Professor: Mauricio Dias David Componente: ___________________________ Eduardo Pacheco Campos Matr.: 2010.1.00202.11
JULHO/2010 Capítulo 1 Fronteiras da Europa
Para entendermos certos aspectos da sociedade brasileira devemos analisar as
contribuições deixadas por Portugal durante a colonização do Brasil. Deve-se destacar que como é um país ibérico sua nação tem algumas características diferentes das européias. A cultura de personalidade é uma delas. Pode-se dizer, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional. Apesar do ponto de vista glorioso do homem como conquistador e independente, isso pode ser apontado como umas dos nossos problemas para a criação de formas de organização eficazes. Pois onde todos são ou querem ser poderosos economicamente e socialmente como construir uma organização pautada pela solidariedade e ordenação entre os povos. Resultando na frouxidão da estrutura social, á falta de hierarquia organizada das nações hispânicas. Isso deixa aberto o Estado como alvo de movimentos anárquicos de parte da população que pretendem obter vantagens especifica só para a sua classe. Os governos adotam medidas como decretos para impedir revoltas e tentativas de revoluções e não a de aceitar o que os descontentes querem e se sensibilizar. A falta de coesão em nossa vida social não representa assim um fenômeno moderno. Se olharmos para o passado, nós perceberemos que na Idade Média possui seu sistema hierárquico, mas tendendo ao fracasso por não visar ao bem-estar dos que o adotam e nem a um objetivo maior. O princípio de hierarquia funda-se necessariamente em privilégios. Bem antes de triunfarem no mundo as chamadas idéias revolucionárias, portugueses e espanhóis parecem ter sentido vivamente a irracionalidade específica, a injustiça social de certos privilégios, sobretudo privilégios hereditários. O prestígio pessoal, independente do nome herdado, manteve-se continuamente nas épocas mais gloriosas da história das nações ibéricas. E acontecia a mistura das suas classes pela falta de impedimento entre seus contatos. E para o individuo seria a seu prestigio social (riqueza) que faz com que ele não precise trabalhar que determine a sua honra. O mérito pessoal tendo extrema importância para o povo ibérico resulta na defesa de teorias que preguem o livre-arbítrio e suas instituições como a Companhia de Jesus. Como o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal por si só promoveriam a união do povo? Diante de tal impossibilidade em tempos necessita- se de tenta controle sobre o povo que se faz ditaduras militares. O trabalho não ganhou valor para as nações ibéricas porque existia a falta de desejo do homem de atuar sobre o universo material para modificar um objeto exterior. E Deus não exigiu isso para que o homem precisasse viver, então nada acrescentaria á sua glória e não aumenta a sua própria dignidade. Pode-se dizer, ao contrário, que a prejudica e a avilta. O trabalho manual e mecânico visam a um fim exterior ao homem e pretende conseguir a perfeição de uma obra distinta dele. Só recentemente o trabalho ganhou algum prestígio diante desses povos. A moral do trabalho se existisse traria como conseqüência a solidariedade da qual precisamos para melhorar nossas organizações. Porém ela é rara. E o suporte das nossas organizações e a arte de pregar a obediência. Não permitindo a formação de questionadores.
Capítulo 2 Trabalho e Aventura
A colonização da América feita por Portugal foi como uma determinação da
natureza e do destino, diversos fatores como o modo de pensar hispânico, a posição geográfica, a política da época contribuíram para tal acontecimento. Mesmo assim não podemos falar que Portugal ganhou as terras brasileiras com facilidade porque sabemos dos diversos esforços utilizados por Portugal para manter essa colônia. No entanto, a colonização ocorreu sem se procurar o máximo de aperfeiçoamento e apresentando certos desleixos e abandonos. Os tipos aventureiro e o trabalhador ajudam a compreender as características dos colonizadores. O aventureiro é o individuo que enxerga as oportunidades e tenta obter todo fruto possível, preferindo ir buscar oportunidades em outros lugares a tentar modificar os elementos que o atrapalham ou economizar recursos. Já o trabalhador é quem deseja realizar algo de maneira prudente, procurando saber os riscos e idealizando algo que seja sustentável e querendo algo que se adéqüe as suas necessidades. O colonizador o qual veio para as terras tropicais instalar a colônia portuguesa claramente é o aventureiro porque num povo onde o trabalho não era valorizado e o importante era o mérito pessoal que vinha das riquezas, títulos, aventuras. Diante da pouca vocação ao trabalho como explicar a ida a outro continente instalar uma colônia. Isso pode ser explicado pelos incentivos para quem fosse e as terras