores, embora haja críticas lia investiram na construção de modelos predi-
sobre o real valor da “ausência” de uma espécie tivos, RIVPACS (River Invertebrate Prediction
(Cairns Jr. & Pratt, 1993). And Classification System) e AusRivAS (Austra-
A partir dessa primeira tentativa de classifi- lian Rivers Assessment System), baseados ini-
cação de ambientes com base na fauna local cialmente nos valores do BMWP.
surgiram diversas metodologias, que podem A primeira etapa para a construção desses
ser divididas em três grandes grupos: os índi- modelos foi o agrupamento, em 16 comunida-
ces bióticos, os modelos de predição de impac- des, de macroinvertebrados baseados em 268
to e os protocolos de avaliação rápida. trechos de rio “referência” (não poluídos), me-
diante análises multivariadas (Armitage et al.,
Índices bióticos 1983). Por meio de análise discriminante múl-
tipla, foram correlacionadas 28 variáveis am-
No final da década de 1960, iniciaram-se esfor- bientais a esses grupos de espécies (Wright et
ços conjuntos na Europa para testar a aplicabi- al., 1984). Assim, tem-se “comunidades espera-
lidade do sistema sapróbico. A maioria dos paí- das” associadas a essas variáveis ambientais.
ses, à exceção da Alemanha e da Holanda, de- Para avaliar o grau de impacto de uma loca-
cidiu rejeitar esses métodos e passou a utilizar lidade “teste”, analisam-se os parâmetros am-
metodologias de avaliação representadas por bientais e a fauna de macroinvertebrados (co-
índices bióticos de macroinvertebrados bentô- munidade observada). As variáveis ambientais
nicos, que consistiam em atribuir um “valor” determinam de qual grupamento de localida-

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des o local teste faz parte. Comparando as co- são similares (Omernik, 1987; Whittier et al.,
munidades esperadas e observadas pode-se 1988). A estrutura e a variabilidade natural das
medir o grau de impacto da localidade (Moss comunidades encontradas nas bacias hidrográ-
et al., 1987). ficas de uma ecorregião podem ser calculadas,
Atualmente o RIVPACS III é o mais moder- e as comunidades das áreas de referência po-
no e o principal instrumento de bioavaliação dem servir como padrão para serem compara-
utilizado pelas autoridades do Reino Unido e das com outras localidades daquela ecorregião.
da Austrália em seus programas nacionais de Segundo Resh & Jackson (1993), esses pro-
avaliação da qualidade da água em mais de 8 tocolos são análogos ao uso de termômetros
mil trechos de rios ( Walley & Hawkes, 1996; na avaliação da saúde humana, onde valores
Wright et al., 1993). facilmente obtidos são comparados com o que
se considera “normal” (por exemplo, a tempe-
Protocolos de avaliação rápida ratura corporal humana de 37º C). Esses auto-
da qualidade da água (PAR) res apontam algumas questões relativas ao uso
de métodos de avaliação: que medidas da po-
Enquanto nos países europeus predominaram pulação e/ou comunidade são biologicamente
as abordagens surgidas com base no índice de relevantes (os termômetros)? Quais são os li-
saprobidade, na América do Norte houve uma mites normais com os quais estão sendo com-
preferência por métodos de similaridade entre parados (a temperatura normal do corpo)?
comunidades e de estatística multivariada, ba- Que limite do desvio da normalidade é um si-
seados primeiramente em uma classificação nal de “doença”?
ambiental a priori a partir de parâmetros físi- Em geral, pode-se dizer que não existe con-
cos e químicos (Barbour et al., 1999). senso entre os especialistas sobre o melhor
O uso de macroinvertebrados nos progra- modelo a ser aplicado. Cada método apresenta
mas de monitoramento da qualidade das águas vantagens intrínsecas. Os índices bióticos po-
nos Estados Unidos passou por duas importan- dem ser aplicados por especialistas ou por pes-
tes transições. Por volta de 1960, o uso prepon- soas não técnicas com treinamento em identi-
derante era de abordagens qualitativas, basea- ficação taxonômica, são relativamente simples
das no sistema de saprobidade. A primeira de serem analisados e sua implementação é a
transição ocorreu na década de 1970, quando menos onerosa; sua aplicação, porém, depen-
passou a ser enfatizada uma abordagem quan- de de conhecimento prévio sobre o grau de
titativa para o cálculo de índices de diversida- sensibilidade dos organismos na região. Os de-
de. A segunda transição foi uma volta às abor- fensores dos PAR argumentam que as respos-
dagens qualitativas na implantação dos rapid tas multimétricas são mais apropriadas do que
assessment approaches ou protocolos de ava- as baseadas em uma métrica apenas (índices
liação rápida (PAR) da qualidade da água (Resh bióticos, por exemplo) e, portanto, mais robus-
& Jackson, 1993). tas (Barbour et al., 1996). No entanto, para a
Nos PAR, uma ou mais medidas bioindica- aplicação dessa abordagem é necessário o co-
doras podem ser utilizadas. Essas medidas po- nhecimento sobre estrutura e funcionamento
dem estar associadas a diferentes níveis hierár- das comunidades aquáticas, sendo fundamen-
quicos de organização (espécie, populações ou tal o desenvolvimento de mais estudos descri-
comunidades) e podem ser divididas em cinco tivos para sua aplicação no Brasil. O RIVPACS
categorias: número de espécies (riqueza), enu- tem se mostrado um modelo promissor por ser
merações (abundância dos grupos taxonômi- o único a apresentar característica preditiva de
cos), diversidade e similaridade entre comuni- impacto. Entretanto, sua aplicação depende de
dades, medidas tróficas e índices bióticos. um enorme esforço de coleta e análise na fase
Esses protocolos se baseiam em compara- inicial, o que o tornaria inviável para uso em
ções entre locais “referência” (considerados larga escala no Brasil neste momento.
controle por apresentarem excelentes condi- A escolha da metodologia a ser utilizada em
ções de integridade ambiental) e as áreas a se- programas de biomonitoramento no Brasil de-
rem analisadas. Os países que utilizam essa fer- pende, portanto, do atual estágio do conheci-
ramenta passaram a avaliar o conceito de ecor- mento, que é bastante distinto regionalmente.
região em seus programas de biomonitora-
mento. As ecorregiões são definidas por carac-
terísticas fisiográficas como geologia, tipo de
solo, vegetação natural potencial e uso da ter-
ra, partindo do princípio de que comunidades
biológicas dentro de uma região homogênea

