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Biodiesel:

Aspectos Atuais e
Viabilidade de
Aplicação

Indústria e Comércio de Equipamentos e


Processos para Biodiesel LTDA.

www.petrobio.com.br
Introdução

Em 1859 foi descoberto petróleo na Pensilvânia tendo sido utilizado principalmente na


produção de querosene para iluminação. Em 1895, Rudolf Diesel iniciou as pesquisas para
utilização de subprodutos do petróleo como combustível para sua nova invenção – motor com
ignição por compressão. Porém, durante a Exposição Mundial de Paris, em 1900, utilizou óleo de
amendoim para demonstração de seu novo motor. Dizia ele: “o motor diesel pode ser alimentado
com óleos vegetais e ajudará consideravelmente o desenvolvimento da agricultura dos países que
o usarão”.
Mas o desenvolvimento da tecnologia para obtenção de derivados de petróleo (gasolina,
diesel, etc.) fez com que o preço dos combustíveis fósseis ficasse muito mais baixos que o dos
óleos vegetais, e a tecnologia nas indústrias automotivas foram se desenvolvendo para utilização
desses combustíveis.
O primeiro choque do petróleo, em 1973, marcou o fim da era do combustível abundante e
barato. Os embargos impostos pelos árabes aos Estados Unidos e as reduções da produção e da
exportação fizeram com que o preço do barril de petróleo passasse de US$ 3 para US$ 12, entre
outubro de 1973 e dezembro de 1974. Com isso os países exportadores definiram uma nova era
para o resto do mundo: a do petróleo caro e escasso.
A partir daí, novas alternativas de combustíveis foram testadas em todo o mundo. No
Brasil, já havia estudos para a utilização de álcool hidratado como combustível alternativo e álcool
anidro em misturas com a gasolina, e em 1975 foi criado o Pró-Álcool, que objetivava o
desenvolvimento de tecnologia para fabricação de etanol (álcool de cana).
Entre 1981 e começo de 1983 houve nova alta nos preços do petróleo, alcançando US$ 36
por barril. Foi o segundo choque do petróleo. Porém os preços voltariam a cair, chegando em 1986
a surpreendentes US$ 10 por barril. Mas o caráter finito das reservas e a ameaça de novas altas
nos preços exigiam que fossem desenvolvidas tecnologias mais econômicas.
Outro fator que incentiva a procura por novos combustíveis é que a queima de petróleo e
seus derivados são responsável pela maior parte dos poluentes dos centros urbanos, e uma
recente crescente preocupação com o meio ambiente exige que sejam utilizadas novas opções
menos poluentes e de preferência renováveis (biocombustíveis).
Biocombustível é o combustível líquido ou gasoso para transportes produzido a partir da
biomassa. Entende-se como biomassa a fração biodegradável de produtos e resíduos
provenientes da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), da silvicultura e das
indústrias conexas, bem como a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos. São
classificados como biocombustíveis o biodiesel, o biogás e o etanol (álcool de cana), dentre outros.

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O álcool já provou sua eficiência na substituição da gasolina em motores do ciclo Otto, mas
o mundo precisa também de um substituto para o diesel. Esse assunto é de particular interesse
para o Brasil, que importa cerca de um terço do diesel que consome.
Nesse contexto, o Biodiesel surge como uma alternativa de diminuição da dependência
dos derivados de petróleo e um novo mercado para as oleaginosas.

Definição

Biodiesel é produto resultante da reação química entre óleos vegetais e álcool. Esse
produto pode ser usado como combustível em qualquer motor diesel sem a necessidade de
alteração nesse motor. Por ser um combustível alternativo ao diesel feito a partir de fontes
renováveis, passou a ser chamado de biodiesel. Quimicamente o biodiesel é conhecido como éster
metílico ou etílico de ácidos graxos, dependendo do álcool utilizado.
A União Européia considera como biodiesel o éster metílico ou etílico produzido a partir de
óleos vegetais ou animais, com qualidade de combustível para motores diesel, para utilização
como biocombustível.
o
No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), por meio da Portaria n 255/2003, define
biodiesel como sendo um combustível composto de mono-alquilésteres de ácidos graxos de cadeia
longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais e designado B100.
Biodiesel não contém componentes derivados de petróleo, mas pode ser utilizado puro ou
misturado em qualquer proporção com o diesel mineral para criar uma mistura diesel/biodiesel. Por
ser perfeitamente miscível e físico-quimicamente semelhante ao petrodiesel pode ser usado nos
motores ciclo diesel (com ignição por compressão) sem a necessidade de modificação ou onerosas
adaptações. Biodiesel é fácil de usar, biodegradável, não tóxico, e principalmente livre de enxofre e
dos compostos aromáticos.
Mundialmente passou-se a adotar uma nomenclatura bastante apropriada para identificar a
concentração do Biodiesel na mistura. É o Biodiesel BXX, onde XX é a percentagem em volume do
Biodiesel à mistura. Por exemplo, o B2, B5, B20 e B100 são combustíveis com uma concentração
de 2%, 5%, 20% e 100% de Biodiesel, respectivamente.
Como se trata de uma energia limpa, não poluente e que pode ser usada pura ou
misturada com o diesel mineral em qualquer proporção, o seu uso num motor diesel convencional
resulta, quando comparado com a queima do diesel mineral, numa redução substancial de
monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não queimados.

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Vantagens do Biodiesel

Como se trata de uma energia limpa, não poluente e que pode ser usada pura ou
misturada com o diesel mineral em qualquer proporção, o seu uso num motor diesel convencional
resulta, quando comparado com a queima do diesel mineral, numa redução das emissões de
gases poluentes. A emissão de CO2, um dos principais gases causadores do efeito estufa, é
reduzida em 7% na utilização de B5 (5% de biodiesel e 95% de diesel), 9% na utilização de B20 e
46% no caso do uso de biodiesel puro. As emissões de materiais particulados e fuligens são
reduzidas em até 68% com o uso de biodiesel, e há queda de 36% dos hidrocarbonetos não
queimados. Extremamente significativa também é a redução nos gases de enxofre - que são os
causadores da chuva ácida -, de 17% para o B5, 25% para o B20 e 100% para o biodiesel puro,
uma vez que, diferentemente do diesel de petróleo, o biodiesel não contém enxofre.

O País ainda pode aproveitar essa vantagem ambiental em termos econômicos ao


enquadrar o uso do biodiesel nos acordos estabelecidos no Protocolo de Kyoto e nas diretrizes dos
Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), uma vez que poderíamos vender cotas de carbono
através do Fundo Protótipo de Carbono (PCF), pela redução das emissões de gases poluentes, e
também créditos de 'seqüestro de carbono', através do Fundo Bio de Carbono (CBF). Ambos os
fundos são administrados pelo Banco Mundial (Bird).
Além dos créditos de carbono, as vantagens econômicas passam pela redução das
importações de petróleo e de diesel já refinado. Com a introdução do B5, as importações de diesel
refinado serão reduzidas em 33%. A implantação do biodiesel B5 deverá incrementar a atividade
econômica interna e incentivar os investimentos com a instalação de novas indústrias. Também
promoverá a geração de cerca de 200 mil empregos, além de incrementar consideravelmente a
área de cultivo.

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Com a implantação do B5, a agricultura ganhará mais empregos, pois será necessário um
aumento de 125 mil hectares de cana-de-açúcar no caso de aplicação do biodiesel etílico, 2,5
milhões de hectares de girassol para biodiesel feito com seu óleo ou 5 milhões de hectares de
soja. Futuramente, seria necessário ampliar essas áreas de cultivo de oleaginosas e de cana-de-
açúcar para incrementar o uso do biodiesel e aumentar as proporções da mistura desse
biocombustível ao diesel de petróleo para misturas do tipo B15 ou B20. O simples fato de
utilizarmos parcial ou totalmente a capacidade ociosa já instalada na indústria do álcool e da
extração de óleos vegetais representa um grande ganho para o País.
O Brasil, pela suas imensas extensões territoriais, associadas às excelentes condições
climáticas, é considerado um país, por excelência, apto para a exploração da biomassa para fins
alimentares, químicos e energéticos.
No campo das oleaginosas, as matérias-primas potenciais para a produção de óleo diesel
vegetal são bastante diversificadas, dependentemente da região considerada. Muitas oleaginosas
podem ser citadas: mamona, dendê, soja, girassol, babaçu...
Por outro lado, as diversidades sociais, econômicas e ambientais geram distintas
motivações regionais para a produção e consumo de combustíveis da biomassa, especialmente
quando se trata do Biodiesel.