eram vistas como lugar onde pode se conseguir riquezas fáceis. É notável também a adaptabilidade dos portugueses e seus descendentes, usaram o que possuíam lá e também aprenderam a viver observando o que o índio fazia. O latifúndio deve sua existência mais a Europa que não estava tão industrializado, ou seja, ainda possuía bastantes mercadores de produtos alimentícios. Então se fez necessário que se produzisse produtos naturais dos climas quentes, que tornou possível e fomentou a expansão do sistema agrário. O clima e outras condições físicas peculiares a regiões tropicais só contribuíram indiretamente. A abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas fez com que a grande propriedade rural se tornasse, aqui, a verdadeira unidade de produção. Não foi efetivo o emprego do indígena para executar o trabalho agrário porque ele somente conseguia lidar bem com atividades em que ele podia ter “liberdade” , como caça, pesca ou até trabalho mecânico simples. Já o negro conseguia lidar com as etapas da agricultura. E a produção feita foi meio desleixada não estimando a quantidade de produtos agrícolas, e a exploração gastava e arruinava a terra. A busca por riqueza não despertou no português vontade de desenvolver um sistema agrário mais eficiente, tendo ela mesmo se contentado em produzir e vender para o mercado europeu e pegar o lucro. É podemos reparar que o gênio aventureiro dominante não é capaz de estabelecer uma civilização realmente agrícola e se for usada Portugal como exemplo, veremos o mesmo abandono no país de trabalho na agricultura. Se a técnica agrícola adotada aqui pelos portugueses representou em alguns casos, comparadas ás da Europa, um retrocesso, em muitos pontos verdadeiramente milenar, é certo que para isso contribuíram as resistências da natureza, de uma natureza distinta da européia, não menos do que a inércia e a passividade dos colonos. Por exemplo, era difícil o uso do arado, por causa da pouca resistência dos animais no Brasil, como também custarem as terras mais abrir pela sua fortaleza. E quando acontecia muita dificuldade partia-se para outras novas terras, sendo assim difícil decorrer duas gerações sem que uma mesma fazenda mudasse de sítio, ou de dono. Esse cenário facilita a noção de que o trabalho de saraquá ou enxada como o único que as nossas terras suportam. Tendo a própria natureza feita surgir a idéia de que métodos de exploração sem cuidados em preservação são os possíveis em tal lugar, só diante muita paciência e estudo para lidar com o solo poderia se reverter esse pensamento. Mas os portugueses seguiram a idéia de métodos “maus” e se encaixaram no papel de quem exige da terra sem dar retribuições ela. Desconsiderando o aumento da produção das terras o método dos portugueses foi tão primitivo quanto o dos índios. A ausência completa, ou praticamente completa, entre a maior parte da nação portuguesa, de qualquer orgulho de raça tem influência no Brasil. Ao contrário dos povos do Norte os portugueses se relacionavam com mulatos e negros e já na época em que descobriram o Brasil tinham eles uma grande quantidade de mestiços o que explica a mistura de raças brasileira. No começo vinham negros para trabalharem em Portugal porque eles eram adequados ao trabalho e os portugueses desejavam somente os benefícios. Eles foram crescendo e Portugal não tomou nenhuma iniciativa sólida de impedir isso. O resultado foi o fim de qualquer idéia de separação de castas ou raças, de qualquer disciplina fundada em tal separação. E algumas resoluções que eram feitas para impedir a influência excessiva dos negros e mulatos, acabavam condenadas a ficar no papel e não perturbavam seriamente a tendência da população para abandono de todas as barreiras sociais, políticas e econômicas entre brancos e homens de cor, livres e escravos. O racismo não é o que determinou brancos puros a ficar encarregados de certos empregos. O que determinava atividades trabalhosas para os negros era o fato de seus descendentes também terem as feitos e os portugueses as considerarem como desonrosas. O índio teve uma “liberdade” porque não mostrou capacidade para atividades trabalhosas e algumas características semelhantes aos portugueses como sua “ociosidade”, sua “imprevidência” e sua “intemperança”. Uma das conseqüências da escravidão e da hipertrofia da lavoura latifundiária na estrutura de nossa economia colonial foi à ausência, praticamente, de qualquer esforço sério de cooperação nas demais atividades produtoras. A preponderância absorvente do trabalho escravo, indústria caseira, capaz de garantir relativa independência aos ricos, entravando por outro lado, o comércio, e, finalmente, escassez de artífices livres na maior parte das vilas e cidades. Exercer profissões nas cidades era fácil e não existia quase nenhuma exigência só um fiador, o que possibilitava