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Desenvolvimento do monitoramento de pesquisa, na maioria das vezes importando


das águas no Brasil ou adaptando índices bióticos dos países euro-
peus ( Junqueira & Campos, 1998; Marques &
Embora o Brasil tenha sido representado na Barbosa, 2001).
primeira reunião da Sociedade Internacional
de Limnologia em 1922 (Esteves, 1988), o país
não seguiu as tendências mundiais de avalia- Perspectivas de aplicação no Brasil
ção e conservação desses sistemas. A esse fato
procura-se atribuir algumas explicações, ne- As agências ambientais têm apresentado algu-
nhuma delas convincente, como a abundância mas sugestões para o uso de biomonitoramen-
do recurso – o país possui a maior disponibili- to, mas a falta de estudos que estabeleçam pa-
dade hídrica do planeta, com 13,8% do deflú- drões de coleta, identificação, avaliação e clas-
vio médio mundial (WRI, 1998) –, e o não-cum- sificação reduz a aplicabilidade dessas meto-
primento da legislação, reconhecidamente dologias. As agências ambientais estaduais e
uma das mais rígidas do mundo. federal não dispõem de pessoal ou recursos pa-
Do primeiro dispositivo legal voltado exclu- ra o estabelecimento desses padrões, devendo
sivamente para os recursos hídricos, o Código esse papel ficar a cargo das universidades e
das Águas (Decreto no 24.643 de 10 de julho de centros de pesquisa. Apesar de sugestões para
1934 – Brasil, 1934), passando pela Resolução a criação de um programa nacional de monito-
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CO- ramento das águas (Barbosa, 1994), acredita-
NAMA) n o 20 de 1986 (Brasil, 1986), até a Lei mos que, devido às dimensões continentais e à
das Águas (Lei 9.433/97 – Brasil, 1997), não se diversidade geográfica do Brasil, inicialmente
faz qualquer menção ao uso de biomonitora- deveriam ser criados comitês técnicos para
mento para avaliar a qualidade das águas. discutir a padronização de metodologias regio-
O descaso com essa metodologia de avalia- nalmente, fornecendo subsídios técnico-cien-
ção ambiental fica evidente quando se analisa tíficos às agências ambientais.
o documento Programa Monitore do Ministé- De fato, na melhor das hipóteses, o conhe-
rio do Meio Ambiente (MMA, 1998), que apre- cimento é restrito a algumas áreas, localizadas
senta 65 projetos de “monitoramento da quali- principalmente nas regiões sudeste e sul (Bap-
dade das águas” no Brasil. Desses, 59 são de tista et al., 2001). É necessária, portanto, uma
águas doces, dos quais 42 em rios. Desse mon- fase de pesquisas “básicas” em bacias hidro-
tante, 26 (61,9%) compreendem apenas análises gráficas, sobretudo nas outras regiões do País
físicas, químicas e/ou bacteriológicas da água. (Maltchik & Medeiros, 2001), com estudos des-
Dos 16 programas de monitoramento restan- critivos que estabeleçam a taxonomia e a eco-
tes, que apresentam análises químicas e algum logia das espécies. Como o principal desafio
componente biológico, apenas quatro ainda para os países em desenvolvimento reside na
estavam em funcionamento naquela data. Isso necessidade urgente de instalação de progra-
representa menos de 10% dos projetos de qua- mas de biomonitoramento, tanto a etapa “bá-
lidade da água de rios, dos quais dois apresen- sica” quanto a “aplicada” devem ser realizadas
tam a vaga descrição “monitoramento de cor- simultaneamente, o que pode acarretar alguns
pos d’água sem data prevista para finalização”. problemas em sua fase inicial, sem no entanto