O biodiesel pode ser um importante produto para exportação e para a independência


energética nacional, associada à geração de emprego e renda nas regiões mais carentes do Brasil.
O Brasil importa, anualmente, cerca de 40 milhões de barris de óleo diesel, o que representa uma
despesa na nossa balança de pagamentos de pelo menos 1,2 bilhões de dólares. Além da

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perspectiva de auto-suficiência em diesel, o Brasil é apontado por especialistas do mundo todo
como o país com potencial para se tornar o principal exportador de biodiesel. Cálculos da agência
americana de energia renovável apontam que os Estados Unidos tem um mercado potencial para
os combustíveis limpos de US$ 6 bilhões. Na Europa, a consultoria Frost & Sullivan prevê vendas
de US$ 2,4 bilhões até 2007. Na Embrapa, a aposta é que o Brasil possa se tornar fornecedor de
60% do biodiesel global.

Uso de Biodiesel em Veículos

Misturas de biodiesel podem ser usadas em qualquer tipo de motor diesel, leves ou
pesados. No entanto, é importante checar com o fabricante antes de usar o biodiesel. Como com
qualquer combustível, um componente do motor danificado pelo combustível não é reposto pela
garantia.
Misturas de biodiesel no diesel são utilizados em inúmeros veículos leves e pesados nos
Estados Unidos. A mistura mais comum é o B20 (20% de biodiesel / 80% diesel), mas B100
(biodiesel puro) e misturas com menos de 20% de biodiesel podem também ser usadas.
Veículos que aprovaram o uso de biodiesel incluem ônibus urbanos e escolares, veículos de
suporte militar, equipamentos agrícolas e veículos para manutenção de parques nacionais.
Biodiesel abastecendo veículos leves a diesel são menos comuns.
Nos Estados Unidos, mais de 10 milhões de milhas foram rodadas utilizando biodiesel puro e
misturas de biodiesel. Saiba mais em Histórias de Sucessos como parte do Programa de Cidades
Limpas.
Como com todos os veículos, treinamento adequado é necessário para operar e manter
veículos rodando com biodiesel. O ponto de fulgor do biodiesel é significantemente maior que o do
diesel convencional, o que torna o combustível mais seguro. Biodiesel puro não é tóxico, é
biodegradável e emite menos gases carcinogênicos do que na emissão do diesel convencional.
Em veículos antigos, misturas com altas porcentagens de biodiesel (mais que 20%) podem
afetar mangueiras de combustível e selos da bomba feitos com certos elastômeros. O efeito é
diminuído com misturas de menor percentual. Elastômeros (encontrado nas mangueiras e nas
gaxetas) que são compatíveis com o biodiesel são necessários para o uso de b100 e altas
misturas.
Todo o combustível diesel requer medidas especiais para o uso em baixas temperaturas.
Biodiesel tem um ponto de congelamento mais alto que o do diesel convencional. No entanto, a
mesma estratégia usada para garantir o funcionamento do diesel convencional no inverno também
funcionará para misturas de biodiesel. Isso inclui o uso o uso de aditivos e misturas com diesel nº1.

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Para proteger o equipamento e assegurar a operação sem problemas, o B100 usado para
fazer a mistura com o diesel convencional deve seguir a especificação ASTM D6751.

Desempenho

• Força, torque, aceleração, velocidade máxima e economia de combustível são similares


àquelas obtidas com o diesel.
• A energia contida no B100 é de 10% a 12% menor que a do diesel convencional. Isto
conduz a um índice de energia mais baixo de aproximadamente 2% nas misturas B20.
• O numero de cetano para o biodiesel é significativamente maior do que o do diesel
convencional.

Fonte: http://www.eere.energy.gov/afdc/afv/bio_vehicles.html
Para relatos de testes com Biodiesel, visite o link abaixo:
http://www.eere.energy.gov/cleancities/success_stories.html

Aspectos Tecnológicos

A produção de biodiesel a partir de óleos vegetais novos ou residuais ou gorduras animais,


pode ser feita por uma série de processos tecnológicos, sendo os mais comuns a
transesterificação alcoólica por via catalítica ácida, básica ou enzimática, a esterificação direta e o
craqueamento catalítico ou térmico.
No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, o processo de produção de melhor
relação entre economicidade e eficiência é pela rota da alcoólise alcalina. No mundo todo é
utilizado principalmente a transesterificação utilizando soda cáustica como catalisador. O processo
de transesterificação produz glicerina como subproduto. Devido ao alto valor agregado da glicerina,
ela deve ser purificada para aumentar a eficiência econômica do processo.
As primeiras informações sobre transesterificação têm registros em 1864 quando
Rochieder descreveu a preparação do glicerol através da etanólise do óleo de rícino (óleo de
mamona) e analisou a proporção dos reagentes que afetam o processo em termos de eficiência de
conversão, além dos fatores que diferem de acordo com o óleo vegetal. Desde então, muitos
pesquisadores têm estudado as reações de transesterificação com o intuito de aperfeiçoar os
parâmetros que cercam esse processo.
Porém a utilização dos ésteres de acido graxo (produto resultante da transesterificação)
como combustível alternativo ao diesel passou a ser feita somente na década de 60 do século
passado, e passou a ser chamado de biodiesel somente na década de 80.

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A Petrobio utiliza o processo de transesterificação alcalina com algumas inovações
tecnológicas de desenvolvimento próprio. Esse desenvolvimento, cujo pedido de patente já foi
depositado junto ao INPI e apresenta o número PI 0403140-7, permite que qualquer óleo ou
gordura animal seja transformado em biodiesel tanto quando se utiliza metanol como quando o
etanol é utilizado. Nesse processo são usados catalisadores tradicionais, hidróxido de sódio (soda
cáustica) ou hidróxido de potássio (potassa cáustica).

Matérias Primas para a Produção de Biodiesel

O biodiesel é produzido a partir de uma reação química entre óleos vegetais ou gorduras
animais (triglicerídeos) e um álcool. Pode-se utilizar óleo de soja, girassol, amendoim, algodão,
canola (colza), babaçu, dendê, pequi, mamona, entre outras, e também gordura animal. Esses
óleos podem ser brutos, degomados ou refinados, bem como óleos residuais de fritura.
Na Europa a produção de biodiesel é feita principalmente a partir do óleo de colza, pois é o óleo
mais abundante naquela região, mas também se encontram alguns pontos de produção de
biodiesel europeu a partir de óleo de girassol. Nos EUA é usado principalmente o óleo de soja,
pelo mesmo motivo acima citado.
O Brasil possui características endofo-climáticas que possibilita a plantação de diversas
culturas diferentes, fato que permite que seja mais bem aproveitada a característica de cada
região. Por exemplo, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste poderá utilizar a soja como matéria
prima, pois é a oleaginosa com maior produção nessas regiões. No norte e nordeste pode-se
plantar mamona ou também aproveitar as florestas de babaçu e dendê existentes nessa região.
Para a transesterificação (reação química de transformação do óleo em biodiesel), como já
fora dito anteriormente, é necessário também o uso de um álcool, que pode ser o metanol ou o
etanol.
Apesar dos europeus dominarem a tecnologia para produção de biodiesel a partir do etanol
(álcool de cana), esse álcool não é utilizado industrialmente devido à baixa disponibilidade e ao
alto custo em relação ao metanol na Europa. Em contrapartida, o Brasil é o maior produtor de
etanol do mundo, e a utilização desse álcool no lugar do metanol torna o biodiesel brasileiro um
combustível 100% renovável, uma vez que o metanol tem como principal fonte de obtenção o
petróleo.
No que tange às melhores oleaginosas para produção de biodiesel podemos citar, sem
dúvida alguma, são as palmeiras, devido aos altos rendimentos de extração de óleo por hectare.
Por exemplo, o babaçu rende 1.600 L/ha, o dendê, 5.950 L/ha, o pequi, 3.100 L/ha e a macaúba
(ou macaíba) 4.000 L/há. Esses rendimentos são muito superiores em relação às outras
oleaginosas, não menos famosas, como a soja, que produz 400 litros de óleo por hectare,

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o girassol, 800 L/ha, a mamona, 1.200 L/ha, o milho, 160 L/há ou o algodão, 280 L/há. Porém, a
motivação para a utilização dessas oleaginosas é outra. Uma delas é o tempo de maturação que
tem as palmeiras, que levam de 3 a 5 anos para começarem a dar frutos e de 5 a 8 anos para
atingirem a produtividade máxima, e essas outras oleaginosas são de culturas rotativas, anuais, e
o brasileiro culturalmente não aplica uma política de médio ou longo prazo, sempre de curto prazo,
por isso a preferência por culturas rotativas.
Além disso, a motivação para a utilização da soja, por exemplo, que é uma das
oleaginosas que menos produzem óleo por hectare, porém mais produzidas no Brasil, é o valor de
seus subprodutos. O quilo do farelo de soja, por exemplo, é mais caro que o próprio grão de soja.
Pode-se dizer ainda sobre as proteínas que podem ser extraídas deste óleo, que têm um alto valor
no mercado. O resultado disso é que o óleo de soja, apesar de ter pequena produtividade por
hectare, é produzido praticamente de graça, se tornando ele, o subproduto do farelo e das
proteínas, havendo nesse caso uma inversão de valores.
A motivação para uso da mamona é o baixo custo de manutenção da plantação da
mamona e também a muito enfatizada pelo governo inclusão social, pois a colheita é manual e
deverá gerar muito emprego.
A utilização das palmeiras tem as mesmas motivações apresentadas para a mamona,
lembrando apenas que se trata de um investimento de médio em longo prazo e, por conseguinte,
não se mostram muito interessantes pela cultura “imediatista” brasileira para retorno de
investimentos.
O interesse principal se dá, portanto a culturas rotativas, que apresentam retorno mais
rápido do investimento realizado mesmo que em detrimento de maior produtividade.