muitos profissionais não preparados ou que se aproveitavam dos clientes. E alguns que conseguiam uma grande quantia de dinheiro, compravam o titulo de nobre, por que ser quem não trabalha era igual a ser quem tem reputação. Mais duas coisas que atrapalhavam as formas de organizações de trabalhadores: o amor ao ganho fácil fazia com que se dedicassem a tudo e se especializassem em nada, e também os “negros de ganho” que trabalhavam mediante simples licenças obtidas pelos senhores em benefício exclusivo destes. Os trabalhos de índole coletivos só aconteciam em casos como religiosos. Por que foi um costume bem enraizado quando veio a catequização para o Brasil e já existia em Portugal. A reunião de todos para alguma causa na verdade era o pensamento da festa futura e da segurança em caso de precisar ajudar que os unia. Não era o desejo de atingir tal objetivo que causava a união. Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculo de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os indivíduos, tenham sido quase sempre mais decisivos. O individualismo presente nessa sociedade é algo que atrapalha a população na sua organização política. Negros e, além disso, escravos, eles não possuíam influência na colônia. Eles se exprimem na arte e literatura através do rococó e do Setecentos. O gosto do exótico, da sensualidade brejeira, do chichisbeísmo, dos caprichos sentimentais, parece fornecer-lhe um providencial terreno de eleição, e permite que, atravessando o oceano, vá exibir-se em Lisboa. A “moral das senzalas” sugere que eles são indivíduos sem nenhuma importância social que foram deixados no mundo exclusivamente para servir os brancos na produção agrícola e acatar suas ordens. A colonização se fosse feita pelos holandeses poderia formar uma sociedade mais cooperativa e mais dedicada as suas terras. Os holandeses tinham espírito de empreendimento metódico e coordenado e capacidade de trabalho e coesão. Mas a parte da população que veio para a colônia holandesa no Recife foram grupos muitos reduzidos que não tinha mais lugar na Holanda e em outros países do Norte. Eles se instalaram em dois ambientes o rural e o urbano. No urbano esbanjaram obras e trabalhos, mas precisariam também de sucesso no rural o que não aconteceu. E procuram atrais mais imigrantes para impedir para tentar não perder o seu domínio. Mas não havia população nos países do Norte com o mesmo espírito aventureiro das populações ibéricas. O fracasso dos holandeses em penetrar na mesma terra que os portugueses se adaptaram se de a que eles a religião deles não atraia os nativos, a língua deles era muito difícil de ser aprendida por nativos também e ao contrario de portugueses eles não tiveram mistura de raças.
Capítulo 3 Herança Rural
A sociedade colonial é estruturada no meio rural. O meio urbano começa a ser
significativo após a Abolição. Na Monarquia eram ainda os fazendeiros escravocratas e eram filhos de fazendeiros, educados nas profissões liberais, quem monopolizava a política. A autoridade de poucos era tão incontestável que desagradou antigos senhores, fazendo com que eles apoiassem os movimentos liberais. Começando ações que abalavam o trabalho escravo. No começo da supressão ao tráfico negreiro ocorreu o aumento do próprio tráfico que driblava as fiscalizações e conseguia a aceitações de senhores que não como o Brasil poderia continuar sem mão-de-obra para produzir. Logo mais tem uma queda súbita devido à aprovação da Lei Eusébio de Queirós e da intensificação das atividades britânicas de repressão ao tráfico. Acabado praticamente o comércio de escravos e o capital acumulado precisa ser destinado para outra atividade, ao investirem em negócios começa então o surgimento de atividades urbanas e o começo do modo de vida urbano. Os brasileiros passaram a ficar diante de algo que não foi visto antes e a ter que lidar com isso, como a facilidade de créditos o que causou no inicio sensação de prosperidade e no final endividamento. Em 1864, ocorre uma crise que foi o desfecho normal de uma situação rigorosamente insustentável nascida da ambição de vestir um país ainda preso á economia escravocrata com trajes modernos de uma grande democracia burguesa. O brasileiro tinha que ter muitos novos pensamentos para sobreviver como uma burguesia, como abandono do patriarcalismo e personalismo e começar associações de interesses e idéias comuns. O sistema político brasileiro tem como influência as organizações familiares quase completamente auto-suficientes do passado. E erram ao se basear em critérios morais e religiosos para fazer política. A entidade privada precede sempre, neles, a entidade pública. A nostalgia dessa organização compacta, única e intransferível, onde prevalecem necessariamente às preferências fundadas em laços afetivos, não podia deixar de marcar nossa sociedade, nossa vida