Mesmo sem o devido apoio, alguns traba- impedir sua aplicação (Buss, 2001).
lhos têm abordado o tema, principalmente nas Um aspecto fundamental a ser considerado
regiões sudeste e sul do País. Alguns exemplos em um programa de monitoramento é a habili-
são os de Barbosa (1994), Tundisi & Barbosa dade em traduzir a informação tanto para os
(1995), Navas-Pereira & Henrique (1995), Bran- gestores ambientais quanto para o público em
dimarte & Shimizu (1996) e Kuhlmann et al. geral. Muitas vezes, a complexidade dos resul-
(1998). Entretanto, a maioria dos trabalhos se tados dos métodos tradicionais de avaliação
localiza em represas artificiais, limitando o co- impede a interpretação pelo público leigo, tor-
nhecimento a áreas isoladas e em ecossistemas nando a informação restrita e, por isso, obscu-
lênticos. ra. As ferramentas originadas por programas
Os trabalhos desenvolvidos em ecossiste- de biomonitoramento permitem a formação
mas lóticos muitas vezes não contam com in- de grupos de monitores ambientais voluntários
fra-estrutura adequada para análise ambiental, nas comunidades, que freqüentemente reali-
deixando lacunas na implementação de pro- zam o levantamento de dados com qualidade,
gramas de biomonitoramento. As aplicações sendo considerados nos programas oficiais de
mais bem-sucedidas são das agências ambien- monitoramento (Firehock & West, 1995; Fore et
tais em conjunto com universidades ou centros al., 2001).

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BIOMONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE RIOS 471

A Lei das Águas (Lei 9.433/97) instituiu a ção dos Comitês de Bacias. Nesse contexto, os
Política e o Sistema Nacional de Recursos Hí- comitês e as Agências de Águas são parceiros
dricos, e institucionalizou a gestão participati- poderosos, e recomenda-se que invistam parte
va dos diversos níveis – federal, estadual, mu- desses rendimentos em programas de biomo-
nicipal e local (Muñoz, 2000). Nela a água é re- nitoramento. Após uma fase inicial de pesqui-
conhecida como bem econômico, sendo deter- sas, esses programas reduzem consideravel-
minada a cobrança por seu uso, com as quan- mente os custos de análise e fornecem infor-
tias arrecadadas revertidas para a bacia hidro- mações relevantes para o manejo de bacias hi-
gráfica em que foram geradas por determina- drográficas.

Agradecimentos Referências

Os autores agradecem aos colegas do Laboratório de ARMITAGE, P. D., 1995. Behaviour and ecology of
Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental (Instituto adults. In: The Chironomidae: Biology and Ecolo-
Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz), do Labora- gy of Non-Biting Midges (P. D. Armitage, P. S.
tório de Entomologia do Museu Nacional (Instituto Cranston & L. C. V. Pinder, ed.), pp. 194-224, Lon-
de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro) don: Chapman & Hall.
e do Departamento de Entomologia (Universidade do ARMITAGE, P. D.; MOSS, D.; WRIGHT, J. F. & FURSE,
Rio de Janeiro). Este estudo é baseado em parte na M. T., 1983. The performance of a new biological
Dissertação de Mestrado de Daniel F. Buss (Programa water quality score based on macroinvertebrates
de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Fede- over a wide range of unpolluted running-water
ral do Rio de Janeiro). Esta pesquisa foi apoiada por: sites. Water Research, 17:333-347.
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