Estágio atual da Produção Mundial

A produção de Biodiesel vem crescendo substancialmente, porém em diferentes estágios.


Dados da Fundação Getúlio Vargas - FGV, conforme mostrados na ilustração abaixo indicam os
diferentes estágios de utilização do biodiesel em julho de 2003.

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Enquanto na União Européia a matéria prima utilizada para a produção de biodiesel
restringe-se basicamente a Colza, nos Estados Unidos da América o desenvolvimento se deu a
partir da Soja.
Tomando-se a FGV como fonte de informações, o gráfico a seguir indica as capacidades
de produção de biodiesel dos principais países produtores.

Algumas iniciativas já começam a aparecer no Brasil, embora ainda não se comercialize


projetos de plantas de biodiesel.

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Produção Americana

A venda de biodiesel nos EUA atingiu 1,9 milhões de litros em 1999 e subiram para 57
milhões de litros em 2003.
De acordo com a American Biofuels Association, com incentivos do governo comparado a
aqueles que foram dados ao etanol, as venda de biodiesel podem alcançar 7.600 milhões de litros
por ano ou substituir 8% do consumo de diesel nas rodovias americanas.
Neste nível de penetração de mercado, o biodiesel poderia ser utilizado em frotas de
ônibus e caminhões pesados (principalmente em mistura de 20% ao petrodiesel), navios,
construção, máquinas agrícolas, aquecimentos residenciais e geração de energia elétrica.

Produtores Americanos

Dados obtidos até outubro de 2003 indicam que nos EUA já existem de 23 produtores de
Biodiesel. A escala de produção tem crescido significativamente e as plantas encontram-se
distribuídas em vários pontos do país.
Basicamente os pontos de venda de biodiesel se localizam na região central dos EUA, com
grande concentração nos Estados de Minnessota, Missouri, um dos percussores do projeto.

Produção Européia

O Biodiesel esta em escala industrial de produção desde 1992 na União Européia.


Atualmente existem aproximadamente 40 plantas produzindo cerca de 1.350.000 toneladas de
biodiesel anualmente. Essas plantas estão localizadas principalmente na Alemanha, Itália, Áustria,
França e Suécia.

Produtores na Comunidade Européia

Atualmente mais de 20 empresas integram a EEB (European Biodiesel Board) e produzem


biodiesel na Europa e o mercado tem crescido de forma exponencial.

Produção de Biodiesel no Brasil

A produção no Brasil ainda é incipiente, restringindo-se a experiência em plantas pilotos com a


participação de universidades e centros de pesquisa.

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Nos estados do Piauí e Ceará estão sendo implantadas unidades de produção com
capacidade de aproximadamente 3.000 L/dia, com tecnologia desenvolvida pela Tecbio. Essas
unidades utilizarão como matéria prima à mamona e o metanol, pois essa empresa não possui
processo químico para utilizar o etanol (álcool de cana) como matéria prima. Projeto semelhante,
mas com menor capacidade de produção está sendo desenvolvida em Varginha-MG.
No Rio Grande do Norte a Petrobrás está implantando uma unidade de produção de
biodiesel também a partir da mamona, com capacidade de produzir 5.600 L/dia, com tecnologia
desenvolvida pelo CENPES. Um investimento de pouco mais de R$ 1.500.000,00 só na parte física
da fábrica. Essa tecnologia possibilita a extração do biodiesel diretamente da semente de mamona,
mas a eficiência desse processo é discutível, principalmente por não se aplicar à outros grãos,
como o da soja, por exemplo.
A empresa ECOMAT, do Mato Grosso, produz biodiesel a partir de óleo de soja e etanol
desde 2001, e tem capacidade de produzir 40.000 L/dia. Porém utiliza um processo em que o
produto final tem preço de custo maior que o preço do diesel, o que tornaria um programa nacional
inviável.
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) tem uma unidade para produção de 6.500 L/dia,
e produz com óleo de girassol ou óleos residuais e metanol.
O grupo Agropalma está construindo em Belém uma unidade de produção com capacidade
de produzir 8 milhões de litros de biodiesel por ano, que utiliza resíduos do refino do óleo de palma
e etanol como matéria prima. Esse processo é conhecido como esterificação, mas a principal
matéria prima é limitada, não permitindo expansão de produtividade.
O grupo BioBrás tem atividades na área de biodiesel em quatro estados, porém testes da
ANP indicaram que o biodiesel produzido por esse grupo não apresenta qualidade suficiente para
ser utilizado em motores.

Biodiesel e o Governo Federal

O Governo Federal vem implementando uma série de políticas públicas para a inserção do
biodiesel na matriz energética brasileira. Essas políticas públicas estão sendo articuladas por
vários ministérios, dentre eles o da Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário, Minas e
Energia, Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio Exterior e Agricultura, fora a interferência em
assuntos institucionais da Casa Civil e os atos regulatórios da ANP (Agência Nacional de Petróleo).
A política feita por meio das autarquias acima é basicamente conduzida pela renúncia
fiscal, voltada para o pequeno agricultor (agricultor familiar), regulamentação do mercado pela ANP
com todas as diretrizes técnicas para a comercialização padronizada do biodiesel, fornecimento de
assistência técnica para agronômica para os pequenos grupos que desejam (agricultura familiar).

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participar da produção de matérias-primas para o biodiesel (oleaginosas) e construção do
arcabouço jurídico para uso do biodiesel como combustível oficial no Brasil.
A renuncia fiscal ficou com o desconto ou isenção total (depende de cada caso) da PIS e
COFINS para os produtores de biodiesel. Tudo foi detalhado primeiro em uma medida provisória
(MP 227/04) e agora é objeto de projeto de lei em tramitação no legislativo federal.
Também existe a intenção de o governo garantir preços mínimos para os pequenos
agricultores, futuros fornecedores de matéria-prima para indústrias de biodiesel, preço mínimo
esse, que deverá ser exercido através da CONAB (com compra para estoques reguladores de
mamona, soja, girassol, etc).
Todos os ministérios foram inicialmente mobilizados pelo governo central e ai então,
organizados pela Casa Civil. Ocorreu também a criação do Pólo Nacional dos Biocombustíveis,
patrocinado pelo poder executivo e sob a tutela do Ministério da Agricultura e da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP) na cidade de Piracicaba-SP.

Mercado de diesel no Brasil

O uso do biodiesel pode atender a diferentes demandas de mercado, significando uma


opção singular para diversas características regionais existentes ao longo do território nacional.
Conceitualmente o biodiesel pode substituir o diesel de origem fóssil em qualquer das suas
aplicações. No entanto, a inserção deste combustível na matriz energética brasileira deverá ocorrer
de forma gradual e focada em mercados específicos, que garantam a irreversibilidade do processo.
A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados distintos, mercado automotivo
e usos em geradores de energia estacionários. Cada um destes mercados possui características
próprias e podem ser subdivididos em sub mercados.
O mercado de geradores de energia estacionários caracteriza-se basicamente por
instalações de geração de energia elétrica, e representam casos específicos e regionalizados.
Tipicamente, pode-se considerar a geração de energia nas localidades não supridas pelo
sistema regular nas regiões remotas do País, que em termos dos volumes envolvidos não são
significativos, mas podem representar reduções significativas com os custos de transporte e,
principalmente, a inclusão social e o resgate da cidadania dessas comunidades.
Outros nichos de mercado para utilização do biodiesel para geração de energia podem ser
encontrados na pequena indústria e no comércio, como forma de redução do consumo de energia
no horário de pico, aliado aos aspectos de propaganda e marketing.
O mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos, sendo um composto por
grandes consumidores com circulação geograficamente restrita, como empresas ou usinas
sucroalcooleiras.

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A segunda parcela do mercado automotivo caracteriza-se pelo consumo a varejo, com a
venda do combustível nos postos de revenda tradicionais. Neste grupo estão incluídos os
transportes interestaduais de cargas e passageiros, veículos leves e consumidores em geral.
O mercado total de diesel do Brasil, por região, é mostrado na tabela abaixo:

Fonte: Anuário Estatístico da ANP/2003

O abastecimento do mercado interno de diesel se dá a partir de 13 refinarias, das quais 10


pertencentes à Petrobrás, 01 operada pela Petrobrás tendo a REPSOL-YPF como sócia e duas
refinarias privadas.
Existem cadastradas na ANP 254 distribuidoras de combustíveis líquidos, das quais estão
operando regularmente 149 sendo que 138 possuem postos ostentando sua marca (bandeira).
Atuam no mercado brasileiro 565 TRR’s e 29.739 postos revendedores, também segundo
informações da ANP.
A participação do óleo diesel no mercado brasileiro de combustíveis é bastante
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significativa, 37.616 m , representando 57% do consumo. A titulo de comparação, o consumo de
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gasolina é de 15.325 m , de álcool anidro 7.040 m e álcool hidratado de 5.549 m .
A experiência de utilização do biodiesel no mercado de combustíveis tem se dado em
quatro níveis de concentração:
· Puro (B100)
· Misturas (B20 – B30)
· Aditivo (B5)
· Aditivo de lubricidade (B2)
A opção pelo uso da alternativa B100 pode representar vantagens ambientais significativas
nos grandes centros urbanos. Porém, como este uso requer testes mais aprofundados, a princípio,
sua aplicação é mais viável para frotas específicas de grandes consumidores.