pública, todas as nossas atividades. Representando, como já se notou acima, o único setor onde o princípio de autoridade é indisputado, a família colonial fornecia a idéia mais normal de poder, da respeitabilidade, da obediência e da coesão entre os homens. O resultado era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios á comunidade doméstica, naturalmente particularista e antipolítica, uma invasão do público pelo privado, do Estado pela família. Com a vinda da Corte portuguesa e depois a Independência, os senhorios rurais perderam parte do seu poder, mas os efeitos das relações familiares ainda existiam e deram origem ao trabalho de “inteligência”, que está mais para justificativa de que os senhores e seus descendentes devem ficar sem trabalhos pesados e só pensar e o que realmente acontecia era eles se dedicarem a decorações e não a melhorias e a prever futuros problemas. Numa sociedade em que existia apetite material, até senhores de terras iniciavam movimento contra o estado que era composto por um grupo muito reduzido. Organizações fechadas ficavam com os privilégios e consideravam até insulto o questionamento do povo. E o meio urbano não era gratificado pela riqueza através da produção agrícola ao contrario dos demais países. A riqueza era retida nas mãos dos grandes senhores de engenho. Os realmente cidadãos eram poucos e donos das propriedades rurais e que transitavam entre meio urbano e o rural. A maior parte ficava isolada nas fazendas produzindo. E as cidades praticamente abandonadas com alguns poucos instruídos e com negócios ilegais sendo realizadas nelas. A constante do meio rural como indústria ao contrario do que dizem não é algo forçado pela natureza e sim pelos nossos colonizadores.
Comentário
Os três primeiros capítulos do livro falam sobre as características que foram
passadas para o nosso povo pelos portugueses. São relacionadas ao porquê de o povo ibérico apresentar tais características e também onde elas estiveram presente na nossa história. O reconhecimento do que deu ritmo a nossa colonização e o que definiu suas exigências é de grande ajuda para aprendermos melhor a história do Brasil. Sendo também útil para entendermos o perfil psicológico brasileiro. E percebermos falhas econômicas e políticas das quais ainda hoje tem vestígios. No primeiro capítulo é dada a idéia de valorização do prestigio social que acompanha os demais capítulos. Essa idéia tem grande importância nas ações porque dificulta a idéia do orgulho de trabalhar em conjuntos com os demais para os benefícios de todos. O que provoca fragilidade do governo. E a solução é impor ordens e manipular as massas. Se não existisse tal idéia de prestigio social e sim a de organização, cooperação, e teriam o respeito e lealdade de pelo menos a maioria da população pelo governo antigamente. E a sociedade seria mais estável e ainda teria mais pessoas aptas a contribuir com idéias para o sucesso dela. Outra parte de notável importância e o fato de Portugal também ter essa mistura de raças e classes, o que é positivo por causa da tolerância entre diferentes, porém não esquecendo que com certas limitações e com o desprezo por quem executava trabalhos. Na continuação do texto o autor fala do desleixo de Portugal quanto a desenvolver um trabalho verdadeiramente eficiente e sustentável no Brasil. “O aventureiro é o individuo que enxerga as oportunidades e tenta obter todo fruto possível, preferindo ir buscar oportunidades em outros lugares a tentar modificar os elementos que o atrapalham ou economizar recursos.” (Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda). A predominância desse tipo no pensamento dos colonizadores teve graves conseqüências como grande parte da devastação, perda a chance de ter um poder comercial e de produção bem mais elevado. Também foi um dos motivos da falta de desenvolvimento de outras atividades. No terceiro capitulo o foco é a extinção do trabalho escravo e as grandes mudanças como a verdadeiro surgimento do meio urbano e aumento das atividades econômicas. Mas isso aconteceu muito rapidamente estando o povo brasileiro não preparado para se tornar uma burguesia, o que cria um sentimento de empolgação que resultou em endividamento. A organização fechada também tem destaque sendo ela uma inimiga organização publica. Por que a organização fechada não permitem questionamento sobre o privilegio de poucos e se baseam em critérios morais e religiosos para fazer política. Através do livro compreendemos o que levou a nação a certas atitudes na história e ainda identificamos algumas no nosso presente. Acredito que o objetivo do autor ao produzir tal analise foi um alerta para quem queira ver as falhas e corrigi-las. Porque identificá-las não é muito fácil e o papel de apenas critico das organizações do momento não irá resultar em melhora do nosso futuro.