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O setor agropecuário é responsável por 15% do consumo de óleo diesel, aproximadamente
5.600 mil m3. Para este setor a aplicação da alternativa B100 para motores estacionários e
máquinas agrícolas pode acarretar significativas reduções de custos, que se viabilizadas poderão
representar pesados incrementos no consumo de biodiesel, se comparados com as estimativas de
consumo para o setor de transportes.
Contudo, cabe ressaltar que o modelo desenvolvido e implementado na Alemanha utiliza a
alternativa B100 para a comercialização a varejo, porém, não representa a maioria dos modelos
em uso ou desenvolvimento.
As misturas em proporções volumétricas entre 5% e 20% são as mais usuais, sendo que
não é necessária nenhuma adaptação dos motores.

Viabilidade Econômica do Biodiesel

Custos de Produção do Biodiesel

O custo de produção do biodiesel depende principalmente da fonte de oleaginosa que será


utilizada. Apresentamos abaixo o custo empregando as prováveis principais matérias primas no
Brasil: soja, girassol, palma, mamona e amendoim, além de sebo animal. Os cálculos são
baseados no processo exclusivo da Petrobio.

Custo de Produção dos Óleos:

Considerações preliminares:
1. Foi considerado o custo de produção do grão, incluída a margem de retribuição do produtor. No
caso da soja, foi considerado o valor comercial da saca e subtraído o valor comercial do farelo.
2. Foi subtraído o valor comercial dos subprodutos (farelo ou torta). No caso da mamona o valor foi
estimado e com relação à palma, não foi considerado.
3. O mercado de soja trabalha com a chamada “crush-margin” (custo para a moagem) em torno de
US$ 12,00/tonelada. Para os demais produtos, os custos não devem ser muito diferentes disso.
4. Dois métodos de extração podem ser aplicados: extração por solvente (com hexano) ou por
esmagamento. Na extração por solvente, todo óleo contido no grão pode ser retirado, e por
esmagamento, entre 5% e 7% do óleo permanece na torta.

1) Soja (valores de 16/03/05);


Considerando R$ 31,70 a saca (60 Kg) de soja;
Tonelada de Soja: R$ 528,32

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Extração por solvente:
1 tonelada de soja produz:
 21% de óleo (entre 19% e 22%, mercado assume 21%)
 73% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 4,762 toneladas de grãos que custam
 R$ 2.515,82
 + R$ 157,94 (moagem) = R$ 2.673,76
 Produz 3,476 toneladas de torta
 R$ 1.901,46
Custo por tonelada de óleo de soja = R$ 772,30

Extração por prensagem:


1 tonelada de soja produz:
 14% de óleo
 80% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 7,143 toneladas de grãos que custam
 R$ 3.773,73
 + R$ 236,91 (moagem) = R$ 4.010,64
 Produz 5,714 toneladas de torta
 R$ 3.125,69
Custo por tonelada de óleo de soja = R$ 884,95

2) Girassol
Custo por hectare: R$ 800,00
Produtividade: 2000 Kg / ha (produtividade acima da média atual, mas bastante factível)

Extração por solvente:


1 tonelada de girassol produz:
 42% de óleo
 52% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,381 toneladas de grãos que custam
 R$ 952,38
 + R$ 74,26 (moagem) = R$ 1.026,64

16
 Produz 1,238 toneladas de torta
 R$ 297,14
Custo por tonelada de óleo de girassol = R$ 729,50

Extração por prensagem:


1 tonelada de girassol produz:
 35% de óleo
 59% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,857 toneladas de grãos que custam
 R$ 1.142,86
 + R$ 89,11 (moagem) = R$ 1.231,97
 Produz 1,686 toneladas de torta
 R$ 404,57
Custo por tonelada de óleo de girassol = R$ 827,39

3) Mamona

Para agricultura familiar


Custo por hectare: R$ 400,00
Produtividade: 1.000 Kg / ha

Extração por solvente:


1 tonelada de mamona produz:
 44% de óleo
 50% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,273 toneladas de baga que custam
 R$ 909,09 + R$ 75,55 (moagem) = R$ 984,64
 Produz 1,136 toneladas de torta
 R$ 113,64
Custo por tonelada de óleo de mamona (ag. Familiar) = R$ 871,00

Extração por prensagem:


1 tonelada de mamona produz:
 37% de óleo

17
 57% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,703 toneladas de baga que custam
 R$ 1.081,08
 + R$ 89,84 (moagem) = R$ 1.170,92
 Produz 1,541 toneladas de torta
 R$ 154,05
Custo por tonelada de óleo de girassol = R$ 1.016,86

Mercado Atual (valores de 17/03/05)


Considerando R$ 39,00 a saca (60 Kg) de baga de mamona;
Tonelada de baga de mamona: R$ 650,00

Extração por solvente:


1 tonelada de baga de mamona produz:
 44% de óleo
 50% de torta

Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,273 toneladas de baga que custam
 R$ 1.477,27
 + R$ 70,88 (moagem) = R$ 1.548,15
 Produz 1,136 toneladas de torta
 R$ 113,64
Custo por tonelada de óleo de mamona = R$ 1.434,52

Extração por prensagem:


1 tonelada de baga de mamona produz:
 37% de óleo
 57% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,703 toneladas de baga que custam
 R$ 1.756,76
 + R$ 84,29 (moagem) = R$ 1.841,05
 Produz 1,541 toneladas de torta
 R$ 154,05
Custo por tonelada de óleo de mamona = R$ 1.686,99

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4) Palma

Plantio Comercial
Amortização: R$ 500,00 / ha.ano
Manejo: R$ 930,00 / ha
Produtividade
 136 palmas / há
 10 cachos / palma
Teor de óleo por cacho: 26%
 7.072 Kg de óleo / ha
Moagem: R$ 119,95
Custo por tonelada de óleo de palma = R$ 322,16

Mercado Atual (valores de 17/03/05)


Tonelada do cacho: R$ 140,00
Teor de óleo por cacho: 26%
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 3,846 toneladas de cacho que custam
 R$ 538,46
 + R$ 119,95 (moagem) = R$ 658,42
Custo por tonelada de óleo de mamona = R$ 658,42

5) Amendoim

Tonelada de Amendoim: R$ 700,00

Extração por solvente:


1 tonelada de amendoim produz:
 49% de óleo
 45% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,041 toneladas de grãos e
 R$ 1.428,57
 + R$ 63,65 (moagem) = R$ 1.492,22
 Produz 0,918 toneladas de torta
 R$ 413,27

19
Custo por tonelada de óleo de amendoim = R$ 1.078,96

Extração por prensagem:


1 tonelada de amendoim produz:
 42% de óleo
 52% de torta
Para produzir 1 tonelada de óleo:
 São necessárias 2,381 toneladas de grãos e
 R$ 1.666,67
 + R$ 74,26 (moagem) = R$ 1.740,92
 Produz 1,238 toneladas de torta
 R$ 557,14
Custo por tonelada de óleo de amendoim = R$ 1.183,78

Custo de Produção do Biodiesel

Considerações preliminares:

1. Com 1000 Kg de óleo se produz pouco mais de 1000 L de Biodiesel. Por comodidade de
cálculos e também por medidas conservadoras, o valor esta arredondado.
2. Para que a reação seja mais rápida e eficiente, faz-se necessário a utilização de álcool em
excesso. Cerca de metade do álcool utilizado pode ser recuperado. Por adotar medidas
conservadoras novamente, estamos considerando a recuperação de apenas um terço desse
álcool.
3. Como subproduto da reação, uma massa com aproximadamente 10% da massa inicial de óleo é
obtida de glicerina. Essa glicerina pode ser tratada ou não. Estamos considerando os dois casos.

1) Soja

Para extração com solvente:


Custo do biodiesel: R$ 1,04 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,78 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,64 / L

Para extração por prensagem:


Custo do biodiesel: R$ 1,15 / L

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Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,89 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,74 / L

Óleo de soja degomado: R$ 1,32 / L (16/03/05)


Custo do biodiesel: R$ 1,55 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,29 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 1,14 / L

2) Girassol

Para extração com solvente:


Custo do biodiesel: R$ 1,01 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,75 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,60 / L

Para extração por prensagem:


Custo do biodiesel: R$ 1,10 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,84 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,69 / L

3) Mamona

Para agricultura familiar:


Para extração com solvente:
Custo do biodiesel: R$ 1,19 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,94 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,79 / L

Para extração por prensagem:


Custo do biodiesel: R$ 1,34 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,08 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,94 / L

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Preço de Mercado:

Para extração com solvente:


Custo do biodiesel: R$ 1,76 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,51 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 1,38 / L

Para extração por prensagem:


Custo do biodiesel: R$ 2,01 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,77 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 1,63 / L

4) Palma

Para plantio:
Custo do biodiesel: R$ 0,62 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,38 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,24 / L

Para compra do cacho:


Custo do biodiesel: R$ 0,93 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,69 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,56 / L

5) Amendoim

Para extração com solvente:


Custo do biodiesel: R$ 1,33 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,08 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,95 / L

Para extração por prensagem:


Custo do biodiesel: R$ 1,42 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 1,18 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 1,04 / L

22
6) Sebo Animal

Valor: R$ 900,00 a tonelada


Custo do biodiesel: R$ 1,13 / L
Custo do biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina loira: R$ 0,87 / L
Custo do Biodiesel com recuperação do álcool e da glicerina pura: R$ 0,73 / L

Custo de produção de B100 (sem impostos)

Tipo de Óleo Obtenção do Óleo Preço

Solvente R$ 1,04

Soja
Prensagem R$ 1,15

Óleo Degomado R$ 1,55

Solvente R$ 1,01

Girassol
Prensagem R$ 1,10

Ag. Familiar - Solvente R$ 1,19

Ag. Familiar - Prensagem R$ 1,34


Mamona
Solvente R$ 1,76

Prensagem R$ 2,01

Plantio R$ 0,62

Palma
Cacho R$ 0,93

Solvente R$ 1,33

Amendoim
Prensagem R$ 1,42

Sebo R$ 1,13

Tabela 1: Custo do B100 sem a recuperação da glicerina e do álcool

23
Tipo de Óleo Obtenção do Óleo Preço

Solvente R$ 0,78

Soja
Prensagem R$ 0,89

Óleo Degomado R$ 1,29

Solvente R$ 0,75

Girassol
Prensagem R$ 0,84

Ag. Familiar - Solvente R$ 0,94

Ag. Familiar - Prensagem R$ 1,08


Mamona
Solvente R$ 1,51

Prensagem R$ 1,77

Plantio R$ 0,38

Palma
Cacho R$ 0,69

Solvente R$ 1,08

Amendoim
Prensagem R$ 1,18

Sebo R$ 0,87

Tabela 2: Custo do B100 com a receita da glicerina loira e do álcool recuperado

24
Tipo de Óleo Obtenção do Óleo Preço

Solvente R$ 0,64

Soja
Prensagem R$ 0,74

Óleo Degomado R$ 1,14

Solvente R$ 0,60

Girassol
Prensagem R$ 0,69

Ag. Familiar - Solvente R$ 0,79

Ag. Familiar - Prensagem R$ 0,94


Mamona
Solvente R$ 1,38

Prensagem R$ 1,63

Plantio R$ 0,24

Palma
Cacho R$ 0,56

Solvente R$ 0,95

Amendoim
Prensagem R$ 1,04

Sebo R$ 0,73

Tabela 3: Custo do B100 com a receita da glicerina bidestilada e do álcool recuperado

Determinar se o biodiesel é viável ou não economicamente simplesmente analisando os


custos de produção do biodiesel é muito vago, é preciso ter um parâmetro para comparação.
Como se trata de um combustível alternativo ao diesel mineral, nada melhor que comparar com os
preços aplicados ao diesel com o maior produtor brasileiro no principal pólo produtor, o Rio de
Janeiro, como fonte.

25
Fonte: Petrobras.com.br

De acordo com a Petrobrás na ilustração acima, o preço do diesel de petróleo antes da


distribuição e da aplicação dos impostos é de R$ 0,9568 por litro. Isso significa que, para ser
competitivo, o biodiesel deve ter seu custo de produção de até 95,68 centavos de real por litro
produzido. De acordo com os cálculos de custo de produção determinados anteriormente,
praticamente todos os tipos de óleos que entraram na simulação podem ser utilizados como
matéria-prima para o biodiesel com viabilidade econômica, e alguns até mesmo sem se considerar
a recuperação de seus subprodutos, como o caso do dendê (palma), que sem recuperar o álcool e
a glicerina, tem seu custo de produção de R$ 0,93 quando o cacho de palma é comprado a preço
de mercado. Se o próprio produtor de palma fizer também o biodiesel, ele pode chegar a R$ 0,62,
mais de 30 centavos a menos que o custo da Petrobrás para processar um litro de diesel.
Isso quer dizer ainda que, mesmo sem os incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal, a soja,
oleaginosa com maior produção no Brasil, tem viabilidade econômica para ser utilizada como
matéria-prima. O biodiesel feito a partir do óleo de soja pode chegar a um custo de produção de R$
0,64, bem abaixo do custo de produção do diesel.
Para os estados com maior probabilidade de conseguir um incentivo fiscal, como os do
norte e nordeste, um outro cálculo pode ser feito para determinar a viabilidade do biodiesel frente
ao diesel de petróleo. Analisando o gráfico da Petrobrás, o preço do diesel antes da distribuição e
já com os impostos é de R$ 1,3879. Isso quer dizer que para ser competitivo, frente ao diesel de

26
petróleo, o biodiesel deverá ter seu preço igual ou menor que os R$ 1,3879 nas mesmas
condições (antes da distribuição e já com os impostos). Esses incentivos podem tornar viável a
aplicação de algumas oleaginosas na produção de biodiesel, como a mamona. O custo de
produção do biodiesel para essa oleaginosa a preço de mercado ficam acima do custo de
produção do diesel, inviabilizando sua utilização sem a renúncia fiscal.
Portanto, uma análise simples dos custos de produção do diesel e do biodiesel prova que o
biodiesel é sim viável economicamente.
Analisando ainda os preços admitidos internacionalmente para o diesel, podemos afirmar
que também é viável a produção de biodiesel para exportação.

Os custos realizados em todos os países envolvidos na simulação para o diesel de


petróleo são praticamente os mesmos, pouca variação é observada. O que difere brutalmente são
os impostos que aplicados. Como o biodiesel é um combustível ecologicamente correto, esses
tributos são reduzidos, o que faz com que o biodiesel possa entrar no mercado internacional com
um valor acima dos custos de realização dos produtores/importadores estrangeiros que ainda
serão economicamente competitivos, aumentando ainda os lucros do produtor. Esse lucro ainda é
maior levando-se em consideração que o ICMS não é cobrado para os produtos exportados, e o
imposto de exportação é menos que esse ICMS.
Perguntar se o biodiesel é economicamente viável? Sim, com certeza é.

27
Rentabilidade do Biodiesel

A legislação do biodiesel prevê a substituição de 2% de diesel por biodiesel, mas abre uma
brecha para a comercialização direta para grandes consumidores e utilização de percentuais
maiores por esses grandes consumidores. Porém, isso requer autorização da ANP e isso nem
sempre será possível, portanto faremos os cálculos da rentabilidade como se o biodiesel produzido
fosse vendido para as distribuidoras. Para que isso seja feito, o preço do biodiesel, já com os
impostos, não poderá ultrapassar o preço do diesel antes da distribuição e comercialização no
varejo. Portanto será utilizado para o diesel o valor de R$ 1,39 (preço do diesel da Refinaria Duque
de Caxias, no Rio de Janeiro, com os impostos aplicados nesse estado, mas sem o lucro dos
distribuidores). Para o biodiesel será utilizado um valor mais provável de ser implantado em uma
fase inicial do programa de biodiesel, onde o óleo de soja será extraído por solvente e, para ser
conservador, onde a glicerina é vendida loira. Nesse cenário temos o custo de produção de R$
0,78. Aplicando 45% de impostos (CIDE, PIS/COFINS e ICMS), esse biodiesel sairia por R$ 1,13,
portanto, um lucro de 26 centavos por litro de biodiesel vendido.

 Diesel: R$ 1,39 / L
 Biodiesel: R$ 1,13 / L
Diferença por litro: R$ 0,26

Capacidade: 50.000 L / mês


Lucro mensal: R$ 13.002,60
Lucro anual: R$ 130.026,00 (com 2 meses parados para manutenção)

Capacidade: 600.000 L / mês (20.000 L / dia)


Lucro mensal: R$ 156.000,00
Lucro anual: R$ 1.560.000,00

Capacidade: 1.000.020 L / mês (33.334 L / dia)


Lucro mensal: R$ 260.005,20
Lucro anual: R$ 2.600.052,00

Capacidade: 3.000.000 L / mês (100.000 L / dia)


Lucro mensal: R$ 780.000,00
Lucro anual: R$ 7.800.000,00

28
Esses valores são bastante expressivos, principalmente se compararmos com os valores
das unidades de produção de biodiesel utilizada para essas produções. Por exemplo, a ultima
unidade simulada tem um lucro anual que supera o investimento inicial feito na compra dela.

Planta Pequena X Planta Grande

A produção de biodiesel a partir de óleos vegetais novos ou residuais ou gorduras animais,


pode ser feita por uma série de processos tecnológicos, sendo os mais comuns a
transesterificação alcoólica por via catalítica ácida, básica ou enzimática, a esterificação direta e o
craqueamento catalítico ou térmico.
No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, o processo de produção de melhor
relação entre economicidade e eficiência é pela rota da alcoólise alcalina. No mundo todo é
utilizado principalmente a transesterificação utilizando soda cáustica como catalisador. O processo
de transesterificação produz glicerina como subproduto.
Nesse processo, duas etapas são fundamentais: a transesterificação e a purificação do
biodiesel. Outras duas etapas são importantes economicamente, mas não são fundamentais: a
recuperação do álcool e a purificação da glicerina.
Para a realização da transesterificação, é necessário utilizar um excesso de álcool para
aumentar a eficiência do processo, excesso esse que pode ser recuperado posteriormente. Nessa
etapa se formam duas fases: a glicerina e o biodiesel. Após a separação entre as fases, o biodiesel
deve ser purificado antes da utilização dele em motores. A glicerina pode ser recuperada e
aumentar a lucratividade desse processo, pois tem um alto valor agregado.
A Petrobio oferece dois tipos de unidades para a realização da transesterificação. Uma
delas tem o intuito de atender aos pequenos produtores, e o equipamento tem o objetivo de ser o
mais simples e barato possível, porém tem como efeito colateral um rendimento baixo, em torno de
94%. A outra linha de unidades utiliza equipamentos sofisticados e de ultima geração como
centrífugas e aparelhos contínuos de recuperação de álcool e purificação do biodiesel, e tem como
objetivo obter o maior rendimento possível, e atinge quase 100% de rendimento.

Produção de Biodiesel

Planta Pequena:

Em unidades pequenas, apesar de ser viável a aplicação da recuperação do álcool e da


glicerina, os equipamentos utilizados nesses processos aumentam consideravelmente os
investimentos iniciais, podendo até dobrar o preço das unidades em alguns casos. Portanto, antes

29
de escolher se quer uma unidade com a recuperação de álcool ou não, uma análise de custos de
produção deve ser feita.
Utilizando os preços atuais da saca de soja no mercado internacional, é possível se chegar
a óleo vegetal custando R$ 0,77 o litro. Para fim de ilustração, vou utilizar esse valor nessa
simulação.
Para a produção de biodiesel utilizando esse óleo, sem recuperar o álcool ou a glicerina,
obtêm-se biodiesel com custo de produção de R$ 1,07 por litro. Recuperando o álcool, o custo de
produção cai para R$ 1,04 por litro (por medidas conservadoras, estou utilizando o pior cenário
possível para essa simulação onde o álcool não é novamente desidratado e é vendido a 30
centavos, e ainda é recuperado apenas 30% sendo que é possível a recuperação de 50%).
Quando o álcool não é recuperado e a glicerina é tratada até que haja a possibilidade de
ser vendida como glicerina loira (não pura, mas também com alto valor de mercado), é possível se
obter o biodiesel de soja por R$ 0,84, e associado a recuperação do álcool 81 centavos de real.
Porém, para isso é necessário utilizar equipamentos que muitas vezes tem o valor alto em
comparação ao resto dos equipamentos e como a produção é pequena, pouca glicerina é gerada
no processo, fazendo com que esses equipamentos fiquem ociosos por boa parte do tempo.
Para se ter uma idéia dos custos dessas unidades pequenas, vou tomar por base uma das
unidades que mais geram interesse entre os pequenos produtores, uma unidade para 60.000 Litros
por mês. As unidades fundamentais dessa unidade custam aproximadamente R$ 300.000,00. A
unidade de recuperação do álcool custa por volta de R$ 200.000,00 e a unidade de purificação da
glicerina para essa unidade custa R$ 310.000,00.
Portanto, uma unidade com essa capacidade completa pode chegar a custar R$
810.000,00, sendo que com 300 mil reais já é possível se obter uma unidade para começar a
produzir o biodiesel. Cabe assim ao investidor avaliar se vale mais a pena desembolsar um pouco
mais no começo e ter uma lucratividade em longo prazo maior ou fazer uma programação de
investimento.

Planta Grande:

Em unidades de maior porte, o valor das unidades de recuperação de álcool e de


purificação da glicerina não representa um valor tão significante no preço final da unidade, mas são
expressivas em termos de custo do biodiesel. Isso ocorre porque essas unidades já apresentam
equipamentos com alto valor para possibilitar a obtenção de um rendimento maior.
Para o mesmo valor do óleo utilizado na simulação passada, é possível a obtenção do
biodiesel com custo de produção de R$ 1,04 por litro sem recuperar o álcool ou a glicerina.
Recuperando o álcool, o custo de produção cai para R$ 1,01 por litro.

30
Quando o álcool não é recuperado e a glicerina é tratada para ser vendida como glicerina
loira, é possível se obter o biodiesel de soja por R$ 0,81, e associado a recuperação do álcool 78
centavos de real. Diferente do caso anterior, as unidades para recuperação do álcool e purificação
da glicerina não apresentam um valor tão expressivo frente ao valor da unidade de
transesterificação e purificação, e o volume de glicerina produzido permite a utilização de um
equipamento com sua eficiência máxima, diminuindo assim o custo por produtividade.
Tomando como base uma unidade com capacidade de 3.000.000 Litros por mês (100.000
litros por dia), as unidades fundamentais dessa planta custam aproximadamente R$ 6.600.000,00.
A unidade de recuperação do álcool custa por volta de R$ 750.000,00 e a unidade de purificação
da glicerina para essa unidade custa R$ 450.000,00.
Portanto, uma unidade com essa capacidade completa pode chegar a custar R$
7.800.000,00, sendo que dessa maneira não é possível se obter equipamentos suficientes para
produzir biodiesel por menos de R$ 6.600.000,00. Por isso, essas unidades maiores não estão
disponíveis sem as unidades de recuperação do álcool ou purificação da glicerina.

Retorno do Investimento

Quando se discute a respeito da produção de biodiesel, inúmeros fatores devem ser


levados em consideração, notadamente o regresso do investimento para o produtor.
Neste aspecto, para uma produção pequena de biodiesel, o investimento pode ser baixo,
mas o retorno do mesmo é relativamente lento. Por exemplo, uma unidade que produz até 60.000
Litros por mês custa hoje, em média, R$ 300.000,00, valor que possibilita que o retorno desse
investimento ocorra em pouco mais de dois anos se admitirmos lucro de vinte centavos por litro de
biodiesel produzido. Já para uma unidade de 3.000.000 Litros por mês, o que dá aproximadamente
100.000 Litros por dia, o valor é de R$ 7.800.000,00. Esse valor em primeiro momento parece
estar elevado, mas com os mesmos vinte centavos de lucro por litro de biodiesel produzido, o
retorno desse investimento pode ocorrer em apenas um ano, diferença bastante significativa. Isso
ainda ocorre porque estamos admitindo o mesmo lucro, porém já foi provado anteriormente que
com a unidade maior é possível se obter o biodiesel com custos de produção inferiores aos das
plantas pequenas.
Essa diferença ocorre por diversos motivos. Um bastante óbvio é o ganho de escala, ou
seja, quanto mais se produz, mais baixo o custo de produção se torna, mais barato sai o produto.
Mas no caso apresentado acima, esse não é o principal motivo, as unidades comparadas têm
diversas diferenças, sendo a principal delas a diluição do custo fixo. Essas unidades são
automáticas, necessitando de poucos funcionários para operá-las, independentemente do
tamanho.

31
Nas unidades maiores, apesar do processo de transesterificação ser feito por batelada, são
empregadas centrífugas e secadores contínuos que tornam o processo semicontínuo. A centrífuga
é um equipamento que promove a separação contínua entre dois líquidos de densidades
diferentes. No processo de produção de biodiesel desenvolvido pela Petrobio as centrífugas são
utilizadas na separação entre biodiesel e glicerina e também no processo de purificação do
biodiesel, nas etapas de lavagem onde o biodiesel é separado da água. Além de agilizar esses
processos de separação, a centrifuga facilita muito a purificação do biodiesel, atingindo altos graus
de pureza com menos etapas. As centrífugas utilizadas nas unidades de produção comercializada
pela Petrobio são de desenvolvimento próprio, obtendo alta eficiência e baixo custo. Os
secadores, também um desenvolvimento da Petrobio com uma outra empresa também 100%
nacional, são aparelhos contínuos de destilação. Eles são utilizados no processo de produção do
biodiesel para promover a recuperação do álcool utilizado em excesso e também para remoção de
resíduos de água no biodiesel, uma das normas de qualidade mais rígidas do biodiesel.
Esses aparelhos proporcionam uma perda mínima de biodiesel na etapa de purificação e
um biodiesel de alta qualidade, porém não podem ser utilizados em unidades pequenas, pois
possuem tamanhos mínimos e preços fixos que impossibilitam sua aplicação para pequenas
produções. Por exemplo, uma unidade para produção de 50.000 litros de biodiesel por mês
utilizando esses equipamentos custa aproximadamente R$ 1.400.000,00 e poderá ter retorno do
investimento em 11 anos e meio com um lucro de vinte centavos por litro, tornando esse um
investimento praticamente inviável de ser conduzido.
A principal vantagem, porém, de se utilizar esses equipamentos (centrífugas e secadores)
é o aumento de produtividade, não por ganho de escala, mas sim por rendimento de conversão,
tendo uma diferença de entre 2% e 5% de rendimento a menos sem o emprego desses
equipamentos, além deles possibilitarem a recuperação do álcool em excesso. O resultado disso é
uma economia de aproximadamente R$ 0,05, cinco centavos, quantia significativa quando se trata
de grandes volumes de produção e de lucros baixos por litro.
Além disso, não é aconselhável utilizar as unidades pequenas trabalhando 24 horas, pois o
equipamento seria muito pequeno, por exemplo, teríamos reatores de 50 litros. Já a unidade de
maior produção é aconselhável que se utilize 24 horas por dia, atingindo assim uma maior
eficiência do equipamento e menor custo fixo para essa produção.
Deve-se deixar claro que a escolha entre pequenas e grandes unidades de produção deve
depender apenas da vontade e/ou necessidade do produtor em obter o retorno do investimento em
períodos mais curtos ou não, salientando que um investimento inicial maior poderá trazer um
retorno financeiro a médio e longo prazo extremamente positivo.

32
Batelada X Semicontínua

A Petrobio oferece dois tipos de unidades para a realização da transesterificação. Uma


delas tem o intuito de atender aos pequenos produtores, e o equipamento tem o objetivo de ser o
mais simples e barato possível, porém tem como efeito colateral um rendimento baixo, entre 90% e
94%. A outra linha de unidades utiliza equipamentos sofisticados e de ultima geração como
centrífugas e aparelhos contínuos de recuperação de álcool e purificação do biodiesel, e tem como
objetivo obter o maior rendimento possível, e atinge quase 100% de rendimento.
A idéia inicial era que as unidades pequenas trabalhassem 10 horas por dia, pois seriam
voltadas para o pequeno produtor, com produções de no Maximo 300.000 litros por mês, mas a
procura por equipamentos de baixo custo para a produção de biodiesel foi grande e passamos a
fornecer também esses equipamentos em batelada para trabalhar 24 horas por dia. Porém, apesar
do equipamento ser muito mais barato e fornecer um biodiesel de alta qualidade, o rendimento é
pouco mais de 5% mais baixo, o que faz com que o custo de produção do biodiesel aumente
significativamente. Para que isso fique mais claro, daremos um exemplo.
Uma unidade da Petrobio com capacidade de produção de 50.000 litros por dia custa
aproximadamente R$ 4.500.000,00 com os equipamentos contínuos e R$ 1.900.000,00 se for
completamente por batelada. Essa diferença é extremamente alta, qual é então a diferença entre
elas se o biodiesel final tem qualidade para ser até mesmo exportado? Essa diferença não
compensa a redução do rendimento da reação? Vamos analisar.
Tomarei os preços da soja de março de 2005 como base de meus cálculos. Na unidade
semicontínua, o custo de produção, contando apenas gastos com matéria-prima e energia, é de R$
672,69 por m³. Já para a unidade por batelada, esse custo fica em R$ 725,00 por m³. Á primeira
vista, essa diferença é muito baixa, apenas 5 centavos por litro produzido, porém a produção é de
50.000 litros por dia! Isso significa que a unidade semicontínua será gasto R$ 33.634,20 por dia,
enquanto na unidade por batelada R$ 36.250,19 por dia, uma economia de R$ 2.615,19 por dia
(R$ 82.679,65 por mês). Além disso, uma outra diferença que deve ser levado em conta é o
número de funcionários. A unidade por batelada necessita de dois funcionários a mais por turno, e
como a unidade trabalhará 24 horas, serão necessários 6 funcionários a mais. Se cada funcionário
recebe R$ 500,00 de salários mensais, isso representa mais R$ 3.000,00 por mês, o que faz com
que a economia seja de mais de 85 mil reais mensais, isso sem contar os encargos trabalhistas e
outros inconvenientes de se ter mais funcionários.
Apesar de bastante vistosos esses números, os mais céticos podem ainda afirmar que
seriam necessários pouco mais de dois anos e meio para que essa diferença de preço entre as
unidades justifique o investimento, e isso ainda sem que seja considerado o juro do empréstimo,
que deverá ser feito na maioria dos casos. Sem os juros do empréstimo, essa diferença entre os

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preços da unidade tem retorno em pouco menos de 32 meses, porém o mercado em que se
aplicam essas unidades é um mercado muito grande e que não será substituído em um período
curto, e deve-se pensar em décadas de funcionamento, onde ai se justifica cada vez mais a
escolha por uma unidade semicontínua, pois mesmo se considerarmos os juros do empréstimo,
esse valor não chega a representar o dobro, e mesmo se dobrasse esse valor, significariam menos
de 6 anos para compensar o investimento inicialmente mais alto, daí pra frente essa diferença
passaria a ser lucro, e o seriam por muito mais de 6 anos.

Valoração dos Custos Evitados da Poluição pela substituição do


diesel mineral pelo biodiesel e Análise das Emissões do biodiesel
em relação ao diesel mineral

I - Emissão de Gases do Efeito Estufa associados à Produção e Uso do Biodiesel

As emissões do biodiesel associadas ao metanol representam cerca de 5% das emissões


do diesel mineral, enquanto que as emissões do biodiesel associadas ao etanol representam cerca
de 3,8% das emissões do diesel mineral, já considerando a eficiência energética.
Conclui-se que, quanto às emissões de gases de efeito estufa, a diferença de emissões
entre o éster etílico e o metílico é de cerca de 1,2% em relação ao total de emissões evitadas pela
substituição do diesel mineral pelo biodiesel.

I.1 - Mercado de Carbono

O Protocolo de Kyoto, através do seu Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL é uma


oportunidade de captação de recursos devido à substituição de um combustível fóssil por um
renovável. No entanto, como estabelece o Artigo 12 do Protocolo de Kyoto, no parágrafo 5, inciso
(c), as “Reduções de emissões (devem ser)... adicionais as que ocorreriam na ausência da
atividade certificada de projeto.”. Para se estabelecer o que se define como redução adicional,
deve-se estabelecer um cenário de referência. Caso o programa de biodiesel seja compulsório, o
mesmo se configurará como cenário de referência, não apresentando, portanto, adicionalidade na
redução de emissões. Caso seja “autorizativo”, apresentará mais chances de elegibilidade. Assim,
a forma como será desenvolvido o programa nacional de biodiesel definirá o grau de possibilidade
de enquadramento nas exigências do MDL.
Importante observar que a definição da política de biodiesel no Brasil não deve estar
pautada e nem sofrer influência decisória em função da oportunidade do MDL, pois além do risco

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de não se conseguir elegibilidade, devido às exigências muito severas, também há o risco de não
haver compradores interessados, pois a Diretiva da Comunidade Européia para o mercado de
carbono estabelece como foco os projetos envolvendo grandes fontes estacionárias de emissão,
como centrais de geração de energia, indústria do cimento, entre outros. Por outro lado, os setores
de atividade que a Diretiva Européia descarta são os sistemas florestais, enquanto que a energia
nuclear e as grandes hidroelétricas são encaradas com muitas restrições. Assim, não há uma
referência ao setor de transporte, nem como atividade preferencial nem como atividade
descartada. No entanto, a utilização do biodiesel no setor elétrico, nas circunstâncias em que
substitui o diesel mineral, está de acordo com a Diretiva Européia.
Caso o Protocolo de Kyoto não entre em vigor, há ainda a possibilidade de outros
mercados fora do Protocolo. Segundo dados do Banco Mundial, desde 1996 ocorreram 211
transações internacionais de redução de emissões (ER), totalizando 160 MtCO2e. De 1996 a 2000,
o Canadá juntamente com os EUA foram os principais compradores de “early credits” ou redução
de emissões (ER). Nos anos de 2001 e 2002, houve uma melhor distribuição dos países
compradores, merecendo destaque a participação do Prototype Carbon Fund do Banco Mundial.
Os EUA continuam sendo um dos principais compradores, apesar do atual governo federal
ter afirmado que não irá ratificar o Protocolo de Kyoto. Dessa maneira, as empresas norte-
americanas não teriam o compromisso de reduzir suas emissões de GEE.
Porém, alguns estados norte-americanos estão criando legislações estaduais que irão
obrigar as empresas a reduzirem suas emissões; e algumas empresas estão assumindo
compromissos voluntários. No entanto, este mercado está começando a desaquecer. O preço
pago nos últimos meses por empresas como Ford Motor, DuPont e American Electric Power tem
sido de menos do que US$ 1,0 por tonelada de carbono.

II - Emissão de Poluentes Atmosféricos Locais do biodiesel em comparação com o diesel


mineral

As emissões de poluentes locais (controlados e não controlados) do biodiesel variam em


função do tipo da Matéria Graxa (Triglicerídeos e Ácidos Graxos) utilizada para a produção do
biodiesel, ou seja, o tipo de óleo vegetal (soja, mamona, palma, girassol, etc) ou gordura animal
usado na produção do biodiesel. Quanto ao biodiesel ser um éster etílico ou metílico, a princípio
não é relevante quanto às emissões de poluentes locais.

II.1 - Efeito do biodiesel em relação às emissões de poluentes controlados

O uso do biodiesel reduz as emissões do monóxido de carbono (CO), do material


particulado (MP), do óxido de enxofre (SOx), dos hidrocarbonetos totais (HC) e de grande parte

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dos hidrocarbonetos tóxicos, que apresentam potencial cancerígeno. No entanto, as emissões dos
óxidos de nitrogênio (NOx) aumentam em relação ao diesel mineral, não sendo, entretanto,
impedimento para a disseminação do biodiesel devido às grandes vantagens em relação aos
outros poluentes. É um incremento pequeno se comparado com as reduções de grande magnitude
dos outros poluentes. Existem alguns estudos em andamento visando à redução de formação do
óxido de nitrogênio pelo uso do biodiesel. Há várias estratégias possíveis, como a mudança do
tempo de injeção do combustível, a utilização de catalisadores adequados e como mais um
exemplo, a identificação da fonte ou propriedade do biodiesel que pode ser modificada para reduzir
as emissões de NOx.
O biodiesel de referência será o originário de óleo de soja. Observa-se que um grande
grupo de óleos vegetais e de gordura animal poderá apresentar benefícios ambientais superiores
e, por conseguinte, custos evitados da poluição maiores do que os vislumbrados neste estudo.

Comparação das emissões de diferentes misturas de biodiesel em relação ao diesel mineral

Fonte: EPA, 2002.

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Comparação de emissões do biodiesel de soja com o diesel mineral (%)

Poluentes B100 B20 B5 B2


CO -48 -12 -3 -1
HC -67 -20 -5 -2
NOx +10 +2 0,5 0,2
MP -47 -12 -3 -1
Fonte: GTI - Biodiesel a partir do EPA, 2002.

II.2 - Efeito do biodiesel em relação às emissões de gases tóxicos

Os hidrocarbonetos totais, que são controlados, apresentam uma diversidade de


compostos tóxicos que não são controlados individualmente. Dos 21 compostos hidrocarbônicos
tóxicos, que provocam câncer e outros sérios efeitos à saúde, identificados como fonte móvel de
gases tóxicos “mobile source air toxics” (MSATs), sete são metais. Como o biodiesel é livre de
metais, o mesmo apresentará redução de emissões destes compostos em relação ao diesel
mineral e a seus aditivos que contenham metais. Dos quatorze compostos MSATs remanescentes,
o EPA, 2002, avaliou onze.
Apesar de haver uma variação grande nos efeitos à saúde que cada composto tóxico
provoca individualmente, a quantidade de dados disponíveis sobre o total de compostos tóxicos é
muito maior do que o que existe para os compostos desagregados. Assim, a correlação entre as
emissões totais de gases tóxicos do biodiesel em relação ao diesel convencional é
estatisticamente mais robusta. Como resultado, o EPA apresenta o impacto do biodiesel nas
emissões agregadas dos gases tóxicos, bem como dos hidrocarbonetos totais, em relação ao
diesel mineral.

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Comparação das emissões totais de HC e dos gases tóxicos agregados

Fonte: EPA, 2002.

III - Valoração dos Custos Evitados da Poluição pela substituição do diesel mineral pelo
biodiesel

O exercício de valoração dos custos evitados da poluição, devido ao uso do biodiesel,


apresenta o objetivo de oferecer elementos que justifiquem uma política tributária, ou mesmo de
subsídios, que internalize os benefícios ambientais existentes.

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Custos evitados com a substituição do diesel mineral pelo B100 (R$/dia)
MUNICÍPIO HC CO NOx MP Total
BELO HORIZONTE -51.287,6 -29.510,8 37.897,0 -6.397,7 -49.299,1
BRASILIA -19.937,1 -17.828,6 25.628,8 -4.204,6 -16.341,6
CAMPINAS -24.630,2 -14.503,4 18.767,4 -3.161,9 -23.528,1
CURITIBA -46.849,1 -29.918,9 39.695,0 -6.644,4 -43.717,5
JOAO PESSOA -5.437,0 -3.455,5 4.578,0 -766,6 -5.081,0
JUIZ DE FORA -6.015,5 -4.167,8 5.656,0 -941,3 -5.468,5
PORTO ALEGRE -24.569,1 -16.340,1 21.931,0 -3.660,1 -22.638,3
RECIFE -20.360,6 -11.731,6 15.072,4 -2.544,2 -19.564,1
RIO DE JANEIRO -65.819,9 -39.354,5 51.175,4 -8.610,9 -62.610,0
SAO PAULO -285.323,8 -156.964,1 198.468,9 -33.643,7 -277.462,8
Total dos dez municípios -525.710,9
Brasil Total -2.547.064,3 -1.594.167,3 2.102.490,6 -352.471,3 -2.391.212,3
Fonte: GTI – Biodiesel

Custos evitados com a substituição do diesel mineral pelo B20 (R$/dia)


MUNICÍPIO HC CO NOx MP Total
BELO HORIZONTE -15.309,7 -7.377,7 7.579,4 -1.633,5 -16.741,5
BRASILIA, -5.951,4 -4.457,2 5.125,8 -1.073,5 -6.356,3
CAMPINAS -7.352,3 -3.625,9 3.753,5 -807,3 -8.032,0
CURITIBA -13.984,8 -7.479,7 7.939,0 -1.696,4 -15.222,0
JOAO PESSOA -1.623,0 -863,9 915,6 -195,7 -1.767,0
JUIZ DE FORA -1.795,7 -1.042,0 1.131,2 -240,3 -1.946,7
PORTO ALEGRE -7.334,1 -4.085,0 4.386,2 -934,5 -7.967,4
RECIFE -6.077,8 -2.932,9 3.014,5 -649,6 -6.645,8
RIO DE JANEIRO -19.647,7 -9.838,6 10.235,1 -2.198,5 -21.449,8
SAO PAULO -85.171,3 -39.241,0 39.693,8 -8.589,9 -93.308,4
Total dos dez municípios -179.436,9
Brasil Total -760.317,7 -398.541,8 420.498,1 -89.992,7 -828.354,1
Fonte: GTI – Biodiesel

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Custos evitados com a substituição do diesel mineral pelo B5 (R$/dia)
MUNICÍPIO HC CO NOx MP Total
BELO HORIZONTE -3.827,4 -1.844,4 1.894,9 -408,4 -4.185,4
BRASILIA -1.487,8 -1.114,3 1.281,4 -268,4 -1.589,1
CAMPINAS -1.838,1 -906,5 938,4 -201,8 -2.008,0
CURITIBA -3.496,2 -1.869,9 1.984,7 -424,1 -3.805,5
JOAO PESSOA -405,7 -216,0 228,9 -48,9 -441,7
JUIZ DE FORA -448,9 -260,5 282,8 -60,1 -486,7
PORTO ALEGRE -1.833,5 -1.021,3 1.096,6 -233,6 -1.991,8
RECIFE -1.519,5 -733,2 753,6 -162,4 -1.661,5
RIO DE JANEIRO -4.911,9 -2.459,7 2.558,8 -549,6 -5.362,5
SAO PAULO -21.292,8 -9.810,3 9.923,4 -2.147,5 -23.327,1
Total dos dez municípios -44.859,2
Brasil Total -190.079,4 -99.635,5 105.124,5 -22.498,2 -207.088,5
Fonte: GTI – Biodiesel

Como pode ser verificado pelas tabelas de custos evitados, caso o diesel mineral fosse
completamente substituído pelo biodiesel (B100), o montante alcançaria cerca de 873 milhões de
reais por ano, sendo que nas dez principais capitais alcançaria cerca de 192 milhões de reais.
Caso o diesel convencional seja substituído pelo B5, os custos evitados com a poluição estariam
em torno de R$ 76 milhões anualmente, enquanto que nas dez mais importantes metrópoles a
economia seria de cerca de R$ 16 milhões anuais.
A penetração do biodiesel na matriz energética brasileira reduzirá as externalidades
negativas para o sistema econômico que o uso do diesel mineral provoca. Assim, a valoração
propicia traduzir os benefícios ambientais para a linguagem econômica, contribuindo para a efetiva
internalização destes efeitos na política pública do biodiesel no Brasil.

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